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RESERVA NATURAL VALE

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FLORESTA ATLÂNTICA<br />

DE TABULEIRO:<br />

DIVERSIDADE E<br />

ENDEMISMOS NA<br />

<strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Editores: Samir G. Rolim • Luis F. T. de Menezes • Ana C. Srbek-Araujo


Figura 1: Ao lado, mapa da RNV e de outras áreas protegidas vizinhas. Acima, em detalhe: A) Floresta de Tabuleiro,<br />

que ocorre sobre argissolos amarelos e onde as árvores atingem mais de 35 m de altura; B) Várzea ou Brejo, áreas<br />

sujeitas a alagamentos geralmente permanentes, associadas às bordas dos rios que cortam a RNV, com vegetação<br />

herbácea ou florestal; C e D) Floresta de Muçununga, que ocorre geralmente como enclaves no interior da Floresta<br />

de Tabuleiro, sobre depósitos arenosos (espodossolos), onde o dossel atinge cerca de 10 m de altura; E e F) Campos<br />

Nativos, uma fisionomia variando de herbácea a arbustiva, ocorrendo também sobre solos arenosos e quimicamente<br />

pobres.


FLORESTA ATLÂNTICA<br />

DE TABULEIRO:<br />

DIVERSIDADE E ENDEMISMOS<br />

NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


Foto capa<br />

FLÁVIO LOBOS MARTINS<br />

Design e diagramação<br />

FLÁVIA GUIMARÃES<br />

Revisão de textos<br />

RUBEM DORNAS<br />

Fotos<br />

FLÁVIO GONTIJO<br />

(TODAS AS FOTOS COM EXCEÇÃO DAQUELAS DOS CAPÍTULOS)<br />

Mapas (FIG. 1 CAP. 11 E FIG. 1 CAP. 06)<br />

JOÃO PORTEIRINHA<br />

Impressão<br />

RONA EDITORA<br />

Tiragem<br />

1.000 EXEMPLARES<br />

Direitos<br />

Livro de divulgação científica para distribuição gratuita.<br />

Cópias digitais estão disponíveis on-line.<br />

Rolim, Samir Gonçalves; Menezes, Luis Fernando Tavares<br />

de; Srbek-Araujo, Ana Carolina (Editores).<br />

Floresta Atlântica de Tabuleiro: diversidade e endemismos<br />

na Reserva Natural Vale. 2016<br />

496p.: Il. color. 28 cm.<br />

Inclui bibliografia<br />

ISBN: 978-85-62805-63-9<br />

1. Biodiversidade. 2. Endemismos. 3. Floresta Atlântica de<br />

Tabuleiro. 4. Reserva Natural Vale. 5. Ecologia. 6.<br />

Conservação. I. Título.


PEIXOTO & JESUS<br />

MEMÓRIAS DE CONSERVAÇÃO


SUMÁRIO<br />

APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 11<br />

PREFÁCIO............................................................................................................................................. 12<br />

LISTA DE AUTORES E REVISORES.......................................................................................................... 14<br />

PARTE I – HISTÓRIA E AMBIENTE FÍSICO............................................................................................... 19<br />

1. <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>: MEMÓRIAS DE 65 ANOS DE CONSERVAÇÃO.......................................................................21<br />

Ariane Luna Peixoto & Renato Moraes de Jesus<br />

2. OS TABULEIROS COSTEIROS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: OCORRÊNCIA<br />

E COMPONENTES AMBIENTAIS.................................................................................................................................................31<br />

Ademir Fontana, Lúcia Helena Cunha dos Anjos & Marcos Gervasio Pereira<br />

PARTE II – ECOLOGIA VEGETAL............................................................................................................ 45<br />

3. AS FLORESTAS DE TABULEIRO DO NORTE DO ESPÍRITO SANTO<br />

SÃO OMBRÓFILAS OU ESTACIONAIS?......................................................................................................................................47<br />

Samir Gonçalves Rolim, Natália Macedo Ivanauskas & Vera Lex Engel<br />

4. A FLORESTA DE LINHARES NO CONTEXTO FITOGEOGRÁFICO DO LESTE DO BRASIL...............................................61<br />

Felipe Zamborlini Saiter, Samir Gonçalves Rolim & Ary Teixeira de Oliveira-Filho<br />

5. A PALEOECOLOGIA E A ATUAL BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA DE LINHARES: ESTUDOS<br />

INTERDISCIPLINARES NO HOLOCENO......................................................................................................................................71<br />

Antonio Álvaro Buso Jr., Luiz Carlos Ruiz Pessenda, Marcelo Cancela Lisboa Cohen, Paulo Cesar Fonseca Giannini,<br />

Jolimar Antonio Schiavo, Dilce de Fátima Rossetti, Geovane Souza Siqueira, Flávio de Lima Lorente, Mariah<br />

Izar Francisquini, Paulo Eduardo De Oliveira, Márcia Regina Calegari, Marlon Carlos França, José Albertino<br />

Bendassolli, Cecília Volkmer-Ribeiro, Sonia Maria de Oliveira, Fernanda Costa Gonçalves Rodrigues, Milene<br />

Fornari, Carolina Nogueira Mafra, Mauro Parolin, Kita Macario & Alexander Cherkinsky<br />

6. SÃO AS FLORESTAS DO NORTE DO ESPÍRITO SANTO E SUL DA BAHIA AS MAIS RICAS EM ESPÉCIES ARBÓREAS<br />

NO DOMÍNIO DA FLORESTA ATLÂNTICA?...............................................................................................................................91<br />

Samir Gonçalves Rolim, Luiz Fernando Silva Magnago, Felipe Zamborlini Saiter, André Márcio Amorim & Karla<br />

Maria Pedra de Abreu


7. FORMAS DE HÚMUS COMO INDICADOR FUNCIONAL DE ECOSSISTEMAS EMERGENTES NA FLORESTA DE<br />

TABULEIRO.....................................................................................................................................................................................101<br />

Irene Garay, Ricardo Finotti , Andreia Kindel, Marcos Louzada, Maria Cecília Rizzini & Daniel Vidal Pérez<br />

8. EFEITO DE BORDA NA FUNCIONALIDADE DOS GRANDES FRAGMENTOS DE FLORESTA DE TABULEIRO DO<br />

NORTE DO ESPÍRITO SANTO....................................................................................................................................................129<br />

Luiz Fernando Silva Magnago, Fabio Antonio Ribeiro Matos, Sebastião Venâncio Martins, João Augusto Alves<br />

Meira Neto & Eduardo van den Berg<br />

9. EXPRESSÃO SEXUAL E RELAÇÕES ECOLÓGICAS DE ANGIOSPERMAS NAS FISIONOMIAS VEGETAIS DOS<br />

TABULEIROS DO NORTE DO ESPÍRITO SANTO....................................................................................................................141<br />

Gloria Matallana Tobón, Luis Fernando Tavares de Menezes, Euler Antônio de Mello, Izabela Ferreira Ribeiro &<br />

Quenia Lyrio<br />

PARTE III – FLORA............................................................................................................................... 155<br />

10. SAMAMBAIAS E LICÓFITAS DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>, LINHARES/ES.................................................................157<br />

Lana S. Sylvestre, Thaís Elias Almeida, Claudine Massi Mynssen & Alexandre Salino<br />

11. ANGIOSPERMAS DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>, NA FLORESTA ATLÂNTICA DO<br />

NORTE DO ESPÍRITO SANTO.................................................................................................................................................167<br />

Samir Gonçalves Rolim, Ariane Luna Peixoto, Oberdan José Pereira, Dorothy Sue Dunn de Araujo, Marcos<br />

Nadruz, Geovane Siqueira & Luis Fernando Tavares de Menezes<br />

12. BRIÓFITAS DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> DA <strong>VALE</strong>, LINHARES/ES, BRASIL..........................................................................231<br />

Olga Yano<br />

13. DIVERSIDADE DE MYRTACEAE NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>.......................................................................................247<br />

Augusto Giaretta, Amélia Carlos Tuler, Marcelo da Costa Souza, Karinne Sampaio Valdemarin, Fiorella Fernanda<br />

Mazine & Ariane Luna Peixoto<br />

14. LEVANTAMENTO E DISTRIBUIÇÃO DAS BIGNONIACEAE NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>........................................259<br />

Alexandre Rizzo Zuntini & Lúcia G. Lohmann


15. EPÍFITAS VASCULARES NAS FISIONOMIAS VEGETAIS DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>/ES ......................................269<br />

Samir Gonçalves Rolim, Lana Sylvestre, Evelyn Pereira Franken & Marcos A. Nadruz Coelho<br />

16. ARATICUNS E PINDAÍBAS DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>, LINHARES/ES.....................................................................283<br />

Jenifer de Carvalho Lopes & Renato de Mello-Silva<br />

17. A FAMÍLIA ARACEAE NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>..........................................................................................................297<br />

Marcus A. Nadruz Coelho<br />

PARTE IV – FAUNA DE INVERTEBRADOS............................................................................................. 301<br />

18. DIVERSIDADE E DISTRIBUIÇÃO DE ARANHAS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>...........................................................303<br />

Adalberto J. Santos, Antonio D. Brescovit & João Vasconcellos-Neto<br />

19. BORBOLETAS DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>, LINHARES/ES..........................................................................................317<br />

André V. L. Freitas, Keith S. Brown Jr., Olaf H. H. Mielke, Jessie P. Santos & João Vasconcellos-Neto<br />

20. A FAUNA DE ABELHAS E VESPAS APOIDEAS (HEXAPODA: HYMENOPTERA: APOIDEA)<br />

DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>, NORTE DO ESPÍRITO SANTO.........................................................................................329<br />

André Nemésio, José Eustáquio dos Santos Júnior & Sandor Christiano Buys<br />

21. COLEÓPTEROS E HEMÍPTEROS DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>.....................................................................................341<br />

David dos Santos Martins, Paulo Sérgio Fiuza Ferreira, Maurício José Fornazier & José Simplício dos Santos<br />

PARTE V – FAUNA DE VERTEBRADOS.................................................................................................. 365<br />

22. A <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>: UM REFÚGIO PARA A CONSERVAÇÃO DOS PEIXES DA BACIA DO RIO BARRA<br />

SECA/ES......................................................................................................................................................................................367<br />

Fábio Vieira<br />

23. ANFÍBIOS ANUROS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong> E SEU ENTORNO: INVENTÁRIO FAUNÍSTICO E SUMÁRIO<br />

ECOLÓGICO................................................................................................................................................................................377<br />

João Luiz Gasparini, Antonio de Pádua Almeida, Cinthia Brasileiro & Célio F. B. Haddad<br />

24. A IMPORTÂNCIA DAS FLORESTAS DE TABULEIRO DO NORTE DO ESPÍRITO SANTO<br />

PARA A CONSERVAÇÃO DAS AVES DA MATA ATLÂNTICA.............................................................................................397


Luís Fábio Silveira & Gustavo Rodrigues Magnago<br />

25. EFEITOS DA PROXIMIDADE E CONECTIVIDADE DE FRAGMENTOS LINEARES COM UMA FLORESTA<br />

CONTÍNUA SOBRE A COMUNIDADE DE PEQUENOS MAMÍFEROS............................................................................421<br />

Mariana Ferreira Rocha, Marcelo Passamani, Ludmilla Portela Zambaldi, Vinicius Chaga Lopes &<br />

Sergio Barbiero Lage<br />

26. FRUGIVORIA E DISPERSÃO DE SEMENTES POR MORCEGOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>,<br />

SUDESTE DO BRASIL...............................................................................................................................................................433<br />

Isaac P. Lima, Marcelo R. Nogueira, Leandro R. Monteiro & Adriano L. Peracchi<br />

27. ABUNDÂNCIA E DENSIDADE DE MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE<br />

NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>..................................................................................................................................................453<br />

Átilla Colombo Ferreguetti, Walfrido Moraes Tomas & Helena de Godoy Bergallo<br />

28. MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE PORTE DAS FLORESTAS DE TABULEIRO DO NORTE<br />

DO ESPÍRITO SANTO: GRUPOS FUNCIONAIS E PRINCIPAIS AMEAÇAS......................................................................469<br />

Ana Carolina Srbek-Araujo & Maria Cecília Martins Kierulff<br />

PARTE VI – DESAFIOS E OPORTUNIDADES.......................................................................................... 481<br />

29. A IMPORTÂNCIA DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA E OS DESAFIOS PARA A CONSERVAÇÃO, PARA A CIÊNCIA<br />

E PARA O SETOR PRIVADO.....................................................................................................................................................483<br />

Fabio R. Scarano & Paula Ceotto


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


APRESENTAÇÃO<br />

Em 2016 completam-se 65 anos desde a aquisição das primeiras propriedades que vieram a compor a Reserva<br />

Natural Vale (RNV). É uma grande surpresa que uma área adquirida para fins de extração de madeira para produção de<br />

dormentes forme hoje, juntamente com a Reserva Biológica de Sooretama e áreas vizinhas, um dos remanescentes<br />

mais importantes da Mata Atlântica em termos de diversidade e endemismos. Estas duas características direcionaram<br />

o título desse livro e nós realmente queremos chamar atenção para a grande diversidade de espécies que pode<br />

ser encontrada naquelas reservas e, com isso, sensibilizar para a importância da conservação dos remanescentes<br />

vegetais no norte capixaba como um todo.<br />

As cerca de 500 páginas desse livro estão distribuídas em 29 capítulos que descrevem a área, discutem aspectos da<br />

ecologia, da diversidade e dos endemismos de plantas e animais, sem esgotar, evidentemente, o conhecimento sobre<br />

esses assuntos. Pelo contrário: nosso sentimento, ao final do trabalho, é de que ainda existe muito a se descobrir e<br />

conhecer.<br />

Aos 104 autores e 51 revisores pertencentes a dezenas de instituições nacionais e estrangeiras, que colaboraram<br />

para tornar esta publicação possível, nosso primeiro agradecimento. Sem o esforço destes colegas o trabalho de<br />

reunir as informações aqui compiladas seria literalmente impossível. Agradecemos ainda à Symbiosis Investimentos,<br />

à The Nature Conservancy e à Amplo Engenharia pelo apoio, sem o qual não seria possível a distribuição gratuita<br />

dos exemplares.<br />

Agradecemos também à Vale S.A. e aos gestores da RNV que têm incentivado, apoiado e realizado pesquisas na<br />

Reserva por quase 50 anos e, principalmente, por permitirem às futuras gerações conhecer esse patrimônio natural<br />

inestimável. Por fim, gostaríamos de agradecer especialmente a um grupo de pessoas que dedicou parte de suas<br />

vidas à RNV, seja na gestão administrativa, na prevenção e combate a incêndios florestais, no combate à caça, na<br />

coleta de dados de biodiversidade, na manutenção de pesquisas florestais e na produção de milhões de mudas de<br />

espécies de Mata Atlântica. Citamos aqui apenas alguns colaboradores com mais de 25 anos de dedicação à RNV,<br />

mas desejamos que todos se sintam representados: Adair Campos, Adeildo Hartuique, Agostinho Paim, Alessandro<br />

Simplício dos Santos, Domingos A. Folli, Edson da Costa, Esmael Trevezani, Geovane S. Siqueira, Gilson Lopes Faria,<br />

Isaias Silva, Jonacir de Souza, Jorge Piero, José Costa da Silva, José Simplício dos Santos, Luiz Gonzaga dos Reis, Luzia<br />

Giacomin do Sacramento, Natalino Correa Rossmann, Oleni Jose da Silva, Orlando de Souza Fernandes, Sebastião<br />

Simplício dos Santos, Sérgio Luiz Dettogni, Waldecir Pereira da Fonseca e Zenites Faria da Cruz.<br />

Não podemos deixar de destacar também um nome que, décadas atrás, teve uma visão ímpar sobre a importância<br />

da RNV no contexto de pesquisa e conservação da Mata Atlântica: Renato Moraes de Jesus. Com apoio da Vale, por<br />

33 anos, se dedicou com obstinação à construção de espaços destinados ao apoio e desenvolvimento de pesquisas,<br />

criação de coleções biológicas, produção de mudas de espécies nativas e estabelecimento de procedimentos de<br />

proteção ecossistêmica que fazem da RNV uma das mais bem preservadas e conhecidas áreas naturais do Brasil.<br />

Além de apresentar um pouco da contribuição da RNV para a conservação da flora e da fauna do bioma, os conteúdos<br />

abordados nesse livro nos ajudam a vislumbrar também o quanto continua sendo perdido atualmente na Mata<br />

Atlântica em decorrência da destruição histórica dos ambientes naturais pelo homem, além de reforçar a importância<br />

de se conservar adequadamente as áreas remanescentes no bioma. Nossa expectativa é que esta obra contribua<br />

para estimular o conhecimento da diversidade biológica, bem como dos processos necessários para sua manutenção.<br />

Desejamos que todos tenham uma excelente leitura.<br />

OS EDITORES<br />

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

PREFÁCIO<br />

Se você está segurando este livro, Floresta Atlântica de Tabuleiro: diversidade e endemismos na Reserva Natural Vale, em<br />

suas mãos, já sabe que a Mata Atlântica do Brasil é considerada um dos “hotspots” mundiais de biodiversidade, ou seja,<br />

uma área rica em espécies endêmicas e altamente ameaçada. Esta longa faixa estreita de floresta se estende por mais<br />

de 23° de latitude e mais de 3000 km ao longo da costa do Brasil, uma distância equivalente à de Nova Escócia para<br />

Cuba ou de Oslo para Gibraltar. Dentro do bioma Mata Atlântica, a maior parte da porção norte, do Rio Grande do Norte<br />

até o Rio de Janeiro, cresce em cima de sedimentos Miocênicos da Formação Barreiras, os “tabuleiros”. Estes tabuleiros<br />

são planos a ligeiramente inclinados – excelentes para a agricultura e facilmente acessíveis. Consequentemente, as<br />

florestas sobre os tabuleiros estão fragmentadas e ameaçadas.<br />

A Reserva Natural Vale (RNV), juntamente com a Reserva Biológica de Sooretama e as Reservas Particulares do<br />

Patrimônio Natural (RPPNs) Refúgio da Anta e Mutum Preto, compreendem o maior bloco (cerca de 50.000 ha) de<br />

Floresta de Tabuleiro da Mata Atlântica e são, portanto, extremamente importantes para a conservação e estudo da<br />

diversidade biológica tropical. A RNV é notável por várias razões: 1) a visão que os primeiros conservacionistas tinham<br />

quando a RNV foi protegida; 2) seu tamanho e grau de conservação; 3) sua acessibilidade tanto geográfica quanto<br />

logística; e, 4) a intensidade com a qual tem sido estudada cientificamente.<br />

Como os diversos capítulos deste livro demonstram, a RNV é uma das reservas florestais mais intensivamente estudadas<br />

no Brasil. As políticas postas em prática pela Vale e pelos administradores da RNV para incentivar e apoiar pesquisas na<br />

Reserva merecem ser copiadas em reservas públicas e privadas de todo o Brasil.<br />

Peixoto & Jesus (capítulo 1) descrevem cuidadosamente o estabelecimento da RNV e sua evolução de uma fonte de<br />

dormentes para uma reserva ativa que protege a floresta, estimula estudos da diversidade biológica e de ecologia<br />

e auxilia em reflorestamentos. No final, Scarano & Ceotto (capítulo 29) colocam o impacto da RNV no contexto da<br />

conservação de toda a Floresta Atlântica e da política de conservação no Brasil. A pesquisa ecológica na RNV enfoca<br />

muitas questões diferentes, tais como a classificação da vegetação, como sua diversidade se compara com a das<br />

florestas da Bahia e com as outras do leste do Brasil e como a sucessão para uma floresta madura é refletida em outros<br />

processos ecológicos, tais como formação do solo. Estas questões são tratadas em detalhes nos capítulos 2-9.<br />

Pesquisas sobre a diversidade biológica na RNV também têm sido extensas, ao longo de décadas, e os capítulos<br />

apresentados nesta celebração da RNV são exemplos de muitos desses estudos. No reino vegetal, os estudos aqui<br />

apresentados sobre grupos de angiospermas incluem Myrtaceae (capítulo 13), Bignoniaceae (14), Annonaceae<br />

(16), Araceae (17) e epífitos vasculares (15). Também foram estudadas as briófitas (12), as angiospermas (11) e as<br />

pteridófitas (10). A fauna de invertebrados está representada por estudos de aranhas (18), borboletas (19), abelhas<br />

e vespas (20), além de Coleoptera e Hemiptera (21). Estudos sobre a fauna de vertebrados incluem peixes (22),<br />

anfíbios (23), a conservação das aves (24), a ecologia de mamíferos de médio e grande porte (27, 28), o efeito da<br />

fragmentação em comunidades de pequenos mamíferos (25) e frugivoria e dispersão de sementes por morcegos (26).<br />

As florestas tropicais são tão ricas e ainda tão mal compreendidas biologicamente que o conhecimento da ecologia de<br />

sua vegetação e de sua incrível diversidade biológica é apenas o primeiro passo. Uma vez que tenhamos essa base,<br />

poderemos então começar a fazer perguntas mais complexas sobre como as espécies interagem, tais como as relações<br />

de insetos e plantas hospedeiras ou a interação de árvores e fungos simbiontes, e sobre os efeitos da fragmentação e<br />

mudanças climáticas nas florestas tropicais. A conservação sábia das florestas tropicais e sua restauração a longo prazo<br />

só poderão ser realizadas com a compreensão da complexa teia de vida que compreende uma floresta. Grandes blocos<br />

de floresta, como o formado pela Reserva Natural Vale e áreas vizinhas, são, portanto, chaves para o avanço do nosso<br />

conhecimento sobre as florestas tropicais.<br />

WILLIAM WAYT THOMAS<br />

The New York Botanical Garden Bronx, NY 10458-5126 USA<br />

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

EDITORES<br />

Samir Gonçalves Rolim – Amplo Engenharia,<br />

sgrolim@gmail.com<br />

Luis Fernando Tavares de Menezes - Departamento de<br />

Ciências Agrárias e Biológicas, Universidade Federal do<br />

Espírito Santo, ltmenezes@gmail.com<br />

Ana Carolina Srbek-Araujo – Laboratório de Ecologia e<br />

Conservação de Biodiversidade, Universidade Vila Velha,<br />

srbekaraujo@hotmail.com<br />

LISTA DE AUTORES<br />

Adalberto J. Santos - Departamento de Zoologia, Instituto<br />

de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais,<br />

oxyopes@yahoo.com<br />

Ademir Fontana - Embrapa Solos, Rio de Janeiro,<br />

ademir.fontana@embrapa.br<br />

Adriano Lúcio Peracchi - Laboratório de Mastozoologia,<br />

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,<br />

alperacchi@yahoo.com.br<br />

Alexander Cherkinsky - Center for Applied Isotope Studies,<br />

University of Georgia, acherkin@uga.edu<br />

Alexandre Rizzo Zuntini - Departamento de Biologia, Instituto<br />

de Biologia Vegetal, Universidade Estadual de Campinas,<br />

zuntini@gmail.com<br />

Alexandre Salino - Departamento de Botânica, Instituto de<br />

Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais,<br />

salinobh@gmail.com<br />

Amélia Carlos Tuler – Programa de Pós-Graduação em<br />

Botânica, Escola de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas<br />

Jardim Botânico do Rio de Janeiro, ameliatuler@gmail.com<br />

Ana Carolina Srbek-Araujo - Laboratório de Ecologia e<br />

Conservação de Biodiversidade, Universidade Vila Velha,<br />

srbekaraujo@hotmail.com<br />

André Márcio Araujo Amorim - Departamento de<br />

Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Santa Cruz,<br />

amorim.uesc@gmail.com<br />

André Nemésio – Instituto de Biologia, Universidade Federal<br />

de Uberlândia, andre.nemesio@gmail.com<br />

André Victor Lucci Freitas - Departamento de Biologia Animal,<br />

Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas,<br />

baku@unicamp.br<br />

Andreia Kindel - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente,<br />

andreia.kindel@ibama.gov.br<br />

Antonio Alvaro Busso Junior - Fundação Florestal do Estado<br />

de São Paulo, alvaro.buso.jr@gmail.com<br />

Antonio de Pádua Almeida - ICMBio,<br />

Reserva Biológica de Comboios, Linhares/ES,<br />

antonio.serra-almeida@icmbio.gov.br<br />

Antonio D. Brescovit - Laboratório Especial<br />

de Coleções Zoológicas, Instituto Butantan,<br />

antonio.brescovit@butantan.gov.br<br />

Ariane Luna Peixoto - Instituto de Pesquisas Jardim Botânico<br />

do Rio de Janeiro, alunapeixoto@gmail.com<br />

Ary Teixeira de Oliveira-Filho - Departamento de<br />

Botânica, Universidade Federal de Minas Gerais,<br />

ary.oliveira.filho@gmail.com<br />

Átilla Colombo Ferreguetti – Departamento de<br />

Ecologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro,<br />

atilla.ferreguetti@gmail.com<br />

Augusto Giaretta – Programa de Pós-Graduação em Botanica,<br />

Universidade de São Paulo, augustogiaretta@gmail.com<br />

Carolina Nogueira Mafra - Instituto de Geociências<br />

Universidade de São Paulo, crol_mafra91@hotmail.com<br />

Célio F. B. Haddad - Laboratório de Herpetologia,<br />

Departamento de Zoologia, Instituto de Biociências,<br />

Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, haddad@rc.unesp.br<br />

Cecília Volkmer-Ribeiro - Laboratório C-14, CENA,<br />

Universidade de São Paulo, cvolkmer1427@gmail.com<br />

Cinthia Brasileiro - Departamento de Ciências<br />

Biológicas, Universidade Federal de São Paulo,<br />

cinthia_brasileiro@yahoo.com.br<br />

Claudine Massi Mynssen - Instituto de Pesquisas Jardim<br />

Botânico do Rio de Janeiro, cmynssen@jbrj.gov.br<br />

Daniel Vidal Pérez - Centro Nacional de Pesquisa de<br />

Solos, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,<br />

daniel.perez@embrapa.br<br />

David dos Santos Martins - Instituto Capixaba de<br />

Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural,<br />

davidmartins@incaper.es.gov.br<br />

Dilce de Fátima Rossetti - Divisão de Sensoriamento Remoto,<br />

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, rossetti@ltid.inpe.br<br />

Dorothy Sue Dunn de Araujo - Instituto de Pesquisas Jardim<br />

Botânico do Rio de Janeiro, dotaraujo@gmail.com<br />

Eduardo van den Berg – Departamento de Biologia,<br />

14


Universidade Federal de Lavras, eduardo.lavras@gmail.com<br />

Euler Antônio de Mello - Laboratório de Ecologia de Restinga<br />

e Mata Atlântica, Universidade Federal do Espírito Santo,<br />

euler_mello@hotmail.com<br />

Evelyn Pereira Franken - Programa de Pós-Graduação<br />

em Biologia Comparada, Universidade de São Paulo,<br />

evelynfranken@hotmail.com<br />

Fabio Antonio Ribeiro Matos - Laboratório de Ecologia e<br />

Evolução de Plantas, Departamento de Biologia Vegetal,<br />

Universidade Federal de Viçosa, fabiomatos82@gmail.com<br />

Fábio Rúbio Scarano - Fundação Brasileira para o<br />

Desenvolvimento Sustentável, fscarano@fbds.org.br<br />

Fábio Vieira - Departamento de Zoologia, Instituto de<br />

Ciências Biológicas, UFMG, small.catfish@gmail.com<br />

Felipe Zamborlini Saiter - Instituto Federal de Educação, Ciência e<br />

Tecnologia do Espírito Santo, fsaiter@ifes.edu.br<br />

Fernanda Costa Gonçalves Rodrigues – Instituto<br />

de Geociências, Universidade de São Paulo,<br />

cgr.fernanda@gmail.com<br />

Fiorella Fernanda Mazine – Universidade Federal de São<br />

Carlos, fiorella@ufscar.br<br />

Flávio de Lima Lorente - Laboratório C-14, CENA,<br />

Universidade de São Paulo, flimalorente@yahoo.com.br<br />

Geovane Siqueira - Reserva Natural Vale, Herbário CVRD,<br />

geovane.siqueira@vale.com<br />

Gloria Matallana Tobón - Programa de Pós-Graduação em<br />

Biodiversidade Tropical, Universidade Federal do Espírito<br />

Santo, gloriamatallanatobon@gmail.com<br />

Gustavo Rodrigues Magnago - Guia de birdwatching no<br />

estado do Espírito Santo, gmagnago@msn.com<br />

Helena de Godoy Bergallo - Departamento de<br />

Ecologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro,<br />

nena.bergallo@gmail.com<br />

Irene E. Gonzalez Garay - Instituto de Biologia, Universidade<br />

Federal do Rio de Janeiro, garay@biologia.ufrj.br<br />

Isaac Passos de Lima - Laboratório de Mastozoologia,<br />

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,<br />

isaaclima@msn.com<br />

Izabela Ferreira Ribeiro - Programa de Pós-Graduação em<br />

Biodiversidade Tropical, Universidade Federal do Espírito<br />

Santo, izabelafribeiro@gmail.com<br />

Jenifer de Carvalho Lopes - Departamento de Botânica,<br />

Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo,<br />

jenifer.clopes@gmail.com<br />

Jessie Pereira dos Santos - Instituto de Biologia, Universidade<br />

Estadual de Campinas, jessiepereira@gmail.com<br />

João Augusto Alves Meira Neto – Departamento de<br />

Biologia Vegetal, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde,<br />

Universidade Federal de Viçosa, j.meira@ufv.br<br />

João Luiz Gasparini - Laboratório de Vertebrados<br />

Terrestres, Universidade Federal do Espírito Santo, CEUNES,<br />

gasparini.herpeto@gmail.com<br />

João Vasconcellos-Neto - Departamento de Biologia Animal,<br />

Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas,<br />

jvascont@gmail.com<br />

Jolimar Antonio Schiavo – Universidade Estatual do Mato<br />

Grosso do Sul, schiavo10@hotmail.com<br />

José Albertino Bendassolli - Laboratório Isótopos Estáveis/<br />

CENA/Universidade de São Paulo, jab@cena.usp.br<br />

José Eustáquio dos Santos Júnior - Universidade Federal de<br />

Minas Gerais, jrsantos140782@yahoo.com.br<br />

José Simplício dos Santos - Reserva Natural Vale, Curadoria<br />

da Coleção Entomológica<br />

Karla Maria Pedra de Abreu, Instituto Federal de Educação,<br />

Alegre (ES), bio.pedra@gmail.com<br />

Karinne Sampaio Valdemarin - Programa de Pós-Graduação<br />

em Recursos Florestais, Universidade de São Paulo,<br />

kvaldemarin@gmail.com<br />

Keith S. Brown Jr. - Departamento de Biologia Animal,<br />

Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas,<br />

jvascont@gmail.com<br />

Kita Macario – Centro de Estudos Gerais, Instituto de Física,<br />

Universidade Federal Fluminense, kita@mail.if.uff.br<br />

Lana da Silva Sylvestre - Instituto de Biologia, Universidade<br />

Federal do Rio de Janeiro, sylvestrelana@gmail.com<br />

Leandro R. Monteiro - Laboratório de Ciências Ambientais,<br />

Universidade Estadual do Norte Fluminense, lrmont@uenf.br<br />

Lúcia Garcez Lohmann - Departamento de Botânica, Instituto<br />

de Biociências, Universidade de São Paulo, llohmann@usp.br<br />

Lúcia Helena Cunha dos Anjos - Departamento de Solos,<br />

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, lanjos@ufrrj.br<br />

Ludimilla Portela Zambaldi Lima Suzuki - Instituto Federal de<br />

Minas Gerais, ludimilla.zambaldi@ifmg.edu.br<br />

Luís Fábio Silveira - Museu de Zoologia, Universidade de São<br />

Paulo, lfsilvei@usp.br<br />

Luis Fernando Tavares de Menezes - Departamento de<br />

Ciências Agrárias e Biológicas, Universidade Federal do<br />

Espírito Santo, ltmenezes@gmail.com<br />

Luiz Carlos Ruiz Pessenda - Laboratório C-14, CENA,<br />

Universidade de São Paulo, pessenda@cena.usp.br<br />

Luiz Fernando Silva Magnago - Departamento de Biologia,<br />

Setor de Ecologia e Conservação, Universidade Federal de<br />

Lavras, luiz_fsm@hotmail.com<br />

Marcelo Cancela Lisboa Cohen - Instituto de Geociências,<br />

Universidade Federal do Pará, mcohen80@hotmail.com<br />

1 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Marcelo da Costa Souza – Departamento de Botânica,<br />

Instituto de Biologia, Universidade Federal Rural do Rio de<br />

Janeiro, souza.mc@gmail.com<br />

Marcelo Passamani - Setor de Ecologia e Conservação,<br />

Departamento de Biologia, Universidade Federal de Lavras,<br />

mpassamani@dbi.ufla.br<br />

Marcelo R. Nogueira - Laboratório de Ciências Ambientais,<br />

Centro de Biociências e Biotecnologia, Universidade Estadual<br />

do Norte Fluminense, nogueiramr@gmail.com<br />

Márcia Regina Calegari - Colegiado de Geografia,<br />

Universidade Estadual do Oeste do Paraná,<br />

calegarimarcia37@gmail.com<br />

Marcos Aurelio Passos Louzada - Instituto Federal<br />

de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro,<br />

marco.louzada@ifrj.edu.br<br />

Marcus Alberto Nadruz Coelho -Instituto de Pesquisas Jardim<br />

Botânico do Rio de Janeiro, mnadruz@jbrj.gov.br<br />

Marcos Gervasio Pereira - Departamento de Solos,<br />

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,<br />

gervasio@ufrrj.br<br />

Maria Cecília Martins Kierulff - Programa de Pós-Graduação<br />

em Biodiversidade Tropical, Universidade Federal do Espírito<br />

Santo, ceciliakierulff@gmail.com<br />

Maria Cecília Rizzini - Instituto de Biologia, Universidade<br />

Federal do Rio de Janeiro, rizzini@biologia.ufrj.br<br />

Mariah Izar Francisquini - Laboratório C-14/CENA/<br />

Universidade de São Paulo, mariag@cena.usp.br<br />

Mariana Ferreira Rocha - Departamento de Biologia,<br />

Universidade Federal de Lavras, marianafrocha@hotmail.com<br />

Marlon Carlos França - Instituto Federal do Pará,<br />

marlon.oceano@gmail.com<br />

Maurício José Fornazie - Instituto Capixaba de<br />

Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural,<br />

fornazier@incaper.es.gov.br<br />

Mauro Parolin – Departamento de Geografia, Universidade<br />

Estadual do Paraná, mauroparolin@gmail.com<br />

Milene Fornari - Universidade Estadual Paulista Júlio de<br />

Mesquita Filho, milenefornari@gmail.com<br />

Natália Macedo Ivanauskas- Seção de Ecologia<br />

Florestal, Instituto Florestal do Estado de São Paulo,<br />

nivanaus@yahoo.com.br<br />

Oberdan José Pereira - Laboratório de Ecologia de Restinga<br />

e Mata Atlântica, Universidade Federal do Espírito Santo,<br />

oberdan@terra.com.br<br />

Paula Cavalcante Ceotto - Conservation International,<br />

pceotto@conservation.org.br<br />

Paulo Cesar Fonseca Giannini - Departamento de Geologia<br />

Sedimentar e Ambiental, Instituto de Geociências, Universidade<br />

de São Paulo, pcgianni@usp.br<br />

Paulo Eduardo de Oliveira - Departamento de Geologia<br />

Sedimentar e Ambiental, Instituto de Geociências<br />

Universidade de São Paulo, paulo.deoliveira@usp.br<br />

Paulo Sérgio Fiuza Ferreira - Departamento de Entomologia,<br />

Universidade Federal de Viçosa, pfiuza@ufv.br<br />

Quenia Lyrio - Laboratório de Ecologia de Restinga e Mata<br />

Atlântica, Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade<br />

Federal do Espírito Santo, qlyrio@hotmail.com<br />

Renato de Mello-Silva - Departamento de Botânica, Instituto<br />

de Biociências, Universidade de São Paulo, mellosil@usp.br<br />

Renato Moraes de Jesus - Symbiosis Investimentos,<br />

florestatropical@globo.com<br />

Ricardo Finotti - Universidade Estácio de Sá,<br />

finottiricardo@gmail.com<br />

Samir Gonçalves Rolim – Amplo Engenharia,<br />

sgrolim@gmail.com<br />

Sandor Christiano Buys - Laboratório de<br />

Biodiversidade Entomológica, Instituto Oswaldo Cruz,<br />

sandor.buys@gmail.com<br />

Sebastião Venâncio Martins - Departamento de<br />

Engenharia Florestal, Universidade Federal de Viçosa,<br />

venancioufv@gmail.com<br />

Sergio Barbiero Lage - Faculdades Integradas São Pedro,<br />

sergioblage@gmail.com<br />

Sonia Maria Barros de Oliveira - Departamento de Geologia<br />

Sedimentar e Ambiental, Instituto de Geociências, Universidade<br />

de São Paulo, soniaoli@usp.br<br />

Thaís Elias Almeida - Instituto de Ciências da Educação,<br />

Universidade Federal do Oeste do Pará, blotiella@gmail.com<br />

Vera Lex Engel - Departamento de Ciências Florestais,<br />

Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu,<br />

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho,<br />

veralex@fca.unesp.br<br />

Vinicius Chagas Lopes - Empresa Ápice Projetos de Gestão,<br />

viniciuscl@live.com<br />

Walfrido Moraes Tomas - Laboratório de Vida Selvagem,<br />

Embrapa Pantanal, walfrido.tomas@embrapa.br<br />

Olaf H. H. Mielke - Departamento de Zoologia, Universidade<br />

Federal do Paraná, omhesp@ufpr.br<br />

Olga Yano - Núcleo de Pesquisa em Briologia, Instituto de<br />

Botânica de São Paulo<br />

16


LISTA DE REVISORES<br />

Adriana Quintella Lobão - Universidade Federal<br />

Fluminense (RJ)<br />

Adriano Garcia Chiarello - Universidade de São Paulo, Campus<br />

de Ribeirão Preto (SP)<br />

Adriano Pereira Paglia - Universidade Federal de Minas Gerais (MG)<br />

Andrea Pereira Luizi Ponzo - Universidade Federal de Juiz de<br />

Fora (MG)<br />

Begonha Eliza Hickman Bediaga - Instituto de Pesquisas<br />

Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RJ)<br />

Camila Righetto Cassano - Universidade Estadual de Santa<br />

Cruz (BA)<br />

Cristiano Agra Iserhard - Universidade Federal de Pelotas (RS)<br />

Daniel Loebmann - Universidade Federal do Rio Grande do<br />

Norte (RN)<br />

Diogo Loretto - Instituto Oswaldo Cruz / Fundação Oswaldo<br />

Cruz (RJ)<br />

Dora Maria Villela José - Universidade Estadual do Norte<br />

Fluminense (RJ)<br />

Everton Nei Lopes Rodrigues - Universidade do Vale do Rio<br />

dos Sinos (RS)<br />

Fabiano de Carvalho Balieiro - Embrapa Solos (RJ)<br />

Fábio Sarubbi Raposo do Amaral - Universidade Federal de<br />

São Paulo (SP)<br />

Fábio Ribeiro Pires - Universidade Federal do Espírito Santo<br />

Felipe Zamborlini Saiter - Instituto Federal de Educação (ES)<br />

Flávio César Thadeo de Lima - Universidade Estadual de<br />

Campinas (SP), Instituto de Biologia, Museu de História<br />

Natural Prof. Adão José Cardoso<br />

Fresia Soledad Ricardi Torres Branco - Universidade Estadual<br />

de Campinas (SP)<br />

Hélcio Reinaldo Gil Santana - Fundação Oswaldo Cruz (RJ)<br />

Ines Machline Silva - Universidade Federal Rural do Rio de<br />

Janeiro (RJ)<br />

Jerônimo Boelsums Barreto Sansevero - Universidade Federal<br />

Rural do Rio de Janeiro (RJ)<br />

Jorge Luiz Waechter - Universidade Federal do Rio Grande do<br />

Sul (RS)<br />

José Iranildo Miranda de Melo - Universidade Estadual da<br />

Paraíba (PB)<br />

José Maria Cardoso da Silva - Conservation International<br />

(EUA)<br />

Lívia Aguiar Coelho - Universidade Federal da Grande<br />

Dourados (MS)<br />

Lívia Godinho Temponi - Universidade Estadual do Oeste do<br />

Paraná (PR)<br />

Luiz Felipe Campos - Reserva Natural Vale (ES)<br />

Marcelo Ferreira de Vasconcelos - Pontifícia Universidade<br />

Católica de Minas Gerais (MG)<br />

Marcelo Trindade Nascimento - Universidade Estadual do<br />

Norte Fluminense Darcy Ribeiro (RJ)<br />

Maria de Lourdes da Costa Soares Morais - Instituto Nacional<br />

de Pesquisas da Amazônia (AM)<br />

Márlon Paluch - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia<br />

(BA)<br />

Massimo Giuseppe Bovini - Instituto de Pesquisas Jardim<br />

Botânico do Rio de Janeiro (RJ)<br />

Mateus Luis Barradas Paciência - Universidade Paulista (SP)<br />

Mauro Galetti - Universidade Estadual Paulista (SP)<br />

Mércia Patrícia Pereira Silva - Universidade Federal da Bahia<br />

(BA)<br />

Milene Maria da Silva Castro - Universidade Estadual do<br />

Sudoeste da Bahia (BA)<br />

Orlando Tobias Silveira - Museu Paraense Emílio Goeldi (PA)<br />

Ortrud Monika Barth Schatzmayr - Fundação Oswaldo Cruz/<br />

Instituto Oswaldo Cruz (RJ)<br />

Paulo Eugenio Alves Macedo de Oliveira - Universidade<br />

Federal de Uberlândia (MG)<br />

Pedro Fiaschi - Universidade Federal de Santa Catarina (SC)<br />

Pedro Higuchi - Universidade do Estado de Santa Catarina<br />

(SC)<br />

Pedro Peloso - American Museum of Natural History, New<br />

York, USA.<br />

Rafael de Paiva Salomão - Museu Paraense Emílio Goeldi (PA)<br />

Rafael Rodrigues Ferrari - York University, Canadá<br />

Rodrigo de Andrade Kersten - Pontifícia Universidade Católica<br />

do Paraná (PR)<br />

Rosemary de Jesus de Oliveira - Instituto Chico Mendes de<br />

Conservação da Biodiversidade (SP)<br />

Rubens de Miranda Benini - The Nature Conservancy (TNC)<br />

Sérgio Lucena - Universidade Federal do Espírito Santo (ES)<br />

Thiago Gonçalves-Souza - Universidade Federal Rural de<br />

Pernambuco (PE)<br />

Waldney Pereira Martins - Universidade Estadual de Montes<br />

Claros (MG)<br />

Wesley Rodrigues Silva - Universidade Estadual de Campinas<br />

(SP)<br />

Yuri Luiz Reis Leite - Universidade Federal do Espírito Santo<br />

(ES)<br />

1 7


18<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


PEIXOTO & JESUS<br />

MEMÓRIAS DE CONSERVAÇÃO<br />

PARTE I<br />

HISTÓRIA E AMBIENTE FÍSICO<br />

1 9


20<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

<strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>: MEMÓRIAS<br />

DE 65 ANOS DE CONSERVAÇÃO<br />

1Ariane Luna Peixoto & Renato Moraes de Jesus<br />

INTRODUÇÃO<br />

O título escolhido pelo ornitólogo Nigel J. Collar,<br />

então diretor de pesquisa do International Council<br />

for Bird Preservation (ICEB), para um artigo no qual<br />

aborda, de modo enfático, a importância da Reserva<br />

Natural Vale (RNV) no cenário da conservação da<br />

Mata Atlântica (Collar, 1986) foi The Best-Kept<br />

Secret in Brazil (em tradução livre “O segredo mais<br />

bem guardado do Brasil”). O entusiasmo desse<br />

cientista com o que viu em Linhares é evidente em<br />

cada parágrafo do artigo. Collar havia permanecido<br />

na RNV por três semanas junto com Luis A. Gonzaga,<br />

professor e ornitólogo da Universidade Federal<br />

do Rio de Janeiro, realizando pesquisas sobre o<br />

mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii) e<br />

para tal percorreram a RNV em longas caminhadas.<br />

Esse é o primeiro de outros trabalhos que estes<br />

dois ornitólogos lá realizaram, publicaram ou<br />

apresentaram e discutiram em congressos e<br />

conferências. Como estes dois cientistas citados,<br />

muitos outros, de diferentes especialidades, tanto<br />

do Brasil como do exterior estiveram na RNV<br />

realizando estudos e não era rara a admiração<br />

que manifestavam pelas atividades de pesquisa,<br />

desenvolvimento, conservação e manejo florestal<br />

realizadas na área e principalmente pela acolhida<br />

que recebiam.<br />

Resgatar uma pequena parte desta memória,<br />

olhar o atual papel da RNV no contexto da<br />

conservação das florestas tropicais e tentar<br />

visualizar o seu futuro é o que buscamos abordar<br />

neste capítulo. Procuramos mostrar a trajetória<br />

da RNV, destacando algumas ações e atividades<br />

realizadas tanto pelos funcionários locais como<br />

em parcerias com pesquisadores, instituições ou<br />

organizações diversas. Tais atividades, realizadas<br />

por 65 anos, têm possibilitado apontar a RNV como<br />

a área protegida não pública que mais concentrou<br />

atividades de pesquisa, especialmente no que<br />

tange ao conhecimento da fauna e flora, populações<br />

de espécies, estrutura de comunidades e em<br />

experimentos de silvicultura tropical. Para o sucesso<br />

do empreendimento foram essenciais lideranças<br />

no âmbito da RNV e da Vale e personagens no<br />

ambiente conservacionista do país e na pesquisa<br />

científica e tecnológica em universidade, institutos<br />

de pesquisas tanto do Brasil como do exterior.<br />

No capítulo são abordados quatro temas: O<br />

Seminário de Belém, realizado em setembro de<br />

1986; a aquisição de terras ao norte do rio Doce e<br />

a circulação de ideias conservacionistas; pesquisas<br />

desenvolvidas na RNV; a RNV e a conservação da<br />

Floresta de Tabuleiros. Concluímos afirmando a<br />

relevância do legado das ações iniciais de aquisição<br />

de terras, opção pela manutenção da integridade da<br />

floresta, e implementação de ações de inventários<br />

biológicos, manejo florestal e conservação<br />

integrada.<br />

O SEMINÁRIO DE BELÉM<br />

“Com a diversificação das atividades da CVRD<br />

[Companhia Vale do Rio Doce, atualmente Vale<br />

2 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

S.A.] na década de 1960 e, sobretudo com os<br />

trabalhos de reflorestamento desenvolvidos na<br />

região do Rio Doce, nos estados de Minas Gerais<br />

e Espírito Santo, nasceu na Companhia o embrião<br />

de uma ação efetiva na área de meio ambiente,<br />

através de reflorestamentos e também de uma<br />

mentalidade conservacionista. Outro fato que<br />

viria influenciar, sobretudo essa mentalidade,<br />

foi o estabelecimento da Reserva Florestal da<br />

CVRD em Linhares, ES, destinada a princípio para<br />

fins econômicos e engajada posteriormente, de<br />

maneira definitiva, como uma importante área de<br />

proteção ambiental”.<br />

(Carvalho & Borgonovi, 1987).<br />

Com a afirmação acima, José Candido de Melo<br />

Carvalho e Mário Borgonovi, em 1987, iniciam<br />

texto no qual relatam as atividades do Grupo de<br />

Estudo e Assessoramento sobre Meio Ambiente<br />

(Geamam) da Vale. José Candido de Melo Carvalho,<br />

do Museu Nacional-UFRJ, coordenava o Geamam<br />

que era composto por Aziz Nacib Ab’Saber (USP),<br />

Herbert Otto Roger Schubart (Inpa), Italo Claudio<br />

Falesi (Embrapa), João Murça Pires (Embrapa),<br />

José Galizia Tundisi (USP), Mário Epstein (UFRGS),<br />

Warwick Estebam Kerr (UFMA), Angelo Paes<br />

Camargo (IAC-Campinas), Paulo de Tarso Alvin<br />

(Ceplac) e o Brigadeiro Pedro Frazão de Medeiros<br />

Lima (Escola Superior de Guerra).<br />

O texto foi publicado nos “Anais do Seminário<br />

Desenvolvimento Econômico e Impacto Ambiental<br />

em Áreas de Trópico Úmido Brasileiro - A Experiência<br />

da CVRD”. O seminário acima referido foi realizado<br />

em setembro de 1986, na cidade de Belém, e<br />

reuniu, por cinco dias, cerca de 200 cientistas e<br />

técnicos, que apresentaram palestras e discutiram<br />

em painéis e com a plateia caminhos mais adequados<br />

para a utilização de recursos naturais. O documento<br />

“Recomendações do Seminário” foi elaborado e<br />

aprovado pelos especialistas que participaram<br />

do Seminário e também publicado nos anais. No<br />

texto de apresentação dos anais do seminário,<br />

provavelmente escrito pela sua coordenadora (M.<br />

L. Davies de Freitas) consta a afirmação:<br />

“Essas recomendações devem servir de base<br />

para as decisões de política ambiental da CVRD<br />

em todas as suas áreas de atuação, assim como<br />

precisam ser consideradas por instituições<br />

públicas e privadas [...]. Caberá aos eventuais<br />

responsáveis por tais instituições a relevante<br />

tarefa de atentar para a palavra abalizada dos<br />

especialistas em gerenciamento ambiental, sem<br />

sucumbir à tentação do lucro fácil e da ganância<br />

desmedida e efêmera, já que os recursos naturais<br />

não são inesgotáveis [...]. As recomendações<br />

fogem ao domínio dos círculos acadêmicos e<br />

assumem a sua verdadeira dimensão, nas mesas<br />

de trabalho dos planejadores do governo e do<br />

setor privado, de cujas decisões pode depender<br />

a nossa qualidade de vida e o futuro das próximas<br />

gerações.<br />

As recomendações para a busca do equilíbrio<br />

entre o desenvolvimento econômico e o uso<br />

sustentável dos recursos naturais são agrupadas<br />

em quatro conjuntos (Floresta Amazônica, Baixada<br />

Maranhense, aves migratórias e ambientes<br />

aquáticos, Mata Atlântica) e tratam de ações a<br />

serem implementadas ou abraçadas pela Vale,<br />

mas também de ações no âmbito de municípios,<br />

estados, governo federal e também outros<br />

setores da sociedade. Esse documento, que<br />

circulou amplamente em diferentes instituições<br />

públicas e privadas, foi um facilitador para as<br />

inúmeras atividades já em desenvolvimento na<br />

RNV, reconhecida e nomeada, durante o seminário,<br />

como exitosa em seus objetivos. Para ilustrar, são<br />

citadas abaixo quatro das recomendações desse<br />

documento dentre outras que tratam da RNV:<br />

“Que a CVRD prossiga com o processo de<br />

legalização da preservação e reconhecimento<br />

público da Reserva Florestal de Linhares,<br />

enfatizando-se sua grande importância no estudo<br />

e na conservação da fauna e da flora da Mata<br />

Atlântica do Espírito Santo”.<br />

“Que a CVRD apoie e coordene a execução de<br />

projetos multidisciplinares de pesquisa ecológica,<br />

de longo prazo, na Reserva Florestal de Linhares,<br />

por equipes de pesquisadores provenientes<br />

de universidades e outras instituições, assim<br />

estabelecendo um contato permanente entre<br />

a CVRD e os cientistas interessados no estudo<br />

ecológico integrado e na preservação da Mata<br />

Atlântica”.<br />

“Que a CVRD adquira áreas adicionais adjacentes<br />

à Reserva de Linhares, especialmente áreas<br />

22


PEIXOTO & JESUS<br />

MEMÓRIAS DE CONSERVAÇÃO<br />

desmatadas ou ainda florestadas semi-circundadas<br />

pela reserva, para melhorar a integridade e o<br />

formato da reserva”.<br />

“Que a CVRD ponha à disposição do IBDF [Instituto<br />

Brasileiro de Desenvolvimento Florestal] e de outras<br />

agências relacionadas à conservação da natureza<br />

sua experiência no manejo da Reserva de Linhares,<br />

como um modelo a ser aproveitado no interesse<br />

da implantação de um manejo coordenado para<br />

essa e outras áreas da Mata Atlântica”.<br />

A AQUISIÇÃO DE TERRAS AO NORTE DO<br />

RIO DOCE E A CIRCULAÇÃO DE IDEIAS<br />

CONSERVACIONISTAS<br />

A história da RNV está atrelada à Estrada de<br />

Ferro de Vitória a Minas (EFVM). Esta ferrovia,<br />

fundada em 1901, foi planejada para ligar Vitória/<br />

ES a Diamantina/MG transportar a safra cafeeira de<br />

Minas Gerais e preencher os vazios demográficos<br />

na região do rio Doce, sendo tipicamente uma<br />

ferrovia de penetração (Espindola et al., 2011).<br />

O empreendimento, entretanto, ficou apenas um<br />

curto período em domínio dos brasileiros – de 1901<br />

a 1910, pois a descoberta de minério de ferro em<br />

Itabira/MG, em 1908, despertou o interesse de um<br />

grupo de empresários ingleses. Esse grupo formou<br />

a Brazilian Hematite Syndicate, posteriormente<br />

incorporado pela Itabira Iron Ore Company Limited,<br />

adquiriu a maioria das ações da EFVM, mudou o<br />

projeto inicial, para terminar em Itabira, e não em<br />

Diamantina, e adaptou a ferrovia ao transporte de<br />

minério (Barros, 2011). Quando a ferrovia chegou<br />

a Itabira em 1942 o governo Vargas, através de um<br />

acordo com Inglaterra e EUA, nacionalizou a Itabira<br />

Iron Ore Company, incorporou a EFVM e criou a Vale<br />

(Espindola et al., 2011). Uma das responsabilidades<br />

brasileira neste acordo contemplava a melhoria da<br />

EFVM e, para tal, seriam necessários milhares de<br />

dormentes.<br />

Assim, no início da década de 1950 a Vale<br />

começou a adquirir propriedades florestadas<br />

no norte do Espírito Santo, com o objetivo de<br />

manter um estoque de madeiras para a produção<br />

de dormentes que seriam utilizados na EFVM.<br />

Há escrituras de aquisições de terras datadas<br />

de 1951 (Jesus, 1987). Um inventário florestal<br />

da área adquirida foi realizado, por encomenda<br />

da Vale, em 1963, coordenado pelo engenheiro<br />

florestal e Conselheiro Técnico da FAO, Dammis<br />

Heinsdijk. Portanto, pouco mais de 10 anos após<br />

as primeiras aquisições de terras, a Vale tinha em<br />

mãos o resultado desse inventário que mostrava,<br />

entre outros dados, o número de dormentes<br />

possíveis de serem feitos com o potencial<br />

madeireiro existente (Heinsdijk et al., 1965).<br />

Entretanto, a opção, segundo afirmação de<br />

Mascarenhas Sobrinho, então diretor técnico da<br />

Rio Doce Madeiras S.A. (Docemade), em 1975,<br />

e Borgonovi, neste mesmo ano, foi mantê-la de<br />

forma permanente e utilizá-la para prospectar<br />

informações básicas sobre manejo florestal, até<br />

então inexistentes para as matas de tabuleiros.<br />

A Vale havia adquirido 103 1 propriedades e<br />

alcançado os limites que mantém até hoje.<br />

Visando entender o contexto em que se deram<br />

estas aquisições de terras, recorremos a uma<br />

publicação de Walter Alberto Egler (1924-1961),<br />

um dos pioneiros da Geografia Agrária científica no<br />

Brasil, que realizou expedições ao Espírito Santo nos<br />

anos de 1949 e 1950, detendo-se principalmente<br />

no norte capixaba. Portanto, um ano antes das<br />

primeiras aquisições de terra pela Vale. Entre os<br />

resultados dos estudos realizados por este cientista<br />

está o artigo “A Zona Pioneira ao Norte do Rio<br />

Doce”, publicado em 1951, no qual afirma:<br />

“Durante muito tempo o rio Doce desempenhou<br />

no Estado do Espírito Santo o papel de limite<br />

natural entre a zona povoada e a região<br />

desconhecida ao norte do mesmo. Os primeiros<br />

povoadores, extravasando da zona colonial da<br />

serra, desceram pelos afluentes da margem<br />

direita já nos primeiros anos de nosso século.<br />

[...] Em 1916, entretanto, realiza-se o primeiro<br />

ataque a esta grande reserva de terras devolutas,<br />

transpondo-se pela primeira vez o rio Doce com o<br />

intuito de estabelecer uma colonização regular ao<br />

norte do mesmo. Colonos alemães, oriundos da<br />

região serrana do Espírito Santo são os pioneiros.”<br />

(Egler, 1951).<br />

1 Informações disponíveis no patrimônio da Vale.<br />

2 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Egler se utiliza de extensa bibliografia, citando<br />

desde aventureiros que se embrenharam pelos<br />

sertões em busca de riquezas até naturalistas<br />

viajantes em busca de diversos materiais da<br />

natureza e das culturas locais para enriquecer<br />

os gabinetes de ciências naturais da Europa, dos<br />

séculos XVIII e XIX.<br />

“A região do rio Doce, através das descrições dos<br />

viajantes, ficou com a fama de ser uma das mais<br />

imponentes regiões florestais do Brasil. No vale<br />

propriamente pouco resta da primitiva mata,<br />

pois em meio século de exploração desenfreada<br />

a paisagem sofreu uma mudança radical. Para<br />

encontrar matas contínuas e extensas é necessário<br />

subir até a bacia do alto São Mateus, onde se<br />

desenrola atualmente o movimento pioneiro.<br />

As próprias serrarias já são obrigadas a procurar<br />

a madeira a tal distância. Grandes reservas<br />

permanecem, também, no município de Linhares,<br />

principalmente na sua metade norte, e, no intuito<br />

de preservá-las foram criadas duas extensas<br />

reservas florestais, uma federal e outra estadual”.<br />

(Egler, 1951).<br />

O autor afirma que a zona norte capixaba<br />

tem por principal base econômica a extração de<br />

madeiras e encontram-se em expansão as lavouras<br />

de café e cacau resultantes do esforço somado de<br />

um grande número de pequenas propriedades. Ele<br />

informa ainda, que o movimento pioneiro iniciado<br />

em 1916 se intensificou a partir de 1928, quando<br />

foi construída a ponte sobre o rio Doce 2 , como<br />

parte do projeto de uma estrada de ferro que ligaria<br />

Colatina a São Mateus. O projeto não logrou êxito,<br />

e a ponte recebeu inicialmente um piso de tábuas<br />

e, só posteriormente, foi revestida de concreto. A<br />

partir de 1938, após um período de crise em todo o<br />

país, houve um novo surto de expansão. Egler afirma<br />

ainda:<br />

começou a ascensão do preço do café, maior<br />

ainda tornou-se a procura de terras virgens.<br />

Portanto, quando a Vale iniciou a aquisição de<br />

terras florestadas ao norte do rio Doce, estas já<br />

eram escassas. A prática de aquisição de terras e<br />

derrubada de florestas para exploração madeireira<br />

já havia consumido a maior parte das áreas<br />

florestadas. Segundo estimativa da Fundação<br />

SOS Mata Atlântica (1998), de 1912 a 1958<br />

a cobertura florestal do Espírito Santo diminuiu<br />

de 65% a 30%. Ao norte do rio Doce, famílias de<br />

posseiros haviam ocupado parte da área que viria<br />

a ser a Reserva Biológica de Sooretama (Rebio<br />

Sooretama) e aquela que seria adquirida pela Vale<br />

(Aguirre, 1951) em conflitos de difícil solução.<br />

Pode-se inferir que o cenário ao norte do rio Doce<br />

seria muito diferente se as grandes áreas protegidas<br />

- a RNV e a Rebio Sooretama não tivessem sido<br />

estabelecidas.<br />

O zoólogo e conservacionista Álvaro Coutinho<br />

Aguirre (1899-1987) que trabalhou na Divisão<br />

de Caça e Pesca do Ministério da Agricultura e<br />

desempenhou o cargo de chefe da Divisão de<br />

Pesquisas teve destaque na luta pela preservação<br />

da vida silvestre e a manutenção de grandes áreas<br />

florestadas. Na década de 1940 haviam sido<br />

estabelecidas no norte do Espírito Santo duas áreas<br />

protegidas: a Reserva Florestal Estadual do Barra<br />

Seca, criada em 1941, e o Parque de Refúgio de<br />

Animais Silvestres Sooretama, criado em 1943.<br />

Aguirre propugnou em diversos fóruns pela junção<br />

delas, o que ocorreu definitivamente em 1982<br />

quando a Rebio Sooretama foi estabelecida com os<br />

limites atuais.<br />

Também o pioneiro conservacionista Augusto<br />

Ruschi (1915-1986) defendeu a bandeira da<br />

incorporação, ampliação e criação de áreas<br />

protegidas em diversos fóruns e em publicações<br />

(Ruschi, 1950; 1954):<br />

Já premente se tornara o problema da obtenção<br />

de terras ainda virgens e cobertas de matas,<br />

que se prestassem aos métodos da derrubada<br />

e queimada, que constituem uma rotina [...]. As<br />

últimas grandes reservas de matas e de terras<br />

devolutas foram tomadas de assalto e, quando<br />

“penso que sobrarão as áreas que hoje constituem<br />

as “Reservas Florestais e Biológicas” [aspas do<br />

autor] [...] No Espírito Santo muito tenho me<br />

interessado para que o Governo aumente a área<br />

da Reserva Florestal do Barra Seca, fundindo-a<br />

com o Parque de Refúgio Sooretama, levando-a<br />

2 Trata-se da ponte sobre o rio Doce no atual município de Colatina, não no atual município de Linhares, cuja ponte só foi inaugurada em 1954.<br />

24


PEIXOTO & JESUS<br />

MEMÓRIAS DE CONSERVAÇÃO<br />

até o mar, pois com esse acréscimo até o mar, terse-ia<br />

uma parte da restinga incluída em área de<br />

proteção e conservação dando-se ainda um total<br />

geral de 40.000 hectares, área esta prevista pelos<br />

estudos e levantamentos de prospecção Botânica<br />

e Zoológica, para manutenção em equilíbrio<br />

biológico da Flora e da Fauna ali existente.<br />

(Ruschi, 1950).<br />

Aguirre e Ruschi, além de militantes<br />

ambientalistas no Espírito Santo, tinham fortes<br />

ligações na capital federal, tanto no âmbito do<br />

governo como entre cientistas do Museu Nacional,<br />

onde desenvolviam parte de suas pesquisas.<br />

Ambos se incorporaram à Fundação Brasileira para<br />

a Conservação da Natureza (FBCN), a primeira<br />

organização não governamental ambientalista,<br />

com escopo nacional, criada em 1958 (Drummond<br />

& Franco, 2013). Cientistas do Museu Nacional<br />

que envidavam esforços por ações de proteção<br />

e conservação da natureza influenciaram e<br />

capacitaram um considerável número de cientistas<br />

e pode-se inferir que estes dois cientistas com<br />

ações principalmente no Espírito Santo foram por<br />

eles influenciados.<br />

José Cândido de Mello Carvalho (1914-1994),<br />

anteriormente citado, um destacado zoólogo e<br />

ambientalista do Museu Nacional, também foi<br />

fundador e membro da FBCN e ocupou, por dois<br />

períodos, a presidência da instituição (1966-<br />

1969 e 1978-1981). Assim, a aproximação desse<br />

cientista com a Vale e o seu empenho em prol da<br />

implementação de ações de conservação ambiental<br />

foi uma consequência natural de suas convicções,<br />

além da experiência de cientista que circulava<br />

em fóruns nacionais e internacionais sobre meio<br />

ambiente. Foi por influência de Carvalho, que o<br />

então presidente da Vale, Eliezer Batista da Silva,<br />

criou em 1980, o Geamam, cujos objetivos eram:<br />

“(a) estudar, discutir e propor medidas que visem<br />

a dar bases sólidas ao uso racional dos recursos<br />

naturais e sua conservação, em áreas de atividades<br />

sob jurisdição ou pertencentes ao patrimônio<br />

da CVRD; (b) opinar e sugerir providências<br />

preventivas, objetivando evitar ou reduzir possíveis<br />

prejuízos ao meio ambiente; (c) apreciar planos,<br />

programas ou projetos sobre questões ambientais,<br />

uso e conservação dos recursos naturais; (d)<br />

fazer recomendações sobre quaisquer assuntos<br />

de natureza técnica que lhe forem submetidos, no<br />

âmbito de suas atribuições específicas”.<br />

Em 1981, o Geamam propôs a criação de<br />

Comissões Internas de Meio Ambiente (CIMAs)<br />

no âmbito da Vale, estabelecendo-as nas seis<br />

superintendências (áreas operacionais). Essa ação<br />

teve efeito multiplicador, difundiu-se e CIMAs<br />

foram estabelecidas nas empresas coligadas e<br />

controladas (como a Valesul, Cenibra e outras)<br />

levando a discussões sobre a conciliação entre<br />

economia e meio ambiente, buscando implantar<br />

ações preventivas e corretivas nas suas atividades<br />

que interferiam no meio ambiente.<br />

AS PESQUISAS DESENVOLVIDAS NA RNV<br />

O papel da RNV na coleta de dados e informações<br />

iniciou-se desde cedo nas terras adquiridas, para<br />

possibilitar a conservação da floresta de tabuleiros<br />

e subsidiar a implantação de experimentos com<br />

espécies florestais nativas a serem monitoradas<br />

a longo prazo, de modo que pudessem gerar<br />

conhecimento científico sobre manejo florestal<br />

(Heinsdijk, 1965; Mascarenhas Sobrinho, 1974;<br />

Pereira, 1977). Já no primeiro congresso brasileiro<br />

sobre florestas tropicais, realizado em Viçosa/MG,<br />

Mascarenhas Sobrinho (1974) apresenta dados de<br />

experimentos em silvicultura, com espécies locais,<br />

implantados na década de 1960 e início da década<br />

de 1970 na RNV, assinalando a idade das árvores<br />

(quatro e seis anos) e o aporte de crescimento.<br />

Uma estação meteorológica classe I, segundo<br />

os padrões técnicos do Instituto Agronômico de<br />

Campinas, foi instalada em setembro de 1974, no<br />

interior da RNV, como uma importante ferramenta<br />

aliada ao monitoramento da área. Desde o início do<br />

empreendimento, buscou-se proteger a RNV das<br />

atividades de caça e roubo de madeiras, bem como<br />

a efetivação de medidas preventivas contra o fogo.<br />

Estudos silviculturais, sobre a fauna silvestre e a<br />

flora das matas de tabuleiro tomaram impulso a partir<br />

de 1978 com o estabelecimento de uma política<br />

florestal local, que tinha como objetivo a realização<br />

de pesquisa através da ampliação de acordos com<br />

universidades, institutos de pesquisa e outras<br />

instituições. Tal política, associada a outras iniciativas,<br />

levou a RNV a ser reconhecida pelo IBDF como<br />

Área Privada Destinada a Conservação e Proteção<br />

da Biodiversidade, em 1978. No ano seguinte, a<br />

2 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

coleção de plantas herborizadas – o herbário –<br />

obteve o registro no Index Herbariorum, sendo<br />

reconhecido mundialmente pela sigla CVRD (http://<br />

sciweb.nybg.org/science2/IndexHerbariorum.asp).<br />

Para tal, o herbário que havia sido criado em 1963<br />

para documentar espécies arbóreas oriundas de<br />

inventário florestal então realizado, foi reestruturado<br />

(Jesus & Garcia, 1992; Germano et al., 2000),<br />

para coleta de sementes, a produção de mudas e<br />

estudos fenológicos. Com ele iniciou-se também<br />

as coleções de frutos e sementes. Foram ainda<br />

estudados e desenvolvidos técnicas e processos<br />

de colheita de sementes, secagem, indicadores de<br />

maturação de frutos, beneficiamento, análise de<br />

semente, armazenamento, quebra de dormência<br />

e, posteriormente, já na década de 90, ecologia de<br />

tomou impulso com coletas sistematizadas, germinação.<br />

para documentar a flora local, expandindo-se<br />

posteriormente para documentar espécies de outros<br />

trechos de florestas do Espírito Santo e Sul da Bahia.<br />

Com o auxílio de fotografias aéreas, checagem<br />

em campo e alguns inventários de flora, no início<br />

da década de 1980 foi elaborado um mapa da<br />

área da RNV em escala 1:25.000, delimitando os<br />

espaços com as diferentes formações naturais.<br />

Esse mapa foi uma ferramenta importante para<br />

o estabelecimento de prioridades de pesquisas<br />

a serem realizadas, para o monitoramento dos<br />

experimentos então implantados e para prevenir e<br />

combater as atividades de caçadores.<br />

Pesquisas sobre manejo florestal e silvicultura<br />

tropical com diferentes espécies de Mata Atlântica<br />

foram implantadas em experimentos envolvendo<br />

consórcios, testes de espaçamentos, sistemas<br />

agroflorestais, testes de procedência e progênie<br />

ou parcelas de observação para avaliar o potencial<br />

de crescimento. Experimentos de larga escala<br />

(sem considerar espécies de Eucalyptus e Pinus),<br />

como estes, eram realizados, na mesma época,<br />

pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária<br />

(Embrapa), pela antiga Estação Experimental de<br />

Curuá-Una (pertencente à Sudam), pelo Instituto<br />

Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e<br />

Instituto Florestal de São Paulo, dentre outras<br />

poucas instituições do país, o que propiciava a<br />

necessária troca de experiências sobre silvicultura<br />

tropical. Inúmeros resultados de estudos destas<br />

e de outras instituições foram apresentados e<br />

discutidos no Congresso Nacional sobre Essências<br />

Nativas, realizado em 1982, em Campos do Jordão/<br />

SP, e publicados nos Anais do referido congresso.<br />

Um programa de pesquisa amplo, integrando<br />

diferentes áreas do conhecimento foi implantado<br />

em 1978 - O Programa de Pesquisas em sementes<br />

florestais, iniciado com a instalação de um laboratório<br />

de sementes, a marcação de árvores matrizes<br />

Já no final da década de 1980, a RNV passou a<br />

receber estudantes, sobretudo de cursos de pósgraduação,<br />

para trabalhos de campo de programas<br />

de pós-graduação, mais raro em graduações.<br />

Gerações de estudantes foram treinadas em<br />

ecologia de campo e taxonomia de diferentes<br />

grupos de animais e plantas nas áreas da RNV, em<br />

cursos realizados através de parcerias com diversas<br />

instituições, como: o Museu Nacional-UFRJ, UFMG,<br />

Ufes, Unicamp, Unesp e USP. Centenas destes<br />

estudantes, nos cursos realizados ou em pesquisas<br />

próprias, tiveram a oportunidade de coletar dados,<br />

trabalhá-los e apresentá-los em dissertações de<br />

mestrado ou em teses de doutorado e artigos<br />

científicos.<br />

Assim, desde o seu estabelecimento e até a<br />

realização do Seminário em Belém, em 1986,<br />

onde a RNV foi apontada como exitosa, e como<br />

um exemplo a ser seguido, diferentes estudos para<br />

identificação e caracterização da biodiversidade e<br />

tecnologias silviculturais já haviam sido implantados<br />

ou estavam em implantação. Os pesquisadores que<br />

iam à RNV, por suas próprias iniciativas ou a convite<br />

da coordenação da RNV para realizar pesquisas,<br />

eram instados a preparar relatórios contendo não<br />

só os resultados das atividades desenvolvidas,<br />

como também apontando sugestões para melhoria<br />

nas atividades de suas áreas de competência.<br />

Hoje, decorridos 65 anos desde a sua criação,<br />

pode-se afirmar que a ampliação e especialmente o<br />

aperfeiçoamento das atividades foram contínuos e<br />

crescentes. Embora muito ainda esteja por ser feito,<br />

há um legado construído e consolidado no que tange<br />

à conservação da Mata Atlântica e sua biota. Através<br />

da cooperação sistemática com instituições de<br />

ensino e pesquisa desde os seus primórdios, a RNV<br />

buscou estabelecer um nicho próprio em diversos<br />

ambientes. Ao mesmo tempo em que a cooperação<br />

ajudava no conhecimento e conservação da biota<br />

26


PEIXOTO & JESUS<br />

MEMÓRIAS DE CONSERVAÇÃO<br />

local, as ideias conservacionistas associadas ao uso<br />

de tecnologias florestais eram postas em prática e<br />

provocavam enormes avanços no conhecimento<br />

sobre as florestas de tabuleiros e as florestas<br />

tropicais como um todo, especialmente em relação<br />

ao uso e conservação da biodiversidade. Parte do<br />

legado dos estudos realizados na RNV é apresentada<br />

nos capítulos seguintes do presente livro.<br />

A RNV E A CONSERVAÇÃO DAS FLORESTAS<br />

DE TABULEIRO<br />

A dinâmica de ocupação do solo e de exploração<br />

dos recursos na Floresta Atlântica levou a uma<br />

extrema fragmentação de ecossistemas nesse<br />

bioma que é considerado um dos hotspots mundiais<br />

de biodiversidade e uma das prioridades para a<br />

conservação em todo o mundo (Mittermeier,<br />

2004). Medidas para reverter este quadro,<br />

especialmente com a restauração de áreas que<br />

possibilitem a conexão entre fragmentos, são de<br />

extrema relevância. No domínio da Floresta Atlântica<br />

apenas 77 remanescentes florestais possuem mais<br />

de 10.000 hectares (ha) (Ribeiro et al., 2009).<br />

A RNV, juntamente com a Rebio Sooretama e<br />

as Reservas Particulares de Patrimônio Natural<br />

(RPPNs) Refúgio da Anta, com 2.240 ha e Mutum<br />

Preto, com 370 ha formam um bloco praticamente<br />

contíguo de quase 50.000 ha, circundado por uma<br />

matriz onde predominam empreendimentos como<br />

a criação de gado bovino e plantios de café, mamão<br />

e eucalipto, entre outras culturas. O conhecimento<br />

sobre a vegetação e a flora deste bloco florestal<br />

possibilitou o seu reconhecimento como um dos<br />

14 Centros de Diversidade de Plantas do Brasil<br />

(Peixoto & Silva, 1997).<br />

A importância deste bloco de áreas protegidas<br />

para a conservação da Mata Atlântica pode ser<br />

medida pelo seu reconhecimento pela sociedade:<br />

Patrimônio Mundial Natural para a Costa do<br />

Descobrimento, título atribuído pela Unesco,<br />

em dezembro de 1999; Área Prioritária para<br />

conservação de Mata Atlântica, pelo Decreto Nº<br />

5.092 de 2004, Portaria MMA Nº 126 de 2004;<br />

Posto Avançado da Reserva de Biosfera da Mata<br />

Atlântica pela Unesco em 2008.<br />

Ao conceder esse último título, em 2008,<br />

a Unesco reconheceu a contribuição da RNV à<br />

proteção da biodiversidade, o incentivo e apoio ao<br />

desenvolvimento de conhecimento científico e de<br />

metodologias e tecnologias para uso sustentável<br />

dos recursos naturais. Esse título, além de consolidar<br />

a eficácia do modelo de gestão utilizado na RNV<br />

para áreas destinadas à proteção da biodiversidade,<br />

veio reforçar a sua importância para a conservação<br />

da flora e da fauna da Mata Atlântica.<br />

O referendo pela sociedade nos leva a pensar em<br />

quatro linhas de atividades prioritárias para o futuro<br />

da RNV, sem desconsiderar as demais linhas de<br />

atividades atualmente em desenvolvimento, nessa<br />

área protegida ímpar no país. A primeira certamente<br />

é a proteção, atividade básica ligada diretamente à<br />

conservação integrada da biodiversidade. Sem a<br />

mesma, qualquer linha de pesquisa atual ou futura<br />

pode ser severamente comprometida. Tal atividade<br />

sempre foi considerada prioritária desde o início<br />

das atividades na RNV, com prevenção e combate<br />

a incêndios e a ação de caçadores. Hoje pode ser<br />

considerada uma atividade inerente e vinculada à<br />

própria existência de qualquer área que se queira<br />

proteger.<br />

A segunda atividade prioritária diz respeito<br />

à manutenção dos inventários biológicos e<br />

pesquisas taxonômicas em diferentes grupos de<br />

animais, plantas e fungos. Tais estudos geram<br />

conhecimento, enriquecem as coleções biológicas<br />

em todo o mundo, incluindo as coleções da própria<br />

RNV, e permitem definir estratégias de conservação<br />

à medida que mapeiam locais de ocorrência de<br />

espécies raras, ameaçadas e endêmicas, e muito<br />

mais. É largamente conhecido que o norte do Espírito<br />

Santo representa uma área de elevada riqueza e<br />

endemismo de espécies. Detalhes sobre a riqueza<br />

de alguns grupos da fauna e da flora local podem ser<br />

vistas nos capítulos seguintes deste livro. No Brasil,<br />

um recente estudo mapeou 538 áreas terrestres<br />

com papel fundamental para a conservação de 141<br />

espécies de vertebrados terrestres ameaçados<br />

de extinção e com distribuição restrita na Mata<br />

Atlântica (Paese et al., 2010). Deste total, 24 áreas<br />

são consideradas aquelas de maior importância na<br />

Mata Atlântica, por serem insubstituíveis. Entre<br />

estas está o bloco formado pela Rebio Sooretama,<br />

a RNV e as RPPN adjacentes.<br />

A terceira prioridade diz respeito ao<br />

monitoramento de pesquisas de longa duração já<br />

instaladas na RNV ou ainda a serem implementadas.<br />

Uma das recomendações do citado Seminário de<br />

2 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Belém diz respeito a pesquisas de longo prazo.<br />

Sabe-se que pesquisas de longo prazo podem<br />

produzir dados essenciais para o entendimento<br />

das alterações ambientais e para subsidiar ações<br />

e programas de manejo visando adaptações ou<br />

mitigações de impactos de larga escala (Barbosa,<br />

2013). Pesquisas de longa duração instaladas<br />

na RNV, algumas com quase meio século, são de<br />

importância ímpar e necessitam ser não apenas<br />

mantidas, mas monitoradas, de modo a possibilitar<br />

respostas a perguntas chave em ecologia, manejo<br />

e conservação em florestas tropicais. O Conselho<br />

Nacional de Desenvolvimento Científico e<br />

Tecnológico (CNPq) desde 1999 tem investido em<br />

programas de Pesquisa Ecológica de Longa Duração<br />

(Peld) e, desde 2004 no Programa de Pesquisa em<br />

Biodiversidade (PPBio), por considerar a importância<br />

que estes estudos vêm ganhando no cenário<br />

mundial. Acompanhar experimentos, por longos<br />

períodos, buscando entender o comportamento<br />

das espécies em ambientes naturais e quando<br />

submetidas a cultivo e reintrodução em programas<br />

de restauração ambiental, são fundamentais para o<br />

planejamento de estratégias de conservação para a<br />

mata atlântica e para as florestas tropicais em todo<br />

o mundo, especialmente em função dos futuros<br />

cenários do clima.<br />

A quarta prioridade refere-se à restauração<br />

da Mata Atlântica. O Pacto para Restauração da<br />

Mata Atlântica propôs um objetivo ambicioso de<br />

restaurar mais de 15 milhões de ha até 2050, o que<br />

pode aumentar a cobertura vegetal em até 30%,<br />

conectar fragmentos e viabilizar a conservação<br />

em grande escala (Calmon et al., 2011), embora a<br />

legislação brasileira em vigor (Lei Federal 12.651,<br />

de 12/05/2012) possa dificultar que esta meta<br />

seja atingida (Garcia et al., 2013). No Espírito Santo<br />

a área estimada para restauração é de pouco mais<br />

de 1,04 milhão de ha. Se fosse admitido plantar<br />

em 50% desta área, com uma densidade de 1.111<br />

mudas/ha e estimando-se a mortalidade de mudas<br />

em 20%, seriam necessárias quase 700 milhões de<br />

mudas. Ou seja, para atingir 50% da meta proposta<br />

no Pacto da Mata Atlântica, seriam necessárias 23<br />

milhões de mudas ao ano. Se considerarmos apenas<br />

a Floresta de Tabuleiro do norte do Espírito Santo,<br />

são cerca de 7 a 10 milhões de mudas ao ano,<br />

durante 30 anos. Tecnologia e pessoal treinado<br />

não faltam, mas faz-se necessário uma estreita<br />

parceria pública-privada, e principalmente, o<br />

desejo dos proprietários de terras em adequar suas<br />

propriedades agrícolas.<br />

Embora a chamada “consciência<br />

conservacionista” esteja muito mais difundida<br />

hoje na sociedade, ainda são grandes os conflitos<br />

de interesses nas negociações e especialmente<br />

em práticas que visem conciliar a expansão de<br />

atividades ditas geradoras de riquezas econômicas<br />

e a conservação de espécies e dos ambientes onde<br />

elas vivem. Um traço inicial da RNV – a sua ligação<br />

e envolvimento em parcerias com instituições e<br />

organizações do Brasil e do exterior, par a par com<br />

o setor empresarial e político – possibilitou que<br />

circulassem ideias, fluíssem debates em atividades<br />

de campo diversas, em cursos ou disciplinas de pósgraduação<br />

e graduação, em publicações e exposição<br />

em eventos. Essa cooperação interinstitucional,<br />

ao mesmo tempo em que ajudava a estabelecer<br />

um nicho próprio de experimentação em campo<br />

na área da RNV, criava possibilidades de levar os<br />

resultados para implantação de programas em<br />

outros ambientes, enriquecidos pelas discussões<br />

que provocava, propiciando a geração de<br />

conhecimentos e o desenvolvimento de ações de<br />

conservação e restauração ambiental.<br />

Tomamos a liberdade de afirmar que os<br />

ensinamentos foram aprendidos. A equipe de<br />

técnicos da RNV e os cientistas e estudantes de<br />

diferentes instituições do Brasil e do exterior que lá<br />

trabalharam e aqueles que lá trabalham atualmente<br />

vêm demonstrando compromisso de preservar<br />

as lições aprendidas e disponibilizá-las para a<br />

sociedade.<br />

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espécie, em seu habitat natural. Boletim do Museu de<br />

Biologia Mello Leitão (Sér. Proteção à Natureza), Santa<br />

Teresa, 16A: 1-45.<br />

2 9


30<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

OS TABULEIROS COSTEIROS DO<br />

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO:<br />

OCORRÊNCIA E COMPONENTES<br />

AMBIENTAIS<br />

2Ademir Fontana, Lúcia Helena Cunha dos Anjos & Marcos Gervasio Pereira<br />

TABULEIROS COSTEIROS E<br />

CONCEITOS RELACIONADOS<br />

O termo ambiente ou feição de tabuleiros<br />

costeiros agrupa importantes informações<br />

para diversas ciências, desde as diretamente<br />

relacionadas, como a geologia e a geomorfologia,<br />

quanto a ecologia e a botânica, e em outros<br />

aspectos como a ciência do solo e a ocupação<br />

humana da costa brasileira.<br />

Os tabuleiros costeiros distribuem-se como<br />

uma faixa litorânea e parte da faixa sublitorânea<br />

em quase toda a costa do Brasil, desde o estado do<br />

Rio de Janeiro até o estado do Amapá (Mabesoone,<br />

1966; Bigarella, 1975). Também são identificados<br />

como materiais ou sedimentos do ‘’Barreiras’’,<br />

denominação dada a unidade de materiais de<br />

origem Terciária no Brasil. Ainda, segundo Oliveira<br />

& Leonardos (1943), UFV (1984) e Rezende<br />

(2000), o termo faz menção à carta de Pero Vaz<br />

de Caminha ao Rei de Portugal, Dom Manuel,<br />

quando do descobrimento do Brasil, onde em um<br />

trecho da carta se refere ao perfil das falésias no sul<br />

da Bahia: “Tem, ao longo do mar, nalgumas partes,<br />

grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e<br />

a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes<br />

arvoredos” (Castro apud Rezende, 2000).<br />

A sua localização e o aspecto da paisagem<br />

favoreceram a ocupação humana e o<br />

desenvolvimento de cidades ao longo da história<br />

do Brasil. Na publicação “O Homem e o Brejo”,<br />

de Alberto Lamego (1945), o autor cita que “Em<br />

roda-pé as elevações do Cristalino e acima da<br />

planície, em Campos, há o patamar dos tabuleiros”.<br />

Na mesma publicação, é registrado uso dominante<br />

nesse ambiente “Toda a superfície dos tabuleiros<br />

era coberta outrora de floresta virgem, que cedeu<br />

lugar aos canaviais”.<br />

Do ponto de vista estratigráfico, no que<br />

confere a sua composição, o termo ‘’Barreiras’’<br />

foi utilizado pela primeira vez em 1902 por<br />

Branner, para indicar as camadas variegadas, que<br />

ocorrem na forma tabular e afloram nas diversas<br />

barreiras ao longo da costa brasileira (Mabessone<br />

et al., 1972). Morais et al. (2006) relatam que<br />

a denominação Barreiras vem sendo empregada,<br />

com significado estratigráfico, desde Moraes<br />

Rêgo (1930 apud Baptista et al., 1984), para<br />

descrever depósitos arenosos e argilosos, de cores<br />

variegadas, normalmente muito ferruginizados,<br />

identificados nos baixos platôs amazônicos e<br />

nos tabuleiros da costa do norte, nordeste e<br />

leste brasileiro, com variações em escala local e<br />

regional. Nas áreas onde afloram junto ao litoral<br />

são também identificadas as “falésias”, definidas<br />

como “forma costeira abrupta esculpida por<br />

processos erosivos marinhos de alta energia, que<br />

ocorrem no limite entre as formas continentais e<br />

a praia atual, em trechos de costas altas’’ (IBGE,<br />

2009). Do ponto de vista da estratigrafia, na<br />

Figura 1 pode-se observar a variação da cor e<br />

a distribuição das camadas de uma paisagem<br />

com erosão diferenciada da borda do tabuleiro<br />

costeiro.<br />

3 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 1: Paisagem erodida de tabuleiros costeiros com detalhe da estratigrafia. Foto: Paulo César Teixeira.<br />

Tomado como unidade geomorfológica, o<br />

termo Barreiras, surge primeiramente como Série<br />

Barreiras, depois Formação Barreiras e, finalmente,<br />

Grupo Barreiras (Bigarella & Andrade, 1964). O<br />

conceito de Grupo é reforçado por Arai (2006),<br />

em estudos sobre a evolução desta unidade por<br />

datações palinológicas e correlações estratigráficas<br />

realizadas principalmente no norte do país, onde<br />

destaca ser composto por uma subunidade superior<br />

e outra inferior, separadas por discordância. Para<br />

estudos ambientais, Schaefer (2013) reporta que<br />

o Grupo Barreiras representa um dos principais<br />

testemunhos do longo período de climas úmidos e<br />

secos, alternantes, em condições tropicais.<br />

ORIGEM DO GRUPO BARREIRAS<br />

E COMPONENTES AMBIENTAIS<br />

Um dos temas que gera maior controvérsia entre<br />

as pesquisas e as teorias apresentadas diz respeito<br />

à origem do Grupo Barreiras. Nas referências mais<br />

antigas, como em Lamego (1945), e em várias<br />

outras, é ressaltada a sua origem continental, sendo<br />

destacada como evidência a falta de registro de<br />

fósseis nos sedimentos. Já Arai (2006), em ampla<br />

abordagem sobre a evolução relata evidências<br />

irrefutáveis de influência marinha, tanto de natureza<br />

paleontológica, como sedimentológica, envolvendo<br />

datação palinológica e sua correlação com as<br />

unidades litoestratigráficas das partes submersas<br />

das bacias da margem continental brasileira.<br />

Para tanto, a composição geológica do<br />

grupo Barreiras designa sedimentos clásticos a<br />

fossilíferos de cores variegadas, em geral friáveis,<br />

predominantemente arenosos, com marcante<br />

alternância de depósitos pelíticos e psamo-pelíticos<br />

e com espessura que varia de poucas a várias dezenas<br />

de metros (Schobbenhaus & Neves, 2003). Segundo<br />

CPRM (2015), no estado do Espírito Santo, o Grupo<br />

Barreiras é constituído de arenitos esbranquiçados,<br />

amarelados e avermelhados, argilosos, finos e<br />

grosseiros, mal selecionados, com intercalações de<br />

argilitos vermelhos e variegados. Os depósitos dessa<br />

unidade são bastante ferruginizados, com cores<br />

variadas desde o vermelho ao alaranjado, e essa<br />

ferruginização, quando muito intensa, ocorre como<br />

crostas ferruginosas.<br />

Ribeiro (1991) relata que os arenitos são<br />

de granulação média a grossa, constituídos de<br />

grãos subangulares e subarredondados, de cores<br />

variadas, predominando amarelo, creme e, por<br />

vezes, avermelhado, com presença de óxidos<br />

de ferro. Morais (2007), estudando os sistemas<br />

fluviais terciários na área emersa da bacia do<br />

32


FONTANA ET AL.<br />

AMBIENTE FÍSICO<br />

Espírito Santo, entre as formações Rio Doce e<br />

Barreiras, observaram que os depósitos areníticos<br />

apresentam percentual significativo de matriz<br />

caulínica, de cor cinza esbranquiçada, cuja origem<br />

é atribuída à alteração de feldspatos, e forte<br />

mosqueamento por óxido de ferro.<br />

Em estudo petrográfico na área emersa da Bacia<br />

do Espírito Santo, no extremo norte do estado do<br />

Espírito Santo, em afloramento próximo à cidade de<br />

Pedro Canário, Ribeiro et al.(2007) indicaram que<br />

os depósitos da formação Barreiras são constituídos<br />

por camadas tabulares, médias a espessas, de<br />

arenitos quartzosos, maciços, conglomeráticos<br />

na base, intercaladas por camadas lenticulares,<br />

médias a espessas, de lamitos arenosos, maciços,<br />

mosqueados. Em escala microscópica os depósitos<br />

são mal selecionados, com clastos angulosos<br />

a subarredondados, de baixa circularidade,<br />

compostos predominantemente por quartzo, com<br />

reduzida participação de feldspatos (média de 5%)<br />

e apresentam aspectos de ferruginização.<br />

Outra discussão acrescida ao Barreiras<br />

refere-se à idade, sendo comum a variação de<br />

Oligoceno–Mioceno a Plioceno, e no tocante ao<br />

seu limite superior é colocada por alguns autores<br />

no Pleistoceno (Bigarella, 1975; Mabesooneet<br />

al., 1972). Muitos pesquisadores consideram que<br />

os fenômenos precursores destes sedimentos<br />

ocorreram em épocas mais recentes, no Terciário,<br />

com possibilidade de influência ainda mais recente,<br />

no Quaternário (período inferior a 600 mil anos),<br />

daí serem considerados como Tércio-Quaternário,<br />

conforme sugere Ribeiro (1996).<br />

Contudo, o mais aceito até o momento é o<br />

intervalo de tempo que varia do Mioceno até o<br />

Plioceno-Pleistoceno. Arai (2006), por meio da<br />

análise estratigráfica integrada relaciona a origem<br />

do Grupo Barreiras com a elevação eustática<br />

global com o máximo (Barreiras Inferior) na parte<br />

média do Mioceno (20,3 – 11 Ma). Segundo o<br />

autor, a sedimentação foi interrompida no final do<br />

Tortoniano (7,3 Ma), quando houve rebaixamento<br />

eustático global que ocasionou um extenso evento<br />

erosivo nas áreas emersas e a formação de cunhas<br />

fortemente progradantes na porção submersa das<br />

bacias. Com a retomada da subida eustática no<br />

Plioceno (4 – 5 Ma), depositou-se o segundo ciclo<br />

(Barreiras Superior).<br />

Os tabuleiros costeiros são constituídos por<br />

sedimentos terrígenos do Grupo Barreiras, que<br />

segundo Bigarella (1975), foram depositados<br />

sobre a plataforma continental, quando o nível do<br />

mar se situava abaixo do atual. A posterior subida<br />

do nível do mar e a ação das ondas resultaram na<br />

formação das falésias e nos terraços de abrasão<br />

que recobrem setores da atual plataforma<br />

continental interna (Albino et al., 2001). Para<br />

Arai (2006), o soerguimento epirogenético,<br />

ocorrido subsequentemente à queda eustática, foi<br />

responsável pela atual configuração topográfica,<br />

onde a erosão e o retrabalhamento, ocorridos no<br />

Quaternário, nos períodos de mar baixo, devem ter<br />

sido responsáveis, em parte, pela atual configuração<br />

da plataforma continental.<br />

As mudanças climáticas, as transgressões e<br />

regressões marinhas, os processos tectônicos<br />

e, por consequência, as variações dos níveis de<br />

bases regionais e/ou locais, geraram processos<br />

de entalhamento no planalto, permitindo a<br />

manutenção da forma primitiva com diferenciações<br />

locais ou regionais discretas (Ribeiro, 1996).<br />

Quanto ao aspecto geral da paisagem, os<br />

tabuleiros costeiros apresentam feição característica<br />

de topografia tabular dissecada por vales por vezes<br />

profundos. Os topos em geral são aplainados e as<br />

bordas têm maior declividade, variando em função<br />

do grau de dissecação da paisagem desde o relevo<br />

suave ondulado a ondulado, menos comum o forte<br />

ondulado, e até encostas retilíneas nas falésias<br />

(Figura 2). A drenagem caracteriza-se por padrão<br />

subdendrítico com canais largos e que formam<br />

planícies coluvionadas, que se estendem por outras<br />

unidades geomorfológicas, seguindo as linhas<br />

estruturais e a inclinação geral dos tabuleiros para o<br />

mar (Brasil, 1983; 1987).<br />

Associado às feições anteriores, é comum<br />

encontrar ao longo do litoral variações suaves<br />

quanto à discordância dos sedimentos do Barreiras<br />

e às formações das planícies costeiras flúviomarinhas,<br />

principalmente como aquelas no delta<br />

do Rio Doce, na qual observa-se um leve desnível<br />

entre os ambientes e onde a distinção entre eles<br />

é destacada pela mudança da vegetação (floresta<br />

de tabuleiro e restinga) e pela composição dos<br />

sedimentos terciários e quaternários (argilosos e<br />

arenosos).<br />

3 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 2: Paisagem geral de tabuleiros costeiros com destaque para o desnível dos vales de dissecação e os<br />

patamares na forma de tabuleiro (acima) e paisagem típica com relevo suave ondulado (abaixo) no norte do estado<br />

do Espírito Santo. Fotos: Lucas Rodrigues Nicole e Valmir José Zuffo.<br />

34


FONTANA ET AL.<br />

AMBIENTE FÍSICO<br />

A distribuição dos depósitos do Grupo<br />

Barreiras e seu contato com os afloramentos<br />

cristalinos e com a planície costeira permitiram<br />

a Martin et al. (1996) subdividirem a costa<br />

do Espírito Santo em três setores: litoral<br />

Nordeste, onde os depósitos quaternários são<br />

limitados pelas falésias; litoral Central, onde<br />

os afloramentos rochosos atingem a costa e o<br />

litoral; e litoral Sudeste, onde as falésias voltam<br />

a aflorar na linha de costa, sendo localmente<br />

precedidas por depósitos quaternários pouco<br />

desenvolvidos.<br />

Em trabalho de refinamento das unidades<br />

geomorfológicas do estado do Espírito Santo,<br />

Coelho et al. (2012) aplicaram técnicas<br />

avançadas de geoprocessamento, como<br />

dados e técnicas de SIG e sensoriamento<br />

remoto, juntamente com os relatórios e mapas<br />

geomorfológicos anteriores, e classificaram<br />

o relevo do estado agrupados em táxons<br />

hierarquicamente relacionados, quantificando<br />

os Domínios Morfoestruturais, as Regiões<br />

Geomorfológicas e também as Unidades<br />

Geomorfológicas. Segundo os autores, a<br />

unidade geomorfológica Tabuleiros Costeiros<br />

está inserida na Região de Piemontes Inumados<br />

e no Domínio Sedimentar, a qual ocorre desde<br />

o sopé das elevações cristalinas até as planícies<br />

quaternárias. A unidade de tabuleiros costeiros<br />

ocupa a maior área do estado, representando<br />

cerca de 29%, seguida pela unidade Patamar<br />

Escalonado Sul Capixaba (28%), onde predomina<br />

relevo montanhoso a escarpado.<br />

OCORRÊNCIA DOS TABULEIROS COSTEIROS<br />

NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

Segundo descrito na publicação Geologia e<br />

Recursos Minerais do Estado do Espírito Santo<br />

(CPRM, 2015) “o Grupo Barreiras distribui-se<br />

segundo uma faixa aproximadamente alongada<br />

no sentido N-S, situando-se, em grande parte,<br />

entre o embasamento cristalino e os depósitos<br />

quaternários da baixada costeira. Também<br />

aflora desde um pouco a sul da localidade de<br />

Presidente Kennedy e começa a ocupar maior<br />

extensão a norte da cidade de Vitória. Ao sul<br />

desta, a ocorrência é descontínua, como porções<br />

mais isoladas, principalmente onde as rochas do<br />

embasamento afloram próximo ao litoral, como<br />

se observa na região entre Vitória e Presidente<br />

Kennedy. (...) Associam-se a feições de tabuleiro<br />

e, ao longo do litoral, ocorrem em formas de<br />

falésias ativas”.<br />

A distribuição dos tabuleiros costeiros no estado<br />

do Espírito Santo foi objeto de estudo e delimitação<br />

apresentada na publicação intitulada ‘’Mapeamento<br />

Geomorfológico do Estado do Espírito Santo’’, por<br />

Coelho et al. (2012). Este trabalho teve como<br />

objetivo aumentar a precisão do mapeamento<br />

geomorfológico realizado pelo Projeto Radambrasil,<br />

realizado no início da década de 80, e ilustra a<br />

ocorrência e ocupação do ambiente de tabuleiros<br />

costeiros (Figura 3).<br />

A variação quanto à ocupação do espaço<br />

continental pode ser observada pela distância<br />

dos tabuleiros costeiros da costa para o interior<br />

do estado. Na região centro-sul do estado, no<br />

município de Guarapari, ocupa a menor faixa,<br />

enquanto aumenta em direção ao estado do Rio<br />

de Janeiro (Figura 3). Destaca-se, todavia, no<br />

sentido norte/noroeste do estado, onde avança<br />

para o interior, chegando a mais de 100 km,<br />

quando adentram aos estados de Minas Gerais<br />

e Bahia.<br />

SOLOS DOS TABULEIROS COSTEIROS –<br />

FORMAÇÃO E CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS<br />

O desenvolvimento dos solos de tabuleiros<br />

costeiros apresenta estreita relação com os<br />

sedimentos do Grupo Barreiras (e congêneres) e<br />

suas variações/segregação quando da deposição<br />

dos sedimentos. As pesquisas realizadas<br />

por Anjos (1985), Fonseca (1986), Ribeiro<br />

(1998) e Manzatto (1998) apontam que os<br />

solos de tabuleiros pouco se diferenciaram<br />

pedogeneticamente do material de origem (Figura<br />

4). Esses sedimentos passaram por um intenso<br />

processo de alteração (pré-edafização), antes<br />

do seu desmonte e transporte, o que resultou no<br />

material caulinítico e quartzoso muito estável,<br />

o qual não se modificou substancialmente com<br />

os processos de pedogênese posteriores (UFV,<br />

1984).<br />

3 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 3: Mapa da distribuição das unidades geomorfológicas no estado do Espírito Santo. Fonte: Compilado do ‘’Mapeamento Geomorfológico do Estado do Espírito<br />

Santo’’ (Coelho et al., 2012).<br />

36


FONTANA ET AL.<br />

AMBIENTE FÍSICO<br />

Figura 4: Corte de tabuleiros costeiros destacando-se a cor vermelho-amarela do material de origem na posição<br />

central (esquerda) e perfil de solo amarelo com plintita e/ou petroplintita na parte inferior (direita). Foto: Ademir<br />

Fontana.<br />

Em trabalho de caracterização, gênese,<br />

classificação e aptidão agrícola de uma sequência<br />

de solos do Terciário, na região de Campos dos<br />

Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, Anjos<br />

(1985) destaca a aparente isotropia vertical<br />

dos perfis de Latossolos e Argissolos quanto<br />

à morfologia (sequência de horizontes, cor,<br />

estrutura e consistência). Assim, de acordo com<br />

a autora, as características dos solos de tabuleiro,<br />

principalmente morfológicas e mineralógicas, estão<br />

mais estreitamente relacionadas com o material<br />

originário e com os processos geomórficos em<br />

detrimento aos processos pedogenéticos. Embora<br />

nestes solos a mineralogia (cauliníticos e ausência<br />

de minerais primários facilmente intemperizáveis)<br />

indique elevado grau de desenvolvimento, estas<br />

características também são verificadas nos<br />

materiais subsuperficiais dos solos (horizonte C),<br />

ou seja, são as mesmas dos sedimentos do Grupo<br />

Barreiras (Pereira, 1996).<br />

A existência de um modelo pedogenético<br />

pré-atual ou pseudo-atual é sugerida por Ribeiro<br />

(1998), ligando aos solos de tabuleiros algumas<br />

características em processo de transformação, e o<br />

autor considera o material de origem (características<br />

herdadas) e o relevo como os principais fatores<br />

condicionantes dos processos da pedogênese atual.<br />

Neste sentido, parece que os solos de tabuleiros<br />

apresentam processos pedogenéticos incipientes e<br />

aqueles relacionados com a formação de gradiente<br />

textural e os horizontes adensados (coesos) são os<br />

mais relevantes, haja vista a diferenciação que estes<br />

promovem em nível de pedopaisagem (aspecto<br />

pedológico de uma paisagem) e na taxonomia<br />

desses solos.<br />

Na intenção de investigar e inter-relacionar<br />

as características mineralógicas, químicas e<br />

micromorfológicas dos solos visando a reconstrução<br />

do ambiente pedogenético, Duarte et al. (2000)<br />

afirmam que o ambiente pedogenético atual está<br />

propiciando a estabilização da caulinita e formação<br />

de goethita, removendo a hematita e possivelmente<br />

sendo responsável pelo amarelecimento<br />

(xantização) dos horizontes superficiais. O<br />

processo de segregação de ferro é evidenciado por<br />

seu acúmulo nos nódulos e mosqueados em relação<br />

3 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 5: Perfil de Argissolo desenvolvido nos tabuleiros costeiros do estado do Espírito Santo. Foto: Ademir Fontana.<br />

à matriz do solo, provavelmente por difusão,<br />

sendo a fonte a matriz. Os nódulos e mosqueados<br />

vermelhos estão em processo de destruição e não<br />

de formação.<br />

Para o desenvolvimento dos solos dos<br />

sedimentos do Grupo Barreiras no estado Espírito<br />

Santo, destaca-se a evidência de pedogênese<br />

atual, cuja diferenciação pedológica observada<br />

em topossequência esteve relacionada ao<br />

retrabalhamento do relevo e a dinâmica interna<br />

da água (Duarte et al., 2000), onde soma-se a<br />

estes fatores o desenvolvimento da vegetação<br />

diferenciada em ambientes abaciados e de<br />

composição predominantemente arenosa.<br />

Desta forma, as variações pontuais dos fatores<br />

relevo e dinâmica de água influenciam a formação<br />

dos solos de forma diferenciada, refletindo no<br />

desenvolvimento dos Latossolos, Argissolos,<br />

Planossolos e Plintossolos, sob vegetação de<br />

floresta de tabuleiros e nos interflúvios tabulares.<br />

Em alguns trechos descontínuos, deposições mais<br />

espessas de sedimentos arenosos condicionam<br />

vegetação diferenciada, levando, no conjunto de<br />

fatores, ao desenvolvimento dos Espodossolos,<br />

enquanto, em áreas de várzeas relacionadas aos<br />

vales ocorrem os Gleissolos.<br />

Quanto as classes de solo, destaque para os<br />

Argissolos Amarelos e os Latossolos Amarelos<br />

(Figura 5), os quais ocorrem frequentemente em<br />

associação na paisagem e ocupando a maior parte<br />

dos interflúvios tabulares. Esses solos têm várias<br />

características herdadas do material de origem - os<br />

sedimentos do Grupo Barreiras, quais sejam: baixo<br />

conteúdo de óxidos de ferro e alumínio, ausência<br />

de minerais primários facilmente intemperizáveis,<br />

predomínio de caulinita na mineralogia da fração<br />

argila e quartzo na fração areia. A distinção entre<br />

os Argissolos e Latossolos se deve principalmente<br />

ao tipo de horizonte diagnóstico subsuperficial,<br />

conforme o Sistema Brasileiro de Classificação de<br />

Solos – SiBCS (Santos et al., 2013a), em que a<br />

presença do gradiente textural (teores de argila<br />

nos horizontes B/A - relação textural) e, em alguns<br />

casos a presença de horizonte E (definido pela cor<br />

clara e textura arenosa) ou a mudança textural<br />

abrupta (grande aumento dos teores de argila<br />

em um espaço de 7,5 cm), definem o B textural<br />

(Argissolos). Na ausência do gradiente textural,<br />

define-se então, pelas demais características<br />

relacionadas ao grau de intemperismo, o B<br />

latossólico (Latossolos).<br />

De maneira geral os Argissolos apresentam<br />

38


FONTANA ET AL.<br />

AMBIENTE FÍSICO<br />

textura arenosa e média nos horizontes<br />

superficiais e textura argilosa nos horizontes<br />

subsuperficiais, enquanto que os Latossolos<br />

com textura média e argilosa, nos horizontes<br />

superficiais e subsupeficiais, respectivamente.<br />

Outra característica comumente associada a<br />

esses solos é a presença do caráter coeso, que<br />

no SiBCS (Santos et al., 2013a) é definido como<br />

sendo “horizontes pedogenéticos subsuperficiais<br />

adensados, muito resistentes à penetração da<br />

faca ou martelo pedológico e que são muito duros<br />

a extremamente duros quando secos, passando<br />

a friáveis ou firmes quando úmidos.” A coesão<br />

também é percebida, por vezes, pelo aumento<br />

da densidade do solo nos horizontes de transição<br />

(AB, BA) e mesmo no topo do horizonte B.<br />

Outra classe de solo que ocorre na região norte<br />

do estado do Espírito Santo é a dos Planossolos.<br />

Em geral, ocorrem como unidades de mapeamento<br />

do tipo associação ou complexos com Argissolos<br />

acinzentados, ocupando as partes de menor cota<br />

da paisagem, como no terço inferior. Segundo o<br />

SiBCS (Santos et al., 2013a), nos Planossolos o<br />

horizonte superficial apresenta textura arenosa<br />

e o subsuperficial é de acumulação de argila,<br />

destacando-se a mudança textural abrupta para o<br />

B textural. Além da drenagem em geral imperfeita,<br />

nos Planossolos pode ocorrer a formação de lençol<br />

de água suspenso, de existência temporária, como<br />

reflexo da permeabilidade lenta ou muito lenta da<br />

água no perfil, condicionando cores acinzentadas<br />

ou com mosqueados na parte superior do horizonte<br />

B e em horizontes transicionais.<br />

No tocante aos ambientes do terço médio a<br />

inferior das encostas, nas bordas dos tabuleiros<br />

e/ou em relevo abaciado também ocorrem os<br />

Plintossolos. Estes solos são caracterizados pela<br />

presença de plintita ou petroplintita no horizonte<br />

subsuperficial (Santos et al., 2013a). A plintita é<br />

identificada como corpo distinto de material mineral<br />

que se destaca da matriz do solo e que apresenta<br />

consistência firme quando úmida e dura ou muito<br />

dura quando seca, porém pode ser cortada com<br />

a faca, ocorrendo comumente com padrão de cor<br />

do mosqueado vermelho, vermelho-amarelado<br />

e vermelho-escuro, e forma usualmente laminar,<br />

arredondada, poligonal ou reticulada (Santos et al.,<br />

2013b), enquanto, a pretroplintita é proveniente<br />

do endurecimento irreversível da plintita.<br />

A associação na paisagem de Argissolos no<br />

topo dos tabuleiros e de Plintossolos em porções<br />

do relevo abaciadas foi destacada em estudo de<br />

Duarte et al. (2000), no município de Aracruz,<br />

onde os autores destacam a influência do relevo<br />

e a dinâmica da água na formação dos diferentes<br />

solos. A plintita e a petroplintita também podem<br />

ocorrer em profundidade, nos perfis de Latossolos<br />

e Argissolos, e na superfície, na forma de grandes<br />

Figura 6: Perfil de solo com petroplintita em subsuperfície (esquerda) e canga laterítica em primeiro plano (direita)<br />

desenvolvido nos tabuleiros costeiros do estado do Espírito Santo. Fotos: Ademir Fontana e Paulo César Teixeira.<br />

3 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

blocos cimentados denominados de “cangas” ou<br />

”cangas lateríticas”, facilmente observáveis na base<br />

das falésias (Figura 6).<br />

A ocorrência dos diversos solos e principalmente<br />

dos Argissolos e Latossolos, foi destacada no<br />

Levantamento de Reconhecimento dos Solos<br />

do Estado do Espírito Santo (Embrapa, 1978)<br />

e no Levantamento de Recursos Naturais do<br />

RADAMBRASIL (BRASIL, 1983; 1987). Além<br />

dos trabalhos já mencionados, destaca-se a<br />

grande contribuição dos estudos de Embrapa<br />

(1995), através da IV Reunião de Classificação,<br />

Correlação e Aplicação de Levantamentos de<br />

Solos, cuja excursão de estudos abrangeu áreas<br />

de tabuleiros costeiros dos estados do Rio de<br />

Janeiro, Espírito Santo e Bahia, que englobam os<br />

Argissolos, Planossolos e Latossolos. Soma-se a<br />

estes trabalhos o levantamento de solos da região<br />

de Aracruz, São Mateus e Conceição da Barra<br />

(Embrapa, 2000), mostrando com mais detalhe<br />

a ocorrência e características de Latossolos,<br />

Argissolos e Planossolos e Santos et al. (2004) nas<br />

Reservas de Linhares e Sooretama com a ocorrência<br />

predominante dos Argissolos.<br />

Em ambientes denominados localmente de<br />

“muçunungas”, que se diferenciam pela deposição<br />

de espessas camadas de sedimentos de composição<br />

arenosa, a vegetação pode variar desde graminóide<br />

Figura 7: Perfil de Espodossolo desenvolvido nos tabuleiros costeiros (esquerda) e vegetação de campo nativo<br />

(direita) sobre solo arenoso do estado do Espírito Santo. Fotos: Luiz Pessenda e Ademir Fontana.<br />

Figura 8: Perfil de solo sem e com mosqueados em subsuperfície (esquerda) e ambiente de ocorrência em várzea<br />

(direita) nos vales dos tabuleiros costeiros do estado do Espírito Santo. Fotos: Ademir Fontana e Flávio Gontijo.<br />

40


FONTANA ET AL.<br />

AMBIENTE FÍSICO<br />

até herbáceo-arbustiva (também denominadas<br />

de campo nativo) ou arbórea (muçunungas<br />

propriamente ditas). Nessa paisagem, o material<br />

arenoso, o relevo abaciado (com depressões em<br />

geral circulares) e a drenagem imperfeita, associados<br />

à vegetação, favorecem o desenvolvimento dos<br />

Espodossolos (Figura 7). Pelo SiBCS (Santos et<br />

al., 2013a) essa classe é caracterizada por solos<br />

profundos de textura arenosa ao longo do perfil<br />

e que possuem um horizonte subsuperficial B<br />

espódico, o qual tem como principais características<br />

o acúmulo de matéria orgânica, alumínio, podendo<br />

ou não conter ferro. É comum a ocorrência<br />

consolidada do horizonte B espódico denominada<br />

de ortstein, e ainda, em muitos casos, abaixo deste,<br />

o fragipã (material endurecido quando seco e com<br />

quebradicidade quando úmido e com baixos teores<br />

de matéria orgânica). Ademais, outra classe possível<br />

no ambiente de muçunungas são os Neossolos<br />

Quartzarênicos, os quais se caracterizam pela<br />

textura arenosa e ausência de horizonte diagnóstico<br />

B espódico, na profundidade em que se define o<br />

perfil de solo no SiBCS.<br />

A ocorrência de Espodossolos nos domínios<br />

dos tabuleiros costeiros do sul da Bahia e norte<br />

do Espírito Santo é relatada por Oliveira et al.<br />

(2010). Os autores observaram Espodossolos com<br />

horizonte E álbico (muçunungas brancas) e sem esse<br />

horizonte (muçunungas pretas), ambos com fragipã<br />

abaixo do horizonte B espódico. As muçunungas<br />

brancas apresentam ortstein, enquanto as pretas<br />

se diferenciam pela estrutura pequena granular e<br />

de cor escura desde o horizonte A.<br />

Na Reserva Natural Vale, Secretti (2013)<br />

destaca a ocorrência de Espodossolos nos campos<br />

nativos, com variações ao longo da paisagem no<br />

tocante a cor, estrutura, consistência, espessuras<br />

do perfil e dos horizontes, principalmente. Santos et<br />

al. (2004) nas Reservas de Linhares e Sooretama,<br />

destacam a ocorrência de Espodossolos e citam que<br />

as suas variações se devem à ocorrência ou não do<br />

caráter dúrico (material com cimentação forte) em<br />

profundidade, e a espessura dos horizontes A + E.<br />

Compondo as várzeas dos vales de dissecação em<br />

drenagem limitada, permanente ou periodicamente<br />

saturados por água são observados os Gleissolos<br />

(Figura 8). Estes solos são caracterizados por<br />

apresentarem horizontes subsuperficiais com<br />

cores cinzentadas, sendo comumente observado<br />

pontuações vermelho-amarelas e outras cores<br />

que indicam a oxidação e remobilização do ferro,<br />

principalmente, sem ou com segregação na forma<br />

de mosqueados ou plintita (Santos et al., 2013ab).<br />

As principais variações estão na espessura<br />

e composição dos horizontes superficiais,<br />

podendo ser mineral ou orgânico (Santos et al.,<br />

2013a). O material subsuperficial é conhecido<br />

também como ‘’tabatinga’’, o qual apresenta-se<br />

predominantemente argiloso ou muito argiloso,<br />

que passou por processos de oxidação e redução<br />

em ambiente hidromórfico.<br />

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4 1


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42


FONTANA ET AL.<br />

AMBIENTE FÍSICO<br />

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4 3


44<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


PEIXOTO & JESUS<br />

MEMÓRIAS DE CONSERVAÇÃO<br />

PARTE 2<br />

ECOLOGIA VEGETAL<br />

4 5


46<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

AS FLORESTAS DE TABULEIRO DO NORTE<br />

DO ESPÍRITO SANTO SÃO OMBRÓFILAS<br />

OU ESTACIONAIS?<br />

3Samir Gonçalves Rolim, Natália Macedo Ivanauskas & Vera Lex Engel<br />

A PERCEPÇÃO HISTÓRICA SOBRE A<br />

ESTACIONALIDADE CLIMÁTICA NAS<br />

FLORESTAS DO NORTE DO ESPÍRITO SANTO<br />

O homem sempre sentiu uma necessidade inata<br />

de ordenar e classificar a natureza (Miles, 1987).<br />

Foi assim na visão clementsiana de sucessão<br />

(Clements, 1916), tem sido assim na taxonomia e na<br />

classificação da vegetação por mais de dois séculos.<br />

Oliveira-Filho (2009) cita que nomes e “atributos”<br />

da vegetação são signos linguísticos, abstrações<br />

construídas por nós, em busca de ferramentas úteis<br />

na comunicação ou no entendimento de padrões da<br />

natureza.<br />

No norte do Espirito Santo, a Floresta Atlântica<br />

foi classificada por Rizzini (1963) como Floresta<br />

dos Tabuleiros Terciários. Esta região tem<br />

sido motivo de controvérsia em relação à sua<br />

classificação fisionômica. Alguns trabalhos recentes<br />

adotam para a região, a classificação Floresta<br />

Ombrófila Densa (Oliveira-Filho & Fontes, 2000;<br />

Souza et al., 2000; Gomes, 2006; de Paula et al.,<br />

2009; de Paula & Soares, 2011; Magnago et al.,<br />

2014) enquanto outros assumem como Floresta<br />

Estacional Semidecidual (Rizzini et al., 1997; Rolim<br />

et al., 1999; Chiarello & Melo, 2001; Kindel &<br />

Garay, 2002; Rolim et al., 2006; Silva, 2014). Isso<br />

nos leva à pergunta-título deste capítulo.<br />

No domínio da Floresta Atlântica, as fisionomias<br />

de florestas ombrófilas e estacionais apresentam<br />

laços florísticos fortes, formando um contínuo de<br />

distribuição das espécies (Oliveira-Filho & Fontes,<br />

2000). Essa discussão fisionômica é importante<br />

quando se tenta entender as relações florísticas<br />

entre a Floresta de Tabuleiro com as de outras<br />

regiões (Peixoto & Gentry, 1990; Siqueira, 1994;<br />

Oliveira-Filho & Fontes, 2000; Oliveira-Filho et al.,<br />

2005; Jesus & Rolim, 2005; Rolim et al., 2006;<br />

Saiter et al., 2016).<br />

De fato, o norte do Espírito Santo integra a<br />

Floresta Ombrófila Densa no mapa de vegetação<br />

do Brasil (IBGE, 2004, escala 1:5.000.000).<br />

Entretanto, não é nova a percepção de muitos<br />

pesquisadores sobre a estacionalidade do clima<br />

nessa região. Egler (1951) destacou o caráter<br />

semidecidual da vegetação dos tabuleiros no ES,<br />

inclusive às margens do rio Doce, e Azevedo (1962)<br />

produziu um mapa classificando a vegetação como<br />

“Comunidade Arbórea Mesófila dos Tabuleiros”.<br />

Veloso (1966) apresentou um mapa onde boa parte<br />

da área costeira foi denominada “Floresta Estacional<br />

Tropical Perenifólia da Encosta Atlântica” (ver IBGE,<br />

2012). Heinsdijk et al. (1965) fizeram uma ressalva<br />

de que a floresta de Linhares poderia ser classificada<br />

como “Floresta Tropical Pluvial”, mas algumas vezes<br />

como “Floresta Sazonal Sempre Verde”. Segundo<br />

o Manual do IBGE (2012), terminologias como<br />

“semiombrófila”, “seca sempre-verde”, “estacional<br />

sempre-verde”, “pluvial semidecidual”, “ombrófila<br />

semidecidual” são comuns em vários sistemas de<br />

classificação. Entretanto, é importante ressaltar que<br />

termos como seca, estacional, pluvial e ombrófila<br />

4 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

estão vinculados a atributos climáticos, enquanto<br />

denominações como sempre-verde e semidecidual<br />

designam graus de caducidade foliar.<br />

Neste trabalho não foram analisados em detalhes<br />

os critérios utilizados nas classificações citadas<br />

anteriormente para a Floresta dos Tabuleiros.<br />

Seguir a classificação oficial do IBGE (2004) é,<br />

provavelmente, o principal motivo da adoção da<br />

denominação Floresta Ombrófila Densa. Por outro<br />

lado, talvez faltassem análises mais detalhadas para<br />

enquadrar a floresta do norte do Espírito Santo como<br />

estacional semidecidual. Como colocado por Gentry<br />

(1995), realmente existe uma dificuldade de se<br />

classificar as florestas neotropicais com precipitação<br />

anual entre 1.400 e 1.800 mm, bem distribuída ao<br />

longo do ano. Walsh (1996a) também considera que<br />

florestas ombrófilas são mais bem caracterizadas em<br />

áreas com pelo menos 1.700 mm de precipitação e<br />

com menos de 4 meses consecutivos de precipitação<br />

inferior a 100 mm.<br />

Até meados dos anos 80, a média de precipitação<br />

anual relatada por Peixoto & Gentry (1990)<br />

para a floresta dos tabuleiros em Linhares foi de<br />

aproximadamente 1.400 mm, mas com poucos<br />

anos de observação climática. Dados posteriores<br />

indicaram que a média anual de precipitação em<br />

Linhares era ainda menor, entre 1.200 a 1.250<br />

mm (Rolim et al., 1999; Spósito & Santos, 2001;<br />

Engel & Martins, 2005). Além disso, a média de<br />

precipitação desta região do norte do Espírito Santo<br />

está longe de ser bem distribuída, já que menos de<br />

20% da precipitação ocorre de abril a setembro<br />

(Engel & Martins, 2005).<br />

Assim, uma terceira via é que estas florestas<br />

não seriam nem ombrófilas densas nem estacionais<br />

semideciduais. Uma classificação intermediária<br />

entre estas é a denominada “Floresta Estacional<br />

Perenifólia” ou “Floresta Estacional Sempre-Verde”.<br />

Esta classificação já existia numa proposta de Beard<br />

(1955) para a América tropical e foi utilizada no<br />

Brasil por Rizzini (1963), mas não constava no<br />

sistema de Veloso et al. (1991) adotado pelo IBGE<br />

até 2012. A diferenciação entre florestas ombrófilas<br />

e estacionais é fortemente correlacionada com o<br />

regime de chuvas, com transições que podem ser<br />

abruptas ou graduais (Oliveira Filho & Fontes, 2000)<br />

e não é difícil admitir uma classificação intermediária<br />

entre estas fisionomias. Engel (2001) resgatou a<br />

terminologia “Floresta Estacional Perenifólia” para<br />

a Floresta dos Tabuleiros do Espírito Santo, a qual<br />

também foi utilizada por Jesus & Rolim (2005).<br />

Esta seria, provavelmente, uma classificação<br />

mais conciliadora para a vegetação do norte do<br />

Espírito Santo, mas que não podia ser adotada<br />

oficialmente dentro do sistema brasileiro de<br />

classificação da vegetação (Veloso et al., 1991).<br />

Contudo, um importante trabalho na região norte<br />

do Mato Grosso (Ivanauskas et al., 2008) propôs<br />

a reintrodução desta terminologia no sistema<br />

brasileiro de classificação da vegetação, o qual a<br />

aceitou para o Planalto dos Parecis e outras regiões<br />

da borda sul amazônica (IBGE, 2012). As análises<br />

que justificam a sua adoção também para o domínio<br />

atlântico, na região norte do Espirito Santo, são<br />

discutidas a seguir.<br />

O RESGATE DA TERMINOLOGIA FLORESTA<br />

ESTACIONAL PERENIFÓLIA PARA O SISTEMA<br />

DO IBGE<br />

O clima é o fator determinante da distribuição<br />

geográfica em larga escala das plantas, enquanto<br />

a topografia e condições edáficas influenciam<br />

as distribuições locais (Ricklefs, 1996). Assim,<br />

enquanto o clima age como o maior determinante<br />

regional, a topografia e os níveis de nutrientes<br />

proporcionam os determinantes subregionais que,<br />

por sua vez, são fortemente influenciados pela<br />

relação solo-água (Furley, 1992). Nesse contexto,<br />

as áreas de transição da floresta ombrófila para a<br />

floresta estacional seguem gradientes climáticos,<br />

nos quais a precipitação diminui e o clima tornase<br />

mais sazonal, e a presença de uma formação ou<br />

outra passa a depender da natureza do solo ou da<br />

topografia (Richards, 1996).<br />

As florestas ombrófilas são descritas como<br />

presentes em clima de altas temperaturas e<br />

precipitação elevada e bem distribuída durante o ano<br />

(IBGE, 2012). Por sua vez, as florestas estacionais<br />

estão sujeitas a um período desfavorável, que pode<br />

ser o longo período de estiagem do clima tropical<br />

(médias de 22 ºC, 4 a 6 meses secos) ou o frio<br />

intenso na faixa subtropical (seca fisiológica, com<br />

médias de 18 ºC, mas com pelo menos 3 meses de<br />

temperaturas inferiores a 15 ºC).<br />

Logicamente, não é seguro definir limites<br />

48


ROLIM ET AL.<br />

FLORESTA OMBRÓFILA OU ESTACIONAL?<br />

vegetacionais utilizando exclusivamente<br />

classificações climáticas, pois fatores não climáticos<br />

(solo, litologia e relevo) também influenciam o<br />

teor de água no solo e o impacto ecológico de<br />

um período seco. Além disso, os sistemas de<br />

classificação baseiam-se em médias climáticas,<br />

mas valores extremos de seca, vento ou frio podem<br />

exercer maior influência sobre a distribuição da<br />

vegetação (Walsh, 1996a). Somado a isso, a atual<br />

distribuição da vegetação brasileira resulta não<br />

apenas da zonação climática atual, mas também<br />

dos efeitos acumulados dos climas do passado<br />

(Ab’Saber, 1977).<br />

Ainda assim, o clima de uma região, associado a<br />

outras variáveis, como dados fenológicos, podem<br />

ser bons indicadores de tipologias regionais,<br />

portanto passíveis de investigação. De fato, a<br />

caducidade foliar foi outro critério utilizado por<br />

Veloso et al. (1991) durante a elaboração do atual<br />

sistema fitogeográfico brasileiro. Nesse sistema,<br />

as florestas ombrófilas seriam caracterizadas por<br />

manter o dossel perenifólio e ocorrer em clima de<br />

elevadas temperaturas e alta precipitação bem<br />

distribuída durante o ano. Já as florestas estacionais<br />

seriam semideciduais ou completamente deciduais,<br />

sendo a queda foliar ocasionada por longo período<br />

de estiagem ou pelo frio intenso (seca fisiológica).<br />

O aumento da queda de folhas na estação seca<br />

pode ser um indicativo de estresse de água no solo,<br />

já que redução da copa seria uma resposta da planta<br />

para reduzir a perda de água através da transpiração<br />

(Reich & Borchert, 1984; Wright & Cornejo,<br />

1990; Borchert, 1994; Rizzini, 1997, Ivanauskas<br />

& Rodrigues, 2000). Uma das mais importantes<br />

funções do solo é a de operar como reservatório<br />

de água, fornecendo-a às plantas na medida<br />

de suas necessidades. Como a recarga natural<br />

(precipitação) deste reservatório é descontínua, o<br />

volume disponível às plantas é variável: com chuvas<br />

escassas, as plantas podem chegar a exaurir as<br />

reservas armazenadas no solo e atingir o estado<br />

de déficit de água (Reichardt, 1985). Usualmente,<br />

a planta só consegue absorver a água que o solo<br />

retém entre os potenciais mátricos de 0,1 atm<br />

(capacidade de campo) e 15 atm (ponto de murcha<br />

permanente).<br />

A disponibilidade de água é um caráter<br />

fundamental na biologia da planta. O estudo<br />

e o conhecimento do regime de água no solo<br />

sob florestas, e de sua variação anual, é muito<br />

importante, uma vez que inúmeros trabalhos têm<br />

mostrado que o crescimento da floresta é muito<br />

dependente da umidade do solo (revisão em Lima,<br />

1996). Quando a árvore está absorvendo água<br />

do solo pelo processo de transpiração, ela está, ao<br />

mesmo tempo, absorvendo nutrientes, fazendoos<br />

circular internamente, realizando fotossíntese,<br />

transportando seiva elaborada, hormônios e<br />

outras substâncias para todas as partes da árvore.<br />

O crescimento, portanto, está ocorrendo tão<br />

vigorosamente quanto permitem os demais fatores<br />

do meio (Lima, 1979).<br />

Numa simplificação, a transpiração pode ser<br />

considerada como controlada somente por fatores<br />

atmosféricos, enquanto a vegetação estiver bem<br />

suprida por água. Quando o suprimento de água<br />

torna-se limitante, a vegetação sofre “estresse<br />

hídrico” e a transpiração diminui, e todos os<br />

processos metabólicos citados vão se restringindo.<br />

Assim, em consequência da ausência de água<br />

no solo, em muitos dias as árvores não estarão<br />

crescendo à taxa máxima: existem ocasiões em que<br />

o crescimento pode cessar completamente (Lima,<br />

1979).<br />

No caso das florestas presentes em áreas<br />

ecotonais na borda sul amazônica, constatou-se<br />

a presença de duas estações bem definidas: uma<br />

chuvosa e outra seca. A existência de estiagem<br />

superior a 120 dias/ano inclui essas florestas<br />

na categoria de Floresta Estacional, segundo o<br />

sistema proposto por Veloso et al. (1991). Todavia,<br />

essas florestas são predominantemente perenes<br />

(Ratter et al., 1973; Richards, 1996). Como não<br />

há elevada caducidade foliar, assume-se que estas<br />

florestas, apesar do longo período de estiagem, não<br />

sofrem estresse hídrico (Ivanauskas et al., 2008):<br />

são florestas sempre verdes.<br />

A constatação da perenidade foliar e do clima<br />

estacional criou um problema fitogeográfico<br />

para essas florestas, já que a categoria Floresta<br />

Estacional Perenifólia não existia no sistema oficial<br />

de classificação da vegetação brasileira até 2012. A<br />

primeira versão do atual sistema foi desenvolvida na<br />

década de 70, quando um grupo de fitogéografos<br />

envolvidos no projeto Radambrasil foi encarregado<br />

de mapear a vegetação brasileira e organizar a<br />

4 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

nomenclatura de modo compatível com um sistema<br />

universal. Assim, o sistema fitogeográfico adotado<br />

na cartografia oficial do país foi publicado por Veloso<br />

et al. (1991), baseado na escola fitogeográfica de<br />

Ellemberg & Mueller-Dombois (1967) proposta à<br />

Unesco. Esta classificação obedece a um sistema<br />

hierárquico de formações, distribuídas pela ordem<br />

de classe até a formação propriamente dita, seguida<br />

de subformações.<br />

Para as fisionomias florestais aqui abordadas,<br />

assume importância o conceito de deciduidade, que<br />

se refere ao grau de retenção foliar dos elementos<br />

arbóreos e arbustivos do estrato, ou dos estratos<br />

principais, encontrados em determinada formação<br />

e época (Eiten, 1968). Para a classificação<br />

fitogeográfica, deve-se levar em consideração a<br />

percentagem das árvores caducifólias no conjunto<br />

florestal, e não das espécies que perdem as folhas<br />

individualmente. Assim, florestas perenifólias ou<br />

sempre-verdes não apresentam caducidade foliar<br />

ou esta é inferior a 20% das árvores do dossel.<br />

Florestas semideciduais apresentam queda foliar<br />

entre 20 e 50% na época desfavorável. Para as<br />

florestas deciduais, o percentual deve ser de 50%<br />

ou mais (Veloso & Góes Filho, 1982).<br />

Florestas estacionais perenifólias estão presentes<br />

num clima estacional, mas que não provoca queda<br />

foliar acentuada para a maioria das árvores do dossel,<br />

pois há água disponível no solo mesmo no período<br />

seco, em função de algum processo fisiográfico<br />

(Ivanauskas et al., 2008). Assim, as árvores não<br />

sofrem déficit hídrico e o dossel se mantém sempre<br />

verde. Como já exposto, essa situação peculiar é<br />

encontrada tanto no domínio Amazônico quanto<br />

Atlântico, em situações de transição entre a floresta<br />

ombrófila e a estacional. Os limites nem sempre são<br />

detectáveis, existindo complexa rede de faixas de<br />

contato, ora mais estreitas, por vezes mais largas<br />

e complicadas. A substituição de uma ou outra<br />

formação ocorre de modo gradual, em função das<br />

variações na precipitação, regime pluviométrico<br />

e substrato (Mantovani, 2003). Entretanto, a<br />

Floresta Estacional Perenifólia possui composição<br />

florística própria, e que a rigor não é similar à flora<br />

presente nas formações de entorno (Ivanauskas et<br />

al., 2004a; Jesus & Rolim, 2005).<br />

No domínio da Floresta Atlântica, a Floresta<br />

Estacional Perenifólia situa-se na área de transição<br />

entre a Floresta Estacional Semidecidual típica do<br />

interior do continente e a Floresta Ombrófila Densa<br />

que recobre as serras litorâneas. Essa floresta já foi<br />

descrita no estado de São Paulo por Eiten (1970),<br />

que denominou de Floresta Sempre-Verde do<br />

Planalto a floresta perenifólia que se inicia no clima<br />

ombrófilo da crista da Serra do Mar e estende-se<br />

para o interior do Planalto Atlântico, em direção<br />

ao clima estacional. Já Engel (2001) detectou<br />

padrões fenológicos diferenciados para a floresta<br />

atlântica de tabuleiro no Espírito Santo. Com base<br />

na sazonalidade climática e nos ritmos de mudança<br />

foliar, a autora utilizou a denominação Floresta<br />

Tropical Estacional Perenifólia, extraída do sistema<br />

de Longman & Jénik (1987), para a classificação<br />

fitogeográfica.<br />

Contudo, é no domínio Amazônico que a<br />

Floresta Estacional Perenifólia engloba extensa<br />

área contínua, com destaque para a região do Alto<br />

Xingu, onde essa formação abrange centenas de<br />

quilômetros. Ratter (1992) empregou a expressão<br />

Floresta Sazonal Sempre Verde para designar<br />

essas florestas na borda sul amazônica. O clima é<br />

estacional, classificado como Tropical Chuvoso de<br />

Savana (Aw), com precipitações anuais em torno<br />

de 1.500 mm e período de seca de 4 a 7 meses.<br />

A ausência de estresse hídrico acentuado nas<br />

espécies de dossel é atribuída às particularidades<br />

do ambiente onde esta formação se desenvolve,<br />

constituído por densa rede de drenagem num<br />

relevo suave, onde predominam latossolos<br />

que facilitam o enraizamento profundo, o que<br />

permite que as árvores acessem o lençol freático<br />

subsuperficial (Ivanauskas et al., 2008). Com água<br />

disponível, essas florestas mantêm-se perenifólias<br />

mesmo nas áreas de interflúvio, distantes das áreas<br />

inundáveis. Os valores de área basal e riqueza de<br />

espécies arbóreas são muito inferiores àqueles<br />

registrados para trechos de Floresta Ombrófila na<br />

Amazônia. O porte da floresta é menor, com dossel<br />

irregular em torno de 20 m, onde predominam<br />

espécies florestais com madeira de baixa densidade<br />

(Ivanauskas et al., 2004a, 2004b).<br />

Baseado nos estudos citados e em outros<br />

complementares, o IBGE tornou público, em 2012,<br />

a segunda edição revista e ampliada do Manual<br />

Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE, 2012).<br />

Dessa maneira, foi incorporado ao sistema oficial<br />

50


ROLIM ET AL.<br />

FLORESTA OMBRÓFILA OU ESTACIONAL?<br />

de classificação um novo subgrupo de formação,<br />

a Floresta Estacional Sempre-Verde (Floresta<br />

Estacional Perenifólia). Entretanto, foram incluídas<br />

nesta categoria apenas as florestas do domínio<br />

amazônico, mas a ocorrência dessa mesma<br />

fisionomia florestal no domínio atlântico ainda não<br />

foi consolidada. A fim de contribuir com dados<br />

científicos para essa argumentação, buscamos<br />

divulgar o conhecimento já acumulado sobre a<br />

floresta de tabuleiro do norte do Espírito Santo.<br />

ANÁLISE DOS DADOS CLIMÁTICOS NA<br />

FLORESTA DE TABULEIRO<br />

Precipitação e temperatura exercem forte<br />

influência na determinação da cobertura vegetal<br />

(Zelazowski et al., 2011). Existe uma grande<br />

variação na disponibilidade de precipitação entre<br />

diversas regiões tropicais (Walsh & Newbery, 1999;<br />

Zelazowski et al., 2011) e na definição do que pode<br />

ser considerado um período ecologicamente seco<br />

(Walsh, 1996b), o que torna a classificação da<br />

vegetação difícil em algumas áreas (Ivanauskas et<br />

al., 2008). Neste trabalho, além de apresentar os<br />

principais resultados de análises de clima em Linhares,<br />

com dados do posto meteorológico instalado na<br />

Reserva Natural Vale, será calculado o índice de<br />

perumidade de Walsh (1996a) e apresentado o<br />

balanço hídrico de Thornthwaite & Matter (1955).<br />

Walsh (1996b) estima que a precipitação mensal<br />

abaixo de 100 mm caracteriza um mês como<br />

seco e apresenta uma breve revisão que justifica a<br />

adoção deste limite como sendo uma estimativa da<br />

transpiração média em florestas tropicais, abaixo do<br />

qual geralmente ocorrem déficits de água.<br />

Para o período de janeiro de 1975 a dezembro de<br />

2004, a precipitação média anual foi igual a 1.227<br />

mm (desvio padrão ±273 mm), a temperatura<br />

média anual foi de 23,3 o C, variando muito pouco<br />

ao longo do ano, entre 20,0 o C e 26,2 o C (médias<br />

das mínimas e máximas anuais). A umidade relativa<br />

média anual foi de 85,8%, também variando muito<br />

pouco ao longo do ano, entre 82,2% e 89,2%<br />

(médias das mínimas e máximas anuais). Na Figura<br />

1, observa-se a forte estacionalidade intra-anual<br />

com 6 meses consecutivos com precipitação média<br />

menor que 100 mm e 4 meses consecutivos com<br />

precipitação média menor que 60 mm.<br />

Figura 1: Variação mensal da precipitação em Linhares/<br />

ES, de 1975 a 2004.<br />

Também existe uma forte variação interanual<br />

da precipitação, com mínima de 816 mm no ano<br />

de 1990 e máxima de 1.747 mm no ano de 2004<br />

(Figura 2). Geralmente estas secas extremas (como<br />

as do período de 1987 a 1989) estão associadas<br />

aos anos de fortes “El Niño-Southern Oscillation”<br />

(Enso). Durante sua ocorrência, os períodos secos<br />

aumentam de intensidade em algumas regiões e<br />

vários efeitos sobre os ecossistemas são relatados<br />

(Kogan, 2000; Holmgren et al., 2001), inclusive a<br />

maior mortalidade de árvores (Rolim et al., 1999)<br />

e a diminuição da frutificação em Linhares (Engel &<br />

Martins, 2005).<br />

Figura 2: Variação anual da precipitação em Linhares/<br />

ES, de 1975 a 2004. A linha pontilhada corresponde à<br />

média do período, igual a 1.227 mm.<br />

A estacionalidade da distribuição das chuvas<br />

é marcante, com 72% ocorrendo no período<br />

de outubro a março, no qual a média mensal de<br />

precipitação é de 147 mm, e 28% ocorre no<br />

período de abril a setembro, com média mensal de<br />

57,5 mm. De fato, na Figura 3 é possível observar<br />

que 77% dos anos da série apresentaram mais de<br />

5 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

4 meses consecutivos com precipitação inferior a<br />

100 mm (critério de Walsh, 1996a). Uma grande<br />

“anormalidade” de precipitação produziu uma<br />

sequência de cinco meses secos nos anos de<br />

1986 a 1990, todos com menos de 1.000 mm de<br />

precipitação ao ano.<br />

Já para Rizzini (1997), são ecologicamente secos<br />

os meses com menos de 60 mm, mas cujo mês<br />

anterior não teve mais de 100 mm de precipitação.<br />

Neste critério, as áreas úmidas são aquelas com até<br />

3 meses secos por ano e as áreas estacionalmente<br />

secas aquelas com 4 a 5 meses. Observa-se que<br />

em 53% dos anos da série ocorreram períodos<br />

estacionalmente secos. Ou seja, podem ocorrer<br />

anos sem períodos estacionalmente secos, mas a<br />

maioria dos anos também mostra a ocorrência destes<br />

períodos, o que pode influenciar a percepção daqueles<br />

que visitam a área apenas nos anos mais úmidos.<br />

O índice de perumidade de Walsh (1996a) varia<br />

de -24 a +24 e para Linhares é igual a -3. Com<br />

uma precipitação média inferior a 1.700 mm e com<br />

6 meses consecutivos com menos de 100 mm<br />

de precipitação média, o clima seria classificado<br />

como Tropical Seco-Úmido (índice de perumidade<br />

entre -4,5 e 5), favorável ao desenvolvimento da<br />

Floresta Estacional.<br />

Já a análise do balanço hídrico (Figura 4) foi<br />

feita considerando uma capacidade máxima de<br />

armazenamento de água no solo (CAD) igual a<br />

200 mm e a evapotranspiração potencial (ETP) foi<br />

estimada pelo método de Thornthwaite (1948).<br />

Os dados foram digitados no programa “BHnorm”<br />

elaborado em planilha EXCEL por Rolim et al. (1998).<br />

Nota-se um longo período de déficits hídricos, mas<br />

que totalizam apenas 41,4 mm com excedentes de<br />

72,9 mm. Os resultados indicam o tipo climático<br />

megatérmico subúmido-seco, com pequeno deficit<br />

hídrico e pequeno excedente hídrico.<br />

O mapa de unidades naturais do estado do<br />

Espírito Santo (Feitosa L.R. et al., 1997; Feitosa<br />

H.N., 1998; Feitosa L.R. et al., 1999) definiu<br />

para a região de Linhares que o mês de agosto<br />

é considerado seco e todos os outros meses,<br />

de janeiro a setembro, são parcialmente secos.<br />

Na contabilidade de meses secos, os autores<br />

consideraram cada dois meses parcialmente secos<br />

como um mês seco, totalizando 5 meses secos para<br />

a região. Citam quantidade semelhante de meses<br />

Figura 3: Frequência de meses secos entre os anos de<br />

1975 e 2004 em Linhares/ES, de acordo com Walsh<br />

(1996b) e Rizzini (1997). O tracejado indica o número<br />

médio de meses secos em cada método.<br />

Figura 4: Balanço hídrico de Thornthwaite & Mather<br />

(1955) para Linhares/ES, de 1975 a 2004.<br />

parcialmente secos para quase todos os municípios<br />

vizinhos na região Norte do estado (por exemplo,<br />

Sooretama, Pinheiros, Jaguaré e São Mateus).<br />

Parece não haver dúvidas sobre a estacionalidade<br />

do clima no nordeste do Espír ito Santo, mas os<br />

métodos tradicionais de classificação fisionômica<br />

também parecem não ser adequados. De fato,<br />

Borchert (1998) faz uma crítica severa a métodos<br />

de classificação fisionômica, baseados apenas na<br />

quantidade e sazonalidade da água de precipitação<br />

disponível anualmente. É necessário entender como<br />

as plantas suportam períodos prolongados de seca<br />

e quais seriam as estratégias por elas utilizadas para<br />

sobreviver ao período desfavorável, mas nenhum<br />

estudo com esses propósitos foi realizado nas<br />

florestas de Linhares. Permanece a questão: como<br />

a maior parte das árvores em Linhares podem se<br />

manter perenes? Algumas hipóteses podem ser<br />

levantadas.<br />

Embora possa ser notado o longo período de déficit<br />

na Reserva de Linhares, deve ser ressaltado que o<br />

52


ROLIM ET AL.<br />

FLORESTA OMBRÓFILA OU ESTACIONAL?<br />

armazenamento de água no solo raramente diminui<br />

abaixo de 100 mm para a CAD (capacidade de água<br />

disponível) utilizada igual a 200 mm, o que faz com que<br />

os déficits sejam pequenos. Assim, o armazenamento<br />

de água no solo deve ter papel fundamental para<br />

suprir as árvores em períodos prolongados de seca em<br />

Linhares. Esta estratégia já é amplamente difundida e<br />

árvores na Amazônia podem buscar água em períodos<br />

secos, há mais de 8 m de profundidade, através da<br />

expansão das raízes (Nepstad et al., 1994).<br />

Borchert & Pockman (2005) citam que<br />

existem espécies que evitam a seca e outras que<br />

são resistentes à seca, cada tipo com diferentes<br />

estratégias fisiológicas. Concluem que a anatomia<br />

da madeira pode ser um importante fator na<br />

adaptação à seca. Em algumas espécies que evitam<br />

a seca, por exemplo, existe um extenso parênquima<br />

ao redor do xilema, que permite o armazenamento<br />

intracelular de água.<br />

Outra estratégia importante é a denominada<br />

redistribuição hidráulica (Dawson, 1996;<br />

Burguess et al., 1998; Oliveira et al., 2005), na<br />

qual a água pode se mover através das raízes,<br />

das partes mais úmidas e profundas do solo, para<br />

as partes mais superficiais, que secam primeiro.<br />

Pode ser citado ainda que sob condições naturais<br />

as raízes são o principal órgão para absorção<br />

de água (Breazeale et al., 1950); entretanto,<br />

sob condições de seca e alta umidade relativa,<br />

as folhas podem contribuir na absorção de<br />

água da atmosfera (Burgess & Dawson, 2004).<br />

Considerando a alta umidade relativa encontrada<br />

em Linhares, de 82 a 89% ao longo do ano,<br />

esta hipótese pode ter um peso importante na<br />

manutenção da perenidade das árvores nesta<br />

região.<br />

Finalmente, ressaltamos que pesquisas<br />

paleoecológicas recentes indicam que o clima na<br />

região de Linhares era mais úmido, equivalente ao de<br />

uma floresta ombrófila, entre 4 e 7 mil anos atrás, com<br />

presença marcante de Cyatheaceae e Arecaceae, as<br />

quais diminuíram em abundância de 4 mil anos atrás<br />

até o presente (Buso Jr. et al., 2013). Nesse período<br />

o inverno se tornou mais seco e o clima mais sazonal<br />

em razão do deslocamento da zona de convergência<br />

intertropical mais para o norte, na posição em que<br />

se encontra hoje (Ledru et al., 1998; Buso Jr. et al.,<br />

2013; Lorente et al., 2015).<br />

ANÁLISE DE DADOS FENOLÓGICOS NA<br />

FLORESTA DE TABULEIRO<br />

As árvores da floresta da Reserva de Linhares<br />

mostram um grau de caducifolia maior do que<br />

aquele de uma floresta ombrófila, mas menor do<br />

que uma floresta estacional semidecidual. Em estudo<br />

fenológico realizado com 41 espécies de árvores do<br />

dossel da floresta de Linhares, entre 1982 e 1992<br />

(Engel, 2001), 43,9% delas foram classificadas como<br />

brevidecíduas e 12,2% como caducifólias (Tabela<br />

1), ou seja, pouco mais da metade das espécies<br />

apresentaram perda de folhas durante o período seco.<br />

De acordo com a classificação de Longman & Jeník<br />

(1987), a diferença entre espécies brevidecíduas<br />

e caducifólias (ou decíduas) está no fato de que<br />

as primeiras perdem as folhas no início da estação<br />

chuvosa, junto com a brotação, ficando desfolhadas<br />

por até uma semana. As últimas perdem as folhas no<br />

fim da estação seca e brotam na chuvosa, ficando<br />

desfolhadas por várias semanas.<br />

Em Linhares, a época de máxima queda de folhas<br />

ocorreu no fim da estação seca e início da estação<br />

transicional para chuvosa (Figura 5), o que concorda<br />

com os resultados de Mori et al. (1982) para o sul<br />

da Bahia. Em média, cerca de 30% das espécies e<br />

15% dos indivíduos mostraram queda total ou quase<br />

total de folhas na transição entre as estações seca<br />

e chuvosa, de setembro a outubro (Figura 5). Uma<br />

proporção semelhante foi encontrada com folhas<br />

novas na estação chuvosa, cerca de dois meses após<br />

o máximo de queda de folhas (Figura 5). A maior<br />

parte dos estudos realizados em florestas tropicais<br />

úmidas (que incluíram Floresta Ombrófila Densa<br />

Sub-montana, Montana e Alto-montana) mostrou<br />

que a máxima queda de folhas ocorre no período<br />

seco (Alencar et al., 1979; Carabias-Lillo & Guevara-<br />

Sada, 1985; Morellato, 1992; Pires-O’Brien, 1993).<br />

Em outras florestas atlânticas com distribuição<br />

de chuvas mais uniforme, a queda de folhas foi<br />

constante ao longo do ano (Talora & Morellato,<br />

2000) ou predominou na estação chuvosa (Jackson,<br />

1978). Em florestas tropicais estacionais deciduais<br />

e semideciduais, a queda de folhas ocorreu no<br />

início e no meio da estação seca, respectivamente<br />

(Monasterio & Sarmiento, 1976; Martins, 1982;<br />

Morellato, 1991; 1992; Fonseca, 1998).<br />

A atividade de mudança foliar das espécies<br />

5 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 1: Categorias de mudança foliar e época de brotação das espécies arbóreas da Reserva Natural<br />

Vale, em Linhares. Épocas de brotação: (1) estação chuvosa; (2) transição entre estação chuvosa e seca;<br />

(3) estação seca; (4) transição entre estação seca e chuvosa. Fonte: Engel, 2001.<br />

Espécie<br />

Categoria de<br />

Época de brotação<br />

mudança foliar 1 2 3 4<br />

Apuleia leiocarpa (Vog.) Macbr. caducifólia x x<br />

Aspidosperma cylindrocarpon M. Arg. sempre-verde x<br />

Astronium concinum Schott. brevidecídua x<br />

Astronium graveolens Jacq. caducifólia x<br />

Bowdichia virgilioides HBK. brevidecídua x<br />

Cariniana legalis (Mart.) O.Ktze brevidecídua x<br />

Carryocar edule Casar. brevidecídua x<br />

Cedrela odorata L. brevidecídua x x<br />

Clarisia racemosa Ruiz et Pav. brevidecídua x x<br />

Cordia trichotoma Vell. caducifólia x x<br />

Dalbergia nigra (Vell.) Fr.All. Ex Benth. brevidecídua x<br />

Diplotropis incexis Rizz et Mattos F. sempre-verde x x x<br />

Emmotum nitens (Benth) Miers sempre-verde x x x<br />

Eriotheca macrophylla (Schum.) A. Robyns brevidecídua x x<br />

Eugenia microcarpa Berg. sempre-verde x<br />

Hidrogaster trinervis Kuhlman sempre-verde x<br />

Joannesia princeps Vell. brevidecídua x<br />

Kielmeyera albopunctata Sadd. brevidecídua x x<br />

Lecythis pisonis Carmb. brevidecídua x<br />

Licania salzmannii (Hookf.) Fritsch sempre-verde x x x<br />

Manilkara bella Monach. brevidecídua x x<br />

Manilkara salzmannii (A.DC.) Lam. sempre-verde x x x<br />

Melanoxylon brauna Schott. brevidecídua x<br />

Myrcia lineata (Berg.) Barroso sempre-verde x<br />

Ocotea conferta Coe-teixeira sempre-verde x x<br />

Ocotea organensis Mez. sempre-verde x x<br />

Paratecoma peroba (Record.) Kuhlm. brevidecídua x<br />

Parkia pendula (Willd) Bent.ex Walp. brevidecídua x x x<br />

Peltogyne angustifolia Ducke brevidecídua x<br />

Pterygota brasiliensis Fr. Al. sempre-verde x<br />

Qualea magna Kuhlmann sempre-verde x x<br />

Qualea multiflora Mart. brevidecídua x<br />

Schefflera morototoni (Aubl.)Naguirre, Steymark, Frodin sempre-verde x x<br />

Simarouba amara Aubl. sempre-verde x x x<br />

Simira rubescens Schum. sempre-verde x x x x<br />

Tabebuia riodocensis A.Gentry caducifólia x<br />

Talisia intermedia Radlk. sempre-verde x x<br />

Terminalia Kuhlmanii Aiwan & Stace caducifólia x x<br />

Virola gardneri (A.DC.) Warb. sempre-verde x x<br />

Ziziphus platyphylla Reissek brevidecídua x<br />

Zollernia ilicifolia Vog. sempre-verde x x x<br />

estudadas mostrou-se fortemente sazonal. O<br />

índice de sazonalidade de Longman & Jeník (1987)<br />

para queda de folhas foi de 4,00, para brotação foi<br />

5,26 e para folhas novas foi 2,51. Esses valores<br />

foram muito maiores do que de outros estudos da<br />

Mata Atlântica no leste brasileiro.<br />

No sul da Bahia, os dados de Mori et al. (1982)<br />

revelaram que a queda de folhas no outono e<br />

inverno foi 1,1 vez maior que na primavera e<br />

verão, enquanto a brotação na primavera e verão<br />

foi 1,2 vez maior que no outono e inverno. Os<br />

dados de Talora & Morellato (2000) para Ubatuba/<br />

SP, permitiram estimar índices de sazonalidade de<br />

1,30 para brotação e 1,04 para queda de folhas.<br />

Mesmo considerando que os estudos de Mori et al.<br />

(1982) e Tarola & Morellato (2000) não separaram<br />

a brotação de espécies sempre-verdes das demais<br />

nas análises, ainda assim a floresta de Linhares pode<br />

ser considerada mais sazonal, pela análise do índice<br />

calculado para as fenofases folhas novas e brotação<br />

54


ROLIM ET AL.<br />

FLORESTA OMBRÓFILA OU ESTACIONAL?<br />

em conjunto. Os dados de Jackson (1978) para o<br />

Espírito Santo mostraram uma sazonalidade um<br />

pouco maior para queda de folhas (índice de 3,01),<br />

entretanto, este estudo foi baseado na biomassa<br />

de folhas depositada em armadilhas e não na<br />

observação direta em árvores.<br />

Figura 5: Variação anual média da intensidade da<br />

mudança foliar de árvores do dossel da Reserva de<br />

Linhares/ES. As proporções apresentadas referemse<br />

à porcentagem média de ocorrência quinzenal de<br />

espécies (gráfico superior) e indivíduos (gráfico inferior)<br />

com as fenofases: árvore desfolhada (queda de folhas);<br />

brotação e copa constituída por folhagem totalmente<br />

nova (folhagem nova), no período de maio-82 a<br />

dezembro-92. Fonte: Engel, 2001.<br />

A época da queda de folhas e da brotação em<br />

muitas espécies depende mais do potencial hídrico<br />

interno da planta, do que da disponibilidade de<br />

água do ambiente (Reich & Borchert, 1984),<br />

e a queda de folhas parece ser um mecanismo<br />

importante tanto na redução do estresse hídrico<br />

da planta quanto na indução da antese (Opler et<br />

al., 1976; Borchert, 1983). Em floresta ombrófila<br />

de planície litorânea (Talora & Morellato, 2000), a<br />

queda foliar correlacionou-se negativamente com<br />

a temperatura do ar e precipitação. Em Linhares, a<br />

queda de folhas não mostrou correlação significativa<br />

com nenhum destes parâmetros; entretanto,<br />

o efeito da disponibilidade hídrica foi sentido<br />

indiretamente pelas variáveis evapotranspiração<br />

real e deficiência hídrica do solo (Tabela 2). Houve<br />

correlação significativa entre queda de folhas e<br />

evapotranspiração real, insolação e deficiência<br />

hídrica (todas negativas) e com a evaporação e<br />

umidade relativa do ar (ambas positivas, Tabela 2).<br />

No fim da estação seca em Linhares, a demanda<br />

evaporativa do ar aumenta, indicando que, apesar<br />

de haver deficiência hídrica no solo, principalmente<br />

de maio a agosto, somente no período final é que as<br />

condições se tornam limitantes para as árvores, em<br />

função das condições atmosféricas.<br />

A correlação observada entre evaporação e<br />

queda de folhas faz sentido, já que uma maior<br />

demanda evaporativa do ar leva à diminuição do<br />

potencial hídrico nas folhas e desenvolvimento de<br />

tensões internas, principalmente em árvores do<br />

dossel. Se a árvore possui uma pequena capacidade<br />

de armazenamento interno de água (características<br />

do lenho), se o sistema radicular não é capaz de<br />

suprir água para diminuir as tensões, ou se não há<br />

água disponível no solo, a tendência é de que haja<br />

queda total ou parcial das folhas (Reich, 1995).<br />

Uma influência maior das condições atmosféricas<br />

que da disponibilidade de água no solo foi reportada<br />

por Wright & Cornejo (1990) e Wright (1991).<br />

Embora a influência da precipitação e deficiência<br />

hídrica do solo não tenha ficado evidente na<br />

análise do padrão médio de queda de folhas, este<br />

efeito ficou mais evidenciado ao se analisarem as<br />

variações não só dentro do ano, mas também entre<br />

anos. A queda de folhas mostrou um aumento<br />

acentuado nos anos mais secos, de 1986 a 1990,<br />

principalmente quanto à proporção de indivíduos.<br />

O ano de máxima queda de folhas em Linhares foi<br />

1987, ano que coincidiu com um evento forte de<br />

“El Niño”, provocando uma longa seca de cerca<br />

de cinco meses entre maio e setembro, além de<br />

período de deficit hídrico em janeiro e fevereiro,<br />

meses também muito quentes. Em 1987, no fim<br />

desta longa seca com precipitação praticamente<br />

nula, a proporção de indivíduos desfolhados dobrou<br />

em relação aos demais anos (Figura 6). A partir<br />

daí, este número foi declinando até chegar a níveis<br />

5 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

normais em 1992. Asner et al. (2000) também<br />

encontraram relação entre secas provocadas<br />

por eventos de El Niño e diminuição de biomassa<br />

foliar pela maior queda de folhas da vegetação na<br />

Amazônia oriental.<br />

Geralmente, a profundidade das raízes é um<br />

fator importante, que provoca diferenças na<br />

sensibilidade ao estresse hídrico entre indivíduos<br />

(Reich & Borchert, 1984; Borchert, 1994),<br />

sofrendo influência de características físicas do<br />

solo ou existência de camadas de impedimento.<br />

Dependendo das condições de microhabitat,<br />

indivíduos da mesma espécie podem perder suas<br />

folhas nos anos mais secos.<br />

Por fim, concluímos que a floresta de Linhares<br />

mostra padrões fenológicos diferenciados de outras<br />

comunidades de floresta atlântica baixo-montana<br />

próximas ao litoral e também de florestas estacionais<br />

semidecíduas do interior. Com características<br />

transicionais entre esses dois extremos, se<br />

confirma nossa pressuposição da influência de um<br />

clima caracterizado por uma precipitação anual<br />

relativamente baixa, semelhante à das florestas<br />

estacionais, combinada a uma deficiência hídrica<br />

anual relativamente baixa e umidade relativa do<br />

ar mais alta ao longo do ano. Enfim, pelos ritmos<br />

de mudança foliar, pela sazonalidade climática<br />

apresentada e pelas hipóteses de alternativas de<br />

disponibilidade de água para as árvores se manterem<br />

perenes, seria lógico classificar a floresta de Linhares<br />

na categoria Floresta Estacional Perenifólia, pois<br />

embora a estacionalidade do clima possa ser<br />

comprovada pelo longo período seco, a maior parte<br />

das árvores deve possuir estratégias para absorção<br />

Figura 6: Série temporal para proporção de indivíduos com copa desfolhada na Reserva de Linhares, em cada<br />

quinzena do período de maio de 1982 a dezembro de 1992. A curva tracejada foi ajustada pelo método dos<br />

quadrados mínimos ponderados. Fonte: Engel, 2001.<br />

Tabela 2: Sumário da análise de regressão múltipla “stepwise” 3 (tendo como variável dependente a queda<br />

de folhas das árvores de 41 espécies do dossel da floresta de Linhares, durante um período de 11 anos.<br />

Fonte: Engel, 2001.<br />

Variáveis Beta b (inclinação Coefic. de correlação Probabilidade<br />

Independentes da reta) parcial (r) (p)<br />

Evapotranspiração. real -1,614 -0,009 -0,655 0,004<br />

Umidade relativa do ar 0,237 0,009 0,494 0,004<br />

Insolação -0,745 -0,005 -0,801 0,000<br />

Deficiência hídrica -0,588 -0,011 -0,542 0,024<br />

Evaporação 0,661 0,017 0,816 0,000<br />

3 (1) R=0,969; R2=0,939; F(8,15)=28,88; p


ROLIM ET AL.<br />

FLORESTA OMBRÓFILA OU ESTACIONAL?<br />

Figura 7: Vista do dossel da Floresta de Tabuleiro num período seco (2014), evidenciando boa parte das copas com<br />

aspecto semidecíduo.<br />

de água, mantendo-se perenes. A Figura 7, conclui<br />

nossa análise, mostrando o aspecto da Floresta de<br />

Tabuleiro na época seca.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Agradecemos a Felipe Saiter e Rafael Salomão pelos<br />

comentários e sugestões que enriqueceram o texto.<br />

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60


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

A FLORESTA DE LINHARES NO<br />

CONTEXTO FITOGEOGRÁFICO DO LESTE<br />

DO BRASIL<br />

4Felipe Zamborlini Saiter, Samir Gonçalves Rolim & Ary Teixeira de Oliveira-Filho<br />

INTRODUÇÃO<br />

A exuberante floresta que cobria os extensos<br />

tabuleiros costeiros existentes entre os rios Doce<br />

e Barra Seca foi uma barreira intransponível para os<br />

primeiros colonizadores do norte do Espírito Santo<br />

até o início do século XX (Soares, 1943; Egler,<br />

1951). Contribuiu para isso, não só a expressiva<br />

largura do rio Doce e o leito intransitável do rio Barra<br />

Seca, mas também o medo de ataques das tribos<br />

indígenas (sobretudo de Botocudos) e de “febres”<br />

(como a malária), além da falta de contingente<br />

humano para a colonização (Soares, 1943; Egler,<br />

1951; Ruschi,1954).<br />

A “luta” contra a floresta só começou a ser<br />

vencida pelos colonizadores a partir das décadas<br />

de 1920 e 1930, quando uma ponte sobre o rio<br />

Doce foi construída na cidade de Colatina e uma<br />

estrada ligando a então vila de Linhares e a cidade<br />

de São Mateus foi aberta (Soares, 1943; Egler,<br />

1951). Esses são marcos históricos de um período<br />

de grandes transformações na paisagem natural da<br />

região, com tribos indígenas sendo rapidamente<br />

exterminadas por doenças e a floresta sucumbindo<br />

à exploração madeireira e às queimadas para a<br />

abertura de áreas para a agricultura (Egler, 1951;<br />

Ruschi, 1954).<br />

Atualmente, a Floresta de Tabuleiros entre os<br />

rios Doce e Barra Seca, que chamaremos a partir<br />

daqui de floresta de Linhares, está reduzida a<br />

um bloco florestal com cerca de 48.000 ha e a<br />

pequenos fragmentos florestais inseridos em uma<br />

matriz de atividades agropecuárias (especialmente<br />

pastagens, silvicultura de eucalipto e plantios<br />

de café e mamão) nos municípios de Linhares e<br />

Sooretama (Vicens et al., 2004; Magnago et al.,<br />

2014). O bloco florestal acima referido é composto<br />

pela Reserva Natural Vale (22.711 ha), pela<br />

Reserva Biológica de Sooretama (24.000 ha) e por<br />

duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural<br />

(RPPN Recanto das Antas, com 2.212 ha e RPPN<br />

Mutum Preto, com 379 ha), constituindo o maior<br />

remanescente de Floresta de Tabuleiro do sudeste<br />

do Brasil (Germano Filho et al., 2000).<br />

A diversidade florística na floresta de Linhares<br />

é elevada (Peixoto & Silva, 1997). Dados mais<br />

recentes indicam a ocorrência de cerca de 2.300<br />

espécies de plantas vasculares, dentre as quais<br />

destacam-se algumas dezenas de espécies novas<br />

para a ciência (Germano Filho et al., 2000; Peixoto<br />

et al., 2008). O número de endemismos também é<br />

relativamente alto e muitas espécies amplamente<br />

distribuídas apresentam biotipos distintos nessa<br />

região (Peixoto & Silva, 1997).<br />

Embora o conhecimento botânico na floresta<br />

de Linhares tenha sido impulsionado nas últimas<br />

quatro décadas pelos vários inventários florísticos<br />

e estudos taxonômicos ali desenvolvidos (por<br />

exemplo, Peixoto & Gentry, 1990; Barroso &<br />

Peixoto, 1995; Jesus & Rolim, 2005; Lopes<br />

& Mello-Silva, 2014), ainda são escassas na<br />

literatura científica as discussões sobre a sua<br />

posição no contexto fitogeográfico do leste do<br />

Brasil, principalmente no que tange às relações<br />

6 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

florísticas com outras regiões. Apoiados nessa<br />

realidade, propomos aqui uma revisão sobre o<br />

tema e aproveitamos para acrescentar algumas<br />

de nossas impressões, na expectativa de que elas<br />

possam contribuir para uma melhor interpretação<br />

do cenário fitogeográfico regional.<br />

Começamos reunindo informações sobre o<br />

ambiente de tabuleiros na região de Linhares e<br />

passamos a uma discussão sobre a relação florística<br />

da floresta de Linhares com as florestas do sul<br />

da Bahia (ou Hileia Baiana), do médio vale do rio<br />

Doce e do sul do Espírito Santo e norte do Rio de<br />

Janeiro (ou Falha de Campos dos Goytacazes). Por<br />

fim, as características dessas relações florísticas<br />

também serviram para a busca de justificativas<br />

para a elevada diversidade florística da floresta de<br />

Linhares.<br />

O AMBIENTE DE TABULEIROS EM LINHARES<br />

Os tabuleiros costeiros que ocorrem em<br />

Linhares correspondem a planícies sedimentares<br />

originadas no Plioceno (Formação Barreiras) que<br />

são entrecortadas por vales amplos e rasos. As<br />

altitudes variam entre 28 e 65 m e predominam<br />

solos Podzólicos Vermelho-Amarelo, distróficos,<br />

com horizonte B textural de atividade baixa (não<br />

hidromórfico) e horizonte A moderado com textura<br />

variável de argilosa a areno-argilosa (Jesus et al.,<br />

1992). O clima é quente e úmido, com verões<br />

chuvosos e invernos secos, sendo classificado<br />

como Awi de acordo com o sistema de Köppen<br />

(Jesus, 1987).<br />

Dados meteorológicos de uma série histórica de<br />

24 anos (1986-2010) mostram que a temperatura<br />

média anual é de aproximadamente 24 o C e a<br />

precipitação média anual é de 1.212 mm (dados<br />

extraídos de http://hidrometeorologia.incaper.<br />

es.gov.br). Fevereiro é o mês mais quente, com<br />

média de 26,5 o C, e julho o mais frio, com média<br />

de 21,7 o C (dados extraídos de http://pt.climatedata.org/).<br />

As médias mensais de precipitação<br />

variam, aproximadamente, entre 190 mm em<br />

dezembro e 35 mm em junho (dados extraídos<br />

de http://pt.climate-data.org/). Cerca de 80% da<br />

precipitação anual está distribuída entre outubro<br />

e março (Engel & Martins, 2005; Jesus & Rolim,<br />

2005). O balanço hídrico permite reconhecer uma<br />

estação úmida de verão (dezembro a fevereiro)<br />

e uma estação seca de outono-inverno (maio<br />

a meados de setembro) separadas entre si por<br />

estações de transição (Peixoto et al., 1995; Engel<br />

& Martins, 2005).<br />

Sabe-se também que a precipitação anual na<br />

floresta de Linhares tem variado entre 800 a 2.000<br />

mm nas últimas quatro décadas (ver dados em Jesus<br />

& Rolim, 2005 e em http://hidrometeorologia.<br />

incaper.es.gov.br) e que a precipitação acumulada<br />

na estação seca, por vezes, pode cair para menos<br />

de 50 mm em anos de estiagem extrema causada<br />

por eventos de El-Niño (Jesus & Rolim, 2005;<br />

Rolim et al., 2005). O balanço hídrico também<br />

pode ser prejudicado quando veranicos causados<br />

por bloqueios atmosféricos derrubam os totais de<br />

precipitação na estação úmida (para detalhes, ver<br />

Cupolillo et al., 2008).<br />

AS AFINIDADES FLORÍSTICAS COM A HILEIA<br />

BAIANA E A AMAZÔNIA<br />

Embora tenha sido muitas vezes citada na<br />

literatura fitogeográfica, a relação florística entre<br />

a floresta de Linhares e a floresta de terras baixas<br />

do sul da Bahia ainda é um tema que carece de<br />

maior investigação. A ideia de que a floresta de<br />

Linhares seria parte integrante do que Andrade-<br />

Lima (1966) chamou de Domínio da Hileia Baiana<br />

(a floresta pluvial costeira da Bahia que apresenta<br />

fisionomia semelhante à Floresta Amazônica, ou<br />

Hileia Amazônica) encontra suporte nas discussões<br />

de Rizzini (1979), Peixoto (1982), Peixoto &<br />

Gentry (1990) e Barroso & Peixoto (1991)<br />

sobre as similaridades de composição, estrutura e<br />

diversidade entre tais regiões. Evidentemente, a<br />

floresta de Linhares está geograficamente próxima<br />

da Hileia Baiana e as duas se assemelham no que se<br />

refere à elevada diversidade florística e à presença<br />

de majestosas sapucaias (Lecythis spp.), jequitibás<br />

(Cariniana spp.) e pequis-vinagreiros (Caryocar<br />

edule Casar.) emergindo sobre um dossel com<br />

cerca de 30 metros de altura.<br />

Entretanto, alguns estudos têm sugerido<br />

que, em termos florísticos, a floresta de Linhares<br />

pode não ser mais semelhante à Hileia Baiana do<br />

que às outras partes no leste do Brasil. Jesus &<br />

Rolim (2005) e Rolim et al. (2006), por exemplo,<br />

62


SAITER ET AL.<br />

CONTEXTO FITOGEOGRÁFICO<br />

sugeriram que a composição de espécies arbóreas<br />

da floresta de Linhares seria mais similar à do<br />

interior do vale do rio Doce do que à do sul da<br />

Bahia. Em um trabalho de revisão sobre estudos<br />

fitogeográficos no Brasil, Fiaschi & Pirani (2009)<br />

indicaram a latitude de 19 o S (onde se encontra a<br />

Floresta de Linhares) como o limite entre os blocos<br />

sul e norte da Floresta Atlântica. Os autores também<br />

citaram que as diferenças de composição florística<br />

entre esses dois blocos estariam ligadas à influência<br />

da flora subtropical-andina sobre o bloco sul e a<br />

conexão histórica entre o bloco norte e a Amazônia<br />

(ver discussões sobre essa possível conexão em<br />

Oliveira-Filho & Ratter, 1995; Fernandes, 2003; e<br />

Santos et al., 2007). Considerando essa hipótese<br />

de quebra biogeográfica na latitude de 19 o S, Saiter<br />

(2015) utilizou dados ambientais e de composição<br />

arbórea para modelar a dissimilaridade ecológica<br />

ao longo da porção central da Floresta Atlântica.<br />

O autor identificou um forte turnover ecológico<br />

nas imediações da floresta de Linhares e sugeriu<br />

a maior similaridade florística dessa região com as<br />

florestas localizadas entre a bacia do rio Doce e o<br />

rio Paraíba do Sul.<br />

Apesar disso, é mesmo marcante o fato de essas<br />

duas regiões florísticas compartilharem casos de<br />

endemismo. Thomas et al. (1998) encontraram<br />

que entre 25 e 30% das espécies vasculares de<br />

duas florestas próximas à cidade baiana de Ilhéus<br />

(Serra Grande e Reserva Biológica de Una) são<br />

endêmicas do sul da Bahia e norte do Espírito Santo.<br />

Saiter (2015) citou algumas espécies arbóreas<br />

com esse padrão: canela-coco (Beilschmiedia<br />

linharensis Sa. Nishida & van der Werff), jequitibácravinho<br />

(Cariniana parvifolia S. A. Mori, Prance &<br />

Menandro), bomba-d’água (Hydrogaster trinervis<br />

Kulhm.), anete (Kielmeyera occhioniana Saddi),<br />

orelha-de-boi (Mollinedia marqueteana Peixoto),<br />

batinga-preta (Plinia stictophylla G.M. Barroso &<br />

Peixoto), jenipapo-da-mata (Riodocea pulcherrima<br />

Delpetre), arariba-vermelha (Simira grazielae<br />

Peixoto) e amescla-tapina (Trattinnickia mensalis<br />

Daly).<br />

Elementos tipicamente amazônicos também<br />

ocorrem em ambas, conforme já salientado<br />

por Ruschi (1950), Rizzini (1979) e Fernandes<br />

(2003). Alguns exemplos de taxa (e respectivos<br />

vernáculos populares) com esse padrão são<br />

os gêneros Glycydendron (frutas-de-arara),<br />

Melicoccus (pitombas), Rinorea (tambores),<br />

Senefeldera (sucangas) e Symphonia (guanandis),<br />

e espécies como fruta-de-juriti (Erythroxylum<br />

macrophyllum Cav.), camaçari (Caraipa densifolia<br />

Mart.), jenipapo-do-brejo (Macoubea guianensis<br />

Aubl.), jueirana-vermelha (Parkia pendula (Willd.)<br />

Walp.), adalberto (Pagamea guianensis Aubl.)<br />

e amescla-preta (Pseudima frutescens (Aubl.)<br />

Radlk.).<br />

Recentemente, Buso Jr. et al. (2013) se<br />

basearam no pólen encontrado em sedimentos<br />

lacustres de Linhares para apresentar uma rica<br />

discussão sobre o paleoambiente dessa região.<br />

Segundo os autores, alguns gêneros de árvores e<br />

lianas típicos da Amazônia já estavam presentes<br />

na floresta de Linhares há 7.500 anos, sugerindo<br />

que a ligação entre os blocos florestais Amazônico<br />

e Atlântico esteve em curso antes desse período.<br />

Buso Jr. et al. (2013) também indicaram que a<br />

região apresentou um clima mais úmido durante<br />

o Holoceno Médio (cerca de 7.000-4.000 anos<br />

atrás) e que o estabelecimento do atual clima<br />

sazonal se deu há cerca de 4.000 anos. O clima mais<br />

úmido do Holoceno Médio permitiu a ocorrência de<br />

uma floresta pluvial marcada pela abundância de<br />

palmeiras e fetos arborescentes (Buso Junior et al.,<br />

2013).<br />

Acrescentando às constatações de Buso Jr.<br />

et al. (2013) a afirmação de Carnaval & Moritz<br />

(2008) sobre a estabilidade de um clima úmido e<br />

da cobertura florestal na região costeira entre os<br />

rios Doce e São Francisco durante o Pleistoceno,<br />

somos levados a pensar que, no passado, a<br />

floresta de Linhares teve ligação florística mais<br />

forte com a floresta pluvial da costa da Bahia,<br />

talvez como um bloco florístico único. Então, o<br />

surgimento de um clima sazonal na floresta de<br />

Linhares teria levado a mudanças na composição<br />

florística, com efeitos negativos sobre a<br />

vigorante influência da flora “pluvial” baiana.<br />

Como herança dessa antiga ligação, entretanto,<br />

permaneceram na floresta de Linhares espécies<br />

endêmicas e elementos tipicamente amazônicos<br />

compartilhados com a costa da Bahia, tal como<br />

descrito anteriormente.<br />

De fato, essa é uma interessante hipótese<br />

que poderá ser confirmada se explicações<br />

6 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

floresta de Linhares e o médio vale do rio Doce.<br />

Esperamos esclarecer tal questão mais à frente,<br />

no tópico sobre índices de similaridade.<br />

Antes, porém, é pertinente retomar o que já<br />

mencionamos sobre o estudo de Saiter (2015).<br />

Tal estudo descobriu um forte turnover de<br />

espécies arbóreas na latitude 19 o S, o que sugere<br />

maiores afinidades florístico-ecológicas da<br />

floresta de Linhares com florestas semidecíduas<br />

do médio vale do rio Doce e do sul do Espírito<br />

Santo e norte do Rio de Janeiro, nesse último<br />

caso uma região denominada de Falha de Campos<br />

dos Goytacazes por Oliveira-Filho & Fontes,<br />

(2000). Vale ressaltar que, embora Oliveira-<br />

Filho & Fontes, (2000) tenham caracterizado<br />

a Falha de Campos dos Goytacazes como uma<br />

região costeira onde a sazonalidade climática<br />

provoca a interrupção de florestas ombrófilas,<br />

análises posteriores realizadas por Oliveira-<br />

Filho et al. (2005) indicaram não haver uma<br />

forte interrupção na distribuição de espécies<br />

arbóreas na região, uma vez que variações<br />

florísticas acompanhavam o aumento gradual<br />

de umidade no sentido norte.<br />

De fato, Silva & Nascimento (2001) já haviam<br />

constatado a semelhança florística da floresta<br />

de Linhares com a Estação Ecológica Estadual<br />

de Guaxindiba (Mata do Carvão), uma floresta<br />

semidecídua sobre tabuleiros localizada no<br />

município de São Francisco do Itabapoana, norte do<br />

Rio de Janeiro. Segundo esses autores, é marcante<br />

a presença de peroba-amarela (Paratecoma peroba<br />

(Record) Kuhlm.) na Estação Ecológica Estadual de<br />

Guaxindiba, uma espécie arbórea decídua típica<br />

da floresta de Linhares e do vale do rio Doce, mas<br />

que também pode ser encontrada em florestas<br />

estacionais semideciduais do sul do Espírito Santo e<br />

norte do Rio de Janeiro (Figura 1). Acrescentamos<br />

que estudos também já confirmaram a ocorrência<br />

nas florestas semidecíduas do sul do Espírito Santo<br />

(por vezes até do norte do Rio de Janeiro) de<br />

outras espécies outrora consideradas endêmicas<br />

da floresta de Linhares (Silva & Nascimento,<br />

2001; Nascimento & Lima, 2008; Dan et al.,<br />

2010; Curto, 2011; Archanjo et al., 2012; Abreu<br />

et al., 2014), como araçá-miúdo (Campomanesia<br />

espiritosantensis Landrum.), aroeira-da-mata<br />

(Crepidospermum atlanticum Daly), fruta-deplausíveis<br />

para a permanência dessa “herança<br />

pluvial” forem comprovadas. É possível que<br />

espécies com requerimentos fisiológicos<br />

incompatíveis com um clima sazonal tenham<br />

sobrevivido, sobretudo em trechos onde solos<br />

podem se manter úmidos ao longo de todo o<br />

ano, tal como às margens de cursos hídricos.<br />

Ou que a permanência na floresta de Linhares<br />

esteja ligada a uma capacidade de resistir a<br />

curtos períodos de seca de algumas espécies<br />

pluviais. Por outro lado, o tempo transcorrido<br />

desde que o clima passou a ser mais seco pode<br />

não ter sido ainda suficiente para a extinção<br />

local de tais espécies.<br />

AS AFINIDADES FLORÍSTICAS COM O MÉDIO<br />

<strong>VALE</strong> DO RIO DOCE E A FALHA DE CAMPOS<br />

DOS GOYTACAZES<br />

Como mencionado anteriormente, existem<br />

estudos que sugerem uma forte ligação<br />

florística da floresta de Linhares com florestas<br />

do médio vale do rio Doce. Na verdade, isso<br />

foi mostrado primeiramente por Jesus & Rolim<br />

(2005) utilizando dados florísticos conjugados<br />

de Lombardi & Gonçalves (2000) e Lopes et al.<br />

(2002) para a região do Parque Estadual do Rio<br />

Doce e Estação Ecológica de Caratinga, ambos<br />

localizados no leste de Minas Gerais. Essa é<br />

uma região de embasamento Pré-Cambriano<br />

caracterizada por fundos de vales e colinas entre<br />

250-600 metros de altitude e clima estacional<br />

marcado por um período seco que se estende de<br />

maio a setembro e gera déficit hídrico durante<br />

4-5 meses (Cupolillo et al., 2008). No médio<br />

vale do rio Doce desenvolve-se uma floresta<br />

estacional semidecidual submontana de acordo<br />

com a classificação de Veloso et al. (1991).<br />

Saiter et al. (2015), entretanto, relataram<br />

a importância de diferenças climáticas<br />

decorrentes do aumento da distância do oceano<br />

sobre a variação florística ao longo da bacia do<br />

rio Doce. Segundo os autores, o clima na parte<br />

costeira da bacia é menos sazonal do que no<br />

seu interior. Esse contexto acaba alimentando<br />

dúvidas sobre qual diferença florística seria<br />

a mais forte, a existente entre a floresta de<br />

Linhares e a Hileia Baiana, ou aquela entre a<br />

64


SAITER ET AL.<br />

CONTEXTO FITOGEOGRÁFICO<br />

Figura 1: Indivíduo de Paratecoma peroba (Record) Kuhlm. em São João de Petrópolis, município de Santa Teresa,<br />

Espírito Santo. Foto: Felipe Z. Saiter.<br />

arara (Glycydendron espiritosantense Kuhlm.),<br />

ipê-preto (Handroanthus arianeae (A.H.Gentry)<br />

S.Grose), laranjinha (Swartzia linharensis Mansano)<br />

e torradinho (Trigoniodendron spiritusanctense<br />

E.F.Guimaraes & J.R.Miguel).<br />

ÍNDICES DE SIMILARIDADE E A ALTA<br />

DIVERSIDADE FLORÍSTICA DA FLORESTA DE<br />

LINHARES<br />

Estamos diante de um conjunto de características<br />

que nos encoraja a encerrar esse capítulo com<br />

alguma abordagem analítica sobre as relações<br />

florísticas da floresta de Linhares. Um forma simples<br />

que encontramos para atingir esse objetivo foi<br />

calcular índices de similaridade entre as regiões de<br />

interesse. A Tabela 1 apresenta a riqueza de espécies<br />

arbóreas por região e as similaridades segundo o<br />

índice de Sørensen (S). As regiões consideradas<br />

foram: floresta de Linhares, Hileia Baiana, médio vale<br />

do rio doce e Falha de Campos dos Goytacazes.<br />

Para tanto, extraímos da base de dados<br />

NeoTropTree (http://www.icb.ufmg.br/treeatlan/,<br />

Oliveira-Filho, 2014) dados de ocorrência de<br />

espécies arbóreas em sítios relativamente bem<br />

coletados em cada região. A base de dados<br />

NeoTropTree compreende listas de espécies<br />

arbóreas e dados geoclimáticos para sítios<br />

previamente selecionados dentro da região<br />

Neotropical. As listas florísticas são obtidas a partir<br />

de três fontes primárias de dados: (a) Inventários<br />

florísticos e fitossociológicos publicados; (b)<br />

Estudos taxonômicos; (c) Registros de herbários<br />

disponíveis no herbário vitual da flora e dos fungos<br />

– INCT (http://inct.splink.org.br/), dentre os<br />

quais são priorizados aqueles sob determinação<br />

de taxonomistas. Depois agrupamos os dados<br />

dos sítios com o claro objetivo de potencializar as<br />

similaridades em um contexto regional, diminuindo<br />

assim o efeito de esforços de coleta sobre a<br />

composição de cada sítio. Então, obtivemos uma<br />

matriz binária composta por quatro regiões (linhas),<br />

6 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

1.744 espécies (colunas) e 3.641 registros de<br />

ocorrência. A relação de sítios agrupados por região<br />

também está disponível na Tabela 1.<br />

De maneira complementar, utilizamos a mesma<br />

matriz binária para realizar uma clássica análise<br />

de agrupamento por meio da técnica UPGMA<br />

(Unweighted Pair Group Method), utilizando<br />

também o índice de similaridade de Sørensen. O<br />

resultado dessa análise está no dendrograma da<br />

Figura 2. Utilizamos para todas as análises o pacote<br />

estatístico PAST 2.15 (Hammer et al., 2001).<br />

Uma rápida inspeção nos resultados da Tabela 1<br />

foi suficiente para despertar algumas conclusões.<br />

A floresta de Linhares é tão similar à Hileia Baiana<br />

quanto à Falha de Campos de Goytacazes.<br />

Proporcionalmente, a similaridade em relação ao<br />

médio vale do rio Doce também é alta. Embora o<br />

dendrograma tenha apresentado a separação da<br />

Hileia Baiana em relação ao grupo composto pelas<br />

outras três regiões, o coeficiente de correlação<br />

cofenética foi baixo (0,61). Segundo Rodrigues &<br />

Diniz-Filho (1998), coeficientes menores que 0,80<br />

podem indicar inconsistência entre as matrizes de<br />

valores cofenéticos e de valores de similaridade<br />

originais, isto é, uma falsa hierarquia entre grupos.<br />

Figura 2: Dendrograma obtido por análise de<br />

agrupamento (UPGMA) a partir de listas florísticas<br />

de quatro regiões da Floresta Atlântica no leste do<br />

Brasil. Coeficiente de correlação cofenética = 0,61.<br />

FLIN, floresta de Linhares; HIBA, Hileia Baiana; MVRD,<br />

médio vale do rio Doce; FCGO, Falha de Campos dos<br />

Goytacazes.<br />

Tabela 1: Riqueza de espécies arbóreas e similaridades florísticas de quatro regiões do leste do Brasil.<br />

Floresta de Linhares (FLIN) 931<br />

Hileia Baiana (HIBA) 1037<br />

Médio Vale do rio Doce (MVRD) 852<br />

Falha de Campos dos Goytacazes (FCGO) 821<br />

Similaridade Florística – Índice de Sørensen<br />

FLIN HIBA MVRD FCGO<br />

FLIN 1<br />

HIBA 0,629 1<br />

Riqueza de Espécies Arbóreas<br />

MVRD 0,571 0,480 1<br />

FCGO 0,633 0,504 0,617 1<br />

Sítios agrupados em cada região<br />

FLIN: Floresta Nacional de Goytacazes, Reserva Biológica de Sooretama e Reserva Natural Vale.<br />

HIBA: Ilhéus, Itacaré, Porto Seguro, Reserva Biológica de Una e Serra Grande.<br />

MVRD: Antônio Dias, Estação Ecológica de Caratinga, Ipaba, Ipanema e Parque Estadual do Rio Doce.<br />

FCGO: Castelo, Fazenda do Ouvidor, Floresta Nacional de Pacotuba, Mata Bom Jesus, Mata do Carvão, Reserva Particular do<br />

Patrimônio Natural Cafundó e São José de Ubá.<br />

66


SAITER ET AL.<br />

CONTEXTO FITOGEOGRÁFICO<br />

Isso significa que, para a floresta de Linhares,<br />

as relações florísticas estabelecidas por estudos<br />

prévios devem ser interpretadas com certo<br />

cuidado. Não há como apoiar claramente uma maior<br />

ou menor relação florística da floresta de Linhares<br />

com uma ou outra região, ainda que, no presente<br />

caso, a similaridade com a Falha de Campos dos<br />

Goytacazes tenha sido ligeiramente maior.<br />

Estamos, na verdade, motivados a afirmar que a<br />

flora da floresta de Linhares corresponde a uma “grande<br />

mistura” de espécies com diferentes requerimentos<br />

fisiológicos relacionados à disponibilidade de água<br />

no ambiente. Usamos a palavra “grande” com o<br />

verdadeiro intuito de expressar a alta diversidade<br />

ali encontrada, e a palavra “mistura” no sentido de<br />

reportar a equilibrada inter-relação que existe tanto<br />

com as florestas megadiversas da Hileia Baiana,<br />

quanto com as florestas naturalmente mais pobres<br />

em espécies do médio vale do rio Doce e da Falha de<br />

Campos dos Goytacazes. Contudo, isso não deve ser<br />

entendido como uma recusa da quebra biogeográfica<br />

entre os blocos sul e norte da Floresta Atlântica<br />

em plena floresta de Linhares (já discutida nesse<br />

capítulo), pois, de fato, não há dúvidas de que várias<br />

espécies têm essa região como seu limite latitudinal<br />

de distribuição geográfica. Além disso, é notório que<br />

a composição florística da Hileia Baiana tem menor<br />

relação com a flora do médio vale do rio Doce (S =<br />

0,480) e da Falha de Campos dos Goytacazes (S =<br />

0,504).<br />

Tal abordagem apenas reforça a importância da<br />

floresta de Linhares para a riqueza fitogeográfica do<br />

leste do Brasil e a necessidade de conservação de<br />

seus remanescentes. Apesar de existir um grande<br />

bloco florestal protegido por meio de reservas<br />

públicas e privadas (cerca de 48.000 ha), todo<br />

o resto da floresta de Linhares já foi destruído ou<br />

permanece na forma de fragmentos muito pequenos<br />

que estão isolados por uma matriz agropecuária e<br />

experimentam os mais diversos tipos de impactos.<br />

Nesse cenário, esperamos que nossas discussões<br />

possam estimular futuros estudos sobre a elevada<br />

diversidade florística ali encontrada e, quem sabe,<br />

projetos destinados à sua conservação.<br />

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6 9


70<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

5<br />

A PALEOECOLOGIA E A ATUAL<br />

BIODIVERSIDADE DA MATA<br />

ATLÂNTICA DE LINHARES: ESTUDOS<br />

INTERDISCIPLINARES NO HOLOCENO<br />

Antonio Álvaro Buso Jr., Luiz Carlos Ruiz Pessenda, Marcelo Cancela Lisboa Cohen,<br />

Paulo Cesar Fonseca Giannini, Jolimar Antonio Schiavo, Dilce de Fátima Rossetti,<br />

Geovane Souza Siqueira, Flávio de Lima Lorente, Mariah Izar Francisquini, Paulo<br />

Eduardo De Oliveira, Márcia Regina Calegari, Marlon Carlos França, José Albertino<br />

Bendassolli, Cecília Volkmer-Ribeiro, Sonia Maria de Oliveira, Fernanda Costa<br />

Gonçalves Rodrigues, Milene Fornari, Carolina Nogueira Mafra, Mauro Parolin, Kita<br />

Macario & Alexander Cherkinsky<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Mata Atlântica é o segundo maior bioma<br />

florestal do Brasil (IBGE, 2004). Sua distribuição<br />

geográfica é coincidente com a delimitação das<br />

florestas atlânticas sensu lato apresentada por<br />

Oliveira-Filho & Fontes (2000). Segundo esses<br />

autores, pelo fato de se distribuirem por uma vasta<br />

área (originalmente mais de 1 milhão de km 2 ), as<br />

florestas atlânticas brasileiras localizam-se em<br />

regiões com distintas características geográficas<br />

e climáticas. Além de ocorrerem em um gradiente<br />

de latitude entre seus extremos norte e sul (de 6<br />

a 30ºS), ocorrem também desde áreas litorâneas,<br />

até áreas localizadas a cerca de 700 km no interior<br />

do continente e a diferentes altitudes (desde o<br />

nível do mar até cerca de 2.000 m de altitude). Isso<br />

resulta em uma variedade de pressões climáticas<br />

relacionadas à precipitação e temperatura e<br />

diferenças florísticas entre as regiões (Oliveira-Filho<br />

& Fontes, 2000). Além da alta biodiversidade, a<br />

Mata Atlântica apresenta também alto endemismo,<br />

sendo que das cerca de 20 mil espécies de plantas<br />

vasculares, por volta de 8 mil estão restritas a esse<br />

bioma (Conservation International Do Brasil, 2000;<br />

Morellato & Haddad, 2000).<br />

Entretanto, a alta biodiversidade da Mata<br />

Atlântica não é explicada somente como produto<br />

das condições ambientais atuais. As histórias<br />

de evolução e extinção locais (Prance, 1982;<br />

Macdonald, 2003) e fatores estocásticos, como<br />

por exemplo, a oportunidade de colonização de um<br />

local por determinadas espécies (Ricklefs, 2003),<br />

também podem ser explicativos de sua atual<br />

biodiversidade.<br />

Estudos paleoecológicos baseados em<br />

palinologia e isótopos de carbono da matériaorgânica<br />

dos solos muito contribuíram para uma<br />

melhor compreensão das mudanças de vegetação<br />

do bioma Mata Atlântica no sul e sudeste do Brasil<br />

desde o Pleistoceno tardio (aproximadamente 50<br />

mil anos antes do presente – anos AP), permitindo<br />

inferências sobre as flutuações climáticas durante<br />

esse período (Figura 1). Para o Último Máximo<br />

Glacial (UMG – há cerca de 20 mil anos AP) e o<br />

Holoceno inferior e médio (aproximadamente de<br />

11 a 6 mil anos AP) a maioria dos trabalhos revelou<br />

a retração das florestas e a expansão da vegetação<br />

de savana nas regiões mais ao centro e ao oeste<br />

da Mata Atlântica e de campos de altitude nas<br />

7 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

72<br />

regiões ao sul do bioma, o que levou a inferências<br />

sobre paleoclimas menos úmidos e/ou mais frios<br />

que o atual (Behling, 1997 a, b; 2003; Behling &<br />

Lichte, 1997; Behling et al., 2002; 2004; Gouveia<br />

et al., 2002; Garcia et al., 2004; Pessenda et al.,<br />

2004; Saia et al., 2008; Ledru et al., 2009). Alguns<br />

estudos, contudo, não encontraram sinais de<br />

retração florestal durante o UMG (Pessenda et al.,<br />

2009) ou durante o Holoceneo (Behling & Negrelle,<br />

2001), inferindo clima úmido para esses períodos.<br />

Por fim, a maioria dos estudos paleoecológicos<br />

mostra a expansão da vegetação florestal ao<br />

longo do Holoceno superior (aproximadamente os<br />

últimos 4 mil anos), inferindo uma mudança gradual<br />

para climas mais úmidos e similares ao atual.<br />

O estudo aqui apresentado procura contribuir<br />

para o melhor conhecimento dos fatores<br />

pretéritos que influenciaram os atuais padrões de<br />

biodiversidade da Mata Atlântica da região nordeste<br />

do estado do Espírito Santo, por meio de um enfoque<br />

paleoecológico. A abordagem interdisciplinar<br />

utilizada procurou combinar diferentes técnicas<br />

para desvendar os padrões e processos ecológicos<br />

relacionados à dinâmica da vegetação regional<br />

ao longo do Holoceno (últimos 11 mil anos).<br />

Entre as questões abordadas estão as flutuações<br />

do paleoclima e suas influências na dinâmica<br />

da vegetação, a teoria dos refúgios florestais<br />

e a interação entre os biomas Mata Atlântica e<br />

Amazônia no passado.<br />

Abordagem interdisciplinar<br />

A interpretação paleoambiental é favorecida<br />

quando diferentes ferramentas são utilizadas<br />

em conjunto, pois os resultados obtidos se<br />

complementam. Dessa forma, o presente trabalho<br />

baseia-se em uma abordagem interdisciplinar com<br />

o emprego das ferramentas analíticas descritas a<br />

seguir de modo resumido.<br />

Datação 14 C<br />

O isótopo radioativo 14 C (meia-vida de 5.730<br />

± 30 anos) é formado naturalmente na alta<br />

atmosfera. Uma vez formado na atmosfera o 14 C<br />

é convertido em CO 2<br />

e entra no ciclo global do<br />

carbono, juntamente com os isótopos estáveis 12 C<br />

e 13 C. Nesse ciclo, o carbono é incorporado aos<br />

organismos vivos pela fotossíntese e pela cadeia<br />

alimentar. Enquanto a planta ou o animal vivem,<br />

continuamente incorporam os diferentes isótopos<br />

de carbono aos seus tecidos, mantendo constante<br />

a sua relação 14 C/ 12 C. Todavia, com a morte do<br />

organismo cessa a incorporação de carbono. A<br />

partir desse momento somente a desintegração<br />

radioativa ocorrerá, o que resulta, ao longo do<br />

tempo, na redução do conteúdo de 14 C na matériaorgânica<br />

restante.<br />

O método de datação por 14 C fundamenta-se<br />

na mensuração da quantidade do isótopo radioativo<br />

restante na amostra. A partir dessa mensuração<br />

é possível calcular o tempo decorrido desde a<br />

morte do organismo. Por apresentar meia-vida<br />

relativamente curta, o 14 C permite a datação de<br />

amostras de até cerca de 57 mil anos (Libby et al.,<br />

1949).<br />

A medição da quantidade de 14 C em uma<br />

amostra pode ser realizada pela mensuração da<br />

radioatividade emitida pelos átomos restantes,<br />

como, por exemplo, na cintilação líquida<br />

(Pessenda & Camargo, 1991). Nessa técnica,<br />

quanto menor a radioatividade detectada, menor<br />

a quantidade de 14 C. Mais recentemente, a<br />

datação 14 C passou também a ser realizada pela<br />

técnica de accelerator mass spectrometry (AMS).<br />

Essa técnica se baseia na contagem dos átomos<br />

de 14 C presentes na amostra. Em comparação<br />

com a técnica de cintilação líquida, a técnica de<br />

AMS permite a datação de amostras um pouco<br />

mais antigas, menores e com menor margem de<br />

erro.<br />

Em meados do século XX, os cientistas<br />

verificaram que nem sempre as idades obtidas<br />

pela datação 14 C correspondiam às idades reais<br />

conhecidas de algumas amostras. Esses desvios<br />

foram atribuídos a alterações na relação 14 C/ 12 C<br />

do CO 2<br />

da atmosfera do passado, causadas por<br />

perturbações no fluxo de raios cósmicos para a<br />

atmosfera terrestre. Com essa descoberta foram<br />

iniciados os trabalhos de calibração da idade 14 C<br />

com os anos de calendário (Stuiver et al., 1998).<br />

Uma das fontes de comparação das idades 14 C com<br />

os anos de calendário são os anéis de crescimento<br />

de árvores, estudados pela dendrocronologia. As<br />

idades não calibradas 14 C são expressas pela unidade<br />

anos antes do presente (anos AP), enquanto que<br />

as respectivas idades calibradas são expressas pela<br />

unidade anos calendário antes do presente (anos<br />

cal. AP).


BUSO JR. ET AL.<br />

PALEOECOLOGIA<br />

A partir dos anos de 1950 e 1960, os testes<br />

nucleares realizados pelos Estados Unidos e<br />

pela União Soviética causaram o aumento da<br />

concentração de 14 C na atmosfera. Em janeiro<br />

de 1963, a concentração de 14 C atmosférico<br />

havia dobrado em relação ao período anterior<br />

aos testes nucleares. Como consequência da<br />

alteração na relação 14 C/ 12 C causada pelo 14 C de<br />

origem antrópica, as idades obtidas pela datação<br />

14<br />

C consideram o ano de 1950 como o presente<br />

(Godwin, 1962).<br />

Análises de carbono e nitrogênio<br />

O uso das composições elementar e isotópica do<br />

carbono e do nitrogênio em estudos paleoecológicos<br />

se baseia na determinação da origem da matéria-<br />

orgânica preservada em sedimentos e no perfil dos<br />

solos, a qual pode ser originária de diversas fontes,<br />

conforme ilustrado na Tabela 1.<br />

O emprego das análises isotópicas e<br />

elementares de carbono e nitrogênio em estudos<br />

paleoambientais tem permitido a reconstituição<br />

da dinâmica da vegetação, sobretudo do ecótono<br />

floresta-campo, com base nos distintos sinais<br />

isotópicos da matéria-orgânica originada de<br />

plantas de diferentes ciclos fotossintéticos (C3 e<br />

C4), com as respectivas inferências peleoclimáticas<br />

(Boutton, 1991; Pessenda et al., 2004; 2009). As<br />

diferenças fisiológicas existentes entre as plantas<br />

C3 e C4 possuem implicações ecológicas, na<br />

medida em que constituem adaptações a condições<br />

ambientais distintas, sendo as plantas de ciclo C4<br />

Figura 1: Distribuição dos biomas Amazônia e Mata Atlântica e localização dos estudos paleoecológicos mencionados<br />

no texto.<br />

7 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 1: Características elementares e isotópicas das diferentes fontes de matéria orgânica.<br />

Fonte da matéria-orgânica C/N d 13 C d 15 N<br />

Plantas vasculares C3 ≥20 entre -33‰ e -22‰ ≈ +1‰<br />

Plantas vasculares C4 ≥20 entre -17‰ e -9‰ ≈ +1‰<br />

Fitoplâncton de água-doce entre 4 e 10 entre -33‰ e -22‰ ≈ +8‰<br />

Fitoplâncton marinho entre 4 e 10 ≈ -21‰ ≈ +8‰<br />

Fonte: Rau et al. (1989); Boutton (1991); Meyers (2003); Wilson et al. (2005).<br />

(principalmente espécies das famílias Poaceae<br />

e Cyperaceae) normalmente mais adaptadas a<br />

ambientes mais quentes e menos úmidos.<br />

Análises palinológicas<br />

O registro palinológico pode fornecer a história<br />

da dinâmica da vegetação de um determinado<br />

local por meio da identificação e contagem<br />

dos grãos de pólen e esporos preservados em<br />

sedimentos. Dessa forma, a palinologia permite<br />

a inferência das mudanças climáticas da região<br />

durante o período analisado, pois o clima é um<br />

dos importantes fatores determinantes da<br />

distribuição da vegetação (von Post, 1946;<br />

Colinvaux et al., 1999). A informação obtida<br />

com base no registro palinológico é tanto mais<br />

aprofundada quanto maior for o conhecimento<br />

sobre a ecologia e a distribuição geográfica das<br />

espécies presentes nesse registro e o estudo<br />

da precipitação polínica moderna permite<br />

a caracterização do conjunto de grãos de<br />

pólen e esporos produzidos e depositados por<br />

ecossistemas terrestres atuais, tornando mais<br />

aprofundada a interpretação do registro da<br />

sucessão da vegetação no passado.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Local de estudo e coletas realizadas<br />

De acordo com IBGE (1987), a cobertura<br />

vegetal natural da região nordeste do estado do<br />

Espírito Santo é representada, principalmente,<br />

pela Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas<br />

(Floresta de Tabuleiros), mas outros tipos de<br />

vegetação natural também estão presentes na área<br />

da Reserva Natural Vale e em suas proximidades,<br />

tais como as Formações Pioneiras com influência<br />

marinha (vegetação de restinga), fluviomarinha<br />

(manguezais) e fluvial (matas aluviais e brejos).<br />

Além dessas, intercaladas na Floresta de Tabuleiros<br />

ocorrem formações vegetais distintas da matriz<br />

florestal dominante: as comunidades vegetais de<br />

muçununga, as quais ocorrem sobre manchas<br />

de Espodossolo e apresentam fisionomias desde<br />

campestres até florestais (Meira Neto et al., 2005).<br />

As comunidades de muçununga com fisionomia<br />

campestre são algumas vezes denominadas por<br />

“campos nativos”, tal como em Peixoto & Gentry<br />

(1990). Estudos realizados por Saporetti-Junior et<br />

al. (2012) mostraram que a composição florística<br />

e a estrutura das diferentes comunidades de<br />

muçununga se relacionam às características do<br />

solo, tais como o tamanho dos grãos de areia e a<br />

profundidade do horizonte B espódico, pois tais<br />

características determinam maior ou menor grau<br />

de algamento durante períodos chuvosos e maior<br />

ou menor estresse hídrico na estação seca.<br />

O material analisado foi um testemunho<br />

sedimentar coletado na Lagoa Canto Grande<br />

(Figura 2), a qual é formada por drenagens que<br />

se originam em áreas localizadas no extremo sul<br />

da Reserva Natural Vale. A vegetação do entorno<br />

da lagoa apresenta-se bastante alterada pela ação<br />

humana, sendo que somente pequenos trechos<br />

a noroeste apresentam cobertura de vegetação<br />

natural, constituída principalmente por Floresta<br />

de Tabuleiros e muçunungas herbáceas. A lagoa<br />

apresenta profundidade máxima de cerca de cinco<br />

metros e faz limite com cordões litorâneos de<br />

origem pleistocênica a leste (IBGE, 1987).<br />

Para a coleta do sedimento da Lagoa Canto<br />

Grande foi utilizado amostrador de pistão<br />

(Livingstone, 1955) montado sobre plataforma<br />

flutuante (Colinvaux et al., 1999). No laboratório,<br />

74


BUSO JR. ET AL.<br />

PALEOECOLOGIA<br />

Figura 2: Lagoa Canto Grande: vista aérea, mostrando a lagoa (1), algumas drenagens que alimentam a lagoa (2),<br />

o Nativo da Gávea, área de vegetação de muçununga herbácea (3), e os cordões litorâneos pleistocênicos (4). A<br />

estrela marca o local de coleta do testemunho sedimentar (19°16’01,4’’S; 39°56’41,9’’W).<br />

os tubos coletores com o testemunho sedimentar<br />

em seu interior foram abertos longitudinalmente<br />

em duas metades para a retirada das subamostras<br />

a cada dois centímetros.<br />

Datação 14 C<br />

O procedimento adotado nos pré-tratamentos<br />

físico e químico das amostras de sedimento lacustre<br />

(Tabela 2) consistiu na remoção manual de macrofragmentos<br />

contaminantes seguido de hidrólise<br />

ácida (HCl 4%, temperatura de 60 °C, durante 4<br />

horas), conforme Pessenda et al. (2008).<br />

As amostras foram submetidas à combustão<br />

a 600 °C na linha de síntese de benzeno do<br />

Laboratório 14 C do CENA/USP para obtenção do<br />

CO 2<br />

, o qual foi encapsulado a vácuo e encaminhado<br />

para datação AMS na Universidade da Geórgia,<br />

Estados Unidos ou para o Laboratório AMS da<br />

Universidade Federal Fluminense. Os resultados<br />

obtidos (em anos AP) foram calibrados de acordo<br />

com Hogg et al. (2013) e são expressos em anos<br />

cal. AP, em intervalos com erro de 2s.<br />

As idades calibradas das amostras foram<br />

utilizadas para a construção de uma cronologia<br />

no software Tilia, versão 1.7.16 (Grimm, 1992),<br />

com base em interpolação linear. Essa cronologia<br />

foi utilizada para a interpolação e extrapolação das<br />

idades de amostras não datadas.<br />

Análises de carbono e nitrogênio<br />

Os resultados das análises isotópicas de carbono<br />

e de nitrogênio são expressos pela unidade<br />

relativa “d”, determinada em relação aos padrões<br />

internacionais VPDB e ar atmosférico, conforme<br />

mostrado nas equações 1 e 2:<br />

(1)<br />

Onde R = 13 C/ 12 C para a razão isotópica do carbono.<br />

(2)<br />

Onde R = 15 N/ 14 N para a razão isotópica do<br />

nitrogênio.<br />

As análises elementares envolvem a mensuração<br />

do carbono orgânico total (COT) e do nitrogênio<br />

total (N total), expressos em porcentagem do peso<br />

seco da amostra. Através desses valores foram<br />

7 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

também calculados valores de C/N para amostras<br />

de sedimento. As análises foram realizadas no<br />

Laboratório de Isótopos Estáveis do CENA-USP,<br />

em espectrômetro de massas ANCA GSL, com uma<br />

precisão de 0,1% e 0,02%, respectivamente.<br />

O procedimento adotado no pré-tratamento<br />

das amostras utilizadas para análises isotópicas e<br />

elementares é baseado em métodos descritos em<br />

Pessenda et al. (1996). O testemunho sedimentar<br />

foi submetido às análises de C e N a cada dois<br />

centímetros. Das amostras de sedimento foram<br />

retirados raízes e outros fragmentos vegetais<br />

contaminantes. Em seguida, as amostras foram<br />

secas em estufa a cerca de 50 °C. Foram utilizadas<br />

massas entre 3 e 21 mg para análise de carbono, e<br />

entre 21 e 69 mg para análise de nitrogênio.<br />

Palinologia<br />

O tratamento polínico utilizou um centímetro<br />

cúbico de cada subamostra sedimentar e foi<br />

baseado no método apresentado por Colinvaux et<br />

al. (1999), com adição de pastilhas de Lycopodium<br />

exótico (Benninghoff, 1962), dissolução de sílica<br />

com HF, remoção de matéria-orgânica com KOH 5%<br />

e acetólise. O resíduo final foi montado em lâminas<br />

de microscopia de luz com o uso de glicerina líquida<br />

como meio de montagem.<br />

A contagem consistiu na leitura de pelo menos<br />

três lâminas para cada subamostra analisada, até<br />

a totalização de no mínimo 200 grãos de táxons<br />

arbóreos ou arbustivos. A soma de pólen inclui tipos<br />

arbóreos/arbustivos, herbáceos e indeterminados<br />

e é a base para o cálculo das porcentagens. A<br />

identificação dos grãos de pólen e esporos foi<br />

realizada com base na coleção de referência do<br />

Laboratório 14 C do CENA/USP.<br />

Os cálculos de porcentagem, concentração e taxa<br />

de acumulação polínica, bem como a construção<br />

dos diagramas, foram realizados com o uso do<br />

software Tilia, versão 1.7.16 (Grimm, 1992). Para<br />

análise de agrupamentos foi utilizado o software<br />

CONISS (Grimm, 1987). A interpretação dos dados<br />

palinológicos foi auxiliada pela caracterização da<br />

precipitação polínica moderna da área de estudo<br />

realizada por Buso Jr. (2015).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Datações 14 C<br />

A Tabela 2 apresenta os resultados das datações<br />

realizadas no testemunho.<br />

As idades obtidas para o testemunho<br />

sedimentar LCGB da Lagoa Canto Grande variaram<br />

de 9.586±72 anos AP (11.157-10.607 anos cal.<br />

AP) a 133 cm de profundidade, a 690±25 anos AP<br />

(660-559 anos cal. AP) a 3 cm de profundidade e<br />

não foram observadas inversões.<br />

Análise de C e N<br />

Os resultados das análises de carbono e nitrogênio<br />

realizadas no testemunho LCGB são apresentados<br />

na Figura 3. Inicialmente esses resultados são<br />

Tabela 2: Resultados das datações 14 C realizadas no testemunho LCGB da Lagoa Canto Grande<br />

Amostra Prof. Código do Idade 14 C Idade calibrada 2s Média<br />

(cm) Laboratório (anos AP) (anos cal. AP) (anos cal. AP)<br />

LCGB02-04 02-04 UGAMS15856 690±25 660-559 610<br />

LCGB22-24 22-24 LACUFF140160 1841±43 1830-1595 1713<br />

LCGB48-50 48-50 LACUFF140161 4804±149 5887-5044 5466<br />

LCGB60-62 60-62 UGAMS15857 6140±30 7156-6859 7008<br />

LCGB64-66 64-66 LACUFF140162 7768±56 8601-8405 8503<br />

LCGB68-70 68-70 UGAMS15858 8120±35 9126-8779 8953<br />

LCGB78-80 78-80 LACUFF140163 9105±67 10475-9930 10203<br />

LCGB92-94 92-94 UGAMS15859 9200±40 10482-10230 10356<br />

LCGB124-126 124-126 UGAMS15860 9490±40 11062-10562 10812<br />

LCGB132-134 132-134 LACUFF140164 9586±72 11157-10607 10882<br />

Fonte: UGAMS: Laboratório AMS da Universidade da Geórgia; LACUFF: Laboratório AMS da Universidade Federal Fluminense.<br />

76


BUSO JR. ET AL.<br />

PALEOECOLOGIA<br />

apresentados e discutidos somente com referência à<br />

profundidade. Posteriormente, quando da discussão<br />

conjunta com a palinologia, são feitas as referências<br />

com relação às idades calibradas.<br />

Os valores de COT variaram entre 0,01 e<br />

37,19%, com a maior parte do testemunho<br />

apresentando valores entre 0,58% e 10,94%, com<br />

um único intervalo, entre 79 e 65 cm, com valores<br />

consistentemente mais elevados (23,55-37,19%).<br />

Os valores de Ntotal variaram entre 0,08 e<br />

1,73%. De um modo geral, valores mais elevados<br />

são observados em dois intervalos: entre 135 e<br />

105 cm (0,28-1,73%) e entre 79 e 65 cm (0,67-<br />

1,16%). As menores concentrações de nitrogênio<br />

total ocorrem entre 103 e 87 cm (0,08-0,34%). Há<br />

uma tendência geral de aumento das concentrações<br />

de nitrogênio a partir de 40 cm até o topo.<br />

A composição isotópica de carbono variou entre<br />

-31,89 e -26,46‰. De um modo geral podem ser<br />

distinguidos dois intervalos: o primeiro, entre 135<br />

e 63 cm, apresenta valores mais enriquecidos (de<br />

-27,51 a -29,00‰); o segundo intervalo, entre 61<br />

cm e o topo, apresenta valores mais empobrecidos<br />

(de -29,71‰ a -31,89‰).<br />

Os valores de C/N variaram de 0,34 a 333. Com<br />

exceção das amostras 135 cm, 93 cm e 51 cm, que<br />

apresentaram valores extremos (0,34, 333 e 0,03,<br />

respectivamente), as demais amostras podem ser<br />

agrupadas em dois intervalos com valores bastante<br />

distintos: de 135 a 105 cm os valores de C/N<br />

mostraram-se bastante baixos, variando de 2,16<br />

a 4,46; o segundo intervalo, de 103 cm ao topo,<br />

apresenta C/N com valores mais elevados, de<br />

17,37 a 54,67.<br />

Figura 3: Análises isotópicas e elementares de C e N no testemunho LCGB.<br />

7 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Esses dois principais intervalos definidos com<br />

base nas diferenças de C/N podem ser relacionados<br />

a distintas fontes da matéria orgânica sedimentar,<br />

de acordo com Wilson et al. (2005). No intervalo<br />

de 135 a 105 cm, os baixos valores de C/N<br />

(2,16 a 4,46), juntamente com os valores do<br />

d 13 C (-28,35‰ a -29,00‰), indicam aporte de<br />

carbono orgânico particulado (COP) de água-doce<br />

e matéria-orgânica originada de bactérias (Figura<br />

4). O segundo intervalo, de 103 cm ao topo,<br />

com maiores valores de C/N (17,37 a 54,67) e<br />

valores mais empobrecidos de d 13 C (-27,51‰ a<br />

-31,89‰), indicam matéria-orgânica originada<br />

principalmente de plantas vasculares C3.<br />

Os valores de d 15 N variaram de -0,42‰ a<br />

+4,43‰ ao longo do testemunho. De 133 a 77 cm,<br />

o d 15 N variou de +0,85‰ a +3,70‰, com algumas<br />

flutuações. De 77 a 65 cm, o d 15 N apresentou valores<br />

mais empobrecidos, de -0,42‰ a +0,68‰. Por fim,<br />

a partir de 63 cm, o d 15 N apresenta tendência de<br />

enriquecimento isotópico, com valores de +1,52‰<br />

a + 4,43‰.<br />

O d 15 N permite um refinamento da<br />

interpretação dos dois intervalos discernidos<br />

com base nos valores de C/N. As amostras com<br />

valores mais enriquecidos de d 15 N no intervalo<br />

de 135 a 80 cm podem indicar a mistura de COP<br />

originado de fitoplâncton de água doce (Tabela<br />

1). Os valores mais empobrecidos de d 15 N entre<br />

77 cm e 65 cm (-0,42 a +0,68‰), indicam que<br />

a matéria orgânica depositada apresenta maior<br />

participação relativa de plantas vasculares C3<br />

do que aquela depositada entre 63 cm e o topo,<br />

onde a participação do carbono originado de<br />

fitoplâncton de água doce é maior.<br />

Palinologia<br />

A Figura 5 apresenta o diagrama polínico de<br />

porcentagens do testemunho LCGB. A Figura 6<br />

apresenta fotografias de grãos de pólen de alguns<br />

dos táxons mencionados ao longo do texto.<br />

A análise palinológica do testemunho LCGB<br />

Figura 4: C/N e d 13 C das amostras do testemunho LCGB. Círculos claros indicam as amostras de<br />

135 a 105 cm; círculos escuros indicam as amostras de 103 a 1 cm. Os intervalos representativos<br />

das diferentes fontes de matéria-orgânica são baseados em Wilson et al. (2005). A amostra 93<br />

cm (C/N = 333) não é apresentada no gráfico. COP (carbono orgânico particulado); COD (carbono<br />

orgânico dissolvido).<br />

78


BUSO JR. ET AL.<br />

PALEOECOLOGIA<br />

apresenta predomínio de grãos de pólen de táxons<br />

arbóreos/arbustivos (21-77%) e herbáceos<br />

(13-73%). Esporos de pteridófitas apresentam<br />

frequências entre 2% e 15% e tipos aquáticos<br />

apresentam frequências bastante baixas, entre<br />

0% e 2%. As porcentagens de grãos de pólen<br />

indeterminados variaram entre 6% e 18%.<br />

A análise de agrupamentos realizada pelo<br />

CONISS, com base nas contagens dos tipos<br />

arbóreos/arbustivos e herbáceos (com exceção de<br />

Poaceae e Cyperaceae), permitiu dividir o registro<br />

palinológico do testemunho LCGB em três zonas<br />

polínicas.<br />

Zona polínica LCGB-I (135-77 cm; 11165-<br />

9976 anos cal. AP)<br />

Intervalo com predomínio de táxons arbóreos/<br />

arbustivos (37-66%), seguido por táxons<br />

herbáceos (17-51%), esporos de pteridófitas<br />

(5-15%) e ervas aquáticas (0-1%). Grãos<br />

indeterminados variaram de 9% a 18%.<br />

Os táxons arbóreo/arbustivos mais frequentes na<br />

Zona LCGB-I são Melastomataceae/Combretaceae<br />

(11-18%), Myrtaceae (2-15%), Calophyllum (1-<br />

11%), Cecropia (4-7%), Urticaceae/Moraceae (2-<br />

5%), Doliocarpus (1-5%), Ilex (1-2%), Acalypha<br />

(0-3%), Gallesia (0-2%), Pera, (0-2%), Rapanea<br />

(0-2%), Symplocos (0-2%) e Trema (0-2%).<br />

Entre os táxons herbáceos, os mais frequentes são<br />

Poaceae (7-27%), Cyperaceae (3-20%) e Asteraceae<br />

(3-8%). Esporos terrestres são representados<br />

principalmente por monoletes psilados (1-10%),<br />

Cyatheaceae (0-4%) e triletes (0-3%).<br />

Quando os resultados são comparados com o<br />

sinal polínico característico de Floresta de Tabuleiros,<br />

conforme o estudo de precipitação polínica<br />

moderna apresentado em Buso Jr. (2015), verificase<br />

que com exceção de Celtis, Chrysophyllum,<br />

Eriotheca, Ficus, Malpighiaceae, Pera e Sapium,<br />

os demais táxons considerados indicadores da<br />

Floresta de Tabuleiros estão ausentes ou ocorrem<br />

em frequências demasiadamente baixas. No caso<br />

específico de Urticaceae/Moraceae, as frequências<br />

encontradas (2-5%) são bastante inferiores<br />

àquelas obtidas nos coletores artificiais localizados<br />

dentro da Floresta de Tabuleiros (12%) de Linhares.<br />

O intervalo LCGB-I diferencia-se das demais<br />

zonas polínicas pela presença, ou maior frequência,<br />

de táxons característicos de floresta aluvial,<br />

tais como Calophyllum, Symphonia, Croton,<br />

Macrothumia e Pera (Rolim et al., 2006), táxons<br />

encontrados na restinga de Camburi (Pereira<br />

& Assis, 2000), tais como Croton, Dodonaea,<br />

Doliocarpus, Pera, Polygalaceae, Stylosanthes e<br />

Smilax e táxons ocorrentes em muçunungas e<br />

campos nativos da região de Linhares, tais como<br />

Hymenolobium e Stylosanthes, conforme exsicatas<br />

do herbário da Reserva Natura Vale e Doliocarpus,<br />

um importante elemento da precipitação polínica<br />

moderna, tanto na área de campo nativo quanto na<br />

muçununga (Buso Jr., 2015).<br />

As altas porcentagens de Asteraceae (3-8%),<br />

Cyperaceae (3-20%) e Poaceae (7-27%) são mais<br />

ou menos similares àquelas obtidas na precipitação<br />

polínica moderna da vegetação de campo nativo<br />

(Asteraceae = 5%; Cyperaceae = 10%; Poaceae<br />

= 14%). Contudo, as frequências um pouco mais<br />

elevadas desses táxons, principalmente Cyperaceae,<br />

podem também estar relacionadas a espécies que<br />

habitam áreas temporariamente alagáveis (Buso<br />

Jr., 2015). Essa interpretação sobre a ocorrência<br />

de alagamentos temporários é corroborada pelos<br />

resultados das análises de carbono e nitrogênio,<br />

segundo os quais as amostras de 135 a 80 cm<br />

indicam matéria orgânica originada de fitoplâncton<br />

de água doce, com maior participação de plantas<br />

C3 a partir de 103 cm. É também corroborada pelas<br />

características do sedimento observadas entre<br />

135 e 100 cm, onde as intercalações de argila/<br />

silte e areia indicariam mudanças na energia hídrica,<br />

talvez resultado de eventos de transbordamento<br />

das drenagens em períodos mais chuvosos. A baixa<br />

frequência de táxons aquáticos, representados<br />

principalmente por Typha e Potamogetom, pode<br />

indicar que os alagamentos eram de curta duração,<br />

ou também que esses táxons ocupavam áreas<br />

relativamente reduzidas.<br />

Pereira & Assis (2000), em seu levantamento<br />

florístico em vegetação de restinga no município<br />

de Vitória/ES, distinguiram três comunidades: (i)<br />

mata seca, composta por vegetação florestal de<br />

porte entre 5 e 10 metros, estrato arbóreo com<br />

muitas espécies de Myrtaceae, estrato herbáceo<br />

com presença de Bromeliaceae, Capparis e outros;<br />

(ii) formação aberta de Ericaceae, relacionada a<br />

áreas com lençol freático próximo à superfície,<br />

é composta por arbustos e pequenas árvores de<br />

até 4 metros de altura organizados em moitas,<br />

7 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

80<br />

Figura 5: Diagrama polínico de porcentagem do testemunho LCGB coletado na Lagoa Canto Grande


BUSO JR. ET AL.<br />

PALEOECOLOGIA<br />

Figura 6: Exemplos de alguns grãos de pólen encontrados no testemunho LCGB. Prancha 1:<br />

Bonnetiaceae: Bonnetia (1): Calophyllum (2); Dilleniaceae: Doliocarpus (3); Euphorbiaceae:<br />

Glycydendron (4); Senefeldera (5); Fabaceae: Macrolobium (6); Parkia – fragmento (7); Icacinaceae:<br />

Pleurisanthes (8); Salicaceae: Macrothumia (9); Sapindaceae: Dodonaea (10); Violaceae: Rinorea (11).<br />

8 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

representados por Byrsonima sericea, Humiria<br />

balsamifera e outros; (iii) brejo herbáceo, onde<br />

a drenagem é deficiente, com predomínio de<br />

Poaceae e Cyperaceae, além de Tibouchina<br />

urceolaris (Melastomataceae), Sauvagesia erecta<br />

e Cuphea sessilifolia. Assim, os dados polínicos<br />

obtidos para o intervalo LCGB-I seriam compatíveis<br />

com a presença de um ecossistema misto de mata<br />

seca de restinga, formação aberta de Ericaceae<br />

e brejo herbáceo, com a distribuição espacial<br />

dessas comunidades dependente da altitude e da<br />

frequência e duração dos alagamentos.<br />

Esses resultados sugerem que durante a zona<br />

polínica LCGB-I, a vegetação na região da Lagoa<br />

Canto Grande era distinta da atual. A ausência ou<br />

a baixa frequência da maioria dos tipos polínicos<br />

de Floresta de Tabuleiros, tais como Urticaceae/<br />

Moraceae, Sapotaceae, Rinorea, Caryocar,<br />

Glycydendron, Hydrogaster, Senefeldera, Virola<br />

e outros, indicam que esse tipo de vegetação não<br />

ocorria nas proximidades. A presença de táxons de<br />

floresta aluvial, de restinga, e de campos nativos e<br />

muçunungas sugere que esses eram os principais tipos<br />

de vegetação presentes no intervalo aproximado<br />

de 11.200 a 10.000 anos cal. AP. Com base em<br />

estudo palinológico da Lagoa Durão, localizada ao<br />

sul da Lagoa Canto Grande, Nascimento (2012)<br />

também observou o predomínio de vegetação<br />

herbácea durante o período entre o UMG e o início<br />

do Holoceno, com a expansão da vegetação florestal<br />

a partir do Holoceno inferior.<br />

A presença da vegetação de restinga, de<br />

campos nativos e muçunungas durante a zona<br />

polínica LCGB-I pode ser explicada com base na<br />

geomorfologia e distribuição dos solos atuais. A<br />

Lagoa Canto Grande é formada por dois cursos de<br />

água principais, as quais drenam grandes áreas de<br />

campos nativos e muçunungas a oeste da lagoa<br />

(Figura 2). Os dados de datação 14 C obtidos no<br />

Nativo da Gávea, próximo a área de estudo (Figura<br />

2), sugerem que essa área de Espodossolo existe há<br />

pelo menos 14.000 anos (Buso Jr., 2015), portanto,<br />

deveria suportar vegetação de campo nativo e<br />

muçununga no início da zona polínica LCGB-I. A<br />

leste, a lagoa faz limite com cordões litorâneos de<br />

origem pleistocênica (Figura 2), os quais poderiam<br />

ter suportado vegetação semelhante a restingas e<br />

campos nativos durante essa zona polínica.<br />

Por sua vez, a vegetação de floresta aluvial<br />

presente na zona polínica LCGB-I deveria ocupar<br />

áreas marginais às drenagens. Entretanto, as<br />

frequências dos táxons representativos desse tipo<br />

de vegetação sugerem que essas áreas seriam então<br />

mais amplas, provavelmente ocupando áreas que<br />

hoje encontram-se permanentemente alagadas.<br />

A ausência de sinal polínico representativo<br />

da Floresta de Tabuleiro sugere que esse tipo<br />

de vegetação encontrava-se a maior distância<br />

do local de estudo. Sabe-se que atualmente, na<br />

região de Linhares, esse tipo de vegetação ocorre<br />

principalmente sobre os Argissolos. Estudos<br />

realizados na Reserva Natural Vale (Buso Jr. et<br />

al., 2013) não evidenciaram mudança no sinal do<br />

d 13 C da matéria-orgânica dos Argissolos, indicando<br />

uma cobertura constante de plantas C3 durante<br />

os últimos 17 mil anos, não havendo indicação<br />

clara de expansão de áreas de savanas na região.<br />

Portanto, a ausência do sinal polínico da Floresta<br />

de Tabuleirosdurante a zona polínica LCGB-I, em<br />

conjunto com os valores indicativos de plantas C3<br />

na matéria-orgânica do solo, pode ser interpretada<br />

como a ocupação das áreas de Argissolo no entorno<br />

da lagoa por uma vegetação com estrutura florestal,<br />

mas com diferente composição de espécies.<br />

Zona polínica LCGB-II (77-63 cm; 9.976-<br />

7.725 anos cal. AP)<br />

O intervalo apresenta predomínio de grãos de<br />

pólen de táxons herbáceos (41-73%), seguidos de<br />

táxons arbóreos e arbustivos (21-48%), esporos<br />

de pteridófitas (5-7%) e tipos aquáticos (0-<br />

2%). Grãos de pólen indeterminados apresentam<br />

frequências de 6% a 11%.<br />

Os tipos herbáceos mais frequentes são<br />

Cyperaceae (17-29%), Poaceae (16-24%),<br />

Cuphea (3-12%), Asteraceae (2-3%), Sauvagesia<br />

(2-4%) e Actinocephalus/Paepalanthus (0-1%).<br />

Entre os tipos arbóreos e arbustivos, os<br />

táxons mais frequentes na Zona LCGB-II são<br />

Melastomataceae/Combretaceae (8-11%),<br />

Myrtaceae (1-9%), Urticaceae/Moraceae (4-<br />

6%), Cecropia (1-5%), Ilex (0-3%), Alchornea/<br />

Aparisthmium (0-2%), Rapanea (0-2%),<br />

Simarouba (0-2%) e Trema (0-2%).<br />

Esporos de pteridófitas são representados<br />

em sua maioria por monoletes psilados (1-<br />

82


BUSO JR. ET AL.<br />

PALEOECOLOGIA<br />

3%), Cyatheaceae (0-3%), triletes (0-3%) e<br />

Lycopodiella (0-2%).<br />

Além das altas frequências de Cyperaceae<br />

e Poaceae, a zona polínica LCGB-II é também<br />

caracterizada pela presença ou maior frequência<br />

de Croton, Hymenolobium, Actinocephalus/<br />

Paepalanthus, Cuphea e Sauvagesia.<br />

Os táxons caracterizadores da vegetação de<br />

Floresta de Tabuleiros continuam ausentes ou raros,<br />

com exceção de Celtis, Caryocar, Chrysophyllum,<br />

Eriotheca, Ficus, Malpighiaceae, Schoepfia,<br />

Senefeldera e Simarouba.<br />

Todos os tipos polínicos, com exceção de<br />

Rhizophora e Actinocephalus/Paepalanthus,<br />

apresentam redução na taxa de acumulação polínica<br />

quando da transição da zona LCGB-I para LCGB-II.<br />

De acordo com o trabalho de Gosling et al. (2009)<br />

e os resultados obtidos no estudo da precipitação<br />

polínica moderna apresentados em Buso Jr. (2015),<br />

há uma relação entre a estrutura da vegetação e a<br />

taxa de acumulação polínica. Assim, as baixas taxas de<br />

acumulação polínica encontradas nos grupos arbóreo/<br />

arbustivos, herbáceos, esporos e indeterminados,<br />

durante a zona LCGB-II (Figura 7) podem indicar uma<br />

vegetação mais aberta que na zona LCGB-I.<br />

De acordo com os registros do Herbário da<br />

Reserva Natural Vale, os tipos Hymenolobium,<br />

Actinocephalus/Paepalanthus, Cuphea e Sauvagesia<br />

representam espécies que atualmente ocorrem em<br />

campos nativos, muçunungas e restingas na região<br />

nordeste do Espírito Santo. Pereira & Assis (2000)<br />

verificaram o predomínio de Poaceae, Cyperaceae,<br />

Melastomataceae, Sauvagesia e Cuphea em<br />

comunidade de brejo herbáceo de restinga, em<br />

Figura 7: Taxas de acumulação polínica dos diferentes grupos do testemunho LCGB.<br />

8 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Vitória/ES. Dessa forma, a zona polínica LCGB-II<br />

seria caracterizada pela presença de comunidades<br />

de campos nativos, muçunungas e brejo herbáceo<br />

de restinga, em um ecossistema caracterizado por<br />

uma vegetação predominantemente aberta, com<br />

predomínio de Cyperaceae e Poaceae.<br />

Essa interpretação é corroborada pela análise<br />

de C e N, segundo a qual o intervalo entre 79 e<br />

65 cm apresenta maiores valores de COT e Ntotal,<br />

indicando maior acumulação de matéria-orgânica,<br />

valores de d 13 C e C/N típicos de plantas C3 e<br />

valores de d 15 N menos enriquecidos, indicando<br />

maior importância relativa de matéria orgânica de<br />

plantas vasculares. Essas características da matéria<br />

orgânica são compatíveis com um ambiente<br />

redutor, em razão da maior duração ou frequência<br />

de alagamentos com grande aporte de matéria<br />

orgânica originada principalmente de gramíneas e<br />

ciperáceas C3.<br />

Frequências baixas de grãos de pólen de<br />

Rhizophora começam a aparecer a partir da metade<br />

superior da zona polínica LCGB-II (67 cm, cerca de<br />

8.750 anos cal. AP). Pelas suas baixas frequências,<br />

tais grãos de pólen devem ter sido transportados<br />

desde longas distâncias e devem estar relacionados<br />

à instalação de manguezais ao leste da planície<br />

costeira, em resposta à elevação do nível relativo<br />

marinho holocênico. Estudo realizado nessa planície<br />

costeira por França et al. (2013) mostra a ocorrência<br />

de manguezais compostos principalmente por<br />

Rhizophora desde 8.050 anos cal. AP.<br />

A elevação do nível relativo marinho durante<br />

o Holoceno pode ter sido uma das causas da<br />

mudança de vegetação observada entre as zonas<br />

polínicas LCGB-I e LCGB-II, levando a uma subida<br />

do nível de base, tornando o lençol freático mais<br />

próximo à superfície e tornando alagáveis as áreas<br />

ocupadas pelas restingas secas. Isso possibilitou<br />

a expansão das restingas alagadas semelhantes<br />

àquelas descritas por Pereira & Assis (2000).<br />

Zona polínica LCGB-III (63-00 cm; 7.725-409<br />

anos cal. AP)<br />

Zona polínica com predomínio de tipos arbóreos<br />

e arbustivos (62-77%). Táxons herbáceos<br />

apresentam frequências menores que aquelas das<br />

zonas polínicas anteriores (13-26%). Esporos de<br />

pteridófitas apresentam frequências de 2% a 8%,<br />

enquanto que os tipos aquáticos variam de 0% a<br />

2%. Grãos indeterminados correspondem de 7% a<br />

15% da soma de pólen.<br />

Os táxons arbóreos e arbustivos mais frequentes<br />

nessa zona polínica são Urticaceae/Moraceae (10-<br />

20%), Myrtaceae (8-13%), Cecropia (2-14%),<br />

Alchornea/Aparisthmium (3-9%), Ilex (3-8%),<br />

Melastomataceae/Combretaceae (2-7%), Rapanea<br />

(1-5%), Anacardiaceae (1-3%), Arecaceae (0-<br />

5%), Ficus (0-3%), Gallesia (0-3%), Trema (0-3%),<br />

Araliaceae (0-2%), Celtis (0-2%), Coussapoa (0-2%),<br />

Doliocarpus (0-2%), Eriotheca (0-2%), Proteaceae/<br />

Sapindaceae (0-2%) e Simarouba (0-2%).<br />

Táxons herbáceos terrestres são representados<br />

por Cyperaceae (5-16%), Poaceae (2-9%) e<br />

Asteraceae (0-2%). Os mais frequentes esporos<br />

de pteridófitas são monoletes psilados (0-4%),<br />

Polypodiaceae (0-2%) e triletes (0-2%).<br />

O conjunto polínico da zona LCGB-III mostra a<br />

expansão da vegetação de Floresta de Tabuleiros,<br />

pois com exceção de Banara, Garcinia, Guettarda,<br />

Moldenhawera, Pachira, Pseudobombax, Rourea,<br />

Salacia, Sapium, Stephanopodium, Sterculia<br />

e Vismia, os demais tipos indicadores desse<br />

ecossistema, de acordo com os dados da<br />

precipitação polínica moderna obtidos por Buso<br />

Jr., 2015, estão presentes e ocorrem em maiores<br />

frequências. São observados aumentos nas taxas<br />

de acumulação polínica principalmente nos grupos<br />

arbóreos/arbustivos e indeterminados que podem<br />

indicar a expansão de vegetação com estrutura<br />

florestal (Figura 7).<br />

Os táxons indicativos das comunidades de<br />

restinga, campo nativo e muçununga (Dodonaea,<br />

Doliocarpus, Hymenolobium, Sauvagesia, Cuphea,<br />

Actinocephalus/Paepalanthus, Stylosanthes e<br />

Polygalaceae) tornam-se raros ou ausentes,<br />

indicando uma retração na área ocupada por esses<br />

ecossistemas.<br />

As frequências de Croton, Calophyllum,<br />

Macrothumia, Symphonia, táxons indicativos de<br />

florestas aluviais, permanecem baixas, sugerindo<br />

que esse tipo de vegetação não apresentou<br />

expansão. A ausência de expansão da mata<br />

aluvial pode ser explicada pela instalação de um<br />

ambiente lacustre. As áreas mais deprimidas,<br />

que durante a zona LCGB-I eram marginais ao<br />

curso d’água e abrigavam a mata aluvial, estariam<br />

84


BUSO JR. ET AL.<br />

PALEOECOLOGIA<br />

agora permanentemente alagadas. As análises<br />

de C e N sugerem uma tendência de aumento da<br />

participação de matéria orgânica originada de<br />

fitoplâncton de água doce, principalmente a partir<br />

de 40 cm (~4.200 anos cal. AP), o que corroboraria<br />

a hipótese de formação de uma lagoa.<br />

O registro de táxons com disjunção<br />

amazônica no testemunho LCGB<br />

Alguns autores sugerem que a ocorrência<br />

de táxons disjuntos entre a Amazônia e a Mata<br />

Atlântica pode ser explicada por conexões entre<br />

esses dois biomas durante períodos de climas mais<br />

úmidos do Terciário e do Quaternário, quando<br />

florestas poderiam ter se expandido sobre as<br />

atuais áreas dos biomas Cerrado e Caatinga (Mori<br />

& Prance, 1981; Delprete, 1999; Santos et al.,<br />

2007). Alguns estudos paleoecológicos sugerem<br />

a expansão de fisionomias florestais nesses biomas<br />

durante o Pleistoceno superior e o Holoceno inferior<br />

(Ledru, 1993; Ledru et al., 2001; de Oliveira et al.,<br />

1999).<br />

Táxons arbóreos e arbustivos tipicamente<br />

amazônicos, atualmente com distribuição disjunta<br />

entre a Amazônia e a Mata Atlântica, estão presentes<br />

no registro polínico do testemunho LCGB somente<br />

a partir de cerca de 8.500 anos cal. AP (Prancha<br />

1): Senefeldera (8.500 anos cal. AP); Bonnetia e<br />

Rinorea (7000 anos cal. AP); Glycydendron (3200<br />

anos cal. AP); Parkia e Pleurisanthes (1200 anos<br />

cal. AP); Macrolobium (700 anos cal. AP).<br />

Esse registro é um pouco mais antigo que<br />

aquele apresentado por Buso Jr. et al. (2013),<br />

que observaram a ocorrência de táxons com<br />

disjunção amazônica desde cerca de 7.500 anos<br />

cal. AP na região nordeste do Espírito Santo. A<br />

não observação desses táxons no intervalo entre<br />

11.200 e 8.500 anos cal. AP no testemunho<br />

LCGB provavelmente se relaciona ao fato de que<br />

tais táxons, além de raros no sinal polínico, são,<br />

em sua maioria, árvores ocorrentes na Mata de<br />

Tabuleiro, a qual se localizava mais distante do<br />

ponto analisado durante esse intervalo de tempo.<br />

Portanto, os resultados obtidos no testemunho<br />

LCGB corroboram a hipótese sobre uma conexão<br />

entre os biomas Amazônia e Mata Atlântica<br />

anterior a 8.500 anos cal. AP, mas não permitem<br />

conclusões sobre a presença desses táxons<br />

amazônicos na região de Linhares anteriormente<br />

a essa data.<br />

Inferências paleoclimáticas com base no<br />

testemunho LCGB<br />

As mudanças da vegetação no entorno da<br />

Lagoa Canto Grande, indicadas pela palinologia e<br />

as características da matéria orgânica preservada<br />

no testemunho LCGB, permitem a elaboração de<br />

hipóteses sobre flutuações do paleoclima na região<br />

nordeste do estado do Espírito Santo.<br />

A ausência de tipos indicativos da vegetação de<br />

Floresta de Tabuleiro durante a zona polínica LCGB-I<br />

(11.165-9.976 anos cal. AP) indica que esse tipo<br />

de vegetação não ocorria nos arredores do local<br />

estudado. Nessa época, os tipos de vegetação<br />

mais abundantes eram a floresta aluvial, os campos<br />

nativos, muçunungas e diferentes comunidades de<br />

restinga. Entretanto, valores empobrecidos de d 13 C<br />

indicam que não ocorreu expansão de vegetação<br />

com predomínio de plantas C4. Além disso, os<br />

valores elevados da taxa de acumulação polínica<br />

sugerem o predomínio de vegetação com estrutura<br />

florestal. Pode-se então supor que as áreas de<br />

Argissolo no entorno do ponto estudado fossem<br />

ocupadas por vegetação florestal com diferente<br />

composição de espécies, talvez pela Floresta<br />

Estacional Semidecidual. De qualquer forma, esse<br />

cenário sugere um clima menos úmido que o atual.<br />

Essa interpretação concorda com o estudo<br />

da composição isotópica de carbono da matéria<br />

orgânica dos solos da região, realizado por Buso<br />

Jr. et al. (2013), que indicou o predomínio de<br />

plantas C3 desde 17.000 anos cal. AP, com base<br />

no qual foi inferido um clima úmido o suficiente<br />

para manutenção das florestas durante esse<br />

intervalo. Concorda também com vários estudos<br />

de reconstituição paleoambiental realizados em<br />

região de Mata Atlântica que indicam clima menos<br />

úmido no Holoceno inferior e médio (Behling et al.,<br />

2004; Gouveia et al., 2002; Garcia et al., 2004;<br />

Pessenda et al., 2004; Ledru et al., 2009), muito<br />

embora a região de Linhares aparentemente não<br />

experimentou expansão de áreas de campo e<br />

savanas com predomínio de plantas C4.<br />

As principais mudanças ocorridas na vegetação<br />

durante a zona polínica LCGB-II (9.976-7.725<br />

anos cal. AP) são atribuídas à elevação do lençol<br />

8 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

freático, em resposta à subida do nível relativo<br />

marinho holocênico e à consequente elevação do<br />

nível de base. O clima para esse período deve ter<br />

sido similar ao do período anterior, concordando<br />

com os trabalhos que inferem clima menos úmido<br />

para o Holoceno inferior e médio. Contudo, podese<br />

também supor uma influência de climas mais<br />

úmidos sobre a vegetação durante esse período,<br />

considerando que Stríkis et al. (2011) verificaram<br />

eventos de intensificação da monção sul americana<br />

na região norte de Minas Gerais a partir de 9.200<br />

anos cal. AP, incluindo um evento há 8.200 anos AP.<br />

O registro do aparecimento dos tipos<br />

representativos de vegetação de Florestas de<br />

Tabuleiro durante a zona polínica LCGB-III (7.725-<br />

409 anos cal. AP), juntamente com a elevação das<br />

taxas de acumulação polínica (Figura 7), sugere<br />

expansão da vegetação florestal de tabuleiros para<br />

áreas próximas ao local estudado. Essa expansão<br />

pode ter ocorrido em resposta a um clima mais<br />

úmido iniciado a partir do Holoceno médio. Com<br />

base na composição isotópica de espeleotemas,<br />

Cruz Jr. et al. (2005) propõem intensificação<br />

das chuvas de monção durante os últimos 7000<br />

anos, uma possível explicação para a expansão da<br />

Floresta de Tabuleiros. O período mais úmido no<br />

intervalo de 7000 a 4000 anos cal. AP sugerido<br />

por Buso Jr. et al. (2013) com base na palinologia<br />

da Lagoa do Macuco, localizada 23 km ao norte<br />

da Lagoa Canto Grande, não é observado no<br />

testemunho LCGB. Todavia, frequências um pouco<br />

mais elevadas de pólen de táxons arbóreos/<br />

arbustivos, concomitantes com os valores mais<br />

baixos nas frequências de táxons herbáceos nas<br />

amostras de 61 a 41 cm (6.950-4.365 anos cal.<br />

AP), devem ser melhor investigadas, pois parecem<br />

sugerir um momento com maior importância<br />

relativa da vegetação florestal.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

No intervalo aproximado de 11.000-8.500<br />

anos cal. AP, a vegetação na região da Lagoa Canto<br />

Grande era constituída principalmente por florestas<br />

aluviais, muçunungas e restingas de diferentes<br />

fisionomias. A Mata de Tabuleiros provavelmente<br />

não ocorria sobre as áreas de Argissolo próximas<br />

ao local estudado, talvez em resposta a um clima<br />

menos úmido no Holoceno inferior. Essas áreas<br />

de Argissolo possivelmente fossem ocupadas<br />

por vegetação florestal com diferentes estrutura<br />

e composição de espécies. A partir de cerca de<br />

7.500 anos cal. AP ocorre expansão das Florestas<br />

de Tabuleiro na região da Lagoa Canto Grande,<br />

provavelmente ocasionada por um clima mais<br />

úmido.<br />

A elevação do nível relativo marinho durante o<br />

Holoceno pode ter tido importante influência na<br />

dinâmica da vegetação, especialmente em áreas<br />

com menor elevação em relação ao nível do mar.<br />

A zona polínica LCGB-II da Lagoa Canto Grande<br />

indica a expansão das áreas de brejos herbáceos<br />

de restinga a partir de cerca de 9.000 anos cal. AP.<br />

Essa expansão ocorreu em detrimento das matas<br />

secas de restinga e da floresta aluvial, as quais<br />

devem ter sido deslocadas pela elevação do nível<br />

de base e alagamento das áreas mais baixas.<br />

Os táxons com distribuição disjunta entre os<br />

biomas Amazônia e Mata Atlântica estão ausentes<br />

do registro polínico da Lagoa Canto Grande no<br />

intervalo de 11.000-8.500 anos cal. AP. Por<br />

ocorrerem, em sua maioria, nas Florestas de<br />

Tabuleiros, tais táxons devem ter acompanhado a<br />

dinâmica dessa vegetação e estariam localizados<br />

mais distantes do ponto estudado.<br />

Não há indícios sobre a maior ocorrência de<br />

plantas C4 e expansão generalizada de savanas e<br />

campos desde os últimos 17.000 anos cal. AP na<br />

região de Linhares. Essas observações corroboram a<br />

hipótese segundo a qual a região de Linhares foi um<br />

refúgio de vegetação florestal durante os intervalos<br />

de clima menos úmido do Pleistoceno tardio.<br />

A expansão das Florestas de Tabuleiro nas<br />

proximidades da Lagoa Canto Grande permite<br />

inferir um clima mais úmido para os últimos ~8.000<br />

anos cal. AP, que pode ter sido causado pela<br />

intensificação das monções de verão.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

À FAPESP (2007/03615-5, 2010/18091-<br />

4, 2011/00995-7) e CNPq (2007-3/471751,<br />

2012-5/470210, 2013-0/405060), pelo apoio<br />

financeiro, ao Luiz Felipe Campos, Alessandro<br />

Simplicio e toda a equipe de funcionários da Reserva<br />

Natural Vale (RNV), pelo imprescindível apoio<br />

86


BUSO JR. ET AL.<br />

PALEOECOLOGIA<br />

logístico, atenção e gentileza e ao Samir Rolim e<br />

Renato de Jesus, pelo convite e oportunidade de<br />

desenvolver pesquisas na RNV e apoio irrestrito<br />

em todas as etapas de nossa convivência. Aos<br />

Técnicos LizMary B. de Moraes e Thiago Barrios C.<br />

Campos, Laboratório 14 C do CENA/USP, pelo apoio<br />

na preparação de amostras e análises 14 C.<br />

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

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8 9


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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

6<br />

SÃO AS FLORESTAS DO NORTE DO<br />

ESPÍRITO SANTO E SUL DA BAHIA AS<br />

MAIS RICAS EM ESPÉCIES ARBÓREAS NO<br />

DOMÍNIO DA FLORESTA ATLÂNTICA?<br />

Samir Gonçalves Rolim, Luiz Fernando Silva Magnago, Felipe Zamborlini Saiter,<br />

André Márcio Amorim & Karla Maria Pedra de Abreu<br />

INTRODUÇÃO<br />

Uma das características mais marcantes das<br />

florestas tropicais é a sua elevada diversidade de<br />

espécies (Phillips et al., 1994). Entre estas florestas<br />

tropicais a Floresta Atlântica brasileira é reconhecida<br />

como um centro de alta diversidade de espécies<br />

(Myers et al., 2000). Em seu domínio, as fisionomias<br />

florestais ombrófilas e estacionais formam um contínuo<br />

de distribuição de espécies arbóreas (Oliveira-<br />

Filho & Fontes, 2000), onde poucas espécies são<br />

amplamente distribuídas, resultando numa elevada<br />

heterogeneidade regional (Scudeller et al., 2001) e<br />

em altos níveis de endemismos de espécies (Forzza et<br />

al., 2012). Contudo, a cobertura da Floresta Atlântica<br />

atual é representada por paisagens altamente<br />

fragmentadas, onde 71% dos fragmentos possuem<br />

menos do que 5 mil ha (Ribeiro et al., 2009).<br />

Frente à alta diversidade de espécies e ao estado<br />

de fragmentação florestal, existe um interesse natural<br />

dos cientistas em saber quais locais/regiões desse<br />

domínio detêm as maiores riquezas de espécies.<br />

Desta forma, vários estudos são enfáticos em<br />

destacar a elevada riqueza encontrada, mas poucas<br />

análises compararam a riqueza local, ou diversidade<br />

alfa, entre diferentes locais (Gentry, 1988; Phillips<br />

et al., 1994; Oliveira, 2006). No domínio da<br />

Floresta Atlântica brasileira, maior diversidade alfa<br />

é observada para as florestas ombrófilas, mais<br />

próximas ao oceano, quando comparadas a florestas<br />

estacionais, mais interioranas, no estado de São<br />

Paulo (Oliveira, 2006). Alguns fatores ambientais<br />

que explicam variações na riqueza entre sítios são:<br />

precipitação, duração da estação seca e altitude<br />

(Gentry, 1988; Phillips et al., 1994; Leigh et al.,<br />

2004; Oliveira, 2006).<br />

Tabarelli & Mantovani (1999) levantaram a<br />

hipótese de que a Floresta Atlântica da Serra do<br />

Mar em São Paulo apresenta menor riqueza do que<br />

a Floresta Atlântica nos estados do Espírito Santo e<br />

Bahia. Provavelmente, o maior viés metodológico<br />

que restringe este tipo de comparação é que a<br />

riqueza é fortemente dependente do tamanho<br />

da amostra e mais espécies são esperadas<br />

quanto maior o número de indivíduos amostrados<br />

(Gotelli & Colwell, 2001). Portanto, para qualquer<br />

comparação entre áreas, o primeiro passo é eliminar<br />

o efeito da densidade de indivíduos sobre a riqueza<br />

(Phillips et al., 1994; Denslow, 1995; Cannon et al.,<br />

1998; Vandermeer et al., 2000; Gotelli & Colwell,<br />

2001). De posse de um banco de dados mais<br />

atualizado e de análises sobre a riqueza de espécies<br />

menos enviesadas, neste trabalho perguntamos: as<br />

florestas do norte do Espírito Santo e sul da Bahia<br />

são mais ricas em espécies arbóreas do que outras<br />

florestas do sul e sudeste do Brasil?<br />

9 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

METODOLOGIA<br />

Para responder à pergunta selecionamos da<br />

literatura 100 levantamentos fitossociológicos na<br />

Floresta Atlântica (Figura 1). Os levantamentos foram<br />

divididos em quatro grupos fitofisionômicos: 17 em<br />

Floresta Ombrófila Mista, 38 em Floresta Estacional<br />

Semidecidual (principalmente de MG e SP), 31 em<br />

Florestas Ombrófilas (de SP e RJ) e 14 nas Florestas<br />

do sul da Bahia e norte do Espírito Santo (Florestas<br />

Ombrófilas na BA e Floresta Estacional Perenifólia<br />

no norte do ES). O município de Santa Teresa, um<br />

pouco ao sul do rio Doce foi incluído na região norte<br />

do Espírito Santo. Não incluímos áreas do nordeste<br />

porque não tivemos acesso a uma quantidade razoável<br />

de áreas para análise. Quando algum estudo realizou<br />

os levantamentos em fragmentos vizinhos, os dados<br />

podem ter sido considerados como uma amostragem<br />

única para aumentar o número de indivíduos amostrados<br />

(p.ex., Pessoa & Oliveira, 2006, 3 fragmentos com<br />

600 m de distância aproximada entre si).<br />

A primeira análise consistiu na estimação da<br />

riqueza média para amostras de 500 indivíduos<br />

(S500), retirados de cada um dos 100<br />

levantamentos, através do método de rarefação<br />

(Phillips et al., 1994). A análise foi feita com o<br />

Software EcoSim 7.0, com 1.000 reamostragens por<br />

levantamento (Gotelli & Entsminger, 2001). Valores<br />

estimados de S500 foram normalizados por meio<br />

de transformação por raiz quadrada e submetidos<br />

à análise de variância para comparação da média<br />

entre os quatro grupos fisionômicos, sendo utilizado<br />

o teste de Tukey. Para esta análise utilizamos o<br />

Programa SAS (Statistical Analysis System, 1999).<br />

Adicionalmente, agrupamos os valores de S500<br />

em classes de riqueza com 20 espécies para obter<br />

uma visão da distribuição e amplitude de variação<br />

da riqueza em cada grupo fisionômico. Também<br />

plotamos curvas de rarefação dos sítios mais ricos<br />

em espécies das florestas estacionais (SP, MG, RJ e<br />

ES), das florestas ombrófilas (SP e RJ) e das florestas<br />

do norte do ES e sul da BA. Para estas áreas mais<br />

ricas em espécies foram discutidos os possíveis<br />

vieses metodológicos.<br />

RESULTADOS & DISCUSSÃO<br />

As florestas no norte do Espírito Santo<br />

e Sul da Bahia são, em média mais ricas em<br />

espécies (S500=176,7 + 27,6) que as florestas<br />

ombrófilas de SP/RJ (109,3 ± 19,6), as<br />

florestas estacionais semidecíduas de SP/MG/<br />

RJ/ES (89,3 ± 19,7) e as florestas mistas (49,7<br />

± 12,2) (Tabela 1).<br />

Tabela 1: Comparação da riqueza média (S500) entre quatro fisionomias florestais da Floresta Atlântica<br />

Médias seguidas por letras iguais não apresentam diferença estatística significativa (p>0,05).<br />

Fisionomia Região N S500<br />

RS 6 44,9<br />

SC 4 54,0<br />

FO Mista PR 6 52,3<br />

SP 1 45,7<br />

Média 17 49,7 (±12,2 dp) a<br />

SP 19 81,9<br />

FE Semidecídua MG 15 96,9<br />

RJ/ES 4 96,2<br />

Média 38 89,3 (±19,7) b<br />

SP 27 108,7<br />

FO Densa SP/RJ RJ 4 113,3<br />

Média 31 109,3 (±19,6) c<br />

ES 7 169,1<br />

Florestas ES/BA BA 7 184,4<br />

Média 14 176,7 (±27,6) d<br />

92


ROLIM ET AL.<br />

RIQUEZA DE ÁRVORES<br />

Figura 1: Localização de 100 áreas de estudos fitossociológicos consideradas nesta análise.<br />

9 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

94<br />

A distribuição da riqueza (S500) em classes com<br />

intervalo de 20 espécies está apresentada na Figura<br />

2. Como pode ser observado nesta Figura, a classe<br />

de maior frequência de cada uma das distribuições<br />

se desloca de forma crescente da floresta mista para<br />

floresta estacional semidecídua, floresta ombrófila de<br />

SP e RJ e florestas do sul da BA e norte do ES. A maioria<br />

dos sítios em floresta mista apresenta riqueza S500<br />

de até 60 espécies e nenhum ultrapassa 80 espécies.<br />

Para a floresta estacional semidecidual, a maioria<br />

dos sítios apresenta S500 entre 80 e 100 espécies<br />

e dois atingem a classe de 120 a 140 espécies. As<br />

florestas ombrófilas de SP e RJ apresentam a maior<br />

parte dos sítios distribuídos igualmente em duas<br />

classes de riqueza, de 100 a 120 e de 120 a 140<br />

espécies, e apenas um sítio entre 140 a 160 espécies.<br />

As florestas do sul da Bahia e norte do ES apresentam<br />

maior número de sítios na classe de 160 a 180<br />

espécies e três sítios na classe acima de 200 espécies.<br />

Figura 2: Distribuição de S500 por classes com intervalo<br />

de 20 espécies para as fisionomias florestais analisadas.<br />

A maior riqueza média obtida para a Floresta<br />

Atlântica do sul da Bahia e norte do Espírito<br />

Santo, em relação às florestas do sul/sudeste da<br />

Mata Atlântica, confirma a hipótese de Tabarelli &<br />

Mantovani (1999). Entretanto, são necessários<br />

cuidados na interpretação dos resultados.<br />

Primeiramente devem ser considerados os<br />

possíveis distúrbios passados. Boa parte da Floresta<br />

Atlântica encontra-se bastante fragmentada<br />

(Ribeiro et al., 1999), constituindo geralmente<br />

florestas secundárias regeneradas após corte<br />

raso ou que foram exploradas seletivamente.<br />

Os remanescentes mais bem conservados<br />

encontram-se em áreas protegidas ou em regiões<br />

de difícil acesso, na Serra do Mar de São Paulo e<br />

Paraná. Porém, mesmo estas áreas podem ter<br />

sua estrutura alterada pela extração intensiva<br />

de plantas e pela caça (Galetti & Fernandez,<br />

1998; Pizo & Vieira, 2004; Wilkie et al., 2011). É<br />

provável que essas alterações influam nas análises<br />

de riqueza de espécies, porém, estes efeitos não<br />

foram controlados em nossas análises, em razão<br />

da dificuldade em se obter informações precisas<br />

sobre o histórico de alteração para todas as áreas<br />

levantadas.<br />

Por outro lado, é provável que esse efeito<br />

confundido seja minimizado pelo grande número<br />

de áreas utilizadas para as análises. Além disso,<br />

descartamos os levantamentos em áreas com<br />

regeneração recente, mas não foi possível<br />

incluir apenas as florestas maduras ou bem<br />

conservadas, em decorrência do pequeno número<br />

de levantamentos disponíveis, principalmente em<br />

florestas estacionais semidecíduas. Também deve<br />

ser considerado que florestas moderadamente<br />

perturbadas podem apresentar riqueza superior<br />

à de florestas maduras ou conservadas, conforme<br />

pressupõe a hipótese dos distúrbios intermediários<br />

(Sheil & Burslem, 2003) e já observados em<br />

algumas paisagens da Floresta Atlântica (veja<br />

Magnago et al., 2014).<br />

Com relação às diferenças metodológicas entre<br />

levantamentos, alguns estudos usam como critério<br />

de inclusão de árvores na amostragem com o<br />

diâmetro mínimo de 5 cm, enquanto que outros<br />

usam 10 cm. Uns fizeram a amostragem através do<br />

método de quadrantes, outros através de parcelas.<br />

Alguns trabalhos utilizaram parcela única e outros<br />

usaram várias parcelas, distribuídas de maneira<br />

aleatória ou sistemática. Para contornar estes<br />

problemas e possibilitar as comparações, a opção<br />

foi selecionar as áreas mais ricas em espécies de<br />

cada fisionomia e discutir como cada metodologia<br />

pode ter superestimado ou subestimado a riqueza<br />

de S500. Entre os 100 estudos selecionados, os<br />

mais ricos em espécies (S500) de cada fisionomia<br />

são apresentados na Tabela 2.<br />

Com relação ao critério de inclusão de<br />

diâmetros, a maioria dos sítios mais ricos em<br />

cada fisionomia adotou o critério 5 cm, ou valor<br />

próximo, para o menor diâmetro incluído no<br />

levantamento. Comparando valores de riqueza<br />

para levantamentos em floresta no Panamá, Condit<br />

et al. (1996) demonstraram que esse critério não<br />

é um fator com grande influência nos resultados


ROLIM ET AL.<br />

RIQUEZA DE ÁRVORES<br />

Tabela 2: Estimativas de S500 para os sítios mais ricos em espécies vegetais na Mata Atlântica nos<br />

grupos fisionômicos analisados.<br />

Fisionomia Sítio* 1 Parcelas ou Dap N S S500 Fisher<br />

quadrantes (pq)<br />

Floresta Estacional FES 04-MG 200 pq 4,8 800 143 118,7 50,71<br />

SP/MG/RJ/ES FES 22-SP 135 pq 5,0 523 133 130,4 57,54<br />

FES 11-MG 20 de 10x50 m 5,0 1623 209 130,5 63,83<br />

FlorestaOmbrófila FOD 12-SP 64 de 10x90 m 5,0 9437 252 136,2 47,59<br />

SP/RJ FOD 16-SP 1 de 100x100 m 4,8 1816 206 138,6 59,78<br />

FOD 10-SP 600 pq 5,0 2400 260 147,8 74,12<br />

Florestas ESBA 27-ES 10 de 20x50 m 10,0 581 157 147,0 70,67<br />

Norte do ES ESBA 25-ES 1 de 100x100 m 5,0 1519 265 171,7 92,85<br />

ESBA 23-ES 250 de 20x80 m 10,0 19532 403 177,7 71,85<br />

ESBA 26-ES 35 de 20x50 m 5,0 2532 323 184,6 98,26<br />

ESBA 24-ES 3 de 10x340 m 6,4 2173 384 215,3 135,40<br />

Florestas ESBA 33-BA 150 pq 10,0 600 178 164,9 85,52<br />

Sul da BA ESBA 30-BA 1 de 50x100 m 5,0 1496 279 170,6 101,10<br />

ESBA 31-BA 1 de 10x1000 m 5,0 1400 264 172,0 96,20<br />

ESBA 34-BA 2 de 5x200 m 2,5 559 202 191,5 113,60<br />

ESBA 28-BA 1 de 20x500 m 5,0 2530 459 220,0 164,00<br />

ESBA 32-BA 10 de 2x50 m 4,8 516 227 223,1 154,80<br />

4 * FES 04-MG (Parque Estadual do Rio Doce, Lopes et al., 2002); FES 22-SP (São José do Barreiro, Freitas, 2010); FES 11-MG (Viçosa, Mata do<br />

seu Nico, Santos et al., 2013); FOD 12-SP (Parque Estadual de Carlos Botelho-SP; Aguiar, 2003, Grade 1); FOD 16-SP (Parque Estadual da Serra<br />

do Mar-SP, Rochele et al., 2011, Plot J); FOD 10-SP (Cotia, Reserva de Morro Grande, Catharino et al., 2006); ESBA 27-ES (Flona Goytacazes,<br />

Gomes, 2006); ESBA 25-ES (Reserva Biológica de Sooretama, Paula & Soares, 2011); ESBA 23-ES (Reserva Natural Vale, Jesus & Rolim, 2005);<br />

ESBA 26-ES (Reserva Natural Vale, Lopez, 1996); ESBA 24-ES (Estação Biológica de Santa Lúcia, Saiter et al., 2011); ESBA 33-BA (Fazenda dois de<br />

Julho, Mori et al., 1983); ESBA 30-BA (Alcobaça, Ignácio, 2007); ESBA 31-BA (Serra do Teimoso, Thomas et al., 2009); ESBA 28-BA (Serra Grande,<br />

Thomas et al., 2008); ESBA 34-BA (Serra Bonita, Rocha & Amorin, 2011); ESBA 32-BA (Serra do Conduru, Martini et al., 2007).<br />

quando se utiliza a técnica de rarefação.<br />

Com relação ao método de amostragem,<br />

a maioria dos 100 estudos utilizou o método<br />

de parcelas. Alguns dos sítios mais ricos em<br />

espécies arbóreas na floresta estacional e na<br />

floresta ombrófila do RJ e SP foram amostrados<br />

com o método de quadrantes. Quando se iguala<br />

o esforço pelo número de indivíduos não existe<br />

vantagem entre método de quadrantes e parcelas<br />

(Aguiar, 2003). Além disso, apenas um sítio da<br />

Floresta Atlântica da BA/ES foi amostrado com<br />

este método, de forma que se houve alguma<br />

influência do método, a maior estimativa seria<br />

nas florestas de SP e RJ e mesmo assim, não<br />

suficiente para superar a maior riqueza da<br />

Floresta Atlântica da BA/ES. Consideramos que<br />

o método de amostragem e o critério de inclusão<br />

não afetaram os resultados obtidos.<br />

A escala de distribuição das amostras é outro<br />

fator que pode afetar a riqueza estimada. Para<br />

uma mesma área amostral, é esperado que<br />

parcelas contíguas apresentem menos espécies<br />

que parcelas dispersas (Palmer & White, 1994).<br />

Também é esperada maior riqueza em parcelas<br />

retangulares quando comparadas a parcelas<br />

quadradas (Condit et al., 1996). Em parcela<br />

única ou parcelas muito próximas, a adição de<br />

novas espécies é mais lenta que em parcelas<br />

distribuídas amplamente, devido ao forte efeito<br />

de autocorrelação espacial em parcelas próximas.<br />

Tanto o formato retangular, como a maior área<br />

de amostragem, implica em maior inclusão de<br />

heterogeneidade espacial e provavelmente em<br />

maior taxa de acúmulo de novas espécies (He<br />

& Legendre, 1996). Ou seja, é esperado que as<br />

áreas mais ricas amostradas em parcela única<br />

tenham riqueza S500 subestimada.<br />

Esse pode ser o caso da floresta ombrófila de<br />

SP e RJ, por exemplo, na região de Picinguaba<br />

(Rochele et al., 2011), onde S500 foi igual a<br />

138,6 espécies, em parcela única de 100 x 100<br />

m. Entretanto, essa subestimativa em parcela<br />

única não é necessariamente muito menor. Por<br />

exemplo, na parcela única de 100 x 100 m na<br />

9 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Rebio de Sooretama (Paula & Soares, 2011)<br />

S500 foi igual a 171,7 espécies e, na Reserva de<br />

Linhares, com 250 parcelas de 20 x 80 m (Jesus<br />

& Rolim, 2005) S500 foi igual a 177,7. Ou seja,<br />

mesmo com um esforço quase 40 vezes maior<br />

e mais de duas centenas de parcelas menores<br />

dispostas na floresta, a diferença de riqueza<br />

entre estas duas áreas bastante próximas foi de<br />

menos de 4% no número de espécies.<br />

Estes exemplos nos permitem discutir que,<br />

para certas áreas, os efeitos da amostragem<br />

podem ser mínimos e assim nos possibilitaram<br />

considerar, com alguma flexibilidade, que a escala<br />

de amostragem não deve ter sido um forte agente<br />

influenciador na riqueza média geral obtida entre<br />

as fisionomias. Contudo, a generalização sobre<br />

este padrão é complexa e requer estudos mais<br />

elaborados para melhores interpretações da<br />

relação entre métodos de amostragem e riqueza<br />

de espécies.<br />

Vale destacar ainda que os três sítios mais<br />

ricos em espécies foram Estação Biológica de<br />

Santa Lúcia em Santa Teresa (ES), com S500<br />

igual a 215,3 espécies (Saiter et al., 2011);<br />

Serra Grande na Bahia, com S500 igual a 220<br />

espécies (Thomas et al., 2008) e Serra do<br />

Conduru, também na Bahia com S500 igual a<br />

223,1 espécies (Martini et al., 2007). Utilizando<br />

a inferência pelo intervalo de confiança, a<br />

estimativa de S500 não difere entre estes três<br />

sítios (Figura 3).<br />

Deve ser considerado, entretanto, que para<br />

obter S500 para a Serra do Conduru, foram<br />

unificados dados de três áreas próximas de<br />

diferentes estágios sucessionais, onde cada<br />

área apresenta em média 257 indivíduos,<br />

insuficiente para se obter S500. Ao juntar as<br />

três áreas podemos ter inflacionado a riqueza<br />

de S500, já que a composição de espécies em<br />

diferentes estágios sucessionais ou mesmo<br />

entre fragmentos de Floresta Atlântica tende a<br />

ser diferente (Magnago et al., 2011; Magnago<br />

et al., 2014). Todavia, Martini et al. (2007)<br />

analisaram e compararam a riqueza na Serra<br />

do Conduru com outros levantamentos de<br />

amostragem semelhante nos trópicos, inclusive<br />

com Serra Grande, e concluem pela alta riqueza,<br />

que está entre as maiores do mundo. Os maiores<br />

valores de S500, obtidos para sítios tropicais<br />

estão em Lambir, Sarawak, em Yanamono, no<br />

Peru, com S500 igual a 235 e 267 espécies,<br />

respectivamente (Phillips et al., 1994).<br />

Figura 3: Riqueza estimada por rarefação para o sítios mais ricos em espécies no domínio da Floresta Atlântica: em<br />

florestas estacionais (FES), ombrófilas do RJ e SP (FOD) e do norte do Espírito Santo e sul da Bahia (ESBA). As linhas<br />

estão plotadas na mesma ordem apresentada na legenda. A área sombreada (cinza claro) representa o intervalo de<br />

confiança a 95% dos extremos das três curvas com maior riqueza de espécies.<br />

96


ROLIM ET AL.<br />

RIQUEZA DE ÁRVORES<br />

Embora possamos concluir pela maior riqueza<br />

de espécies arbóreas nas florestas do norte do<br />

Espírito Santo e sul da Bahia, ainda permanece uma<br />

questão: quais seriam os fatores responsáveis pela<br />

elevada riqueza de espécies arbóreas nesta região<br />

da Floresta Atlântica? Aqui nós não exploramos os<br />

possíveis fatores ambientais que podem explicar<br />

variações na riqueza entre sítios, mas abordamos<br />

a provável influência dos fatores biogeográficos na<br />

determinação do conjunto de espécies da região<br />

norte do Espírito Santo ao sul da Bahia. Como<br />

apontado por Siqueira (1994), a elevada riqueza de<br />

espécies nesta região pode ser consequência de sua<br />

localização em área de transição entre as floras do<br />

nordeste e sudeste/sul. O rio Doce é considerado<br />

um importante divisor biogeográfico na Floresta<br />

Atlântica, pelo menos até meados do quaternário,<br />

quando ocorreu a última grande regressão marinha<br />

(Silva, 2008), o que pode explicar em parte esta<br />

diferenciação das floras do nordeste e sudeste/sul.<br />

Buso Jr. et al. (2013) citam que o clima da<br />

região de Linhares era mais úmido entre 4 e 7 mil<br />

anos atrás, com presença marcante de Arecaceae<br />

e Cyatheaceae, as quais diminuem em abundância<br />

de quatro mil anos atrás até o presente, quando o<br />

inverno se tornou mais seco e o clima mais sazonal.<br />

Saiter et al. (2016) sugerem que o estabelecimento<br />

deste clima mais sazonal no norte do Espírito Santo<br />

pode ter eliminado algumas espécies, levando a<br />

mudanças na composição florística, diminuindo a<br />

similaridade com a flora “pluvial” baiana.<br />

Baseado na composição isotópica de carbono na<br />

matéria orgânica, Buso Jr. et al. (2014) inferiram<br />

que a região norte do Espírito Santo teria cobertura<br />

florestal pelo menos desde o Pleistoceno tardio,<br />

cerca de 17 mil anos antes do presente. Naquela<br />

época, outras áreas de Floresta Atlântica, como<br />

as do alto rio Doce, em Minas Gerais e do alto rio<br />

Paraíba do Sul, em São Paulo (Morro de Itapeva),<br />

provavelmente regrediram sob climas mais frios<br />

e secos para dar lugar a vegetação aberta ou<br />

campestre (Behling et al., 2002). Diferente destas,<br />

a floresta do norte do Espírito Santo pode ter<br />

funcionado como um dos raros refúgios na região<br />

costeira (Buso Jr. et al., 2014).<br />

Além da questão dos refúgios pleistocênicos,<br />

pode ser ressaltado que, embora a vegetação da<br />

caatinga tenha predominado na região nordestina<br />

entre 42 e 8,5 mil anos antes do presente, ocorreram<br />

alguns curtos períodos de umidade neste intervalo,<br />

que podem ter favorecido as relações florísticas<br />

entre a flora amazônica e atlântica (Behling et al.,<br />

2000). Um fato marcante é que cerca de 7 a 8%<br />

de espécies vegetais da região norte do Espírito<br />

Santo e sul da Bahia são disjuntas com a Amazônia,<br />

sendo este um indicativo importante de conexões<br />

florísticas pretéritas (Mori et al., 1981; Thomas<br />

et al., 1998; Fiaschi & Pirani, 2009). Thomas et<br />

al.(1998) registraram um nível de endemismo de<br />

espécies da flora em torno de 27% para esta região.<br />

Em estudos posteriores, os níveis de endemismo<br />

em plantas no sul da Bahia se mantêm altos, em<br />

destaque para os índices encontrados em plantas<br />

arbustivo/arbóreas (Amorim et al., 2009; Coelho &<br />

Amorim, 2014) ou em plantas epífitas (Leitman et<br />

al., 2015), todos executados em áreas de florestas<br />

acima de 600 metros sobre o nível do mar. Estes<br />

eventos e conexões também podem ter favorecido<br />

a elevada riqueza de espécies na região norte do<br />

Espírito Santo e Sul da Bahia.<br />

Frente aos resultados obtidos, podemos<br />

concluir que: (i) embora a Floresta Atlântica seja<br />

de fato detentora de uma elevada riqueza de<br />

espécies arbóreas, essa riqueza não se distribui<br />

equitativamente entre as fitofisionomias que a<br />

compõe; (ii) a região que se mostrou mais rica em<br />

espécies arbóreas foi a região sul da Bahia e norte do<br />

Espírito Santo (incluindo Santa Teresa). Certamente<br />

a história natural que moldou a flora de cada uma das<br />

regiões estudadas foi diferente, culminando assim<br />

na atual distribuição dessa riqueza de espécies. De<br />

fato, compreender os eventos histórico-evolutivos<br />

responsáveis pela atual riqueza florística das<br />

diferentes fitofisionomias e regiões da Floresta<br />

Atlântica constitui um dos maiores (e estimulantes)<br />

desafios para pesquisadores dedicados ao estudo<br />

da diversidade vegetal desse bioma. Portanto,<br />

esperamos que as ideias apresentadas nesse<br />

capítulo possam contribuir para futuras discussões<br />

sobre a fitogeografia da Floresta Atlântica e as<br />

implicações para a sua conservação.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Aguiar, O.T. 2003. Comparação entre os métodos<br />

de quadrantes e parcelas na caracterização da<br />

composição florística e fitossociológica de um trecho<br />

de floresta ombrófila densa no Parque Estadual “Carlos<br />

9 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Botelho”- São Miguel Arcanjo, São Paulo. Dissertação<br />

de mestrado, Universidade de São Paulo, 119p.<br />

Amorim, A.M.; Jardim, J.G.; Lopes, M.M.M.; Fiaschi, P.;<br />

Borges, R.A.X.; Perdiz, R.O.; Thomas, W.W. 2009.<br />

Angiospermas em remanescentes de Floresta<br />

Montana no sul da Bahia, Brasil. Biota Neotropica 9:<br />

313–348.<br />

Behling, H.; Arz, H.W.; Pätzold, J.; Wefer, G. 2002. Late<br />

Quaternary vegetational and climate dynamics in<br />

southeastern Brazil, inferences from marine cores<br />

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100


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

7<br />

FORMAS DE HÚMUS COMO<br />

INDICADOR FUNCIONAL<br />

DE ECOSSISTEMAS EMERGENTES<br />

NA FLORESTA DE TABULEIRO<br />

Irene Garay, Ricardo Finotti , Andreia Kindel, Marcos Louzada, Maria Cecília Rizzini &<br />

Daniel Vidal Pérez<br />

INTRODUÇÃO<br />

Nas últimas décadas, estimativas revelam que<br />

somente menos da metade dos remanescentes<br />

florestais com dossel fechado permaneceram<br />

sem interferência humana e que 60% do total das<br />

florestas tropicais são florestas secundárias ou<br />

degradadas (UNEP, 2001; Itto, 2002; Asner et al.,<br />

2005). Em tal perspectiva, o maior desafio é de<br />

considerar não somente o efeito do desmatamento<br />

extensivo da floresta primária ou o status de<br />

conservação da biodiversidade na escala local (p.<br />

ex., Achard et al., 2002; Garay, 2001; Saatchi et<br />

al., 2001), mas igualmente as consequências de<br />

impactos antrópicos, tais como o extrativismo<br />

seletivo e a abertura de clareiras para cultivos,<br />

sobre a biodiversidade e o funcionamento dos<br />

mosaicos florestais do trópico (Phillips, 1997; Peres<br />

et al., 2010).<br />

Porém, a enorme biodiversidade das florestas<br />

tropicais impede precisar de que maneira as<br />

atividades humanas presentes e passadas afetam<br />

o conjunto das populações biológicas e modulam,<br />

eventualmente, os novos ecossistemas que<br />

emergem (Gentry, 1992; Milton, 2003; Hobbs et<br />

al., 2006). Assim, tornam-se necessárias pesquisas<br />

de indicadores biológicos e, mais ainda, ancorar<br />

essas pesquisas numa abordagem tal que possibilite<br />

avaliar o funcionamento dos ecossistemas em<br />

relação às mudanças na estrutura taxonômica da<br />

vegetação resultantes de impactos antrópicos<br />

(Dale & Beyeler, 2001; Garay, 2001).<br />

Se durante séculos o bioma Mata Atlântica foi<br />

submetido a intenso desmatamento e extrativismo<br />

(Dean, 1997; Myers et al., 2000; SOS Mata Atlântica,<br />

2014), o movimento inverso inicia-se, sobretudo,<br />

na segunda metade do século XX, prolongando-se<br />

até o presente. Nesse processo, a Reserva Natural<br />

Vale representa um esforço pioneiro de conservação,<br />

englobando inclusive remanescentes florestais em<br />

diferentes estados de preservação, por exemplo,<br />

aqueles com interferência com extrativismo seletivo.<br />

No total, o mosaico florestal da Reserva Natural<br />

Vale e a contígua Reserva Biológica de Sooretama,<br />

constituem um núcleo endêmico de Floresta<br />

Atlântica de Tabuleiros e ecossistemas associados<br />

com cerca 45.000 ha, sendo a maior área protegida<br />

entre o norte do Rio de Janeiro e o sul da Bahia<br />

(Thomas et al., 1998; MMA, 2002; Jesus & Rolim,<br />

2005; Pellens et al., 2010).<br />

1 0 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Com foco na conservação e uso sustentável<br />

das espécies nativas e na recuperação dos<br />

serviços ambientais da floresta, existe urgência<br />

em implementar ações de restauração em<br />

cumprimento à legislação brasileira (Garay, 2006;<br />

Brasil, 2012). Assim, os efeitos das intervenções<br />

antrópicas sobre a sustentabilidade e integridade<br />

do mosaico florestal como um todo devem ser<br />

avaliados a fim de subsidiar e monitorar ações de<br />

manejo e restauração (Kindel et al., 1999; Garay &<br />

Kindel, 2001; Villela et al., 2006; ITTO, 2012; van<br />

Andel & Aronson, 2012).<br />

Formas de húmus e funcionamento de<br />

florestas<br />

O conjunto das camadas orgânicas de superfície<br />

e os horizontes orgânico-minerais de topo do<br />

solo constituem as formas de húmus florestais<br />

consideradas estáveis em ecossistemas não<br />

perturbados pelo homem (Duchaufour & Toutain,<br />

1985). A estrutura dos húmus reflete um conjunto<br />

de processos complexos do qual participam<br />

inúmeras espécies animais e de microorganismos<br />

que conduzem à decomposição da matéria orgânica<br />

e à reciclagem de nutrientes. Determinadas<br />

inicialmente pela qualidade e quantidade dos<br />

aportes orgânicos, sobretudo de origem vegetal,<br />

e pela natureza da rocha matriz, as formas de<br />

húmus sintetizam o conjunto destes processos e<br />

são, portanto, um indicador do funcionamento dos<br />

ecossistemas florestais (Garay & Kindel, 2001;<br />

Ponge, 2013; Cesário et al., 2015).<br />

Em florestas temperadas e boreais, as formas<br />

de húmus foram e são amplamente estudadas e<br />

classificadas, visando compreender a dinâmica<br />

florestal e subsidiar o manejo, destinado, em<br />

geral, à produção de madeira (Babel, 1971; 1975;<br />

Delecour, 1980; Garay, 1980; Klinka et al., 1990;<br />

Green et al., 1993; Berthelin et al., 1994; Emmer &<br />

Sevink, 1994; Brethes et al., 1995; Fons & Klinka,<br />

1998; Fons et al., 1998; Fischer et al., 2002;<br />

Ponge et al., 2002; Jabiol et al., 2004; Feller et<br />

al., 2005; Ponge & Chevalier, 2006; Zanella et al.,<br />

2009, entre outros).<br />

Pesquisas em florestas tropicais de<br />

terras baixas evidenciam que as formas de<br />

húmus predominantes e suas características<br />

morfológicas, que revelam padrões de<br />

decomposição associados às interações<br />

vegetação-solo, acompanham a grande<br />

diversidade de situações próprias a esses<br />

ecossistemas e sua dinâmica (Garay et al.,<br />

1995; Lips & Duivenvoorden, 1996; Kindel &<br />

Garay, 2002; Loranger et al., 2003; Baillie et al.,<br />

2006; Kounda-Kiki et al., 2006; Descheemaeker<br />

et al., 2009). A hipótese segundo a qual em<br />

florestas tropicais as altas temperaturas médias<br />

e umidade determinam uma rápida velocidade<br />

de decomposição e, portanto, uma única forma<br />

de húmus tipo mull, deve ser definitivamente<br />

descartada.<br />

Avaliação dos ecossistemas emergentes no<br />

mosaico florestal com status de conservação<br />

por meio das formas de húmus<br />

Sob a hipótese de que as formas de húmus<br />

florestais constituem um indicador global do<br />

funcionamento do ecossistema, isto é, das interrelações<br />

entre a vegetação e o solo (Garay &<br />

Kindel, 2001), o presente trabalho apresenta<br />

um estudo comparativo entre diferentes fácies<br />

do mosaico florestal da Floresta Atlântica de<br />

Tabuleiros da Reserva Natural Vale.<br />

Com base na escolha de quatro sistemas<br />

preservados de qualquer atividade antrópica<br />

desde os anos 60, quando da criação da Reserva,<br />

verificou-se a consequência das modificações<br />

da cobertura arbórea originadas pelas atividades<br />

humanas sobre o subsistema de decomposição.<br />

Dois dentre eles correspondem à floresta primária<br />

sem histórico de perturbação recente - Mata<br />

Alta e Mata Ciliar - que se contrapõem a uma<br />

mancha florestal, objeto de intenso extrativismo<br />

seletivo nos anos 50, e a uma parcela florestal<br />

de regeneração natural, adquirida pela Vale após<br />

corte, queima e plantio temporário de café,<br />

igualmente na década de 50.<br />

Em uma primeira parte, a estrutura da<br />

vegetação é caracterizada do ponto de vista<br />

funcional, tanto em relação às características<br />

sucessionais quanto ao grau de esclerofilia das<br />

espécies arbóreas dominantes que determinam,<br />

em parte, a qualidade dos aportes foliares ao<br />

subsistema de decomposição. Em seguida, são<br />

apresentadas estimativas dos estoques de matéria<br />

orgânica nas camadas húmicas, da qualidade dos<br />

102


GARAY ET AL.<br />

FORMAS DE HÚMUS<br />

restos foliares e das variáveis físico-químicas dos<br />

horizontes pedológicos (Berthelin et al., 1994;<br />

Garay et al., 1995; Kindel & Garay, 2002). Ao<br />

final, o conjunto das variáveis analisadas permite<br />

estimar: 1) as velocidades de decomposição dos<br />

aportes orgânicos, 2) os estoques de nutrientes<br />

e 3) as formas de húmus tanto nas florestas<br />

primárias como secundárias. Trata-se assim de<br />

sintetizar e ampliar um conjunto de resultados de<br />

pesquisa que dizem respeito à relação vegetaçãosolo.<br />

Confrontando a hipótese nula de que nas<br />

florestas secundárias estudadas após 50 anos,<br />

tanto a estrutura da vegetação quanto a forma<br />

de húmus são similares à da floresta primária<br />

original, a Mata Alta, mostraremos que as florestas<br />

secundárias apresentam diferenças, não somente<br />

com as florestas primárias, mas também entre<br />

elas. Essas diferenças, que expressam no tempo<br />

o histórico da perturbação antrópica, levantam<br />

a questão da manutenção desses ecossistemas<br />

e da sua contribuição para a conservação da<br />

biodiversidade.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

De maneira geral, os dados que são<br />

apresentados e sintetizados no presente capítulo<br />

foram, em parte, publicados. Porém, a base<br />

de dados original do laboratório de Gestão da<br />

Biodiversidade foi completamente revista e,<br />

no que diz respeito à comunidade arbórea, em<br />

decorrência das mudanças taxonômicas, houve<br />

atualização.<br />

Clima<br />

O clima da Reserva corresponde, segundo a<br />

classificação de Köppen (1948), ao tipo Awi de<br />

clima quente com marcada sazonalidade, que<br />

resulta da estação chuvosa em verão e seca no<br />

inverno. Entre maio e agosto, as precipitações não<br />

excedem 13% do total anual e aumentam entre<br />

outubro e março. Porém, é nos meses de verão<br />

que se registram os maiores valores, evidenciando<br />

uma alta variabilidade entre as estações. (Figura<br />

1). Ciclos de verãos secos se alternam de forma<br />

recorrente com anos de precipitações estivais<br />

bem superiores aos valores médios.<br />

Figura 1: Diagrama ombrotérmico da Floresta de<br />

Tabuleiros, Linhares/ES. Período 1975-2000. P=2T. TA:<br />

temperatura média anual; PA: precipitação anual total.<br />

m: média mensal de temperatura; r: média mensal de<br />

precipitação, com 6 desvio padrão; n=25 anos. Dados<br />

cedidos pela Reserva Natural Vale (Linhares/ES − Brasil).<br />

Vegetação<br />

Peixoto & Gentry (1990) classificam a cobertura<br />

vegetal da RNV como pertencente à Floresta<br />

Ombrófila Semidecídua e acrescentam que possui<br />

características fisionômicas e florísticas distintas<br />

da Floresta Atlântica em sua forma mais típica. De<br />

fato, em razão de uma estação seca relativamente<br />

marcada, a floresta apresenta características<br />

semideciduais.<br />

A Figura 2 mostra a distribuição dos trechos<br />

de florestas primárias e secundárias na RNV. A<br />

aplicação do índice normalizado de diferenciação da<br />

vegetação (NDVI) permite estimar que dos 232,45<br />

km 2 da área total, 127,28 km 2 correspondem à<br />

Floresta Densa de Cobertura Uniforme ou Mata<br />

Alta, representando 54,8% da superfície. As<br />

florestas secundárias, independentemente do<br />

tipo de interferência sofrido, ocupam uma área<br />

importante da RNV, totalizando 83,29 km 2 , o que<br />

equivale a 35,8% (Vicens et al., 1998).<br />

As áreas de floresta secundária localizam-se nos<br />

extremos da Reserva, talvez associadas às áreas de<br />

aquisição menos antiga pela companhia Vale, e ao<br />

1 0 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 2: Cobertura vegetal da Reserva Natural Vale com base na Classificação Supervisionada por Distâncias<br />

Mínimas. Segundo Vicens et al. (1998), modificado.<br />

longo das estradas abertas na Floresta Alta, onde<br />

as espécies próprias de fisionomias secundárias<br />

ocupam as margens (Vicens et al., 1998). Das<br />

restantes formações, 4,81 km 2 pertencem à Mata<br />

Ciliar, ou seja, 2,1% da área total da Reserva. A<br />

Mata Ciliar corresponde às formações ripárias que<br />

percorrem a Reserva ao longo dos córregos, com<br />

significativo valor para a conservação das Áreas de<br />

Preservação Permanente (Vicens et al., 1998).<br />

No interior da Reserva, foram escolhidas quatro<br />

áreas: duas de floresta primária, Mata Alta (MA) e<br />

Mata Ciliar (MC) e duas de floresta secundária (SE<br />

e SQ). O sítio MA escolhido se encontra a 23 km<br />

da linha da costa e em 19°08’32” S e 39°55’21”<br />

W. A Mata Ciliar (MC) está situada em 19°11’54”<br />

S e 39°57’24” W e a 28 km da costa. Ambos os<br />

sítios, considerados a priori de floresta primária,<br />

não apresentam histórico conhecido de extração<br />

ou corte e queima (Jesus, 1987). O terceiro sítio,<br />

uma floresta secundária (SE), está localizado em<br />

19°08’15” S e 40°05’04” W e possui um histórico<br />

de intenso extrativismo seletivo das maiores<br />

árvores, nos anos 50, quando a parcela pertencia<br />

ao Ministério de Minas e Energia. A segunda área<br />

de floresta secundária (SQ), situada em 19°08’23”<br />

S e 39°56’02” W, foi formada após corte e queima<br />

seguidos de plantio temporário de café, também<br />

no início da década de 50. Em ambas as florestas<br />

secundárias não houve nenhuma intervenção nem<br />

manejo após a integração à RNV (Jesus, 1987).<br />

Solos<br />

Os solos que correspondem aos sítios de<br />

estudo são do tipo Ultisol, denominados, segundo<br />

a classificação brasileira, de Argissolo Vermelhoamarelo<br />

Distrófico (Tabela 1) (Garay et al., 1995;<br />

Santos et al., 2004; Embrapa, 2006). O horizonte<br />

A possui textura arenosa, porém, a quantidade de<br />

argila aumenta com a profundidade, alcançando<br />

mais de 50% na base do horizonte B, de estrutura<br />

homogênea; a camada laterítica se localiza, em<br />

geral, a 3 metros da superfície (Garay et al., 1995;<br />

Santos et al., 2004).<br />

Nos quatro sítios de estudo, os solos são<br />

104


GARAY ET AL.<br />

FORMAS DE HÚMUS<br />

Tabela 1: Características físicas e químicas dos solos da Floresta Atlântica de Tabuleiros – Mata Alta e<br />

Mata Ciliar- da Reserva Natural Vale – Linhares/ES. Segundo Santos et al. (2004). C: carbono orgânico;<br />

N: nitrogênio; SB: soma de bases; CTC: capacidade de troca catiônica; V: saturação em bases.<br />

PROF. areia silte argila C N C/N pH SB CTC V P<br />

cm % % % g kg-1 g kg-1 (H2O) cmolc kg-1 % mg kg-1<br />

A1<br />

A2<br />

AB<br />

Bt1<br />

Bt2<br />

Bt3<br />

A1<br />

A2<br />

AB<br />

Bt1<br />

Bt2<br />

PERFIL A – MATA ALTA<br />

0-11 91 4 5 0,90 0,07 12,9 5,3 2,6 4,2 62 2<br />

11-41 79 5 16 0,60 0,07 8,6 5,2 1,5 3,6 42 2<br />

41-60 68 6 26 0,36 0,06 _ 4,7 0,9 3,5 _ 1<br />

60-100 50 5 45 0,26 0,06 _ 4,6 0,6 3,4 _ 1<br />

100-150 42 5 53 0,23 0,06 _ 4,6 0,3 3,7 _ 1<br />

150-190+ 46 1 53 0,24 0,05 _ 4,6 0,3 3,5 _ 1<br />

PERFIL A – MATA CILIAR<br />

0-10 74 9 17 1,99 0,17 12 4,0 1,0 7,2 14 2<br />

10-20 65 8 27 1,00 0,14 7 4,3 0,4 4,0 10 1<br />

20-40 59 8 33 0,65 0,13 _ 4,4 0,4 3,1 _ 1<br />

40-60 54 13 33 0,44 0,08 _ 4,4 0,3 2,2 _ 1<br />

60-100 43 7 50 0,37 0,08 _ 4,5 0,1 2,0 _ 1<br />

similares com uma distribuição do tamanho das<br />

partículas no horizonte A, dominada pela fração<br />

areia (67% a 80% entre 0 -12 cm de profundidade).<br />

Os horizontes hemiorgânicos Ai e A apresentam<br />

uma fração agregada, com maiores teores de argila<br />

que representa, todavia, somente entre 14% a<br />

33% do peso total (Tabela 2). Esses agregados,<br />

anteriormente descritos, parecem resultar da ação<br />

de térmitas humívoras (Garay et al., 1995; Kindel<br />

& Garay, 2002).<br />

A forma de húmus da Floresta de Tabuleiros<br />

foi classificada como mull mesotrófico tropical<br />

(Garay et al., 1995; Kindel & Garay, 2002). Ele<br />

apresenta uma camada de interface, camada Ai,<br />

entre as camadas orgânicas de folhiço e o primeiro<br />

horizonte pedológico A, na qual se acumulam a<br />

matéria orgânica, o nitrogênio e as bases de troca.<br />

A camada Ai constitui um horizonte hemiorgânico<br />

com profundidade que varia entre 1 e 3 cm,<br />

marcando uma continuidade entre os restos foliares<br />

e o horizonte A o que indica um funcionamento<br />

superficial do subsistema de decomposição.<br />

A segunda característica é a presença dos<br />

mesoagregados imersos numa matriz particulada.<br />

Tabela 2: Características granulométricas e estrutura do primeiro horizonte orgânico mineral A em florestas<br />

primárias e secundárias da Floresta Atlântica de Tabuleiros na Reserva Natural Vale – Linhares/ES. Média 6<br />

erro padrão (n=10 para fração fina; n=3 para fração agregada). Teste t; *: a < 0,05; **: a < 0,01; ***: a<br />

< 0,001. MA: Mata Alta; MC: Mata Ciliar; SE: floresta secundária após extrativismo seletivo; SQ: floresta<br />

secundária após corte e queima. % agregados: corresponde aos valores médios inverno-verão.<br />

% areia grossa % areia fina % silte % argila % agregados<br />

Fração Fina (particulada)<br />

MA 79,8 (1,0) 8,7 (0,6) 4,4 (0,4) 7,2 (0,4) −<br />

MC 67,0 (1,4)*** 17,6 (0,8)*** 5,2 (0,4) 10,2 (0,5)*** −<br />

SE 69,4 (1,5)*** 11,2 (0,8)* 6,9 (0,9)* 12,5 (0,6)*** −<br />

SQ 73,7 (2,9)* 9,9 (1,1) 2,4 (0,6)*** 14,0 (1,8)*** −<br />

Fração Agregada (mesoagregados)<br />

MA 59,5 (1,5) 15,4 (0,5) 6,1 (0,6) 19,0 (0,7) 14,0 (3,9)<br />

MC 37,0 (1,1)*** 25,9 (0,5)*** 12,3 (0,5)*** 24,9 (0,8)*** 30,9 (2,2)<br />

SE 44,7 (1,1)*** 18,4 (0,5)*** 9,6 (0,5)*** 27,3 (0,9)*** 29,7 (3,6)<br />

SQ 44,0 (1,2)** 18,3 (0,8)** 8,3 (0,4)* 29,3 (0,8)** 32,8<br />

1 0 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Amostragem e tratamento das amostras<br />

Caracterização do estrato arbóreo<br />

Para o estudo das interações vegetação-solo<br />

foram delimitadas parcelas permanentes de 25 m<br />

x 50 m, contíguas e distantes entre si em 50 m, a<br />

razão de três em cada sistema de estudo: i.e., MA,<br />

MC, SE e SQ. Assim, a área total delimitada em cada<br />

sistema foi de 0,375 ha, totalizando 1,125 ha para o<br />

conjunto das fitofisionomias. Nestas parcelas foram<br />

estudados dois componentes dos ecossistemas: a<br />

cobertura arbórea e as formas de húmus, além dos<br />

aportes orgânicos ao solo e, notadamente, a queda<br />

de folhas e galhos finos.<br />

No interior de cada parcela, foram medidas e<br />

identificadas as árvores adultas com circunferência<br />

≥ 20 cm, ou seja, com DAP ≥ 6,3 cm. A partir<br />

do conhecimento da estrutura e composição da<br />

vegetação foi possível precisar as características<br />

gerais do estrato arbóreo nos sistemas de estudo<br />

assim como estimar a densidade e dominância das<br />

principais famílias. Os dados já publicados (Rizzini<br />

et al., 1997; Rizzini, 2000; Garay & Rizzini, 2004)<br />

foram completamente revistos e reorganizados em<br />

função das mudanças taxonômicas. Utilizandose<br />

os dados de abundância das 10 principais<br />

famílias botânicas, realizou-se uma Análise de<br />

Correspondência Destendenciada (DCA) para<br />

a verificação da diferenciação taxonômica geral<br />

destes sistemas; a densidade e a área basal também<br />

foram calculadas e comparadas entre os sistemas.<br />

As 30 espécies de maior valor de cobertura<br />

(VC) de cada sistema foram classificadas segundo<br />

os estágios sucessionais em pioneiras (PI),<br />

secundárias iniciais (SI), secundárias tardias (ST)<br />

e clímax (CL), a fim de comparar a densidade,<br />

área basal e o valor de cobertura destes grupos<br />

funcionais nos sistemas de estudo (Rolim et al.,<br />

1999; Souza et al et al., 2002, ver Anexo). Os<br />

grupos funcionais, segundo o grau de esclerofilia<br />

das folhas vivas, foram estimados com dados<br />

do catálogo foliar publicados por Garay & Rizzini<br />

(2004). O índice de esclerofilia corresponde a IE =<br />

1/2 peso seco da amostra / área da amostra (g/<br />

dm 2 ), calculado a partir de 30 unidades amostrais<br />

padronizadas e com 1 cm de diâmetro para cada<br />

espécie. As espécies foram reagrupadas em três<br />

grupos funcionais: o primeiro corresponde às<br />

esclerófilas, com valores de IE iguais ou superiores<br />

a 0,52 g/dm 2 ; o segundo reagrupa as espécies<br />

não esclerófilas ou de folhas membranáceas, com<br />

valores de IE iguais ou inferiores a 0,33 g/dm 2 .<br />

Entre estes limites, um terceiro grupo corresponde<br />

a espécies denominadas intermediárias (Garay &<br />

Rizzini, 2004). O grau de esclerofilia das espécies<br />

dominantes em cada sistema foi confrontado com<br />

as características sucessionais das mesmas.<br />

Os aportes de matéria orgânica ao solo: as<br />

frações foliares e de galhos finos<br />

Para quantificação dos aportes orgânicos, foram<br />

instalados no interior das parcelas permanentes<br />

15 coletores de 1 m 2 por sistema a razão de 5 em<br />

cada parcela, ou seja, 60 em total, construídos em<br />

tela metálica, com 1 m de lado e sobre-elevados<br />

em relação à superfície do solo (ver Blandin<br />

et al., 1980). As coletas do material vegetal<br />

foram quinzenais. O material foi transportado<br />

ao laboratório para separar as distintas frações -<br />

folhas, galhos, frutos e flores, para então ser secado<br />

em estufa a 60 ºC, durante 48 horas, e pesado. A<br />

significativa quantidade de coletores colocados em<br />

geral a pelo menos 1,5 m das árvores de maior<br />

VC considera a heterogeneidade da queda que<br />

depende efetivamente das espécies dominantes<br />

(Burghouts et al., 1998). Maiores detalhes sobre a<br />

dinâmica dos aportes orgânicos ao solo encontramse<br />

em Louzada et al. (1997) e Louzada (2004).<br />

No presente capítulo são utilizadas somente as<br />

quantidades anuais totais, em particular de folhas e<br />

galhos finos que representam entre 98% e 94% do<br />

total da queda (Garay & Rizzini, 2004).<br />

Amostragem das camadas húmicas<br />

Para o estudo das formas de húmus, foram<br />

coletadas 16 e 12 amostras, em verão e inverno,<br />

respectivamente, em MA, MC, e SE, e 10 em SQ,<br />

o que corresponde a um total de 98 amostras. A<br />

amostragem foi realizada no interior das parcelas<br />

permanentes seguindo um transecto.<br />

Cada amostra foi dividida no campo em quatro<br />

subamostras: 1) camada L de folhas mortas inteiras;<br />

2) camada subjacente F, constituída, sobretudo,<br />

por fragmentos foliares; 3) camada Ai de material<br />

orgânico-mineral entremeado a raízes finas e 4)<br />

horizonte A. Um quadrado metálico de 25 x 25 cm 2<br />

106


GARAY ET AL.<br />

FORMAS DE HÚMUS<br />

foi utilizado para coletar as camadas L, F e Ai. As<br />

amostras do horizonte A foram coletadas com ajuda<br />

de um cilindro metálico de 10 cm de diâmetro e 10<br />

cm de profundidade. Esta amostragem quantitativa<br />

permite estimar a quantidade de matéria orgânica<br />

e de nutrientes por unidade de superfície, assim<br />

como a porcentagem de agregados em relação à<br />

terra fina (Malagón et al., 1989; Garay et al., 1995).<br />

Tratamento e análise das amostras das<br />

camadas húmicas<br />

No laboratório, as camadas L, F e Ai e o<br />

horizonte A foram tratados separadamente. Os<br />

restos foliares, galhos finos (≤2 cm) e raízes finas<br />

(≤3 mm de diâmetro) foram separados de cada<br />

camada ou horizonte utilizando uma peneira de<br />

malha de 2 mm assim como a separação manual.<br />

Após secagem a 60º C, cada fração foi pesada.<br />

Os agregados (2 a 10 mm) da camada Ai e do<br />

horizonte A foram separados da fração fina do solo.<br />

Os mesoagregados se encontram nos horizontes<br />

Ai e A nos quais, porém, predomina a denominada<br />

fração fina, com estrutura particular sem dúvida<br />

associada à textura arenosa (ver Tabela 2). Tanto<br />

a fração fina como os agregados foram secos ao ar.<br />

Os restos foliares L e F foram moídos. Foram<br />

estimados os conteúdos de matéria orgânica<br />

por combustão a 450 o C e o N total pelo método<br />

Kjeldahl em amostras compostas (três subamostras<br />

por camada, sítio e data). As análises da fração fina e<br />

dos agregados, com amostras compostas de 3 ou 4<br />

subamostras, de Ai e do horizonte A foram realizadas<br />

segundo Embrapa (1997). O pH do solo foi medido<br />

numa suspensão solo/água 1:2,5, Al 3+ , Ca 2+ e Mg 2+<br />

trocáveis foram extraídos com KCl 1 mol L -1 . Ca 2+<br />

e Mg 2+ foram determinados por espectrometria<br />

de absorção atômica e Al 3+ por titulação ácidobase.<br />

Na + e K + trocáveis foram extraídos com o<br />

reagente Mehlich 1 e determinados por fotometria.<br />

A acidez potencial (H + +Al 3+ ) foi extraída com<br />

acetato de cálcio 0,5 mol L -1 e determinada por<br />

titulação ácido-base. O carbono orgânico (C) foi<br />

determinado por oxidação com dicromato e N total<br />

com o método Kjeldahl. Alguns resultados permitem<br />

calcular outros parâmetros como a soma das bases<br />

de troca (SB), isto é, a adição de Ca 2+ , Mg 2+ , Na + e<br />

K + ; a capacidade de troca catiônica (CTC), calculada<br />

como a adição de Ca 2+ , Mg 2+ , Na + , K + , Al 3+ , e H + ; e a<br />

saturação em bases (V%), que é a razão percentual<br />

de SB sobre CTC. A textura do solo foi determinada<br />

pelo método densimétrico de Bouyoucos após<br />

agitar o solo vigorosamente com NaOH 1 mol L -1<br />

como dispersante (Perez et al., 2007).<br />

Estimativa da velocidade de decomposição<br />

O cálculo do coeficiente de decomposição K<br />

= I/X representa uma estimativa do tempo de<br />

decomposição dos aportes de matéria orgânica ao<br />

solo (Olson, 1963; Anderson et al., 1983), sendo:<br />

I Mg ha -1 ano -1 = aportes de necromassa aérea<br />

pela vegetação e<br />

X Mg ha -1 = acúmulo de restos foliares ou<br />

outros resíduos orgânicos nas camadas L+F, i.e.,<br />

galhos, flores, frutos ou matéria orgânica amorfa,<br />

depositados sobre o primeiro horizonte orgânicomineral<br />

do solo A, ou seja,<br />

K ano -1 = coeficiente de decomposição<br />

O quociente inverso 1/K representa o tempo, em<br />

anos ou fração anual, necessário à total transformação<br />

do folhiço acumulado, seja por mineralização seja<br />

por transformação em matéria orgânica amorfa<br />

ou matéria orgânica coloidal integrada ao primeiro<br />

horizonte orgânico mineral A. O coeficiente de<br />

decomposição é, em geral, calculado separadamente<br />

para as distintas frações dos aportes orgânicos,<br />

como por exemplo, restos foliares, galhos ou frutos<br />

de composição orgânica diferenciada.<br />

Análise estatística dos dados<br />

Em geral, as comparações concernem as<br />

diferentes fitofisionomias com respeito à Mata Alta,<br />

considerada o sítio padrão. Para n suficientemente<br />

grande (n=16; n=12 ou n=10), os dados foram<br />

analisados pelo teste t, após transformação dos<br />

dados pela raiz quadrada a fim de centrar a variável<br />

e diminuir a variância (“normalização”). Amostras<br />

com n pequeno (n=3 ou n=4) foram analisadas por<br />

meio do teste U de Mann-Whitney não paramétrico.<br />

Quando o número de variáveis a ser considerada<br />

conjuntamente foi importante, optou-se pela ANOVA,<br />

após transformação dos dados pela raiz quadrada,<br />

com posterior discriminação das comparações dois<br />

a dois pelo teste Tukey HSD. Em todos os casos foi<br />

utilizado o programa STATISTICA 7.<br />

1 0 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

RESULTADOS<br />

O povoamento arbóreo nas florestas<br />

primárias e secundárias<br />

Caracterização do estrato arbóreo<br />

Considerando os quatro sistemas analisados, foram<br />

medidos e identificados cerca de 1.500 indivíduos,<br />

pertencentes a 51 famílias e 271 espécies.<br />

Quando comparados os povoamentos dos<br />

quatro sistemas florestais, as maiores diferenças<br />

aparecem entre a Mata Alta e a floresta secundária<br />

após queima e corte, SQ: o número de espécies por<br />

amostra é inferior, assim como, as densidades e as<br />

áreas basais (Tabela 3).<br />

A parcela submetida a extrativismo seletivo<br />

apresentou densidades similares às da Mata Alta,<br />

porém, com áreas basais menores, o que permite<br />

supor que se trata de indivíduos arbóreos de menor<br />

porte, ou seja, mais jovens (Tabela 3).<br />

Se consideradas apenas as 30 espécies com<br />

o maior valor de VC de cada povoamento, o total<br />

é de 90 espécies (Anexo 1). Destas espécies, 68<br />

ocorrem em apenas um povoamento, 16 ocorrem<br />

em dois, 4 ocorrem em três e apenas duas espécies<br />

ocorrem nos quatro sistemas, sendo elas Rinorea<br />

bahiensis (Moric.) Kuntze e Joannesia princeps<br />

Vell. Entretanto, o número de espécies comuns aos<br />

quatro sítios aumenta para 13 quando consideradas<br />

todas as espécies amostradas.<br />

O coeficiente de similaridade de Jaccard também<br />

aponta esses resultados, indicando que a diferença<br />

na composição de espécies dominantes é o que<br />

caracteriza os sistemas e, quando confrontadas<br />

aquelas de maior VC, o valor é de apenas 0,10<br />

e 0,13 para MC e SE e de somente 0,03 para SQ.<br />

O coeficiente aumenta significativamente quando<br />

se confrontam todas as espécies presentes em<br />

cada sítio. De fato, quase a metade das espécies<br />

dominantes em cada sítio, i.e., as 30 de maior VC,<br />

estão presentes nos outros sítios, porém, com valores<br />

de VC pouco significativos ou mínimos. A diversidade e<br />

a equitabilidade não apresentam marcadas diferenças<br />

entre os sítios de estudo (Tabela 4).<br />

A análise de Correspondência Destendenciada<br />

(DCA) foi realizada considerando as dez famílias<br />

com maiores índices de valor de cobertura em cada<br />

sistema. Os 3 primeiros eixos da DCA explicam<br />

43% do total da variação, sendo que a maior parte<br />

desta é explicada pelos eixos 1 e 2 (31% e 11%),<br />

respectivamente (Figura 3 e Figura 4).<br />

O primeiro eixo separou os sistemas de estudo<br />

de acordo com as abundâncias, considerando<br />

o total de indivíduos das 10 principais famílias<br />

botânicas (SE=939, MA=899, MC=752 e<br />

SQ=824) e também aproximou as áreas de Mata<br />

Ciliar (MC) e de Capoeira após queima (SQ), por<br />

conta das altas densidades das famílias Moraceae<br />

e Arecaceae. O segundo eixo separou as florestas<br />

Tabela 3: Características gerais da cobertura arbórea em florestas primárias e secundárias da Floresta<br />

Atlântica de Tabuleiros na Reserva Natural Vale – Linhares/ES. Média 6 erro padrão (n=3). Teste U; *: a<br />

≤ 0,05; 0: a ≥ 0,05. MA: Mata Alta; MC: Mata Ciliar; SE: floresta secundária após extrativismo seletivo;<br />

SQ: floresta secundária após corte e queima. N: número de parcelas de 25 x 50 m 2 .<br />

Característica<br />

FLORESTAS PRIMÁRIAS FLORESTAS SECUNDÁRIAS<br />

Mata Alta Mata Ciliar após após corte teste U<br />

extrativismo e queima<br />

nº de famílias 25 6 2 26 6 1 24 6 3 27 6 1 0<br />

total de famílias<br />

(N = 3) 33 35 34 36 -<br />

nº de espécies 64 6 2 61 6 4 61 6 5 52 6 2 MA > SQ*<br />

total de espécies<br />

(N = 3) 119 117 116 103 -<br />

densidade<br />

(ind. / ha) 1.147 6 37 1.013 6 46 1.147 6 35 992 6 49 MA > SQ*<br />

area basal<br />

(m 2 / ha) 38,2 6 3,5 39,8 6 4,2 23,7 6 0,9 32,9 6 1,3 MA > SE*<br />

volume<br />

(m 3 / ha) 820 6 110 940 6 120 370 6 70 560 6 30 MA > SE*<br />

MA > SQ*<br />

108


GARAY ET AL.<br />

FORMAS DE HÚMUS<br />

Tabela 4: Diversidade de espécies e coeficientes de similaridade de Jaccard correspondentes aos<br />

sistemas de floresta primária e de floresta secundária da Floresta Atlântica de Tabuleiros na Reserva<br />

Natural Vale – Linhares/ES. Média 6 erro padrão (n=3). MA: Mata Alta; MC: Mata Ciliar; SE: floresta<br />

secundária após extrativismo seletivo; SQ: floresta secundária após corte e queima. 30 versus 30:<br />

coeficientes de Jaccard calculados sobre as 30 espécies de maior VC de cada sistema.<br />

Característica<br />

FLORESTAS PRIMÁRIAS<br />

FLORESTAS SECUNDÁRIAS<br />

Mata Alta Mata Ciliar após após corte<br />

extrativismo e queima<br />

diversidade H’ 3,84 6 0,08 3,73 6 0,10 3,62 6 0,11 3,49 6 0,12<br />

equitabilidade 0,92 6 0,01 0,90 6 0,02 0,88 6 0,01 0,88 6 0,02<br />

MA versus MC MA versus SE MA versus SQ<br />

Coef. Jaccard 0,22 0,31 0,25<br />

Coef. Jaccard (30 versus 30) 0,10 0,13 0,03<br />

Figura 3: Área basal e densidade das dez famílias mais importantes (VC) nas amostras de florestas primárias – Mata<br />

Alta e Mata Ciliar - e secundárias – floresta secundária após extrativismo e floresta secundária após corte e queima.<br />

Valores médios e erro padrão (n=3). MYRT: Myrtaceae; FABA: Fabaceae; VIOL: Violaceae; SAPO: Sapotaceae;<br />

LECY: Lecythidaceae; MALV: Malvaceae; EUPH: Euphorbiaceae; COMB: Combretaceae; ANAC: Anacardiaceae;<br />

NYCT: Nyctaginaceae; MORA: Moraceae; AREC: Arecaceae; MYRI: Myristicaceae; CHRY: Chrysobalanaceae; RUTA:<br />

Rutaceae; BIGN: Bignonaceae; ANNO: Annonaceae; SALI: Salicaceae; BURS: Burseraceae; CARI: Caricaceae.<br />

1 0 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

primárias das florestas secundárias. As famílias<br />

botânicas associadas às florestas primárias são<br />

aquelas mais características do tipo de formação<br />

de Floresta Atlântica de Tabuleiros, tais como<br />

Myrtaceae, Sapotaceae, Violaceae, Lecythidaceae,<br />

Myristicaceae e Moraceae, enquanto que as famílias<br />

botânicas associadas às formações secundárias<br />

são aquelas relacionadas aos estágios sucessionais<br />

menos desenvolvidos deste tipo de floresta, tais<br />

como as famílias Euphorbiaceae, Annonaceae,<br />

Salicaceae e Arecaceae (Figura 4).<br />

As famílias Myrtaceae, Sapotaceae,<br />

Lecythidaceae e Violaceae apresentaram os maiores<br />

valores tanto de densidade quanto de área basal nas<br />

florestas primárias, Mata Alta ou Mata Ciliar (Figura<br />

3). As famílias Myristicaceae e Chrysobalanaceae<br />

foram especialmente abundantes na área de Mata<br />

Ciliar, assim como Moraceae e Arecaceae, que<br />

possuiram além de alta densidade, alta área basal.<br />

Apesar de presentes em todos os sistemas, as famílias<br />

Euphorbiaceae e Annonaceae foram especialmente<br />

importantes nas áreas secundárias, tanto pela alta<br />

densidade, como pela significativa área basal. Na<br />

área de capoeira após extração também se destacou<br />

a família Rutaceae pela área basal, sendo que na área<br />

de capoeira após queima, as famílias Salicaceae,<br />

Burseraceae e Caricaceae foram mais abundantes<br />

que nos outros sistemas (Figura 3).<br />

Os grupos funcionais do povoamento arbóreo:<br />

sucessão ecológica e esclerofilia<br />

A composição das espécies, segundo os<br />

estágios sucessionais em cada povoamento,<br />

mostrou que as espécies consideradas clímax<br />

e secundárias tardias (CL+ST) foram mais<br />

abundantes e, sobretudo, representadas por<br />

indivíduos de maior porte nas florestas primárias<br />

(MA e MC), correspondendo às menores<br />

densidades ao povoamento presente na floresta<br />

secundária após corte e queima (Figura 5).<br />

Em contrapartida, é nas florestas secundárias<br />

(SE e SQ) onde se encontraram os maiores efetivos<br />

de espécies classificadas como secundárias iniciais<br />

(SI), contudo, com indivíduos de menor tamanho<br />

que nas florestas primárias. As espécies pioneiras<br />

(PI) estiveram presentes tanto em maior número<br />

quanto com maiores indivíduos no povoamento SQ<br />

(Figura 5).<br />

Quando se comparam os grupos funcionais em<br />

relação ao grau de esclerofilia das folhas, ficam<br />

evidenciadas diferenças significativas entre os tipos<br />

de floresta (Figura 6).<br />

Figura 4: Resultados dos eixos 1 e 2 da Análise de Correspondência Destendenciada das dez famílias mais<br />

importantes (VC) nas amostras de florestas primárias – Mata Alta e Mata Ciliar - e secundárias - Mata SE: floresta<br />

secundária após extrativismo e Mata SQ: floresta secundária após corte e queima.<br />

110


GARAY ET AL.<br />

FORMAS DE HÚMUS<br />

Figura 5: Densidade, Área Basal e Valor de Cobertura<br />

dos grupos sucessionais das 30 espécies de maior<br />

VC nas amostras de florestas primárias – MA e MC -<br />

e secundárias – SE e SQ. CL: espécies climácicas; ST:<br />

espécies secundárias tardias; SI: espécies secundárias<br />

iniciais; PI: espécies pioneiras. As letras sobre os<br />

histogramas indicam os resultados das comparações<br />

pelo teste Tukey HSD após ANOVA. Letra a: diferença<br />

com MA; b: diferença com MC; c: diferença com SE.<br />

Figura 6: Densidade, Área Basal e Valor de Cobertura<br />

das espécies segundo o grau de esclerofilia das folhas<br />

das 25 espécies de maior VC nas amostras de florestas<br />

primárias – MA e MC - e secundárias – SE e SQ.<br />

Segundo dados publicados por Garay & Rizzini (2004).<br />

As letras sobre os histogramas indicam os resultados das<br />

comparações pelo teste Tukey HSD após ANOVA. Letra<br />

a: diferença com MA; b: diferença com MC; c: diferença<br />

com SE; d: diferença com SQ.<br />

Tabela 5: Conteúdo de nitrogênio (N) e valor do índice de esclerofilia (IE) das espécies arbóreas mais<br />

importantes nos sistemas de florestas primárias e de florestas secundárias da Floresta Atlântica de<br />

Tabuleiros na Reserva Natural Vale – Linhares/ES. Média 6 erro padrão. CL e ST: espécies climácicas e<br />

secundárias tardias; SI e PI: espécies secundárias iniciais e pioneiras. n = 25. Segundo dados publicados<br />

por Garay & Rizzini (2004). As letras correspondem a diferenças significativas com a ≥ 0,05, teste t com<br />

dados normalizados. Letra a: diferença com Mata Alta; b: diferença com Mata Ciliar; c: diferença com<br />

floresta secundária após extrativismo; d: diferença com floresta secundária após corte e queima.<br />

FLORESTAS PRIMÁRIAS<br />

FLORESTAS SECUNDÁRIAS<br />

Característica Mata Alta Mata Ciliar após após corte<br />

extrativismo e queima<br />

folhas N (%) 2,22 6 0,15 1,89 6 0,08 c 2,45 6 0,17 2,07 6 0,13<br />

CL e ST IE (g dm -2 ) 0,48 6 0,03 0,51 6 0,03 d 0,43 6 0,04 0,39 6 0,03<br />

folhas N (%) 2,92 6 0,22 1,99 6 0,36 ac 2,98 6 0,15 d 2,51 6 0,17<br />

SI e PI IE (g dm -2 ) 0,34 6 0,05 0,50 6 0,07 c 0,33 6 0,04 d 0,43 6 0,03<br />

folhas N (%) 2,44 6 0,14 1,90 6 0,08 acd 2,68 6 0,12 d 2,32 6 0,12<br />

25 espécies IE (g dm -2 ) 0,43 6 0,03 0,51 6 0,03 acd 0,38 6 0,03 0,41 6 0,02<br />

1 1 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

112<br />

As florestas primárias apresentam efetivamente<br />

maiores densidades e áreas basais de espécies<br />

esclerófilas, notadamente com respeito à floresta<br />

secundária após extrativismo seletivo, que por<br />

sua vez se caracteriza pela abundância das<br />

espécies com menor grau de esclerofilia, por<br />

exemplo, as não esclerófilas ou membranosas.<br />

Proporcionalmente, a floresta secundária após<br />

corte e queima mostra um povoamento dominado<br />

pelas espécies intermediárias, mas com presença<br />

significativa das espécies esclerófilas (Figura 6).<br />

Considerando conjuntamente os grupos<br />

sucessionais e o grau de esclerofilia das espécies,<br />

os resultados ressaltam as diferenças entre<br />

sistemas do grau de esclerofilia das espécies que<br />

é independente do grupo sucessional ao qual<br />

pertencem (Tabela 5). Aparece assim um gradiente<br />

de esclerofilia no sentido MC > SQ > MA >SE.<br />

Existe, por último, uma relação significativa<br />

inversa entre os conteúdos de nitrogênio e o grau de<br />

esclerofilia das espécies: sistemas mais esclerófilos<br />

apresentarão menores conteúdos de nitrogênio nas<br />

folhas, ou seja, maiores valores do quociente C ∕ N<br />

(Figura 7).<br />

Apesar da importante variabilidade tanto<br />

dos conteúdos de nitrogênio como do grau<br />

de esclerofilia, existe uma tendência geral nas<br />

diferentes famílias botânicas que explica, em<br />

parte, as diferenças entre sistemas. Assim, por<br />

exemplo, as Myrtaceae e Sapotaceae são em média<br />

esclerófilas, com IE = 0,57 6 0,05 e IE = 0,56 6<br />

0,05, respectivamente, enquanto que os valores<br />

Figura 7: Relação entre os conteúdos de nitrogênio e o<br />

grau de esclerofilia das folhas das 25 espécies de maior<br />

VC nas amostras de florestas primárias – Mata Alta e<br />

Mata Ciliar - e secundárias – floresta secundária após<br />

extrativismo e floresta secundária após corte e queima.<br />

N = 72; ***: a ≤ 0,001. Segundo dados publicados por<br />

Garay & Rizzini (2004).<br />

estimados para Fabaceae e Euphorbiaceae, que<br />

são iguais com IE = 0,32 6 0,04, correspondem<br />

a espécies não esclerófilas, ricas em nitrogênio.<br />

Outras famílias como Annonaceae, Moraceae e<br />

Violaceae apresentam características intermédias<br />

(Garay & Rizzini, 2004).<br />

As Formas de Húmus<br />

Estoques orgânicos e velocidade de<br />

decomposição dos aportes ao solo<br />

A Tabela 6 apresenta tanto os dados<br />

referentes às quantidades de restos foliares<br />

e galhos depositados sobre os horizontes<br />

pedológicos, como as estimativas dos aportes<br />

de matéria orgânica ao solo correspondentes à<br />

queda das folhas e de galhos finos. Nos sistemas<br />

MC e nas florestas SE e SQ, o acúmulo de<br />

camadas holorgânicas sobre o solo é da ordem<br />

de 50% superior ao da MA. Os maiores valores<br />

são observados na floresta secundária submetida<br />

a extrativismo (SE) e, em particular, no inverno.<br />

As quantidades superiores de matéria orgânica<br />

tanto na Mata Ciliar como nas florestas SE e SQ<br />

aparecem associadas à presença de uma camada<br />

mais profunda de restos foliares entremeados<br />

à matéria orgânica fina - a camada F2 -, mais<br />

importante no inverno, o que evidencia uma<br />

estrutura mais desenvolvida das camadas<br />

húmicas. Este acúmulo orgânico não pode ser<br />

atribuído às quantidades de matéria orgânica que<br />

chegam ao solo, já que a queda foliar ou é inferior<br />

ou similar à da Mata Alta (Tabela 6).<br />

No caso da Mata Alta, a quantidade aportada<br />

pela queda foliar é similar aos restos foliares<br />

acumulados na superfície do solo e, por<br />

conseguinte, o valor calculado da constante<br />

de decomposição k é de 1 ano -1 e o tempo de<br />

decomposição estimado em um ano. Para os<br />

outros sistemas, a velocidade de transformação<br />

dos aportes é menor e varia de um ano e meio<br />

até dois, no caso da Mata Ciliar (Tabela 6). A<br />

mesma tendência a menores velocidades de<br />

decomposição, tanto para a Mata Ciliar, como<br />

para as Florestas SE e SQ, quando comparadas<br />

com a Mata Alta foi, em geral, registrada para a<br />

fração dos galhos finos, com valores superiores<br />

de aportes somente no caso da floresta SE.<br />

Porém, em quase todos os casos, a velocidade


GARAY ET AL.<br />

FORMAS DE HÚMUS<br />

Tabela 6: Aportes foliares e de galhos finos ao solo e estoques de folhiço e biomassa de galhos nas camadas húmicas. Média ± erro padrão; n 1<br />

=n 2<br />

=n 3<br />

=12<br />

e n 4<br />

=10 no inverno; n 1<br />

=n 2<br />

=n 3<br />

=16 no verão. A última cifra dos valores estimados foi aproximada a 5 unidades. Os resultados do teste t correspondem às<br />

comparações com a Mata Alta; teste t realizado com dados normalizados. Letras diferentes significam diferenças significativas a a≤0,05.<br />

MATA ALTA MATA CILIAR FLORESTAS SECUNDÁRIA FLORESTAS SECUNDÁRIA<br />

(Após extrativismo) (Após corte e queima)<br />

Aportes orgânicos ao solo (Mg ha -1 ano -1 )<br />

Queda de folhas 4,00 ± 0,2 a 3,10 ± 0,19 b 4,10 ± 0,35 a 3,70 ± 0,18 a<br />

Queda de galhos finos 2,10 ± 0,1 a 2,20 ± 0,10 a 3,10 ± 0,10 b 2,40 ± 0,10 a<br />

Estoque de folhiços no solo (Mg ha -1 )<br />

Verão Inverno Verão Inverno Verão Inverno Inverno<br />

Camada L (folhas inteiras) 0,60 ± 0,10 a 0,90 ± 0,10 a 1,60 ± 0,20 b 1,50 ± 0,20 b 1,65 ± 0,20 b 2,00 ± 0,20 b 1,30 ± 0,10 b<br />

Camada F1 (fragmentos foliares) 3,40 ± 0,30 a 3,00 ± 0,30 a 3,30 ± 0,30 a 3,20 ± 0,30 a 3,35 ± 0,30 a 2,90 ± 0,25 a 3,50 ± 0,40 a<br />

Camada F2 (fragmentos foliares 1,10 1,80 ± 0,50 0,60 2,70 ± 0,50 1,50 ± 0,60<br />

e material fino)<br />

Camadas foliares (Total) 4,00 ± 0,30 a 3,90 ± 0,30 a 6,00 ± 1,30 b 6,50 ± 0,60 b 5,60 ± 0,60 b 7,60 ± 0,50 b 6,30 ± 0,70 b<br />

Galhos finos 2,30 ± 0,60 a 3,50 ± 0,70 a 2,40 ± 0,40 a 4,10 ± 1,50 a 5,10 ± 1,80 b 6,70 ± 0,80 b 5,90 ± 1,30 b<br />

Constante k de decomposição (aporte/estoque ano -1 )<br />

Camadas foliares 1,01 (12 meses) 0,50 (24 meses) 0,62 (19 meses) 0,59 (20 meses)<br />

Galhos finos 0,73 (16 meses) 0,68 (20 meses) 0,51 (24 meses) 0,41 (30 meses)<br />

1 1 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

de decomposição dos galhos é menor que a dos<br />

resíduos foliares, sem dúvida a causa da pobreza<br />

nutricional desta fração orgânica (Tabela 6).<br />

Quando se consideram as características<br />

químicas do folhiço menos descomposto - folhas<br />

inteiras da camada L - são evidenciadas fortes<br />

diferenças entre os sistemas estudados. A Mata<br />

Ciliar aparece como o sistema que possui os<br />

aportes mais pobres em nitrogênio, ou os maiores<br />

valores do quociente C/N, e que, portanto,<br />

permitem, a priori, predizer uma menor velocidade<br />

de decomposição. A floresta secundária após<br />

queima e corte apresenta características similares<br />

à Mata Ciliar. No total, estas diferenças podem<br />

ser associadas à maior esclerofilia do folhiço nos<br />

sistemas MC e floresta secundária SQ (ver Figura<br />

7), o que se contrapõe a restos foliares menos<br />

esclerófilos e, portanto, com valores menores de<br />

C/N presentes na MA e SE (Figura 8).<br />

Figura 8: Concentrações de nitrogênio (%N) e quociente<br />

C/N das folhas da camada L nos quatro sistemas de<br />

estudo. Teste U de Mann-Whitney; ***: a < 0,001; 0: a<br />

> 0,05 para n i<br />

= 3.<br />

Características pedológicas dos horizontes<br />

hemiorgânicos<br />

Duas características principais foram tomadas<br />

em consideração para o estudo dos horizontes<br />

pedológicos nas florestas primárias e secundárias: a<br />

primeira é a existência de pequenos agregados que<br />

apresentam, em geral, maiores concentrações de<br />

matéria orgânica e de nutrientes (Garay et al., 1995;<br />

Kindel & Garay, 2001). Parece assim adequado<br />

considerar separadamente, por um lado, as camadas<br />

Ai e o horizonte A e, por outra parte, a fração de<br />

mesoagregados e a fração fina particulada.<br />

Para o conjunto dos sistemas analisados, os<br />

resultados evidenciam a existência de um acúmulo<br />

de matéria orgânica e de nutrientes em Ai. Nesta<br />

camada do topo do solo, o C, N, P e as SB alcançam<br />

valores de até quatro ou cinco vezes superiores aos<br />

correspondentes ao horizonte A, indicando, sem<br />

dúvida, uma reciclagem superficial de nutrientes<br />

(Garay et al., 1995; Kindel & Garay, 2001).<br />

As Tabelas 7 e 8 apresentam os resultados<br />

relativos, por um lado, à fração fina e, por outro,<br />

à fração agregada. As estimativas obtidas não<br />

somente confirmam as duas características gerais<br />

evocadas acima dos solos sobre os tabuleiros, por<br />

exemplo, presença de mesoagregados e da camada<br />

Ai, mas evidenciam que este padrão estrutural e de<br />

estoque orgânico e de nutrientes não se encontra<br />

alterado nas florestas secundárias estudadas.<br />

As maiores diferenças são observadas entre<br />

os horizontes da Mata Alta e a Mata Ciliar que<br />

possui não somente maiores conteúdos de matéria<br />

orgânica, mas, sobretudo, os valores mais baixos de<br />

nutrientes e, em consequência de SB e de %V. Ao<br />

caráter marcadamente oligotrófico dos horizontes<br />

pedológicos da Mata Ciliar se opõe a relativa<br />

riqueza em bases de troca da Mata Alta e, ainda, da<br />

floresta secundária após extrativismo seletivo (SE).<br />

Entretanto, o mesmo padrão nutricional encontrase<br />

igualmente nos solos da floresta secundária<br />

após corte e queima de árvores, embora com<br />

valores inferiores de SB e de %V. As diferenças<br />

associadas com esse padrão entre sistemas são<br />

mais importantes que as variações estacionais e<br />

concerne tanto à fração de terra fina, quanto aos<br />

agregados (Tabela 7 e Tabela 8).<br />

Dentre as bases de troca, o Ca 2+ representa<br />

da ordem de 70% a 80% da soma de bases (SB),<br />

exceto no caso da Mata Ciliar e, notadamente, para<br />

o horizonte A, com menos de 35% de Ca 2+ . Os<br />

valores de pH parecem acompanhar as quantidades<br />

de Ca 2+ trocável: são, com efeito, os solos sob a<br />

114


GARAY ET AL.<br />

FORMAS DE HÚMUS<br />

Tabela 7: Características da fração fina dos horizontes pedológicos - camada de interface Ai (0 - 2 cm)<br />

e horizonte A (2 - 12cm) - dos solos das florestas primárias – Mata Alta e Mata Ciliar- e secundárias<br />

- após extrativismo e após corte e queima - da Reserva Natural Vale. Média ± erro padrão. C: carbono<br />

orgânico; N: nitrogênio; P: fósforo assimilável; SB: soma de bases; CTC: capacidade de troca catiônica;<br />

%V: saturação em bases. Comparação entre a Mata Alta e os outros sistemas: teste t; 0: diferença não<br />

significativa; *: a


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 8: Características da fração agregada dos horizontes pedológicos - camada de interface Ai (0 - 2<br />

cm) e horizonte A (2 -12cm)- dos solos das florestas primárias – Mata Alta e Mata Ciliar- e secundárias<br />

da Reserva Mata Alta e Mata Ciliar- e secundárias - após extrativismo e após corte e queima - da Reserva<br />

Natural Vale. Média ± erro padrão. C: carbono orgânico; N: nitrogênio; P: fósforo assimilável; SB: soma de<br />

bases; CTC: capacidade de troca catiônica; %V: saturação em bases. Comparação entre a Mata Alta e os<br />

outros sistemas: teste t; 0: diferença não significativa; *: a


GARAY ET AL.<br />

FORMAS DE HÚMUS<br />

Mata Ciliar os que apresentam um maior caráter<br />

ácido e os menores conteúdos de Ca 2+ . Em todos<br />

os casos os valores de C ∕ N correspondem a um<br />

húmus de tipo mull (Tabela 7 e Tabela 8).<br />

O conjunto das informações referentes aos<br />

conteúdos de bases de troca e os respectivos pesos<br />

de agregados e fração fina permitem estimar os<br />

estoques de nutrientes do complexo sortivo: a Mata<br />

Ciliar é sem dúvida o sistema mais pobre, quando<br />

comparado com a Mata Alta, tanto com respeito<br />

à SB, quanto aos conteúdos de Ca 2+ . O contrário<br />

se verifica no caso da floresta SE, com os maiores<br />

valores tanto de SB, quanto de Ca 2+ (Figura 9).<br />

Os cations Mg 2+ , Na + e K + apresentam<br />

quantidades similares nos quatro sítios de estudo e<br />

com valores da ordem de sete a dez vezes menores<br />

que os de Ca 2+ . Os valores relativos à dispersão<br />

dos dados entre as estações – verão e inverno -<br />

representados acima dos histogramas (1∕2 erro<br />

padrão) mostram uma relativa estabilidade sazonal.<br />

As raízes finas no perfil húmico<br />

Apesar das quantidades totais apresentam<br />

valores similares, a distribuição de raízes finas nas<br />

camadas húmicas não difere entre os sistemas<br />

estudados: os solos das florestas secundárias<br />

mantêm proporções similares entre a camada Ai<br />

e o horizonte A. Desta forma, pode ser postulado<br />

que a capacidade de absorção de nutrientes dos<br />

horizontes superficiais não está drasticamente<br />

alterada nas florestas secundárias (Figura 10).<br />

Merece ser assinalado que as quantidades<br />

de raízes representam um estoque orgânico de<br />

importância quantitativa similar aos estoques de<br />

folhiço. Ainda, as menores quantidades de raízes<br />

finas na camada Ai não dizem respeito à maior<br />

densidade aí presente: a profundidade dessa<br />

camada é da ordem de 4 a 5 vezes inferior que o<br />

horizonte A amostrado.<br />

DISCUSSÃO<br />

Classificação das formas de húmus nos sistemas<br />

primários –MA e MC- e secundários –SE e SQ<br />

Os perfis húmicos correspondentes às florestas<br />

primárias e às florestas secundárias SE e SQ estão<br />

representados na Figura 11. Parece interessante<br />

incluir resultados publicados referentes à Mata<br />

de Muçununga e à Mata Alta em estudo anterior,<br />

a fim de completar as informações referentes<br />

às florestas primárias. Com base na classificação<br />

morfofuncional proposta pela Associação Francesa<br />

Figura 9: Estoques de nutrientes do complexo sortivo nos horizontes superficiais do solo Ai e A (0 -12cm) em<br />

florestas primárias e secundárias da Floresta Atlântica de Tabuleiros na Reserva Vale – Linhares, ES. SB: soma de<br />

bases; Ca++: cálcio trocável; Mg++: magnésio trocável; K+: potássio trocável; Na+: sódio trocável. SE: floresta<br />

secundária após extrativismo seletivo; SQ: floresta secundária após corte e queima.<br />

1 1 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

de Ciência do Solo (Berthelin et al., 1994), as<br />

formas de húmus estudadas correspondem ao<br />

tipo mull tropical, tal como previamente definidos<br />

por Garay et al. (1995) e Kindel & Garay (2001;<br />

2002). Devem, com efeito, ser consideradas três<br />

Figura 10: Quantidades de raízes finas no perfil húmico<br />

nas amostras de florestas primárias – Mata Alta e Mata<br />

Ciliar - e secundárias.<br />

características: 1) contato direto entre os restos<br />

foliares e um horizonte ou camada orgânico-mineral<br />

subjacente (sem presença de um horizonte H de<br />

matéria orgânica amorfa); 2) relação C/N baixa, por<br />

exemplo, menor que 15, no horizonte A; 3) presença<br />

de um horizonte Ai de interface onde se acumulam<br />

a matéria orgânica e os nutrientes, com abundância<br />

de raízes finas, no topo do solo. Por fim, as camadas<br />

de restos foliares pouco espessas revelam uma<br />

velocidade de decomposição relativamente rápida<br />

dos aportes orgânicos, o que é próprio dos húmus<br />

tipo mull. Entretanto, os resultados permitem ainda<br />

classificar um mull tropical mesotrófico, com ao<br />

redor de 50% de V para a Mata Alta e a floresta<br />

secundária após extrativismo seletivo, que se<br />

distingue do mull tropical oligotrófico presente no<br />

solo da Mata Ciliar, com valores inferiores a 15% de<br />

V (Figura 11).<br />

Os estoques de matéria orgânica e os valores<br />

de C, N e bases de troca se mantêm relativamente<br />

estáveis entre as amostragens de verão e inverno<br />

em todos os sítios de estudo, o que evidencia certa<br />

estabilidade nas formas de húmus estudadas. No<br />

Figura 11: Perfis húmicos das florestas primárias e secundárias da Reserva Florestal Vale. As superfícies das camadas<br />

húmicas e do horizonte A são proporcionais às quantidades de matéria orgânica. Para a Mata de Muçununga e a<br />

Mata Alta (1), os dados correspondem a Garay et al. (1995).<br />

118


GARAY ET AL.<br />

FORMAS DE HÚMUS<br />

que diz respeito à Mata Alta, os valores obtidos são<br />

da mesma ordem que estimativas correspondentes<br />

a outros anos e em diferentes sítios da Reserva<br />

Natural Vale (ver também Garay et al., 1995; Kindel<br />

& Garay, 2002), de acordo com a hipótese de que<br />

as formas de húmus são estáveis em ecossistemas<br />

não perturbados (Duchaufour & Toutain, 1985).<br />

Uma forma de húmus fortemente contrastante<br />

foi caracterizada para a denominada Mata de<br />

Muçununga (Garay et al., 1995). Trata-se de um<br />

húmus tipo moder com significativo acúmulo de<br />

matéria orgânica amorfa na camada H, alto acúmulo<br />

de resíduos foliares fragmentados ou camada F,<br />

baixa %V e quociente C/N alto. Pode se deduzir uma<br />

lenta velocidade de decomposição neste sistema.<br />

O confronto com o húmus moder da Muçununga<br />

permite apreciar melhor a semelhança entre os<br />

húmus das florestas secundárias e a Mata Alta, o<br />

conjunto dos sistemas recobrindo os sedimentos<br />

Barreiras e sobre o mesmo tipo de solo Argissolo<br />

Vermelho-amarelo.<br />

Se for assumida a hipótese de que as<br />

propriedades do solo são similares entre a Mata Alta<br />

e nas florestas SE e SQ, pode-se considerar que a<br />

intervenção antrópica sofrida por estes sistemas<br />

representa a causa última da menor velocidade de<br />

decomposição dos horizontes holorgânicos. Pelo<br />

contrário, para a Mata Ciliar, a proximidade da água<br />

representa um fator de variação suplementar que<br />

determina, sem dúvida, diferenças nos horizontes<br />

pedológicos e, em particular, uma maior pobreza<br />

nutricional, a que associada às maiores quantidades<br />

de matéria orgânica, determina baixos valores de<br />

saturação em bases.<br />

Quanto às raízes incorporadas no perfil húmico, as<br />

biomassas não mostram modificações significativas<br />

ligadas a áreas de extrativismo (Garay et al.,<br />

2008). Apesar da acumulação orgânica no topo<br />

do solo, a similitude morfológica e química destas<br />

formas de húmus deixa considerar que, do ponto de<br />

vista do subsistema de decomposição, as florestas<br />

secundárias manifestam uma sustentabilidade<br />

funcional.<br />

As florestas primárias: Mata Alta e Mata<br />

Ciliar<br />

Os povoamentos florestais estudados<br />

apresentaram diferenças marcantes com relação,<br />

em primeiro lugar, à sua composição e estrutura. Em<br />

segundo lugar, as diferenças concernem igualmente<br />

à organização funcional que diz respeito, tanto aos<br />

grupos sucessionais, quanto ao grau de esclerofilia<br />

das populações que compõem o mosaico florestal.<br />

Se em grande parte tais diferenças são derivadas<br />

das interações próprias entre as populações<br />

biológicas e da heterogeneidade dos fatores<br />

mesológicos como o clima, geomorfologia ou solo,<br />

distúrbios naturais e antrópicos constituem fatores<br />

últimos do determinismo das populações presentes<br />

e, portanto, do funcionamento de fácies florestais<br />

distintas (Holdsworth & Uhl, 1997; Philips, 1997;<br />

Laurance et al., 2000; Lavorel & Garnier, 2002).<br />

Considerando o conjunto dos resultados, as<br />

maiores diferenças opõem a Mata Alta à Mata<br />

Ciliar, apesar de compartilharem características de<br />

matas primárias, em decorrência, notadamente, da<br />

estrutura sucessional que apresenta significativa<br />

dominância relativa, densidade e área basal de<br />

espécies consideradas clímax ou secundárias tardias.<br />

O histórico das manchas florestais analisadas, que<br />

exclui impactos antrópicos nas últimas décadas, apóia<br />

os resultados obtidos. Entretanto, duas propriedades<br />

associadas marcam as folhas das espécies presentes<br />

na Mata Ciliar: apesar de pertencer à mesma<br />

categoria sucessional que a Mata Alta, a importante<br />

esclerofilia representa uma característica distintiva<br />

dessas espécies, propriedade que se encontra<br />

associada às baixas concentrações de nitrogênio do<br />

material foliar. Ainda, a estrutura taxonômica explica,<br />

em grande parte, estas propriedades já que as famílias<br />

Myristicaceae, Chrysobalanaceae e Sapotaceae são<br />

especialmente dominantes, assim como Moraceae<br />

e Arecaceae, famílias que englobam espécies<br />

arbóreas perenifólias, com grau de esclerofilia<br />

significativo. Haja vista as condições particulares de<br />

encharcamento e da possível lixiviação de nutrientes<br />

do solo por cursos d’água, o grau de esclerofilia<br />

poderia representar uma resposta adaptativa à<br />

heterogeneidade do hábitat que leva à seleção<br />

de determinadas populações (Garay & Rizzini,<br />

2004). Segue-se, em consequência, uma menor<br />

produtividade do ecossistema (Eamus, 1999), assim<br />

como uma menor velocidade do subsistema de<br />

decomposição, com acúmulo de matéria orgânica<br />

nos horizontes superficiais. Contudo, o maior<br />

acúmulo orgânico se produz no horizonte A que<br />

contem mais de 70% de matéria orgânica na Mata<br />

Ciliar que na Mata Alta (20 Mg. ha -1 na MA versus<br />

1 1 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

120<br />

34 Mg. ha -1 na MC) (ver Figura 11).<br />

Na Mata Alta, existe uma maior abundância e<br />

dominância de famílias características da Floresta<br />

de Tabuleiros tais como Myrtaceae, Sapotaceae<br />

e Lecithydaceae, com uma distribuição mais<br />

equitativa entre os grupos funcionais com espécies<br />

esclerófilas de menor conteúdo de nitrogênio,<br />

outras da categoria intermediária, ou seja, menos<br />

esclerófilas e com maior conteúdo de nitrogênio<br />

foliar e, todavia, espécies de alto conteúdo de<br />

nitrogênio e não esclerófilas. Os aportes foliares<br />

e o folhiço acumulado refletem a riqueza nutritiva<br />

do material foliar, o que induz uma rápida<br />

transformação das folhas que recobrem o solo.<br />

As florestas secundárias após impactos<br />

antrópicos<br />

Em florestas que sofreram estrativismo e em<br />

florestas que sofreram queima ou corte, os sistemas<br />

manifestam a mesma modificação: são as espécies<br />

secundárias inicias que predominam na composição<br />

do dossel (Rolim et al., 2006). Trata-se, assim, de<br />

verdadeiros sistemas secundários que possuem<br />

baixo número de espécies clímax ou secundárias<br />

tardias.<br />

Do ponto de vista da estrutura da comunidade<br />

arbórea, a diminuição dos valores de densidade,<br />

área basal e riqueza é esperada em florestas<br />

antropicamente impactadas (Oliveira 2002;<br />

Rodrigues, 2004). Porém, nosso trabalho<br />

demonstra que nem todos os sistemas apresentam<br />

modificações idênticas, nem da composição das<br />

espécies, nem de todos os parâmetros de estrutura<br />

da floresta. Após várias décadas de haver sido<br />

exercido um forte impacto extrativista na parcela<br />

florestal SE, a riqueza de espécies e as densidades<br />

são comparáveis às da Mata Primária mas nem<br />

a estrutura nem a composição floristica foram<br />

conservadas ou recuperadas e, ainda menos, as<br />

características funcionais das espécies. A diminuição<br />

dos valores de área basal com respeito à Mata Alta<br />

permite inferir que houve seleção na supressão<br />

dos indivíduos de maior diâmetro, resultando em<br />

uma comunidade arbórea com indivíduos menores.<br />

Inclusive, são as espécies esclerófilas que estão<br />

fortemente diminuídas com respeito à Mata Alta<br />

o que supõe que foram extraídas as espécies de<br />

lenho duro, segundo a simples equação folhas<br />

duras, lenho duro.<br />

Aparece então uma significativa abundância<br />

de Fabaceae e Euphorbiaceae, conformando<br />

uma comunidade arbórea de espécies<br />

predominantemente não esclerófilas, ricas em<br />

nitrogênio e nutrientes, especialmente Ca. As<br />

quantidades de matéria orgânica e nitrogênio do<br />

solo são importantes, assim como as quantidades<br />

de bases trocáveis. Desde o ponto de vista<br />

funcional, a floresta SE se assemelha mais à Mata<br />

Alta que à floresta SQ. Entretanto, a velocidade de<br />

decomposição é mais lenta, o que poderia ser graças<br />

à importante queda de galhos, que contribuem para<br />

o acúmulo de matéria orgânica no topo do solo.<br />

No caso da mata após corte e queima, nota-se,<br />

sobretudo, uma menor densidade de indivíduos e<br />

uma menor riqueza de espécies que nos outros<br />

sistemas. Pode-se considerar a hipótese de que<br />

este sistema foi afetado com relação à menor<br />

disponibilidade de nutrientes para regeneração<br />

e na pouca disponibilidade de propágulos de<br />

espécies (Taylor et al., 2013). Do ponto de vista<br />

da esclerofilia, as espécies secundárias iniciais ali<br />

presentes apresentam um caráter intermediário<br />

e também esclerófilo e, portanto, folhas<br />

relativamente pobres em nitrogênio, o que explica<br />

a menor velocidade de decomposição dos aportes<br />

em relação à floresta secundária após extrativismo.<br />

Como nos casos precedentes, a propriedade das<br />

folhas encontra-se em relação estreita com a<br />

composição taxonômica e, em particular, com<br />

as famílias dominantes. Neste caso, as famílias<br />

em questão são Annonaceae, Euphorbiaceae, ou,<br />

ainda, Moraceae, Arecaceae e Salicaceae, ou seja,<br />

famílias cujas espécies apresentam certo grau<br />

de esclerofilia que possibilita a colonização do<br />

substrato sem cobertura vegetal. Comparada com<br />

a floresta secundária após extrativismo seletivo,<br />

a predominância de espécies com maior grau de<br />

esclerofilia como resposta à luminosidade direta,<br />

por um lado, e a um possível empobrecimento do<br />

solo consecutivo à queima, por outro, não pode ser<br />

descartada como fator determinante da seleção<br />

adaptativa das populações arbóreas. Todavia, a<br />

característica comum às florestas secundárias é,<br />

por um lado, a menor decomposição dos aportes<br />

foliares e, por outro, o acúmulo de matéria orgânica<br />

nos horizontes orgânico-minerais Ai e A, em relação<br />

à Mata Alta, com 28 to ha -1 e 27 to ha -1 no sistema<br />

SE e SQ, respectivamente (ver Figura 11).


GARAY ET AL.<br />

FORMAS DE HÚMUS<br />

CONCLUSÃO GERAL<br />

Em áreas de Floresta Atlântica impactadas pelo<br />

homem, a substituição de espécies consideradas<br />

secundárias tardias ou clímax por aquelas próprias<br />

de início de sucessão, com as respectivas mudanças<br />

nas características funcionais das populações<br />

arbóreas, encontra-se amplamente documentada<br />

(Neves, 1999; Tabarelli et al., 1999; Oliveira, 2002;<br />

Oliveira-Filho et al., 2005; Rolim et al., 2006;<br />

Villela, 2006; Carvalho et al., 2007; Christo et al.,<br />

2009; Finotti et al., 2012). Entretanto. os efeitos<br />

de tal substituição em relação aos processos<br />

ecossistêmicos são raramente avaliados, apesar<br />

de que em teoria é recomendado relacionar<br />

diferentes tipos de indicadores numa perspectiva<br />

de integração hierárquica dos níveis de espécies e<br />

de comunidade até o ecossistema (Garay, 2001;<br />

Simberloff, 1998; Ehrenfeld & Toth, 1997).<br />

Em conclusão, os resultados mostram que a<br />

compreensão da estrutura e do funcionamento de<br />

um mosaico florestal, constituído por diferentes<br />

tipos de floresta primária e parcelas resultantes de<br />

diferentes impactos antrópicos, deve ser baseada<br />

no estudo das interações entre a vegetação e o<br />

solo, a fim de caracterizar e validar indicadores<br />

ecossistêmicos. Assim, os mecanismos de<br />

decomposição da matéria orgânica e a qualidade<br />

do folhiço e sua evolução, com consequência direta<br />

sobre a reciclagem de nutrientes (Anderson &<br />

Swift, 1983; Aerts, 1997; Baillie et al., 2006) são<br />

altamente dependentes da composição e estrutura<br />

das comunidades arbóreas e de suas características<br />

funcionais.<br />

Nesta perspectiva, o subsistema decompositor<br />

e, sobretudo, as formas de húmus, apoiam<br />

a hipótese da sustentabilidade funcional dos<br />

ecossistemas emergentes após algumas décadas<br />

de serem impactados pelas atividades humanas.<br />

No total, guardadas as limitações impostas por<br />

estudos pontuais, a variabilidade de fácies florestais<br />

determinadas por fatores mesológicos ou, inclusive,<br />

antrópicos parece levar a uma maior expressão da<br />

diversidade funcional do conjunto das populações<br />

arbóreas.<br />

Em linhas gerais, as denominadas florestas<br />

secundárias aqui estudadas, podem ser<br />

consideradas como ecossistemas emergentes:<br />

nem o tempo de uma suposta sucessão que<br />

alcança o estágio clímax nem a total substituição<br />

das populações pioneiras ou secundárias iniciais<br />

pelas espécies ameaçadas de extinção que foram<br />

extraídas podem ser preditos. Porém, em termos<br />

de conservação da biodiversidade, esses sistemas<br />

possibilitam uma maior expressão genética de<br />

espécies pioneiras e, sobretudo, secundárias<br />

iniciais com significativo potencial para ações de<br />

recuperação de áreas degradadas e restauração<br />

florestal.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

O presente trabalho foi financiado pelo Probio -<br />

Ministério do Meio Ambiente, Faperj, CNPq, Capes<br />

e UFRJ. Somos especialmente gratos ao Dr. Bráulio<br />

de Souza Dias assim como ao Prof. Dr. Robert<br />

Barbault (in memoriam) pelo apoio intelectual<br />

dado a nossa pesquisa. Agradecemos igualmente à<br />

Companhia Vale pelo apoio outorgado durante anos,<br />

por meio de seus funcionários e responsáveis e,<br />

em particular, ao Eng. Dr. Renato Moraes de Jesus.<br />

Nosso agradecimento se estende igualmente aos<br />

numerosos alunos de mestrado e iniciação científica<br />

que de diversas maneiras participaram de nossa<br />

pesquisa. Gostaríamos de agradecer igualmente aos<br />

revisores que possibilitaram melhorar o manuscrito.<br />

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124


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145-151.<br />

1 2 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Anexo: Lista das 30 espécies mais importantes nas amostras das florestas primárias e secundárias.<br />

número de coleção no Herbário CVRD; abreviação e grupo sucessional. PI: espécies pioneiras; SI: espécies<br />

secundárias iniciais; ST: espécies secundárias tardias; CL: espécies climácicas.<br />

126<br />

Família Herbário Abreviação Grupo<br />

CVRD<br />

ACHARIACEAE<br />

Carpotroche brasiliensis (Raddi.) A. Gray 327 CARBRA CL<br />

ANACARDIACEAE<br />

Astronium concinnum (Engl.) Schott 153 ASTCON SI<br />

Spondias cf. macrocarpa Engl. 86 SPOMAC SI<br />

Spondias venulosa Mart. ex Engl. 85 SPOVEN SI<br />

ANNONACEAE<br />

Guatteria sellowiana Schltdl. 300 GUASEL SI<br />

Annona dolabripetala Raddi 301 ANNNEO SI<br />

APOCYNACEAE<br />

Geissospermum laeve (Vell.) Baill. 282 GEILAE CL<br />

ARALIACEAE<br />

Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyermark & Frodin 175 SCHMOR PI<br />

ARECACEAE<br />

Astrocaryum aculeatissimum (Schott) Burret 506 ASTACU CL<br />

Allagoptera caudescens (Mart.) Kuntze 509 ALLCAU SI<br />

BIGNONIACEAE<br />

Handroanthus riodocensis A. Gentry 195 HANRIO SI<br />

BORAGINACEAE<br />

Cordia ecalyculata Vell. 140 CORECA SI<br />

BURSERACEAE<br />

Protium heptaphyllum (Aubl.) March. subsp. heptaphyllum 76 PROHEP SI<br />

Protium aff. warmingianum March. 12 PROWAR ST<br />

CARICACEAE<br />

Jacaratia heptaphylla (Vell.) A. DC. 230 JACHEP SI<br />

Jacaratia spinosa (Aubl.) A. DC. 229 JACSPI PI<br />

CARYOCARACEAE<br />

Caryocar edule Casar. 291 CAREDU ST<br />

CHRYSOBALANACEAE<br />

Couepia schottii Fritsch 250 COUSCH CL<br />

COMBRETACEAE<br />

Terminalia mameluco Pickel 286 TERMAM SI<br />

EUPHORBIACEAE<br />

Brasiliocroton mamoninha P.E.Berry & Cordeiro 232 BRAMAM SI<br />

Caryodendron janeirense Müll.Arg. 10 CARJAN ST<br />

Glycydendron amazonicum Ducke 141 GLYAMA SI<br />

Joannesia princeps Vell. 71 JOAPRI PI<br />

Sapium glandulosum (L.) Morong 418 SAPGLA SI<br />

Sebastiania discolor (Spreng.) Müll. Arg. 498 SEBDIS ST<br />

Senefeldera multiflora Mart. 331 SENMUL CL<br />

FABACEAE<br />

Dalbergia nigra (Vell.) Allemao ex Benth. 204 DALNIG SI<br />

Dialium guianense (Aubl.) Sandwith 208 DIAGUI ST<br />

Dimorphandra jorgei M.F. Silva 281 DIMJOR SI<br />

Goniorrhachis marginata Taub. 166 GONMAR ST<br />

Inga striata Benth. 183 INGSTR SI<br />

Lonchocarpus cultratus (Vell.) Az.- Tozzi & H.C. Lima 262 LONCUL SI<br />

Machaerium fulvovenosum H.C.Lima 205 MACFUL ST<br />

Moldenhawera papillanthera L.P.Queiroz, G.P.Lewis & R.Allkin 84 MOLPAP SI<br />

Parkia pendula (Willd.) Benth. 218 PARPEN SI<br />

Pseudopiptadenia contorta (DC.) G.P.Lewis & M.P.M.de Lima 24 PSECON SI<br />

Pterocarpus rohrii Vahl. 283 PTEROH SI<br />

Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose 23 SENPOL SI<br />

Swartzia apetala var. glabra (Vogel) R.S.Cowan 395 SWAAPE CL<br />

LAURACEAE<br />

Ocotea elegans Mez 439 OCOELE CL<br />

LECYTHIDACEAE<br />

Cariniana legalis (Mart.) Kuntze. 215 CARLEG ST


GARAY ET AL.<br />

FORMAS DE HÚMUS<br />

Eschweilera cf. ovata (Cambess.) Miers. 178 ESCOVA ST<br />

Lecythis lanceolata Poir. 325 LECLAN CL<br />

Lecythis lurida (Miers) S.A.Mori 193 LECLUR CL<br />

MALPIGHIACEAE<br />

Byrsonima stipulacea (Juss.) Nied. 256 BYRSTI PI<br />

MALVACEAE<br />

Eriotheca macrophylla (K. Schum.) A. Robyns 179 ERIMAC SI<br />

Hydrogaster trinervis Kuhlm. 72 HYDTRI SI<br />

Pavonia calyculosa St.-Hilaire & Naudin 9 PAVCAL PI<br />

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Robyns 272 PSEGRA SI<br />

Quararibea penduliflora (A.St.Hil.) K. Schum. 313 QUAPEN CL<br />

Sterculia speciosa Ducke 176 STESPE CL<br />

MELIACEAE<br />

Cedrela odorata Linn. 118 CEDODO SI<br />

Trichilia casaretti C.DC. 449 TRICAS CL<br />

MORACEAE<br />

Brosimum glaucum Taub. 220 BROGLA ST<br />

Brosimum guianense (Aubl.) Huber 353 BROGUI CL<br />

Ficus gomelleira Klunth & Bouche 243 FICGOM SI<br />

Helicostylis tomentosa (Poep. et Endl.) Rusby 207 HELTOM ST<br />

Naucleopsis oblongifolia (Kuhlm.) Carauta 53 NAUOBL CL<br />

Pourouma guianensis Aubl. subsp. guianensis 352 POUGUI CL<br />

Sorocea guilleminiana Gaudich. 139 SORGUI CL<br />

MYRISTICACEAE<br />

Virola gardneri (A.DC.) Warb. 69 VIRGAR CL<br />

Virola bicuhyba (Schott ex Spreng.) Warb. 70 VIRBIC CL<br />

MYRTACEAE<br />

Calyptranthes lucida var. polyantha (Berg) C.D.Legrand 499 CALLUC CL<br />

Campomanesia espiritosantensis Landrum 391 CAMESP CL<br />

Eugenia excelsa O.Berg 64 EUGEXC ST<br />

Eugenia fusca O.Berg 64 EUGFUS ST<br />

Eugenia platyphylla O.Berg 366 EUGPLA CL<br />

Plinia involucrata (Berg) McVaugh. 206 PLIINV ST<br />

NYCTAGINACEAE<br />

Guapira opposita (Vell.) Reitz 216 GUAOPP SI<br />

Pisonia aff. ambigua Heimerl 237 PISAMB SI<br />

RUTACEAE<br />

Galipea cf. laxiflora Engl. 155 GALLAX CL<br />

Neoraputia alba (Nees & Mart.) Emmerich 37 NEOALB CL<br />

Ravenia infelix Vell. 269 RAVINF CL<br />

SALICACEAE<br />

Banara brasiliensis (Schott) Benth. 426 BANBRA SI<br />

Casearia commersoniana Cambess. 421 CASCOM CL<br />

SAPINDACEAE<br />

Cupania cf. scrobiculata L.C. Rich. 88 CUPSCR CL<br />

Pseudima frutescens (Aubl.) Radlk. 523 PSEFRU CL<br />

SAPOTACEAE<br />

Chrysophyllum aff. januariense Eichler 381 CHRJAN CL<br />

Chrysophyllum gonocarpum ( Mart. & Eichler ex Miq. ) Engl. 54 CHRGON CL<br />

Ecclinusa ramiflora Mart. 2 ECCRAM ST<br />

Manilkara bella Monach. 275 MANBEL CL<br />

Manilkara salzmannii (A.DC.) H.J.Lam 240 MANSAL CL<br />

Micropholis aff. gnaphaloclados Pierre 109 MICGNA CL<br />

Micropholis crassipedicellata (Mart. & Eichler.) Pierre 130 MICCRA CL<br />

Pouteria aff. guianensis Aubl. 59 POUGUI CL<br />

Pouteria butyrocarpa (Kuhlm.) T.D.Penn. 234 POUBUT CL<br />

Pouteria coelomatica Rizzini 3 POUCOE ST<br />

OLACACEAE<br />

Schoepfia brasiliensis A. DC. 341 SCHOBL CL<br />

SIMAROUBACEAE<br />

Simaruba amara Aubl. 114 SIMAMA SI<br />

VIOLACEAE<br />

Rinorea bahiensis (Moric.) Kuntze 334 RINBAH CL<br />

1 2 7


128<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

8<br />

EFEITO DE BORDA NA FUNCIONALIDADE<br />

DOS GRANDES FRAGMENTOS DE<br />

FLORESTA DE TABULEIRO DO NORTE DO<br />

ESPÍRITO SANTO<br />

Luiz Fernando Silva Magnago, Fabio Antonio Ribeiro Matos, Sebastião Venâncio<br />

Martins, João Augusto Alves Meira Neto & Eduardo van den Berg<br />

INTRODUÇÃO<br />

Quando pensamos na Floresta Atlântica<br />

brasileira, as primeiras coisas que lembramos<br />

são da elevada riqueza de espécies que se pode<br />

encontrar e o quão desmatado está esse domínio<br />

fitogeográfico (ver Ribeiro et al., 2009). Na<br />

Floresta Atlântica é possível encontrar mais de<br />

380 espécies arbóreas em apenas um hectare<br />

de floresta (Saiter et al., 2011). Em decorrência<br />

do desmatamento, toda essa riqueza de espécies<br />

está confinada em apenas 11,26% de cobertura<br />

florestal remanescente, da qual 80% dos<br />

fragmentos são menores que 50 hectares (Ribeiro<br />

et al., 2009). Muitas vezes as paisagens estão<br />

fragmentadas a ponto de impactar severamente a<br />

riqueza de espécies existentes (p. ex. Pardini et al.,<br />

2010), fazendo com que florestas mega diversas<br />

como a Floresta Atlântica esteja entre as mais<br />

ameaçadas do planeta (Fonseca et al., 2004),<br />

figurando entre os “hotspots” de diversidade<br />

propostos por Myers et al. (1999).<br />

Estudar as alterações na riqueza e composição<br />

de espécies em função dos efeitos da criação<br />

de bordas e/ou, da redução dos tamanhos<br />

dos fragmentos tem sido um dos temas mais<br />

relevantes em estudos sobre florestas tropicais<br />

(Laurance et al., 2002; Tabarelli et al., 2010;<br />

Pardini et al., 2010; Pütz et al., 2011), uma vez<br />

que dados embasados na identidade taxonômica<br />

das espécies revelam informações sobre as<br />

interações entre as espécies e as mudanças do<br />

ambiente (Macarthur, 1972; Grime 2001; Tilman,<br />

1982; Magurran, 2004), sendo utilizados para<br />

indicar áreas relevantes para conservação (Myers,<br />

1988; Hill et al., 2003; Edwards et al., 2011).<br />

Entretanto, as informações embasadas<br />

unicamente na identidade taxonômica mostramse<br />

incompletas para demonstrar as mudanças na<br />

biodiversidade relacionadas ao ambiente, pois não<br />

levam em conta aspectos biológicos e funcionais<br />

das espécies, sendo insuficientes para explicar os<br />

processos ecossistêmicos (Villéger et al., 2010).<br />

O estudo da fragmentação pode ser complexo em<br />

razão de uma ampla gama de variáveis ambientais,<br />

como atributos microclimáticos e do solo e do<br />

histórico de uso da paisagem, além de aspectos<br />

intrínsecos de cada ecossistema, como aqueles<br />

relacionados à dinâmica florestal e às interações<br />

biológicas (Murcia et al., 1995; Laurance et al.,<br />

2002; Fahrig, 2003; Harper, et al., 2005). Desta<br />

forma, o uso de metodologias que levam em conta<br />

o papel funcional das espécies no ambiente, e não<br />

apenas seu caráter taxonômico, pode auxiliar as<br />

interpretações das relações ecológicas existentes<br />

(Chapin, 2003).<br />

1 2 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

130<br />

Há muitos estudos que tratam dos efeitos da<br />

fragmentação e da perda de habitat, porém, em<br />

sua grande maioria, tais estudos têm foco nos<br />

efeitos sobre a diversidade taxonômica (Laurance<br />

et al., 2006; Arroyo-Rodrigues et al., 2009).<br />

Mais recentemente, há um crescente interesse na<br />

diversidade filogenética e funcional (Cianciaruso et<br />

al., 2009; Gastauer & Meira-Neto, 2013). Aqui,<br />

iremos nos concentrar nos efeitos da perda de habitat<br />

sobre a diversidade funcional em remanescente de<br />

floresta tropical de elevada diversidade, evidenciando<br />

que esta abordagem se mostra adequada para<br />

entendermos mais profundamente os efeitos da<br />

fragmentação (p. ex. efeitos de borda).<br />

Contrastando a diversidade taxonômica e<br />

funcional<br />

A diversidade taxonômica usualmente é<br />

avaliada utilizando-se índices sintéticos de<br />

diversidade (p. ex. Shannon-Wiener e Simpson<br />

[Maurer & Mcgill, 2010]), através da combinação<br />

da riqueza de espécies presentes em uma<br />

amostragem, como a uniformidade da distribuição<br />

do número de indivíduos entre as espécies<br />

(Colwell, 2009). Apesar de ambos os índices<br />

sintéticos ponderarem de forma diferenciada, as<br />

espécies raras e a equabilidade, isoladamente,<br />

caracterizam inadequadamente a biodiversidade<br />

(Magurran, 2004). Outra opção para a avaliação<br />

da biodiversidade é considerar o papel de cada<br />

espécie nos ecossistemas e suas respostas às<br />

variações ambientais (Petchey & Gaston, 2006).<br />

Hipoteticamente, imaginemos duas comunidades<br />

de espécies arbóreas de Floresta Ombrófila<br />

Densa de Terras Baixas (Floresta de Tabuleiro)<br />

na Reserva Natural Vale, cada qual com cinco<br />

espécies arbóreas e dois indivíduos por espécie. Na<br />

primeira floresta, temos Abarema cochliacarpos,<br />

Actinostemon concolor, Allagoptera caudescens,<br />

Annona dolabripetala e Astronium concinnum e na<br />

segunda floresta temos cinco espécies pertencente<br />

ao gênero Inga spp. Se a riqueza e a uniformidade,<br />

isto é, distribuição da abundância de indivíduos por<br />

espécies, fossem as mesmas, o índice sintético de<br />

diversidade também seria o mesmo para ambas as<br />

comunidades. Porém, se levarmos em consideração<br />

a diversidade biológica em termos de morfologia dos<br />

frutos, capacidade de dispersão, disponibilidade de<br />

recursos para fauna e traços da história evolutiva,<br />

espera-se que na primeira comunidade a diversidade<br />

seja maior. Desta forma, estudos sobre diversidade<br />

funcional permitem o entendimento do papel das<br />

populações e das comunidades de espécies no<br />

funcionamento ecossistêmico (Mcgill et al., 2006).<br />

De maneira geral, a ecologia funcional se<br />

embasa na utilização de caracteres (p. ex.<br />

morfológicos, fisiológicos e fenológicos; Violle et<br />

al., 2007). Portanto, a seleção dos atributos é um<br />

ponto chave em estudos de diversidade funcional.<br />

A importância da seleção dos atributos funcionais<br />

reside no fato de que os atributos selecionados<br />

permitirão uma avaliação mais precisa do papel<br />

ecológico das espécies em diferentes habitats<br />

do que somente a sua identidade taxonômica<br />

(Magurran, 2004; Mcgill et al., 2006; Petchey<br />

& Gaston, 2006). Assim, os atributos funcionais<br />

devem ser selecionados de acordo com a hipótese<br />

que esteja em teste (Cornelissen et al., 2003;<br />

Pérez-Harguindeguy et al., 2013), levando<br />

em consideração as dimensões do estudo e a<br />

viabilidade de se obter determinados atributos<br />

funcionais (Magnago et al., 2014).<br />

A Reserva Natural Vale (RNV) e Reserva<br />

Biológica de Sooretama apresentam uma elevada<br />

relevância para conservação, uma vez que seus<br />

tamanhos estão acima dos 20.000 hectares.<br />

Fragmentos com desse porte representam apenas<br />

0,08% dos remanescentes de Floresta Atlântica<br />

existentes no Brasil (Ribeiro et al., 2009). Essas<br />

duas reservas ainda são reconhecidamente<br />

detentoras de uma elevada diversidade de<br />

espécies vegetais e animais (Peixoto & Silva,<br />

1997; Chiarello et al.,1999; Marsden et al., 2001;<br />

Jesus & Rolim, 2005; Magnago et al., 2014).<br />

Partes dos dados apresentados nesse capítulo<br />

foram analisados em nível de paisagem e<br />

publicados no artigo de Magnago et al. (2014),<br />

onde abordamos os impactos na funcionalidade<br />

de espécies arbóreas em função da redução do<br />

tamanho dos fragmentos e da criação do habitat<br />

de borda para uma paisagem localizada no norte<br />

do Espírito Santo. Neste capítulo, apresentamos<br />

um novo enfoque, analisando apenas como o<br />

efeito de borda em grandes reservas, o que nos<br />

permite entender o papel funcional destes dois<br />

grandes blocos florestais na paisagem na qual elas<br />

estão inseridas e também mostrar como o efeito<br />

borda pode modificar a funcionalidades desses


MAGNAGO ET AL.<br />

EFEITO DE BORDA<br />

grandes remanescentes. Assim, nosso estudo foi<br />

conduzido para responder as seguintes questões<br />

relacionadas à criação do ambiente de borda<br />

em grandes fragmentos: (i) Como os atributos<br />

funcionais, em termos de riqueza e do número<br />

de indivíduos, respondem ao efeito de borda? (ii)<br />

Como a diversidade funcional é impactada pelo<br />

efeito de borda? Para isso, amostramos indivíduos<br />

de espécies arbóreas em áreas de interior e borda<br />

de dois grandes fragmentos de Floresta Atlântica<br />

de Tabuleiro na região Norte do Espírito Santo.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Área de estudo<br />

A área de estudo está localizada na região<br />

Sudeste do Brasil, no estado do Espírito Santo,<br />

nos municípios de Sooretama e Linhares, estando<br />

as áreas no entorno das coordenadas 19º04’05”S<br />

e 39 o 57’35”O (Figura 1). A matriz da paisagem<br />

é composta por pastagens, café, mamão e<br />

principalmente por plantios de Eucaliptus spp.<br />

(Rolim et al., 2005).<br />

Figura 1: Fragmentos florestais amostrados na paisagem estudada, região Norte do estado<br />

do Espírito Santo. Circulos representam o habitat de interior dos fragmentos, enquanto<br />

que o quadrado na cor cinza o ambiente de borda para cada um destes remanescentes.<br />

1 3 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Coleta de dados<br />

Para amostragem da vegetação arbórea,<br />

utilizamos o método de parcelas permanentes<br />

(Mueller-Dombois & Ellenberg, 1974) com<br />

dimensões de 10 × 10 m, dispostas em uma<br />

distância mínima de 20 m entre si. Em cada<br />

parcela foram amostrados todos os indivíduos<br />

arbóreos com circunferência a altura de 1,30 m<br />

do solo (CAP) maior ou igual a 15 cm, sendo as<br />

parcelas instaladas sempre sobre o mesmo tipo de<br />

solo (Argissolo Amarelo).<br />

Para avaliar o efeito da fragmentação, realizamos<br />

as amostragens no interior e borda dos fragmentos<br />

do grande bloco florestal da Reserva Natural Vale<br />

(RNV) e a Reserva Biológica de Sooretama (Rebio),<br />

que possuem mais de 20.000 ha de floresta cada.<br />

Na RNV e Rebio alocamos 60 parcelas distribuídas<br />

em seis transectos de 10 parcelas cada, sendo 30<br />

parcelas na borda e 30 no interior. Os transectos<br />

foram distantes, em média, 17,13 km entre si<br />

para os transectos de interior e 14,44 km para os<br />

transectos de borda (Figura 1).<br />

Tratamento dos dados<br />

Todas as espécies arbóreas dentro de cada<br />

parcela foram classificadas quanto à síndrome de<br />

dispersão seguindo os critérios propostos por van<br />

der Pijl (1982). Foram adotadas duas categorias:<br />

(i) espécies zoocóricas, como sendo aquelas que<br />

produzem diásporos providos por uma ou mais<br />

características que implicam em um potencial uso<br />

pela fauna, como, por exemplo, polpa carnosa, arilo,<br />

ou outras características tipicamente associadas<br />

com agentes dispersores por animais e (ii)<br />

espécies não-zoocóricas, como sendo aquelas que<br />

apresentam características que indicam dispersão<br />

por meios abióticos, como sementes aladas, plumas,<br />

ausência de características que indiquem algum tipo<br />

de dispersão a não ser própria queda, ou sementes<br />

provindas de frutos com deiscência explosiva,<br />

mas que também não apresentavam qualquer tipo<br />

de características de plantas zoocóricas (p. ex.<br />

sementes com arilos, sacotesta, etc.).<br />

Também classificamos as espécies em grupos<br />

sucessionais, de acordo com o proposto por Bongers<br />

et al. (2009), sendo pioneiras aquelas que se<br />

desenvolvem em condições dependentes de maior<br />

luminosidade, não ocorrendo, em geral, no sub-<br />

bosque; as secundárias iniciais se desenvolvem em<br />

condições intermediárias de sombreamento; e as<br />

secundárias tardias se desenvolvem exclusivamente<br />

em sub-bosque permanentemente sombreado. Para<br />

classificar as espécies quanto a essas características<br />

ecológicas foi utilizada a base de dados presente em<br />

Jesus & Rolim (2005) para a floresta da Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Para relacionar diretamente a quantidade<br />

recurso alimentício, também classificamos os<br />

frutos quanto à consistência do pericarpo. Essa<br />

classificação foi feita para separar as espécies<br />

zoocóricas de frutos secos daquelas com frutos<br />

carnosos, já que em geral os frutos carnosos tendem<br />

a fornecer mais recursos alimentares (Coombe,<br />

1976). Desta forma, classificamos os frutos das<br />

espécies amostradas em frutos carnosos, quando<br />

o pericarpo tem consistência carnosa e acumulador<br />

de água e frutos secos aqueles com pericarpos<br />

secos (Barroso et al., 1999).<br />

Os dados para a densidade da madeira em<br />

peso seco (g/cm 3 ) foram obtidos no banco de<br />

dados The Global Wood Density (GWD) database,<br />

na subseção Tropical South America (http://<br />

hdl.handle.net/10255/dryad.235, Chave et<br />

al., 2009; Zanne et al., 2009). Para as espécies<br />

amostradas não identificadas em nível de gênero<br />

ou não presentes no banco de dados, adotamos<br />

os seguintes procedimentos já tradicionalmente<br />

empregados (Flores & Coomes, 2011; e Hawes<br />

et al., 2012): (i) para as espécies que tivemos<br />

apenas a identificação em nível de família e gênero,<br />

usamos a média da densidade da madeira do<br />

grupo taxonômico; (ii) para espécies que estavam<br />

presentes na nossa amostragem, porém não foram<br />

encontradas no banco de dados GWD, fizemos uso<br />

da média da densidade da madeira do gênero a que<br />

a espécie pertence.<br />

As espécies que foram apenas identificadas<br />

em nível de morfoespécie representaram apenas<br />

1,13% da riqueza de espécies e 0,22% do<br />

número de indivíduos total e foram excluídas das<br />

análises envolvendo características funcionais.<br />

O material botânico foi determinado a partir de<br />

consultas ao Herbário CVRD da Vale, Herbário<br />

VIES da Universidade Federal do Espírito Santo e<br />

auxílios de especialistas. O material encontrado<br />

em estádio reprodutivo foi depositado na coleção<br />

132


MAGNAGO ET AL.<br />

EFEITO DE BORDA<br />

do Herbário Vale da Reserva Natural Vale em<br />

Linhares/ES.<br />

Análise dos dados<br />

Para análise da diversidade funcional usamos os<br />

três índices propostos por Villéger et al. (2008),<br />

sendo a riqueza funcional (FRic), a equabilidade<br />

funcional (FEve) e a divergência funcional (FDiv). De<br />

acordo com Villéger et al. (2008) a FRic representa<br />

o volume de espaço de casco convexo funcional<br />

ocupada pela comunidade, a FEve representa<br />

a regularidade da distribuição em número de<br />

indivíduos neste volume e a FDiv representa a<br />

divergência na distribuição das características<br />

das espécies dentro do volume ocupado por cada<br />

atributo funcional. Para o cálculo dos três índices,<br />

nós utilizamos os métodos e os scripts de Villéger<br />

et al. (2008), sendo trabalhados no ambiente R (R<br />

Development Core Team, 2009).<br />

Para análise dos dados de atributos funcionais<br />

e diversidade funcional, construímos Modelos<br />

Gerais Linearizados (GLM), comparando de<br />

maneira categórica o habitat de borda e interior<br />

dos fragmentos amostrados. Os modelos foram<br />

construídos com a função “glm” do pacote “stats”.<br />

As distribuições de erros utilizadas foram a de<br />

Poisson para os dados de contagem, porém para<br />

estes mesmos tipos dados, também aplicamos<br />

a distribuição Binomial Negativa. Sempre que<br />

necessário, usamos as correções de dados com<br />

superdispersão, comuns no uso da família de erro<br />

de Poisson. Utilizamos a distribuição Gaussiana para<br />

os demais dados, sendo respeitada a distribuição<br />

normal dos dados. Todas essas análises foram<br />

realizadas no ambiente R (R Development Core<br />

Team, 2009).<br />

RESULTADOS<br />

Impactos nos atributos funcionais<br />

Em nosso estudo, amostramos 268 espécies<br />

arbóreas, estando estas distribuídas em 52<br />

famílias botânicas. Apresentando de maneira<br />

descritiva, encontramos que o ambiente de borda<br />

dos fragmentos apresentou uma média de 14,1<br />

± 3,29 espécies por parcela, valor semelhante ao<br />

Figura 2: Comparação dos valores de riqueza de espécies por atributo funcional entre os habitats de borda e interior<br />

estudados nas Reserva Natural Vale e Rebio de Sooretama. (A) Pioneiras; (B) Secundárias iniciais; (C) Secundárias<br />

tardias; (D) Zoocóricas; (E) Não zoocóricas; (F) Frutos carnosos. *


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

observado para os interiores dos fragmentos: 14,4<br />

± 3,22 espécies por parcela.<br />

Comparando os grupos sucessionais entre os<br />

habitats de borda com o interior dos fragmentos,<br />

observamos uma redução significativa na riqueza<br />

de espécies pioneiras (z=-4,133; p


MAGNAGO ET AL.<br />

EFEITO DE BORDA<br />

Figura 3: Comparação dos valores do número de indivíduos (ni) arbóreos por parcela por atributo funcional<br />

e média da densidade da madeira por parcela entre os habitat de borda e interior estudados nas Reserva<br />

Natural Vale e Rebio de Sooretama. (A) Pioneiras; (B) Secundárias iniciais; (C) Secundárias tardias; (D)<br />

Zoocóricas; (E) Não zoocóricas; (F) Frutos carnosos; (G) Frutos secos; (H) Densidade da madeira. *


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 4: Comparação dos valores de diversidade<br />

funcional entre os habitats de borda e interior estudados<br />

nas Reserva Natural Vale e Rebio de Sooretama. (A)<br />

Riqueza Funcional; (B) Equabilidade funcional; (C)<br />

Divergência Funcional. *


MAGNAGO ET AL.<br />

EFEITO DE BORDA<br />

da fauna (não-zoocóricas), ao passo que nos<br />

interiores a riqueza funcional é mantida por uma<br />

riqueza de espécies significativamente maior de<br />

espécies secundárias tardias, de frutos carnosos e<br />

dispersas zoocoricamente.<br />

A redução da equabilidade e da divergência<br />

funcional (ambas ligados ao número de indivíduos<br />

representado em cada um dos grupos funcionais)<br />

no interior das reservas indica que algumas partes<br />

do espaço funcional que as compõem tendem a<br />

diminuir ou desaparecer em função das reduções<br />

dos distúrbios causados pelos efeitos de borda<br />

(Magnago et al., 2014). Estes resultados sugerem<br />

uma possível homogeneização de nicho entre as<br />

espécies para o habitat de interior, e um aumento<br />

da diferenciação de nichos para o habitat de<br />

borda uma vez que este tipo de habitat foram<br />

funcionalmente mais dissimilares (Mouchet<br />

et al., 2010). Uma possível explicação a estes<br />

resultados são as alterações microclimáticas<br />

causada pela criação e ampliação do ambiente<br />

de borda (Magnago et al., 2015a), uma vez<br />

que são reconhecidamente responsáveis por<br />

conduzir a grandes alterações na composição de<br />

espécies (Magnago et al., 2014). Esse resultado<br />

sugere ainda maior redundância funcional no<br />

interior dos fragmentos, implicando em menor<br />

risco de extinção funcional neste habitat quando<br />

comparado à borda.<br />

Podemos concluir, primeiramente, que na<br />

borda dos grandes fragmentos e nos fragmentos<br />

pequenos dessa paisagem (para esses últimos<br />

resultados veja Magnago et al., 2014), a diminuição<br />

da riqueza e do número de indivíduos de espécies<br />

com potencial de uso pela fauna traz um impacto<br />

negativo nas interações ecológicas entre flora e<br />

fauna, podendo, por efeitos de cascatas, causar<br />

mais perdas de biodiversidade (p. ex. Laurance et<br />

al., 2002; Oliveira et al., 2004).<br />

Em segundo lugar, temos que em função de<br />

uma maior redundância funcional encontrada<br />

para o interior dos grandes fragmentos (p. ex.<br />

menores valores de equabilidade e divergência<br />

funcional), estes fragmentos tendem a<br />

apresentarem uma menor sensibilidade à<br />

extinção funcional do que a borda, onde, a<br />

diversidade funcional, apesar de ser maior,<br />

é representada por um menor número de<br />

indivíduos que desempenham funções similares.<br />

Assim, estes resultados sugerem que menos<br />

eventos de perdas de espécies ou de indivíduos,<br />

são necessários para levar a extinção de funções<br />

ecossistêmicas nas bordas das reservas.<br />

Finalmente, podemos constatar que em termos<br />

de implicações para conservação, temos: (i) uma<br />

vez que as espécies pioneiras e não-zoocóricas<br />

são as principais responsáveis pela colonização de<br />

áreas degradadas (Ferreira et al., 2007; Magnago<br />

et al., 2012), a funcionalidade ecossistêmica<br />

mantida nas áreas de borda (espécies pioneiras<br />

e dispersas independentemente da fauna) tem<br />

um importante papel na recomposição de novos<br />

fragmentos florestais, sejam estes provenientes da<br />

sucessão natural ou por plantio de mudas e (ii) que<br />

os interiores dos fragmentos e também aqueles<br />

de maior tamanho são mais importantes para a<br />

manutenção das interações entre a a fauna e a flora,<br />

evitando assim processos como os de cascatas<br />

tróficas (Jorge et al., 2013; Dirzo et al., 2014).<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Ao CNPq - Agência Brasileira de Ciência e<br />

Tecnologia (Nº 477780/2009-1) e ao Projeto<br />

Floresta-Escola e Fapemig pelo apoio financeiro.<br />

Agradecemos também a Conservation International,<br />

Iema (Instituto Estadual de Meio Ambiente),<br />

através do Projeto Corredores Ecológicos, Reserva<br />

Natural Vale, Fibria Celulose AS, Instituto Daniel<br />

Marcos e o projeto Pro-Tapir pelo apoio logístico e<br />

a Reserva Biológica de Sooretama e Rebio Córrego<br />

do Veado pela permissão para conduzir nossa<br />

pesquisa. L.F.S.M. foi apoiado por pela Capes com<br />

as bolsas de Doutorado e Doutorado Sanduíche.<br />

Atualmente L.F.S.M. é bolsista do programa PNPD/<br />

Capes de pós- doutorado.<br />

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140


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

EXPRESSÃO SEXUAL E RELAÇÕES<br />

ECOLÓGICAS DE ANGIOSPERMAS NAS<br />

FISIONOMIAS VEGETAIS DOS TABULEIROS<br />

DO NORTE DO ESPÍRITO SANTO<br />

Gloria Matallana Tobón, Luis Fernando Tavares de Menezes, Euler Antônio de Mello,<br />

9Izabela Ferreira Ribeiro & Quenia Lyrio<br />

INTRODUÇÃO<br />

As Angiospermas, plantas com flores e sementes<br />

protegidas dentro de carpelos, são dominantes<br />

em nosso planeta e possuem 400 famílias e de<br />

240 a 300 mil espécies (Ingrouille & Eddie, 2006;<br />

Karasawa et al., 2009; Joppa et al., 2011). Em sua<br />

história evolutiva, várias características permitiram<br />

a radiação adaptativa deste grupo. Dentre elas, a<br />

mais proeminente foi a evolução da estrutura floral<br />

como foranto das estruturas reprodutivas (Ingrouille<br />

& Eddie, 2006). A evolução da flor favoreceu uma<br />

polinização mais precisa e eficiente, enquanto a<br />

evolução de sementes especializadas aprimorou os<br />

mecanismos de dispersão (Karasawa et al., 2009).<br />

Desde a publicação de Darwin “The different<br />

forms of flowers on plants of the same species”,<br />

em 1877, um dos principais objetivos dos<br />

estudos em biologia reprodutiva vegetal tem sido<br />

caracterizar e entender a ampla variedade dos<br />

sistemas reprodutivos inerentes às plantas. Estes<br />

sistemas abrangem uma gama que vai desde a<br />

autofecundação quase obrigatória, em espécies<br />

que combinam autopolinização, predominante<br />

associada com auto compatibilidade, passando<br />

por sistemas que combinam autofecundação com<br />

fecundação cruzada e até fecundação cruzada<br />

obrigatória com auto incompatibilidade e dioecismo<br />

(Bawa, 1980; Bawa & Beach, 1981; Lloyd, 1982;<br />

Endress, 1994; Barrett, 2010; Renner, 2014).<br />

O sistema sexual das plantas pode ser descrito<br />

em três níveis diferentes – o da flor, o do indivíduo<br />

e o da população (Dafni, 1992). Assim, a regulação<br />

das taxas de reprodução cruzada numa espécie<br />

pode ser resultado do arranjo espacial das estruturas<br />

femininas e masculinas. Considerando o indivíduo,<br />

é possível classificar as espécies em hermafroditas<br />

(cada planta possui flores bissexuais) e monoicas<br />

(cada planta produz flores masculinas e femininas<br />

Tabela 1). Quando considerado um grupo de<br />

plantas (população), as espécies são dioicas quando<br />

encontramos indivíduos com flores masculinas e<br />

indivíduos com flores femininas (ver Tabela 1).<br />

Os trabalhos de Yamploski & Yampolski<br />

(1922) e Renner & Ricklefs (1995) apontaram<br />

o hermafroditismo como a expressão sexual<br />

dominante dentro das Angiospermas e os sistemas<br />

monoico e dioico, onde os sexos estão separados<br />

(ver Tabela 1), representam 5 a 6% das plantas com<br />

flores. Estes sistemas são considerados síndromes<br />

mecânicas que presumivelmente regulam o nível<br />

de intercruzamento (Darwin, 1877; Barrett, 1998,<br />

2010; Renner, 2014) e têm sido o alvo de múltiplos<br />

estudos que tentam explicar sua ocorrência e<br />

significância dentro da evolução das Angiospermas<br />

(Karron et al., 2012).<br />

Sistemas unissexuados (p. ex. dioecia) têm sido<br />

relacionados com características ecológicas, como<br />

a distribuição espacial e latitudinal dos indivíduos,<br />

ilhas oceânicas e ambientes oligotróficos (Bawa et<br />

1 4 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 1: Sistemas sexuais nas plantas com flores. Fonte: Adaptado de Dafni (1992).<br />

Arranjo espacial dos órgãos masculinos e femininos<br />

1. Por indivíduos:<br />

Hermafroditas: cada planta produz flores únicas bissexuais;<br />

Monoecia: cada planta carrega estruturas masculinas ou femininas que podem estar dispostas em flores unissexuais ou flores<br />

bissexuais;<br />

Andromonoecia: a planta produz flores bissexuais e do sexo masculino (flores masculinas dominantes);<br />

Ginomonoecia: a plantas produz flores bissexuais e femininas (flores fêmeas dominantes);<br />

Poligamo-monoecia: plantas individuais produzem flores bissexuais, flores masculinas e flores femininas.<br />

2. Por população:<br />

Dioecia: cada planta produz apenas flores masculinas ou femininas;<br />

Androdioecia: na população encontram-se plantas que carregam flores bissexuais e plantas com flores do sexo masculino;<br />

Ginodioecia: na população encontram-se plantas que carregam flores bissexuais e plantas com flores do sexo feminino;<br />

Poligamo-dioecia (trioecia): indivíduos com flores bissexuais, indivíduos com flores femininas e indivíduos com flores<br />

masculinas na população.<br />

142<br />

al., 1985; Sakai et al., 1995a; Barrett et al., 2000)<br />

e possuem associações positivas com o hábito de<br />

crescimento, tipo de polinização e dispersão de<br />

sementes (Vamosi & Vamosi, 2004; Matallana<br />

et al., 2005). Os estudos dessas relações têm se<br />

concentrado principalmente na região neotropical<br />

(Sobrevila & Arroyo, 1982; Bawa et al., 1985;<br />

Bullock, 1985; Ramírez & Brito, 1990; Ibarra-<br />

Manriquez & Oyama, 1992) e, no Brasil foram<br />

realizados em ambientes de Cerrado (Saraiva et<br />

al., 1996; Oliveira & Gibbs, 2000; Deus et al.,<br />

2014), Restinga (Ormond et al., 1991; Matallana<br />

et al., 2005), Mata Atlântica (Silva et al., 1997) e<br />

Caatinga (Machado et al., 2006).<br />

Estudos de biologia reprodutiva de espécies<br />

vegetais fornecem informações que auxiliam no<br />

entendimento dos mecanismos estruturadores de<br />

comunidades vegetais por abordarem temas como<br />

fluxo gênico, especiação e interações planta-animal,<br />

entre outros (Bawa et al., 1985; Bullock, 1985;<br />

Ibarra-Manriquez & Oyama, 1992; Barrett, 2002,<br />

2008; Charlesworth, 2006). Portanto, entender<br />

como é a expressão sexual das plantas em locais<br />

de alta diversidade permite inferir traços funcionais<br />

das comunidades, possibilitando a formulação de<br />

hipóteses, o delineamento de padrões e aplicações<br />

para conservação.<br />

A alta riqueza e diversidade de plantas na Reserva<br />

Natural Vale (RNV), no norte do Espírito Santo<br />

(Peixoto & Gentry, 1990) sugerem a existência de<br />

elaboradas correlações e interações com animais,<br />

já que os processos de polinização, assim como os<br />

de dispersão de frutos e sementes nos trópicos<br />

dependem, em grande parte, de vetores bióticos<br />

(p. ex. insetos, aves e mamíferos) (Endress, 1994;<br />

Del-Claro & Silingardi, 2012). Tanto assim, que 90%<br />

das Angiospermas do planeta são polinizadas por<br />

animais (Bawa et al., 1985; Ollerton et al., 2011).<br />

Em consequência, a polinização é fundamental para<br />

a manutenção da diversidade em ecossistemas<br />

florestais e, mais ainda, aqueles que estão sob<br />

algum grau de ameaça (Vamosi et al., 2006).<br />

Com a intenção de entender quais os padrões de<br />

distribuição dos sistemas sexuais das Angiospermas<br />

da RNV e suas relações ecológicas foi levantada a<br />

frequência das plantas hermafroditas, monoicas<br />

e dioicas, assim como dados de características<br />

ecológicas, para cada espécie (habitat, hábito,<br />

síndromes de polinização e de dispersão). Os dados<br />

de frequência de sistemas sexuais foram comparados<br />

com outras áreas, tanto do Brasil quanto de regiões<br />

tropicais, para saber se as Florestas de Tabuleiro<br />

acompanham os padrões já citados na literatura.<br />

Por último, as frequências dos sistemas sexuais<br />

foram relacionadas às características ecológicas<br />

para entender a organização desta floresta com<br />

respeito a atributos reprodutivos.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Área de Estudo<br />

A partir da lista de espécies de Angiospermas<br />

da Reserva Natural Vale no norte do Espírito Santo<br />

(Rolim et al., 2016) foram obtidas informações<br />

sobre sistema sexual, hábito, habitat e síndrome de<br />

dispersão. As espécies foram classificadas em quatro


TOBÓN ET AL.<br />

EXPRESSÃO SEXUAL DE ANGIOSPERMAS<br />

categorias, segundo seu hábito de crescimento:<br />

(1) árvores; (2) arbustos; (3) herbáceas e epífitas<br />

e (4) trepadeiras e lianas. Plantas parasitas,<br />

aquáticas, cactos e plantas em forma de rosetas<br />

foram classificadas como herbáceas, enquanto<br />

plantas escandentes foram consideradas arbustos.<br />

Para o local de ocorrência (habitat), cada espécie<br />

foi registrada em um ou mais locais de acordo aos<br />

registros de localização em: (1) Floresta Alta; (2)<br />

Floresta de Muçununga; (3) Formações de áreas<br />

alagadas ou alagáveis e mata ciliar e (4) Campos<br />

Nativos (Peixoto et al., 2008; Araujo et al., 2008).<br />

Caracterização dos Sistemas Sexuais<br />

A caracterização da sexualidade floral das<br />

espécies foi realizada com base em bibliografia,<br />

consulta a especialistas, exame de material de<br />

herbário (CVRD, VIES, MBML) e observações de<br />

campo, quando necessário (Figura 2). As espécies<br />

foram categorizadas segundo seus sistemas<br />

sexuais em hermafroditas, dioicas e monoicas<br />

considerando a morfologia floral (sem realizar<br />

experimentos dos sistemas reprodutivos). Para<br />

isto, foram consideradas espécies dioicas aquelas<br />

que apresentaram flores unissexuais em indivíduos<br />

diferentes; monoicas aquelas espécies com<br />

flores masculinas e femininas na mesma planta; e<br />

hermafroditas aquelas com flores bissexuais ou<br />

perfeitas na mesma planta (Tabela 1, Figura 3). As<br />

espécies foram denominadas como ginomonoicas<br />

(flores femininas e hermafroditas na mesma planta)<br />

andromonoicas (flores masculinas e bissexuais<br />

na mesma planta) e poligamomonoicas (flores<br />

femininas, masculinas e bissexuais na mesma planta)<br />

foram listadas como monoicas, enquanto que as<br />

ginodióicas (presença de plantas hermafroditas e<br />

femininas na mesma população), e androdioicas<br />

(presença de plantas hermafroditas e masculinas)<br />

foram consideradas dióicas por todas elas serem<br />

consideradas funcionalmente unissexuadas (Flores<br />

& Schemske, 1984).<br />

Para compreender o significado da expressão dos<br />

sistemas sexuais da flora da RNV num contexto mais<br />

amplo, foi feito ainda um levantamento bibliográfico<br />

e uma análise comparativa para outras floras ou<br />

locais tropicais, onde foram também registradas as<br />

frequências de espécies hermafroditas, monoicas e<br />

dioicas. As espécies reportadas como ginodioicas,<br />

androdioicas, ginomonoicas, andromonoicas ou<br />

polígamas foram tratadas como monoicas ou<br />

dioicas, seguindo os mesmos critérios assumidos<br />

neste trabalho.<br />

Figura 1: Floresta Alta em estado maduro da Reserva Natural Vale, Linhares/ES. Foto: G Matallana<br />

1 4 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 2: Observações de campo para categorizar espécies de Angiospermas da<br />

Reserva Natural Vale, segundo o sistema sexual, local de ocorrência, hábito e síndrome<br />

de polinização e dispersão. Foto: P. Silva.<br />

Figura 3: Flor hermafrodita de Pavonia multiflora (Malvaceae) na Reserva Natural Vale,<br />

Linhares/ES. Foto: L.F. Tavares de Menezes.<br />

144


TOBÓN ET AL.<br />

EXPRESSÃO SEXUAL DE ANGIOSPERMAS<br />

Síndromes Polinização e Dispersão<br />

As categorias para as síndromes de polinização<br />

foram estabelecidas como anemofilia (polinização<br />

por vento), entomofilia (polinização por insetos),<br />

quiropterofilia (polinização por morcegos) e<br />

ornitofilia (polinização por aves), seguindo as<br />

definições de Endress (1994). As espécies que<br />

tinham mais de um tipo de polinizador foram<br />

classificadas em duas ou mais síndromes.<br />

As espécies foram também classificadas<br />

como portadoras de frutos carnosos ou secos.<br />

Consideraram-se frutos carnosos aqueles que<br />

possuíam um pericarpo carnoso ou, no caso de<br />

pericarpo seco, as sementes apresentavam uma<br />

polpa ou arilo carnoso, atrativo a dispersores<br />

(Flores & Schemske, 1984). Consideraramse<br />

como frutos secos, aqueles nos quais o<br />

pericarpo era seco e o arilo ou polpa ausentes.<br />

Essa classificação permitiu inferir duas categorias<br />

para as formas de dispersão: biótica para frutos<br />

carnosos e frutos secos tipo lomento e abiótica<br />

para frutos secos. As informações pertinentes<br />

para caracterizar as espécies quanto às síndromes<br />

polínicas e de dispersão foram obtidas de<br />

bibliografias especializadas e de consultas a<br />

sítios eletrônicos com este tipo de informação<br />

(p.ex.http://biodiversity.uno.edu/delta/angio/;<br />

http://tolweb.org/CoreMalvales,http://www.<br />

arvoresbrasil.com.br/).<br />

Análises estatísticas<br />

A incidência do hermafroditismo, monoecia<br />

e dioecia e suas associações com atributos<br />

ecológicos na RNV foi inicialmente explorada com<br />

uma Análise de Coordenadas Principais (PCoA)<br />

por meio do programa Past 3-2013 (Hammer<br />

et al., 2001). Posteriormente, os dados formam<br />

comparados através do teste de Qui quadrado<br />

(Gotelli & Ellison, 2011), utilizando a ferramenta<br />

disponível em Turner (2015). A hipótese nula<br />

para cada um dos casos é que as distribuições<br />

das frequências dos sistemas sexuais não<br />

diferem significativamente em cada categoria,<br />

com respeito à distribuição dos mesmos na flora<br />

como um todo. Para o teste de sistemas sexuais<br />

e hábito, a categoria palmeiras foi excluída por<br />

apresentar valores esperados menores do que<br />

cinco para dois atributos.<br />

RESULTADOS<br />

Foi possível estabelecer o sistema sexual para<br />

1.676 espécies distribuídas em 145 famílias<br />

de Angiospermas registradas na RNV, local de<br />

ocorrência e hábito. A frequência de espécies<br />

hermafroditas foi de 77%, espécies dioicas 13% e<br />

monoicas 10%. Quando calculadas as frequências<br />

para espécies lenhosas (árvores e arbustos), o<br />

hermafroditismo continuou a ser o mais frequente,<br />

com 74% e as monoicas e dioicas com nove e<br />

17%, respectivamente (Tabela 2), o que sugere<br />

uma relação do hábito arbóreo e arbustivo com a<br />

condição dioica. A listagem das espécies alvo, junto<br />

com os dados ecológicos e local de ocorrência,<br />

encontra-se compilada no capítulo de flora de<br />

Angiospermas (Rolim et al., 2016).<br />

As famílias Fabaceae e Myrtaceae, com<br />

maior riqueza de espécies na RNV (Rolim et<br />

al., 2016), são completamente hermafroditas.<br />

Outras 80 famílias também são exclusivamente<br />

hermafroditas na RNV, embora representadas<br />

por poucas espécies, totalizando 80% de famílias<br />

completamente hermafroditas. Doze famílias<br />

resultaram ser totalmente dioicas e sete totalmente<br />

monoicas, representando 9% e 4% do total da<br />

flora, respectivamente, enquanto que 5% das<br />

famílias, como Cyperaceae, Sapotaceae, Lauraceae,<br />

Salicaceae, Peraceae e Urticaceae possuem<br />

espécies representantes de cada um dos três<br />

tipos de sistema sexual. Dez por cento das famílias<br />

tiveram a combinação de espécies hermafroditas<br />

e dioicas, enquanto 5% tiveram a combinação<br />

hermafroditas e monoicas e outros 5% dioicas<br />

e monoicas (p. ex. Moraceae, Anacardiaceae,<br />

Burseraceae, Menispermaceae, Cucurbitaceae,<br />

Monimiaceae e Euphorbiaceae).<br />

Na Tabela 3 encontram-se compilados os<br />

dados das frequências de sistemas sexuais para<br />

19 estudos em áreas tropicais. A frequência<br />

de sistemas sexuais para a RNV acompanha as<br />

tendências de outras áreas tropicais, especialmente<br />

da Mata Atlântica. Espécies hermafroditas, com<br />

mais de 70% dominam a flora, enquanto as espécies<br />

unissexuadas representam 21% do total.<br />

A fisionomia com maior número de espécies<br />

registradas foi a Floresta Alta, com 1.044 espécies,<br />

das quais 173 são dioicas e 148 monoicas (Tabela<br />

1 4 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 2: Frequência de sistemas sexuais e formas de crescimento para Angiospermas da Reserva Natural<br />

Vale, Linhares/ES.<br />

Formas de crescimento<br />

Sistema<br />

Sexual<br />

Árvores Arbustos Herbáceas Trepadeiras Palmeiras Total<br />

e Epífitas e lianas<br />

Hermafroditas 480 157 467 192 0 1.296<br />

Dioicas 128 17 29 28 0 204<br />

Monoicas 73 4 48 31 18 176<br />

681 178 544 251 18 1.676<br />

Tabela 3: Espécies hermafroditas, monoicas e dioicas registradas na Reserva Natural Vale e outras 18<br />

localidades tropicais para comparação. H: hermafroditas, D: dioicas, M: monoicas<br />

Localidades Nº. espécies H% M% D%<br />

Reserva Natural Vale (este estudo) - Flora 1.676 77 10 13<br />

Reserva Natural Vale (este estudo) - Espécies lenhosas 859 74 9 17<br />

Floresta Atlântica Santa Teresa ES (Matallana et al dados não publicados) b 214 70 14 16<br />

Floresta Sazonal semidecidua Cerrado-MG (Deus et al., 2014) c 190 54 9 15<br />

Floresta Tropical Atlântica Rio de Janeiro (Sigiliano 2010) b 369 73 7 20<br />

Área semi-árida Caatinga (Machado et al., 2006) a 147 83 15 3<br />

Floresta Atlântica Santa Catarina (Vamosi 2006) b 97 68 4 28<br />

Restinga Jurubatiba(Matallana et al., 2005) a 566 75 11 14<br />

Restinga Jurubatiba (Matallana et al., 2005) b 107 59 15 26<br />

Restinga Jurubatiba (Matallana et al., 2005) c 43 60 5 35<br />

Reserva Ecologia da Macaé de Cima (Silva et al., 1997) a 199 79 8 13<br />

Restinga de Maricá, RJ. (Ormond et al., 1991) a 226 76 13 10<br />

Área de Cerrado, Brasilia (Oliveira 1996) a 59 80 5 15<br />

Outros exemplos de Floras Tropicais<br />

Floresta Litorânea Madagascar (Vary et al., 2011) a 1.495 69 10 19<br />

Floresta Tropical úmida Western Gahts India (Krishinan & Ramesh 2005) b 656 57 22 21<br />

Floresta de Dipterocarpáceas, Malásia (Ashton 1969, apud Bawa & Opler 1975) a 60 14 26<br />

Floresta semidecídua Guanacaste, Costa Rica (Bawa & Opler 1975) b 154 68 10 22<br />

Floresta tropical decídua, México (Bullock 1995) a 708 70 17 13<br />

Pântano tropical de palmeiras, Venezuela (Ramirez & Brito 1990) d 128 77 20 3<br />

Floresta tropical úmida, Barro Colorado, Panamá (Croat 1979) a 1.212 76 11 9<br />

Floresta tropical úmida, Puerto Rico (Flores & Schemske 1984) a 2.037 79 11 6<br />

Cape Flora, Sudáfrica (Steiner 1988) a 8.497 80 13 7<br />

Ilhas Oceânicas<br />

Hawaii (Sakai et al., 1995a) a 971 63 16 21<br />

a<br />

Número total de espécies estudadas na flora<br />

b<br />

Número de espécies lenhosas<br />

c<br />

Número espécies dominantes (IV>1) segundo critério do trabalho<br />

d<br />

Número de espécies lenhosas e herbáceas<br />

4). As famílias com espécies dioicas relevantes<br />

neste local foram Lauraceae (18), Meliaceae (17),<br />

Moraceae (10), Lamiaceae (10), Sapotaceae (9),<br />

Anacardiaceae (8) e Burseraceae (7). Já as espécies<br />

monoicas mais frequentes neste local pertencem<br />

às famílias Moraceae (16), Euphorbiaceae (13),<br />

Arecaceae (13), Araceae (11), Lauraceae (10).<br />

Na Muçununga tiveram destaque espécies dioicas<br />

pertencentes as famílias Dioscoraceae (5) e<br />

Lauraceae e Sapotaceae (3 para cada) e monoicas<br />

das famílias Moraceae (3), Lauraceae (4) e<br />

Arecaceae (4). Nas áreas alagadas, inundáveis e<br />

de Mata Ciliar, destaque para a família Cyperaceae<br />

com representantes dioicas (5) e monoicas (7),<br />

além de Lauraceae, com seis espécies dioicas e<br />

Arecaceae, com cinco espécies monoicas. Nos<br />

Campos Nativos, com 31 espécies dioicas e 32<br />

monoicas (Tabela 4), a família Eriocaulacecae foi<br />

notável com sete espécies monoicas.<br />

A síndrome de polinização mais frequente foi<br />

146


TOBÓN ET AL.<br />

EXPRESSÃO SEXUAL DE ANGIOSPERMAS<br />

Tabela 4: Frequência de sistemas sexuais de acordo com as fisionomias, síndromes de polinização e<br />

dispersão para Angiospermas da Reserva Natural Vale, Linhares/ES.<br />

Hermafroditas Dioicas Monoicas<br />

Local de ocorrência*<br />

Floresta Alta 1.044 173 148<br />

Muçununga 404 71 64<br />

Áreas de Alagado, Mata inundável e Mata Ciliar 167 26 26<br />

Campo Nativo 238 31 32<br />

Síndromes de Polinização*<br />

Entomofilia 996 179 165<br />

Ornitofilia 216 7 8<br />

Quiropterofilia 112 0 2<br />

Anemofilia 99 29 14<br />

Síndromes de Dispersão**<br />

Biótica 573 147 141<br />

Abiótica 581 53 34<br />

*Para local de ocorrência e Síndromes de polinização, uma espécie pode ter sido classificada em um ou mais atributos.<br />

** Foi possível estabelecer as síndromes de dispersão para 1530 espécies.<br />

entomofilia para os três tipos de sistema sexual.<br />

Vinte e nove espécies dioicas e 14 monoicas são<br />

polinizadas por vento. Ornitofilia e Quiropterofilia<br />

foram mais frequentes em espécies hermafroditas<br />

(Tabela 4). A dispersão abiótica foi mais frequente<br />

para espécies hermafroditas enquanto a dispersão<br />

biótica prevaleceu para as unissexuadas (Tabela 4).<br />

A exploração dos dados com uma abordagem<br />

multivariada permitiu observar algumas relações<br />

por similaridade de distâncias euclidianas (Figura<br />

4). Os dois primeiros eixos explicaram 52%<br />

da variância dos dados. Um grupo evidente de<br />

associações foi formado entre espécies dioicas e<br />

monoicas com os hábitos arbustivo, trepadeiras e<br />

lianas, além das palmeiras, áreas de Muçununga,<br />

Campos Nativos e áreas alagadas e polinização<br />

Figura 4: Análises de Coordenadas Principais (PCoA) para sistemas sexuais e atributos ecológicos de Angiospermas<br />

nas fisionomias vegetais da Reserva Natural Vale (ES). H: hermafroditas; D: dioicas; M: monoicas; arv: árvores; arb:<br />

arbustos; herb-epi: herbáceas e epífitas; palm: plameiras; trep_li: trepadeiras e lianas; FA: Floresta Alta; Muç: Floresta<br />

de Muçununga; Al: Formações de áreas alagadas ou alagáveis e Mata Ciliar; CN: Campos Nativos. Anemo: anemofilia;<br />

Ento: entomofilia; Quirop: quiropterofilia; Ornito:ornitofilia; Bio: dispersão biótica e Abio: dispersão abiótica.<br />

1 4 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 5: Testes de associação entre sistemas sexuais e atributos ecológicos para Angiospermas da<br />

Reserva Natural Vale, Linhares/ES.<br />

Associações x 2 gl. P<br />

Sistemas sexuais vs. Forma de crescimento 71,537 6 0,0000<br />

Sistemas sexuais vs. Fisionomia 2,434 6 0,85758<br />

Sistemas sexuais vs. Síndromes de Polinização 80,777 6 0,0000<br />

Sistemas sexuais vs. Síndromes de Dispersão 86,678 2 0,0000<br />

por vertebrados e vento (Figura 4). A polinização<br />

por insetos ficou associada a espécies de áreas de<br />

Floresta Alta e espécies hermafroditas, enquanto<br />

a dispersão abiótica aparece relacionada ao hábito<br />

herbáceo-epifítico, e a biótica, a espécies arbóreas<br />

(Figura 4).<br />

Os testes de associação de Qui quadrado,<br />

corroboraram algumas relações exploradas no PCoA<br />

e mostraram algumas associações que nas análises<br />

multivariadas não ficaram muito evidentes. Houve<br />

associação positiva entre sistemas sexuais e hábito<br />

de crescimento, sistemas sexuais e síndromes<br />

de polinização e sistemas sexuais e síndromes<br />

de dispersão, mas não houve associação com as<br />

fisionomias vegetais (Tabela 5).<br />

Já os testes de associação individual entre os<br />

sistemas sexuais e atributos ecológicos mostraram<br />

a dioecia positivamente associada com hábito<br />

arbóreo (x 2 =24,17; p


TOBÓN ET AL.<br />

EXPRESSÃO SEXUAL DE ANGIOSPERMAS<br />

úmida no Panamá e México (Croat, 1979; Bullock,<br />

1984), Restingas no sudeste do Brasil (Ormond,<br />

1991; Matallana et al., 2005), áreas de Cerrado<br />

(Oliveira, 1996; Deus et al., 2014) e Floresta<br />

Atlântica do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Silva et<br />

al., 1997; Matallana et al., dados não publicados).<br />

Todas estas localidades possuem estrutura arbórea<br />

e arbustiva expressiva que poderia explicar a alta<br />

a média incidência deste sistema sexual. A dioecia<br />

tem sido correlacionada com hábito lenhoso como<br />

resultado de uma forte seleção por reprodução<br />

cruzada em espécies com ciclos de vida longos<br />

(Bawa, 1980; Sakai et al., 1995b; Matallana et<br />

al., 2005), o que pode explicar também a alta<br />

incidência na floresta da RNV. Localidades com<br />

as menores incidências de dioecia apresentam<br />

características específicas, como áreas de alta<br />

umidade e pantanosas na Venezuela (porém altos<br />

índices de espécies monóicas - Ramirez & Brito,<br />

1990, florestas úmidas no Panamá e Porto Rico -<br />

Croat, 1979; Flores & Schemske, 1984) e regiões<br />

semiáridas na Caatinga brasileira (Machado et al.,<br />

2006) e na costa da África do Sul (Steiner, 1988).<br />

A porcentagem de espécies monoicas<br />

registradas neste estudo (9%) é semelhante ao<br />

encontrado por outros autores (Tabela 3) e próxima<br />

da média dos estudos comparados (11%). Valores<br />

altos de monoecia (13-22%) parecem estar<br />

associados com ambientes com características de<br />

elevada umidade, como a floresta Western Gahts<br />

na Índia (Krishinan & Ramesh, 2005) ou as áreas<br />

de pântano na Venezuela (Ramires & Brito, 1990),<br />

mas também com ambientes de estresse hídrico<br />

como as áreas de Caatinga no nordeste brasileiro e<br />

os ambientes semiáridos na África do Sul (Steiner,<br />

1988). Lloyd & Webb (1977) e Sutherland &<br />

Delph (1984) sugerem que a divisão de trabalho<br />

nas plantas unissexuadas em ambientes com algum<br />

nível de estresse favorece a aptidão masculina e<br />

feminina separadamente como efeito compensador.<br />

Sistemas sexuais e associações ecológicas<br />

na RNV<br />

Sistemas unissexuados em Angiospermas têm<br />

sido amplamente discutidos e estabelecidas várias<br />

correlações com atributos ecológicos. Vamosi et al.<br />

(2003) e Vamosi & Vamosi (2004) conseguiram<br />

demonstrar que a riqueza relativa de espécies em<br />

linhagens dioicas depende da associação com certas<br />

características ecológicas. Distribuição tropical,<br />

forma de vida lenhosa, flores inconspícuas e de<br />

cores pálidas e frutos carnosos são características<br />

atribuídas à evolução da dioecia (Bawa, 1980;<br />

Givnish, 1980; Charlesworth, 1993). As famílias<br />

com maior número de espécies dioicas (mais ricas)<br />

na Floresta de Tabuleiros da RNV acompanham<br />

este padrão. As famílias Lauraceae, Meliaceae,<br />

Moraceae, Lamiaceae, Sapotaceae, Anacardiaceae<br />

e Burseraceae foram as que contribuíram com<br />

maior número de espécies dioicas, especialmente<br />

nas áreas de Floresta Alta. De forma geral, estas<br />

famílias possuem espécies de porte arbóreo ou<br />

arbustivo, flores brancas, alvas ou de cores pálidas<br />

e frutos carnosos (Bawa, 1980; Barrett, 1998;<br />

2002; 2008; Barrett et al., 2000; Renner, 2014),<br />

que indicam dispersão biótica.<br />

Embora o teste de Qui quadrado não<br />

demonstrasse associações positivas entre sistemas<br />

sexuais e local de ocorrência (habitats), a Análise<br />

de Coordenadas Principais (PCoA) agrupou<br />

as espécies unissexuadas com ambientes de<br />

Muçununga, Campos Nativos e Matas Alagadas,<br />

inundáveis e Mata Ciliar. Estes ambientes podem<br />

ser considerados ambientes de estresse fisiológico<br />

para as plantas (Araujo et al., 2008). A ideia que<br />

indivíduos com sexos separados são favorecidos<br />

por ambientes de estresse, em comparação com<br />

indivíduos com sexos combinados, foi observada<br />

inicialmente por Darwin (1877) e reafirmada por<br />

modelos e estudos empíricos que tentam explicar<br />

a evolução e manutenção dos taxa unissexuados<br />

(Bawa & Opler, 1975; Freeman et al., 1997; Barrett<br />

et al., 2000; Thompson & Edwards, 2001).<br />

Apesar de que restrições fisiológicas poderiam<br />

resultar em uma baixa densidade populacional,<br />

insuficiência de polinizadores e fertilidade reduzida<br />

(Barrett et al., 2000), a divisão dos papéis em<br />

plantas unissexuais poderia levar a um melhor uso<br />

dos recursos (Bawa, 1980; Lloyd, 1982), refletido<br />

no incremento da aptidão (fitness) dos indivíduos<br />

machos e fêmeas, em decorrência de efeitos de<br />

compensação (Bawa, 1980). Dados empíricos<br />

mostram que indivíduos masculinos produzem<br />

mais flores do que os hermafroditas e que uma<br />

maior frutificação é frequentemente apresentada<br />

por indivíduos femininos quando comparado com<br />

1 4 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

hermafroditas (Lloyd & Web, 1977; Faria et al.,<br />

2006).<br />

Sistemas Sexuais e formas de vida<br />

Árvores e arbustos representaram mais de 50%<br />

da estrutura da flora da RNV (Peixoto et al., 2008;<br />

Rolim et al., 2016) e como em outros estudos,<br />

uma relação positiva foi encontrada entre dioecia<br />

e o hábito lenhoso, evidenciada, tanto na análise<br />

multivariada, quanto no teste de associação de<br />

Qui quadrado. Esta associação, em geral, tem sido<br />

explicada como o resultado da forte seleção sobre<br />

a fecundação cruzada em plantas lenhosas de vida<br />

longa (Bawa, 1980; Sakai et al., 1995b) e também<br />

pela associação da dioecia com insetos generalistas,<br />

como polinizadores, além da zoocoria (Bawa, 1980;<br />

Bawa & Opler, 1975; Thomson & Brunet, 1990).<br />

Bawa (1980) e Givnish (1980) discutem<br />

como climas tropicais favorecem o hábito arbóreo<br />

em relação aos climas temperados e às grandes<br />

florestas de coníferas; assim, floras tropicais<br />

abrigam uma grande proporção de espécies<br />

dioicas lenhosas. As bases teóricas desta relação<br />

atualmente sugerem que sistemas unissexuados<br />

são uma consequência do tamanho dos indivíduos<br />

e longevidade, mais do que uma propriedade<br />

física da característica lenhosa per se. Plantas<br />

com um ciclo de vida longo estão mais propensas<br />

a sofrer recombinações abertas e, portanto, têm<br />

maiores possibilidades de selecionar mecanismos<br />

de reprodução cruzada (Steiner, 1988; Barrett,<br />

2002, 2010).<br />

A associação da dioecia com outras formas de<br />

crescimento, como ervas e epífitas (associação<br />

significativa após teste Qui quadrado) e com<br />

trepadeiras e lianas (PCoA), pode ser explicada<br />

sob a hipótese de alocação de recursos. Renner &<br />

Ricklefs (1995) argumentam que nas trepadeiras<br />

o crescimento ascendente acelerado resultaria num<br />

prêmio para a planta. Consideram que a produção<br />

de frutos inibe temporariamente o crescimento ou<br />

requer o desenvolvimento de caules grossos e de<br />

crescimento lento para suportar frutos pesados,<br />

atrapalhando a velocidade de crescimento.<br />

Portanto, poderia ser uma vantagem adiar a face<br />

feminina da planta, que desviaria os recursos do<br />

desenvolvimento vegetativo. Se o efeito for forte,<br />

favorecerá o estabelecimento dos machos na<br />

população. Eles suspeitam que o efeito da seleção<br />

diferencial na alocação dos recursos é responsável<br />

por esse efeito.<br />

Sistemas unissexuados e síndromes de<br />

polinização e dispersão<br />

Vários estudos enfatizam os estados<br />

unissexuados das plantas, por eles serem<br />

mecanismos de cruzamento obrigatório que<br />

favorecem o fluxo gênico entre indivíduos e<br />

populações (Barrett, 2002; Karron et al., 2012).<br />

Isto significa que existe uma rede de interações<br />

entre plantas e vetores de polinização na qual as<br />

plantas dependem desses vetores para conseguirem<br />

se reproduzir de forma sexuada.<br />

Desde os trabalhos de Bawa (1980) e Bawa<br />

& Opler (1985) foi estabelecida uma relação<br />

positiva entre dioecia e polinização por insetos<br />

generalistas em florestas úmidas tropicais. Nestas<br />

florestas, o vento não é um vetor substancial para<br />

a polinização, enquanto a grande disponibilidade<br />

de vetores bióticos sim, tornando-os uma força<br />

diretriz na evolução dos sistemas unissexuados a<br />

partir do hermafroditismo. Contudo, a associação<br />

obtida para as Angiospermas da RNV é da dioecia<br />

com aves e a monoecia com o vento. O trabalho<br />

de Vamosi et al. (2003), que considerou as forças<br />

filogenéticas por trás das relações entre dioecia<br />

e atributos ecológicos, descreve que a anemofilia<br />

está fortemente correlacionada com espécies<br />

dioicas associada também a flores e inflorescências<br />

pequenas. Nas hipóteses filogenéticas por eles<br />

analisadas, não foi possível achar uma sequência<br />

evidente da aparição desta associação e apontam<br />

a necessidade de realizar mais trabalhos para<br />

entender este assunto. Portanto, este fato nos leva<br />

a pensar que talvez a polinização pelo vento nas<br />

florestas tropicais tenha sido subestimada. Segundo<br />

Barrett (2010), a evolução da anemofilia, a partir<br />

da polinização por animais, ocorre quando os<br />

vetores bióticos não são mais confiáveis, por conta<br />

de condições ambientais hostis. Em consequência,<br />

o vento passa a ser um mecanismo que fornece<br />

garantia reprodutiva, embora seja menos eficiente.<br />

A alta frequência de dispersão biótica de frutos<br />

e sementes na RNV associada à dioecia é um reflexo<br />

da alta incidência de frutos carnosos ou sementes<br />

com arilo nessas estas espécies. Alguns autores<br />

consideram este atributo uma consequência<br />

150


TOBÓN ET AL.<br />

EXPRESSÃO SEXUAL DE ANGIOSPERMAS<br />

secundária ou derivada das características lenhosa<br />

e ciclo de vida longo ((Bawa & Opler, 1975;<br />

Croat, 1979; Bawa, 1980; Freeman et al., 1980;<br />

Givnish, 1980; Sobrevilia & Arroyo, 1982; Flores &<br />

Schemske, 1984; Bawa et al., 1985; Bullock, 1985;<br />

Ormond et al., 1991; Sakai, 1995b; Oliveira, 1996;<br />

Saraiva, 1996). Isto se explica sob o argumento<br />

que a separação de sexos pode refletir num ganho<br />

de aptidão nos indivíduos femininos ou função<br />

feminina, permitindo-os produzir frutos em maior<br />

quantidade e mais atrativos (saborosos, vistosos),<br />

assegurando o sucesso na dispersão de propágulos<br />

por aves ou mamíferos (Bawa, 1980; Freeman et<br />

al., 1980).<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Em termos gerais, as frequências de sistemas<br />

sexuais nas fisionomias vegetais da Reserva<br />

Natural Vale acompanham as tendências para os<br />

ambientes tropicais. Vale a pena destacar que<br />

espécies dioicas são preferencialmente de porte<br />

arbóreo-arbustivo e o que diferencia a RNV de<br />

outras localidades é que os principais polinizadores<br />

são aves. Funcionalmente, a maioria das plantas da<br />

RNV, tanto hermafroditas, quanto unissexuadas<br />

dependem de vetores bióticos para sua polinização,<br />

como para a dispersão de frutos e sementes.<br />

Podes-se inferir, então, que a conservação das<br />

guildas de polinizadores e dispersores é de vital<br />

importância para a manutenção das espécies<br />

de Angiospermas deste local. Sendo as espécies<br />

hermafroditas as dominantes, cabe realizar estudos<br />

sobre os seus sistemas reprodutivos que permitam<br />

conhecer a fundo sua história de vida, frequência<br />

de autoincompatibilidade e variabilidade genética<br />

de suas populações, com vistas a subsídios de<br />

conservação.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Somos gratos a Fundação de Amparo à<br />

Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES) e ao<br />

Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico<br />

e Tecnológico (CNPq), pelo apoio financeiro; a<br />

Reserva Natural Vale, pelo apoio logístico e dados<br />

cedidos; ao Centro Universitário Norte do Espírito<br />

Santo da Universidade Federal do Espírito Santo,<br />

pelo apoio logístico; a Alana Felipe e Pablo Vieira<br />

pelo apoio nas atividades de campo; a Paulo Eugênio<br />

Oliveira pelas sugestões ao manuscrito.<br />

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154<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


PEIXOTO & JESUS<br />

MEMÓRIAS DE CONSERVAÇÃO<br />

PARTE III<br />

FLORA<br />

1 5 5


156<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

10<br />

Alexandre<br />

SAMAMBAIAS E LICÓFITAS<br />

DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>,<br />

LINHARES/ES<br />

Lana S. Sylvestre, Thaís Elias Almeida, Claudine Massi Mynssen &<br />

Salino<br />

INTRODUÇÃO<br />

As samambaias e licófitas, também conhecidas<br />

como “pteridófitas” correspondem a duas linhagens<br />

distintas de plantas vasculares sem sementes.<br />

As licófitas são caraterizadas pela presença de<br />

microfilos e esporângios únicos na face adaxial de<br />

esporofilos. É o grupo basal das plantas vasculares,<br />

sendo representado atualmente por menos de 1%<br />

destas plantas. As samambaias (ou monilófitas)<br />

geralmente apresentam folhas expandidas<br />

denominadas megafilos. Correspondem ao grupo<br />

irmão das espermatófitas e são filogeneticamente<br />

pouco relacionadas às licófitas (Smith et al., 2006).<br />

A região neotropical abriga cerca de 3.500<br />

espécies de samambaias e licófitas (Moran, 2008).<br />

As áreas montanhosas do continente concentram<br />

o maior número de espécies e endemismos. Estas<br />

regiões foram reconhecidas por Tryon (1972)<br />

como Centros de Diversidade e Endemismos no<br />

Neotrópico, sendo um deles o sudeste do Brasil.<br />

Dados recentes (Prado et al., 2015) indicam que<br />

a região sudeste abriga 841 espécies, a maioria<br />

ocorrente em áreas de Floresta Atlântica, com 131<br />

endemismos. O estado do Espírito Santo responde<br />

com 438 espécies e 13 endemismos, incluindo a<br />

flora da ilha oceânica de Trindade. Se considerarmos<br />

apenas a flora continental, o estado possui sete<br />

espécies endêmicas.<br />

A maior diversidade de samambaias e licófitas no<br />

Estado está concentrada em áreas de ocorrência de<br />

florestas montanas. Brade (1947) listou 19 famílias,<br />

43 gêneros e 108 espécies para áreas do município<br />

de Itaguaçu, entre 600 a 1.000 m de altitude.<br />

Viégas-Aquije & Santos (2007) inventariaram<br />

126 espécies para a Reserva Augusto Ruschi, em<br />

altitudes entre 780 e 1.143 m. Para as restingas,<br />

foram inventariadas 35 espécies (Behar & Viégas,<br />

1992, 1993). Mais recentemente, Andrade<br />

(2014) desenvolveu estudos em áreas de florestas<br />

sobre tabuleiros, em fragmentos ocorrentes nos<br />

municípios de Conceição da Barra e Pinheiros.<br />

Entretanto, esta é a primeira vez que é apresentada<br />

uma lista compreensiva de samambaias e licófitas<br />

ocorrentes em florestas sobre tabuleiros no<br />

corredor central da Floresta Atlântica.<br />

Portanto, este estudo tem por objetivo reunir<br />

as informações disponíveis sobre as samambaias<br />

e licófitas ocorrentes na Floresta de Tabuleiro<br />

da Reserva Natural Vale, com base na literatura,<br />

coleções de herbário e dados de campo.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

A presente lista foi elaborada a partir do<br />

levantamento de espécimes depositados no Herbário<br />

da Reserva Natural Vale (CVRD) e em outros<br />

herbários que abrigam coleções representativas de<br />

samambaias e licófitas da área de estudo, como o<br />

herbário do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico<br />

do Rio de Janeiro (RB), o herbário do Departamento<br />

de Botânica da Universidade Federal Rural do Rio<br />

de Janeiro (RBR) e o herbário do Departamento<br />

de Botânica da Universidade Federal de Minas<br />

1 5 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Gerais (BHCB). A título de complementação, foram<br />

consultados os dados disponíveis no Herbário Virtual<br />

da Flora e dos Fungos (http://inct.florabrasil.net/).<br />

Os 380 espécimes examinados foram identificados<br />

ou tiveram suas identificações atualizadas com base<br />

em bibliografia específica, utilizando as informações<br />

mais recentes disponíveis para a taxonomia dos<br />

grupos. O sistema de classificação utilizado para<br />

samambaias foi o proposto por Smith et al. (2006)<br />

e para Lycopodiaceae utilizou-se Øllgaard (2014).<br />

As plantas foram classificadas quanto ao hábito como<br />

ervas terrícolas, ervas aquáticas, trepadeiras e epífitas.<br />

Para as epífitas, adotamos a classificação de Benzing<br />

(1991), reconhecendo as categorias de holoepífita<br />

verdadeira, holoepífita facultativa e hemiepífita<br />

(secundária). Foram considerados apenas os hábitos<br />

das espécies ocorrentes na área de estudo.<br />

A análise da distribuição das espécies por formação<br />

vegetal seguiu Peixoto et al. (2008), que classificou<br />

a vegetação sobre tabuleiros ocorrentes na área<br />

em (1) Floresta Alta: formação florestal com dossel<br />

adensado, constituída por árvores que podem atingir<br />

40 m; (2) Floresta de Muçununga: formação florestal<br />

que acompanha cordões arenosos, com árvores<br />

de menor porte e que permitem maior penetração<br />

de luz até o solo; (3) Áreas permanentemente<br />

ou sazonalmente alagadas: incluem formações<br />

florestais como as florestas de várzea e as florestas<br />

ciliares, bem como formações herbáceas, também<br />

chamadas de brejos ou banhados. São áreas sujeitas<br />

a alagamento na maior parte do ano e são de difícil<br />

definição por apresentarem diferentes fisionomias e<br />

(4) Campos Nativos: aparecem como enclaves na<br />

floresta e são representados por campos abertos<br />

com vegetação graminoide ou arbustivo-arbórea<br />

em forma de moitas.<br />

RESULTADOS<br />

A Reserva Natural Vale possui um total de<br />

93 espécies e três variedades de samambaias<br />

distribuídas em 43 gêneros e 19 famílias, além<br />

de três espécies de licófitas, que pertencem a<br />

duas famílias e três gêneros (Tabela 1; Figura 1).<br />

Este montante corresponde a 21,9% do número<br />

total de espécies destes grupos registradas para<br />

o Espírito Santo e 4,3% do total da flora vascular<br />

estimada para a Reserva. Imagens de algumas das<br />

espécies encontradas na Reserva Natural da Vale<br />

são apresentadas nas Figuras 2 e 3.<br />

Tabela 1: Samambaias e Licófitas da Reserva Natural Vale, Linhares/ES – Lista de espécies, hábito e<br />

ocorrência por formação vegetal. O material foi selecionado de um total de 380 espécimes analisados.<br />

BHCB – Herbário do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Minas Gerais; CVRD –<br />

Herbário da Reserva Natural da Vale; RB – Herbário do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de<br />

Janeiro; RBR – Herbário do Departamento de Botânica da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.<br />

Formação vegetal: CN – Campo Nativo; FA – Floresta Alta; FM – Floresta de Muçununga; FV – Floresta de<br />

Várzea. Hábito: AR – arborescente; EA – erva aquática; ET – erva terrícola; HF – holoepífita facultativa; HP<br />

– hemiepífita; HV – holoepífita verdadeira; TR – trepadeira. v Endêmica do Brasil; l distribuição restrita<br />

ao corredor central da Floresta Atlântica; n ocorrência conhecida apenas para o estado do Espírito Santo.<br />

Família / Espécie Formação Hábito Material selecionado<br />

vegetal<br />

ANEMIACEAE<br />

Anemia collina Raddi FM, FA ET Almeida 731 (BHCB, CVRD); Mynssen 517 (CVRD, RB)<br />

Anemia espiritosantensis Brade vl FM, FA ET Almeida 689 (BHCB, CVRD); Mynssen 519 (CVRD, RB)<br />

Anemia hirta (L.) Sw. FA ET Almeida 631 (BHCB, CVRD);<br />

Anemia luetzelburgii Rosenst. vl FM, FA ET Almeida 664 (BHCB, CVRD); Monteiro 253 (RB)<br />

Anemia phyllitidis (L.) Sw. FM, FA ET Folli 4305 (CVRD); Paciencia 2329 (CVRD, RB)<br />

ASPLENIACEAE<br />

Asplenium serratum L. FM, FA HV Folli 4840 (CVRD); Martinelli 1848 (RB)<br />

Asplenium stuebelianum Hieron. FA ET Farney 270 (RB)<br />

BLECHNACEAE<br />

Blechnum brasiliense Desv. CN, FV ET Folli 2881 (CVRD, RBR)<br />

158


SYLVESTRE ET AL.<br />

SAMAMBAIAS & LICÓFITAS<br />

Família / Espécie Formação Hábito Material selecionado<br />

vegetal<br />

Blechnum occidentale L. FA ET Almeida 673 (BHCB, CVRD)<br />

Salpichlaena volubilis (Kaulf.) J.Sm. FV TR Folli 2849 (CVRD); Salino 4521 (BHCB, CVRD)<br />

Telmatoblechnum serrulatum (Rich.) CN, FV ET Folli 2919 (CVRD, RBR); Sucre 8409 (RB)<br />

Perrie et al.<br />

CYATHEACEAE<br />

Cyathea microdonta (Desv.) Domin FV, FA AR Salino 4525 (BHCB, CVRD)<br />

Cyathea phalerata Mart. FV AR Folli 3117 (CVRD)<br />

DENNSTAEDTIACEAE<br />

Hypolepis repens (L.) C.Presl FV, FA ET Almeida 687 (BHCB, CVRD)<br />

Pteridium arachnoideum (Kaulf.) Maxon CN, FM ET Folli 3175 (CVRD)<br />

DRYOPTERIDACEAE<br />

Ctenitis paranaensis (C.Chr.) Lellinger FA ET Paciencia 2444 (CVRD, RB)<br />

Ctenitis christensenii R. S. Viveros & Salino vl FA ET Almeida 636 (BHCB, CVRD)<br />

Ctenitis glandulosa R.S. Viveros & Salino FA ET Almeida 715 (BHCB)<br />

Cyclodium heterodon var. abreviatum FM, FA ET Folli 2901 (CVRD)<br />

(C.Presl) A.R.Sm. v<br />

Cyclodium heterodon var. heterodon FV, FA ET Salino 4535 (BHCB, CVRD)<br />

(Schrad.) T.Moore vl<br />

Cyclodium meniscioides var. meniscioides FV, FA ET Almeida 708 (BHCB, CVRD); Mynssen 508 (CVRD, RB)<br />

(Willd.) C.Presl<br />

Polybotrya cylindrica Kaulf. v FM HP Almeida 682 (BHCB, CVRD)<br />

Polybotrya osmundacea Willd. FV, FA HP Almeida 729 (BHCB, CVRD); Folli 1917 (CVRD)<br />

GLEICHENIACEAE<br />

Dicranopteris flexuosa (Schrad.) Underw. FV ET Folli 3102 (CVRD); Paciencia 2449 (CVRD, RB)<br />

Gleichenella pectinata (Willd.) Ching FV, FA ET Almeida 674 (BHCB, CVRD); Folli 1888 (CVRD)<br />

HYMENOPHYLLACEAE<br />

Didymoglossum hymenoides (Hedw.) Copel. FM HV Folli 3708 (CVRD)<br />

Trichomanes pinnatum Hedw. FV, FA ET Almeida 625 (BHCB, CVRD); Mynssen 518 (CVRD, RB)<br />

LINDSAEACEAE<br />

Lindsaea divaricata Klotzsch FA ET Almeida 644 (BHCB, CVRD)<br />

Lindsaea lancea (L.) Bedd. FV, FA ET Folli 3384 (CVRD); Mynssen 503 (CVRD, RB)<br />

Lindsaea quadrangularis Raddi FV ET Almeida 724 (BHCB, CVRD); Folli 3023 (CVRD, RBR);<br />

Lindsaea stricta (Sw.) Dryand. CN, FV, FA ET Folli 3715 (CVRD); Paciencia 2447 (CVRD, RB)<br />

LOMARIOPSIDACEAE<br />

Lomariopsis marginata (Schrad.) Kuhn v FA HV Almeida 650 (BHCB, CVRD); Folli 4237 (CVRD)<br />

Nephrolepis biserrata (Sw.) Schott FV, FA HF Almeida 706 (BHCB, CVRD)<br />

Nephrolepis cordifolia (L.) C.Presl FM, FA ET Almeida 628 (BHCB, CVRD)<br />

Nephrolepis rivularis (Vahl) Mett. ex Krug FM, FV HV Folli 3182 (CVRD); Salino 4534 (BHCB, CVRD)<br />

LYCOPODIACEAE<br />

Lycopodiella alopecuroides (L.) Cranfill CN, FV ET Folli 3331 (CVRD)<br />

Palhinhaea cernua (L.) Franco & Vasc. CN, FV ET Almeida 726 (BHCB, CVRD); Mynssen 510 (CVRD, RB)<br />

LYGODIACEAE<br />

Lygodium volubile Sw. CN, FA, FV TR Folli 1889 (CVRD); Martinelli 1967 (RB)<br />

OSMUNDACEAE<br />

Osmunda regalis L. FV ET Folli 1834 (CVRD)<br />

POLYPODIACEAE<br />

Campyloneurum acrocarpon Fée v FM, FA HF Almeida 656 (BHCB, CVRD)<br />

Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C.Presl FM HF Folli 1634 (CVRD, RBR); Mynssen 516 (CVRD, RB)<br />

Microgramma geminata (Schrad.) FV, FA HV Almeida 646 (BHCB, CVRD); Folli 2737 (CVRD, RBR)<br />

R.M.Tryon & A.F.Tryon<br />

1 5 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família / Espécie Formação Hábito Material selecionado<br />

vegetal<br />

Microgramma microsoroides FV, FA HV Almeida 681 (BHCB, CVRD); Folli 5177 (CVRD)<br />

Salino et al. vn<br />

Microgramma persicariifolia FA HV Almeida 735 (BHCB, CVRD)<br />

(Schrad.) C.Presl<br />

Microgramma vacciniifolia CN, FM, FA HV Folli 2803 (CVRD, RBR); Simonelli 891 (CVRD)<br />

(Langsd. & Fisch.) Copel.<br />

Pecluma dispersa (A.M.Evans) M.G.Price FA HV Almeida 668 (BHCB, CVRD)<br />

Pecluma plumula (Humb. & Bonpl. ex Willd.) FM, FA HV Folli 3049 (CVRD); Salino 4527 (BHCB, CVRD)<br />

M.G.Price<br />

Phlebodium pseudoaureum (Cav.) Lellinger FA HV Folli 3394 (CVRD)<br />

Pleopeltis hirsutissima (Raddi) de la Sota FM, FA HV Folli 3030 (CVRD)<br />

Pleopeltis minima (Bory) J.Prado & R.Y.Hirai FV, FA HV Folli 5433 (CVRD)<br />

Pleopeltis monoides (Weath.) Salino vl FA HV Almeida 696 (BHCB, CVRD)<br />

Pleopeltis pleopeltifolia (Raddi) Alston v FM, FA HV Folli 3000 (CVRD)<br />

Serpocaulon latipes CN, FM HF Folli 1723 (CVRD, RBR); Martinelli 4958 (RB)<br />

(Langsd. & Fisch.) A.R.Sm. v<br />

Serpocaulon triseriale (Sw.) A.R.Sm. CN, FM HF Folli 2862 (CVRD, RBR); Almeida 649 (BHCB, CVRD)<br />

PTERIDACEAE<br />

Acrostichum aureum L. CN, FV ET Salino 4531 (BHCB, CVRD)<br />

Acrostichum danaefolium Langsd. & Fisch. CN, FV ET Almeida 634 (BHCB, CVRD)<br />

Adiantopsis radiata (L.) Fée FM, FA ET Folli 3926 (CVRD)<br />

Adiantum abscissum Schrad. v FV, FA ET Lima 1955 (RB); Martinelli 1876 (RB)<br />

Adiantum deflectens Mart. FA ET Paciencia 2434 (CVRD)<br />

Adiantum dolosum Kunze FV, FA ET Paciencia 2287 (CVRD, RB); Sucre 8263 (RB)<br />

Adiantum glaucescens Klotzsch FM, FA ET Paciencia 2297 (CVRD, RB); Almeida 658 (BHCB, CVRD)<br />

Adiantum latifolium Lam. FM, FA ET Almeida 685 (BHCB, CVRD); Folli 1825 (CVRD)<br />

Adiantum lucidum (Cav.) Sw. FM, FV, FA ET Paciencia 2460 (CVRD); Almeida 686 (BHCB, CVRD)<br />

Adiantum pulverulentum L. FA ET Monteiro 255-B (RB)<br />

Adiantum serratodentatum FV ET Folli 4211 (CVRD)<br />

Humb. & Bonpl. ex Willd.<br />

Adiantum subcordatum Sw. vl FV, FA ET Folli 4429 (CVRD); Almeida 653 (BHCB, CVRD)<br />

Adiantum terminatum Kunze ex Miq. FV. FA ET Almeida 657 (BHCB); Mynssen 502 (CVRD, RB)<br />

Adiantum windischii J.Prado FA ET Mello-Silva 1459 (RB)<br />

Ceratopteris thalictroides (L.) Brongn. FV EA Almeida 702 (BHCB); Folli 4481 (CVRD)<br />

Doryopteris pentagona Pic.Serm. FA ET Almeida 637 (BHCB, CVRD); Folli 2923 (CVRD)<br />

Hemionitis tomentosa (Lam.) Raddi FA ET Folli 2924 (CVRD)<br />

Pityrogramma calomelanos (L.) Link FV, FA ET Almeida 723 (BHCB, CVRD)<br />

Pteris biaurita L. FA ET Almeida 703 (BHCB, CVRD)<br />

Pteris brasiliensis Raddi FV, FA ET Mynssen 506 (CVRD, RB); Folli 4272 (CVRD)<br />

Pteris cretica L. FV ET Siqueira 280 (CVRD)<br />

Pteris denticulata Sw. FM, FV, FA ET Folli 3429 (CVRD)<br />

Pteris leptophylla Sw. v FM, FA ET Almeida 679 (BHCB, CVRD); Paciencia 2427 (CVRD)<br />

Pteris schwackeana Christ FA ET Folli 2962 (CVRD)<br />

Vittaria lineata (L.) Sm. FM, FV, FA HV Almeida 626 (BHCB); Folli 3291 (CVRD)<br />

SACCOLOMATACEAE<br />

Saccoloma elegans Kaulf. FV ET Salino 4529 (BHCB, CVRD)<br />

SALVINIACEAE<br />

Azolla cristata Kaulf. FM EA Almeida 691 (BHCB, CVRD)<br />

Salvinia biloba Raddi FM, FV EA Almeida 692 (BHCB, CVRD); Folli 2867 (CVRD)<br />

Salvinia minima Baker v FM EA Almeida 693 (BHCB, CVRD)<br />

160


SYLVESTRE ET AL.<br />

SAMAMBAIAS & LICÓFITAS<br />

Família / Espécie Formação Hábito Material selecionado<br />

vegetal<br />

SCHIZAEACEAE<br />

Actinostachys pennula (Sw.) Hook. CN ET Folli 2331 (CVRD)<br />

SELAGINELLACEAE<br />

Selaginella muscosa Spring CN, FA HV Folli 3481 (CVRD)<br />

TECTARIACEAE<br />

Tectaria incisa Cav. FM, FA ET Almeida 732 (BHCB, CVRD)<br />

Triplophyllum funestum (Kunze) Holttum FV, FA ET Folli 3831 (CVRD)<br />

Triplophyllum hirsutum (Holttum) FV, FA ET Mynssen 504 (CVRD, RB)<br />

J.Prado & R.C.Moran<br />

THELYPTERIDACEAE<br />

Macrothelypteris torresiana (Gaudich.) Ching FV, FA ET Almeida 705 (BHCB, CVRD)<br />

Thelypteris conspersa (Schrad.) A.R.Sm. FV, FA ET Almeida 712 (BHCB, CVRD); Folli 3187 (CVRD)<br />

Thelypteris dentata (Forssk.) E.P.St.John FV, FA ET Folli 2871 (CVRD)<br />

Thelypteris hispidula (Decne.) C.F.Reed FA ET Almeida 635 (BHCB, CVRD)<br />

Thelypteris interrupta (Willd.) K.Iwats. FV, FA ET Almeida 642 (BHCB, CVRD); Folli 3183 (CVRD)<br />

Thelypteris longifolia (Desv.) R.M.Tryon FM, FV, FA ET Almeida 666 (BHCB, CVRD); Mynssen 507 (CVRD, RB)<br />

Thelypteris macrophylla (Kunze) C.V.Morton FM, FV ET Folli 3382 (CVRD); Salino 4528 (BHCB, CVRD)<br />

Thelypteris opposita (Vahl) Ching FA ET Almeida 717 (BHCB, CVRD)<br />

Thelypteris serrata (Cav.) Alston FA, FV ET Folli 2870 (CVRD); Salino 4516 (BHCB, CVRD)<br />

Figura 1: Número de famílias, gêneros e espécies de<br />

samambaias e licófitas ocorrentes na Reserva Natural Vale.<br />

A família com maior diversidade é Pteridaceae<br />

(25 espécies), seguida por Polypodiaceae (15),<br />

Thelypteridaceae (9) e Dryopteridaceae (7). As<br />

demais apresentam menos de cinco espécies<br />

cada. As duas primeiras famílias são também as<br />

que apresentam a maior diversidade genérica,<br />

com nove e seis gêneros, respectivamente<br />

(Figura 4). Os gêneros mais ricos são Adiantum<br />

(11 espécies), Thelypteris (8), Pteris (6) e<br />

Anemia (5); Lindsaea, Microgramma e Pleopeltis<br />

também estão bem representados (4 espécies<br />

cada), enquanto os demais gêneros possuem<br />

menos de três espécies (Figura 5). Na área de<br />

estudo ocorrem apenas três gêneros de licófitas,<br />

Lycopodiella, Palhinhaea e Selaginella, com uma<br />

espécie cada.<br />

Três novas espécies foram recentemente<br />

descritas para a área da Reserva: Microgramma<br />

microsoroides (Salino et al., 2008), Ctenitis<br />

christensenii e C. glandulosa (Viveiros & Salino,<br />

2015).<br />

Ervas terrícolas são as mais comuns na área<br />

de estudo, representando não somente o maior<br />

número de espécies (65), mas também o hábito<br />

mais frequente nas diferentes fisionomias da<br />

Reserva (Figura 6). Pteridaceae é a família<br />

dominante dentre as ervas terrícolas (23 espécies,<br />

11 delas de Adiantum). As holoepífitas verdadeiras<br />

correspondem a 15% da flora estudada, seguida<br />

pelas holoepífitas facultativas (7%), em sua maioria<br />

pertencentes à família Polypodiaceae. As ervas<br />

aquáticas (4%) estão representadas pelos gêneros<br />

Azolla, Salvinia e Ceratopteris. Salpichlaena volubilis<br />

e Lygodium volubile são as duas espécies com hábito<br />

trepador. As hemiepífitas são Polybotrya cylindrica<br />

e P. osmundacea. As samambaias arborescentes<br />

estão representadas por Cyathea microdonta e C.<br />

phalerata.<br />

1 6 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 2: Samambaias e Licófitas da Reserva Natural Vale. A) Anemia collina Raddi; B) A. luetzelburgii Rosenst.;<br />

C) A. phyllitidis (L.) Sw.; D) Blechnum occidentale L.; E) Cyathea microdonta (Desv.) Domin; F) Trichomanes<br />

pinnatum Hedw.; G) Dicranopteris flexuosa (Schrad.) Underw. H) Lindsaea lancea (L.) Bedd.; I) Microgramma<br />

geminata (Schrad.) R.M.Tryon & A.F.Tryon; J) M. microsoroides Salino et al.; K) Adiantum dolosum Kunze; L)<br />

Doryopteris pentagona Pic.Serm.; M) Hemionitis tomentosa (Lam.) Raddi. Fotos: A-C, E-F, H-M: T.E.Almeida;<br />

D:L.Sylvestre; G:T.Pilla.<br />

162


SYLVESTRE ET AL.<br />

SAMAMBAIAS & LICÓFITAS<br />

Figura 3: Samambaias e licófitas da Reserva Natural Vale. A) Pteris brasiliensis Raddi; B,C) Pteris leptophylla Sw. (hábito<br />

e detalhe da lâmina foliar); D) Azolla cristata Kaulf.; E) Selaginella muscosa Spring; F) Triplophyllum hirsutum (Holttum)<br />

J.Prado & R.C. Moram; G) Thelypteris macrophylla (Kunze) C.V.Morton; H) Vittaria lineata (L.) Sm. Fotos: T.E.Almeida.<br />

Figura 4: Número de gêneros e espécies das dez<br />

famílias de samambaias e licófitas com maior diversidade<br />

na Reserva Natural Vale.<br />

Figura 5: Gêneros de samambaias com maior<br />

diversidade na Reserva Natural Vale. As licófitas estão<br />

representadas por três gêneros com uma espécie cada.<br />

1 6 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 6: Percentual de espécies de samambaias da<br />

Reserva Natural Vale, classificadas quanto ao hábito.<br />

A Floresta Alta é a formação vegetal mais rica<br />

(72 espécies) e também a que apresenta o maior<br />

número de espécies exclusivas (22), ou seja,<br />

aquelas que não ocorrem em nenhum outro tipo<br />

de vegetação na área. As áreas permanentemente<br />

ou sazonalmente alagadas também possuem<br />

uma expressiva flora de samambaias e licófitas,<br />

com 49 espécies, nove delas exclusivas dessas<br />

formações. A Floresta de Muçununga, por sua<br />

vez, apresenta 33 espécies e os Campos Nativos<br />

possuem a menor riqueza, com 14 espécies<br />

(Figura 7).<br />

A maioria das espécies possui distribuição<br />

neotropical (68 spp.) e 13 delas ocorrem<br />

em regiões tropicais de outros continentes<br />

(pantropicais) (Figura 8). Estas últimas são<br />

representadas tanto por espécies naturalizadas,<br />

tais como Macrothelypteris torresiana, Pteris<br />

cretica e Thelypteris dentata, quanto nativas.<br />

Dentre estas, podem ser citadas as aquáticas<br />

Azolla cristata e Ceratopteris thalictroides,<br />

bem como as ervas ruderais Pityrogramma<br />

calomelanos e Thelypteris interrupta.<br />

Dentre as espécies endêmicas do Brasil<br />

ocorrentes na Reserva (15 spp.), 13 são<br />

exclusivas da Floresta Atlântica. Destas, oito<br />

possuem ampla distribuição, geralmente<br />

ocorrendo desde o nordeste ao sudeste/sul do<br />

Brasil; quatro possuem distribuição restrita ao<br />

corredor central da Floresta Altântica, como<br />

Anemia espiritosantensis (ES, MG) e Pleopeltis<br />

monoides (BA, ES, MG); e uma é considerada até o<br />

Figura 7: Número de espécies de samambaias e<br />

licófitas distribuídas nas diferentes formações vegetais<br />

encontradas na Reserva Natural Vale.<br />

Figura 8: Padrões de distribuição das samambaias e licófitas da Reserva Natural Vale. As espécies não endêmicas<br />

do Brasil (81) possuem distribuição pantropical ou ocorrem somente na região neotropical (68). Dentre as espécies<br />

endêmicas do Brasil (15), a maioria ocorre exclusivamente na Floresta Atlântica (13), sendo que quatro delas são<br />

restritas ao corredor central (do sul da Bahia ao norte de São Paulo) e uma ao estado do Espírito Santo.<br />

164


SYLVESTRE ET AL.<br />

SAMAMBAIAS & LICÓFITAS<br />

momento endêmica às florestas sobre tabuleiros<br />

no Espírito Santo (Microgramma microsoroides).<br />

Anemia espiritosantensis consta no “livro<br />

vermelho” da flora do Espírito Santo (Simonelli<br />

& Fraga, 2007) como Criticamente em Perigo<br />

(CR), enquanto que Pleopeltis monoides é<br />

categorizada como Em Perigo (EN) tanto na<br />

lista estadual, como no Livro vermelho da<br />

flora do Brasil (Martinelli & Moraes, 2013).<br />

Microgramma microsoroides, embora ainda<br />

não avaliada quanto ao risco de extinção, pode<br />

ser considerada potencialmente ameaçada,<br />

principalmente por possuir uma área de<br />

ocupação reduzida e ocorrer em um bioma<br />

extremamente ameaçado.<br />

DISCUSSÃO<br />

A ocorrência de 96 espécies de samambaias e<br />

licófitas para a Reserva Natural Vale representa o<br />

maior valor de riqueza específica para estes grupos<br />

em regiões de Florestas de Terras Baixas no Estado<br />

do Espírito Santo. Portanto, a riqueza das florestas<br />

sobre tabuleiros pode ser considerada intermediária<br />

entre a das restingas (35 espécies - Behar & Viégas,<br />

1992; 1993) e as de florestas montanas (108<br />

espécies – Brade, 1947; 126 espécies – Viégas-<br />

Aquije & Santos, 2007).<br />

Andrade (2014) reconheceu 55 espécies<br />

para três fragmentos distintos de florestas sobre<br />

tabuleiros entre os municípios de Conceição da<br />

Barra e Pinheiros. Entretanto, a maior riqueza<br />

encontrada aqui pode ser explicada por dois fatores<br />

principais: (1) a área de vegetação protegida na<br />

Reserva Natural Vale é aproximadamente 3,5 vezes<br />

maior que a área dos três fragmentos somados e<br />

(2) a vegetação em mosaico proporciona condições<br />

ambientais distintas, ocasionando floras também<br />

relativamente distintas.<br />

Vários autores têm destacado a importância da<br />

diversidade ambiental no aumento da riqueza da<br />

flora de samambaias e licófitas (Paciencia & Prado,<br />

2005; Moran, 2008; Kluge & Kessler, 2011). Estas<br />

condições são geralmente mais evidentes nas<br />

florestas de encosta, onde a topografia do terreno<br />

proporciona uma maior variabilidade ambiental<br />

(Moran, 2008). Contudo, mesmo apresentando<br />

pouca variação topográfica na área de estudo, as<br />

diferentes tipologias contribuem para o aumento<br />

desta riqueza, o que pode ser evidenciado quando<br />

são analisados os dados de distribuição das espécies<br />

nas diferentes formações vegetais.<br />

A Floresta Alta apresentou a maior riqueza,<br />

aliado ao maior número de espécies exclusivas<br />

desta formação, que são prioritariamente ervas<br />

terrícolas de sub-bosque. Portanto, o dossel fechado<br />

encontrado nesta floresta permite o estabelecimento<br />

de espécies altamente dependentes desta condição<br />

de sombreamento, tais como Adiantum abscissum, A.<br />

windischii e Asplenium stuebelianum. Esta formação<br />

concentra a maioria das espécies endêmicas da<br />

Floresta Atlântica ocorrentes na Reserva, bem como<br />

as espécies ameaçadas de extinção.<br />

As áreas alagadas, representadas especialmente<br />

pelas Florestas de Várzea, apresentam um dossel<br />

mais aberto e possuem uma riqueza intermediária<br />

entre a Floresta Alta e a Floresta de Muçununga.<br />

Esta formação é representada em sua maioria por<br />

plantas generalistas, que ocorrem em diferentes<br />

ambientes na reserva, bem como por plantas<br />

adaptadas a condições de alagamento. Dentre as<br />

espécies que foram encontradas exclusivamente<br />

nestas áreas podem ser citadas Saccoloma elegans<br />

e Salpichlaena volubilis.<br />

As Florestas de Muçununga, que são áreas mais<br />

abertas, associadas a solos arenosos, são mais<br />

propícias ao desenvolvimento de espécies tolerantes<br />

a ambientes mais secos e ensolarados. Possuem a<br />

metade da diversidade encontrada nas Florestas<br />

Altas e a maioria das espécies de samambaias<br />

são terrícolas e de ampla distribuição geográfica.<br />

Entretanto, o componente epifítico também está<br />

bem representado nesta formação. Dentre as<br />

espécies mais comuns na fisionomia das Florestas<br />

de Muçununga podemos citar Campyloneurum<br />

nitidum (holoepífita facultativa), Didymoglossum<br />

hymenoides (holoepífita verdadeira) e Polybotrya<br />

cylindrica (hemiepífita).<br />

Os Campos Nativos são representados por<br />

espécies heliófilas, algumas adaptadas a solos<br />

encharcados. A flora apresenta alguns elementos<br />

compartilhados às restingas litorâneas, como<br />

Acrostichum danaefolium, Actinostachys pennula,<br />

Serpocaulon latipes, S. triseriale e Telmatoblechnum<br />

serrulatum. Algumas espécies terrícolas formam<br />

densas populações, como Pteridium arachnoideum,<br />

1 6 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Palhinhaea cernua e Telmatoblechnum serrulatum.<br />

A análise do componente arbóreo tem<br />

demonstrado uma alta relação florística entre as<br />

florestas sobre tabuleiros e a floresta amazônica<br />

(Peixoto et al., 2008). Entretanto, esta similaridade<br />

demonstrou ser menor nas samambaias e licófitas,<br />

embora alguns elementos amazônicos estejam<br />

presentes, tais como Triplophyllum funestum e<br />

Triplophyllum hirsutum. A maioria das espécies é<br />

oriunda do corredor central da Floresta Atlântica,<br />

que se estende do sul da Bahia ao Rio de Janeiro,<br />

incluindo o norte de São Paulo e o leste de Minas<br />

Gerais. A proximidade geográfica pode explicar<br />

este panorama, embora a dispersão seja apenas<br />

um dos fatores atuantes no estabelecimento da<br />

pteridoflora local.<br />

Os dados aqui apresentados mostram a<br />

relevância da Reserva Natural Vale na conservação<br />

da diversidade de licófitas e samambaias na<br />

Floresta de Tabuleiro, além da sua importância na<br />

preservação da flora como um todo.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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fragmentos de mata atlântica do norte do Espírito<br />

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Biológicas. São Mateus: Universidade Federal do<br />

Espírito Santo – CEUNES, 32p.<br />

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Restinga do Parque Estadual de Setiba, ES. Boletim do<br />

Museu de Biologia Prof. Mello Leitão 1 (nova série):<br />

39 – 59.<br />

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Restinga de Comboios, Aracruz/Linhares, ES. In: III<br />

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Paulo: ACIESP, v. 3: 134 – 144.Brade, A. C. 1947.<br />

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do Espírito Santo (I. Pteridophyta). Rodriguésia 21:<br />

25 – 56.<br />

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characteristics and forest type on fern species richness,<br />

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in Costa Rica. Plant Ecology 212 (7): 1109 – 1121.<br />

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Jakobsson: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do<br />

Rio de Janeiro. 1100 p.<br />

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Salino, A.; Barros, I.C.L.; Hirai, R.Y.; Almeida, T.E.;<br />

Santiago, A.C.P.; Kieling-Rubio, M.A.; Pereira, A.F.N.;<br />

Øllgaard, B.; Ramos, C.G.V.; Mickel, J.T.; Dittrich,<br />

V.A.O.; Mynssen, C.M.; Schwartsburd, P.B.; Condack,<br />

J.P.S.; Pereira, J.B.S. & Matos, F.B. 2015. Diversity of<br />

ferns and lycophytes in Brazil. Rodriguésia 66: 1073-<br />

1083.<br />

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Kreier, H.-P. & Schneider, H. 2008. A new species<br />

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ameaçadas de extinção no Estado do Espírito Santo.<br />

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Smith, A.R.; Pryer, K.M.; Schuettpelz, E.; Korall, P.;<br />

Schneider, H. & Wolf, P.G. 2006. A classification of<br />

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Viégas-Aquije, G.M.F. & Santos, I.K.F. 2007.<br />

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Brasileira de Biociências 5 (supl. 2): 909 – 911.<br />

Viveiros, R.S. & Salino, A. 2015. Two new species of<br />

Ctenitis (Dryopteridaceae) from South America and<br />

taxonomic notes on similar species. Phytotaxa 239<br />

(1): 1-16.<br />

166


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

11<br />

ANGIOSPERMAS DA <strong>RESERVA</strong><br />

<strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>, NA FLORESTA<br />

ATLÂNTICA DO NORTE DO<br />

ESPÍRITO SANTO<br />

Samir Gonçalves Rolim, Ariane Luna Peixoto, Oberdan José Pereira,<br />

Dorothy Sue Dunn de Araujo, Marcos Nadruz, Geovane Siqueira &<br />

Luis Fernando Tavares de Menezes<br />

INTRODUÇÃO<br />

Apesar da intensa fragmentação ocorrida no<br />

bioma Mata Atlântica, onde 71% dos fragmentos<br />

possuem menos que 5 mil ha e 45% da área<br />

encontra-se dentro dos 100 m de borda florestal<br />

(Ribeiro et al., 2009), este bioma ainda guarda<br />

elevados valores de diversidade e endemismo em<br />

sua flora (Thomas et al., 2008; Forzza et al., 2010;<br />

Werneck et al., 2011).<br />

Uma região singular neste bioma é o trecho<br />

entre o município de Santa Teresa/ES e Ilhéus/<br />

BA, onde foram registradas as três áreas com<br />

maior riqueza de angiospermas na Mata Atlântica<br />

(Martini et al., 2007; Thomas et al., 2008; Saiter &<br />

Thomaz, 2014). Nesta região, no norte do Espírito<br />

Santo, sobre sedimentos da Formação Barreiras,<br />

encontram-se dois fragmentos contíguos e bem<br />

conservados de Floresta de Tabuleiro, denominação<br />

dada por Rizzini (1963): a Reserva Natural Vale<br />

(RNV) e a Reserva Biológica de Sooretama (RBS).<br />

Juntas, elas somam 46 mil ha e constituem o maior<br />

maciço de Floresta Atlântica entre o sul da Bahia e<br />

norte do Rio de Janeiro (Peixoto et al., 2008).<br />

Esta é uma região singular, citada como a mais<br />

rica em espécies de angiospermas do neotrópico,<br />

considerando áreas com precipitação similar, ao<br />

redor de 1.200-1.400 mm/ano (Peixoto & Gentry,<br />

1990) e um dos 14 centros de diversidade e<br />

endemismo de plantas do Brasil (Peixoto & Silva,<br />

1997). Alguns estudos já fizeram a revisão de<br />

famílias e gêneros ocorrentes na RNV (p. ex.Barroso<br />

& Peixoto, 1995; Mansano & Tozzi, 2004; Coelho,<br />

2010a, Lopes & Mello-Silva, 2014) e novos táxons<br />

continuam a ser descritos (p. ex Maas et al., 2007;<br />

Pirani, 2010; Acevedo-Rodríguez, 2012; Lopes et<br />

al., 2013; Lopes et al.,2014; Medeiros & Lohmann,<br />

2014; Lombardi, 2014; Sobral & Souza, 2015;<br />

Kollmann et al., 2015).<br />

Numa análise geral, a primeira síntese da flora<br />

de angiospermas da RNV analisou 2.417 exsicatas,<br />

descrevendo 650 espécies vegetais, sendo 489<br />

arbóreas (Jesus & Garcia, 1992). Menos de uma<br />

década depois foram descritas 1.404 espécies de<br />

fanerógamas, das quais 37 com material tipo da<br />

RNV, já incluindo uma boa representatividade de<br />

plantas não arbóreas (Germano Filho et al., 2000).<br />

Posteriormente Peixoto et al. (2008) e Siqueira<br />

et al. (2014) listaram mais de 2.000 espécies<br />

de angiospermas, entretanto, nestas listagens<br />

são incluídas algumas dezenas de táxons cujas<br />

determinações não chegam a espécie e dezenas<br />

de espécies naturalizadas. Neste trabalho é<br />

analisada a riqueza de espécies de angiospermas<br />

da RNV, são discutidos os grupos taxonômicos<br />

mais ricos e é feita uma breve discussão em<br />

relação à flora de outras regiões bem estudadas<br />

do neotrópico.<br />

1 6 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

168<br />

MATERIAIS & MÉTODOS<br />

A RNV localiza-se no norte do Espírito Santo,<br />

sobre terrenos com pequena variação de altitude,<br />

geralmente entre 30 e 60 m. O clima é considerado<br />

estacional, embora a vegetação florestal seja<br />

classificada como Floresta Estacional Perenifólia.<br />

Para o período de janeiro de 1975 a dezembro de<br />

2004, a precipitação média anual foi igual a 1.227<br />

mm (desvio padrão ± 273 mm), a temperatura<br />

média anual foi de 23,3 o C, variando muito pouco<br />

ao longo do ano, entre 20,0 o C e 26,2 o C (médias<br />

das mínimas e máximas anuais). A umidade relativa<br />

média anual foi de 85,8%, também variando muito<br />

pouco ao longo do ano, entre 82,2% e 89,2%<br />

(Rolim et al., 2016a).<br />

Na RNV ocorrem quatro tipos principais de<br />

fisionomias vegetais. A de maior extensão é a Floresta<br />

de Tabuleiro, uma fisionomia florestal madura sobre<br />

Argisolos Amarelos, onde as árvores chegam a<br />

atingir mais de 35 m de altura (Jesus & Rolim, 2005;<br />

Peixoto et al., 2008). As florestas de muçununga<br />

ocorrem geralmente como enclaves no interior<br />

da Floresta de Tabuleiro, sobre depósitos arenosos<br />

(espodossolos), onde o dossel atinge cerca de 10 m<br />

de altura e ocorre grande penetração de luz no subbosque<br />

(Simonelli et al., 2008). Nesta fisionomia,<br />

os solos são pobres e existe um grande estresse<br />

hídrico, os quais são limitantes para o crescimento<br />

das árvores (Saporetti-Júnior et al., 2012).<br />

Os campos nativos ou “nativo” é uma fisionomia<br />

variando de herbácea a arbustiva, ocorrendo<br />

também sobre solos arenosos e pobres. Do ponto<br />

de vista florístico o nativo é uma vegetação de<br />

restinga, embora alguns autores prefiram fazer<br />

a diferenciação fisionômica, deixando o termo<br />

restinga para a vegetação que ocorre sobre os<br />

terraços marinhos do quaternário (Araujo et al.,<br />

2008). Esta fisionomia é considerada por alguns<br />

uma variação da muçununga, assim como a<br />

variação que ocorre entre fisionomias de cerrado<br />

(Meira-Neto et al., 2005). A variação fisionômica<br />

nos campos nativos é provavelmente condicionada<br />

pela frequência e duração do alagamento do solo<br />

em épocas chuvosas (Ferreira et al., 2014).<br />

Uma análise detalhada do mapa da RNV,<br />

apresentado na abertura deste livro, apresenta as<br />

fisionomias vegetais da reserva numa imagem de<br />

satélite (Figura 1).<br />

As áreas permanentemente inundadas, aqui<br />

denominadas várzeas, também apresentam um<br />

gradiente fisionômico difícil de definir, podendo<br />

variar de herbáceas a arbóreas com dossel a 12 m<br />

de altura (Peixoto et al., 2008).<br />

Para elaborar a lista de angiospermas foram<br />

consultados 15.568 registros do Herbário CVRD,<br />

da RNV, depositados até a data de 28 de janeiro<br />

de 2016, sendo excluídas as briófitas, monilófitas<br />

e licófitas (tratadas em outros capítulos deste<br />

livro), as coletas realizadas fora dos limites da<br />

RNV e os registros indeterminados. Contudo,<br />

espécies colocadas apenas até gênero, mas que<br />

são consideradas por especialistas como “novas”<br />

foram mantidas na lista. Gêneros sem a completa<br />

identificação até espécie, mas com apenas uma<br />

espécie também foram mantidos na lista. Apenas<br />

para Myrtaceae foram mantidas algumas morfoespécies.<br />

Espécies naturalizadas, exóticas e/<br />

ou ruderais foram excluídas do presente estudo,<br />

seguindo recomendação de Moro et al. (2012).<br />

Algumas poucas espécies sem duplicatas no<br />

Herbário CVRD foram incluídas, após a confirmação<br />

de especialistas, utilizando-se os dados de exsicatas<br />

depositadas em outras coleções. A lista de espécies<br />

foi submetida à checagem de nomes através da<br />

ferramenta Plantminer (Carvalho et al., 2010),<br />

o qual faz uma correção automática dos nomes<br />

válidos e sinônimos, através de consulta à Lista de<br />

Espécies da Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.<br />

gov.br). Posteriormente, a listagem foi checada<br />

para verificar inconsistências.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Riqueza de espécies<br />

Foram contabilizadas 1.999 espécies de<br />

angiospermas na RNV, distribuídas por 145 famílias<br />

(Anexo 1). Esse número representa 13,5% do<br />

total de Angiospermas citadas para a Floresta<br />

Atlântica (Stehmann et al., 2009). O número de<br />

registros indeterminados é de 480, pertencentes<br />

principalmente às famílias Salicaceae, Myrtaceae,<br />

Euphorbiaceae, Rubiaceae, Marantaceae,<br />

Solanaceae, Fabaceae e Peraceae. Assim, é possível<br />

que a riqueza aumente sensivelmente com a<br />

identificação destes materiais.<br />

As famílias mais ricas em espécies na RNV são<br />

Fabaceae (186), Myrtaceae (116), Orquidaceae


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

(103), Rubiaceae (86), Poaceae (73), Asteraceae<br />

(69), Bignoniaceae (62) e Lauraceae (58). As<br />

famílias mais ricas em gêneros são Fabaceae (80),<br />

Orquidaceae (56), Asteraceae (45) e Rubiaceae<br />

(42) (Figura 2). Os gêneros mais ricos em espécies<br />

são Eugenia (45), Ocotea (34), Myrcia (29),<br />

Solanum (25), Piper (24) e Pouteria (21). As quatro<br />

famílias mais ricas encontradas na RNV são, de modo<br />

geral, aquelas bem representadas em outras áreas<br />

de Floresta Atlântica (Leitão-Filho, 1987; Peixoto<br />

& Gentry, 1990; Joly et al., 1991) ou mesmo na<br />

região neotropical (referências na Tabela 2).<br />

Das espécies citadas, 1.622 (81%) foram<br />

registradas na floresta de tabuleiro, 628 (31%)<br />

nas florestas de muçununga, 352 (18%) nos<br />

campos nativos e 257 (13%) nas várzeas sujeitas a<br />

alagamento. Algumas espécies não apresentaram<br />

fisionomia de coleta e outras foram amostradas<br />

em áreas antropizadas dentro da RNV, embora<br />

sejam de ocorrência natural na região. Apenas<br />

107 espécies são compartilhadas pela Floresta<br />

de Tabuleiro, floresta de muçununga e campos<br />

nativos. Do total de espécies, 262 só foram<br />

registradas nas fisionomias de muçununga e/ou<br />

de campos nativos. Estas fisionomias possuem<br />

solos quimicamente pobres (Espodossolos)<br />

e com camadas superficiais de impedimento<br />

que levam a alagamentos em épocas chuvosas<br />

(Secreti, 2013) e são mais restritivas para muitas<br />

espécies. Os remanescentes destes ambientes<br />

são extremamente raros entre o sul da Bahia<br />

e o norte do Espírito Santo e mais estudos são<br />

necessários para entender a distribuição das<br />

espécies nestas fisionomias, os tamanhos de<br />

suas populações e seu status de ameaça frente à<br />

raridade dos mesmos.<br />

Figura 2. Famílias mais ricas em espécies na Reserva<br />

Natural Vale e respectivos números de gêneros.<br />

Das espécies citadas, 94 constam como<br />

ameaçadas de extinção no livro vermelho da<br />

flora do Brasil (Martineli & Moraes, 2013), 156<br />

no livro do Espírito Santo e 22 são consideradas<br />

plantas raras (Giulietti et al., 2009), totalizando<br />

191 espécies que merecem atenção prioritária.<br />

Entretanto, este número ultrapassa 200, pois<br />

várias espécies recentemente descritas para esta<br />

área e ainda com distribuição conhecida restrita,<br />

poderão ser avaliadas futuramente como raras ou<br />

ameaçadas, como Alatococcus siqueirae Acev.-<br />

Rodr. (Acevedo-Rodríguez, 2012), Oxandra<br />

unibracteata J.C. Lopes, Junikka & Mello-Silva<br />

(Lopes et al., 2013), Ephedrantus dimerus J.C.<br />

Lopes, Chatrou & Mello-Silva (Lopes et al., 2014),<br />

Anthurium ribeiroi Nadruz, Anthurium queirozianum<br />

Nadruz, Anthurium riodocense Nadruz, Anthurium<br />

siqueirae Nadruz, Anthurium zeneidae Nadruz,<br />

Philodendron follii Nadruz, Philodendron ruthianum<br />

Nadruz (Coelho, 2010), Spiranthera atlantica Pirani<br />

(Pirani, 2010), Tynanthus espiritosantensis M.C.<br />

Medeiros & L.G. Lohmann (Medeiros & Lohmann,<br />

2014), Eugenia hispidiflora Sobral & M.C. Souza,<br />

Eugenia cataphyllea Sobral & M.C. Souza (Sobral &<br />

Souza, 2015) e Begonia jaguarensis L. Kollmann, R.<br />

S. Lopes & Peixoto (Kollmann et al., 2015).<br />

Outras espécies raras ou ameaçadas são<br />

encontradas em fragmentos no entorno da RNV<br />

ou nas florestas aluviais na foz do Rio Doce, mas<br />

não possuem registros de ocorrência dentro da<br />

RNV, como Oxalis doceana Lourteig, Riodocea<br />

pulcherrima Delprete (Rolim et al., 2006; Giulietti<br />

et al., 2009) e Keraunea capixaba Lombardi<br />

(Lombardi, 2014). Para a RNV, ainda são<br />

mencionadas como raras Erisma silvae Marc.-Berti<br />

e Tabebuia reticulata A.H.Gentry (Giulietti et al.,<br />

2009) mas não há registros destas espécies no<br />

norte do Espírito Santo. A primeira é conhecida<br />

apenas pelo material tipo na região amazônica<br />

enquanto a segunda é para alguns municípios nos<br />

estados do Espirito Santo, Minas Gerais e Bahia<br />

(INCT, 2015).<br />

Numa consulta à Lista de Espécies da Flora do<br />

Brasil (http://plantasdobrasil.jbrj.gov.br), podem<br />

ser constatados dados de alguns gêneros de<br />

angiospermas ocorrentes na RNV que apresentam<br />

forte disjunção com a Amazônia, como Dinizia sp. nov.<br />

(espécie em descrição G.P. Lewis et al.), Senefeldera,<br />

Bonnetia, Glycydendron e Borismene. Alguns destes<br />

1 6 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

gêneros ocorrem de São Paulo a Pernambuco;<br />

outros ocorrem apenas no trecho entre o rio Doce,<br />

no Espírito Santo, e Ilhéus, no sul da Bahia. Isso pode<br />

indicar ausência de coleta nas áreas entre os biomas,<br />

mas também conexões pretéritas entre a Floresta<br />

Atlântica e Amazônica, como já apontado por diversos<br />

autores. Alguns destes gêneros foram encontrados<br />

em registros de pólen na RNV, desde 7.500 e 4.000<br />

anos antes do presente (Buso Jr. et al., 2014).<br />

Em duas áreas de Floresta Atlântica do sul da Bahia,<br />

com 420 e 430 espécies, Thomas et al. (1998)<br />

estimaram que 7,4% em cada área são disjuntas com a<br />

Amazônia, número próximo da estimativa anterior de<br />

Mori et al. (1981), que é de 7,9% (baseada em 127<br />

espécies arbóreas). Thomas et al. (1998) estimaram<br />

ainda que 27,3% das espécies são endêmicas da<br />

região entre o rio Doce (ES) e Ilhéus, no sul da Bahia.<br />

Estes resultados levaram os autores a classificarem<br />

esta região como um dos três centros de endemismo<br />

da Mata Atlântica (para detalhes ver também Fiaschi<br />

& Pirani, 2009).<br />

Comparação com outras áreas<br />

A riqueza de espécies numa dada área e a análise<br />

da riqueza de espécies em famílias ou a abundância<br />

de famílias entre regiões neotropicais têm sido<br />

discutidas (Lombardi & Gonçalves, 2000; Lima<br />

et al., 2011; Zappi et al., 2011). Esta discussão<br />

é dificultada pelo fato de que o esforço de coleta<br />

botânica geralmente não é o mesmo entre os<br />

Tabela 1: Lista de 10 famílias de Angiospermas mais ricas em espécies, em 12 regiões neotropicais da<br />

América do Sul (células vazias indicam que a família não está entre as 10 mais representativas na área).<br />

Obs.: Uma ressalva é que alguns estudos são antigos e não estão em APG III. Assim, a representatividade<br />

de algumas famílias, como Malvaceae e Euphorbiaceae, pode estar sub ou superestimada.<br />

Família 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12<br />

Fabaceae 186 150 188 160 128 115 71 125 48 57 51 63<br />

Myrtaceae 116 65 31 39 59 39 53 85 47 70<br />

Orchidaceae 103 200 96 56 57 38 115 81 229 118<br />

Rubiaceae 86 138 94 113 93 82 66 69 48 51 53 50<br />

Bignoniaceae 62 54 32 49<br />

Asteraceae 69 75 27 51 54 54 42 43<br />

Poaceae 73 107 34 48 57<br />

Lauraceae 58 58 100 62 35 53 44<br />

Apocynaceae 51 35<br />

Sapindaceae 45<br />

Annonaceae 59 47 34 34<br />

Araceae 133 55 64 31<br />

Bromeliaceae 40 43 43 46 41<br />

Chrysobalanaceae 53<br />

Cyperaceae 45 42 39<br />

Euphorbiaceae 50 45 36 30 35<br />

Malpighiaceae 21<br />

Malvaceae 42 38<br />

Melastomataceae 167 58 85 53 34 36 31 56 54 73 34<br />

Moraceae 68 43 19<br />

Piperaceae 33 30 22 26<br />

Sapotaceae 78 28<br />

Solanaceae 50 33 38 29<br />

Riqueza 1.999 2.363 1.987 1.912 1.303 1.251 1.048 1.043 1.033 1.030 1.023 985<br />

Legenda: RNV (este estudo); 2) Região central do Peru (Vásquez et al., 2005); 3) Reserva Ducke, AM (Hopkins, 2005); 4) Yasuní National Park<br />

– Equador (Tropicos, 2013); 5) Parque Cristalino, MT (Zappi et al., 2011); 6) Iwokrama Forest – Guyana (Clarke et al., 2001); 7) Reserva de<br />

Una, BA (Amorim et al., 2008); 8) médio Rio Doce, MG (Lombardi & Gonçalves, 2000); 9) Serra Negra, MG (Salimena et al., 2013); 10) Parque<br />

Carlos Botelho, SP (Lima et al., 2011); 11) Reserva de Macaé de Cima, RJ (Lima & Guedes-Bruni, 1997); 12) Parque da Ilha do Cardoso, SP<br />

(Barros et al., 1991).<br />

170


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

estudos. Além disso, a extensão e a diversidade de<br />

ambientes nas áreas de coletas em cada área podem<br />

ser diferentes e as coletas em alguns estudos<br />

são subrepresentadas para algumas famílias<br />

(Clarke et al., 2001; Zappi et al., 2011). Com<br />

estas ponderações, foram selecionadas algumas<br />

áreas neotropicais para uma análise comparativa<br />

dos resultados encontrados na RNV (Tabela 1),<br />

considerando apenas as Angiospermas.<br />

Nesta comparação, uma riqueza de Angiospermas<br />

de cerca de 2.000 espécies é encontrada na RNV<br />

em Linhares/ES, na Reserva Ducke em Manaus/<br />

AM e na região central do Peru. Zappi et al.(2011)<br />

inferem que no Parque Cristalino/MT é possível<br />

que a riqueza de plantas vasculares atinja 2.000<br />

espécies. Embora a região central do Peru tenha<br />

maior riqueza entre as áreas comparadas (2.363<br />

espécies de Angiospermas), deve ser considerado<br />

que as coletas foram realizadas em 300 mil ha, com<br />

quatro tipos climáticos distintos e alta diversidade<br />

de ambientes (Vásquez et al., 2005). Se forem<br />

consideradas amostras nesta escala, como na Serra<br />

do Mar de SP/RJ ou em todo o norte do Espírito<br />

Santo, é possível que uma riqueza similar poderia<br />

ser alcançada nestes trechos. Porém, nesta área<br />

do Peru, apesar de sua grande extensão quando<br />

comparada às demais, foram analisadas apenas<br />

16.376 coletas botânicas e vários estudos têm<br />

mostrado a elevada riqueza das florestas peruanas<br />

(Gentry, 1988; Phillips et al., 1994).<br />

Na RNV (com cerca de 23 mil ha) e na Reserva<br />

Ducke (cerca de 10 mil ha), embora o tamanho seja<br />

reduzido, não é desprezível o fato de que em ambas<br />

a topografia é muito plana, facilitando a atividade<br />

de coleta. Outras áreas, como no Parque Estadual<br />

Carlos Botelho (SP) ou nas florestas de Iwokrama nas<br />

Guianas, a topografia acidentada é um dificultador<br />

para a coleta de plantas. A influência do esforço de<br />

coleta na Reserva Ducke pode ser constatada com<br />

base em atualizações no número de espécies para<br />

esta área nos últimos 15 anos. Uma publicação do<br />

Projeto Flora da Amazônia (Prance, 1990) indicava<br />

uma riqueza de 825 espécies. Posteriormente,<br />

Ribeiro et al. (1994) indicaram uma riqueza de<br />

1.453 espécies e Hopkins (2005) citou 2.079<br />

espécies de plantas vasculares para a Reserva<br />

Ducke, ou seja, um acréscimo de 150% em duas<br />

décadas. Esses dados mostram que a obtenção de<br />

dados representativos de floras, mesmo em áreas<br />

“pequenas” e planas é uma atividade de longo prazo.<br />

Também deve ser considerado que existem<br />

áreas com alta riqueza concentrada em pequenas<br />

áreas, mas pequeno esforço em escala regional.<br />

Por exemplo, uma comparação mais criteriosa<br />

de amostragem, com esforço e metodologia<br />

padronizados (A. H. Gentry Forest Transect Data<br />

Set) mostra que a riqueza da flora com diâmetro<br />

à altura do peito maior ou igual a 4,8 cm em áreas<br />

de 1 ha, no sul da Bahia (Serra do Conduru), está<br />

entre as mais altas dos neotrópicos, inclusive maior<br />

que a RNV e Reserva Ducke (Martini et al., 2007).<br />

Outros estudos têm confirmado a alta riqueza de<br />

espécies em Serra Grande, no Sul da Bahia (Thomas<br />

et al., 2008) e na região serrana do Espírito Santo<br />

(Thomaz & Monteiro, 1997; Saiter et al., 2011). A<br />

região serrana de Santa Teresa, no Espírito Santo, é<br />

apontada como área de alta riqueza ou endemismo<br />

para alguns grupos de plantas, como Angiospermas<br />

(Werneck et al., 2011), Myrtaceae (Sobral, 2007;<br />

Murray-Smith et al., 2009) e Monimiaceae (Lyrio,<br />

2014). Maior intensidade de coleta juntamente<br />

com análises que incluam fatores ambientais e<br />

biogeográficos, são necessárias para entender a<br />

elevada riqueza e endemismo destas regiões.<br />

Uma análise da Tabela 1 mostra que Fabaceae,<br />

Myrtaceae, Rubiaceae e Orchidaceae têm destaque<br />

em termos de riqueza de espécies em florestas<br />

Neotropicais: por exemplo, na Floresta Atlântica<br />

do norte do Espírito Santo (este estudo), da<br />

Bahia (Amorim et al., 2008), na região sul de São<br />

Paulo (Lima et al., 2011), na Floresta Amazônica<br />

do Mato Grosso (Zappi et al., 2011), de Manaus<br />

(Hopkins (2005) e da Guiana (Clarke et al., 2001).<br />

Destaca-se a notável contribuição de Orchidaceae<br />

na Reserva de Macaé de Cima, RJ (Lima & Guedes-<br />

Bruni, 1997), no Parque Estadual da Ilha do<br />

Cardoso, SP (Barros et al., 1991) e em Serra Negra,<br />

MG (Salimene et al., 2013), com riqueza superior<br />

a Fabaceae. Isso é esperado, já que esta é a família<br />

mais diversa na Floresta Atlântica (Stehmann et<br />

al., 2009). Por outro lado, podem ser notadas<br />

algumas exceções, como a baixa contribuição<br />

de Orchidaceae no médio rio Doce (Lombardi &<br />

Gonçalves, 2000) e na Floresta Amazônica do<br />

Mato Grosso (Zappi et al., 2011), provavelmente<br />

em função de um menor esforço de coleta nesta<br />

família. Geralmente a riqueza de Orchidaceae está<br />

associada a ambientes com alta pluviosidade ou<br />

1 7 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

sob influência nebular (Dressler, 1990). Todavia,<br />

na RNV existe um longo período seco (Engel &<br />

Martins, 2005) e, além disso, muitas espécies de<br />

orquídeas ocorrem como epífitas na muçununga e<br />

como terrestres nos campos nativos, ambientes<br />

mais secos, indicando que as 103 espécies da<br />

coleção representam uma alta riqueza mesmo em<br />

ambiente relativamente mais seco.<br />

A elevada riqueza de Myrtaceae na RNV pode ser<br />

constatada quando comparada às demais áreas, já que<br />

congrega próximo do dobro de espécies em relação<br />

à quase totalidade das demais áreas. Esta família é<br />

relacionada entre as mais ricas em espécies arbóreas<br />

no domínio da Floresta Atântica (Mori et al., 1983a;<br />

Mori et al., 1983b; Barros et al., 1991; Thomaz &<br />

Monteiro, 1997; Jesus & Rolim, 2005; Lima et al.,<br />

2011). Outro fato a ser considerado é que Myrtaceae<br />

é também bem representada na Amazônia, como<br />

constatado para a Reserva Ducke, se considerada<br />

toda a flora e não somente espécies arbóreas.<br />

A presença de áreas abertas com sedimento<br />

arenoso na RNV deve ter favorecido o<br />

estabelecimento de representantes de Poaceae e<br />

Asteraceae, que ali ocorrem entre as 10 famílias de<br />

maior riqueza. Estas famílias também apresentam<br />

elevada riqueza em outras regiões que apresentam<br />

este tipo de sedimento, ou ainda em trechos<br />

rochosos, como encontrados na Ilha do Cardoso<br />

(Barros et al., 1991), em Serra Negra (Salimene et<br />

al., 2013) e na Guiana (Clarke et al., 2001).<br />

Embora Bignoniaceae não seja uma das famílias mais<br />

ricas na Floresta Atlântica, destaca-se na RNV, onde<br />

apresenta uma das maiores riquezas já registradas,<br />

com notoriedade para as lianas lenhosas (43 das 62<br />

espécies). Outras famílias ricas em lianas lenhosas na<br />

RNV são Fabaceae, Malpighiaceae e Sapindaceae (37,<br />

32 e 22 espécies, respectivamente). Estas quatro<br />

famílias representam 52% das 255 espécies de<br />

lianas lenhosas da RNV, principalmente nos gêneros<br />

Machaerium (11), Heteropterys (11), Passiflora (9),<br />

Adenocalymma (8), Paullinia (8) e Serjania (8), sendo<br />

uma das áreas mais ricas do neotrópico com este<br />

hábito (Peixoto & Gentry, 1990).<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Os registros botânicos atuais indicam que a<br />

RNV apresenta uma elevada riqueza e endemismo<br />

de angiospermas, entre as áreas mais ricas no<br />

neotrópico, incluindo uma elevada riqueza de<br />

espécies ameaçadas e raras. Trata-se de uma área<br />

de grande relevância para conservação. Novas<br />

coletas botânicas e o tratamento dos materiais<br />

indeterminados devem continuar a aumentar esta<br />

riqueza, mas, no sentido de direcionar futuros<br />

esforços botânicos na região norte do Espírito<br />

Santo, embora não seja foco deste trabalho, vale<br />

um breve comentário sobre a Reserva Biológica de<br />

Sooretama (RBS), adjacente à RNV. Existem muito<br />

poucas coletas botânicas na RBS e a maioria coletada<br />

em áreas de fácil acesso como a Lagoa do Macuco<br />

e ao redor das sedes. Ou seja, uma concentração do<br />

esforço de coleta na área da RNV, em detrimento<br />

da RBS. Um exemplo desta diferença é apontado<br />

por Giaretta et al. (2015), que mostram que 55%<br />

de todos os registros de Myrtaceae em áreas<br />

protegidas do Espírito Santo são provenientes da<br />

RNV, e que sua vizinha RBS, representa apenas 1%<br />

dos registros.<br />

É notório, portanto, a necessidade de maiores<br />

investimentos em coletas botânicas na RBS.<br />

A carência de infraestrutura na RBS e a maior<br />

dificuldade de acesso aos trechos mais remotos,<br />

tornam expedições à RBS menos atrativa ao<br />

pesquisador. Adiciona-se ainda o fato de a RNV<br />

manter o Herbário CVRD bem representativo<br />

da flora do norte do Espírito Santo, além de<br />

infraestrutura de apoio logístico, que torna atrativa<br />

a opção por coletar na RNV. A RNV e a RBS são<br />

igualmente importantes e compartilham muitas<br />

espécies, mas provavelmente a área oeste da RBS<br />

deve apresentar algumas particularidades que a<br />

diferem dos trechos da RNV, pois é uma área mais<br />

distante do oceano e apresenta topografia mais<br />

acidentada, diferente da RNV, onde o relevo é<br />

predominantemente suave ou plano. Desta forma,<br />

considerando a riqueza de espécies e endemismo<br />

desta região, é altamente recomendável que sejam<br />

incentivadas expedições botânicas à RBS.<br />

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FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Anexo: Lista de Angiospermas da Reserva Natural Vale: hábito (Arv, arbóreo; Arb, arbustivo; Trep-Li, trepadeira ou liana; Herb, herbáceo), fisionomia de<br />

registro (T, Tabuleiro; M, Muçununga; U, Nativo; V, Várzea), síndrome de polinização (anemofilia, ornitofilia, quiropterofilia, entomofilia), frutificação (C,<br />

fruto carnoso; S, fruto seco), dispersão (abiótica ou biótica), sistema sexual (H, hermafrodita; M, monóica; D, dióica) e status de conservação (1: presente<br />

na lista de ameaçadas estadual, 2: presente no livro vermelho de plantas do Brasil e 3: planta rara).<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Acanthaceae Aphelandra espirito-santensis Profice & Wassh.<br />

Aphelandra harleyi Wassh.<br />

Aphelandra longiflora (Lindl.) Profice<br />

Chamaeranthemum beyrichii Nees<br />

Herpetacanthus sp. nov. (D.A.Folli 4408)<br />

Justicia cydoniifolia (Nees) Lindau<br />

Justicia genuflexa Nees & Mart.<br />

Justicia symphyantha (Nees ex Mart.) Lindau<br />

Justicia wasshauseniana Profice<br />

Lepidagathis nemoralis (Mart. ex Nees) Kameyama<br />

Mendoncia velloziana Mart.<br />

Ruellia bulbifera Lindau<br />

Ruellia curviflora Nees & Mart.<br />

Ruellia furcata (Nees) Lindau<br />

Ruellia rosea (Nees) Hemsl.<br />

Ruellia solitaria Vell.<br />

Thyrsacanthus ramosus (Nees) A.L.A.Côrtes & Rapini<br />

Achariaceae Carpotroche brasiliensis (Raddi) A Gray<br />

Alismataceae Helanthium bolivianum (Rusby) Lehtonen & Myllys<br />

Hydrocleys nymphoides (Willd.) Buchenau<br />

Limnocharis flava (L.) Buchenau<br />

Sagittaria lancifolia L.<br />

Amaranthaceae Alternanthera brasiliana (L.) Kuntze<br />

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Gomphrena perennis L.<br />

Hebanthe eriantha (Poir.) Pedersen<br />

Amaryllidaceae Hippeastrum reticulatum Herb.<br />

Anacardiaceae Astronium concinnum Schott<br />

Astronium graveolens Jacq.<br />

Schinus terebinthifolius Raddi<br />

Spondias macrocarpa Engl.<br />

Spondias venulosa (Engl.) Engl.<br />

Tapirira guianensis Aubl.<br />

Herb T Ento S Abio H 1, 2, 3<br />

Arb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H 1<br />

Herb T<br />

Trep-Li T,U Ento S Abio H 1<br />

Herb T Ento S Abio H 1, 2<br />

Herb T Ento S Abio H 1<br />

Arb T,U Ento S Abio H 1<br />

Herb T<br />

Trep-Li T Ento, Ornito S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,V Ento S Abio H 1<br />

Herb T,U<br />

Herb T Ento S Abio H 1<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Trep-Li T<br />

Arv T Ento, Quirop C Bio M<br />

Herb V Ento S Abio H<br />

Herb V Ento C Bio H<br />

Herb V Ento S Abio H<br />

Herb T,V Ento S Abio M 2<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb N Ento S Abio H<br />

Trep-Li T,U 1<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv U Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,U,N Ento C Bio D<br />

176


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Thyrsodium spruceanum Benth.<br />

Annonaceae Anaxagorea dolichocarpa Sprague & Sandwith<br />

Annona acutiflora Mart.<br />

Annona cacans Warm.<br />

Annona dolabripetala Raddi<br />

Annona glabra L.<br />

Annona tabuleirae H. Rainer<br />

Cymbopetalum brasiliense (Vell.) Benth. ex Baill.<br />

Duguetia chrysocarpa Maas<br />

Duguetia sessilis (Vell.) Maas<br />

Duguetia sooretamae Maas<br />

Ephedranthus dimerus J.C. Lopes, Chatrou & Mello-Silva<br />

Guatteria australis A.St.-Hil.<br />

Guatteria ferruginea A.St.-Hil.<br />

Guatteria sellowiana Schltdl.<br />

Guatteria villosissima A.St.-Hil.<br />

Hornschuchia bryotrophe Nees<br />

Hornschuchia citriodora D.M.Johnson<br />

Hornschuchia myrtillus Nees<br />

Oxandra martiana (Schltdl.) R.E.Fr.<br />

Oxandra nitida R.E.Fr.<br />

Oxandra unibracteata J.C.Lopes, Junikka & Mello-Silva<br />

Pseudoxandra spiritus-sancti Maas<br />

Unonopsis aurantiaca Maas & Westra<br />

Unonopsis renatoi Maas & Westra<br />

Xylopia frutescens Aubl.<br />

Xylopia laevigata (Mart.) R.E.Fr.<br />

Xylopia ochrantha Mart.<br />

Apocynaceae Asclepias curassavica L.<br />

Aspidosperma cylindrocarpon Müll. Arg.<br />

Aspidosperma desmanthum Benth. ex Müll. Arg.<br />

Aspidosperma discolor A.DC.<br />

Aspidosperma illustre (Vell.) Kuhlm. & Pirajá<br />

Aspidosperma parvifolium A.DC.<br />

Aspidosperma pyricollum Müll. Arg.<br />

Blepharodon pictum (Vahl) W.D.Stevens<br />

Condylocarpon glabrum Müll. Arg.<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,V Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,N Ento C Bio H<br />

Arv T,V Ento C Bio H<br />

Arb T<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,V Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arv U Ento C Bio H 1, 2<br />

Arv T<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,V Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T,U Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T,U Ento S Abio H<br />

Herb T,V Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

1 7 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Condylocarpon intermedium Müll. Arg.<br />

Condylocarpon intermedium Müll. Arg. subsp. intermedium<br />

Condylocarpon isthmicum (Vell.) A.DC.<br />

Ditassa nitida Decne.<br />

Forsteronia leptocarpa (Hook. & Arn.) A.DC.<br />

Forsteronia montana Müll. Arg.<br />

Forsteronia pilosa (Vell.) Müll. Arg.<br />

Forsteronia refracta Müll. Arg.<br />

Forsteronia thyrsoidea (Vell.) Müll. Arg.<br />

Geissospermum laeve (Vell.) Miers<br />

Himatanthus bracteatus (A. DC.) Woodson<br />

Jobinia lindbergii E.Fourn.<br />

Lacmellea pauciflora (Kuhlm.) Markgr.<br />

Macoubea guianensis Aubl.<br />

Macroditassa laurifolia (Decne.) Fontella<br />

Mandevilla funiformis (Vell.) K.Schum.<br />

Mandevilla hirsuta (A.Rich.) K.Schum.<br />

Marsdenia amorimii Morillo<br />

Marsdenia dorothyae Fontella & Morillo<br />

Marsdenia fontellana Morillo & Carnevali<br />

Marsdenia lauretiana Woodson<br />

Marsdenia macrophylla (Humb. & Bonpl. ex Schult.) E.Fourn.<br />

Metalepis cubensis (A. Rich.) Griseb.<br />

Odontadenia lutea (Vell.) Markgr.<br />

Orthosia congesta Decne.<br />

Orthosia loandensis Fontella & Valente<br />

Oxypetalum alpinum (Vell.) Fontella & E.A.Schwarz<br />

Oxypetalum banksii R.Br. ex Schult<br />

Peplonia asteria (Vell.) Fontella & E.A.Schwarz<br />

Peplonia axillaris (Vell.) Fontella & Rapini<br />

Prestonia calycina Müll. Arg.<br />

Prestonia coalita (Vell.) Woodson<br />

Rauvolfia capixabae I.Koch & Kin.-Gouv.<br />

Rhabdadenia madida (Vell.) Miers<br />

Skytanthus hancorniifolius (A.DC.) Miers<br />

Tabernaemontana flavicans Willd. ex Roem. & Schult.<br />

Tabernaemontana heterophylla Vahl<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T,V<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

Herb N Ento S Abio H<br />

Herb T,U,V Ento S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Arv T,N Ento S Abio H<br />

Arv T,U,N Ento S Abio H<br />

Herb V<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li U,V Ento S Abio H<br />

trep-Li T,V Ento S Abio H<br />

trep-Li N Ento S Abio H<br />

trep-Li N<br />

trep-Li T<br />

trep-Li N<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T,U Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T,V<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T,N Ento S Abio H<br />

trep-Li T,N,V Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento S Abio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Herb V Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

178


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Tabernaemontana hystrix Steud.<br />

Tabernaemontana salzmanni A.DC.<br />

Tassadia obovata Decne.<br />

Tassadia propinqua Decne.<br />

Temnadenia odorifera (Vell.) J.F.Morales<br />

Aquifoliaceae Ilex dumosa Reissek<br />

Ilex floribunda Reissek ex Maxim.<br />

Ilex theezans Mart. ex Reissek<br />

Araceae Anthurium ianthinopodum (Schott ex Engl.) Nadruz & Mayo<br />

Anthurium intermedium Kunth<br />

Anthurium parasiticum (Vell.) Stellfeld<br />

Anthurium pentaphyllum (Aubl.) G.Don var. pentaphyllum<br />

Anthurium queirozianum Nadruz<br />

Anthurium radicans K.Koch & Haage<br />

Anthurium raimundii Mayo, Haigh & Nadruz<br />

Anthurium ribeiroi Nadruz<br />

Anthurium riodocense Nadruz<br />

Anthurium scandens (Aubl.) Engl. subsp. scandens<br />

Anthurium siqueirae Nadruz<br />

Anthurium solitarium Schott<br />

Anthurium zeneidae Nadruz<br />

Asterostigma lombardii E.G.Gonçalves<br />

Dracontioides desciscens (Schott) Engl.<br />

Heteropsis rigidifolia Engl.<br />

Heteropsis salicifolia Kunth<br />

Lemna aequinoctialis Welw.<br />

Monstera adansonii var. klotzschiana (Schott) Madison<br />

Monstera praetermissa E.G.Gonçalves & Temponi<br />

Montrichardia linifera (Arruda) Schott<br />

Philodendron blanchetianum Schott<br />

Philodendron follii Nadruz<br />

Philodendron fragrantissimum (Hook.) G.Don<br />

Philodendron hederaceum (Jacq.) Schott var. hederaceum<br />

Philodendron oblongum (Vell.) Kunth<br />

Philodendron ornatum Schott<br />

Philodendron paludicola E.G.Gonç & Salviani<br />

Philodendron pedatum (Hook.) Kunth<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T,N,V Ento S Abio H<br />

trep-Li T,U<br />

Arb T,N,V<br />

Arv T,U,V C Bio D<br />

Arv T,N Ento C Bio D<br />

Herb T,U Ento C Bio H 1<br />

Herb T,U Ento C Bio H<br />

Herb U<br />

Herb T,U<br />

Herb U Ento C Bio H<br />

Herb T,U Ento C Bio H 1, 2<br />

Herb T,U,N Ento C Bio H<br />

Herb U,N Ento C Bio H<br />

Herb T<br />

Herb T,U<br />

Herb U Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb U Ento C Bio H<br />

Herb T 1<br />

Herb T,U,V 1<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb V<br />

Herb T,U<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T,V Ento C Bio H<br />

Herb U Ento C Bio M<br />

Herb T,U Ento C Bio M<br />

Herb T,U Ento C Bio M<br />

Herb T,U<br />

Herb T,V Ento C Bio M<br />

Herb T,V Ento C Bio M<br />

Herb V Ento C Bio M<br />

Herb T,U Ento C Bio M<br />

1 7 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Philodendron rudgeanum Schott<br />

Philodendron ruthianum Nadruz<br />

Philodendron speciosum Schott ex Endl.<br />

Philodendron stenolobum E.G.Gonçalves<br />

Philodendron vargealtense Sakur.<br />

Rhodospatha latifolia Poepp.<br />

Syngonium vellozianum Schott<br />

Wolffia brasiliensis Wedd.<br />

Araliaceae Dendropanax brasiliensis (Seem.) Frodin<br />

Hydrocotyle leucocephala Cham. & Schltdl.<br />

Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire et al.<br />

Schefflera selloi (Marchal) Frodin & Fiaschi<br />

Arecaceae Allagoptera arenaria (Gomes) Kuntze<br />

Allagoptera caudescens (Mart.) Kuntze<br />

Astrocaryum aculeatissimum (Schott) Burret<br />

Attalea humilis Mart.<br />

Bactris acanthocarpa Mart. var. acanthocarpa<br />

Bactris bahiensis Noblick ex A.J.Hend.<br />

Bactris caryotifolia Mart.<br />

Bactris ferruginea Burret<br />

Bactris glassmanii Med.-Costa & Noblick ex A.J.Hend.<br />

Bactris hirta Mart.<br />

Bactris pickelii Burret<br />

Bactris setosa Mart.<br />

Bactris vulgaris Barb.Rodr.<br />

Desmoncus orthacanthos Mart.<br />

Euterpe edulis Mart.<br />

Geonoma elegans Mart.<br />

Geonoma pauciflora Mart.<br />

Geonoma pohliana subsp. linharensis Henderson<br />

Geonoma rodeiensis Barb.Rodr.<br />

Geonoma schottiana Mart.<br />

Syagrus botryophora (Mart.) Mart.<br />

Aristolochiaceae Aristolochia cymbifera Mart. & Zucc.<br />

Aristolochia pubescens Willd.<br />

Aristolochia subglobosa J. Freitas, Lírio & F. Gonzales<br />

Aristolochia zebrina J. Freitas & F. González<br />

Herb T,V Ento C Bio M<br />

Herb U,V Ento C Bio M<br />

Herb T Ento C Bio M<br />

Herb T,U Ento C Bio M<br />

Herb U<br />

Herb T,V<br />

Herb T,U<br />

Herb V<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Herb T,V<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv U,N Ento C Bio H<br />

palm T,N Ento C Bio M<br />

palm T,U,N<br />

palm T Ento C Bio M<br />

palm T,U Ento C Bio M<br />

palm T<br />

palm T,U Ento C Bio M<br />

palm T Ento C Bio M<br />

palm T Ento C Bio M 1<br />

palm T Ento C Bio M<br />

palm T,V Ento C Bio M<br />

palm T Ento C Bio M 1<br />

palm T Ento C Bio M<br />

palm T,U,N Ento C Bio M<br />

palm T,U,N Ento C Bio M<br />

palm T,N,V Ento C Bio M 1, 2<br />

palm T,U Ento C Bio M<br />

palm T Ento C Bio M<br />

palm T<br />

palm T Ento C Bio M<br />

palm T Ento C Bio M<br />

palm T Ento, Anemo C Bio M 1<br />

Herb T,V Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li U,N<br />

180


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Asparagaceae Herreria glaziovii Lecomte<br />

Asteraceae Acanthospermum australe (Loefl.) Kuntze<br />

Acanthospermum hispidum DC.<br />

Achyrocline satureioides (Lam.) DC.<br />

Austroeupatorium inulaefolium (Kunth) R.M.King & H.Rob.<br />

Baccharis calvescens DC.<br />

Baccharis oblongifolia (Ruiz & Pav.) Pers.<br />

Baccharis reticularia DC.<br />

Baccharis sagittalis (Less.) DC.<br />

Baccharis serrulata (Lam.) Pers.<br />

Baccharis singularis (Vell.) G.M.Barroso<br />

Baccharis trinervis Pers.<br />

Barrosoa betonicaeformis (DC.) R.M.King & H.Rob.<br />

Bidens cynapiifolia Kunth<br />

Blainvillea dichotoma (Murray) Stewart<br />

Centratherum punctatum Cass.<br />

Chaptalia integerrima (Vell.) Burkart<br />

Chaptalia nutans (L.) Pol.<br />

Chromolaena maximilianii (Schrad. ex DC.) R.M.King & H.Rob.<br />

Chromolaena squalida (DC.) R.M.King & H.Rob.<br />

Conocliniopsis prasiifolia (DC.) R.M.King & H.Rob.<br />

Conyza canadensis (L.) Cronquist<br />

Cyanthillium cinereum (L.) H.Rob.<br />

Cyrtocymura scorpioides (Lam.) H.Rob.<br />

Dasycondylus resinosus (Spreng.) R.M.King & H.Rob.<br />

Dasyphyllum brasiliense (Spreng.) Cabrera<br />

Delilia biflora (L.) Kuntze<br />

Eclipta prostrata (L.) L.<br />

Elephantopus mollis Kunth<br />

Emilia fosbergii Nicolson<br />

Enydra sessilis (Sw.) DC.<br />

Erechtites hieracifolius (L.) Raf. ex DC.<br />

Erechtites valerianifolius (Wolf) DC.<br />

Ethulia conyzoides L.f.<br />

Fleischmannia remotifolia (DC.) R.M.King & H.Rob.<br />

Gamochaeta americana (Mill.) Wedd.<br />

Hebeclinium macrophyllum (L.) DC.<br />

trep-Li T,U Ento, Quirop C Bio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb U,N,V Ento S Abio H<br />

Arb U<br />

Arb T<br />

Arb N Ento S Abio H<br />

Arb T,N Ento S Abio H<br />

Herb T,V Ento S Abio H<br />

Arb T,U,N<br />

Arb T,N,V<br />

trep-Li T,U Ento S Abio H<br />

Herb V Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T<br />

Herb T<br />

Herb T<br />

Herb T<br />

Arb T,U Ento S Abio H<br />

Arb N Ento S Abio H<br />

Herb T 1<br />

Herb U<br />

Herb T<br />

Arb T,U,N<br />

Herb T,U 1<br />

Herb T<br />

Herb T<br />

Herb T<br />

Herb T<br />

Herb T,U<br />

Herb T,V<br />

Herb V<br />

Herb T,N<br />

Herb V<br />

Herb V 1<br />

Herb T<br />

Herb T<br />

1 8 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Heterocondylus vitalbae (DC.) R.M.King & H.Rob.<br />

Lepidaploa araripensis (Gardner) H.Rob.<br />

Lepidaploa cotoneaster (Willd. ex Spreng.) H.Rob.<br />

Lepidaploa coulonioides (H.Rob.) H.Rob.<br />

Lepidaploa persericea (H.Rob.) H.Rob.<br />

Lepidaploa rufogrisea (A.St.-Hil.) H.Rob.<br />

Lepidaploa sororia (DC.) H.Rob.<br />

Mikania belemii R.M.King & H.Rob.<br />

Mikania cordifolia (L.f.) Willd.<br />

Mikania diversifolia DC.<br />

Mikania micrantha Kunth<br />

Mikania nigricans Gardner<br />

Mikania ternata (Vell.) B.L.Rob.<br />

Mikania vitifolia DC.<br />

Moquiniastrum blanchetianum (DC.) G. Sancho<br />

Orthopappus angustifolius (Sw.) Gleason<br />

Piptocarpha lundiana (Less.) Baker<br />

Piptocarpha ramiflora (Spreng.) Baker<br />

Platypodanthera melissifolia (DC.) R.M.King & H.Rob.<br />

Pluchea sagittalis (Lam.) Cabrera<br />

Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass.<br />

Praxelis clematidea (Griseb.) R.M.King & H.Rob.<br />

Pterocaulon alopecuroides (Lam.) DC.<br />

Sonchus oleraceus L.<br />

Stifftia hatschbachii H.Rob.<br />

Symphyopappus reticulatus Baker<br />

Synedrella nodiflora (L.) Gaertn.<br />

Trichogoniopsis adenantha (DC.) R.M.King & H.Rob.<br />

Tridax procumbens L.<br />

Trixis antimenorrhoea (Schrank) Kuntze<br />

Vernonanthura brasiliana (L.) H.Rob.<br />

Vernonanthura divaricata (Spreng.) H.Rob.<br />

Vernonanthura polyanthes (Spreng.) A.J. Vega & M. Dematteis<br />

Begoniaceae Begonia convolvulacea (Klotzsch) A.DC.<br />

Begonia fischeri Schrank<br />

Begonia jaguarensis L. Kollmann, R. S. Lopes & Peixoto<br />

Bignoniaceae Adenocalymma aurantiacum Udulutsch & Assis<br />

Herb T<br />

Arb T,U,N<br />

Arb N 1<br />

Arb V<br />

Arb N<br />

Arb U,N<br />

Arb N<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T,N Ento S Abio H<br />

trep-Li V Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H 1<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

Arb N<br />

Herb T,V<br />

trep-Li T,U<br />

trep-Li T<br />

Herb T<br />

Herb T,U,V Ento S Abio H<br />

Herb T<br />

Herb T,U<br />

Herb U<br />

Herb T<br />

trep-Li T<br />

Arb N<br />

Herb T,V<br />

Arb T Ento S Abio H<br />

Herb T<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arb T Ento S Abio H<br />

Herb U,V Ento S Abio M<br />

Herb T,N,V Ento S Abio M<br />

Herb T Ento S Abio M<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

182


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Adenocalymma bracteatum (Cham.) DC.<br />

Adenocalymma coriaceum A.DC.<br />

Adenocalymma cymbalum (Cham.) Bureau & K.Schum.<br />

Adenocalymma divaricatum Miers<br />

Adenocalymma hirtum (Mart. ex DC.) Bureau & K.Schum.<br />

Adenocalymma hypostictum Bureau & K.Schum.<br />

Adenocalymma marginatum (Cham.) DC.<br />

Adenocalymma validum (K.Schum.) L.G.Lohmann<br />

Amphilophium bauhinioides (Bureau ex Baill.) L.G.Lohmann<br />

Amphilophium crucigerum (L.) L.G.Lohmann<br />

Amphilophium frutescens (DC.) L.G.Lohmann<br />

Anemopaegma chamberlaynii (Sims) Bureau & K.Schum.<br />

Anemopaegma setilobum A.H.Gentry<br />

Bignonia corymbosa (Vent.) L.G.Lohmann<br />

Bignonia prieurii DC.<br />

Bignonia sciuripabulum (K.Schum.) L.G.Lohmann<br />

Callichlamys latifolia (Rich.) K.Schum.<br />

Cuspidaria lasiantha (Bureau & K. Schum.) L.G. Lohmann<br />

Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart.<br />

Dolichandra quadrivalvis (Jacq.) L.G.Lohmann<br />

Dolichandra unguiculata (Vell.) L.G.Lohmann<br />

Dolichandra unguis-cati (L.) L.G.Lohmann<br />

Fridericia chica (Bonpl.) L.G.Lohmann<br />

Fridericia conjugata (Vell.) L.G.Lohmann<br />

Fridericia rego (Vell.) L.G.Lohmann<br />

Fridericia samydoides (Cham.) L.G.Lohmann<br />

Fridericia subincana (Mart.) L.G.Lohmann<br />

Handroanthus aff. chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos<br />

Handroanthus arianeae (A.H.Gentry) S.Grose<br />

Handroanthus bureavii (Sandwith) S.Grose<br />

Handroanthus cristatus (A.H.Gentry) S.Grose<br />

Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos<br />

Handroanthus riodocensis (A.H.Gentry) S.Grose<br />

Handroanthus serratifolius (Vahl) S.Grose<br />

Jacaranda obovata Cham.<br />

Jacaranda puberula Cham.<br />

Lundia longa (Vell.) DC.<br />

trep-Li T,U<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li V Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T,U,N Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T,U,N,V Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T<br />

Arv T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Arv T,U<br />

Arv T Ento, Quirop, ornito S Abio H 1, 2, 3<br />

Arv T,V Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Arv T Ento, Quirop, ornito S Abio H 1, 3<br />

Arv T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Arv T Ento, Quirop, ornito S Abio H 1, 2<br />

Arv T,U Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Arb U,N Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Arv T,V Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T,U,N Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

1 8 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Lundia virginalis DC.<br />

Mansoa difficilis (Cham.) Bureau & K.Schum.<br />

Mansoa hymenaea (DC.) A.H.Gentry<br />

Mansoa lanceolata (DC.) A.H.Gentry<br />

Mansoa onohualcoides A.H.Gentry<br />

Martinella insignis A.H.Gentry ex Zuntini & L.G.Lohmann<br />

Neojobertia aff. mirabilis (Sandwith) L.G.Lohmann<br />

Paratecoma peroba (Record) Kuhlm.<br />

Pleonotoma albiflora (Salzm. ex DC.) A.H.Gentry<br />

Pleonotoma stichadenia K.Schum.<br />

Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers<br />

Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.Schum.<br />

Stizophyllum riparium (Kunth) Sandwith<br />

Tabebuia cassinoides (Lam.) DC.<br />

Tabebuia elliptica (DC.) Sandwith<br />

Tabebuia obtusifolia (Cham.) Bureau<br />

Tabebuia roseoalba (Ridl.) Sandwith<br />

Tabebuia stenocalyx Sprague & Stapf<br />

Tanaecium selloi (Spreng.) L.G.Lohmann<br />

Tynanthus cognatus (Cham.) Miers<br />

Tynanthus espiritosantensis M.C. Medeiros & L.G. Lohmann<br />

Xylophragma harleyi (A.Gentry ex M.M.Silva & L.P.Queiroz)<br />

L.G.Lohmann<br />

Xylophragma myrianthum (Cham. ex Steud.) Sprague<br />

Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau ex Verl.<br />

Bixaceae Bixa arborea Huber<br />

Bonnetiaceae Bonnetia stricta (Nees) Nees & Mart.<br />

Boraginaceae Cordia acutifolia Fresen.<br />

Cordia ecalyculata Vell.<br />

Cordia glabrifolia M.Stapf<br />

Cordia hatschbachii J.S.Mill.<br />

Cordia lomatoloba I.M.Johnst.<br />

Cordia magnoliifolia Cham.<br />

Cordia taguahyensis Vell.<br />

Cordia trichoclada DC.<br />

Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud.<br />

Heliotropium sp.<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T<br />

Arv T Ento, Quirop, ornito S Abio H 1, 2<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Arv T,U Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Arv T,V Ento, Quirop, ornito S Abio H 2<br />

Arv U,N Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Arv T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Arv T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Arv T,N,V Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Arv T Ento, Quirop, ornito S Abio H 2<br />

Arv T,U Ento, Quirop C Bio H 1<br />

Arv T,N,V Ento S Abio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

trep-Li T<br />

184


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Myriopus paniculatus (Cham.) Feuillet<br />

Myriopus rubicundus (Salzm. ex DC.) Luebert<br />

Tournefortia bicolor Sw.<br />

Varronia curassavica Jacq.<br />

Varronia polycephala Lam.<br />

Bromeliaceae Acanthostachys strobilacea (Schult. & Schult.f.) Klotzsch<br />

Aechmea blanchetiana (Baker) L.B.Sm.<br />

Aechmea floribunda Mart. ex Schult. & Schult.f.<br />

Aechmea lamarchei Mez<br />

Aechmea maasii Gouda & W.Till<br />

Aechmea nudicaulis (L.) Griseb.<br />

Aechmea patentissima (Mart. ex Schult. & Schult.f.) Baker<br />

Aechmea saxicola L.B.Sm.<br />

Aechmea sucreana Martinelli & C.Vieira<br />

Aechmea warasii E.Pereira<br />

Billbergia euphemiae E.Morren<br />

Billbergia iridifolia (Nees & Mart.) Lindl.<br />

Bromelia laciniosa Mart. ex Schult. & Schult.f.<br />

Bromelia tubulosa L.B.Sm.<br />

Catopsis sessiliflora (Ruiz & Pav.) Mez<br />

Cryptanthus beuckeri E.Morren<br />

Hohenbergia augusta (Vell.) E.Morren<br />

Pseudananas sagenarius (Arruda) Camargo<br />

Quesnelia quesneliana (Brongn.) L.B.Sm.<br />

Tillandsia bulbosa Hook.f.<br />

Tillandsia gardneri Lindl.<br />

Tillandsia globosa Wawra<br />

Tillandsia stricta Sol.<br />

Tillandsia tenuifolia L.<br />

Tillandsia usneoides (L.) L.<br />

Vriesea ensiformis (Vell.) Beer<br />

Vriesea gigantea Gaudich.<br />

Vriesea longiscapa Ule<br />

Vriesea neoglutinosa Mez<br />

Vriesea pauperrima E.Pereira<br />

Vriesea procera (Mart. ex Schult. & Schult.f.) Wittm.<br />

Burmanniaceae Apteria aphylla (Nutt.) Barnhart ex Small<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento S Abio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T,N Ento C Bio H<br />

Herb U Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T,U,V Ornito C Bio H 1<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T,U,N Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T,U Ento, Ornito C Bio H 1<br />

Herb U,N Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb U Ornito C Bio H<br />

Herb T,U Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb N Ornito C Bio H<br />

Herb T,U Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T,U Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T,U Ornito C Bio H<br />

Herb U Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T<br />

Herb N Ento S Abio H<br />

Herb U Ento C Bio M 1<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb U Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb N Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb U Ento, Ornito S Abio H<br />

Herb U,N Ento, Ornito S Abio H<br />

Herb T,U Ento, Ornito S Abio H<br />

Herb U,N Ento, Ornito S Abio H<br />

Herb T,U Ento, Ornito S Abio H<br />

Herb T,U Ento, Ornito S Abio H<br />

Herb U,V Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Herb T Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Herb N Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Herb U,N Ento, Ornito S Abio H 1<br />

Herb T,U Ento S Abio H 1<br />

Herb N Ento, Quirop, ornito S Abio H<br />

Herb V Ento S Abio H 1<br />

1 8 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Burmannia capitata (Walter ex J.F.Gmel.) Mart.<br />

Gymnosiphon divaricatus (Benth.) Benth. & Hook.f.<br />

Burseraceae Crepidospermum atlanticum Daly<br />

Protium aracouchini (Aubl.) Marchand<br />

Protium brasiliense (Spreng.) Engl.<br />

Protium glaziovii Swart<br />

Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand<br />

Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand subsp. heptaphyllum<br />

Protium icicariba (DC.) Marchand var. icicariba<br />

Protium warmingianum Marchand<br />

Protium widgrenii Engl.<br />

Trattinnickia mensalis Daly<br />

Cabombaceae Cabomba aquatica Aubl.<br />

Cabomba furcata Schult. & Schult.f.<br />

Cactaceae Brasiliopuntia brasiliensis (Willd.) A.Berger<br />

Cereus fernambucensis Lem.<br />

Epiphyllum phyllanthus (L.) Haw. subsp. phyllanthus<br />

Hylocereus setaceus (Salm-Dyck) R.Bauer<br />

Melocactus violaceus Pfeiff.<br />

Pereskia aculeata Mill.<br />

Pilosocereus arrabidae (Lem.) Byles & Rowley<br />

Rhipsalis elliptica G.Lindb. ex K.Schum.<br />

Rhipsalis floccosa Salm-Dyck ex Pfeiff.<br />

Rhipsalis lindbergiana K.Schum.<br />

Rhipsalis paradoxa (Salm-Dyck ex Pfeiff.) Salm-Dyck<br />

Calophyllaceae Calophyllum brasiliense Cambess.<br />

Kielmeyera albopunctata Saddi<br />

Kielmeyera membranacea Casar.<br />

Kielmeyera occhioniana Saddi<br />

Campanulaceae Centropogon cornutus (L.) Druce<br />

Lobelia imperialis E.Wimm.<br />

Cannabaceae Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg.<br />

Celtis pubescens (Kunth) Spreng.<br />

Trema micrantha (L.) Blume<br />

Capparaceae Capparidastrum frondosum (Jacq.) Cornejo & Iltis<br />

Crateva tapia L.<br />

Cynophalla flexuosa (L.) J.Presl<br />

Herb N<br />

Herb T,U S Abio H<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento C Bio D<br />

Arv T,U<br />

Arv U,N<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv U Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento C Bio D 1, 2<br />

Herb V Ento H<br />

Herb V Ento H<br />

Herb U Ento, Quirop C Bio H<br />

Herb N Ento, Quirop C Bio H<br />

Herb T,U,N<br />

Herb T,U,N Ento, Quirop S Abio H<br />

Herb N Ento C Bio H 1, 2<br />

Herb T,U,N Ento, Quirop C Bio H<br />

Herb N Ento, Quirop C Bio H<br />

Herb U Ento C Bio H<br />

Herb U Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arv T,V Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento S Abio H<br />

Arv U,N Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H 1, 2, 3<br />

Herb T,V Quirop, Ornito S Abio H<br />

Herb V Quirop, Ornito S Abio H<br />

trep-Li T Anemo S Abio D<br />

Arb T Ento C Bio D<br />

Arv T,U,N Anemo S Abio D<br />

Arb U Ento C Bio H<br />

Arv T,U<br />

Arv U<br />

186


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Mesocapparis lineata (Dombey ex Pers.) Cornejo & Iltis<br />

Monilicarpa brasiliana (Banks ex DC.) Cornejo & Iltis<br />

Neocalyptrocalyx grandipetala (Maguire & Steyerm.)<br />

Cornejo & Iltis<br />

Neocalyptrocalyx nectareus (Vell.) Hutch.<br />

Cardiopteridaceae Citronella paniculata (Mart.) R.A.Howard<br />

Caricaceae Jacaratia heptaphylla (Vell.) A.DC.<br />

Jacaratia spinosa (Aubl.) A.DC.<br />

Caryocaraceae Caryocar edule Casar.<br />

Celastraceae Anthodon decussatum Ruiz & Pav.<br />

Cheiloclinium cognatum (Miers) A.C.Sm.<br />

Elachyptera festiva (Miers) A.C.Sm.<br />

Maytenus ardisiaefolia Reissek<br />

Maytenus brasiliensis Mart.<br />

Maytenus distichophylla Mart. ex Reissek<br />

Maytenus floribunda Reissek<br />

Maytenus obtusifolia Mart.<br />

Maytenus patens Reissek<br />

Maytenus schumanniana Loes.<br />

Peritassa mexiae A.C.Sm.<br />

Pristimera celastroides (Kunth) A.C.Sm.<br />

Pristimera nervosa (Miers) A.C.Sm.<br />

Salacia elliptica (Mart. ex Schult.) G.Don<br />

Salacia krigsneri Lombardi<br />

Tontelea miersii (Peyr.) A.C.Sm.<br />

Tontelea passiflora (Vell.) Lombardi<br />

Chloranthaceae Hedyosmum brasiliense Mart. ex Miq.<br />

Chrysobalanaceae Couepia belemii Prance<br />

Couepia carautae Prance<br />

Couepia monteclarensis Prance<br />

Couepia ovalifolia (Schott) Benth. ex Hook.f.<br />

Couepia schottii Fritsch<br />

Exellodendron gracile (Kuhlm.) Prance<br />

Hirtella bahiensis Prance<br />

Hirtella burchellii Britton<br />

Hirtella corymbosa Cham. & Schltdl.<br />

Hirtella hebeclada Moric. ex DC.<br />

Arv T,U<br />

Arv T,U<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arv T,U Ento, Ornito C Bio D<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio D<br />

Arv T Quirop C Bio H<br />

trep-Li T<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

trep-Li T Ento H<br />

Arv T Ento S Abio M<br />

Arv T Ento S Abio M<br />

Arv T Ento S Abio M<br />

Arv T Ento S Abio M<br />

Arb T,N Ento S Abio M<br />

Arv T Ento S Abio M<br />

Arv T Ento S Abio M<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

Arv T<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

Arb V Ento C Bio D<br />

Arv T Quirop C Bio H 1, 2<br />

Arv T Quirop C Bio H 1, 2, 3<br />

Arv T Quirop, Ornito C Bio H<br />

Arv U,N Quirop C Bio H<br />

Arv T,U Quirop C Bio H 2<br />

Arv T Ento C Bio H 1, 2, 3<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arb N Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

1 8 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Hirtella insignis Briq. ex Prance<br />

Hirtella parviunguis Prance<br />

Hirtella sprucei Benth. ex Hook.f.<br />

Hirtella triandra subsp. punctulata (Miq.) Prance<br />

Licania arianeae Prance<br />

Licania belemii Prance<br />

Licania heteromorpha Benth. var. heteromorpha<br />

Licania hypoleuca Benth.<br />

Licania kunthiana Hook.f.<br />

Licania littoralis Warm.<br />

Licania micrantha Miq.<br />

Licania octandra (Hoffmanns. ex Roem. & Schult.) Kuntze<br />

Licania octandra (Hoffmanns. ex Roem. & Schult.)<br />

Kuntze subsp. octandra<br />

Licania salzmannii (Hook.f.) Fritsch<br />

Licania sp. nov. (G.S.Siqueira 653)<br />

Licania sp. nov. (D.A.Folli 6916)<br />

Parinari excelsa Sabine<br />

Parinari parvifolia Sandwith<br />

Cleomaceae Dactylaena microphylla Eichler<br />

Hemiscola aculeata (L.) Raf.<br />

Hemiscola diffusa (Banks ex DC.) Iltis<br />

Clusiaceae Clusia hilariana Schltdl. subsp. hilariana<br />

Clusia nemorosa G.Mey.<br />

Clusia spiritu-sanctensis G.Mariz & B.Weinberg<br />

Garcinia brasiliensis Mart.<br />

Garcinia gardneriana (Planch. & Triana) Zappi<br />

Symphonia globulifera L.f.<br />

Tovomita fructipendula (Ruiz & Pav.) Cambess.<br />

Tovomita riedeliana Engl.<br />

Combretaceae Buchenavia hoehneana N.F.Mattos<br />

Buchenavia kleinii Exell<br />

Buchenavia parvifolia subsp. rabelloana (Mattos)<br />

Alwan et Stace<br />

Combretum duarteanum Cambess.<br />

Combretum fruticosum (Loefl.) Stuntz<br />

Combretum laxum Jacq.<br />

Arv T Ento C Bio H 2<br />

Arv T Ento C Bio H 3<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

Arv T,N<br />

Arv T Ento C Bio H 1, 2, 3<br />

Arv T Ento C Bio H 1, 2<br />

Arv T,U<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Herb U,N Ento S Abio H<br />

Herb V Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Arv U<br />

Arv U,V Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,V Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T 1<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento S Abio H 2<br />

trep-Li N Ento, Ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Ornito S Abio H<br />

trep-Li T,V Ento, Anemo, Ornito S Abio H<br />

188


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Terminalia argentea Mart.<br />

Terminalia glabrescens Mart.<br />

Terminalia mameluco Pickel<br />

Commelinaceae Commelina benghalensis L.<br />

Commelina diffusa Burm.f.<br />

Commelina erecta L.<br />

Commelina obliqua Vahl<br />

Commelina rufipes Seub. var. rufipes<br />

Dichorisandra acaulis Cogn.<br />

Dichorisandra nutabilis Aona & M.C.E.Amaral<br />

Dichorisandra penduliflora Kunth<br />

Dichorisandra procera Mart. ex Schult & Schult.f.<br />

Dichorisandra velutina Aona & M.C.E.Amaral<br />

Gibasis geniculata (Jacq.) Rohweder<br />

Connaraceae Connarus detersus Planch.<br />

Connarus ovatifolius G.Schellenb.<br />

Rourea gardneriana Planch.<br />

Rourea glabra Kunth<br />

Rourea glazioui G.Schellenb.<br />

Rourea luizalbertoi Forero et al.<br />

Rourea sp.nov. (D.A.Folli 4659)<br />

Convolvulaceae Daustinia montana (Moric.) Buril & A.R. Simões<br />

Evolvulus ericifolius Mart. ex Schrank<br />

Evolvulus genistoides Ooststr.<br />

Evolvulus maximiliani Mart. ex Choisy<br />

Evolvulus nummularius (L.) L.<br />

Evolvulus tenuis Mart. ex Choisy<br />

Ipomoea hederifolia L.<br />

Ipomoea philomega (Vell.) House<br />

Ipomoea quamoclit L.<br />

Ipomoea setosa Ker Gawl.<br />

Jacquemontia glaucescens Choisy<br />

Jacquemontia heterantha (Nees & Mart.) Hallier f.<br />

Jacquemontia holosericea (Weinm.) O’Donell<br />

Jacquemontia serrata (Choisy) Meisn.<br />

Jacquemontia sphaerostigma (Cav.) Rusby<br />

Merremia cissoides (Lam.) Hallier f.<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T,U Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H 1<br />

Herb T<br />

Herb T Ento C Bio M<br />

Herb T,U Ento C Bio M<br />

Herb V Ento C Bio M<br />

Herb T,V<br />

Herb T Ento C Bio M 2<br />

Herb T<br />

Herb T,U,N Ento C Bio M<br />

Herb T,U,N Ento C Bio M<br />

Herb T,U Ento C Bio M<br />

Herb U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento S Abio H<br />

trep-Li N Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li N<br />

trep-Li U<br />

trep-Li N Ento S Abio H<br />

trep-Li N Ento S Abio H<br />

trep-Li N Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li N Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

Herb T,N Ento S Abio H<br />

Herb U,N Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T,N Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

trep-Li T,U,N Ento S Abio H<br />

1 8 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Merremia macrocalyx (Ruiz & Pav.) O’Donell<br />

Odonellia eriocephala (Moric.) K.R.Robertson<br />

Operculina macrocarpa (L.) Urb.<br />

Costaceae Costus arabicus L.<br />

Costus scaber Ruiz & Pav.<br />

Cucurbitaceae Cayaponia tayuya (Vell.) Cogn.<br />

Cayaponia trifoliolata (Cogn.) Cogn.<br />

Fevillea trilobata L.<br />

Gurania acuminata Cogn.<br />

Gurania eriantha (Poepp. & Endl.) Cogn.<br />

Gurania subumbellata (Miq.) Cogn.<br />

Gurania tricuspidata Cogn.<br />

Gurania wawrei Cogn.<br />

Melothria cucumis Vell.<br />

Melothria pendula L.<br />

Psiguria ternata (M.Roem.) C.Jeffrey<br />

Sicydium gracile Cogn.<br />

Cyclanthaceae Asplundia polymera (Hand.-Mazz.) Harling<br />

Evodianthus funifer (Poit.) Lindm.<br />

Thoracocarpus bissectus (Vell.) Harling<br />

Cyperaceae Abildgaardia baeothryon A.St.-Hil.<br />

Becquerelia cymosa Brongn.<br />

Bulbostylis capillaris (L.) C.B.Clarke<br />

Bulbostylis truncata (Nees) M.T.Strong<br />

Calyptrocarya glomerulata (Brongn.) Urb.<br />

Cladium sp.<br />

Cryptangium verticillatum (Spreng.) Vitta<br />

Cyperus aggregatus (Willd.) Endl.<br />

Cyperus distans L.<br />

Cyperus haspan L.<br />

Cyperus iria L.<br />

Cyperus laxus Lam.<br />

Cyperus ligularis L.<br />

Cyperus luzulae (L.) Retz.<br />

Cyperus odoratus L.<br />

Cyperus papyrus L.<br />

Cyperus pohlii (Nees) Steud.<br />

trep-Li T,U Ento S Abio H<br />

trep-Li V Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,V Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H 1<br />

trep-Li T,U Ento C Bio M<br />

trep-Li T Ento C Bio M<br />

trep-Li T Ento C Bio D<br />

trep-Li T Ento C Bio D<br />

trep-Li U Ento C Bio D<br />

trep-Li T,U Ento C Bio D<br />

trep-Li T Ento C Bio D<br />

trep-Li T Ento C Bio D<br />

trep-Li T Ento C Bio M<br />

trep-Li V Ento C Bio M<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio M<br />

trep-Li V<br />

trep-Li T,V Ento, Ornito C Bio M<br />

Herb N<br />

Herb T,V Anemo S Abio M<br />

Herb N<br />

Herb N<br />

Herb V Anemo S Abio M<br />

Herb V<br />

Herb N<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T,U Anemo S Abio H<br />

Herb N,V Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T,U,N,V Anemo S Abio H<br />

Herb T,U,V Anemo S Abio H<br />

Herb T,V Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

190


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Cyperus rotundus L.<br />

Cyperus sphacelatus Rottb.<br />

Eleocharis interstincta (Vahl) Roem. & Schult.<br />

Fimbristylis autumnalis (L.) Roem. & Schult.<br />

Fuirena umbellata Rottb.<br />

Kyllinga brevifolia Rottb.<br />

Kyllinga pumila Michx.<br />

Kyllinga vaginata Lam.<br />

Lagenocarpus rigidus Nees<br />

Oxycaryum cubense (Poepp. & Kunth) Lye<br />

Pleurostachys foliosa Kunth<br />

Pycreus polystachyos (Rottb.) P.Beauv.<br />

Rhynchospora corymbosa (L.) Britton<br />

Rhynchospora emaciata (Nees) Boeckeler<br />

Rhynchospora exaltata Kunth<br />

Rhynchospora gigantea Link<br />

Rhynchospora holoschoenoides (Rich.) Herter<br />

Rhynchospora marisculus Lindl. & Nees<br />

Rhynchospora pilosa Boeckeler<br />

Rhynchospora riparia (Nees) Boeckeler<br />

Rhynchospora robusta (Kunth) Boeckeler<br />

Scleria gaertneri Raddi<br />

Scleria latifolia Sw.<br />

Scleria mitis P.J.Bergius<br />

Scleria panicoides Kunth<br />

Scleria pernambucana Luceño & M.Alves<br />

Scleria secans (L.) Urb.<br />

Scleria virgata (Nees) Steud.<br />

Dichapetalaceae Stephanopodium blanchetianum Baill.<br />

Tapura follii Prance<br />

Tapura wurdackiana Prance<br />

Dilleniaceae Davilla flexuosa A.St.-Hil.<br />

Davilla grandifolia Moric. ex Eichler<br />

Davilla latifolia Casar.<br />

Davilla macrocarpa Eichler<br />

Davilla nitida (Vahl) Kubitzki<br />

Davilla rugosa Poir.<br />

Herb T,U Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb T,V Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb T,V Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb N Anemo S Abio D<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb T,V Anemo S Abio D<br />

Herb N Anemo S Abio D<br />

Herb T,U,N Anemo S Abio D<br />

Herb V Anemo S Abio D<br />

Herb U,N,V Anemo S Abio D<br />

Herb V Anemo S Abio D<br />

Herb N Anemo S Abio D<br />

Herb T,V Anemo S Abio D<br />

Herb V Anemo S Abio D<br />

Herb V Anemo S Abio M<br />

Herb T,N,V Anemo S Abio M<br />

Herb V Anemo S Abio M<br />

Herb T Anemo S Abio M<br />

Herb V Anemo S Abio M<br />

Herb T,N Anemo S Abio M<br />

Herb T,U Anemo S Abio M<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv U Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

trep-Li T,N Ento C Bio H<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

trep-Li T,U,N Ento C Bio H 2<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

1 9 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Doliocarpus lancifolius Kubitzki<br />

Doliocarpus sp. nov. (D.A.Folli 3564)<br />

Doliocarpus validus Kubitzki<br />

Tetracera lasiocarpa Eichler<br />

Dioscoreaceae Dioscorea altissima Lam.<br />

Dioscorea campestris Griseb.<br />

Dioscorea cynanchifolia Griseb.<br />

Dioscorea dodecaneura Vell.<br />

Dioscorea laxiflora Mart. ex Griseb.<br />

Dioscorea leptostachya Gardner<br />

Dioscorea loefgrenii R.Knuth<br />

Dioscorea marginata Griseb.<br />

Dioscorea mollis Kunth<br />

Dioscorea pilosiuscula Betero ex Spreng.<br />

Dioscorea widgrenii R.Knuth<br />

Ebenaceae Diospyros apeibacarpos Raddi<br />

Diospyros brasiliensis Mart. ex Miq.<br />

Diospyros capreifolia Mart. ex Hiern<br />

Diospyros hispida A.DC.<br />

Elaeocarpaceae Sloanea eichleri K.Schum.<br />

Sloanea garckeana K.Schum.<br />

Sloanea granulosa Ducke<br />

Sloanea guianensis (Aubl.) Benth.<br />

Sloanea retusa Uittien<br />

Ericaceae Agarista revoluta (Spreng.) J.D. Hook. ex Nied. var. revoluta<br />

Gaylussacia brasiliensis (Spreng.) Meisn.<br />

Eriocaulaceae Actinocephalus ramosus (Wikstr.) Sano<br />

Comanthera nivea (Bong.) L.R.Parra & Giul.<br />

Leiothrix hirsuta (Wikstr.) Ruhland<br />

Paepalanthus bifidus (Schrad.) Kunth<br />

Paepalanthus klotzschianus Koern.<br />

Paepalanthus tortilis (Bong.) Mart.<br />

Syngonanthus gracilis (Bong.) Ruhland<br />

Syngonanthus restingensis Hensold & A.L.R. Oliveira<br />

Tonina fluviatilis Aubl.<br />

Erythroxylaceae Erythroxylum affine A.St.-Hil.<br />

Erythroxylum citrifolium A.St.-Hil.<br />

Arb T,U,N Ento C Bio H 1, 2<br />

trep-Li T<br />

trep-Li U,N Ento C Bio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento C Bio D<br />

trep-Li U Ento C Bio D<br />

trep-Li U Ento C Bio D<br />

trep-Li T Ento C Bio D<br />

trep-Li N Ento C Bio D<br />

trep-Li N Ento C Bio D<br />

trep-Li T Ento C Bio D 2<br />

trep-Li T Ento C Bio D<br />

trep-Li T,U Ento C Bio D<br />

trep-Li U,N<br />

trep-Li U Ento C Bio D<br />

Arv T,V Ento C Bio D<br />

Arv T,V Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento S Bio H<br />

Arv T,U Ento S Bio H 1<br />

Arv T,V<br />

Arv T,V Ento S Bio H<br />

Arv T Ento S Bio H<br />

Arv N Ornito S Abio H<br />

Arb N Ornito C Bio H<br />

Herb N Ento S Abio M<br />

Herb N<br />

Herb U,N,V Ento S Abio M<br />

Herb U,N Ento S Abio M<br />

Herb U,N Ento S Abio M<br />

Herb T,U,N Ento S Abio M<br />

Herb N Ento S Abio M<br />

Herb T,N<br />

Herb T,V Ento S Abio M<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

192


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Erythroxylum cuspidifolium Mart.<br />

Erythroxylum ectinocalyx Mart.<br />

Erythroxylum macrophyllum Cav.<br />

Erythroxylum nitidum Spreng.<br />

Erythroxylum nobile O.E.Schulz<br />

Erythroxylum passerinum Mart.<br />

Erythroxylum plowmanii Amaral<br />

Erythroxylum pulchrum A.St.-Hil.<br />

Erythroxylum squamatum Sw.<br />

Erythroxylum subrotundum A.St.-Hil.<br />

Erythroxylum tenue Plowman<br />

Euphorbiaceae Acalypha sp.<br />

Actinostemon concolor (Spreng.) Müll. Arg.<br />

Actinostemon klotzschii (Didr.) Pax<br />

Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll. Arg.<br />

Aparisthmium cordatum (A.Juss.) Baill.<br />

Astraea lobata (L.) Klotzsch<br />

Astraea macroura (Colla) P.L.R. Moraes,<br />

De Smedt & Guglielmone<br />

Brasiliocroton mamoninha P.E.Berry & Cordeiro<br />

Caperonia palustris (L.) A.St.-Hil.<br />

Caryodendron janeirense Müll. Arg.<br />

Cnidoscolus urens (L.) Arthur var. urens<br />

Croton didrichsenii G.L.Webster<br />

Croton glandulosus L.<br />

Croton lundianus (Didr.) Müll. Arg.<br />

Croton polyandrus Spreng.<br />

Croton sphaerogynus Baill.<br />

Croton triqueter Lam.<br />

Dalechampia ficifolia Lam.<br />

Dalechampia ilheotica Wawra<br />

Dalechampia peckoltiana Müll. Arg.<br />

Euphorbia adenoptera Bertol.<br />

Euphorbia hirta L.<br />

Euphorbia hyssopifolia L.<br />

Euphorbia insulana Vell.<br />

Euphorbia thymifolia L.<br />

Arv U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv U,N Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Herb T<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T,U,V Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento, Ornito S Abio M<br />

Herb T,N<br />

Herb T,U,N<br />

Arv T<br />

trep-Li T,V Ento C Bio M<br />

Arv T<br />

Arb T,U,N<br />

Arb T Ento C Bio M<br />

Arb T,U Ento C Bio M<br />

Herb T,N Ento C Bio M<br />

Arb U Ento C Bio M<br />

Arb U Ento C Bio M<br />

Arb T Ento C Bio M<br />

trep-Li T,U Ento S Abio M<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T Ento S Abio M<br />

Herb T<br />

Herb T<br />

Herb T<br />

Herb U Ento S Abio M<br />

Herb T<br />

1 9 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Glycydendron espiritosantense Kuhlm.<br />

Gymnanthes discolor (Spreng.) Müll.Arg.<br />

Gymnanthes glabrata (Mart.) Govaerts<br />

Joannesia princeps Vell.<br />

Mabea paniculata Spruce ex Benth.<br />

Manihot tripartita (Spreng.) Müll. Arg.<br />

Maprounea guianensis Aubl.<br />

Micrandra sp.<br />

Microstachys corniculata (Vahl) Griseb.<br />

Pachystroma longifolium (Nees) I.M.Johnst.<br />

Pausandra morisiana (Casar.) Radlk.<br />

Plukenetia serrata (Vell.) L.J.Gillespie<br />

Plukenetia verrucosa Sm.<br />

Romanoa tamnoides (A.Juss.) Radcl.-Sm.<br />

Sapium glandulosum (L.) Morong<br />

Sebastiania brasiliensis Spreng.<br />

Senefeldera verticillata (Vell.) Croizat<br />

Tragia sp.<br />

Fabaceae Abarema barnebyana Iganci & M.P.Morim<br />

Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W.Grimes<br />

Abarema filamentosa (Benth.) Pittier<br />

Abarema limae Iganci & M.P.Morim<br />

Acosmium lentiscifolium Schott<br />

Aeschynomene americana L.<br />

Aeschynomene fluminensis Vell. var. fluminensis<br />

Aeschynomene sensitiva Sw.<br />

Aeschynomene sensitiva Sw. var. sensitiva<br />

Albizia pedicellaris (DC.) L.Rico<br />

Albizia polycephala (Benth.) Killip ex Record<br />

Ancistrotropis serrana Snak, J.L.A.Moreira & A.M.G.Azevedo<br />

Andira fraxinifolia Benth.<br />

Andira legalis (Vell.) Toledo<br />

Andira nitida Mart. ex Benth.<br />

Andira ormosioides Benth.<br />

Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr.<br />

Barnebydendron riedelii (Tul.) J.H.Kirkbr.<br />

Bauhinia forficata Link subsp. forficata<br />

Arv T Ento, Ornito S Abio D<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arv T,U,N Ento, Ornito M<br />

Arv T<br />

Arb U,N<br />

Arv T,U<br />

Arv T<br />

Arb U,N<br />

Arv T<br />

Arv T Ento S Abio D<br />

Herb T<br />

Herb T<br />

trep-Li T,U,N Ento C Bio M<br />

Arv T,V Ento C Bio M<br />

Arv T,U Ento, Ornito S Abio M<br />

Arv T Ento S Abio M<br />

trep-Li T,U<br />

Arv U,N H<br />

Arv T H<br />

Arv U,N Ento H<br />

Arv T H<br />

Arv T Anemo C Bio H<br />

Arb T<br />

Arb T,V<br />

Arb V S Bio H<br />

Arb V<br />

Arv T,U Quirop, Ornito H<br />

Arv T Quirop, Ornito H<br />

trep-Li N<br />

Arv T,U,N Ornito C Bio H<br />

Arv T,U,N Ornito C Bio H<br />

Arv T,U,N,V Ornito C Bio H<br />

Arv T C Bio H<br />

Arv T H 2<br />

Arv T H<br />

Arv T<br />

194


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Bowdichia virgilioides Kunth<br />

Calopogonium mucunoides Desv.<br />

Canavalia parviflora Benth.<br />

Canavalia sp. nov. (D.A.Folli 4822, C.Snak 1149)<br />

Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC.<br />

Centrolobium sclerophyllum H.C.Lima<br />

Centrosema brasilianum (L.) Benth.<br />

Centrosema coriaceum Benth.<br />

Centrosema pubescens Benth.<br />

Chamaecrista aspleniifolia (H.S.Irwin & Barneby)<br />

H.S.Irwin & Barneby<br />

Chamaecrista bahiae (H.S.Irwin) H.S.Irwin & Barneby<br />

Chamaecrista curvifolia (Vogel) Afr.Fern. & E.P.Nunes<br />

Chamaecrista desvauxii (Collad.) Killip<br />

Chamaecrista desvauxii var. latistipula (Benth.) G.P.Lewis<br />

Chamaecrista ensiformis (Vell.) H.S.Irwin & Barneby<br />

Chamaecrista mucronata (Spreng.) H.S.Irwin & Barneby<br />

Chamaecrista nictitans (L.) Moench<br />

Chamaecrista ramosa (Vogel) H.S.Irwin & Barneby<br />

Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene<br />

Cleobulia multiflora Mart. ex Benth.<br />

Clitoria laurifolia Poir.<br />

Clitoria selloi Benth.<br />

Cochliasanthus caracalla (L.) Trew<br />

Copaifera langsdorffii Desf.<br />

Copaifera lucens Dwyer<br />

Cranocarpus mezii Taub.<br />

Cratylia argentea (Desv.) Kuntze<br />

Cratylia hypargyrea Mart. ex Benth.<br />

Crotalaria incana L.<br />

Dalbergia elegans A.M.Carvalho<br />

Dalbergia frutescens (Vell.) Britton<br />

Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth.<br />

Dalbergia sampaioana Kuhlm. & Hoehne<br />

Deguelia costata (Benth.) A.M.G.Azevedo & R.A.Camargo<br />

Desmodium axillare (Sw.) DC.<br />

Desmodium barbatum (L.) Benth.<br />

Arv T H<br />

Herb U H<br />

Herb T,U Ornito S Abio H<br />

Herb T<br />

Arv T,U H<br />

Arv T S Abio H 1<br />

Herb T H<br />

Herb N H<br />

Herb T,V H<br />

Arv T H<br />

Arv T H<br />

Arv N H<br />

Herb N H<br />

Arb T<br />

Arv T,U,N H<br />

Arb N H<br />

Arb T H<br />

Herb N Ento H<br />

Herb T,U H<br />

Herb T H<br />

Arb T H<br />

trep-Li T H<br />

trep-Li T<br />

Arv T,U H<br />

Arv T H<br />

Arb T<br />

trep-Li T H<br />

trep-Li T Ornito S Abio H<br />

Arb U H<br />

Arv T Quirop, Ornito C Bio H 1, 2<br />

trep-Li T Quirop, Ornito C Bio H<br />

Arv T Quirop, Ornito C Bio H 2<br />

Arb T Quirop, Ornito C Bio H<br />

Arv T H<br />

Herb T,U S Abio H<br />

Herb T,U,V S Abio H<br />

1 9 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Desmodium tortuosum (Sw.) DC.<br />

Dialium guianense (Aubl.) Sandwith<br />

Dimorphandra jorgei M.F.Silva<br />

Dinizia sp. nov. (D.A.Folli 4484)<br />

Dioclea virgata (Rich.) Amshoff<br />

Dioclea wilsonii Standl.<br />

Diplotropis incexis Rizzini & A.Mattos<br />

Enterolobium glaziovii (Benth.) Mesquita<br />

Exostyles venusta Schott<br />

Galactia striata (Jacq.) Urb.<br />

Goniorrhachis marginata Taub.<br />

Grazielodendron rio-docensis H.C.Lima<br />

Hymenaea altissima Ducke<br />

Hymenaea aurea Y.T.Lee & Langenh.<br />

Hymenaea courbaril var. stilbocarpa (Hayne)<br />

Y.T. Lee & Langenh.<br />

Hymenaea sp.nov. (J.Spada 29, D.A.Folli 187)<br />

Hymenolobium alagoanum var. parvifolium H.C.Lima<br />

Hymenolobium janeirense Kuhlm.<br />

Indigofera suffruticosa Mill.<br />

Inga cabelo T.D.Penn.<br />

Inga capitata Desv.<br />

Inga cylindrica (Vell.) Mart.<br />

Inga edulis Mart.<br />

Inga exfoliata T.D.Penn. & F.C.P.Garcia<br />

Inga flagelliformis (Vell.) Mart.<br />

Inga hispida Schott ex Benth.<br />

Inga lanceifolia Benth.<br />

Inga leptantha Benth.<br />

Inga platyptera Benth.<br />

Inga striata Benth.<br />

Inga subnuda Salzm. ex Benth. subsp. subnuda<br />

Inga thibaudiana DC. subsp. thibaudiana<br />

Leptolobium bijugum (Spreng.) Vogel<br />

Leptospron adenanthum (G. Mey.) A. Delgado<br />

Libidibia ferrea var. parvifolia (Benth.) L.P.Queiroz<br />

Lonchocarpus cultratus (Vell.) A.M.G.Azevedo & H.C.Lima<br />

Herb T,U S Abio H<br />

Arv T,U H<br />

Arv T H<br />

Arv T<br />

trep-Li T,V H<br />

trep-Li T H<br />

Arv T H<br />

Arv T H<br />

Arv T H<br />

Herb U,V<br />

Arv T H<br />

Arv T H 1<br />

Arv T H<br />

Arv T H<br />

Arv T,U H<br />

Arv T,U<br />

Arv U,N<br />

Arv T H 1<br />

Arb T H<br />

Arv T Quirop, Ornito S Abio H<br />

Arv T,U,N Quirop, Ornito H<br />

Arv T Quirop, Ornito H<br />

Arv T H<br />

Arv T Quirop, Ornito S Abio H<br />

Arv T H<br />

Arv T Quirop, Ornito S Abio H<br />

Arv T,U Quirop, Ornito S Abio H<br />

Arv T,U Quirop, Ornito S Abio H<br />

Arv T Quirop, Ornito S Abio H<br />

Arv T Quirop, Ornito H<br />

Arv T,U<br />

Arv T,U<br />

Arv N<br />

Herb T,V<br />

Arv T<br />

Arv T Ornito S Abio H<br />

196


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Machaerium aculeatum Raddi<br />

Machaerium acutifolium Vogel<br />

Machaerium brasiliense Vogel<br />

Machaerium cantarellianum Hoehne<br />

Machaerium caratinganum Kuhlm. & Hoehne<br />

Machaerium condensatum Kuhlm. & Hoehne<br />

Machaerium declinatum (Vell.) Stellfeld<br />

Machaerium fulvovenosum H.C.Lima<br />

Machaerium jobimianum C.V.Mendonça & A.M.G.Azevedo<br />

Machaerium lanceolatum (Vell.) J.F.Macbr.<br />

Machaerium oblongifolium Vogel<br />

Machaerium ovalifolium Glaz. ex Rudd<br />

Machaerium ternatum Kuhlm. & Hoehne<br />

Machaerium uncinatum (Vell.) Benth.<br />

Macrolobium latifolium Vogel<br />

Macroptilium lathyroides (L.) Urb.<br />

Melanoxylon brauna Schott<br />

Mimosa candollei R.Grether<br />

Mimosa ceratonia var. pseudo-obovata (Taub.) Barneby<br />

Mimosa elliptica Benth.<br />

Mimosa extensa Benth. var. extensa<br />

Mimosa pudica L.<br />

Mimosa setosa Benth.<br />

Mimosa somnians Humb. & Bonpl. ex Willd.<br />

Mimosa velloziana Mart.<br />

Moldenhawera papillanthera L.P.Queiroz et al.<br />

Mucuna urens (L.) Medik.<br />

Myrocarpus fastigiatus Allemão<br />

Myrocarpus frondosus Allemão<br />

Myroxylon peruiferum L.f.<br />

Ormosia arborea (Vell.) Harms<br />

Ormosia nitida Vogel<br />

Parapiptadenia pterosperma (Benth.) Brenan<br />

Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp.<br />

Peltogyne angustiflora Ducke<br />

Peltogyne confertiflora (Mart. ex Hayne) Benth.<br />

Phanera grazielae (Vaz) Vaz<br />

trep-Li T,U,N H<br />

trep-Li T H<br />

Arv T,U C Bio H<br />

trep-Li T H<br />

trep-Li T H<br />

trep-Li T H<br />

Arb T H<br />

Arv T H 1<br />

trep-Li T H<br />

trep-Li T C Bio H<br />

trep-Li T H<br />

Arv T H<br />

trep-Li T H<br />

trep-Li T,U C Bio H<br />

Arv T,U H<br />

Herb T H<br />

Arv T H 1, 2<br />

Arv T H<br />

trep-Li T,U<br />

Arb N Ornito S Abio H<br />

trep-Li T<br />

Herb V S Abio H<br />

Arb V S Abio H<br />

Herb V S Abio H<br />

Herb T S Abio H<br />

Arv T H 1, 2, 3<br />

Herb T H<br />

Arv T H<br />

Arv T C Bio H<br />

Arv T H<br />

Arv T,U Ornito H<br />

Arv T H<br />

Arv T H<br />

Arv T,U H<br />

Arv T H<br />

Arv T H<br />

Arv T H<br />

1 9 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Piptadenia adiantoides (Spreng.) J.F.Macbr.<br />

Piptadenia paniculata Benth.<br />

Platymiscium floribundum Vogel<br />

Platymiscium speciosum Vogel<br />

Poecilanthe falcata (Vell.) Heringer<br />

Poeppigia procera C.Presl<br />

Pseudopiptadenia contorta (DC.) G.P.Lewis & M.P.Lima<br />

Pseudopiptadenia marliae sp.nov.(G.L.Farias 39, D.A.Folli 382)<br />

Pseudopiptadenia psilostachya (DC.) G.P.Lewis & M.P.Lima<br />

Pterocarpus rohrii Vahl<br />

Rhynchosia phaseoloides (Sw.) DC.<br />

Schizolobium parahyba (Vell.) Blake<br />

Schnella macrostachya Raddi<br />

Schnella microstachya Raddi<br />

Senegalia amazonica (Benth.) Seigler & Ebinger<br />

Senegalia grandistipula (Benth.) Seigler & Ebinger<br />

Senegalia langsdorffii (Benth.) Seigler & Ebinger<br />

Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose<br />

Senegalia pteridifolia (Benth.) Seigler & Ebinger<br />

Senegalia tenuifolia (L.) Britton & Rose<br />

Senna affinis (Benth.) H.S.Irwin & Barneby<br />

Senna angulata (Vogel) H.S.Irwin & Barneby<br />

Senna appendiculata (Vogel) Wiersema<br />

Senna multijuga subsp. lindleyana (Gardner)<br />

H.S.Irwin & Barneby<br />

Senna multijuga var. verrucosa (Vogel) H.S. Irwin & Barneby<br />

Senna obtusifolia (L.) H.S.Irwin & Barneby<br />

Senna occidentalis (L.) Link<br />

Senna pendula (Humb.& Bonpl.ex Willd.) H.S.Irwin & Barneby<br />

Senna reticulata (Willd.) H.S.Irwin & Barneby<br />

Senna silvestris var. sapindifolia (Vogel) H.S. Irwin & Barneby<br />

Senna splendida (Vogel) H.S.Irwin & Barneby<br />

Sesbania exasperata Kunth<br />

Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw.<br />

Stylosanthes scabra Vogel<br />

Stylosanthes viscosa (L.) Sw.<br />

Swartzia acutifolia Vogel<br />

trep-Li T,U,N H<br />

Arv T H<br />

Arv T,V H<br />

Arv T H<br />

Arv T H<br />

Arv T H<br />

Arv T,U Ornito H<br />

Arv T<br />

Arv T H<br />

Arv T,U C Bio H<br />

trep-Li T H<br />

Arv T H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T,U H<br />

trep-Li T H<br />

trep-Li T H<br />

Arv T H<br />

trep-Li T H<br />

trep-Li T,U H<br />

Arb T H<br />

Arb T H<br />

Arb U,N H<br />

Arv T,U<br />

Arv T,U<br />

Arb T,U<br />

Arb T H<br />

Arb T,U H<br />

Arb T H<br />

trep-Li T,U,N<br />

Arb T,U H<br />

Arb T,N H<br />

Herb U,N Ornito H<br />

Herb T Ornito H<br />

Herb U,N Ornito H<br />

Arv T H<br />

198


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Swartzia apetala Raddi<br />

Swartzia apetala Raddi var. apetala<br />

Swartzia apetala var. glabra (Vogel) R.S.Cowan<br />

Swartzia linharensis Mansano<br />

Swartzia macrostachya var. riedelii R.S.Cowan<br />

Swartzia micrantha R.S.Cowan<br />

Swartzia myrtifolia var. elegans (Schott) R.S.Cowan<br />

Swartzia simplex var. continentalis Urb.<br />

Sweetia fruticosa Spreng.<br />

Tachigali densiflora (Benth.) L.G.Silva & H.C.Lima<br />

Tachigali paratyensis (Vell.) H.C.Lima<br />

Tachigali pilgeriana (Harms) Oliveira-Filho<br />

Tachigali rugosa (Mart. ex Benth.) Zarucchi & Pipoly<br />

Vatairea heteroptera (Allemão) Ducke<br />

Vataireopsis araroba (Aguiar) Ducke<br />

Vigna trichocarpa (C.Wright ex Sauvalle) A.Delgado<br />

Zollernia glabra (Spreng.) Yakovlev<br />

Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel<br />

Zollernia modesta A.M.Carvalho & Barneby<br />

Zornia latifolia Sm.<br />

Zygia cauliflora (Willd.) Killip<br />

Zygia latifolia (L.) Fawc. & Rendle<br />

Gentianaceae Chelonanthus purpurascens (Aubl.) Struwe et al.<br />

Voyria aphylla (Jacq.) Pers.<br />

Voyria flavescens Griseb.<br />

Voyria obconica Progel<br />

Gesneriaceae Codonanthopsis uleana (Fritsch) Chautems & Mat. Perret<br />

Drymonia serrulata (Jacq.) Mart.<br />

Sinningia elatior (Kunth) Chautems<br />

Sinningia richii Clayberg<br />

Sinningia sceptrum (Mart.) Wiehler<br />

Haloragaceae Laurembergia tetrandra (Schott) Kanitz<br />

Heliconiaceae Heliconia angusta Vell.<br />

Heliconia psittacorum L.f.<br />

Heliconia richardiana Miq.<br />

Hernandiaceae Sparattanthelium botocudorum Mart.<br />

Sparattanthelium tupiniquinorum Mart.<br />

Arv T Ornito H<br />

Arv T,U,N<br />

Arv T<br />

Arv T H 1, 2, 3<br />

Arv N<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arv T H<br />

Arv T,V H<br />

Arv T H<br />

Arv T H<br />

Arv T,U<br />

Arv T,U<br />

Arv T<br />

trep-Li T,V<br />

Arv T,U Ornito Abio H<br />

Arv T Ornito Abio H<br />

Arv T Ornito Abio H 1<br />

Herb T,U,N Ornito S Abio H<br />

Arv T Ornito Abio H<br />

Arv V Ornito Abio H<br />

Herb T,V Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ornito S Bio H 1<br />

Herb T Ornito S Bio H<br />

Herb T,V Ornito C Bio H 1<br />

Herb T Ornito C Bio H<br />

Herb N Ornito C Abio H 1<br />

Herb T,N Anemo S Bio M<br />

Herb T Ornito S Bio H 1<br />

Herb T,U,N Ornito S Bio H<br />

Herb T,U,N Ornito S Bio H<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

1 9 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Humiriaceae Humiria balsamifera var. parvifolia (Juss.) Cuatr.<br />

Humiriastrum mussungense Cuatrec.<br />

Humiriastrum spiritu-sancti Cuatrec.<br />

Sacoglottis mattogrossensis Malme var. mattogrossensis<br />

Vantanea bahiaensis Cuatrec.<br />

Hydroleaceae Hydrolea spinosa L.<br />

Hypericaceae Vismia brasiliensis Choisy<br />

Vismia guianensis (Aubl.) Choisy<br />

Vismia martiana Mart.<br />

Icacinaceae Emmotum nitens (Benth.) Miers<br />

Leretia cordata Vell.<br />

Pleurisanthes sp.<br />

Iridaceae Neomarica portosecurensis (Ravenna) Chukr<br />

Neomarica sabinei (Lindl.) Chukr<br />

Lacistemataceae Lacistema aggregatum (P.J.Bergius) Rusby<br />

Lamiaceae Aegiphila gloriosa Moldenke<br />

Aegiphila graveolens Mart. & Schauer<br />

Aegiphila integrifolia (Jacq.) Moldenke<br />

Aegiphila macrantha Ducke<br />

Aegiphila verticillata Vell.<br />

Aegiphila vitelliniflora Walp.<br />

Cantinoa mutabilis (Rich.) Harley & J.F.B.Pastore<br />

Condea undulata (Schrank) Harley & J.F.B. Pastore<br />

Eriope macrostachya Mart. ex Benth.<br />

Eriope macrostachya Mart. ex Benth.<br />

var. macrostachya<br />

Hyptis brevipes Poit.<br />

Hyptis fasciculata Benth.<br />

Hyptis lanceolata Poir.<br />

Hyptis paludosa A.St.-Hil. ex Benth.<br />

Hyptis ramosa Pohl ex Benth.<br />

Marsypianthes chamaedrys (Vahl) Kuntze<br />

Mesosphaerum pectinatum (L.) Kuntze<br />

Mesosphaerum sidifolium (L’Hérit.) Harley & J.F.B.Pastore<br />

Mesosphaerum suaveolens (L.) Kuntze<br />

Vitex compressa Turcz.<br />

Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke<br />

Arb U,N<br />

Arv T,U Ornito C Bio H<br />

Arv T,U Ornito C Bio H 1, 2<br />

Arv U<br />

Arv U,N Ornito C Bio H<br />

Arb T Ento C Abio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

Arv T,V Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

Arv T,U<br />

trep-Li T,U<br />

trep-Li T<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb U,N Ento S Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

trep-Li T,U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arb T,V Ento C Bio H<br />

Arb T<br />

Arb V<br />

Herb N C Bio D 1<br />

Arb N<br />

Herb T,V Ento C Bio D<br />

Herb V C Bio D<br />

Herb T,V Ento C Bio D<br />

Herb V Ento C Bio D 1<br />

Herb T Ento C Bio D<br />

Herb T,U Ento C Bio D<br />

Herb V<br />

Herb T,U<br />

Herb T<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

200


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Vitex orinocensis Kunth<br />

Lauraceae Aiouea saligna Meisn.<br />

Aniba canellila (Kunth) Mez<br />

Aniba firmula (Nees & Mart.) Mez<br />

Beilschmiedia linharensis Sa. Nishida & van der Werff<br />

Cassytha filiformis L.<br />

Cinnamomum montanum (Sw.) Bercht. & J. Presl<br />

Cinnamomum sp. nov. (IASilva 349, LCAssis et al 1171)<br />

Cryptocarya aschersoniana Mez<br />

Cryptocarya citriformis (Vell.) P.L.R.Moraes<br />

Cryptocarya saligna Mez<br />

Endlicheria glomerata Mez<br />

Licaria bahiana Kurz<br />

Licaria guianensis Aubl.<br />

Mezilaurus glabriantha F.M.Alves & V.C.Souza<br />

Nectandra debilis Mez<br />

Nectandra lanceolata Nees<br />

Nectandra nitidula Nees<br />

Nectandra oppositifolia Nees<br />

Nectandra psammophila Nees<br />

Nectandra puberula (Schott) Nees<br />

Ocotea aciphylla (Nees & Mart.) Mez<br />

Ocotea aniboides (Meisn.) Mez<br />

Ocotea arenicola L.C.S. Assis e Mello-Silva<br />

Ocotea argentea Mez<br />

Ocotea beulahiae J.B. Baitello<br />

Ocotea brachybotrya (Meisn.) Mez<br />

Ocotea ciliata L.C.S.Assis & Mello-Silva<br />

Ocotea confertiflora (Meisn.) Mez<br />

Ocotea divaricata (Nees) Mez<br />

Ocotea fasciculata (Nees) Mez<br />

Ocotea glauca (Nees & Mart.) Mez<br />

Ocotea glaziovii Mez<br />

Ocotea indecora (Schott) Mez<br />

Ocotea kostermanniana Vattimo-Gil<br />

Ocotea lancifolia (Schott) Mez<br />

Ocotea leucoxylon (Sw.) Laness.<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv U<br />

Arv T<br />

Arv T,U<br />

Arv T,U Ento C Bio H 1<br />

trep-Li N,V C Bio H<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T<br />

Arv U Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,V Ento C Bio H<br />

Arv U Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv U,N Ento C Bio M<br />

Arv T,U Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio M 2<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T,U Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio D 1, 2<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento C Bio D<br />

2 0 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Ocotea lobbii (Meisn.) Rohwer<br />

Ocotea longifolia Kunth<br />

Ocotea marcescens L.C.S.Assis & Mello-Silva<br />

Ocotea neesiana (Miq.) Kosterm.<br />

Ocotea nitida (Meisn.) Rohwer<br />

Ocotea notata (Nees & Mart.) Mez<br />

Ocotea nunesiana (Vattimo-Gil) J.B. Baitello<br />

Ocotea nutans (Nees) Mez<br />

Ocotea pluridomatiata A.Quinet<br />

Ocotea polyantha (Nees & Mart.) Mez<br />

Ocotea prolifera (Nees & Mart.) Mez<br />

Ocotea puberula (Rich.) Nees<br />

Ocotea pulchella (Nees & Mart.) Mez<br />

Ocotea sp. nov. (D.A.Folli 5035)<br />

Ocotea spectabilis (Meisn.) Mez<br />

Ocotea teleiandra (Meisn.) Mez<br />

Ocotea velloziana (Meisn.) Mez<br />

Ocotea velutina (Nees) Rohwer<br />

Persea aurata Miq.<br />

Rhodostemonodaphne capixabensis J.B. Baitello & Coe-Teix.<br />

Urbanodendron verrucosum (Nees) Mez<br />

Williamodendron sp. nov. (D.A.Folli & G.S.Siqueira 7203)<br />

Lecythidaceae Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze<br />

Cariniana legalis (Mart.) Kuntze<br />

Cariniana parvifolia S.A.Mori et al.<br />

Couratari asterophora Rizzini<br />

Couratari asterotricha Prance<br />

Couratari macrosperma A.C.Sm.<br />

Eschweilera ovata (Cambess.) Mart. ex Miers<br />

Lecythis lanceolata Poir.<br />

Lecythis lurida (Miers) S.A.Mori<br />

Lecythis marcgraaviana Miers<br />

Lecythis pisonis Cambess.<br />

Lentibulariaceae Genlisea sp.<br />

Utricularia foliosa L.<br />

Utricularia gibba L.<br />

Linderniaceae Lindernia diffusa (L.) Wettst.<br />

Arv N Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv U Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv U,N Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento C Bio D 1<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,U,V Ento C Bio D<br />

Arv T<br />

Arv T,U Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,U,N,V Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio D 1, 2<br />

Arv T Ento C Abio M<br />

Arv T<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H 2<br />

Arv T Ento S Abio H 1, 2, 3<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento, Quirop S Abio H 1, 2, 3<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T,U,N Ento, Quirop, Ornito S Abio H<br />

Arv T Ento, Quirop, Ornito S Abio H<br />

Arv T Ento, Quirop, Ornito S Abio H<br />

Arv T Ento, Quirop, Ornito S Abio H<br />

Arv T Ento, Quirop, Ornito S Abio H<br />

Herb N<br />

Herb V Ento S Abio H 1<br />

Herb V Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

202


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Lindernia rotundifolia (L.) Alston<br />

Torenia thouarsii (Cham. & Schltdl.) Kuntze<br />

Loganiaceae Spigelia anthelmia L.<br />

Spigelia flemmingiana Cham. & Schltdl.<br />

Strychnos atlantica Krukoff & Barneby<br />

Strychnos fulvotomentosa Gilg<br />

Strychnos hirsuta Spruce<br />

Strychnos romeu-belenii Krukoff & Barneby<br />

Strychnos trinervis (Vell.) Mart.<br />

Loranthaceae Passovia podoptera (Cham. & Schltdl.) Kuijt<br />

Psittacanthus dichroos (Mart.) Mart.<br />

Struthanthus confertus (Mart.) Mart.<br />

Struthanthus marginatus (Desr.) Blume<br />

Struthanthus polyrhizus (Mart.) Mart.<br />

Lythraceae Cuphea carthagenensis (Jacq.) J.Macbr.<br />

Cuphea flava Spreng.<br />

Cuphea strigulosa Kunth<br />

Lafoensia glyptocarpa Koehne<br />

Malpighiaceae Banisteriopsis membranifolia (A.Juss.) B.Gates<br />

Banisteriopsis nummifera (A.Juss.) B.Gates<br />

Banisteriopsis sellowiana (A.Juss.) B.Gates<br />

Bronwenia ferruginea (Cav.) W.R.Anderson & C.C.Davis<br />

Bunchosia acuminata Dobson<br />

Bunchosia macilenta Dobson<br />

Bunchosia maritima (Vell.) J.F.Macbr.<br />

Byrsonima cacaophila W.R.Anderson<br />

Byrsonima crassifolia (L.) Kunth<br />

Byrsonima perseifolia Griseb.<br />

Byrsonima sericea DC.<br />

Byrsonima stipulacea A.Juss.<br />

Dicella macroptera A.Juss.<br />

Diplopterys pubipetala (A.Juss.) W.R.Anderson & C.C.Davis<br />

Heladena bunchosioides A.Juss.<br />

Heteropterys alternifolia W.R.Anderson<br />

Heteropterys bahiensis Nied.<br />

Heteropterys chrysophylla (Lam.) DC.<br />

Heteropterys coleoptera A.Juss.<br />

Herb V Ento S Abio H<br />

Herb T,V Ento S Abio H<br />

Herb T Ento, Quirop, Ornito S Abio H<br />

trep-Li T,V Ento, Quirop, Ornito S Abio H<br />

trep-Li U Ento, Quirop, Ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, Ornito S Abio H<br />

trep-Li T Ento, Quirop, Ornito S Abio H<br />

trep-Li U Ento, Quirop, Ornito S Abio H<br />

Herb T Ornito S Abio H<br />

Herb T,U<br />

Herb T,U,N S Abio H<br />

Herb N Ornito S Abio D<br />

Herb T,N Ornito S Abio D<br />

Herb T Ornito S Abio D<br />

Herb T,U Ornito S Abio H<br />

Arb N Ornito S Abio H<br />

Herb V Ornito S Abio H<br />

Arv T Quirop S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento S Abio H<br />

Arb T,U Ento S Abio H<br />

trep-Li T,U Ento S Bio H 1<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

Arb T,U Ento C Bio H 1<br />

Arb T Ento C Bio H 1, 2<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

Arv T,N Ento C H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T Ento H<br />

trep-Li T Ento Bio H 1<br />

trep-Li U,N Ento C Abio H 1<br />

trep-Li T Ento S Bio H 2<br />

trep-Li T,U Ento C Bio H<br />

trep-Li U,N Ento C Abio H<br />

2 0 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Heteropterys fluminensis (Griseb.) W.R.Anderson<br />

Heteropterys leschenaultiana A.Juss.<br />

Heteropterys megaptera A.Juss.<br />

Heteropterys nitida (Lam.) DC.<br />

Heteropterys nordestina Amorim<br />

Heteropterys oberdanii Amorim<br />

Heteropterys rufula A.Juss.<br />

Heteropterys sp. nov. (D.A.Folli 5464)<br />

Hiraea bullata W.R.Anderson<br />

Hiraea fagifolia (DC.) A.Juss.<br />

Janusia hexandra (Vell.) W.R.Anderson<br />

Mascagnia bierosa (A.Juss.) W.R.Anderson<br />

Mascagnia cordifolia (A.Juss.) Griseb.<br />

Mezia araujoi Nied.<br />

Niedenzuella acutifolia (Cav.) W.R.Anderson<br />

Niedenzuella lucida (A.Juss.) W.R.Anderson<br />

Peixotoa hispidula A.Juss.<br />

Stigmaphyllon acuminatum A.Juss.<br />

Stigmaphyllon blanchetii C.E.Anderson<br />

Stigmaphyllon paralias A.Juss.<br />

Tetrapterys anisoptera A.Juss.<br />

Tetrapterys crispa A.Juss.<br />

Tetrapterys mucronata Cav.<br />

Tetrapterys paludosa A.Juss.<br />

Tetrapterys phlomoides (Spreng.) Nied.<br />

Malvaceae Abutilon sp.<br />

Basiloxylon brasiliensis (All.) K.Schum.<br />

Byttneria gayana A.St.-Hil.<br />

Callianthe inaequalis (Link &Otto) Donnel<br />

Callianthe rufinerva (A. St.Hil.) Donnel<br />

Callianthe schenckii (K. Shum.) Donnel<br />

Ceiba pubiflora (A.St.-Hil.) K.Schum.<br />

Eriotheca candolleana (K.Schum.) A.Robyns<br />

Eriotheca macrophylla (K.Schum.) A.Robyns<br />

Guazuma crinita Mart.<br />

Hibiscus bifurcatus Cav.<br />

Hydrogaster trinervis Kuhlm.<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Bio H 1, 2<br />

trep-Li T Ento C Abio H<br />

trep-Li T,U Ento S Abio H<br />

trep-Li T,U,V Ento S Abio H 1, 2<br />

trep-Li U,N Ento S Abio H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T Ento S Abio H 1, 2<br />

trep-Li T Ento S H<br />

trep-Li T Ento Abio H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T,N Ento S H 1, 2<br />

trep-Li T,U,N Ento Bio H<br />

trep-Li T,U Ento S Abio H<br />

trep-Li U,N Ento C Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T,U,V Ento S Bio H<br />

Arb T,U,N Ento C Abio H<br />

trep-Li T,N Ento S Abio H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li N Ento S Abio H<br />

trep-Li T,N Ento S Bio H<br />

trep-Li T,U Ento C Abio H<br />

Arb T H<br />

Arv T Ento, Ornito S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T<br />

Arb T,U<br />

Arb T<br />

Arv T Quirop S Abio H<br />

Arv T Quirop S Abio H<br />

Arv T,U Quirop S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arb T,U Ento, Ornito S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

204


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Luehea divaricata Mart. & Zucc.<br />

Melochia sp.<br />

Pachira endecaphylla (Vell.) Carv.-Sobr.<br />

Pavonia calyculosa A.St.-Hil. & Naudin<br />

Pavonia crassipedicellata Krapov.<br />

Pavonia multiflora A.St.-Hil.<br />

Peltaea parviflora (Turcz.) Fryxell & Krapov.<br />

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns<br />

Pseudobombax grandiflorum var. majus A. Robyns<br />

Quararibea penduliflora (A.St.-Hil.) K.Schum.<br />

Sida acrantha Link<br />

Sida ciliaris L.<br />

Sida cordifolia L.<br />

Sida linifolia Cav.<br />

Sida planicaulis Cav.<br />

Sida rhombifolia L.<br />

Sida spinosa L.<br />

Sida urens L.<br />

Sidastrum micranthum (A.St.-Hil.) Fryxell<br />

Sterculia apetala (Jacq.) H.Karst.<br />

Sterculia excelsa Mart.<br />

Triumfetta althaeoides Lam.<br />

Triumfetta cucullata Fernald<br />

Triumfetta lappula L.<br />

Triumfetta rhomboidea Jacq.<br />

Triumfetta semitriloba Jacq.<br />

Urena lobata L.<br />

Waltheria cinerescens A.St.-Hil.<br />

Waltheria maritima A.St.-Hil.<br />

Waltheria selloana K.Schum.<br />

Waltheria viscosissima A.St.-Hil.<br />

Wissadula contracta (Link) R.E.Fr.<br />

Wissadula hernandioides (L.Hér.) Garcke<br />

Marantaceae Calathea carioca H. Kenn.<br />

Calathea linharesana H. Kenn.<br />

Ctenanthe compressa (A.Dietr.) Eichler<br />

Ctenanthe glabra (Koern.) Eichler<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Herb V<br />

Arv T Quirop S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T,U Ento S Abio H<br />

Arb T,U,N Ento S Abio H 1<br />

Arb T Ento S Abio H<br />

Arv T, U Quirop S Abio H<br />

Arv T<br />

Arv T Quirop S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb V Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Arb T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Bio H<br />

Herb T,V Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Abio H<br />

Herb N Ento S Abio H<br />

Herb N Ento S Abio H<br />

Herb N Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Arb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Bio H<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H<br />

2 0 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Ctenanthe lubbersiana (E.Morren) Eichler ex Petersen<br />

Ctenanthe setosa (Roscoe) Eichler<br />

Goeppertia brasiliensis (Koern.) Borchs. & S. Suárez<br />

Goeppertia lancifolia (Boom) Borchs. & S.Suárez<br />

Goeppertia sciuroides (Petersen) Borchs. & S.Suárez<br />

Goeppertia singularis (H.Kenn.) Borchs. & S.Suárez<br />

Goeppertia tuberosa (Vell.) Borchs. & S.Suárez<br />

Goeppertia vaginata (Petersen) Borchs. & S.Suárez<br />

Goeppertia widgrenii (Koern.) Borchs. & S.Suárez<br />

Goeppertia wiotii (E.Morren) Borchs. & S.Suárez<br />

Ischnosiphon gracilis (Rudge) Koern.<br />

Ischnosiphon ovatus Koern.<br />

Maranta cristata Nees & Mart.<br />

Maranta divaricata Roscoe<br />

Maranta subterranea J.M.A.Braga<br />

Monotagma plurispicatum (Koern.) K.Schum.<br />

Saranthe composita (Link) K. Schum.<br />

Saranthe klotzschiana (Koern.) Eichler<br />

Stromanthe glabra Yosh.-Arns<br />

Stromanthe porteana Gris<br />

Stromanthe schottiana (Koern.) Eichler<br />

Stromanthe thalia (Vell.) J.M.A.Braga<br />

Marcgraviaceae Marcgravia sp.<br />

Schwartzia adamantium (Cambess.) Bedell ex Gir.-Cañas<br />

Schwartzia brasiliensis (Choisy) Bedell ex Gir.-Cañas<br />

Mayacaceae Mayaca fluviatilis Aubl.<br />

Mayaca kunthii Seub.<br />

Melastomataceae Aciotis paludosa (Mart. ex DC.) Triana<br />

Bertolonia maculata DC.<br />

Clidemia biserrata DC.<br />

Clidemia capitellata (Bonpl.) D.Don<br />

Clidemia hirta (L.) D.Don<br />

Henriettea succosa (Aubl.) DC.<br />

Huberia ovalifolia DC.<br />

Leandra ionopogon (Mart.) Cogn.<br />

Leandra rhamnifolia (Naudin) Cogn.<br />

Leandra rufescens (DC.) Cogn.<br />

Herb T,U Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T,U Ento, Ornito C Bio H 1<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H 1<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H 1<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H 1, 2<br />

Herb T,U Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T,U Ento, Ornito C Bio H 1, 2<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H 1<br />

Herb T,V Ento, Ornito C Bio H 1<br />

Herb T,V Ento, Ornito C Bio H 1, 2<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H 1<br />

Herb T,U,N Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T,N Ento, Ornito C Bio H 1, 2<br />

Herb T,U Ento, Ornito C Bio H 1<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H 1, 2<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio H<br />

Herb T,U Ento, Ornito C Abio H<br />

Herb T S Abio H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li U,N Ornito S Abio H<br />

trep-Li T,U,N Ornito S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb T,V Ento S Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T,V Ento C Bio H<br />

Arv T,V Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arb T,V Ento C Bio H<br />

206


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Marcetia taxifolia (A.St.-Hil.) DC.<br />

Miconia albicans (Sw.) Triana<br />

Miconia amoena Triana<br />

Miconia ciliata (Rich.) DC.<br />

Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin<br />

Miconia fasciculata Gardner<br />

Miconia holosericea (L.) DC.<br />

Miconia hypoleuca (Benth.) Triana<br />

Miconia lepidota DC.<br />

Miconia mirabilis (Aubl.) L.O.Williams<br />

Miconia nervosa (Sm.) Triana<br />

Miconia prasina (Sw.) DC.<br />

Miconia pusilliflora (DC.) Naudin<br />

Miconia rimalis Naudin<br />

Miconia splendens (Sw.) Griseb.<br />

Miconia tristis Spring subsp. tristis<br />

Microlicia serpyllifolia D.Don<br />

Mouriri arborea Gardner<br />

Mouriri chamissoana Cogn.<br />

Mouriri doriana Saldanha ex Cogn.<br />

Mouriri glazioviana Cogn.<br />

Pterolepis cataphracta (Cham.) Triana<br />

Pterolepis glomerata (Rottb.) Miq.<br />

Rhynchanthera dichotoma (Desr.) DC.<br />

Tibouchina fissinervia (Schrank & Mart. ex DC.) Cogn.<br />

Tibouchina heteromalla (D.Don) Cogn.<br />

Tibouchina macrochiton (Mart. ex DC.) Cogn.<br />

Tibouchina trichopoda (DC.) Baill.<br />

Tibouchina urceolaris (Schrank & Mart. ex DC.) Cogn.<br />

Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart. subsp. canjerana<br />

Cedrela fissilis Vell.<br />

Cedrela odorata L.<br />

Guarea blanchetii C.DC.<br />

Guarea macrophylla Vahl<br />

Guarea penningtoniana A.L.Pinheiro<br />

Guarea pubescens (Rich.) A.Juss.<br />

Guarea pubescens subsp. pubiflora (A.Juss.) T.D.Penn.<br />

Arb T,N Ento C Bio H<br />

Arb U,N Ento C Bio H<br />

Arb N Ento C Bio H<br />

Arb N Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N,V Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arb N Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U,V Ento C Bio H<br />

Arb T<br />

Arb N,V Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T,V Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Abio H<br />

Arb T,N Ento S Abio H<br />

Herb T,N Ento S Abio H<br />

Arb T,V Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv U,N Ento S Abio H<br />

Arv N,V Ento S Abio H<br />

Arv V Ento S Abio H<br />

Arv N,V Ento S Abio H<br />

Arv T<br />

Arv T Ento S Abio D 2<br />

Arv T Ento S Bio D 2<br />

Arv T Ento S Bio D<br />

Arv T,V Ento S Bio D<br />

Arv T,U Ento S Bio D<br />

Arb T Ento S Bio D<br />

Arb T<br />

2 0 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Trichilia casaretti C.DC.<br />

Trichilia catigua A.Juss.<br />

Trichilia elegans A.Juss.<br />

Trichilia elegans A.Juss. subsp. elegans<br />

Trichilia elegans subsp. richardiana (A.Juss.) T.D.Penn.<br />

Trichilia lepidota subsp. leucastera (Sandwith) T.D.Penn.<br />

Trichilia lepidota subsp. schumanniana (Harms) Pennington<br />

Trichilia pallens C.DC.<br />

Trichilia pallida Sw.<br />

Trichilia pseudostipularis (A.Juss.) C.DC.<br />

Trichilia quadrijuga Kunth subsp. quadrijuga<br />

Trichilia ramalhoi Rizzini<br />

Trichilia silvatica C.DC.<br />

Trichilia surumuensis C.DC.<br />

Trichilia tetrapetala C.DC.<br />

Trichilia trifolia subsp. pteleifolia (A. Juss.) T.D. Penn.<br />

Menispermaceae Abuta convexa (Vell.) Diels<br />

Abuta selloana Eichler<br />

Borismene japurensis (Mart.) Barneby<br />

Chondrodendron platiphyllum (A.St.-Hil.) Miers<br />

Cissampelos andromorpha DC.<br />

Disciphania sp.<br />

Odontocarya vitis (Vell.) J.M.A.Braga<br />

Orthomene schomburgkii (Miers) Barneby & Krukoff<br />

Menyanthaceae Nymphoides indica (L.) Kuntze<br />

Molluginaceae Mollugo verticillata L.<br />

Monimiaceae Macrotorus utriculatus (Mart.) Perkins<br />

Mollinedia lamprophylla Perkins<br />

Mollinedia marqueteana Peixoto<br />

Mollinedia sphaerantha Perkins<br />

Moraceae Brosimum glaucum Taub.<br />

Brosimum glaziovii Taub.<br />

Brosimum guianense (Aubl.) Huber<br />

Brosimum lactescens (S.Moore) C.C.Berg<br />

Clarisia ilicifolia (Spreng.) Lanj. & Rossberg<br />

Clarisia racemosa Ruiz & Pav.<br />

Dorstenia elata Hook.<br />

Arv T Ento S Bio D<br />

Arv T Ento S Bio D<br />

Arv T,U Ento S Bio D<br />

Arv U<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arv T,U Ento S Bio D<br />

Arv T Ento S Bio D<br />

Arv T,U Ento S Bio D<br />

Arv T Ento S Bio D<br />

Arv T Ento S Bio D<br />

Arv T,U Ento S Bio D<br />

Arv T Ento S Bio D<br />

Arv T Ento S Bio D<br />

Arv T,V<br />

trep-Li T Ento C Bio D<br />

trep-Li T Ento C Bio D<br />

trep-Li T Ento C Bio D<br />

trep-Li T Ento C Bio D<br />

trep-Li T Ento C Bio D<br />

Herb T<br />

Herb T,U,V Ento C D<br />

trep-Li T,V Ento H<br />

Herb V Ento Bio H<br />

Herb N Ento S Bio M<br />

Arv T<br />

Arb T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D 1<br />

Arb T,U,N Ento C Abio D 1<br />

Arv T Ento, Anemo C Bio D<br />

Arv T Ento, Anemo C Bio M<br />

Arv T Ento, Anemo C Bio D<br />

Arv T Ento, Anemo C Bio D<br />

Arv T,U Ento, Anemo C Bio D<br />

Arv T Ento, Anemo C Bio M<br />

Herb T Ento C Bio D<br />

208


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Dorstenia gracilis Carauta, C. Valente & Araujo<br />

Ficus adhatodifolia Schott in Spreng.<br />

Ficus arpazusa Casar.<br />

Ficus castellviana Dugand<br />

Ficus citrifolia Mill.<br />

Ficus clusiifolia Schott<br />

Ficus cyclophylla (Miq.) Miq.<br />

Ficus gomelleira Kunth<br />

Ficus holosericea Schott<br />

Ficus laureola Warb. ex C.C.Berg & Carauta<br />

Ficus mariae C.C.Berg, Emygdio & Carauta<br />

Ficus nymphaeifolia Mill.<br />

Ficus obtusifolia Kunth<br />

Ficus pulchella Schott<br />

Ficus trigona L.f.<br />

Ficus trigonata L.<br />

Helicostylis tomentosa (Poepp. & Endl.) Rusby<br />

Maclura tinctoria (L.) D.Don ex Steud.<br />

Naucleopsis oblongifolia (Kuhlm.) Carauta<br />

Sorocea guilleminiana Gaudich.<br />

Sorocea hilarii Gaudich.<br />

Myristicaceae Virola bicuhyba (Schott ex Spreng.) Warb.<br />

Virola gardneri (A.DC.) Warb.<br />

Myrtaceae Blepharocalyx eggersii (Kiaersk.) Landrum<br />

Calyptranthes brasiliensis Spreng.<br />

Calyptranthes glazioviana Kiaersk.<br />

Calyptranthes grandifolia O.Berg<br />

Calyptranthes lucida Mart. ex DC.<br />

Campomanesia anemonea Landrum<br />

Campomanesia espiritosantensis Landrum<br />

Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk.<br />

Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O.Berg<br />

Campomanesia laurifolia Gardner<br />

Campomanesia lineatifolia Ruiz & Pav.<br />

Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O.Berg<br />

Eugenia adenantha O.Berg<br />

Eugenia aff. badia O.Berg.<br />

Herb T Ento C Bio D 1, 3<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T,U Ento C Bio M<br />

Arv T,U,N Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T,U Ento C Bio M<br />

Arv T,U Ento C Bio M 2<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv U Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T,U Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T,U,V Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T,U Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,U Ento, Anemo C Bio D<br />

Arv T,U Ento, Anemo C Bio D<br />

Arv T,U Ornito C Bio D<br />

Arv T Ento S Bio H 2<br />

Arv T Ento S Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U,V Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H 1, 2<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T C Bio H<br />

2 0 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Eugenia aff. brevistyla D.Legrand<br />

Eugenia aff. handroi (Mattos) Mattos<br />

Eugenia astringens Cambess.<br />

Eugenia bahiensis DC.<br />

Eugenia batingabranca Sobral<br />

Eugenia beaurepairiana (Kiaersk.) D.Legrand<br />

Eugenia bocainensis Mattos<br />

Eugenia brasiliensis Lam.<br />

Eugenia brejoensis Mazine<br />

Eugenia candolleana DC.<br />

Eugenia cataphyllea M.C.Souza & Sobral<br />

Eugenia cf. flamingensis O.Berg<br />

Eugenia cf. oblongata O.Berg<br />

Eugenia copacabanensis Kiaersk.<br />

Eugenia dichroma O.Berg<br />

Eugenia ellipsoidea Kiaersk.<br />

Eugenia excelsa O.Berg<br />

Eugenia fusca O.Berg<br />

Eugenia hispidiflora Sobral & M.C.Souza<br />

Eugenia Involucrata DC.<br />

Eugenia itapemirimensis Cambess.<br />

Eugenia macrantha O.Berg<br />

Eugenia macrosperma DC.<br />

Eugenia maritima DC.<br />

Eugenia melanogyna (D.Legrand) Sobral<br />

Eugenia monosperma Vell.<br />

Eugenia moonioides O.Berg<br />

Eugenia neosilvestris Sobral<br />

Eugenia pisiformis Cambess.<br />

Eugenia platyphylla O.Berg<br />

Eugenia plicatocostata O.Berg<br />

Eugenia prasina O.Berg<br />

Eugenia pruinosa D.Legrand<br />

Eugenia pruniformis Cambess.<br />

Eugenia punicifolia (Kunth) DC.<br />

Eugenia repanda O.Berg<br />

Eugenia rostrata O.Berg<br />

Arv T C Bio H<br />

Arv T C Bio H<br />

Arv T,U,N,V Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T,U Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T,V C Bio H<br />

Arv U,N Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T,U C Bio H<br />

Arv T C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T,U Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv U C Bio H<br />

Arv U,N Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T,U Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv U Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T,U Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H 2<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

Arv T,V Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

210


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Eugenia sp (sp nude “menandroana”)<br />

Eugenia sp. nov. (G.L.Farias 368, D.A.Folli 1092)<br />

Eugenia sulcata Spring ex Mart.<br />

Eugenia supraaxilaris Spreng.<br />

Eugenia unana Sobral<br />

Eugenia pyriflora O.Berg<br />

Marlierea acuminatissima (O.Berg) D.Legrand<br />

Marlierea aff. schottii D.Legrand<br />

Marlierea estrellensis O.Berg<br />

Marlierea excoriata Mart.<br />

Marlierea glabra Cambess.<br />

Marlierea neuwiediana (O.Berg) Nied.<br />

Marlierea obversa D.Legrand<br />

Marlierea polygama (O.Berg) D.Legrand<br />

Marlierea regeliana O.Berg<br />

Marlierea sucrei G.M.Barroso & Peixoto<br />

Marlierea suaveolens Cambess.<br />

Myrceugenia campestris (DC.) D.Legrand & Kausel<br />

Myrcia amazonica DC.<br />

Myrcia bergiana O.Berg<br />

Myrcia bicolor Kiaersk.<br />

Myrcia brasiliensis Kiaersk.<br />

Myrcia cerqueiria (Nied.) E.Lucas & Sobral<br />

Myrcia curtipendula NicLugh.<br />

Myrcia eumecephylla (O.Berg) Nied.<br />

Myrcia ferruginosa Mazine<br />

Myrcia follii G.M.Barroso & Peixoto<br />

Myrcia freyreissiana (O.Berg) Kiaersk.<br />

Myrcia gilsoniana G.M.Barroso & Peixoto<br />

Myrcia guianensis (Aubl.) DC.<br />

Myrcia ilheosensis Kiaersk.<br />

Myrcia isaiana G.M.Barroso & Peixoto<br />

Myrcia lineata (O.Berg) Nied.<br />

Myrcia maximiliana O.Berg<br />

Myrcia multiflora (Lam.) DC.<br />

Myrcia multipunctata Mazine<br />

Myrcia ovata Cambess.<br />

Arv T C Bio H<br />

Arv T,U C Bio H<br />

Arv U,N Ento C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T,V Ento C Bio H<br />

Arv T Ento, Ornito C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

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Arv T,U Ento C Bio H 1, 2, 3<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

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Arv T Ento C Bio H 1, 2<br />

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2 1 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Myrcia palustris DC.<br />

Myrcia panicularis (O.Berg) N.Silveira<br />

Myrcia pubipetala Miq.<br />

Myrcia racemosa (O.Berg) Kiaersk.<br />

Myrcia riodocensis G.M.Barroso & Peixoto<br />

Myrcia rufipes DC.<br />

Myrcia splendens (Sw.) DC.<br />

Myrcia springiana (O.Berg) Kiaersk.<br />

Myrcia tenuifolia (O.Berg) Sobral<br />

Myrcia vittoriana Kiaersk.<br />

Myrciaria ferruginea O.Berg<br />

Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg<br />

Myrciaria strigipes O.Berg<br />

Myrciaria tenella (DC.) O.Berg<br />

Neomitranthes langsdorffii (O.Berg) Mattos<br />

Neomitranthes sctictophylla (G.M.Barroso & Peixoto) M.Souza<br />

Neomitranthes sp. nov. (M.C.Souza 534)<br />

Plinia phitrantha (Kiaersk.) Sobral<br />

Plinia renatiana G.M.Barroso & Peixoto<br />

Plinia rivularis (Cambess.) Rotman<br />

Plinia spiritosantensis (Mattos) Mattos<br />

Plinia sp. (D.A.Folli 595)<br />

Psidium brownianum Mart. ex DC.<br />

Psidium guineense Sw.<br />

Psidium longipetiolatum D.Legrand<br />

Psidium myrtoides O.Berg<br />

Psidium oblongatum O.Berg<br />

Psidium sartorianum (O.Berg) Nied.<br />

Nyctaginaceae Andradea floribunda Allemão<br />

Bougainvillea spectabilis Willd.<br />

Guapira hirsuta (Choisy) Lundell<br />

Guapira laxiflora (Choisy) Lundell<br />

Guapira nitida (Mart. ex J.A.Schmidt) Lundell<br />

Guapira noxia (Netto) Lundell<br />

Guapira opposita (Vell.) Reitz<br />

Guapira pernambucensis (Casar.) Lundell<br />

Guapira venosa (Choisy) Lundell<br />

Arv T,N,V Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N,V Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H 1, 2<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

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Arv U Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H 2<br />

Arv T Ento C Bio H 1, 2<br />

Arv U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H 1, 2<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

Arb T,U Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

trep-Li T Ento S Abio D<br />

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Arv T Ento S Abio D<br />

Arv T,U Ento S Abio D<br />

Arv T,U,N Ento S Abio D<br />

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Arv T Ento S Bio D<br />

212


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Neea floribunda Poepp. & Endl.<br />

Pisonia ambigua Heimerl<br />

Nymphaeaceae Nymphaea caerulea Savigny<br />

Nymphaea rudgeana G.Mey.<br />

Ochnaceae Ouratea cuspidata (A.St.-Hil.) Engl.<br />

Ouratea multiflora (Pohl) Engl.<br />

Sauvagesia erecta L.<br />

Olacaceae Cathedra bahiensis Sleumer<br />

Dulacia sp.<br />

Heisteria ovata Benth.<br />

Ximenia americana L. var. americana<br />

Oleaceae Chionanthus ferrugineus (Gilg) P.S.Green<br />

Chionanthus parviflora Cornejo, Lombardi & W. Thomas<br />

Onagraceae Ludwigia leptocarpa (Nutt.) H.Hara<br />

Ludwigia nervosa (Poir.) H.Hara<br />

Ludwigia octovalvis (Jacq.) P.H.Raven<br />

Orchidaceae Acianthera auriculata (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase<br />

Acianthera glumacea (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase<br />

Acianthera nemorosa (Barb.Rodr.) F.Barros<br />

Acianthera ophiantha (Cogn.) Pridgeon & M.W.Chase<br />

Acianthera pectinata (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase<br />

Acianthera recurva (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase<br />

Acianthera strupifolia (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase<br />

Alatiglossum ciliatum (Lindl.) Baptista<br />

Aspidogyne argentea (Vell.) Garay<br />

Aspidogyne decora (Rchb.f.) Garay & G.Romero<br />

Brasilaelia grandis (Lindl. & Paxton) Gutfreund<br />

Brasiliorchis chrysantha (Barb.Rodr.) R.B.Singer et al.<br />

Brasiliorchis marginata (Lindl.) R.B.Singer et al.<br />

Brassavola tuberculata Hook.<br />

Brassia arachnoidea Barb.Rodr.<br />

Campylocentrum aciculatum (Rchb.f. & Warm.) Cogn.<br />

Campylocentrum micranthum (Lindl.) Rolfe<br />

Campylocentrum sellowii (Rchb.f.) Rolfe<br />

Catasetum discolor (Lindl.) Lindl.<br />

Catasetum luridum Lindl.<br />

Catasetum mattosianum Bicalho<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Herb V Ento C Bio H<br />

Herb V Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio H<br />

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Arv T Ento C Bio H<br />

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Herb T Ento C Abio H<br />

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Herb T Ento S Abio H 1<br />

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Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

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Herb T,U Ento S Abio H 1<br />

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Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H 1, 2<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H 1, 2<br />

Herb N Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T,N Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H 1, 2<br />

2 1 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Cattleya guttata Lindl.<br />

Christensonella ferdinandiana (Barb.Rodr.) Szlach. et al.<br />

Christensonella pumila (Hook.) Szlach. et al.<br />

Christensonella subulata (Lindl.) Szlach. et al.<br />

Cleistes libonii (Rchb.f.) Schltr.<br />

Coryanthes speciosa Hook.<br />

Cyrtopodium flavum Link & Otto ex Rchb.f.<br />

Cyrtopodium gigas (Vell.) Hoehne<br />

Cyrtopodium holstii L.C.Menezes<br />

Dichaea pendula (Aubl.) Cogn.<br />

Dichaea trulla Rchb.f.<br />

Dimerandra emarginata (G.Mey.) Hoehne<br />

Dryadella aviceps (Rchb.f.) Luer<br />

Eltroplectris calcarata (Sw.) Garay & Sweet<br />

Eltroplectris triloba (Lindl.) Pabst<br />

Encyclia oncidioides (Lindl.) Schltr.<br />

Encyclia patens Hook.<br />

Epidendrum anceps Jacq.<br />

Epidendrum campaccii Hágsater & L.Sánchez<br />

Epidendrum carpophorum Barb.Rodr.<br />

Epidendrum compressum Griseb.<br />

Epidendrum coronatum Ruiz & Pav.<br />

Epidendrum cristatum Ruiz & Pav.<br />

Epidendrum densiflorum Hook.<br />

Epidendrum denticulatum Barb.Rodr.<br />

Epidendrum flexuosum G.Mey.<br />

Epidendrum latilabre Lindl.<br />

Epidendrum nocturnum Jacq.<br />

Epidendrum rigidum Jacq.<br />

Epidendrum strobiliferum Rchb.f.<br />

Epistephium lucidum Cogn.<br />

Galeottia ciliata (Morel) Dressler & Christenson<br />

Gongora quinquenervis Ruiz & Pav.<br />

Habenaria fluminensis Hoehne<br />

Habenaria nabucoi Ruschi<br />

Heterotaxis brasiliensis (Brieger & Illg) F.Barros<br />

Koellensteinia altissima Pabst<br />

Herb T,U Ento S Abio H 1, 2<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb N,V Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H 1<br />

Herb U,N<br />

Herb T Ento S Abio H 1<br />

Herb T,U Ento S Abio H 1<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H 1<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T,U,N Ento S Abio H 1<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H 1<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H 1<br />

Herb U Ento S Abio H 1<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb N,V Ento S Abio H<br />

Herb T,N 1<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T,N Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H 1<br />

Herb U Ento S Abio H 1<br />

Herb N,V Ento S Abio H<br />

Herb V Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb U,N Ento S Abio H<br />

214


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Lophiaris pumila (Lindl.) Braem<br />

Macradenia rubescens Barb.Rodr.<br />

Macroclinium sp.<br />

Maxillaria robusta Barb.Rodr.<br />

Miltonia moreliana A.Rich.<br />

Mormolyca rufescens (Lindl.) M.A.Blanco<br />

Myoxanthus exasperatus (Lindl.) Luer<br />

Nemaconia striata (Lindl.) van den Berg et al.<br />

Notylia microchila Cogn.<br />

Notylia pubescens Lindl.<br />

Octomeria sagittata (Rchb.f.) Garay<br />

Oncidium baueri Lindl.<br />

Pabstiella fusca (Lindl.) Chiron & Xim.Bols.<br />

Pabstiella parvifolia (Lindl.) Luer<br />

Paradisanthus micranthus (Barb.Rodr) Schltr.<br />

Polystachya concreta (Jacq.) Garay & Sweet<br />

Polystachya foliosa (Lindl.) Rchb.f.<br />

Polystachya hoehneana Kraenzl.<br />

Prosthechea fragrans (Sw.) W.E.Higgins<br />

Prosthechea pygmaea (Hook.) W.E.Higgins<br />

Rodriguezia obtusifolia (Lindl.) Rchb.f.<br />

Rodriguezia venusta Rchb.f.<br />

Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay<br />

Scaphyglottis emarginata (Garay) Dressler<br />

Scaphyglottis livida (Lindl.) Schltr.<br />

Scaphyglottis modesta (Rchb.f.) Schltr.<br />

Sobralia liliastrum Salzm. ex Lindl.<br />

Sobralia sessilis Lindl.<br />

Sobralia sp. nov. (C.N.Fraga 597)<br />

Sophronitis cernua Lindl.<br />

Specklinia grobyi (Batem. ex Lindl.) F.Barros<br />

Stelis amoena Pridgeon & M.W.Chase<br />

Stelis intermedia Poepp. & Endl.<br />

Stelis susanensis (Hoehne) Pridgeon & M.W.Chase<br />

Trichocentrum fuscum Lindl.<br />

Trigonidium acuminatum Batem. ex Lindl.<br />

Trigonidium latifolium Lindl.<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H 1<br />

Herb U<br />

Herb U Ento S Abio H 1<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H 1, 2<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,V Ento S Abio H 1<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T,U,N,V Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb N Ento S Abio H 1<br />

Herb U,N Ento S Abio H<br />

Herb U<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T,U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H 1<br />

Herb T Ento S Abio H 1<br />

Herb T,U Ento S Abio H 1<br />

2 1 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Triphora amazonica Schltr.<br />

Trizeuxis falcata Lindl.<br />

Uleiorchis ulei (Cogn.) Handro<br />

Vanilla bahiana Hoehne<br />

Vanilla chamissonis Klotzsch<br />

Vanilla sp.nov. (G.S.Siqueira 720)<br />

Warczewiczella wailesiana (Lindl.) Rchb.f. ex E.Morren<br />

Zygostates lunata Lindl.<br />

Orobanchaceae Buchnera amethystina Cham. & Schltdl.<br />

Esterhazya splendida J.C.Mikan<br />

Oxalidaceae Oxalis barrelieri L.<br />

Oxalis neuwiedii Zucc.<br />

Oxalis polymorpha Mart. ex Zucc.<br />

Passifloraceae Mitostemma glaziovii Mast.<br />

Passiflora alata Curtis<br />

Passiflora ceratocarpa F.Silveira<br />

Passiflora edulis Sims<br />

Passiflora foetida var. hirsuta Mast.<br />

Passiflora kermesina Link & Otto<br />

Passiflora miersii Mast.<br />

Passiflora misera Kunth<br />

Passiflora ovalis Vell. ex M.Roem.<br />

Passiflora rhamnifolia Mast.<br />

Passiflora silvestris Vell.<br />

Passiflora speciosa Gardner<br />

Passiflora suberosa L.<br />

Pentaphylacaceae Ternstroemia brasiliensis Cambess.<br />

Peraceae Chaetocarpus myrsinites Baill.<br />

Pera furfuracea Müll. Arg.<br />

Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill.<br />

Pera heteranthera (Schrank) I.M.Johnst.<br />

Pogonophora schomburgkiana Miers ex Benth.<br />

Phyllanthaceae Hyeronima alchorneoides Allemão<br />

Hyeronima oblonga (Tul.) Müll. Arg.<br />

Margaritaria nobilis L.f.<br />

Phyllanthus cladotrichus Müll. Arg.<br />

Phyllanthus niruri L.<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H 1<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb U,N Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T<br />

Herb T 1<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,N,V Ento S Abio H<br />

Arb N<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T,U Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

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trep-Li T Ento C Bio H<br />

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trep-Li T Ento C Bio H<br />

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trep-Li N Ento C Bio H<br />

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trep-Li T Ento C Bio H<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

Arb U,N Ento C Bio D<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv N Ento C Bio M<br />

Arv T,U,N Ento C Abio M<br />

Arv T,U Ento S Bio M<br />

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Arv T,N Ento C D<br />

Arv T Ento, Ornito Bio M<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio M<br />

Herb T Ento, Ornito C Bio M<br />

216


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Phyllanthus tenellus Roxb.<br />

Phytolaccaceae Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms<br />

Microtea maypurensis (Kunth) G.Don<br />

Microtea paniculata Moq.<br />

Phytolacca thyrsiflora Fenzl. ex J.A.Schmidt<br />

Seguieria aculeata Jacq.<br />

Picramniaceae Picramnia ciliata Mart.<br />

Picramnia gardneri Planch.<br />

Picramnia ramiflora Planch.<br />

Piperaceae Peperomia corcovadensis Gardner<br />

Peperomia elongata Kunth<br />

Peperomia macrostachya (Vahl) A.Dietr.<br />

Peperomia magnoliifolia (Jacq.) A.Dietr.<br />

Peperomia obtusifolia (L.) A.Dietr.<br />

Peperomia pellucida (L.) Kunth<br />

Peperomia psilostachya C.DC.<br />

Peperomia psilostachya var. angustifolia C.DC.<br />

Peperomia regelii C.DC.<br />

Peperomia trinervis Ruiz & Pav.<br />

Piper aduncum L.<br />

Piper amalago L.<br />

Piper amalago var. medium (Jacq.) Yunck.<br />

Piper amplum Kunth<br />

Piper anonifolium Kunth<br />

Piper arboreum Aubl.<br />

Piper arboreum Aubl. var. arboreum<br />

Piper arboreum var. falcifolium (Trel.) Yunck.<br />

Piper arboreum var. hirtellum Yunck.<br />

Piper caldense C.DC.<br />

Piper chimonanthifolium Kunth<br />

Piper corcovadensis (Miq.) C.DC.<br />

Piper divaricatum G.Mey.<br />

Piper gaudichaudianum Kunth<br />

Piper glabribracteum Yunck.<br />

Piper hispidum Sw.<br />

Piper ilheusense Yunck.<br />

Piper juliflorum Nees & Mart.<br />

Herb T,U Ento C H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Herb N C Abio H<br />

Herb T,U,N Ento C Bio H<br />

Arb T,U,V S Bio H<br />

trep-Li T,U Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento D<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T,N Ento C Bio H<br />

Herb U Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T,U Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T,U<br />

Herb T Ento C Bio H 1<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T<br />

Arb T,N Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T,U<br />

Arb T<br />

Arb T<br />

Arb T,V Ento C Bio H<br />

Arb V Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb V Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Abio H<br />

Arb V Ento S Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T,U Ento C Bio H 1, 2<br />

2 1 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Piper klotzschianum (Kunth) C.DC.<br />

Piper mollicomum Kunth<br />

Piper ovatum Vahl<br />

Piper subrugosum Yunck.<br />

Piper umbellatum L.<br />

Piper vicosanum Yunck.<br />

Plantaginaceae Achetaria ocymoides (Cham. & Schltdl.) Wettst.<br />

Achetaria platychila (Radlk.) V.C.Souza<br />

Achetaria scutellarioides (Benth.) Wettst.<br />

Bacopa aquatica Aubl.<br />

Bacopa stricta (Schrad.) Wettst. ex Edwall<br />

Callitriche deflexa A.Braun ex Hegelm.<br />

Conobea scoparioides (Cham. & Schltdl.) Benth.<br />

Scoparia dulcis L.<br />

Stemodia durantifolia (L.) Sw.<br />

Stemodia foliosa Benth.<br />

Stemodia maritima L.<br />

Stemodia pratensis (Aubl.) C.P.Cowan<br />

Stemodia vandellioides (Benth.) V.C.Souza<br />

Plumbaginaceae Plumbago scandens L.<br />

Poaceae Andropogon bicornis L.<br />

Andropogon selloanus (Hack.) Hack.<br />

Atractantha shepherdiana Santos-Gonc., Filg. & L.G. Clark<br />

Axonopus fissifolius (Raddi) Kuhlm.<br />

Cenchrus echinatus L.<br />

Cenchrus polystachios (L.) Morrone<br />

Chloris elata Desv.<br />

Chusquea bambusoides (Raddi) Hack.<br />

Chusquea oxylepis (Hack.) Ekman<br />

Colanthelia McClure & L.B.Sm.<br />

Cryptochloa capillata (Trin.) Soderstr.<br />

Cynodon dactylon (L.) Pers.<br />

Dichanthelium sciurotoides (Zuloaga & Morrone) Davidse<br />

Digitaria sejuncta (Hack. ex Pilg.) Henrard<br />

Echinolaena inflexa (Poir.) Chase<br />

Eragrostis articulata (Schrank) Nees<br />

Eragrostis ciliaris (L.) R.Br.<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T,V Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H 1<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H 1<br />

Herb T,N,V Ento S Abio H<br />

Herb U,N Ento S Abio H<br />

Herb N Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,V Ento S Abio H<br />

Herb T,V<br />

Herb V Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb N Anemo S Abio H<br />

Herb T<br />

Herb N Anemo S Abio H<br />

Herb T<br />

Herb T<br />

Herb T<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T<br />

Herb T,U Anemo S Abio H 1<br />

Herb T,U Anemo S Abio H<br />

Herb T,V Anemo S Abio H<br />

Herb T,V Anemo S Abio H<br />

Herb T,V Anemo S Abio H<br />

Herb T,N Anemo S Abio H<br />

Herb N Anemo S Abio H<br />

218


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Eragrostis rufescens Schrad. ex Schult.<br />

Eremitis sp.<br />

Eriochloa punctata (L.) Desv. ex Ham.<br />

Eriochrysis cayennensis P. Beauv.<br />

Eustachys caribaea (Spreng.) Herter<br />

Hymenachne pernambucensis (Spreng.) Zuloaga<br />

Ichnanthus bambusiflorus (Trin.) Döll<br />

Ichnanthus hirtus (Raddi) Chase<br />

Ichnanthus lancifolius Mez<br />

Ichnanthus leiocarpus (Spreng.) Kunth<br />

Ichnanthus nemoralis (Schrad. ex Schult.) Hitchc. & Chase<br />

Ichnanthus pallens (Sw.) Munro ex Benth.<br />

Ichnanthus riedelii (Trin.) Döll<br />

Imperata brasiliensis Trin.<br />

Lasiacis ligulata Hitchc. & Chase<br />

Luziola bahiensis (Steud.) Hitchc.<br />

Merostachys sparsiflora Rupr.<br />

Merostachys ternata Nees<br />

Ocellochloa stolonifera (Poir.) Zuloaga & Morrone<br />

Olyra latifolia L.<br />

Oplismenus hirtellus (L.) P. Beauv.<br />

Parodiolyra micrantha (Kunth) Davidse & Zuloaga<br />

Paspalum arenarium Schrad.<br />

Paspalum conjugatum P.J.Bergius<br />

Paspalum conspersum Schrad.<br />

Paspalum corcovadense Raddi<br />

Paspalum coryphaeum Trin.<br />

Paspalum densum Poir.<br />

Paspalum ligulare Nees<br />

Paspalum maritimum Trin.<br />

Paspalum millegrana Schrad. ex Schult.<br />

Paspalum molle Poir.<br />

Paspalum multicaule Poir.<br />

Paspalum nummularium Chase ex Send. & A.G.Burm.<br />

Paspalum paniculatum L.<br />

Paspalum parviflorum Rhode ex Flüggé<br />

Paspalum pilosum Lam.<br />

Herb T,N Anemo S Abio H<br />

Herb T<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb T<br />

Herb V<br />

Herb T,N Anemo S Abio H 1<br />

Herb T,U Anemo S Abio H<br />

Herb T,U Anemo S Abio H<br />

Herb T,U Anemo S Abio H<br />

Herb T,U,V Anemo S Abio H<br />

Herb T,V Anemo S Abio H<br />

Herb T,U Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T,U Anemo S Abio H<br />

Herb V<br />

Herb T,U,N Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T,V<br />

Herb T,U Anemo S Abio H<br />

Herb T<br />

Herb T,U Anemo S Abio H<br />

Herb U,N Anemo S Abio H<br />

Herb N Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T,N,V Anemo S Abio H<br />

Herb N<br />

Herb T,U,N Anemo S Abio H<br />

Herb T,U,N<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T,V<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb N Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb N Anemo S Abio H<br />

Herb N Anemo S Abio H<br />

2 1 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Paspalum pumilum Nees<br />

Pharus lappulaceus Aubl.<br />

Pharus latifolius L.<br />

Raddia lancifolia R.P.Oliveira & Longhi-Wagner<br />

Raddia megaphylla R.P.Oliveira & Longhi-Wagner<br />

Renvoizea trinii (Kunth) Zuloaga & Morrone<br />

Rugoloa pilosa (Sw.) Zuloaga<br />

Saccharum villosum Steud.<br />

Sacciolepis vilvoides (Trin.) Chase<br />

Schizachyrium sanguineum (Retz.) Alston<br />

Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen<br />

Setaria setosa (Sw.) P.Beauv.<br />

Setaria vulpiseta (Lam.) Roem. & Schult.<br />

Sporobolus jacquemontii Kunth<br />

Steinchisma laxum (Sw.) Zuloaga<br />

Streptochaeta spicata Schrad. ex Nees<br />

Streptogyna americana C.E.Hubb.<br />

Trichanthecium cyanescens (Nees ex Trin.) Zuloaga & Morrone<br />

Trichanthecium schwackeanum (Mez) Zuloaga & Morrone<br />

Polygalaceae Acanthocladus pulcherrimus (Kuhlm.) J.F.B.Pastore &<br />

D.B.O.S.Cardoso<br />

Asemeia monninoides (Kunth) J.F.B.Pastore & J.R.Abbott<br />

Bredemeyera disperma (Vell.) J.F.B.Pastore<br />

Bredemeyera hebeclada (DC.) J.F.B.Pastore<br />

Bredemeyera laurifolia (A.St.-Hil. & Moq.)<br />

Klotzsch ex A.W.Benn.<br />

Caamembeca grandifolia (A.St.-Hil. & Moq.) J.F.B.Pastore<br />

Diclidanthera laurifolia Mart.<br />

Polygala paniculata L.<br />

Securidaca coriacea Bonpl.<br />

Securidaca diversifolia (L.) S.F.Blake<br />

Polygonaceae Coccoloba arborescens (Vell.) R.A.Howard<br />

Coccoloba declinata (Vell.) Mart.<br />

Coccoloba laevis Casar.<br />

Coccoloba parimensis Benth.<br />

Coccoloba peltata Schott<br />

Coccoloba tenuiflora Lindau<br />

Herb T,N Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H 3<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb N Anemo S Abio H<br />

Herb T,N Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb V Anemo S Abio H<br />

Herb N Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb U Anemo S Abio H<br />

Herb N Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H 1<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Herb N Anemo S Abio H<br />

Herb T Anemo S Abio H<br />

Arv T Ento, Anemo S Bio H<br />

Herb U<br />

Arb T,U,N,V Ento C Bio H<br />

Arb T,U,N Ento C Bio H<br />

Arb T,U Ento C Bio H<br />

Herb T<br />

trep-Li T Ento C Abio H<br />

Herb T,U,N Ento S Abio H<br />

Arb T Ento S Abio H<br />

Arb T Ento S Abio H<br />

trep-Li U,N Ento S Abio H<br />

Arb T,U,N Ento S Abio H<br />

Arb N Ento S Abio H<br />

trep-Li U Ento S Abio H<br />

trep-Li T,V Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

220


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Coccoloba warmingii Meisn.<br />

Polygonum acuminatum Kunth<br />

Ruprechtia latifunda Pendry<br />

Pontederiaceae Eichhornia azurea (Sw.) Kunth<br />

Portulacaceae Portulaca mucronata Link<br />

Portulaca oleracea L.<br />

Potamogetonaceae Potamogeton linguatus Hagstr.<br />

Potamogeton montevidensis A.Benn.<br />

Primulaceae Clavija caloneura Mart.<br />

Cybianthus blanchetii (A.DC.) G.Agostini<br />

Cybianthus brasiliensis (Mez) G.Agostini<br />

Cybianthus nitidus Miq.<br />

Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult.<br />

Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze<br />

Myrsine leuconeura Mart.<br />

Myrsine rubra M.F.Freitas & Kin.-Gouv.<br />

Proteaceae Roupala sp.<br />

Putranjivaceae Drypetes sessiliflora Allemão<br />

Quiinaceae Lacunaria crenata subsp. decastyla (Radlk.)<br />

J.V. Schneid. & Zizka<br />

Quiina glazovii Engl.<br />

Ranunculaceae Clematis dioica L.<br />

Rhamnaceae Gouania blanchetiana Miq.<br />

Rhamnidium glabrum Reissek<br />

Ziziphus glaziovii Warm.<br />

Rosaceae Prunus brasiliensis (Cham. & Schltdl.) D.Dietr.<br />

Rubiaceae Alibertia sp.<br />

Alseis involuta K.Schum.<br />

Amaioua guianensis Aubl.<br />

Amaioua intermedia Mart. ex Schult. & Schult.f.<br />

Bathysa stipulata (Vell.) C.Presl<br />

Borreria capitata (Ruiz & Pav.) DC.<br />

Borreria cupularis DC.<br />

Borreria latifolia (Aubl.) K.Schum.<br />

Borreria ocymifolia (Roem. & Schult.) Bacigalupo & E.L.Cabral<br />

Borreria verticillata (L.) G.Mey.<br />

Calycophyllum papillosum J.H.Kirkbr.<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Herb T,V Ento S Abio H<br />

Arv T,U Ento S Abio H<br />

Herb V Ento S Abio D<br />

Herb T,U,N Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb V Anemo S Bio H<br />

Herb V Anemo S Bio H<br />

Arb T Anemo C H<br />

Arb T<br />

Arb T,N,V H<br />

Arb T H<br />

Arv T Bio H<br />

Arv N,V Anemo C Bio H<br />

Arv T,V Anemo C Abio H<br />

Arv T,V Anemo C Abio H<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

trep-Li T,N Ento S Abio D<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio D 2<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,V<br />

Arv T Ento C Bio H 2<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U,N Ento C Bio D<br />

Arb T Ento C Bio D<br />

Herb U,N Ento S Abio H<br />

Herb U Ento S Abio H<br />

Herb T Ento S Abio H<br />

Herb T,N,V Ento S Abio H<br />

Herb T,U,N,V Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Bio H<br />

2 2 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Carapichea ipecacuanha (Brot.) L.Andersson<br />

Chiococca nitida Benth.<br />

Chomelia pubescens Cham. & Schltdl.<br />

Coccocypselum anomalum K.Schum.<br />

Coccocypselum capitatum (Graham) C.B.Costa & Mamede<br />

Coccocypselum cordifolium Nees & Mart.<br />

Cordiera concolor (Cham.) Kuntze<br />

Cordiera mussunungae C. Perss. & Delprete<br />

Coussarea contracta (Walp.) Müll. Arg.<br />

Coussarea leptopus Müll. Arg.<br />

Coutarea hexandra (Jacq.) K.Schum.<br />

Declieuxia tenuiflora (Willd. ex Roem. & Schult.)<br />

Steyerm. & J.H.Kirkbr.<br />

Diodella teres (Walter) Small<br />

Duroia valesca C.H.Perss. & Delprete<br />

Emmeorhiza umbellata (Spreng.) K.Schum.<br />

Faramea atlantica J.G.Jardim & Zappi<br />

Faramea axilliflora DC.<br />

Faramea bahiensis Müll. Arg.<br />

Faramea multiflora A.Rich. ex DC.<br />

Faramea pachyantha Müll. Arg.<br />

Ferdinandusa guainiae Spruce ex K.Schum.<br />

Genipa infundibuliformis Zappi & Semir<br />

Geophila repens (L.) I.M.Johnst.<br />

Guettarda angelica Mart. ex Müll. Arg.<br />

Guettarda viburnoides Cham. & Schltdl.<br />

Hamelia patens Jacq.<br />

Hillia illustris (Vell.) K.Schum.<br />

Ixora brevifolia Benth.<br />

Ixora pubescens Willd. ex Schult. & Schult.f.<br />

Ladenbergia hexandra (Pohl) Klotzsch<br />

Margaritopsis cephalantha (Müll. Arg.) C.M.Taylor<br />

Margaritopsis chaenotricha (DC.) C.M.Taylor<br />

Melanopsidium nigrum Colla<br />

Mitracarpus frigidus (Willd. ex Roem. & Schult.) K.Schum.<br />

Mitracarpus frigidus (Willd. ex Roem. & Schult.)<br />

K.Schum. var. frigidus<br />

Herb T Ento C Bio H 2<br />

Arb T,U,N Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Herb V Ento C Bio H<br />

Herb T,N,V Ento C Bio H<br />

Herb T,U Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Abio H<br />

Arv U,N Ento C Abio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento S Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Herb T,U,N Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arb U,N,V Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H 2<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H 1<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv U Ento C Bio H<br />

Arb T<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

Arv T<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arb T,N Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H 2<br />

Herb N Ento C Bio D<br />

Herb T,V<br />

222


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Mitracarpus salzmannianus DC.<br />

Molopanthera paniculata Turcz. var. paniculata<br />

Oldenlandia salzmannii (DC.) Benth. & Hook.f. ex B.D.Jacks.<br />

Pagamea guianensis Aubl.<br />

Palicourea blanchetiana Schltdl.<br />

Palicourea fulgens (Müll. Arg.) Standl.<br />

Palicourea macrobotrys (Ruiz & Pav.) Schult.<br />

Palicourea marcgravii A.St.-Hil.<br />

Perama hirsuta Aubl.<br />

Posoqueria latifolia (Rudge) Schult.<br />

Psychotria bahiensis DC.<br />

Psychotria carthagenensis Jacq.<br />

Psychotria deflexa DC.<br />

Psychotria exannulata Müll.Arg.<br />

Psychotria gracilenta Müll. Arg.<br />

Psychotria hoffmannseggiana (Willd. ex Schult.) Müll. Arg.<br />

Psychotria iodotricha Müll. Arg.<br />

Psychotria lupulina Benth.<br />

Psychotria mapourioides DC.<br />

Psychotria myriantha Müll. Arg.<br />

Psychotria ruelliifolia (Cham. & Schltdl.) Müll. Arg.<br />

Psychotria stachyoides Benth.<br />

Randia armata (Sw.) DC.<br />

Randia calycina Cham.<br />

Richardia brasiliensis Gomes<br />

Richardia grandiflora (Cham. & Schltdl.) Steud.<br />

Richardia scabra L.<br />

Rudgea coronata (Vell.) Müll.Arg.<br />

Rudgea francavillana Müll. Arg.<br />

Rudgea minor (Cham.) Standl.<br />

Rudgea reticulata Benth.<br />

Rudgea sessilis (Vell.) Müll.Arg.<br />

Sabicea cinerea Aubl.<br />

Simira eliezeriana Peixoto<br />

Simira glaziovii (K.Schum.) Steyerm.<br />

Simira grazielae Peixoto<br />

Simira sampaioana (Standl.) Steyerm.<br />

Herb N<br />

Arv T<br />

Herb V<br />

Arb U,N Ento C Bio H<br />

Arb T,U,N Ento C Bio D<br />

Arb T Ento C Bio H 2<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Herb T,N Ento C Bio H<br />

Arv T,N Ento C Bio H<br />

Arb U,N Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T<br />

Arb T,U Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arv T,N,V Ento C Bio H<br />

Herb T,N Ento C Bio H<br />

Arb T<br />

Arb T,N,V Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Herb U Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arb T,U Ento C Bio H 2<br />

Arb U,N Ento C Bio H<br />

Arb N Ento C Bio H 1<br />

Arv T Ento C Bio H 1<br />

Arb U,N Ento C Bio H<br />

trep-Li T,V Ento C Bio H<br />

Arv U Ento C Bio H 3<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H 1, 2, 3<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

2 2 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Simira walteri Silva Neto & Callado<br />

Tocoyena brasiliensis Mart.<br />

Tocoyena bullata (Vell.) Mart.<br />

Rutaceae Almeidea lilacina A.St.-Hil.<br />

Almeidea rubra A.St.-Hil.<br />

Angostura bracteata (Nees & Mart.) Kallunki<br />

Conchocarpus cyrtanthus Kallunki<br />

Conchocarpus heterophyllus (A. St.-Hil.) Kallunki & Pirani<br />

Conchocarpus longifolius (A. St.-Hil.) Kallunki & Pirani<br />

Conchocarpus macrophyllus J.C.Mikan<br />

Conchocarpus marginatus (Rizzini) Kallunki & Pirani<br />

Dictyoloma vandellianum A.Juss.<br />

Esenbeckia grandiflora Mart.<br />

Esenbeckia grandiflora Mart. subsp. grandiflora<br />

Galipea jasminiflora (A.St.-Hil.) Engl.<br />

Galipea laxiflora Engl.<br />

Hortia brasiliana Vand. ex DC.<br />

Metrodorea nigra A.St.-Hil.<br />

Neoraputia alba (Nees & Mart.) Emmerich ex Kallunki<br />

Neoraputia magnifica (Engl.) Emmerich ex Kallunki<br />

Pilocarpus grandiflorus Engl.<br />

Pilocarpus riedelianus Engl.<br />

Pilocarpus spicatus A.St.-Hil.<br />

Rauia nodosa (Engl.) Kallunki<br />

Ravenia infelix Vell.<br />

Spiranthera atlantica Pirani<br />

Zanthoxylum acuminatum subsp. juniperinum (Poepp.) Reynel<br />

Zanthoxylum rhoifolium Lam.<br />

Zanthoxylum tingoassuiba A.St.-Hil.<br />

Salicaceae Banara brasiliensis (Schott) Benth.<br />

Casearia aculeata Jacq.<br />

Casearia arborea (Rich.) Urb.<br />

Casearia bahiensis Sleumer<br />

Casearia commersoniana Cambess.<br />

Casearia decandra Jacq.<br />

Casearia javitensis Kunth<br />

Casearia oblongifolia Cambess.<br />

Arv T<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arb T,N Ento C Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S H<br />

Arv T Ento H<br />

Arb T Ento H<br />

Arv T Ento H<br />

Arb T,U Ento H<br />

Arb T<br />

Arb T Ento H 1, 2, 3<br />

Arv T,U Ento Abio H<br />

Arv T Ento Abio H<br />

Arv T,U,N<br />

Arb T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S H<br />

Arv T Ento, Ornito Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S H<br />

Arv T,U Ento H<br />

Arv T Ento Abio H<br />

Arv T,U,N Ento S Abio H<br />

Arv T,U Ento S Abio H<br />

Arv T,U Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T,U Ento S Abio D<br />

Arv T Ento S Abio D<br />

Arv T,U Anemo S Bio D<br />

Arv T Anemo C Abio D<br />

Arv T Ento, Anemo S Abio D<br />

Arv T Ento, Anemo S Abio H<br />

Arv T,U,N Ento, Anemo S Bio D<br />

Arv T,U Ento, Anemo C Abio D<br />

Arv T Ento, Anemo S Abio H<br />

Arv T,U Ento, Anemo S Bio D<br />

224


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Casearia pauciflora Cambess.<br />

Casearia pitumba Sleumer<br />

Casearia sylvestris Sw.<br />

Casearia ulmifolia Vahl ex Vent.<br />

Macrothumia kuhlmannii (Sleumer) M.H.Alford<br />

Prockia crucis P.Browne ex L.<br />

Xylosma prockia (Turcz.) Turcz.<br />

Santalaceae Phoradendron coriaceum Mart. ex Eichler<br />

Phoradendron piperoides (Kunth) Trel.<br />

Phoradendron pteroneuron Eichler<br />

Phoradendron quadrangulare (Kunth) Griseb.<br />

Sapindaceae Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex Niederl.<br />

Allophylus leucoclados Radlk.<br />

Allophylus petiolulatus Radlk.<br />

Cupania bracteosa Radlk.<br />

Cupania emarginata Cambess.<br />

Cupania oblongifolia Mart.<br />

Cupania racemosa (Vell.) Radlk.<br />

Cupania rugosa Radlk.<br />

Cupania scrobiculata Rich.<br />

Cupania vernalis Cambess.<br />

Cupania zanthoxyloides Radlk.<br />

Dilodendron bipinnatum Radlk.<br />

Matayba discolor (Spreng.) Radlk.<br />

Matayba guianensis Aubl.<br />

Matayba sylvatica (Casar.) Radlk.<br />

Melicoccus espiritosantensis Acev.-Rodr.<br />

Melicoccus oliviformis subsp. intermedius (Radlk.) Acev.-Rodr.<br />

Paullinia carpopoda Cambess.<br />

Paullinia coriacea Casar.<br />

Paullinia ferruginea Casar.<br />

Paullinia olivacea Radlk.<br />

Paullinia revoluta Radlk.<br />

Paullinia rubiginosa Cambess.<br />

Paullinia ternata Radlk.<br />

Paullinia weinmanniifolia Mart.<br />

Pseudima frutescens (Aubl.) Radlk.<br />

Arv T Ento, Anemo C Abio H<br />

Arv T<br />

Arv T,U Ento, Anemo S H<br />

Arv T Ento, Anemo Abio H<br />

Arv T Ento S Abio D<br />

Arb T S Abio D<br />

Arv T S Abio D<br />

Herb T Ento C Bio D<br />

Herb T Ento C Bio D<br />

Herb U,N Ento C Bio D<br />

Herb T,N Ento C Bio D<br />

Arv T Ento S Abio D<br />

Arv T Ento S Abio D<br />

Arv T Ento S Abio D<br />

Arv T Ento S Bio M<br />

Arv T,U,N Ento S Bio M<br />

Arv T Ento S Bio M<br />

Arv T,U Ento S Bio M<br />

Arv T Ento S Bio M<br />

Arv T Ento S Bio M<br />

Arv T Ento S Bio M<br />

Arv T,U Ento S Bio M<br />

Arv T,U<br />

Arv T,U,N Ento S Bio M<br />

Arv T,N Ento S Bio M<br />

Arv U Ento S Bio M<br />

Arv T Ento S Bio M 1, 2<br />

Arv T Ento S Bio M<br />

trep-Li T,N Ento S Bio M<br />

trep-Li T Ento S Bio M<br />

trep-Li T Ento S Bio M<br />

trep-Li T Ento S Bio M<br />

trep-Li T,U,N Ento S Bio M 2<br />

trep-Li T Ento S Bio M<br />

trep-Li T,U Ento S Bio M<br />

trep-Li T,V Ento S Bio M<br />

Arv T Ento S Bio M<br />

2 2 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Serjania caracasana (Jacq.) Willd.<br />

Serjania clematidifolia Cambess.<br />

Serjania communis Cambess.<br />

Serjania communis Cambess. var. communis<br />

Serjania dentata (Vell.) Radlk.<br />

Serjania glutinosa Radlk.<br />

Serjania laruotteana Cambess.<br />

Serjania piscatoria Radlk.<br />

Serjania salzmanniana Schltdl.<br />

Talisia cupularis Radlk.<br />

Thinouia mucronata Radlk.<br />

Thinouia scandens Triana & Planch.<br />

Toulicia patentinervis Radlk.<br />

Urvillea laevis Radlk.<br />

Urvillea rufescens Cambess.<br />

Urvillea stipularis Ferrucci<br />

Urvillea triphylla (Vell.) Radlk.<br />

Urvillea ulmacea Kunth<br />

Vouarana guianensis Aubl.<br />

Sapotaceae Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex Miq.) Engl.<br />

Chrysophyllum januariense Eichler<br />

Chrysophyllum lucentifolium Cronquist subsp. lucentifolium<br />

Chrysophyllum ovale Rusby<br />

Chrysophyllum splendens Spreng.<br />

Diploon cuspidatum (Hoehne) Cronquist<br />

Ecclinusa ramiflora Mart.<br />

Manilkara elata (Allemão ex Miq.) Monach.<br />

Manilkara salzmannii (A.DC.) H.J.Lam<br />

Manilkara sp. nov. (D.A.Folli 222)<br />

Manilkara subsericea (Mart.) Dubard<br />

Manilkara triflora (Allemão) Monach.<br />

Micropholis crassipedicellata (Mart. & Eichler) Pierre<br />

Micropholis gardneriana (A.DC.) Pierre<br />

Micropholis gnaphaloclados (Mart.) Pierre<br />

Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre<br />

Pouteria bangii (Rusby) T.D.Penn.<br />

Pouteria bapeba T.D.Penn.<br />

trep-Li T,U Ento S Bio M<br />

trep-Li T Ento S Bio M<br />

trep-Li T,U Ento S Bio M<br />

trep-Li T,U Ento S Bio M<br />

trep-Li T,U Ento S Bio M<br />

trep-Li T,U Ento S Bio M<br />

trep-Li T,N Ento S Bio M<br />

trep-Li T Ento S Bio M<br />

trep-Li T,U,N Ento S Bio M<br />

Arv T Ento S Bio M<br />

trep-Li T Ento S Bio M<br />

trep-Li T,U Ento S Bio M<br />

Arv T Ento S Bio M<br />

trep-Li T Ento S Bio M<br />

trep-Li T,U Ento S Bio M<br />

trep-Li T Ento S Bio M<br />

trep-Li T Ento S Bio M<br />

Herb T Ento S Bio M<br />

Arv T Ento S Bio M<br />

Arv T Quirop C Bio M<br />

Arv T,U Quirop C Bio H 2<br />

Arv T,U Quirop C Bio H<br />

Arv T Quirop C Bio H<br />

Arv T Quirop C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Quirop C Bio H<br />

Arv T Quirop C Bio H<br />

Arv T,U<br />

Arv U,N Ento, Quirop C Bio H<br />

Arv U,N Quirop C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T<br />

Arv T,U Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T<br />

226


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Pouteria bilocularis (H.K.A.Winkl.) Baehni<br />

Pouteria bullata (S.Moore) Baehni<br />

Pouteria butyrocarpa (Kuhlm.) T.D.Penn.<br />

Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk.<br />

Pouteria coelomatica Rizzini<br />

Pouteria cuspidata (A.DC.) Baehni<br />

Pouteria durlandii (Standl.) Baehni<br />

Pouteria filipes Eyma<br />

Pouteria gardneri (Mart. & Miq.) Baehni<br />

Pouteria grandiflora (A.DC.) Baehni<br />

Pouteria guianensis Aubl.<br />

Pouteria macahensis T.D.Penn.<br />

Pouteria macrophylla (Lam.) Eyma<br />

Pouteria microstrigosa T.D.Penn.<br />

Pouteria oblanceolata Pires<br />

Pouteria pachycalyx T.D.Penn.<br />

Pouteria psammophila (Mart.) Radlk.<br />

Pouteria reticulata (Engl.) Eyma<br />

Pouteria venosa subsp. amazonica T.D.Penn.<br />

Pradosia lactescens (Vell.) Radlk.<br />

Pradosia verrucosa Ducke<br />

Schoepfiaceae Schoepfia brasiliensis A.DC.<br />

Simaroubaceae Simaba cedron Planch.<br />

Simaba subcymosa A.St.-Hil. & Tul.<br />

Simarouba amara Aubl.<br />

Siparunaceae Siparuna guianensis Aubl.<br />

Siparuna reginae (Tul.) A.DC.<br />

Smilacaceae Smilax brasiliensis Spreng.<br />

Smilax remotinervis Hand.-Mazz.<br />

Smilax spicata Vell.<br />

Solanaceae Aureliana fasciculata (Vell.) Sendtn.<br />

Brunfelsia clandestina Plowman<br />

Capsicum baccatum L.<br />

Cestrum retrofractum Dunal<br />

Markea atlantica Stehmann & Giacomin<br />

Schwenckia americana Rooyen ex L.<br />

Solanum acerifolium Dunal<br />

Arv T<br />

Arv T Ento C Bio D 2<br />

Arv T Ento C Bio M 2<br />

Arv T,U Ento C Bio M<br />

Arv T,U Ento C Bio D 2<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T<br />

Arv T,U Ento C Bio H 2<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T,U,N Ento C Bio D 2<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arv T<br />

Arv T,U Ento C Bio D 2, 3<br />

Arv T,U Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T Ento C Bio M<br />

Arv T,U,N<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C D<br />

Arv T,U Ento Bio D 1<br />

trep-Li T,U,N,V Ento C Bio D<br />

trep-Li T,U Ento C Bio D<br />

trep-Li T,N Ento C Bio D 1, 2<br />

Arv T Ento C Bio D<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Herb T,U H<br />

Herb T,U Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

2 2 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Solanum alternatopinnatum Steud.<br />

Solanum americanum Mill.<br />

Solanum asperum Rich.<br />

Solanum asterophorum Mart.<br />

Solanum campaniforme Roem. & Schult.<br />

Solanum cordifolium Dunal<br />

Solanum depauperatum Dunal<br />

Solanum didymum Dunal<br />

Solanum evonymoides Sendtn.<br />

Solanum insidiosum Mart.<br />

Solanum lacteum Vell.<br />

Solanum mauritianum Scop.<br />

Solanum melissarum Bohs<br />

Solanum palinacanthum Dunal<br />

Solanum paniculatum L.<br />

Solanum polytrichum Moric.<br />

Solanum pseudoquina A.St.-Hil.<br />

Solanum reptans Bunbury<br />

Solanum restingae S.Knapp<br />

Solanum scuticum M.Nee<br />

Solanum sooretamum Carvalho<br />

Solanum swartzianum Roem. & Schult.<br />

Solanum sycocarpum Mart. & Sendtn.<br />

Solanum thomasiifolium Sendtn.<br />

Stemonuraceae Discophora guianensis Miers<br />

Styracaceae Styrax glabratus Schott<br />

Styrax latifolius Pohl<br />

Symplocaceae Symplocos estrellensis Casar.<br />

Symplocos pycnobotrya Mart. ex Miq.<br />

Talinaceae Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn.<br />

Talinum triangulare (Jacq.) Willd.<br />

Thymelaeaceae Daphnopsis racemosa Griseb.<br />

Funifera sp.<br />

Trigoniaceae Trigonia bahiensis E.F.Guim. & Miguel<br />

Trigonia eriosperma (Lam.) Fromm & Santos<br />

Trigonia laevis Aubl.<br />

Trigonia nivea Cambess. var. nivea<br />

trep-Li T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arb T,U,V Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arb U<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arv T,U Ento C Bio H<br />

Herb T H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arv T,U H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arb T,U Ento C Bio H 2<br />

Arv T H<br />

Arv T Ento C Bio H 1<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb U Ento C Bio H<br />

Arb T,N Ento C Bio H<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Bio H<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Herb N<br />

Herb T<br />

Arv T,N Ento C Abio H<br />

Arb T,V<br />

trep-Li T Ento S Abio D<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

trep-Li T<br />

trep-Li T,U,N<br />

228


ROLIM ET AL.<br />

ANGIOSPERMAS<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Trigonia rytidocarpa Casar.<br />

Trigoniodendron spiritusanctense E.F.Guim. & Miguel<br />

Turneraceae Piriqueta viscosa Griseb.<br />

Turnera lucida Urb.<br />

Turnera ulmifolia L.<br />

Typhaceae Typha sp.<br />

Ulmaceae Ampelocera glabra Kuhlm.<br />

Urticaceae Boehmeria cylindrica (L.) Sw.<br />

Cecropia glaziovii Snethl.<br />

Cecropia hololeuca Miq.<br />

Cecropia pachystachya Trécul<br />

Coussapoa curranii S.F.Blake<br />

Coussapoa microcarpa (Schott) Rizzini<br />

Laportea aestuans (L.) Chew<br />

Pourouma guianensis Aubl. subsp. guianensis<br />

Pourouma mollis Trécul subsp. mollis<br />

Pourouma velutina Mart. ex Miq.<br />

Urera nitida (Vell.) P.Brack<br />

Verbenaceae Citharexylum laetum Hiern<br />

Lantana camara L.<br />

Lantana fucata Lindl.<br />

Lantana horrida Kunth<br />

Lantana undulata Schrank<br />

Lippia brasiliensis (Link) T.R.S.Silva<br />

Lippia origanoides Kunth<br />

Priva bahiensis A.DC.<br />

Stachytarpheta canescens Kunth<br />

Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl<br />

Violaceae Amphirrhox longifolia (A.St.-Hil.) Spreng.<br />

Anchietea selloviana Cham. & Schltdl.<br />

Noisettia orchidiflora (Rudge) Ging.<br />

Paypayrola blanchetiana Tul.<br />

Pombalia calceolaria (L.) Paula-Souza<br />

Rinorea bahiensis (Moric.) Kuntze<br />

Rinorea maximiliani (Eichler) Kuntze<br />

Schweiggeria fruticosa Spreng.<br />

Vitaceae Cissus blanchetiana Planch.<br />

trep-Li T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Bio H 1, 2<br />

Herb T Ento, Anemo C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T,V<br />

Arv T Ento S Bio H<br />

Herb V Ento C Abio H<br />

Arv T,U Ento, Anemo C Bio D<br />

Arv T Ento S Bio H<br />

Arv T Ento, Anemo C Bio D<br />

Arv T Anemo C Bio D<br />

Arv T,U,V Ento, Anemo C Bio D<br />

Arb V Ento, Anemo C M<br />

Arv T<br />

Arv T<br />

Arv T Ento Bio M<br />

Arb T,U Anemo C Bio D<br />

Arv T Ento C Bio H<br />

Arb T,U Ento C Bio H<br />

Arb T,U,N Ento C Bio H<br />

Arb U Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb T Ento C Bio H<br />

Arb N Ento C Bio H<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Arb N Ento C Bio H<br />

Herb T,U Ento C Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

trep-Li T,N Ento S Abio H<br />

Arb T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Herb T,U<br />

Arv T,U Ento S Abio H<br />

Arv T<br />

Arv T Ento S Bio H<br />

trep-Li T Ento C Bio H 1<br />

2 2 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

230<br />

Família Espécie Hábito Fisionomia Polinização Fruto Dispersão Sist. Sexual Status<br />

Herb U,N Ento C Bio H<br />

Herb U Ento C Bio H 1<br />

Herb T Ento C Bio H 1<br />

Herb T Ento C Bio H<br />

Herb T,U Ento C Bio H<br />

Herb T,U,N Ento C Bio H 1<br />

Herb T,U,N H<br />

Arv T Ento C Abio H 1, 2, 3<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H 1, 2<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H 1, 2<br />

Arv T S Abio H<br />

Arv T Ento S Abio H<br />

Herb N Ento S Abio H<br />

Herb U,N Ento S Abio H<br />

Herb N,V Ento S Abio H<br />

Herb N Ento S Abio H<br />

Cissus erosa Rich.<br />

Cissus nobilis Kuhlm.<br />

Cissus paucinervia Lombardi<br />

Cissus paulliniifolia Vell.<br />

Cissus pulcherrima Vell.<br />

Cissus stipulata Vell.<br />

Cissus verticillata (L.) Nicolson & C.E.Jarvis subsp. verticillata<br />

Vochysiaceae Erisma arietinum M.L.Kawas.<br />

Qualea cryptantha (Spreng.) Warm.<br />

Qualea magna Kuhlm.<br />

Qualea megalocarpa Stafleu<br />

Qualea multiflora subsp. pubescens (Mart.) Stafleu<br />

Vochysia angelica M.C.Vianna & Fontella<br />

Vochysia gummifera Mart. ex Warm.<br />

Vochysia laurifolia Warm.<br />

Xyridaceae Xyris bialata Malme<br />

Xyris ciliata Thunb.<br />

Xyris jupicai Rich.<br />

Xyris savanensis Miq.<br />

Para detalhes das características funcionais ver Tobón et al. (2016).


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

12<br />

Olga<br />

BRIÓFITAS DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong><br />

<strong>VALE</strong>, LINHARES/ES, BRASIL<br />

Yano<br />

INTRODUÇÃO<br />

Para o Estado do Espírito Santo, o primeiro<br />

trabalho que referiu os musgos Neckeropsis<br />

disticha (Hedw.) Broth. e Squamidium turgidulum<br />

(Müll. Hal.) Broth. (= S. macrocarpum (Spruce<br />

ex Mitt.) Broth. foi Luetzelburg (1923), para o<br />

rio Mutum. Em seguida, Brotherus (1924) listou<br />

seis musgos para Mimoso do Sul coletados por<br />

E. Ule, que são: Pirea (Pireella) pohlii (Schwägr.)<br />

Cardot, Meteoriopsis recurvifolia (Hornsch.) Broth.<br />

(= Zelometeorium patulum (Hedw.) Manuel),<br />

Pilosium chlorophyllum (Hornsch.) Müll. Hal.,<br />

Hookeriopsis incurva (Hook. & Grev.) Broth. (=<br />

Thamniopsis incurva (Hornsch. in Nees) W.R.<br />

Buck), Lepidopilidium brevisetum (Hampe) Broth.<br />

e Trichosteleum papillosum (Hornsch.) A. Jaeger.<br />

Herzog (1925) listou Syrrhopodom rivularis Herzog<br />

(= Calymperes othmeri Herzog) para Cachoeira do<br />

Rio Doce, coleta de Luetzelburg. Estes trabalhos não<br />

fazem referência à Reserva Natural Vale. Trabalhos<br />

mais recentes, tratando de espécies coletadas no<br />

Espírito Santo incluem Schäfer-Verwimp (1991),<br />

Behar et al. (1992), Gradstein (1994), Gradstein<br />

& Costa (2003), Visnadi & Vital (1995) e Yano &<br />

Mello (2002). Com isto, o Estado do Espírito Santo<br />

conta com o registro de 531 táxons de briófitas<br />

distribuídos em 81 famílias e 219 gêneros, sendo<br />

três táxons de antóceros (Anthocerotophyta),<br />

286 de musgos (Bryophyta) e 242 de hepáticas<br />

(Marchantiophyta).<br />

Para a Reserva Natural Vale, destacam-se os<br />

trabalhos de Costa & Silva (2003), Yano (2005)<br />

e Yano & Peralta (2008); este último lista apenas<br />

dois táxons.<br />

O objetivo do presente trabalho é listar as<br />

briófitas da Reserva Natural Vale e verificar a<br />

diversidade e a sua distribuição geográfica no<br />

Estado.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

As coletas na Reserva Natural Vale foram<br />

realizadas nas estradas Bomba d’Água, Flamengo,<br />

Gávea, Macanaíba, Mantegueira e nas matas ao<br />

redor das casas (administração e alojamentos).<br />

O material coletado na Reserva se encontra nos<br />

seguintes herbários: Instituto de Pesquisas Jardim<br />

Botânico do Rio de Janeiro (RB), coletado por D.P.<br />

da Costa em 1996, no Herbário Científico do Estado<br />

“Maria Eneyda P. Kauffmann Fidalgo” (SP), do Instituto<br />

de Botânica, duas coleções de O. Yano & P.G. Windisch<br />

em 1992 e O. Yano & Z.R. de Mello em 2000 e no<br />

Herbário da Universidade Santa Cecília (HUSC) em<br />

Santos, coleção de Z.R. de Mello em 2000.<br />

O sistema de classificação está de acordo<br />

com Crandall-Stotler & Stotler (2000) para as<br />

Marchantiophyta e Buck & Goffinet (2000) para<br />

as Bryophyta.<br />

A distribuição geográfica no estado do Espírito<br />

Santo e da Reserva foi baseada, especialmente,<br />

nos trabalhos de Yano (1981; 1984; 1989; 1995;<br />

2006; 2010; 2011; 2012; 2013; 2014). As<br />

espécies estão listadas em ordem alfabética dentro<br />

2 3 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

das famílias e divisão às quais pertencem. Os<br />

asteriscos (*) indicam ocorrência apenas no Brasil.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Na Reserva Natural Vale foram encontrados<br />

156 táxons de briófitas distribuídos em 32<br />

famílias e 68 gêneros, sendo 67 táxons de musgos<br />

(Bryophyta) e 89 de hepáticas (Marchantiophyta),<br />

correspondendo a cerca de 29,6% do total de<br />

briófitas do Estado.<br />

BRYOPHYTA<br />

Brachytheciaceae<br />

Squamidium brasiliense (Hornsch.) Broth. in<br />

Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. 1(3): 809.<br />

1906. Distribuição no Brasil: BA, CE, ES, MG, PE,<br />

PR, RJ, RS, SC, SE e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Domingos Martins, Parque Estadual Pedra Azul;<br />

Linhares, Reserva Natural Vale; Serra, Estação<br />

Biológica de Mestre Álvaro; Vargem Alta.<br />

Squamidium leucotrichum (Taylor) Broth. in<br />

Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. 1(3): 809.<br />

1906. Distribuição no Brasil: AC, AL, AM, BA, CE,<br />

ES, MG, PA, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Ocorre no<br />

Espírito Santo: Domingos Martins, Parque Estadual<br />

Pedra Azul; Linhares,Reserva Natural Vale.<br />

Zelometeorium ambiguum (Hornsch.) Manuel,<br />

J. Hattori Bot. Lab. 43: 113. 1977. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AM, ES, MG, PR, RJ, RS, SC e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Domingos Martins, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Zelometeorrium patens (Hook.) Manuel, J.<br />

Hattori Bot. Lab. 43: 116. 1977. Distribuição no<br />

Brasil: ES, MG, PE, RJ e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Zelometeorium patulum (Hedw.) Manuel, J.<br />

Hattori Bot. Lab. 43: 118. 1977. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, MS,<br />

MT, PA, P E, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP. Ocorre no<br />

Espírito Santo: Domingos Martins, Parque Estadual<br />

Pedra Azul, Vale das Orquídeas; Santa Tereza,<br />

Estação Biológica da Caixa D’Água; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Mimoso; Serra, Estação<br />

Biológica de Mestre Álvaro.<br />

Bruchiaceae<br />

Trematodon longicollis Michx. var. longicollis,<br />

Flora Bor. Amer. 2: 289. 1803. Distribuição no<br />

Brasil: AM, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RO, RS, SC<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins,<br />

Reserva Florestal Pedra Azul, Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Santa Tereza, Rio Timbuí; Vale Verde<br />

do Itapemirim; Ubú.<br />

Bryaceae<br />

Bryum paradoxum Schwägr., Spec. Musc. Frond.<br />

Suppl. 3(1): 224a. 1827. Distribuição no Brasil: BA,<br />

CE, DF, ES, GO, MT, PA, PI, PR, RJ, RR, RS, SC e<br />

SP. Ocorre no Espírito Santo: Guarapari; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Ubú.<br />

Bryum roseolum Müll. Hal., Linnaea 42: 287.<br />

1879. Distribuição no Brasil: BA, ES, MG, PA, PE,<br />

PR, RJ, RS e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale.<br />

Rhodobryum beyrichianum (Hornsch.) Müll. Hal.<br />

in Hampe, Vidensk. Meddel. Dansk Naturhist. Foren.<br />

Kjøbenhavn. ser. 3, 6: 146. 1875. Distribuição no<br />

Brasil: AL, BA, DF, ES, MG, MT, PE, PR, RJ, RO, RR,<br />

RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos<br />

Martins, Morro do Cruzeiro; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Calymperaceae<br />

Calymperes erosum Müll. Hal., Linnaea 21: 182.<br />

1848. Distribuição no Brasil: AC, AM, AP, BA, CE,<br />

ES, GO, MG, MT, PA, PB, PE, RJ, RO, RR, SP e TO.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural<br />

Vale.<br />

Calymperes levyanum Besch., Ann. Sci. Nat. Bot.<br />

sér. 8, 1: 290. 1896. Distribuição no Brasil: AM,<br />

DF, ES, MT e PA. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale.<br />

Calymperes lonchophyllum Schwägr., Spec.<br />

Musc. Frond. Suppl. 1: 333. 1816. Distribuição<br />

no Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, ES, MT, PA, PE, PR,<br />

RJ, RO, RR e SP. Ocorre no Espírito Santo: Jaguaré;<br />

Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Calymperes othmeri Herzog, Archivos Bot.<br />

Est. São Paulo 1(2): 60. 1925. Distribuição no<br />

Brasil: AM, ES, PA, RO e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Cachoeira do Rio Doce, Salto Lure; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale.<br />

Calymperes palisotii Schwägr., Spec. Musc.<br />

Frond. Suppl. 1(2): 334. 1816. Distribuição no<br />

Brasil: AL, AM, AP, BA, CE, ES, FN, GO, MA, MT,<br />

232


YANO<br />

BRIÓFITAS<br />

A<br />

B<br />

C<br />

D<br />

E<br />

F<br />

G<br />

H<br />

Figura 1: A) Campylopus trachyblepharon; B) Holomitrium arboreum; C) Leucobryum martianum; D) Neckeropsis<br />

undulata; E) Octoblepharum albidum; F) Octoblepharum pulvinatum; G) Scholotheimia rugifolia, H) Racopilum<br />

tormentosum.<br />

2 3 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

PA, PB, PE, PI, RJ, RN, RO, RR, SE, SP e TO. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Aracruz; Colatina; Guarapari,<br />

Parque Estadual de Setiba, Nova Guarapari; Santa<br />

Cruz, Bairro Coqueiral; Serra, Estação Biológica de<br />

Mestre Álvaro; Vila Velha, Morro da Penha; Vitória,<br />

restinga Camburi; Piúma.<br />

*Syrrhopodon brasiliensis Reese, Bryologist<br />

86(4): 354. 1983. Distribuição no Brasil: ES, MG<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Syrrhopodon ligulatus Mont., Syll. Gen. Spec.<br />

Crypt.: 47. 1856. Distribuição no Brasil: AL, AM,<br />

AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, RJ, RO,<br />

RR e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Syrrhopodon parasiticus (Brid.) Besch. var.<br />

parasiticus, Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 8, 1: 298. 1895.<br />

Distribuição no Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO,<br />

MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e TO.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins, Venda<br />

Nova; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Syrrhopodon prolifer Schwägr. var. prolifer, Spec.<br />

Musc. Frond. Suppl. 2(2): 99. 1827. Distribuição<br />

no Brasil: AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT,<br />

PA, PE, PI, PR, RJ, RO, RS, SC, SE, SP e TO. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Domingos Martins, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Santa Tereza, Rio Timbuí; Serra, Estação Biológica<br />

de Mestre Álvaro.<br />

Syrrhopodon prolifer Schwägr. var. tenuifolius<br />

(Sull.) Reese, Bryologist 81(2): 199. 1978.<br />

Distribuição no Brasil: BA, ES, MG, PE, RJ, RS, SC<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins,<br />

Parque Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Serra, Estação Biológica de Mestre<br />

Álvaro.<br />

Syrrhopodon rigidus Hook. & Grev., Edinburgh J.<br />

Sci. 3: 226. 1825. Distribuição no Brasil: AL, AM,<br />

AP, ES, GO, MS, MT, PA, RJ, RO, RR e SP. Ocorre no<br />

Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Dicranaceae<br />

Campylopus occultus Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12:<br />

86. 1869. Distribuição no Brasil: BA, DF, ES, GO,<br />

MA, MG, MS, PA, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Ocorre no<br />

Espírito Santo: Domingos Martins, Parque Estadual<br />

Pedra Azul, Venda Nova; Linhares, Reserva Natural<br />

Vale.<br />

Campylopus pilifer Brid., Mant. Musc.: 72.<br />

1819. Distribuição no Brasil: AL, AM, BA, CE, DF,<br />

ES, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RR, RS e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Castelo, Serra do Forno Grande;<br />

Domingos Martins, Parque Estadual Pedra Azul;<br />

Guarapari, Parque Estadual de Setiba; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Santa Tereza.<br />

Campylopus trachyblepharon (Müll. Hal.) Mitt.,<br />

J. Linn. Soc. Bot. 12: 80. 1869. Distribuição no<br />

Brasil: AM, BA, ES, GO, MG, MT, PE, PR, RJ, RS, SC,<br />

SE, SP e TO. Ocorre no Espírito Santo: Guarapari,<br />

Setiba; Aracruz, Barrra do Riacho; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Piúma; Serra; Santa Tereza, Nova<br />

Lombardia; Ponta da Fruta.<br />

Holomitrium arboreum Mitt., J. Linn. Soc. Bot.<br />

12: 5. 1869. Distribuição no Brasil: AM, BA, ES, GO,<br />

MG, PA, PE, RJ, RO, RR, RS e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Domingos Martins, Parque Estadual Pedra<br />

Azul; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Leucoloma serrulatum Brid., Bryol. Univ. 2: 752.<br />

1827. Distribuição no Brasil: AL, BA, DF, ES, MG,<br />

PE, RJ e SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos<br />

Martins, Parque Estadual Pedra Azul; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Serra, Estação Biológica<br />

Mestre Álvaro; Santa Tereza, Vale das Bençãos.<br />

Fissidentaceae<br />

Fissidens elegans Brid., Musc. Recent. Suppl.<br />

1: 167. 1806. Distribuição no Brasil: AC, AL, AM,<br />

BA, DF, ES, GO, RN, MA, MG, MS, MT, PA, PB,<br />

PE, PI, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e TO. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Ilha da Trindade; Domingos<br />

Martins, Reserva Florestal Pedra Azul; Itapemirim,<br />

Ilha dos Franceses; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Fissidens guianensis Mont. var. guianensis, Ann.<br />

Sci. Nat. Bot. sér. 2, 14: 340. 1840. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG,<br />

MS, MT, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP<br />

e TO. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Ilha do Francês.<br />

Fissidens prionodes Mont. var. prionodes, Ann.<br />

Sci. Nat. Bot. sér. 2, 3: 200. 1835. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AL, AM, CE, GO, MT, PA, RO e RR. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Fissidens radicans Mont., Ann. Sci. Nat. Bot. sér.<br />

2, 14: 345. 1840. Distribuição no Brasil: AL, BA,<br />

CE, ES, MA, MS, PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RS, SE e SP.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural<br />

234


YANO<br />

BRIÓFITAS<br />

Vale; Santa Tereza, Vale das Bençãos.<br />

Fissidens scariosus Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12:<br />

599. 1869. Distribuição no Brasil: AM, BA, ES, MA,<br />

MG, PA, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP. Ocorre no<br />

Espírito Santo: Domingos Martins, Parque Estadual<br />

Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Fissidens weirii Mitt. var. weirii, J. Linn. Soc. Bot.<br />

12: 602. 1869. Distribuição no Brasil: ES, MG,<br />

MT, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Fissidens zollingeri Mont., Ann. Sci. Nat. Bot.<br />

sér. 3, 4: 114. 1845. Distribuição no Brasil: AC,<br />

AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, FN, GO, MA, MG, MS,<br />

MT, PA, PB, PE, P I, P R, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e<br />

TO. Ocorre no Espírito Santo: Anchieta, Praia do<br />

Paraty; Domingos Martins, Parque Estadual Pedra<br />

Azul; Linhares, Reserva Natural Vale; Guarapari;<br />

Itapemirim, Morro Marataízes; Jaguaré; Linhares,<br />

Fazenda Santa Terezinha, Nova Almeida; Piúma;<br />

Ponta da Fruta; Santa Cruz, Bairro Coqueiral;<br />

Serra, Gruta Selvagem; Vitória, Restinga de<br />

Camburi.<br />

Hypnaceae<br />

Chryso-hypnum elegantulum (Hook.) Hampe,<br />

Vidensk. Meddel. Dansk Naturhist. Foren.<br />

Kjøbenhavn, ser. 3, 2: 286. 1870. Distribuição<br />

no Brasil: AM, BA, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PE,<br />

PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Domingos Martins, Vale das Orquídeas; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale, estr. para Colatina.<br />

Isopterygium tenerifolium Mitt., J. Linn. Soc.<br />

Bot. 12: 499. 1869. Distribuição no Brasil: AL,<br />

AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA,<br />

PB, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e TO. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Aracruz, Ibiraçu; Domingos<br />

Martins, Parque Estadual Pedra Azul; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale, perto da Lagoa Juparaná.<br />

Isopterygium tenerum (Sw.) Mitt., J. Linn. Soc.<br />

Bot. 12: 499. 1869. Distribuição no Brasil: AC, AL,<br />

AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA,<br />

PB, PE, PI, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e TO. Ocorre no<br />

Espírito Santo: Aracruz, Barra do Riacho; Anchieta,<br />

rod. do Sol; Domingos Martins, Parque Estadual<br />

Pedra Azul; Ponta da Fruta, Morro da Lagoa; Ilha<br />

do Francês; Guarapari, Parque Estadual de Setiba,<br />

Meaipe; Linhares, Reserva Natural Vale; Serra,<br />

Jacaraípe; Vargem Alta, Rio Novo; Venda Nova.<br />

Leucobryaceae<br />

Leucobryum giganteum Müll. Hal., Syn. Musc.<br />

Frond. 1: 79. 1848. Distribuição no Brasil: AL, AM,<br />

BA, CE, ES, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Santa Tereza, Country Club.<br />

Leucobryum martianum (Hornsch.) Hampe,<br />

Linnaea 17: 317. 1843. Distribuição no Brasil: AC,<br />

AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, MA, MG, MS, MT, PA, PE,<br />

PR, RJ, RO, RR, SC, SE, SP e TO. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Linhares, Reserva Natural Vale; Vargem Alta,<br />

Rio Novo, Santa Tereza, Estação Biológica de Caixa<br />

D’Água.<br />

Leucobryum sordidum Ångstr., Öfvers K.<br />

Vetensk.-Akad. Förh. 33(4): 7. 1876. Distribuição<br />

no Brasil: BA, CE, ES, MG, MT, PR, RJ, RS, SC e SP.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Ochrobryum gardneri (Müll. Hal.) Mitt., J. Linn.<br />

Soc. Bot. 12: 108. 1869. Distribuição no Brasil:<br />

AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE,<br />

PR, RJ, RO, RR, SP e TO. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Meteoriaceae<br />

Floribundaria flaccida (Mitt.) Broth. in Engler<br />

& Prantl, Natürl. Pflanzenfam. 1(3): 822. 1906.<br />

Distribuição no Brasil: BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT,<br />

PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Floribundaria floribunda (Dozy & Molk.) M.<br />

Fleisch., Hedwigia 44: 302. 1905. Distribuição no<br />

Brasil: ES e RS. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale.<br />

Meteorium deppei (Hornsch. ex Müll. Hal.)<br />

Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 441. 1869. Distribuição<br />

no Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, PE, PR,<br />

RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Santa Tereza, Rio Timbuí.<br />

Neckeraceae<br />

Neckeropsis disticha (Hedw.) Kindb., Canad.<br />

Rec. Sci. 6: 21. 1894. Distribuição no Brasil: AC, AL,<br />

AM, AP, BA, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RR, RS,<br />

SC e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Rio Mutum; Serra, Estação Biológica<br />

de Mestre Álvaro.<br />

Neckeropsis undulata (Hedw.) Reichardt, Reise<br />

2 3 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Öst. Freg. Novara Bot. 1: 181. 1870. Distribuição<br />

no Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO,<br />

MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins,<br />

Reserva Florestal Pedra Azul; Guarapari, Parque<br />

Estadual de Setiba; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Serra, Estação Biológica de Mestre Álvaro; Vargem<br />

Alta, Hotel Chaminé.<br />

Octoblepharaceae<br />

Octoblepharum albidum Hedw. var. albidum, Spec.<br />

Musc. Frond.: 50. 1801. Distribuição no Brasil: AC,<br />

AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, RN, GO, MA, MG, MS, MT,<br />

PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RO, RR, RS, SC, SE, SP e TO.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Vila Velha, Morro da Penha;<br />

Ponta da Fruta, Morro da Lagoa; Anchieta, Praia de<br />

Guanabara; Aracruz, Barra do Riacho; Cachoeiro do<br />

Itapemirim; Domingos Martins, Parque Estadual Pedra<br />

Azul; Guarapari, Parque Estadual de Setiba, Meaípe;<br />

Linhares, Lagoa Juparaná, Reserva Natural Vale;<br />

Piúma; Ponta da Fruta; Santa Tereza; Serra, Estação<br />

Biológica de Mestre Álvaro; Viana, Rio Jacu.<br />

Octoblepharum pulvinatum (Dozy & Molk.)<br />

Mitt., J. Linn. Soc. Bot. 12: 109. 1869. Distribuição<br />

no Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MA, MG,<br />

MS, MT, PA, PE, RJ, RO, RR, SC, SP e TO. Ocorre no<br />

Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Orthotrichaceae<br />

Groutiella apiculata (Hook.) H.A. Crum & Steere,<br />

Bryologist 53(2): 146. 1950. Distribuição no<br />

Brasil: AL, BA, CE, ES, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR,<br />

RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo: Aracruz,<br />

Barra do Riacho; Guarapari, Parque Estadual de<br />

Setiba; Linhares, Reserva Natural Vale; Santa Tereza,<br />

Estação Biológica do Museu Nacional.<br />

Groutiella tumidula (Mitt.) Vitt, Bryologist<br />

82(1): 9. 1979. Distribuição no Brasil: AC, AL, AM,<br />

BA, CE, ES, MT, PA, PB, PR, RJ, RO, RS, SE e SP.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Vila Velha, Morro da Penha; Serra, Estação Biológica<br />

de Mestre Álvaro.<br />

Macromitrium punctatum (Hook. & Grev.) Brid.,<br />

Bryol. Univ. 1: 739. 1826. Distribuição no Brasil:<br />

AL, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Santa Tereza; Vila<br />

Velha, Morro da Penha; Domingos Martins, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Santa Cruz, Bairro Coqueiral.<br />

Schlotheimia jamesonii (Arn.) Brid., Bryol. Univ.<br />

1: 742. 1826. Distribuição no Brasil: BA, CE, DF,<br />

ES, GO, MA, MG, MS, PE, P R, RJ, RS, SC e SP.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural<br />

Vale; Santa Tereza, Rio Timbuí.<br />

Schlotheimia rugifolia (Hook.) Schwägr., Spec.<br />

Musc. Frond. Suppl. 2(1): 150. 1824. Distribuição<br />

no Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG,<br />

MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RS, SC, SP e TO. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Santa Tereza, Estação Biológica<br />

do Museu Nacional, Reserva Biológica de Nova<br />

Lombardia; Guarapari, Parque Estadual de Setiba;<br />

Aracruz, Barra do Riacho; Serra, Estação Biológica<br />

de Mestre Álvaro; Domingos Martins, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Guarapari; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Santa Tereza; Vargem Alta.<br />

Pottiaceae<br />

Tortella humilis (Hedw.) Jenn., Mann. Moss. W.<br />

Pennsylv. 96: 13. 1913. Distribuição no Brasil:<br />

BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, PE, PR, RJ, RS, SC<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Santa Tereza, Vale<br />

do Canaã; Conceição do Castelo, Venda Nova;<br />

Domingos Martins, Vale das Orquídeas, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Vila Velha, Morro da Penha; Vitória, Restinga de<br />

Camburi.<br />

Pterobryaceae<br />

Henicodium geniculatum (Mitt.) W.R. Buck,<br />

Bryologist 92(4): 534. 1989. Distribuição no Brasil:<br />

AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PB,<br />

PE, RJ, RO e SP. Ocorre no Espírito Santo: Jaguaré;<br />

Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Racopilaceae<br />

Racopilum tomentosum (Hedw.) Brid., Bryol.<br />

Univ. 2: 719. 1827. Distribuição no Brasil: AC,<br />

AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE,<br />

PR, RJ, RO, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Guarapari, Praia Setibana; Vila Velha, Morro da<br />

Penha; Iúna, Guarapari, Praia Setibana; Cachoeiro<br />

do Itapemirim; Domingos Martins, Parque Estadual<br />

Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale; Santa<br />

Tereza; Santa Cruz, Bairro Coqueiral; Vargem Alta,<br />

Hotel Chaminé; Venda Nova.<br />

236


YANO<br />

BRIÓFITAS<br />

Rhizogoniaceae<br />

Pyrrhobryum spiniforme (Hedw.) Mitt., J. Linn.<br />

Soc. Bot. 10: 174. 1868. Distribuição no Brasil: AM,<br />

BA, ES, GO, MG, MT, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Santa Tereza, Nova Lombardia, Reserva Biológica do<br />

Museu Nacional, Estação Biológica da Caixa D’Água,<br />

Mata Fria; Serra, Estação Biológica de Mestre Álvaro.<br />

Sematophyllaceae<br />

Acroporium pungens (Hedw.) Broth. in Engler &<br />

Prantl, Natürl. Pflanzenfam. ed. 2, 11: 436. 1925.<br />

Distribuição no Brasil: AM, AP, BA, CE, DF, ES,<br />

GO, MG, PA, PR, RJ, RO, RR, RS, SC e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Vargem Alta, Rio Novo.<br />

Sematophyllum demissum (Wilson) Mitt., J.<br />

Linn. Soc. Bot. 8: 5. 1865. Distribuição no Brasil:<br />

ES, MT e RJ. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale.<br />

Sematophyllum galipense (Müll. Hal.) Mitt.,<br />

J. Linn. Soc. Bot. 12: 480. 1869. Distribuição no<br />

Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PE,<br />

PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e TO. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Ponta da Fruta; Domingos Martins, Morro<br />

do Cruzeiro, Parque Estadual Pedra Azul; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Santa Tereza, Reserva<br />

Biológica Nova Lombardia; Serra, Estação Biológica<br />

de Mestre Álvaro.<br />

Sematophyllum subpinnatum (Brid.) E. Britton,<br />

Bryologist 21(2): 28. 1918 (1919). Distribuição<br />

no Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG,<br />

MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SP e<br />

TO. Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins,<br />

Vale das Orquídeas, Parque Estadual Pedra Azul;<br />

Guarapari, Parque Estadual de Setiba; Jaguaré;<br />

Linhares, Reserva Natural Vale; Santa Tereza,<br />

Reserva Biológica de Santa Lucia, Trilha Bonita;<br />

Anchieta entre Meaípe e Ubú; Linhares, Lagoa<br />

Juparaná; Serra, Estação Biológica de Mestre<br />

Álvaro; Fundão; Santa Tereza, Rio Timbuí; Barra de<br />

São Francisco. Obs.: Alguns trabalhos se referem<br />

como Sematophyllum caespitosum (Hedw.) Mitt.<br />

Sematophyllum subsimplex (Hedw.) Mitt., J. Linn.<br />

Soc. Bot. 12: 494. 1869. Distribuição no Brasil: AC,<br />

AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT,<br />

PA, PB, PE, PI, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SE, SP e TO.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins, Venda<br />

Nova; Linhares, Reserva Natural Vale; Santa Tereza,<br />

Reserva Biológica Augusto Ruschi, Trilha do Muriqui,<br />

estrada Santa Tereza-Frundão; Iconha; Ponta da<br />

Fruta, Fazenda Morro da Lagoa; Vila Velha, Morro<br />

da Penha; Santa Tereza, Rio Timbuí; Ilha da Trindade,<br />

Alto Pico da Trindade.<br />

Taxithelium planum (Brid.) Mitt., J. Linn. Soc.<br />

Bot. 12: 469. 1869. Distribuição no Brasil: AC, AL,<br />

AM, AP, BA, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB,<br />

PE, PR, RJ, RO, RR, SC, SP e TO. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Iconha; Linhares, Reserva Natural Vale,<br />

Lagoa Juparaná.<br />

Taxithelium pluripunctatum (Renauld & Cardot)<br />

W.R. Buck, Moscosoa 2: 60. 1983. Distribuição no<br />

Brasil: AM, BA, ES, MG, PA, PE, RR e SP. Ocorre no<br />

Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Trichosteleum papillosum (Hornsch.) A. Jaeger,<br />

Ber. Thätigk. St. Gallischen Naturwiss. Ges. 1876-<br />

77: 419. 1878. Distribuição no Brasil: AC, AL, AM,<br />

AP, BA, ES, MG, MT, PA, PE, RJ, RO, RR, SC, SE, SP<br />

e TO. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Mimoso.<br />

Sphagnaceae<br />

Sphagnum oxyphyllum Warnst., Hedwigia 29:<br />

192. 1890. Distribuição no Brasil: BA, ES, MG,<br />

RJ, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo: Caparaó,<br />

Cachoeira Bonita; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Sphagnum perichaetiale Hampe var.<br />

perichaetiale, Linnaea 20: 66. 1847. Distribuição<br />

no Brasil: AM, BA, DF, ES, GO, MG, MS, PA, PR,<br />

RJ, RO, RR, SC, SP e TO. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Linhares, Reserva Natural Vale; Santa Tereza; Nova<br />

Lombardia, Reserva Biológica Augusto Ruschi, Trilha<br />

Muriqui.<br />

Stereophyllaceae<br />

Pilosium chlorophylum (Hornsch.) Müll. Hal. ex<br />

Broth., Flora 83: 340. 1897. Distribuição no Brasil:<br />

AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS,<br />

MT, PA, PE, RJ, RO, RR, RS, SP e TO. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Domingos Martins, Parque Estadual Pedra<br />

Azul; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Thuidiaceae<br />

Thuidium tomentosum Schimp. in Besch.,<br />

Mém. Soc. Sci. Nat. Cherbourg 16: 237. 1872.<br />

Distribuição no Brasil: AL, BA, ES, GO, MG, MS,<br />

2 3 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

A<br />

B<br />

C<br />

D<br />

E<br />

F<br />

G<br />

H<br />

I<br />

J<br />

Figura 2: A) Pymrrhobryum spiniforme; B) Pilosium chlorophyllum; C) Choenecolea doellingeri; D) Fruilania neesii; E)<br />

Frullania riojaneirensis; F) Frullania riojaneirensis (detalhe); G) Leucolejeunea unciloba; H) Pycnolejeunea macroloba;<br />

I) Radula javanica; J) Radula mexicana.<br />

238


YANO<br />

BRIÓFITAS<br />

MT, PE, PR, RJ, RR, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Domingos Martins, Parque Estadual Pedra<br />

Azul; Linhares, Reserva Natural Vale, estrada para<br />

Colatina.<br />

MARCHANTIOPHYTA<br />

Aneuraceae<br />

*Aneura latissima Spruce, Trans. & Proc. Bot.<br />

Soc. Edinburgh 15: 554. 1885. Distribuição no<br />

Brasil: AM, ES, PR, SC e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Linhares, Reserva Natural da Vale do Rio<br />

Doce.<br />

Riccardia chamedryfolia (With.) Grolle, Trans.<br />

Brit. Bryol. Sco. 5: 772. 1969. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PR,<br />

RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Domingos Martins, Marechal<br />

Floriano; Santa Tereza, Reserva Biológica de Nova<br />

Lombardia.<br />

Riccardia digitiloba (Spruce) Pagán f. digitiloba,<br />

Bryologist 42(1): 6. 1939. Distribuição no Brasil:<br />

AC, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PE, PR, RJ,<br />

RS, SC, SE e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Santa Tereza, Rio Timbuí;<br />

Serra, Estação Biológica de Mestre Álvaro; Vargem<br />

Alta.<br />

Riccardia glaziovii (Spruce) Meenks, J. Hattori<br />

Bot. Lab. 62: 173. 1987. Distribuição no Brasil: AP,<br />

BA, ES, MG, PA, RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

*Riccardia regnelli (Ångstr.) K.G. Hell, Bolm. Univ.<br />

S. Paulo 335, Bot. 25: 110. 1969. Distribuição no<br />

Brasil: ES, MG, MT, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Calypogeiaceae<br />

Calypogeia andicola Bischler, Candollea 18:<br />

79. 1962 (1963). Distribuição no Brasil: BA e ES.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural<br />

Vale.<br />

Cephaloziellaceae<br />

Cylindrocolea rhizantha (Mont.) R.M. Schust.,<br />

Nova Hedwigia 22: 175. 1971. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, PE, RJ e SP.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Ilha do Francês; Guarapari;<br />

Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Chonecoleaceae<br />

Chonecolea doellingeri (Nees) Grolle, Revue<br />

Bryol. Lichénol. 25: 295. 1956. Distribuição no<br />

Brasil: CE, DF, ES, MG, MS, PR, RJ, RS, SC e SP.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Lagoa Juparaná; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Guarapari, Parque Estadual de<br />

Setiba; Serra, Jacaraípe; Vila Velha, Morro da Penha;<br />

Santa Cruz, Bairro Coqueiral; Presidente Kennedy,<br />

Praia das Neves; Piúma.<br />

Fossombroniaceae<br />

Fossombronia porphyrorhiza (Nees) Prosk.,<br />

Bryologist 58(3): 197. 1955. Distribuição no<br />

Brasil: BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PE, PI,<br />

RJ, RS, SP e TO. Ocorre no Espírito Santo: Anchieta;<br />

Cachoeiro do Itapemirim; Domingos Martins,<br />

Morro do Cruzeiro; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Lagoa Juparaná; Viana; Ubú; Iconha-Piúma; Santa<br />

Tereza, Rio Timbuí.<br />

Frullaniaceae (Jubulaceae)<br />

Frullania arecae (Spreng.) Spruce, Trans. &<br />

Proc. Bot. Soc. Edinburgh 15: 20. 1884 (1885).<br />

Distribuição no Brasil: AC, BA, DF, ES, GO, MG,<br />

MT, PE, PR, RJ, RR, RS, SE e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Domingos Martins, Parque Estadual Pedra<br />

Azul; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Frullania beyrichiana (Lehm. & Lindenb.)<br />

Lehm. & Lindenb. in Gottsche et al., Syn. Hepat.:<br />

460. 1845. Distribuição no Brasil: AC, BA, ES,<br />

GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Ilha da Trindade, Alto Pico da<br />

Trindade; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Frullania brasiliensis Raddi, Soc. Ital. Atti. Sci.<br />

Mod. 19: 36. 1822. Distribuição no Brasil: AL,<br />

BA, CE, DF, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS, SC e SP.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Iconha, Itapecoá; Viana,<br />

Rio Jacu; Domingos Martins, Parque Estadual Pedra<br />

Azul; Linhares, Reserva Natural Vale; Santa Tereza,<br />

Reserva Biológica do Museu Nacional, Bosque do<br />

Museu de Biologia Mello Leitão; Serra, Estação<br />

Biológica de Mestre Álvaro.<br />

Frullania caulisequa (Nees) Nees in Gottsche et<br />

al., Syn. Hepat.: 448. 1845. Distribuição no Brasil:<br />

AC, AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PB, PE, PR,<br />

RJ, RR, RS, SC, SE e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Anchieta entre Meaípe e Ubú; Domingos Martins,<br />

Parque Estadual Pedra Azul; Guarapari, Parque<br />

2 3 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

240<br />

Estadual de Setiba; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Serra; Jacaraípe; Vale Verde do Itapemirim; Vitória,<br />

Restinga de Camburi.<br />

Frullania dilatata (L.) Dumort., Recueil d’Obs.<br />

Jungerm. Tournay: 13. 1835. Distribuição no Brasil:<br />

BA, CE, ES, GO, MG, MS, MT, PE, RJ, RS e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Domingos Martins, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Frullania dusenii Steph., Archos Mus. Nac. Rio de<br />

Janeiro 13: 115. 1903. Distribuição no Brasil: AL,<br />

CE, ES, GO, MG, PE, RJ, RR, RS, SC, SE e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Frullania ericoides (Nees) Mont., Ann. Sci. Nat.<br />

Bot. sér. 2, 12: 51. 1839. Distribuição no Brasil:<br />

AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, RN, GO, MA, MG,<br />

MS, MT, PB, PE, PR, RJ, RS, SC, SE e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Domingos Martins, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Guarapari, Parque Estadual de Setiba; Piúma, Iriri;<br />

Ubú; Ilha do Francês; Aracruz, Vila Barra do Riacho;<br />

Vila Velha, Barra do Jucuí, Morro da Penha; Ponta da<br />

Fruta; Anchieta, Quitiba Clube; Santa Cruz, Bairro<br />

Coqueiral; Colatina, Rio Doce; Santa Tereza, São<br />

João de Petrópolis, Escola Agrotécnica Federal de<br />

Santa Tereza; Serra; Domingos Martins, Marechal<br />

Floriano; Vitória, Campus da Universidade Federal<br />

do Espírito Santo; Santa Tereza, Bosque do Museu<br />

de Biologia Mello Leitão; Ibiraçu.<br />

*Frullania griffithsiana Gottsche in Gottsche et<br />

al., Syn. Hepat.: 466. 1845. Distribuição no Brasil:<br />

BA, ES, MG, RS e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Frullania gymnotis Nees & Mont., Ann. Sci. Nat.<br />

Bot. sér. 2, 19: 257. 1843. Distribuição no Brasil:<br />

BA, CE, ES, GO, PA, PE, RJ, RR, RS, SE e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Frullania neesii Lindenb. in Gottsche et al., Syn.<br />

Hepat.: 450. 1845. Distribuição no Brasil: AC, AM,<br />

BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PB, PE, PR, RJ, RR,<br />

RS, SE e SP. Ocorre no Espírito Santo: Piúma, Lagoa<br />

da Piabanha; Aracruz, Barra do Riacho; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Guarapari, Parque Estadual<br />

de Setiba; Vila Velha, Morro da Penha; Vitória. Obs.:<br />

várias publicações citam como Frullania kunzei<br />

(Lehm. & Lindenb.) Lehm. & Lindenb.<br />

Frullania neurota T. Taylor, London J. Bot. 5:<br />

400. 1846. Distribuição no Brasil: CE, ES, RJ e RS.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural<br />

Vale.<br />

Frullania riojaneirensis (Raddi) Ångstr., Öfversk.<br />

Vetensk.-Akad. Förh. 33(7): 88. 1876. Distribuição<br />

no Brasil: AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA,<br />

PB, P E, PR, RJ, RS, SE, SC e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Domingos Martins, Parque Estadual Pedra<br />

Azul; Jacaraípe; Santa Tereza, São João de Petrópolis,<br />

Bosque do Museu de Biologia Mello Leitão; Piúma;<br />

Guarapari, Meaípe, Parque Estadual de Setiba;<br />

Linhares, Reserva Natural Vale; Serra, Jacaraípe;<br />

Vitória, Restinga de Camburi; Piúma; Ponta da Fruta,<br />

Fazenda Morro da Lagoa.<br />

Frullania setigera Steph., Hedwigia 33: 159.<br />

1894. Distribuição no Brasil: BA, ES, MG, PR, RJ,<br />

RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale.<br />

*Frullania supradecomposita (Lehm. & Lindenb.)<br />

Lehm. & Lindenb. in Gottsche et al., Syn. Hepat.:<br />

431. 1845. Distribuição no Brasil: ES, MG, MS, MT,<br />

PB, RJ, RS e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale.<br />

Geocalycaceae<br />

Lophocolea martiana Nees in Gottsche et al., Syn.<br />

Hepat.: 152. 1845. Distribuição no Brasil: AL, AM,<br />

AP, BA, CE, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC,<br />

SE e SP. Ocorre no Espírito Santo: Aracruz, Rio dos<br />

Comboios; Linhares, Reserva Natural Vale; Venda<br />

Nova; Serra, Estação Biológica de Mestre Álvaro.<br />

Lejeuneaceae<br />

Acrolejeunea emergens (Mitt.) Steph. in Engler,<br />

Pflanzenwelt Ost’Afrikas C: 65. 1895. Distribuição<br />

no Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS,<br />

MT, PA, PR, RJ, RO, RR, RS e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Anoplolejeunea conferta (C.F.W. Meiss. ex<br />

Spreng.) A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club 35: 175.<br />

1908. Distribuição no Brasil: AL, BA, ES, MG, PA,<br />

PB, PE, PR, RJ, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Caparaó, Cachoeira Bonita; Domingos Martins,<br />

Parque Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Vargem Alta.<br />

Aphanolejeunea ephemeroides R.M. Schust.,<br />

J. Elisha Mitchell Sci. Soc. 71(1): 130. 1955.<br />

Distribuição no Brasil: ES e SP.Ocorre no Espírito<br />

Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Archilejeunea auberiana (Mont.) A. Evans, Bull.<br />

Torrey Bot. Club 35: 168. 1908. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AM, AP, BA, ES, MG, MT, PA, PE, PR, RJ,


YANO<br />

BRIÓFITAS<br />

RO, RR, RS e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale.<br />

Archilejeunea fuscescens (Hampe) Fulford,<br />

Bryologist 45(6); 174. 1942. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AL, AM, BA, ES, MG, PA, PE, PR, RJ, RR<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Bryopteris diffusa (Sw.) Nees in Gottsche et<br />

al., Syn. Hepat.: 286. 1845. Distribuição no Brasil:<br />

AC, AL, AM, BA, CE, ES, MG, MT, PA, PE, PR, RJ,<br />

RS, SC, SE e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale, margem do Rio Doce; Serra,<br />

Estação Biológica de Mestre Álvaro, Jacaraípe;<br />

Santa Tereza, Distrito de Santa Leopoldina; Venda<br />

Nova.<br />

Caudalejeunea lehmanniana (Gottsche) A.<br />

Evans, Bull. Torrey Bot. Club 34: 554. 1905.<br />

Distribuição no Brasil: AL, AM, AP, BA, CE, ES, GO,<br />

MT, PA, PE, PR, RJ, RO, RR, RS, SC, SE e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Jaguaré; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Ceratolejeunea cubensis (Mont.) Schiffn. in<br />

Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. 1(3): 125.<br />

1893. Distribuição no Brasil: AC, AL, AM, AP, BA,<br />

CE, ES, PA, PB, PE, RJ, SC e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Linhares, Reserva Natural Vale; Serra,<br />

Estação Biológica de Mestre Álvaro.<br />

Cheilolejeunea adnata (Kuntze) Grolle, J. Bryol.<br />

9: 529. 1977. Distribuição no Brasil: AC, AL, AM,<br />

AP, CE, ES, MG, MT, PA, P E, PR, RN, RR, SC e SP.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural<br />

Vale; Piúma, lagoa Piabanha.<br />

Cheilolejeunea clausa (Nees & Mont.) R.M.<br />

Schust., Hepat. Anthocerotae N. Amer. 4: 863.<br />

1980. Distribuição no Brasil: AC, AL, AM, AP, BA,<br />

CE, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Guarapari, Nova<br />

Guarapari; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Cheilolejeunea discoidea (Lehm. & Lindenb.)<br />

Kachroo & R.M. Schust., J. Linn. Soc. London Bot.<br />

56(368): 509.1961. Distribuição no Brasil: AL, BA,<br />

CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, RJ, RS, SE<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Guarapari, Parque<br />

Estadual de Setiba; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Vitória, Restinga de Cambuí; Piúma, Lagoa Piabanha.<br />

Cheilolejeunea rigidula (Nees ex Mont.) R.M.<br />

Schust., Castanea 36: 102. 1971. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA,<br />

MG, MS, MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC, SE,<br />

SP e TO. Ocorre no Espírito Santo: Aracruz, Rio dos<br />

Comboios; Domingos Martins, Reserva Florestal<br />

Pedra Azul; Guarapari, Setiba; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Serra, Estação Biológica de Mestre<br />

Álvaro.<br />

Cololejeunea cardiocarpa (Mont.) A. Evans,<br />

Mem. Torrey Bot. Club 8: 172. 1902. Distribuição<br />

no Brasil: AL, AM, AP, BA, ES, GO, MG, MS, MT,<br />

PA, PB, PE, PR, RJ, RO, RR, SC, SE e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Guarapari, Parque Estadual de<br />

Setiba; Linhares, Reserva Natural Vale; Vitória,<br />

Restinga de Camburi.<br />

Cololejeunea diaphana A. Evans, Bull. Torrey Bot.<br />

Club 32: 184. 1905. Distribuição no Brasil: AL, AM,<br />

BA, DF, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, RJ, RS, SC<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Guarapari, Parque<br />

Estadual de Setiba, Meaípe; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Serra, Estação Biológica de Mestre<br />

Álvaro.<br />

Diplasiolejeunea rudolphiana Steph., Hedwigia<br />

35: 79. 1896. Distribuição no Brasil: AC, AL, AM,<br />

BA, CE, ES, PB, PE, RJ, SC, SE e SP. Ocorre no<br />

Espírito Santo: Serra, Jacaraípe; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Serra; Domingos Martins, Marechal<br />

Floriano.<br />

Lejeunea adpressa Nees in Gottsche et al., Syn.<br />

Hepat.: 380. 1845. Distribuição no Brasil: AL, AM,<br />

BA, ES, MG, PE, PR, RJ e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Domingos Martins, Santa Isabel; Guarapari,<br />

Parque Estadual de Setiba; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Ponta da Fruta; Santa Tereza, Reserva<br />

Biológica de Nova Lombardia; Nova Almeida.<br />

Lejeunea aphanes Spruce, Trans. & Proc. Soc.<br />

Bot. Edinburgh 15: 290. 1884 (1885). Distribuição<br />

no Brasil: AL, BA, CE, PR e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Domingos Martins, Parque Estadual Pedra<br />

Azul; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Lejeunea bermudiana (A. Evans) R.M. Schust.,<br />

Hepat. & Anthoc. N. Amer. 4: 1105. 1980.<br />

Distribuição no Brasil: AC, BA, ES, GO, RJ, SC e SP.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural<br />

Vale.<br />

Lejeunea cancellata Nees & Mont. in Montagne,<br />

in Ramón de la Sagra, Hist. Phys. Bot. Plant. Cell.<br />

Cuba 9: 472. 1842. Distribuição no Brasil: AL, BA,<br />

CE, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PR, RJ, RS, SC e SP.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Serra, Estação Biológica de Mestre Álvaro; Piúma.<br />

2 4 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

242<br />

Lejeunea caulicalyx (Steph.) E. Reiner & Goda,<br />

J. Hattori Bot. Lab. 89: 13. 2000. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AL, BA, CE, ES, MA, MG, MS, MT, PA, PE,<br />

PR, RJ, RR e SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos<br />

Martins, Parque Estadual Pedra Azul; Guarapari,<br />

Parque Estadual de Setiba; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Iconha, Itapecoá.<br />

Lejeunea cladogyna A. Evans, Amer. J. Bot. 5:<br />

134. 1918. Distribuição no Brasil: AM, BA, ES, MT<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Lejeunea deplanata Nees in Gottsche et al.,<br />

Syn. Hepat.: 368. 1845. Distribuição no Brasil: AM,<br />

BA, CE, ES, GO, MG, MS, MT, PB, PE, PR, RJ, RS<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins,<br />

Marechal Floriano; Guarapari, Parque Estadual de<br />

Setiba; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Lejeunea flava (Sw.) Nees, Naturgesch. Eur.<br />

Liberm. 3: 277. 1838. Distribuição no Brasil: AC,<br />

AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA,<br />

PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC, SE, SP e TO. Ocorre no<br />

Espírito Santo: Domingos Martins, Parque Estadual<br />

Pedra Azul, Marechal Floriano; Guarapari, Parque<br />

Estadual de Setiba; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Venda Nova; Vitória, Restinga de Camburi; Ponta<br />

da Fruta; Vila Velha, Morro da Penha; Guarapari,<br />

Nova Guarapari; Serra, Estação Biológica de Mestre<br />

Álvaro; Santa Tereza, Reserva Biológica de Nova<br />

Lombardia.<br />

Lejeunea laetevirens Nees & Mont. in Ramón de<br />

la Sagra, Hist. Phys. Bot. Plant. Cell. Cuba 9: 469.<br />

1842. Distribuição no Brasil: AC, AL, AM, AP, BA,<br />

CE, DF, ES, RN, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PB, PE,<br />

PR, RJ, RN, RR, RS, SC, SE e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Caparaó, Rio José Pedro; Domingos Martins,<br />

Parque Estadual Pedra Azul; Guarapari, Meiape;<br />

Linhares, Reserva Natural Vale; Piúma; Ilha do<br />

Francês; Linhares, Vila Barra de Regência; Ponta da<br />

Fruta, Morro da Lagoa; Vila Velha, Morro da Penha;<br />

Nova Almeida; Santa Cruz, Bairro Coqueiral; Serra.<br />

Lejeunea minutiloba A. Evans, Bull. Torrey Bot.<br />

Club 44> 525. 1917. Distribuição no Brasil: BA,<br />

CE, ES, MS, PE, PR, RJ e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Lejeunea phyllobola Nees & Mont. in Ramón<br />

de la Sagra, Hist. Fis. Pol. Natur. Bot. Cuba 9: 471.<br />

1842. Distribuição no Brasil: AC, AL, AM, BA, CE,<br />

DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RN,<br />

RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos<br />

Martins, Parque Estadual Pedra Azul; Guarapari,<br />

Parque Estadual de Setiba; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Piúma; Aracruz, Barra do Riacho;<br />

Ponta da Fruta, Fazenda Morro da Lagoa; Vila Velha,<br />

Morro da Penha; Santa Tereza, Reserva Biológica de<br />

Nova Lombardia; Viana, Rio Jucu.<br />

Leptolejeunea elliptica (Lehm. & Lindenb.)<br />

Schiffn. in Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam.<br />

1(3): 126. 1893. Distribuição no Brasil: AC, AL,<br />

AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ,<br />

RR, SC, SE e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Vale Verde do Itapemirim.<br />

Leptolejeunea obfuscata (Spruce) Steph., Spec.<br />

Hepat. 5: 373. 1913. Distribuição no Brasil: AL,<br />

AM, ES, GO, MT e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Leucolejeunea conchifolia (A. Evans) A. Evans,<br />

Torreya 7: 299. 1907. Distribuição no Brasil: BA,<br />

ES, MG, e SP. Ocorre no Espírito Santo: Guarapari,<br />

Parque Estadual de Setiba; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Serrra, Jacaraípe; Ponta da Fruta,<br />

Fazenda Morro da Lagoa; Piúma.<br />

Leucolejeunea unciloba (Lindenb.) A. Evans,<br />

Torreya 7: 228. 1907. Distribuição no Brasil: AC,<br />

AM, BA, CE, ES, MG, PA, P B, PE, PR, RJ, RS, SC<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins,<br />

Parque Estadual Pedra Azul; Santa Tereza; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Serra, Jacaraípe; Vargem Alta,<br />

Hotel Chaminé; Venda Nova; Vitória, Restinga de<br />

Camburi.<br />

Leucolejeunea xanthocarpa (Lehm. & Lindenb.)<br />

A. Evans, Torreya 7: 229. 1907. Distribuição no<br />

Brasil: AL, BA, CE, ES, GO, MG, PE, PR, RJ, RS,<br />

SC e SP. Ocorre no Espírito Santo: Serra, Estação<br />

Biológica de Mestre Álvaro; Caparaó, Pico da<br />

Bandeira; Domingos Martins, Parque Estadual<br />

Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale; Serra,<br />

Jacaraípe; Vargem Alta, Hotel Chaminé; Venda<br />

Nova. Obs.: muitos autores consideram as espécies<br />

de Leucolejeunea como Cheilolejeunea.<br />

Lopholejeunea nigricans (Lindenb.) Schiffn.,<br />

Consp. Hepat. Archip. Ind.: 293. 1898. Distribuição<br />

no Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS,<br />

MT, PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Lopholejeunea subfusca (Nees) Schiffn., Bot.<br />

Jahrb. Syst. 23: 593. 1897. Distribuição no Brasil:<br />

AC, AL, AM, AP, BA,CE, DF, ES, GO, MG, MS,<br />

MT, PA, PB, PE, RJ, RO, RR, SC e SP. Ocorre no


YANO<br />

BRIÓFITAS<br />

Espírito Santo: Aracruz, vilarejo de Barra do Riacho;<br />

Guarapari, Parque Estadual de Setiba; Jaguaré;<br />

Linhares, Reserva Natural Vale; Vargem Alta, Rio<br />

Novo; Vitória; Viana, Rio Jucu.<br />

Mastigolejeunea auriculata (Wilson & Hook.)<br />

Schiffn. in Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam.<br />

1(3): 129. 1893. Distribuição no Brasil: AC, AL, AM,<br />

AP, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE,<br />

PR, RJ, RO, RS, SP e TO. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Guarapari, Parque Estadual de Setiba; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale.<br />

Microlejeunea bullata (Taylor) Steph., Hedwiga<br />

29: 90. 1890. Distribuição no Brasil: AC, AM, BA,<br />

CE, DF, ES, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ,<br />

RN, RR, RS, SC, SE e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Piúma, Lago Piabanha; Domingos Martins, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Guarapari, Parque Estadual de<br />

Setiba; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Microlejeunea epiphylla Bischler in Bischler et al.,<br />

Nova Hedwigia 5(1-2): 378. 1963. Distribuição no<br />

Brasil: AL, AP, BA, CE, ES, GO, MA, MG, MS, P A,<br />

PB, PE, RS, SE, SP e TO. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Aracruz; Domingos Martins, Parque Estadual Pedra<br />

Azul; Linhares, Reserva Natural Vale; Piúma.<br />

Neurolejeunea breutelii (Gottsche) A. Evans,<br />

Bull. Torrey Bot. Club 34: 13. 1907. Distribuição<br />

no Brasil: AL, BA, ES, MG, PA, PE, PR, RJ, RS, SC<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins,<br />

Parque Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Prionolejeunea denticulata (Weber) Schiffn. in<br />

Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam. 1(3): 127.<br />

1893. Distribuição no Brasil: AL, AM, BA, CE,<br />

ES, PA, PE, RJ, RR e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Pycnolejeunea contigua (Nees) Grolle, J. Hattori<br />

Bot. Lab. 45: 179. 1979. Distribuição no Brasil: AL,<br />

AM, BA, CE, ES, MG, MS, PA, PE, PR, RR, RS, SC<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Pycnolejeunea macroloba (Nees & Mont.)<br />

Schiffn. in Engler & Prantl, Natürl. Pflanzenfam.<br />

1(3): 127. 1893. Distribuição no Brasil: AL, AM,<br />

BA, CE, ES, PA, PE e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Aracruz, Rio dos Comboios; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Pycnolejeunea papillosa X.-L. He, Acta Bot.<br />

Fennica 163: 54. 1999. Distribuição no Brasil: AM,<br />

CE e ES. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Rectolejeunea berteroana (Gottsche ex Steph.)<br />

A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club 33(1): 12. 1906.<br />

Distribuição no Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, ES,<br />

PA, PE, PR, RJ, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Guarapari; Linhares, Reserva Natural Vale; Rio Novo;<br />

Vargem Alta, Rio Novo.<br />

Rectolejeunea emarginuliflora (Gottsche ex<br />

Schiffn.) A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club 33(1): 14.<br />

1906. Distribuição no Brasil: AL, AM, BA, ES, PA,<br />

PE e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Schiffneriolejeunea polycarpa (Nees) Gradst., J.<br />

Hattori Bot. Lab. 38: 355. 1971. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS,<br />

MT, PA, PB, PE, PR, RJ, RR, RS, SC, SE e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Serra, Jacaraípe; Iconha, Itapecoá;<br />

Piúma; Aracruz, Barra do Riacho; Domingos Martins,<br />

Parque Estadual Pedra Azul; Guarapari, Parque<br />

Estadual de Setiba; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Serra; Vargem Alta, Rio Novo; Vila Velha, Morro da<br />

Penha.<br />

Stictolejeunea squamata (Willd. ex F. Weber)<br />

Schiffn. var. squamata in Engler & Prantl, Natürl.<br />

Pflanzenfam. 1(3): 131. 1893. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, ES, MA, MG, PA, PE,<br />

RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale, estrada para Colatina.<br />

Symbiezidium barbiflorum (Lindenb. &<br />

Gottsche) A. Evans, Bull. Torrey Bot. Club 34: 54.<br />

1908. Distribuição no Brasil: AC, AL, AM, BA, ES,<br />

P A, PE, RJ, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Linhares, Reserva Natural Vale; Vargem Alta, Rio<br />

Novo.<br />

Symbiezidium transversale (Sw.) Trevis. var.<br />

transversale, Mem. Reale Ist. Lomb. Sci. Mat. Nat.<br />

ser. 3, 4: 403. 1877. Distribuição no Brasil: AC,<br />

AL, AM, AP, BA, CE, ES, MG, PA, PE, PR, RJ, SC e<br />

SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins,<br />

Marechal Floriano; Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Verdoornianthus griffinii Gradst., Bryologist<br />

80(4): 609. 1977. Distribuição no Brasil: AM e<br />

ES. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Lepidoziaceae<br />

Monodactylopsis monodactyla (Spruce)<br />

R.M. Schust., Nova Hedwigia 69: 532. 1999.<br />

Distribuição no Brasil: AM, ES, PA, RJ, RO e RR.<br />

2 4 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

244<br />

Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural<br />

Vale.<br />

Telaranea diacantha (Mont.) J.J. Engel & G.L.<br />

Merrill, Fieldiana Bot. n. ser., 44: 145. 2004.<br />

Distribuição no Brasil: AL, AM, BA, DF, ES, MG,<br />

PE, RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Iúna, Parque Nacional do Caparaó; Domingos<br />

Martins, Parque Estadual Pedra Azul; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Ponta da Fruta, Fazenda<br />

Morro da Lagoa; Serra, Estação Biológica de<br />

Mestre Álvaro.<br />

Telaranea nematodes (Gottsche ex Austin)<br />

M. Howe, Bull. Torrey Bot. Club 29: 284. 1902.<br />

Distribuição no Brasil: AC, AM, BA, CE, DF, ES, GO,<br />

MG, MS, MT, PE, PR, RJ, RR, RS, SC, SE e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Domingos Martins, Parque<br />

Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva Natural Vale;<br />

Vargem Alta, Rio Novo; Serra, Estação Biológica de<br />

Mestre Álvaro.<br />

Metzgeriaceae<br />

Metzgeria aurantiaca Steph., Spec. Hepat. 1:<br />

286. 1899. Distribuição no Brasil: AM, BA, CE, ES,<br />

MG, PB, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Domingos Martins, Venda Nova; Linhares,<br />

Reserva Natural Vale; Vargem Alta, Rio Novo.<br />

*Metzgeria brasiliensis Schiffn. in Schiffner &<br />

S. Arnell, Österr. Akad. Wiss. Math.-Naturwiss. Kl.<br />

Denkschr. 111: 22. 1964. Distribuição no Brasil:<br />

BA, ES, PR, RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Plagiochilaceae<br />

Plagiochila disticha (Lehm. & Lindenb.) Lindenb.,<br />

Spec. Hepat. fasc. 4: 108. 1840. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AL, AM, AP, BA, CE, DF, ES, GO, MG,<br />

MS, MT, PA, PB, PE, RJ, RR, RS, SC e SP. Ocorre<br />

no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural Vale,<br />

Lagoa Juparaná; Nova Almeida.<br />

Plagiochila martiana (Nees) Lindenb. f. martiana,<br />

Spec. Hepat. fasc. 1: 12. 1839. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AL, BA, CE, DF, ES, GO, MG, MS, MT,<br />

PA, PE, PR, RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito<br />

Santo: Aracruz, Barra do Riacho; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale; Ponta da Fruta, Morro da Lagoa; Santa<br />

Tereza, Nova Lombardia; Serra, Estação Biológica<br />

de Mestre Álvaro.<br />

Plagiochila montagnei Nees in Nees & Mont.,<br />

Ann. Sci. Nat. Bot. sér. 2, 5: 531. 1836. Distribuição<br />

no Brasil: AC, AL, AM, BA, CE, ES, PA, PE, RJ, RS e<br />

SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos Martins,<br />

Parque Estadual Pedra Azul; Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Plagiochila rutilans Lindenb. var. rutilans, Spec.<br />

Hepat. fasc. 2-4: 47. 1841. Distribuição no Brasil:<br />

AC, AM, AP, BA, CE, ES, GO, MG, MT, PA, PE, PR, RJ,<br />

RR, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo: Domingos<br />

Martins, Marechal Floriano, Parque Estadual Pedra<br />

Azul; Linhares, Reserva Natural Vale; Serra, Estação<br />

Biológica de Mestre Álvaro.<br />

Plagiochila sullivantii Gottsche ex A. Evans, Bot.<br />

Gaz. 21: 191. 1896. Distribuição no Brasil: ES e<br />

MG. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Plagiochila tenuis Lindenb., Spec. Hepat. fasc.<br />

2-4: 50. 1840. Distribuição no Brasil: AM, BA, CE,<br />

ES, MT, RS e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale.<br />

Plagiochila uleana Steph., Bull. Herb. Boissier.<br />

ser. 2, 2: 868. 1902. Distribuição no Brasil: ES, RJ<br />

e SP. Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva<br />

Natural Vale.<br />

Radulaceae<br />

Radula affinis Lindenb. & Gottsche in Gottsche<br />

et al., Syn. Hepat.: 725. 1847. Distribuição no<br />

Brasil: ES. Ocorre no Espírito Santo: Linhares,<br />

Reserva Natural Vale.<br />

Radula flaccida Lindenb. & Gottsche in Gottsche<br />

et al., Syn. Hepat.: 726. 1847. Distribuição no<br />

Brasil: AC, AL, AM, BA, ES, MG, PA, PE, RR e SP.<br />

Ocorre no Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural<br />

Vale.<br />

Radula javanica Gottsche in Gottsche et al., Syn.<br />

Hepat.: 257. 1845. Distribuição no Brasil: AC, AM,<br />

AP, BA, CE, ES, GO, MG, MS, MT, PA, PE, PR, RJ, RS,<br />

SC e SP. Ocorre no Espírito Santo: Iconha, Itapecoá;<br />

Linhares, Reserva Natural Vale; Santa Tereza, Rio<br />

Timbuí; Serra, Estação Biológica de Mestre Álvaro.<br />

Radula kegelii Gottsche ex Steph., Hedwigia 23:<br />

152. 1884. Distribuição no Brasil: AL, BA, ES, MG,<br />

MT, PA, PR, RJ, RS, SC e SP. Ocorre no Espírito Santo:<br />

Linhares, Reserva Natural Vale.<br />

Radula mexicana Lindenb. & Gottsche in<br />

Gottsche, Mexik. Leverm.: 150. 1863. Distribuição<br />

no Brasil: BA, ES, PE, PR, RJ, RS e SP. Ocorre no<br />

Espírito Santo: Linhares, Reserva Natural Vale, e em<br />

Venda Nova do Imigrante.


YANO<br />

BRIÓFITAS<br />

Este trabalho demonstra que 48 espécies<br />

de briófitas listadas para o Espírito Santo têm<br />

referência apenas para a Reserva Natural da Vale do<br />

Rio Doce, sendo 16 de musgos e 32 de hepáticas.<br />

Portanto, a Reserva é uma área importante para o<br />

estudo e preservação da diversidade de briófitas.<br />

Dentre os musgos, a família com maior<br />

riqueza específica é Calymperaceae com 11<br />

espécies, seguida de Sematophyllaceae com oito,<br />

Fissidentaceae com sete e Brachytheciaceae e<br />

Orthotrichaceae com cinco cada uma. Ainda,<br />

para as hepáticas temos Lejeuneaceae com<br />

14, Plagiochilaceae com sete e Aneuraceae e<br />

Radulaceae com cinco cada uma.<br />

Destaca-se que seis espécies de briófitas<br />

endêmicas do Brasil foram encontradas na Reserva,<br />

tais como: as hepáticas, Aneura latissima Spruce,<br />

Frullania griffithsiana Gottsche, F. supradecomposita<br />

(Lehm. & Lindenb.) Lehm. & Lindenb., Metzgeria<br />

brasiliensis Schifffn., Riccardia regnelli (Ångstr.) K.G.<br />

Hell e o musgo, Syrrhopodon brasiliensis Reese.<br />

Por isso, é importante e necessário que as<br />

coletas sejam realizadas em diferentes áreas da<br />

Reserva e, também, do estado do Espírito Santo<br />

para se conhecer a real diversidade da Reserva<br />

Natural Vale e do referido Estado. Sugere-se que<br />

futuras coletas sejam realizadas em períodos de<br />

seca e de chuva.<br />

AGRADECIMENTO<br />

A autora agradece a Elvis José Nunes da Silva<br />

pela digitalização das imagens.<br />

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2 4 5


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246


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

13<br />

Luna<br />

DIVERSIDADE DE MYRTACEAE NA<br />

<strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Augusto Giaretta, Amélia Carlos Tuler, Marcelo da Costa Souza,<br />

Karinne Sampaio Valdemarin, Fiorella Fernanda Mazine & Ariane<br />

Peixoto<br />

INTRODUÇÃO<br />

Myrtaceae, uma das grandes famílias de<br />

Angiospermas, engloba quase 6.000 espécies de<br />

plantas que por suas características e atributos são<br />

incluídas em duas subfamílias – Psiloxyloideae com<br />

duas tribos e Myrtoideae com 15 tribos. A família<br />

apresenta ampla distribuição geográfica, com<br />

centros de diversidade na Austrália, sudeste da Ásia<br />

e América do Sul (Wilson et al., 2001, 2005).<br />

Na região Neotropical ocorrem 49 gêneros e<br />

cerca de 2.500 espécies (Govaerts et al., 2015),<br />

circunscritas à subfamília Myrtoideae, tribo<br />

Myrteae (exceto Tepualia stipularis (Hook. & Arn)<br />

Griseb.), a mais diversificada tribo da família em<br />

relação ao número de gêneros e também aquela<br />

na qual as relações entre gêneros e espécies são<br />

mais difíceis de serem compreendidas à luz do<br />

conhecimento atual. No Brasil ocorrem quase<br />

1.000 espécies subordinadas a 23 gêneros, o que<br />

coloca a família entre as 10 com maior riqueza<br />

de espécies na flora do país. Myrtaceae está<br />

distribuída em todos os domínios fitogeográficos<br />

brasileiros, sendo a Floresta Atlântica um dos<br />

centros de diversidade de Myrtaceae, onde é a<br />

sexta maior família em riqueza de espécies (Forzza<br />

et al., 2010).<br />

O extenso levantamento da flora brasileira<br />

que catalogou as espécies de plantas e fungos<br />

aponta 795 espécies de Myrtaceae endêmicas<br />

do Brasil (Sobral et al., 2016), ou seja, que<br />

ocorrem somente no território do país. Para<br />

melhor conhecer e propor mecanismos que<br />

levem à efetiva conservação das espécies desse<br />

grande e diverso grupo de plantas, estudiosos<br />

de diferentes instituições têm se debruçado em<br />

revisões de táxons infrafamiliares e no estudo de<br />

floras de áreas geográficas delimitadas (estados,<br />

unidades de conservação, entre outros espaços<br />

geográficos ou políticos), buscando caracterizar<br />

as espécies para a implementação de estudos<br />

mais abrangentes de filogenia com base em dados<br />

morfológicos e moleculares (p. ex. Faria-Junior,<br />

2014; Mazine et al., 2014; Santos, 2014; Tuler,<br />

2014; Giaretta & Peixoto, 2015).<br />

Para o estado do Espírito Santo são reconhecidos<br />

15 gêneros que englobam 273 espécies (Sobral<br />

et al., 2016), sendo Eugenia, Myrcia e Marlierea<br />

os gêneros de maior riqueza específica. Dentre<br />

os estudos realizados sobre espécies da família<br />

para o estado destacam-se os de Barroso &<br />

Peixoto (1995) com os gêneros Calyptranthes e<br />

Marlierea na Reserva Natural Vale (RNV), no qual<br />

são apresentadas cinco espécies de Calyptranthes<br />

e 13 de Marlierea; Sobral (2007), que estudou a<br />

família para o município de Santa Teresa, tratando<br />

de 159 espécies; Tuler (2014), que inventariou<br />

e descreveu as espécies de Psidium ocorrentes<br />

no estado, apontando 14 espécies e; Giaretta &<br />

Peixoto (2015), que inventariaram e descreveram<br />

2 4 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

248<br />

52 espécies distribuídas em 10 gêneros ocorrentes<br />

nas restingas no norte do Espírito Santo, sendo os<br />

gêneros mais representados Eugenia (19 espécies),<br />

Myrcia (12) e Marlierea (6).<br />

A botânica Graziela Maciel Barroso planejara<br />

realizar estudos taxonômicos abrangentes da<br />

família Myrtaceae na Reserva Natural Vale (RNV)<br />

em parceria com Peixoto. Após expedições à área e<br />

análise de coleções herborizadas, publicaram novas<br />

espécies (Barroso & Peixoto, 1990; Barroso &<br />

Peixoto, 1991a), apresentaram no 42º Congresso<br />

Nacional de Botânica o trabalho “Myrtaceae da<br />

Reserva Florestal de Linhares, Espírito Santo,<br />

Brasil” (Barroso & Peixoto, 1991b) e publicaram o<br />

tratamento dos gêneros Marlierea e Calyptranthes,<br />

já citado (1995). A pesquisa apresentada em<br />

1991b não chegou a ser publicada. Nela consta,<br />

além de outras informações, uma chave para<br />

identificação de 97 táxons então reconhecidos pelas<br />

autoras e uma listagem das espécies assinalando as<br />

formações onde estavam representadas na RNV<br />

(Figura 1 e Figura 2).<br />

Figura 1: Identificação de espécies de Myrtaceae<br />

no herbário CVRD. a) da esquerda para a direita A.L.<br />

Peixoto, M.R.V. Barbosa, G.M. Barroso e D.A. Folli; b)<br />

G.M. Barroso. Fotos: Acervo AGMB/JBRJ.<br />

QUEM SÃO AS MYRTACEAE?<br />

As Myrtaceae compreendem arbustos, arvoretas<br />

ou árvores, geralmente com caule cilíndrico, casca<br />

áspera ou lisa, com ritidoma frequentemente se<br />

desprendendo em placas ou lâminas. Glândulas<br />

oleíferas que ocorrem por toda a planta em forma de<br />

pontos translúcidos salientes ou imersos no tecido. As<br />

folhas são simples, opostas, com margem geralmente<br />

inteira e nervação broquidódroma. Inflorescências<br />

cimosas ou racemosas, axilares ou terminais, em nós<br />

áfilos ou caulinar. Flores bissexuadas, actinomorfas<br />

com hipanto campanulado ou em forma de disco,<br />

cálice 3-5 lobado ou caliptriforme; corola com 4-5<br />

pétalas, ocasionalmente reduzidas ou ausentes,<br />

alvas; androceu polistêmone, anteras rimosas;<br />

estigma capitado ou punctiforme, raro bilobado<br />

ou navicular; ovário ínfero, 2-18-locular, 1-80<br />

óvulos por lóculo. Fruto bacoide, cálice persistente<br />

ou caduco, sementes 1-numerosas, embrião<br />

eugenioide, mircioide ou pimentoide (Barroso &<br />

Peixoto, 1995; Landrum & Kawasaki, 1997; Sobral,<br />

2007).<br />

A família é reconhecida não apenas pela grande<br />

diversidade, mas também pela importância<br />

econômica. Vários gêneros apresentam espécies<br />

com frutos comestíveis e comercializados, tais<br />

como Psidium (goiabas), Eugenia (pitangas),<br />

Plinia (jabuticabas) e Syzygium (jambo e jamelão);<br />

especiarias como o gênero Syzygium (cravo-daíndia)<br />

e importantes fontes de madeira e óleos<br />

essenciais como Eucalyptus e Corymbia. Muitas<br />

espécies de Psidium são ainda empregadas na<br />

medicina tradicional contra diarreias, dores de<br />

barriga e afecções da garganta, além do potencial<br />

ornamental de alguns gêneros como Callistemon,<br />

Melaleuca, Myrrhinium e Eugenia. Espécies de<br />

Myrtaceae apresentam ainda importante papel<br />

ecológico como fonte alimentar para a fauna<br />

silvestre (Gressler et al., 2006) sendo utilizadas<br />

em programas de restauração ecológica de<br />

ecossistemas naturais.<br />

A FAMÍLIA MYRTACEAE NA <strong>RESERVA</strong><br />

<strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Apontada como uma das famílias com maior<br />

riqueza de espécies do Domínio Atlântico (Forzza<br />

et al., 2010), Myrtaceae destaca-se no estado


GIARETTA ET AL.<br />

MYRTACEAE<br />

Figura 2: Ilustrações a nanquim de espécies de Myrtaceae coletadas na Reserva Natural Vale: 1) Eugenia<br />

bahiensis O.Berg: a) ramo; b) botão floral (D.A. Folli 278). 2) Myrcia lineata (O.Berg) Nied.: a) ramo; b) detalhe da<br />

inflorescência; c) fruto (J. Spada 75). 3) Myrcia multiflora (Lam.) DC.: a) ramo; b) botão floral; c) fruto (I.A. Silva<br />

370). 4) Neomitranthes langsdorffii (O.Berg) Mattos: detalhe dos ramos e inflorescência (D.A. Folli 449).<br />

2 4 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

250<br />

do Espírito Santo entre as famílias mais ricas na<br />

vegetação de restinga (Pereira & Araujo, 2000),<br />

Matas de Tabuleiro (Jesus & Rolim, 2005) e florestas<br />

de encosta (Saiter et al., 2011). As restingas<br />

possuem menor ou maior extensão da planície<br />

arenosa ao longo do litoral capixaba, contudo, a<br />

diversidade de Myrtaceae na vegetação de restinga<br />

está homogeneamente distribuída (Giaretta et al.,<br />

2015). Nas florestas de altitude (submontana e<br />

montana – 50 a 1.500 m a.m.) da região de Santa<br />

Teresa foram registrados os maiores índices de<br />

riqueza observada de Myrtaceae bem como nas<br />

Matas de Tabuleiro na região de Linhares, ambas<br />

apontadas como as áreas mais notáveis quanto à<br />

diversidade de Myrtaceae no estado (Giaretta et<br />

al., 2015).<br />

Na RNV, uma das maiores áreas protegidas de<br />

Floresta Atlântica no estado do Espírito Santo,<br />

Myrtaceae tem sido indicada entre as famílias com<br />

maior riqueza de espécies (Peixoto & Gentry, 1990;<br />

Jesus & Rolim, 2005; Rolim et al., 2006). Com o<br />

conhecimento científico atual pode-se afirmar que<br />

a RNV detém o maior contingente de espécies<br />

de Myrtaceae em unidades de conservação<br />

do Espírito Santo (Giaretta et al., 2015). Estão<br />

depositados no herbário CVRD 1.195 espécimes<br />

até a presente data, dos quais 977 são de coletas<br />

realizadas na própria Reserva, geralmente com<br />

duplicatas em outras coleções tanto do Brasil como<br />

do exterior, que correspondem a 108 espécies em<br />

11 gêneros. Eugenia e Myrcia são os gêneros mais<br />

representativos, compreendendo juntos cerca de<br />

65% das espécies (Tabela 1).<br />

Essa importante coleção é resultado de estudos<br />

de inventários florestais, florísticos e de estrutura<br />

desenvolvidos na RNV e reflete o extenso trabalho<br />

de coleta sistematizada realizado em toda a área<br />

pela própria RNV como também por estudiosos da<br />

família. A coleção do herbário CVRD compreende<br />

mais da metade (55%) de todos os registros de<br />

Myrtaceae em áreas protegidas do estado e além do<br />

valor documental, tem enorme valor taxonômico,<br />

pois vem sendo estudada por especialistas de<br />

diferentes instituições desde o início de sua<br />

constituição, quer através de duplicatas que foram<br />

enviadas aos herbários do Brasil e do exterior para<br />

identificação, quer através de expedições realizadas<br />

por muitos deles à RNV.<br />

Assim, a evolução dos estudos da flora de<br />

Myrtaceae da RNV está ligada à evolução do próprio<br />

crescimento e qualificação da coleção (Figura 3). O<br />

herbário foi fundado em 1963 para documentar<br />

espécies arbóreas oriundas de inventário florestal<br />

então realizado (Germano Filho et al., 2000). A<br />

maior parte dos espécimes iniciais da coleção foram<br />

danificados, porém, encontram-se duplicatas em<br />

outros herbários tanto no Brasil como no exterior,<br />

tendo destaque entre os coletores A.M. Lino e J.<br />

Spada, diretamente vinculados à RNV. A coleção<br />

tomou impulso a partir de 1978, com coletas<br />

sistematizadas, ainda nesta fase, para documentar a<br />

flora arbórea local, expandindo-se, posteriormente,<br />

a todas as formas de crescimento de plantas,<br />

tendo destaque os coletores da própria RNV, I.A.<br />

Silva, G.L. Farias, D.A. Folli e mais recentemente G.<br />

Siqueira. Em 1979, foi indexado entre os herbários<br />

do mundo, no Index Herbariorum (http://sciweb.<br />

nybg.org/science2/IndexHerbariorum.asp), com o<br />

acrônimo CVRD.<br />

Figura 3: Espécimes de Myrtaceae depositados no<br />

herbário da Reserva Natural Vale (CVRD) no período de<br />

1930 a 2015.<br />

Os primeiros registros de coleta de Myrtaceae<br />

na região datam de 1934, quando João Geraldo<br />

Kuhlmann coletou espécimes de Eugenia astringens<br />

na Lagoa do Juparanã, Linhares (Kuhlmann, 111) e<br />

Myrcia amazonica entre o Córrego Grande e a Lagoa<br />

do Durão, em Linhares (Kuhlmann, 165). Em 1947,<br />

Álvaro Aguirre, conservacionista e idealizador da<br />

Reserva Biológica de Sooretama, coletou espécime<br />

de Myrciaria floribunda no “Refúgio Sooretama”,<br />

em Linhares (Aguirre, RB 60632). Na década de<br />

1960, Aparício Pereira Duarte coletou espécimes<br />

de Calyptranthes brasiliensis “de Linhares para<br />

São Mateus” (Duarte, 9152) e Dimitri Sucre, em<br />

1969, coletou quatro espécimes na Reserva de


GIARETTA ET AL.<br />

MYRTACEAE<br />

Tabela 1: Lista de espécies de Mytaceae, respectivas fisionomias de coleta e estado de conservação.<br />

Espécie MA MU CN APSI Voucher Estado de<br />

Conservação*<br />

Blepharocalyx eggersii (Kiaersk.) Landrum × A.N. Lino 74<br />

Calyptranthes brasiliensis Spreng. × × G.L. Farias 99<br />

Calyptranthes glazioviana Kiaersk. × I.A. Silva 352<br />

Calyptranthes grandifolia O.Berg × D.A. Folli 2223<br />

Calyptranthes lucida Mart. ex DC. × D.A. Folli 4722<br />

Campomanesia anemonea Landrum × D.A. Folli 5031<br />

Campomanesia espiritosantensis Landrum × D.A. Folli 494 CR<br />

Campomanesia guaviroba (DC.) Kiaersk. × × D.A. Folli 1020<br />

Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O.Berg × × G.S. Siqueira 55<br />

Campomanesia laurifolia Gardner × × G.S. Siqueira 466<br />

Campomanesia lineatifolia Ruiz & Pav. × D.A. Folli 2235<br />

Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O.Berg × D.A. Folli 6750<br />

Eugenia adenantha O.Berg × D.A. Folli 7324<br />

Eugenia astringens Cambess. × × × D.A. Folli 5350<br />

Eugenia bahiensis O.Berg × × D.A. Folli 3561<br />

Eugenia batingabranca Sobral × D.A. Folli 7073<br />

Eugenia beaurepairiana (Kiaersk.) D.Legrand × × D.A. Folli 4819<br />

Eugenia bocainensis Mattos × A.M. Lino 56<br />

Eugenia brasiliensis Lam. × D.A. Folli 461<br />

Eugenia brejoensis Mazine × × D.A. Folli 5417<br />

Eugenia aff. brevistyla D.Legrand × D.A. Folli 12<br />

Eugenia candolleana DC. × × G.S. Siqueira 833<br />

Eugenia cataphyllea M.C.Souza & Sobral × D.A. Folli 4068<br />

Eugenia copacabanensis Kiaersk. × D.A. Folli 4961<br />

Eugenia dichroma O.Berg × × D.A. Folli 31<br />

Eugenia ellipsoidea Kiaersk. × D.A. Folli 6167<br />

Eugenia excelsa O.Berg × × D.A. Folli 105<br />

Eugenia fusca O.Berg × G.S. Siqueira 805<br />

Eugenia hispidiflora Sobral & M.C.Souza × D.A. Folli 4431<br />

Eugenia involucrata DC. × D.A. Folli 7311<br />

Eugenia itapemirimensis Cambess. × D.A. Folli 1314<br />

Eugenia macrantha O.Berg × D.A. Folli 472<br />

Eugenia macrosperma DC. × × I.A. Silva 297<br />

Eugenia maritima DC. × × × D.A. Folli 6351<br />

Eugenia melanogyna (D.Legrand) Sobral × × D.A. Folli 4823<br />

Eugenia monosperma Vell. × D.A. Folli 3596<br />

Eugenia moonioides O.Berg × I.A. Silva 248<br />

Eugenia neosilvestris Sobral × G.S. Siqueira 63<br />

Eugenia pisiformis Cambess. × × D.A. Folli 398<br />

Eugenia platyphylla O.Berg × D.A. Folli 412<br />

Eugenia plicatocostata O.Berg × D.A. Folli 1486<br />

Eugenia prasina O.Berg × D.A. Folli 6263<br />

Eugenia pruinosa D.Legrand × D.A. Folli 1424 EN<br />

Eugenia pruniformis Cambess. × J. Spada 78/78<br />

Eugenia punicifolia (Kunth) DC. × × × D.A. Folli 1946<br />

Eugenia pyriflora O.Berg × D.A. Folli 4683<br />

Eugenia repanda O.Berg × D.A. Folli 1391<br />

Eugenia rostrata O.Berg × D.A. Folli 5148<br />

2 5 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Espécie MA MU CN APSI Voucher Estado de<br />

Conservação*<br />

Eugenia sulcata Spring ex Mart. × × D.A. Folli 602<br />

Eugenia supraaxilaris Spreng. × D.A. Folli 3846<br />

Eugenia unana Sobral × D.A. Folli 3283<br />

Marlierea acuminatissima (O.Berg) D.Legrand × I.A. Silva 19<br />

Marlierea estrellensis O.Berg × D.A. Folli 319<br />

Marlierea excoriata Mart. × D.A. Folli 2161<br />

Marlierea glabra Cambess. × D.A. Folli 81<br />

Marlierea neuwiediana (O.Berg) Nied. × J.A. Lombardi 9649<br />

Marlierea obversa D.Legrand × I.A. Silva 2<br />

Marlierea polygama (O.Berg) D.Legrand × A.M. Lino 122<br />

Marlierea regeliana O.Berg × D.A. Folli 1507<br />

Marlierea aff. schottii D.Legrand × D.A. Folli 7327<br />

Marlierea suaveolens Cambess. × M.C. Souza 542<br />

Marlierea sucrei G.M.Barroso & Peixoto × × I.A. Silva 366<br />

Myrceugenia campestris (DC.) D.Legrand & Kausel × M.F. Freitas 270<br />

Myrcia amazonica DC. × × D.A. Folli 6250<br />

Myrcia bergiana O.Berg × × D.A. Folli 4745<br />

Myrcia bicolor Kiaersk. × D.A. Folli 4768<br />

Myrcia brasiliensis Kiaersk. × G.S. Siqueira 606<br />

Myrcia cerqueiria (Nied.) E.Lucas & Sobral × D.A. Folli 3001<br />

Myrcia curtipendula NicLugh. × D.A. Folli 4818<br />

Myrcia eumecephylla (O.Berg) Nied. × D.A. Folli 6885<br />

Myrcia ferruginosa Mazine × D.A. Folli 3006<br />

Myrcia follii G.M.Barroso & Peixoto × D.A. Folli 821 CR<br />

Myrcia freyreissiana (O.Berg) Kiaersk. × I.A. Silva 373<br />

Myrcia gilsoniana G.M.Barroso & Peixoto × × J. Spada 57 CR<br />

Myrcia guianensis (Aubl.) DC. × D.A. Folli 3572<br />

Myrcia ilheosensis Kiaersk. × × D.A. Folli 902<br />

Myrcia isaiana G.M.Barroso & Peixoto × I.A. Silva 21 EN<br />

Myrcia lineata (O.Berg) Nied. × D.A. Folli 5130 EN<br />

Myrcia maximiliana O.Berg × G.S. Siqueira 841<br />

Myrcia multiflora (Lam.) DC. × × × D.A. Folli 4399<br />

Myrcia multipunctata Mazine × D.A. Folli 1466<br />

Myrcia ovata Cambess. × × D.A. Folli 275<br />

Myrcia palustris DC. × × × D.A. Folli 1568<br />

Myrcia panicularis (O.Berg) N.Silveira × I.A. Silva 308<br />

Myrcia pubipetala Miq. × I.A. Silva 227<br />

Myrcia racemosa (O.Berg) Kiaersk. × × × × G.L. Farias 597<br />

Myrcia riodocensis G.M.Barroso & Peixoto × D. Sucre 8269 CR<br />

Myrcia rufipes DC. × I.A. Silva 246<br />

Myrcia splendens (Sw.) DC. × × × I.A. Silva 36<br />

Myrcia springiana (O.Berg) Kiaersk. × D.A. Folli 4177<br />

Myrcia tenuifolia (O.Berg) Sobral × I.A. Silva 357<br />

Myrcia vittoriana Kiaersk. × × × G.L. Farias 344<br />

Myrciaria ferruginea O.Berg × D.A. Folli 5147<br />

Myrciaria floribunda (West. ex Willd) O.Berg × × × D.A. Folli 497<br />

Myrciaria strigipes O.Berg × × D.A. Folli 4766<br />

Myrciaria tenella (DC.) O.Berg × D.A. Folli 2965<br />

Neomitranthes langsdorffii (O.Berg) Mattos × × × M.C. Souza 351 EN<br />

252


GIARETTA ET AL.<br />

MYRTACEAE<br />

Espécie MA MU CN APSI Voucher Estado de<br />

Conservação*<br />

Neomitranthes stictophylla × D.A. Folli 22 EN<br />

(G.M.Barroso & Peixoto) M.C.Souza<br />

Plinia phitrantha (Kiaersk.) Sobral × D.A. Folli 2230<br />

Plinia renatiana G.M.Barroso & Peixoto × I.A. Silva 104 EN<br />

Plinia rivularis (Cambess.) Rotman × D.A. Folli 183<br />

Plinia spiritosantensis (Mattos) Mattos × D.A. Folli 331<br />

Psidium brownianum Mart. ex DC. × × × × G.S. Siqueira 305<br />

Psidium guineense Sw. × × D.A. Folli 3252<br />

Psidium longipetiolatum D.Legrand × D.A. Folli 5993<br />

Psidium myrtoides O.Berg x D.A.Folli 5040<br />

Psidium oblongatum O.Berg × × D.A. Folli 6505<br />

Psidium sartorianum (O.Berg) Nied. × I.A. Silva 279<br />

*Com base no Livro Vermelho da Flora do Brasil (Proença et al., 2013)<br />

Sooretama: Eugenia brevistyla (Sucre, 5543),<br />

Calyptranthes brasiliensis (Sucre, 5618), Eugenia<br />

pisiformis (Sucre, 5693) e Myrcia limae (Sucre,<br />

9660). A partir da década de 1970, as coletas se<br />

intensificaram, como mostra a Figura 3.<br />

Inventários florísticos e florestais realizados nas<br />

Matas de Tabuleiro (Peixoto & Gentry, 1990; Jesus<br />

& Rolim, 2005; Rolim et al., 2006) colocaram em<br />

evidência a grande riqueza de espécies da família<br />

na RNV, que aliado ao envio de duplicatas para<br />

diferentes herbários e expedições de especialistas<br />

à área, tem levado à descrição de novos táxons<br />

a partir de exemplares coletados nas Matas de<br />

Tabuleiro (Germano Filho et al., 2000) (Tabela 2),<br />

além de ampliar a documentação de espécies na<br />

região (Figura 4).<br />

As novas espécies descritas e maior parte dos<br />

estudos desenvolvidos a partir de coletas da RNV são<br />

provenientes da formação Mata Alta, evidenciando a<br />

representatividade desta formação que compreende<br />

cerca de 70% da área total da Reserva (Peixoto et<br />

al., 2008). A Mata Alta está estabelecida sobre solo<br />

essencialmente argiloso, mas também com influência<br />

de sedimentos arenosos (Garay et al., 2003). Dentre<br />

as formações vegetais da RNV, a Mata Alta é a que<br />

apresenta maior diversidade de espécies (97), sendo<br />

67 espécies com coletas apenas nesta formação,<br />

29 espécies compartilhadas com as florestas de<br />

Muçununga, 11 espécies compartilhadas com o<br />

Campo Nativo e quatro espécies compartilhadas<br />

com as áreas permanentemente ou sazonalmente<br />

inundadas. Ocorrem nesta formação, Calyptranthes<br />

lucida, Eugenia prasina, Marlierea excoriata e Myrcia<br />

cerqueiria.<br />

Tabela 2: Exemplo de táxons descritos com material coletado na RNV.<br />

Espécie Coletor (nº)/ Ano de<br />

Ano da coleta publicação<br />

Campomanesia espiritosantensis Landrum D.A. Folli (494) / 1984 1987<br />

Eugenia batingabranca Sobral D.A. Folli (365) / 1984 1987<br />

Eugenia cataphyllea M.C. Souza & Sobral D.A. Folli (4068) / 2001 2015<br />

Eugenia hispidiflora Sobral & M.C. Souza D.A. Folli (4431) / 2002 2015<br />

Marlierea sucrei G.M.Barroso & Peixoto D. Sucre (8320) / 1972 1990<br />

Myrcia follii G.M.Barroso & Peixoto D.A. Folli (821) / 1988 1990<br />

Myrcia gilsoniana G.M.Barroso & Peixoto J. Spada (57) / 1972 1990<br />

Myrcia isaiana G.M.Barroso & Peixoto I.A. Silva (21) / 1988 1990<br />

Myrcia riodocensis G.M.Barroso & Peixoto D. Sucre (8269) / 1972 1990<br />

Neomitranthes stictophylla (G.M.Barroso & Peixoto) M.C.Souza D.A. Folli (22) / 1978 1991<br />

Plinia renatiana G.M.Barroso & Peixoto I.A. Silva (104) / 1973 1991<br />

2 5 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 4 Detalhe da inflorescência de Eugenia neosilvestris Sobral: a) em coleta recente (Foto: A.<br />

Giaretta); b) desenho a nanquim da década de 1980 (R. Garcia). Fotografias de expedições para coleta<br />

de Myrtaceae: c) A. Tuler coletando Psidium longipetiolatum D.Legrand (Foto: A. Giaretta); d) M. Souza e<br />

A. Giaretta coletando Psidium oblongatum O.Berg. (Foto: A.Tuler).<br />

254


GIARETTA ET AL.<br />

MYRTACEAE<br />

A floresta de Muçununga ocupa cerca de<br />

8% da área da RNV e constitui enclaves de solo<br />

predominantemente arenoso em meio à Mata Alta.<br />

Na floresta de Muçununga da RNV, Myrtaceae se<br />

sobressai quanto à densidade, mas também pela<br />

elevada riqueza (Simonelli et al., 2008). Foram<br />

registradas para essa formação, um total de 38<br />

espécies, sendo cinco exclusivas dessas florestas:<br />

Campomanesia anemonea, Eugenia neosilvestris,<br />

Marlierea neuwiediana, Marlierea obversa, Myrciaria<br />

tenella).<br />

O Campo Nativo se estende por<br />

aproximadamente 6% da área da RNV, possui<br />

solo arenoso como na Muçununga, entretanto,<br />

as condições edáficas do primeiro diferem pela<br />

pequena profundidade da camada arenosa,<br />

criando condições de inundação onde predomina<br />

uma vegetação herbácea com arbustos esparsos<br />

(Araujo et al., 2008; Ferreira et al., 2014). Dentre<br />

os arbustos, cujo sombreamento cria condições<br />

microclimáticas favoráveis para outras espécies<br />

e, ainda, gera suporte para orquídeas e bromélias,<br />

Myrtaceae contribui com 15 espécies nesta<br />

formação, sendo as mais frequentes Calyptranthes<br />

brasiliensis e Psidium brownianum.<br />

As áreas permanentemente ou sazonalmente<br />

inundadas apresentam um total de seis espécies,<br />

sendo Eugenia unana e Myrceugenia campestris<br />

exclusivas dessa formação. Vale destacar que as<br />

únicas espécies registradas para todas as formações<br />

vegetacionais ocorrentes na RNV foram Myrcia<br />

racemosa e Psidium brownianum.<br />

Giaretta et al. (2015), a partir de espécimes<br />

de Myrtaceae do Espírito Santo depositados em<br />

herbários, chegaram à conclusão de que as áreas<br />

com maior diversidade e endemismo são também<br />

aquelas mais bem coletadas, sugerindo que<br />

parâmetros potenciais de riqueza e endemismo<br />

ainda permanecem inexplorados em áreas pouco<br />

amostradas. Neste sentido, com base no número<br />

de coletas, a RNV se estabelece como a área<br />

florestal mais conhecida do estado e, mesmo<br />

assim, atualmente ainda são descritas espécies<br />

antes desconhecidas para a ciência (p. ex. Coelho,<br />

2010; Lopes et al., 2013; Sobral & Souza,<br />

2015). Giaretta et al. (2015) ainda assinalaram<br />

18 espécies endêmicas para o estado, das quais<br />

Campomanesia espiritosantensis, Myrcia follii, M.<br />

limae e M. riodocensis, também ocorrentes na RNV,<br />

foram apontadas com base em diferentes critérios<br />

como mais vulneráveis à extinção.<br />

Dada a elevada diversidade na RNV, incluindo o<br />

entorno e a Reserva Biológica de Sooretama, essa<br />

área é reconhecida como de extrema importância<br />

para a conservação (Espírito Santo, 2010). No<br />

Livro Vermelho da Flora do Brasil, das 18 espécies<br />

listadas por Proença et al. (2013) como ameaçadas<br />

de extinção, 10 espécies ocorrem na RNV, das<br />

quais cinco são endêmicas do Espírito Santo.<br />

Em razão da distribuição restrita, essas espécies<br />

estão mais susceptíveis a processos que podem<br />

levar à redução de suas populações e mesmo à<br />

extinção. Além disso, o intenso grau de ameaça<br />

causado pela histórica substituição de florestas por<br />

sistemas agropastoris e silvicultura com espécies<br />

exóticas promoveram a redução e declínio da<br />

qualidade de habitat, intensificado pela invasão<br />

de espécies exóticas nos remanescentes naturais.<br />

Dessa maneira, em um cenário de mudanças<br />

climáticas globais e cujos fatores que ameaçam a<br />

biodiversidade são constantes, o papel da RNV em<br />

abrigar, conservar e promover o conhecimento da<br />

biodiversidade da Mata de Tabuleiro capixaba se<br />

torna cada vez mais estratégico.<br />

Os resultados aqui apresentados confirmam a<br />

grande riqueza de espécies da família Myrtaceae na<br />

RNV e, ao mesmo tempo, revela a sua importância<br />

para a conservação da família na Floresta Atlântica.<br />

Embora nos últimos anos esforços tenham sido<br />

empregados para caracterização da família na RNV,<br />

inventários locais ainda são de extrema importância,<br />

bem como estudos mais aprofundados sobre as<br />

espécies.<br />

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2 5 7


258<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

14<br />

Alexandre<br />

LEVANTAMENTO E DISTRIBUIÇÃO<br />

DAS BIGNONIACEAE NA <strong>RESERVA</strong><br />

<strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Rizzo Zuntini & Lúcia G. Lohmann<br />

INTRODUÇÃO<br />

Bignoniaceae é composta por 80 gêneros e<br />

aproximadamente 840 espécies (Lohmann &<br />

Ulloa, 2015). A família apresenta distribuição<br />

Pantropical, sendo o Neotrópico a região com<br />

maior diversidade, concentrando quase 80% das<br />

espécies (Gentry, 1980). Inclui principalmente<br />

lianas e árvores, com folhas geralmente<br />

compostas e opostas, flores gamossépalas e<br />

gamopétalas, com quatro estames didínamos,<br />

um estaminódio e disco nectarífero na base do<br />

ovário, além de frutos do tipo cápsula e sementes<br />

aladas (Fisher et al., 2004; Figuras 1–2).<br />

Estudos filogenéticos recentes propuseram<br />

novos sistemas de classificação ao nível<br />

genérico (p. ex. Grose & Olmstead, 2007;<br />

Lohmann & Taylor, 2014) e tribal (Olmstead et<br />

al., 2009). Atualmente, oito clados principais<br />

são reconhecidos: seis dos quais correspondem<br />

às tribos Bignonieae, Catalpeae, Jacarandeae,<br />

Oroxyleae, Tecomeae e Tourrettieae, enquanto<br />

dois são informalmente chamados de Clado<br />

Paleotropical (Paleotropical Clade) e Aliança<br />

Tabebuia (Tabebuia Alliance).<br />

A família é bem representada na região<br />

Neotropical, figurando entre as 10 famílias<br />

mais diversas, tanto em florestas secas quanto<br />

úmidas (Gentry, 1982). No Brasil, centro de<br />

diversidade da família (Gentry, 1980), ocorrem<br />

31 gêneros e 402 espécies, 193 das quais são<br />

endêmicas (Lohmann, 2015). Estas espécies<br />

estão distribuídas em três linhagens estritamente<br />

Neotropicais: (i) tribo Bignonieae; (ii) tribo<br />

Jacarandeae e (iii) clado Aliança Tabebuia.<br />

Bignonieae é a maior tribo da família,<br />

abarcando 21 gêneros e 393 espécies (Lohmann<br />

& Taylor, 2014). As espécies deste grupo são<br />

geralmente lianas caracterizadas pela formação<br />

de 4-32 cunhas de floema, profilos das gemas<br />

axilares frequentemente desenvolvidos, folhas<br />

comumente 2–3-folioladas com o folíolo terminal<br />

modificado em gavinha e frutos com deiscência<br />

septicida (Lohmann & Taylor, 2014; Figura 1).<br />

Esta tribo tem grande importância ecológica, pois<br />

representa o principal componente lianescente<br />

na região Neotropical (Gentry, 1982). Todos os<br />

gêneros da tribo Bignonieae ocorrem no Brasil,<br />

onde estão representados por 317 espécies<br />

nativas (Lohmann, 2015).<br />

A tribo Jacarandeae representa a primeira<br />

linhagem que divergiu em Bignoniaceae (Olmstead<br />

et al., 2009). Esta tribo inclui dois gêneros nativos<br />

do Brasil, Digomphia Benth. e Jacaranda Juss.<br />

Digomphia inclui 3 espécies (Gentry, 1992a), duas<br />

das quais ocorrem no Brasil (Lohmann, 2015).<br />

Jacaranda, por sua vez, inclui 49 espécies (Gentry,<br />

1992a), 36 das quais ocorrem no Brasil (Lohmann,<br />

2015). Espécies de Jacarandeae são árvores<br />

ou arbustos com folhas geralmente bipinadas,<br />

2 5 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

estaminódio alongado e exserto, e cápsulas<br />

loculicidas, achatadas perpendicularmente ao septo<br />

(Gentry, 1992a; Figura 2A–C).<br />

O clado Aliança Tabebuia inclui 14 gêneros e<br />

147 espécies de árvores e arbustos com folhas<br />

digitadas e cápsulas loculicidas (Olmstead et al.,<br />

2009; Figura 2D–O). Dois terços das espécies<br />

deste grupo estão alocadas nos gêneros<br />

Handroanthus Mattos e Tabebuia Gomes ex<br />

DC. Além destes, seis outros gêneros também<br />

ocorrem no Brasil: Crescentia L., Cybistax Mart.<br />

ex Meisn., Godmania Hemsl., Paratecoma Kuhlm.,<br />

Sparattosperma Mart. ex Meisn. e Zeyheria<br />

Mart. (Lohmann, 2015).<br />

Representantes destes três clados de<br />

Bignoniaceae ocorrem na Reserva Natural Vale<br />

(RNV), onde a família está entre as dez mais<br />

diversas famílias de angiospermas (CVRD,<br />

1998). Este grande potencial atraiu a atenção<br />

de especialistas, como Alwyn Gentry (entre<br />

1985 e 1987) e Lúcia Lohmann (em 2001),<br />

que realizaram coletas focadas nesta família e<br />

impulsionaram significativamente o conhecimento<br />

das Bignoniaceae na região, levando a um total<br />

de 51 espécies e 26 gêneros conhecidos para a<br />

RNV (CVRD, 2002). Desde então, novas coletas<br />

foram realizadas aprimorando ainda mais o<br />

conhecimento sobre a flora local. O alto número<br />

de gêneros e espécies de Bignoniaceae na RNV fez<br />

com que esta reserva fosse selecionada como um<br />

dos quatro principais sítios de amostragem para<br />

a filogenia da tribo Bignonieae (Lohmann, 2006).<br />

Assim, a Reserva atualmente representa uma<br />

área chave para estudos ecológicos e evolutivos<br />

em Bignoniaceae. Neste contexto, a minuciosa<br />

caracterização da flora da família na RNV é<br />

fundamental para embasar estes estudos.<br />

METODOLOGIA<br />

Este estudo foi baseado na lista de espécies<br />

de Bignoniaceae compilada por Lohmann em<br />

2001 e publicada como parte da lista florística<br />

de espécies da CVRD (2002). Através desta lista<br />

e das informações fenológicas disponíveis nas<br />

etiquetas dos materiais depositados em herbário,<br />

foram planejadas novas expedições de campo e<br />

consultas aos acervos CVRD, MBML, MO, NY,<br />

RB, SPF e VIES (siglas segundo Thiers, 2015),<br />

visando detectar novos registros para a área.<br />

Foram realizadas sete expedições de coleta<br />

entre 2007 e 2011, distribuídas ao longo do<br />

ano todo, a fim de cobrir o período de floração<br />

e frutificação de todas as espécies. Ao todo,<br />

foram coletadas 272 novas amostras, as quais<br />

foram fotografadas em campo ou laboratório. As<br />

fotografias de material vivo incluíram detalhes<br />

dos folíolos, flores, frutos e sementes, bem como<br />

fotos do hábito das diversas espécies. Estas fotos<br />

estão sendo utilizadas para a produção de um<br />

guia de campo para identificação das espécies de<br />

Bignoniaceae da Reserva Natural Vale (Zuntini &<br />

Lohmann, em preparação).<br />

Este trabalho segue as classificações<br />

recentes da tribo Bignonieae (Lohmann & Taylor,<br />

2014) e Aliança Tabebuia (Grose & Olmstead,<br />

2007). Além disso, especialistas e tratamentos<br />

taxonômicos para gêneros específicos foram<br />

também consultados, visando a checagem de<br />

identificações e esclarecimentos taxonômicos,<br />

especialmente no caso de espécies de difícil<br />

circunscrição; estes trabalhos estão citados ao<br />

longo do texto.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Levantamento das espécies de<br />

Bignoniaceae da Reserva Natural Vale (RNV)<br />

Foram registrados 25 gêneros e 62 espécies<br />

de Bignoniaceae para a Reserva Natural Vale<br />

(Tabela 1). Destes, 18 gêneros e 44 espécies<br />

são representantes de Bignonieae, um gênero e<br />

duas espécies de Jacarandeae e seis gêneros e<br />

16 espécies do clado Aliança Tabebuia (Figuras<br />

1-2). A diversidade de Bignoniaceae encontrada<br />

na RNV representa quase metade das 115<br />

espécies da família ocorrentes no estado do<br />

Espírito Santo (Lohmann, 2015) e cerca de um<br />

terço das 199 espécies documentadas para a<br />

Mata Atlântica (Lohmann & Tarabay, 2009).<br />

Dentre os gêneros de lianas, os mais diversos<br />

são Adenocalymma Mart. ex Meisn. (9 spp.),<br />

Fridericia Mart. (5 spp.) e Mansoa DC. (4 spp.),<br />

enquanto Handroanthus (7 spp.) e Tabebuia (5<br />

spp.) são os gêneros arbóreos mais diversos<br />

(Tabela 1).<br />

260


ZUNTINI & LOHMANN<br />

BIGNONIACEAE<br />

Figura 1: Diversidade morfológica de Bignonieae. A: Hábito - Lundia virginalis; B–D: Seções transversais do caule;<br />

B: Adenocalymma validum; C: Bignonia prieurii; D: Dolichandra unguiculata; E–F: Folhas; E: Adenocalymma validum;<br />

F: Amphilophium crucigerum; G–K: Profilos das gemas axilares; G: Adenocalymma bracteatum; H: Amphilophium<br />

frutescens; I: Anemopaegma chamberlaynii; J: Bignonia corymbosa; K: Bignonia sciuripabulum; L–P: Inflorescência;<br />

L: Adenocalymma bracteatum; M: Lundia longa; N: Pleonotoma albiflora; O: Tynanthus cognatus; P: Fridericia<br />

subincana; Q–S: Flores; Q: Martinella insignis; R: Amphilophium crucigerum; S: Stizophyllum riparium; T–V: Frutos;<br />

T: Amphilophium crucigerum; U: Anemopaegma chamberlaynii; V: Mansoa onohualcoides; W–Y: Sementes; W:<br />

Anemopaegma chamberlaynii; X: Fridericia subincana; Y: Pleonotoma albiflora.<br />

2 6 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 2: Diversidade morfológica de Jacarandeae e Aliança Tabebuia. A–C: Jacarandeae; A: Folha de Jacaranda<br />

puberula; B: Flor de J. puberula; C: Fruto de J. puberula; B–O: Aliança Tabebuia; D: Folha de Handroanthus riodocensis;<br />

E–G: Inflorescência; E: Handroanthus riodocensis; F: Sparattosperma leucanthum; G: Tabebuia elliptica; H–J: Flores;<br />

H: Tabebuia cassinoides; I: Handroanthus arianeae; J: Zeyheria tuberculosa; K–L: Hábito; K: Handroanthus arianeae; L:<br />

Tabebuia cassinoides; M–O: Frutos; M: Handroanthus aff. chrysotrichus; N: Handroanthus serratifolius; O: Zeyheria<br />

tuberculosa.<br />

262


ZUNTINI & LOHMANN<br />

BIGNONIACEAE<br />

Tabela 1: Distribuição das espécies de Bignoniaceae encontradas na Reserva Natural Vale, organizadas<br />

por gênero, e status de conservação. Vouchers em negrito indicam tipos nomenclaturais. Fitofisionomias:<br />

Capoeiras (Ca), Campo Nativo (CN), Mata Ciliar (MC), Mata de Tabuleiro (MT), Muçununga (Mu) e<br />

Várzea (Va).<br />

Espécies Voucher Status Fitofisionomia<br />

Ca CN MC MT Mu Va<br />

Tribo Bignonieae 46/393 spp. 1<br />

Adenocalymma Mart. ex Meisn. 9/82 spp. 1<br />

A. aurantiacum Udulutsch & Assis Folli 3701 Ca MT<br />

A. bracteatum (Cham.) DC. Zuntini 29 Ca MT Mu<br />

A. coriaceum A. DC. Zuntini 254 Ca MT<br />

A. cymbalum (Cham.) Bureau & K.Schum. Zuntini 164 Ca MC MT Mu<br />

A. divaricatum Miers Folli 5151 MT<br />

A. hirtum (Mart. ex DC.) Bureau & K.Schum. Peixoto 3052 Ca<br />

A. hypostictum Bureau & K.Schum. Zuntini 257 Ca MT<br />

A. marginatum (Cham.) DC. Menandro 114 Ca MT<br />

A. validum (K.Schum.) L.G.Lohmann Zuntini 96 Ca MT<br />

Amphilophium Kunth 3/47 spp. 1<br />

A. bauhinioides (Bureau ex Baill.) L.G.Lohmann Folli 2685 Ca MT<br />

A. crucigerum (L.) L.G.Lohmann Zuntini 178 Ca MT<br />

A. frutescens (DC.) L.G.Lohmann Zuntini 167 Va<br />

Anemopaegma Mart. ex Meisn. 2/45 spp. 1<br />

A. chamberlaynii (Sims) Bureau & K.Schum. Zuntini 217 Ca CN MC MT Mu<br />

A. setilobum A.H.Gentry Siqueira 742 MT<br />

Bignonia L. 3/31 spp. 2<br />

B. corymbosa (Vent.) L.G.Lohmann Zuntini 170 Ca CN MC MT Mu Va<br />

B. prieurii DC. Zuntini 13 Ca MT<br />

B. sciuripabulum (K.Schum.) L.G.Lohmann Zuntini 119 Ca MT Mu<br />

Callichlamys Miq. 1/1 spp. 1<br />

C. latifolia (Rich.) K.Schum. Zuntini 171 Ca MT<br />

Cuspidaria DC. 1/19 spp. 1<br />

C. lasiantha (Bureau & K.Schum.) L.G.Lohmann Zuntini 267 Ca MT<br />

Dolichandra Cham. 3/9 spp. 3<br />

D. quadrivalvis (Jacq.) L.G.Lohmann Lohmann 686 MT<br />

D. unguiculata (Vell.) L.G.Lohmann Zuntini 176 MT<br />

D. unguis-cati (L.) L.G.Lohmann Zuntini 43 MT<br />

Fridericia Mart. 5/67 spp. 1<br />

F. chica (Bonpl.) L.G.Lohmann Zuntini 129 Ca MT<br />

F. conjugata (Vell.) L.G.Lohmann Zuntini 291 MT Mu<br />

F. rego (Vell.) L.G.Lohmann Zuntini 144 Ca MT Mu<br />

F. samydoides (Cham.) L.G.Lohmann Zuntini 218 Ca MT<br />

F. subincana (Mart.) L.G.Lohmann Zuntini 185 Ca MT Mu<br />

Lundia DC. 2/13 spp. 1<br />

L. longa (Vell.) DC. Zuntini 1 Ca CN Mu<br />

L. virginalis DC. Zuntini 126 Ca MT<br />

Mansoa DC. 4/12 spp. 1<br />

M. difficilis (Cham.) Bureau & K.Schum. Zuntini 259 Ca MT<br />

M. hymenaea (DC.) A.H.Gentry Zuntini 130 Ca<br />

M. lanceolata (DC.) A.H.Gentry Zuntini 230 Ca MT<br />

M. onohualcoides A.H.Gentry Zuntini 276 Ca<br />

2 6 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Espécies Voucher Status Fitofisionomia<br />

Ca CN MC MT Mu Va<br />

Martinella Baill. 1/3 spp. 4<br />

M. insignis A.H.Gentry ex Zuntini & L.G.Lohmann Zuntini 151 DD 4 Ca<br />

Neojobertia Baill. 1/2 spp. 1<br />

N. aff. mirabilis (Sandwith) L.G.Lohmann Zuntini 282 Ca MT<br />

Pleonotoma Miers 2/17 spp.1<br />

P. albiflora (Salzm. ex DC.) A.H.Gentry Zuntini 118 Ca<br />

P. stichadenium K.Schum. Folli 5186 Ca MC MT<br />

Pyrostegia C.Presl 1/3 spp. 1<br />

P. venusta (Ker Gawl.) Miers Siqueira 31 Ca MT<br />

Stizophyllum Miers 1/3 spp. 1<br />

S. riparium (Kunth) Sandwith Zuntini 219 Ca MT<br />

Tanaecium Sw. 1/17 spp. 1<br />

T. selloi (Spreng.) L.G.Lohmann Zuntini 201 Ca MT<br />

Tynanthus Miers 2/14 spp. 5<br />

T. cognatus (Cham.) Miers Zuntini 147 Ca MT Mu<br />

T. espiritosantensis M.C.Medeiros & L.G.Lohmann Folli 5931 DD 6 MT<br />

Xylophragma Sprague 2/7 spp. 1<br />

X. harleyi (A.H.Gentry ex M.M.Silva & L.P.Queiroz) Folli 1140 MT<br />

L.G.Lohmann<br />

X. myrianthum (Cham. ex Steud.) Sprague Zuntini 320 Ca MT<br />

Jacarandeae 2/52 spp. 7<br />

Jacaranda Juss. 2/49 spp. 7<br />

J. obovata Cham. Folli 633 Ca CN MT<br />

J. puberula Cham. Zuntini 107 MC Va<br />

Aliança Tabebuia 16/147 spp. 8<br />

Cybistax Mart. ex Meisn. 1/1 spp. 7<br />

C. antisyphilitica (Mart.) Mart. Folli 6450 Ca<br />

Handroanthus Mattos 7/30 spp. 9<br />

H. arianeae (A.H.Gentry) S.Grose Folli 658 EN 10 MT<br />

H. bureavii (Sandwith) S.Grose Zuntini 148 MC Va<br />

H. aff. chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos Zuntini 102 MC MT Mu<br />

H. cristatus (A.H.Gentry) S.Grose Farias 34 EN 11 MT<br />

H. heptaphyllus (Vell.) Mattos Zuntini 328 MC MT<br />

H. riodocensis (A.H.Gentry) S.Grose Silva 63 EN 10 MT<br />

H. serratifolius (Vahl) S.Grose Zuntini 153 MT Mu<br />

Paratecoma Kuhlm. 1/1 spp. 7<br />

P. peroba (Record) Kuhlm. Folli 137 EN 10 Ca MT<br />

Sparattosperma Mart. ex Meisn. 1/2 spp. 7<br />

S. leucanthum (Vell.) K.Schum. Zuntini 182 MT Mu<br />

Tabebuia Gomes ex DC. 5/67 spp. 9<br />

T. cassinoides (Lam.) DC. Zuntini 41 EN 10 Va<br />

T. elliptica (DC.) Sandwith Zuntini 253 CN Mu<br />

T. obtusifolia (Cham.) Bureau Folli 87 VU 11 MT<br />

T. roseo-alba (Ridley) Sandwith Silva 93 MT<br />

T. stenocalyx Sprague & Stapf. Zuntini 232 Va<br />

Zeyheria Mart. 1/2 spp. 7<br />

Z. tuberculosa (Vell.) Bureau Zuntini 186 VU 10 MT<br />

Referências: 1 Lohmann & Taylor (2014); 2 Zuntini et al. (2015b); 3 Fonseca et al. (2015); 4 Zuntini & Lohmann (2014); 5 Medeiros<br />

& Lohmann (2015); 6 Medeiros & Lohmann (2014); 7 Gentry (1992a); 8 Olmstead et al. (2009); 9 Grose & Olmstead (2007);<br />

10<br />

Lohmann et al. (2013); 11 Lohmann & Tarabay (2009).<br />

264


ZUNTINI & LOHMANN<br />

BIGNONIACEAE<br />

Foram documentados 11 novos registros<br />

de Bignoniaceae para a RNV desde o último<br />

levantamento florístico publicado (CVRD, 2002):<br />

Adenocalymma bracteatum (Cham.) DC., A.<br />

coriaceum A.DC., A. divaricatum Miers, A. hirtum<br />

(Mart. ex DC.) Bureau & K.Schum., A. hypostictum<br />

Bureau & K.Schum., Amphilophium frutescens<br />

(DC.) L.G.Lohmann, Cybistax antisyphilitica (Mart.)<br />

Mart., Mansoa hymenaea (DC.) A.H.Gentry, M.<br />

onohualcoides A.H.Gentry, Pleonotoma albiflora<br />

(Salzm. ex DC.) A.H.Gentry e Tynanthus cognatus<br />

(Cham.) Miers. Juntamente com estas, três novas<br />

espécies de Bignoniaceae foram recentemente<br />

descritas com base em materiais coletados na<br />

Reserva: Adenocalymma aurantiacum Udulutsch<br />

& Assis (Udulutsch et al., 2013), Martinella insignis<br />

A.H.Gentry ex Zuntini & L.G.Lohmann (Zuntini &<br />

Lohmann, 2014) e Tynanthus espiritosantensis<br />

M.C.Medeiros & L.G.Lohmann (Medeiros & Lohmann,<br />

2014). Além disso, três espécies arbóreas foram<br />

descritas anteriormente com base em materiais<br />

da Reserva: Tabebuia arianeae A.H.Gentry [=<br />

Handroanthus arianeae (A.H.Gentry) S.Grose],<br />

Tabebuia cristata A.H.Gentry [= Handroanthus<br />

cristatus (A.H.Gentry) S.Grose] e Tabebuia riodocensis<br />

A.H.Gentry [= Handroanthus riodocensis (A.H.Gentry)<br />

S.Grose] (Gentry 1992a), levando a um total de seis<br />

novas espécies de Bignoniaceae descritas a partir de<br />

espécimes coletados na Reserva (Tabela 1).<br />

Dentre as novas espécies, T. espiritosantensis<br />

é conhecida apenas do município de Linhares<br />

(Medeiros & Lohmann, 2014), enquanto três<br />

outras espécies raras da flora brasileira também são<br />

encontradas na região: Mansoa onohualcoides, H.<br />

arianeae e H. cristatus (Lohmann & Silva-Castro,<br />

2009). Espécies da tribo Bignonieae, amplamente<br />

distribuídas desde a Mata Atlântica até a América<br />

Central, também ocorrem na Reserva, tais como:<br />

Amphilophium crucigerum (L.) L.G.Lohmann,<br />

Bignonia corymbosa (Vent.) L.G.Lohmann,<br />

Callichlamys latifolia (Rich.) K.Schum., Dolichandra<br />

quadrivalvis (Jacq.) L.G.Lohmann, D. unguis-cati (L.)<br />

L.G.Lohmann, Friderica chica (Bonpl.) L.G.Lohmann,<br />

F. conjugata (Vell.) L.G.Lohmann e Stizophyllum<br />

riparium (Kunth) Sandwith (Lohmann & Taylor,<br />

2014). Dentre as arbóreas, a única amplamente<br />

distribuída é Handroanthus serratifolius (Vahl)<br />

S.Grose, a qual ocorre em toda a região tropical da<br />

América do Sul (Gentry, 1992a).<br />

Amostras estéreis coletadas na reserva foram<br />

identificadas preliminarmente como Adenocalymma<br />

flaviflorum (Miq.) L.G.Lohmann (voucher M. Sousa-<br />

Baena 02) e Jacaranda macrantha Cham. (voucher<br />

A.H. Gentry 59214). Caso confirmada a identidade<br />

destes materiais através de coletas de material<br />

fértil, estas espécies passarão a integrar a lista<br />

florística de Reserva. Além disso, algumas espécies<br />

de Bignoniaceae amplamente distribuídas foram<br />

coletadas em municípios próximos a Sooretama e<br />

é possível que ocorram na Reserva, em particular:<br />

Amphilophium paniculatum (L.) Kunth, Fridericia<br />

speciosa Mart., Lundia corymbifera (Vahl) Sandwith,<br />

Pleonotoma melioides (S. Moore) A.H. Gentry e<br />

Tanaecium pyramidatum (Rich.) L.G.Lohmann.<br />

Algumas espécies apresentadas no inventário<br />

disponibilizado pela CVRD (2002) sofreram<br />

alterações taxonômicas e/ou receberam novas<br />

identificações e não constam no presente<br />

inventário. Mais especificamente, os materiais<br />

anteriormente identificados como Adenocalymma<br />

periglandulosum A.H. Gentry, nom. ined. (in sched.)<br />

e A. salmoneum J.C.Gomes (in sched.) foram usados<br />

para descrever A. aurantiacum (Udulutsch et al.,<br />

2013). Por outro lado, Anemopaegma citrifolium<br />

(DC.) Baill. é atualmente considerada sinônimo de<br />

A. chamberlaynii (Sims) Bureau & K.Schum. (Arbo<br />

& Lohmann, 2008). Bignonia binata Thunb. teve<br />

sua circunscrição redefinida, com os materiais da<br />

RNV sendo agora tratados sob B. sciuripabulum<br />

(K.Schum.) L.G.Lohmann (Zuntini et al., 2015a).<br />

Lundia cordata (Vell.) DC. era um nome erroneamente<br />

aplicado à espécie atualmente reconhecida como<br />

Lundia longa (Vell.) DC. (Lohmann & Taylor, 2014).<br />

Por fim, Tynanthus elegans Miers foi recentemente<br />

sinonimizado em T. cognatus (Cham.) Miers<br />

(Medeiros & Lohmann, 2015).<br />

No Brasil, 23 espécies da família Bignoniaceae<br />

estão ameaçadas (Lohmann et al., 2013). Destas,<br />

cinco espécies arbóreas são encontradas na RNV:<br />

Handroanthus arianeae, H. riodocensis, Paratecoma<br />

peroba (Record) Kuhlm., Tabebuia cassionoides<br />

(Lam.) DC. e Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bureau.<br />

Além destas, outras duas espécies também figuram<br />

com algum grau de ameaça: Handroanthus cristatus<br />

e Tabebuia obtusifolia (Cham.) Bureau (Lohmann<br />

& Tarabay, 2009). Todas estas espécies são<br />

extraídas para fins madeireiros, o que compromete<br />

a recuperação de suas populações em razão de<br />

2 6 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

266<br />

baixas densidades da espécie e predominância de<br />

indivíduos adultos (Schulze et al., 2008). A alta<br />

diversidade e representatividade da família nesta<br />

área, associado ao alto número de espécies raras e<br />

ameaçadas, indicam claramente o importante papel<br />

da Reserva para a proteção e conservação das<br />

Bignoniaceae do Espírito Santo e Mata Atlântica.<br />

Dentre as espécies listadas, algumas apresentam<br />

interesse econômico. O principal uso é na indústria<br />

madeireira, dada a alta qualidade da madeira<br />

encontrada nos gêneros Handroanthus e Paratecoma<br />

(Gentry, 1992b). Apesar de apresentarem madeiras<br />

mais moles (Santos & Mille, 1992), T. cassionoides, T.<br />

obtusifolia e Z. tuberculosa também são exploradas<br />

comercialmente (Gentry, 1992b). Por este motivo,<br />

indivíduos destes grupos foram frequentemente<br />

extraídos das matas, o que levou à ameaça de<br />

extinção local de várias espécies dos gêneros<br />

supracitados (Lohmann et al., 2013). Diversas<br />

espécies encontradas na Reserva também podem<br />

ser usadas para arborização ou ornamentação; por<br />

exemplo, Handroanthus serratifolius, H. heptaphyllus<br />

(Vell.) Mattos e Tabebuia roseo-alba (Ridley)<br />

Sandwith são espécies arbóreas comumente utilizadas<br />

na arborização urbana. Entre as lianas, Pyrostegia<br />

venusta (Ker Gawl.) Miers é certamente uma das<br />

espécies mais utilizadas como ornamental (Gentry,<br />

1992b). Além desta, outras espécies da Reserva<br />

também poderiam ser exploradas para este fim, como:<br />

Dolichandra unguis-cati, Fridericia conjugata, Lundia<br />

virginalis DC. e Mansoa onohualcoides, dadas as suas<br />

floradas exuberantes. Há ainda algumas espécies que<br />

são fontes de pigmento, como Cybistax antisyphilitica,<br />

Fridericia chica e Sparattosperma leucanthum (Vell.)<br />

K.Schum. (Gentry, 1992b).<br />

Distribuição das espécies de Bignoniaceae<br />

da Reserva Natural Vale<br />

As 62 espécies de Bignoniaceae encontradas<br />

na RNV estão distribuídas pelas seis principais<br />

fitofisionomias da Reserva: Capoeira, Campo<br />

Nativo, Mata Ciliar, Mata de Tabuleiro, Muçununga<br />

e Várzea. Enquanto 23 espécies (37%) ocorrem<br />

exclusivamente em uma fitofisionomia (Figura 3),<br />

Bignonia corymbosa e Anemopaegma chamberlaynii<br />

são as mais generalistas. Bignonia corymbosa<br />

foi observada em todas as fitofisionomias e A.<br />

chamberlaynii foi observada em quase todas as<br />

áreas, exceto na Várzea (Tabela 1).<br />

Figura 3: Conectividade entre fitofisionomias. Para cada<br />

fitofisionomia é apresentado o número de espécies registradas<br />

(exclusivo/total). O número de espécies compartilhadas<br />

está apresentado junto às linhas: linhas mais espessas<br />

indicam um alto número de espécies compartilhadas entre as<br />

fitofisionomias enquanto as linhas tracejadas indicam um baixo<br />

número de espécies compartilhadas (≤ 3).<br />

A Mata de Tabuleiro representa a fitofisionomia<br />

mais rica e também a com maior área. Esta<br />

fitofisionomia perfaz quase metade da área da<br />

Reserva (CVRD, 1998), abrigando 49 espécies,<br />

13 observadas exclusivamente nesta formação.<br />

Os gêneros Handroanthus e Zeyheria estão entre<br />

os elementos arbóreos e componentes do dossel<br />

mais característicos desta fitofisionomia. As<br />

lianas totalizam 37 espécies e, como em outros<br />

estudos fitossociológicos (p. ex. Gentry, 1982),<br />

representam a família de lianas mais diversa nas<br />

Matas de Tabuleiro (Peixoto & Gentry 1990). As<br />

três espécies de Dolichandra (D. unguis-cati, D.<br />

quadrivalvis e D. unguiculata (Vell.) L.G.Lohmann)<br />

são restritas a esta fitofisionomia. A Mata de<br />

Tabuleiro compartilha 31 espécies com as<br />

Capoeiras, especialmente espécies pertencentes<br />

aos gêneros Adenocalymma (7 spp.), Bignonia L.<br />

(3 spp.) e Fridericia (4 spp.). Além disso, a Mata<br />

de Tabuleiro também compartilha 12 espécies<br />

com a Muçununga e 7 com a Mata Ciliar. A maior<br />

parte das espécies compartilhadas entre estas<br />

fitofisionomias são também encontradas em áreas


ZUNTINI & LOHMANN<br />

BIGNONIACEAE<br />

de Capoeira, exceto Handroanthus serratifolius e<br />

Sparattosperma leucanthum, que são exclusivas de<br />

Muçununga e Matas de Tabuleiro e H. heptaphyllus,<br />

que é exclusiva da Mata Ciliar e Mata de Tabuleiro.<br />

A segunda fitofisionomia mais rica é a Capoeira,<br />

com 38 espécies de Bignoniaceae. A maior parte<br />

destas espécies (31 spp.) é compartilhada com a<br />

Mata de Tabuleiro e depois com a Muçununga (9<br />

spp.). Destas nove, oito também são compartilhadas<br />

com a Mata de Tabuleiro, exceto Lundia longa<br />

que ocorre apenas nas Capoeiras e Muçunungas.<br />

Somente quatro espécies são exclusivas das<br />

Capoeiras: Cybistax antisyphilitica, Mansoa<br />

hymenaea, M. onohualcoides e Martinella insignis.<br />

A Muçununga, com 14 espécies, é a terceira<br />

fitofisionomia mais rica na Reserva. Esta<br />

fitofisionomia não apresenta espécies exclusivas,<br />

compartilhando espécies principalmente com<br />

Mata de Tabuleiro (12 spp.) e Capoeira (9 spp.).<br />

Estas três fisionomias juntas abarcam 55 espécies<br />

de Bignoniaceae, ou 88% da diversidade da família<br />

na Reserva. A única espécie não compartilhada<br />

com essas duas outras fitofisionomias é Tabebuia<br />

elliptica (DC.) Sandwith, uma arvoreta que ocorre<br />

em áreas de transição entre Muçununga e Campo<br />

Nativo. Outros elementos comuns da Muçununga<br />

são: Fridericia conjugata, F. subincana (Mart.)<br />

L.G.Lohmann, Lundia longa e S. leucanthum.<br />

A Mata Ciliar inclui nove espécies de Bignoniaceae,<br />

nenhuma delas restrita a esta fitofisionomia. Como<br />

a Muçununga, esta fitofisionomia compartilha o<br />

maior número de espécies com a Mata de Tabuleiro<br />

e Capoeira. Entretanto, Jacaranda puberula Cham.<br />

e Handroanthus bureavii (Sandwith) S.Grose são<br />

elementos característicos da Mata Ciliar, encontrados<br />

apenas nas áreas de transição com brejos e Várzeas<br />

não permanentemente alagadas. As Várzeas ficam<br />

somente à frente dos Campos Nativos em relação<br />

à riqueza de espécies. Nesta fitofisionomia ocorrem<br />

seis espécies de Bignoniaceae, três das quais são<br />

exclusivas das Várzeas permanentemente inundadas:<br />

Tabebuia cassinoides, com 66% dos indivíduos<br />

amostrados em um inventário desta fisionomia<br />

(CVRD, 1998), juntamente com Amphilophium<br />

frutescens e Tabebuia stenocalyx Sprague & Stapf.,<br />

ambas encontradas exclusivamente nas margens dos<br />

corpos d’água. O Campo Nativo, com quatro espécies,<br />

é a fitofisionomia com menor representatividade de<br />

Bignoniaceae. Tabebuia elliptica, A. chamberlaynii e L.<br />

longa são as espécies mais comuns desta formação,<br />

nenhuma das quais é restrita a esta fitofisionomia.<br />

CONCLUSÃO<br />

No presente levantamento foram detectados<br />

11 novos registros de Bignoniaceae para a RNV,<br />

elevando para 62 o total de espécies conhecidas<br />

para a Reserva. Destas 62 espécies, sete estão<br />

ameaçadas de extinção, três são raras e uma é<br />

endêmica da região. Esta diversidade de espécies<br />

representa mais da metade das espécies do<br />

Espírito Santo e um terço das espécies da Mata<br />

Atlântica, e inclui diversas espécies com potencial<br />

econômico, especialmente madeireiro, ornamental<br />

e fitoquímico. Cerca de 90% desta diversidade está<br />

concentrada nas Matas de Tabuleiro, Capoeiras<br />

e Muçununga. Quase metade das espécies (30<br />

de 62 spp.) está representada pelos gêneros<br />

Adenocalymma (9 spp.), Handroanthus (7 spp.),<br />

Fridericia (5 spp.), Tabebuia (5 spp.) e Mansoa (4<br />

spp.). Estes resultados corroboram a importância<br />

dos elementos da família Bignoniaceae para a flora<br />

da Reserva Natural Vale, firmando-a como área<br />

crucial para a conservação e estudos taxonômicos,<br />

ecológicos e evolutivos desta família. Este<br />

levantamento florístico também representa a base<br />

para a produção de um guia de campo visando a<br />

identificação das espécies da Reserva (Zuntini &<br />

Lohmann, em preparação), provendo recursos<br />

visuais que facilitem a identificação das espécies<br />

por quaisquer pesquisadores.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Agradecemos à Vale pelo apoio logístico e<br />

financeiro que permitiram a realização deste projeto<br />

e em especial ao Geovane Siqueira, pela grande ajuda<br />

no campo e no herbário. Agradecemos também a<br />

todos aqueles que auxiliaram nas expedições de<br />

campo, especialmente: Alberto Vicentini, Anselmo<br />

Nogueira, Elaine Françoso, Jenifer Lopes, Mardel<br />

Silva, Mariane Sousa-Baena, Rafael Almeida,<br />

Vania Pretti e Wesley Pires. Também agradecemos<br />

Miriam Kaehler e Luiz Henrique Fonseca pela ajuda<br />

na determinação de materiais, um revisor anônimo<br />

por comentários construtivos ao manuscrito e o<br />

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico<br />

e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de iniciação<br />

2 6 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

científica para ARZ e bolsa de Produtividade em<br />

Pesquisa para LGL (PQ-1C).<br />

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Deciphering the Neotropical Bignonia binata species<br />

complex (Bignoniaceae). Phytotaxa 219, 69–77.<br />

Zuntini, A.R.; Taylor, C.M. & Lohmann, L.G. 2015b.<br />

Problematic specimens turn out to be two undescribed<br />

species of Bignonia (Bignoniaceae). Phytokeys 56, 7–18.<br />

268


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

15<br />

EPÍFITAS VASCULARES NAS<br />

FISIONOMIAS VEGETAIS DA<br />

<strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>,<br />

ESPÍRITO SANTO<br />

Samir Gonçalves Rolim, Lana Sylvestre, Evelyn Pereira Franken &<br />

Marcos A. Nadruz Coelho<br />

INTRODUÇÃO<br />

Epífitas usam outras plantas como suporte em<br />

alguma fase de sua vida, mas não são parasitas,<br />

e obtêm parte significativa de seus nutrientes de<br />

outras fontes que não o solo, graças a adaptações<br />

morfológicas, anatômicas e fisiológicas (Madison,<br />

1977; Kress, 1986; Benzing, 1990). As epífitas<br />

representam parte importante da riqueza das<br />

florestas neotropicais, abrangendo diversas famílias<br />

botânicas (Gentry & Dobson, 1987a; Kreft et al.,<br />

2004; Krömer et al., 2005; Kersten, 2010). Por<br />

exemplo, cerca de 10% da flora vascular do Brasil,<br />

aproximadamente 2.840 espécies de angiospermas<br />

e 370 de samambaias e licófitas são epifíticas<br />

(http://floradobrasi.jbrj.gov.br). Em outros países<br />

neotropicais, como o Peru, também 10% da flora<br />

vascular é composta por epífitas (Ibish et al., 1996)<br />

e no Equador essa porcentagem atinge 26,5%<br />

(Jørgensen & Léon-Yánez, 1999).<br />

Desde o início da colonização da América, esse<br />

grupo de plantas atraiu a atenção dos exploradores,<br />

ilustradores e viajantes que se depararam com<br />

as florestas ao longo da costa tropical atlântica<br />

(Benzing, 1990). Epífitas tem papel importante<br />

na dinâmica de florestas neotropicais, como por<br />

exemplo, na ciclagem de nutrientes (Nadkarni &<br />

Matelson, 1992; Oliveira, 2004) e nas interações<br />

com a fauna (Gentry & Dobson, 1987b). Uma<br />

única árvore pode servir de suporte para 126<br />

(Schuettpelz & Trapnell, 2006) a 195 espécies de<br />

epífitas vasculares (Catchpole & Kirkpatrick, 2011),<br />

embora valores menores já sejam considerados<br />

altos, como cerca de 80 epífitas vasculares por<br />

árvore (Kreft et al., 2004; Krömer et al., 2005;<br />

Petean, 2009). Esta elevada diversidade torna a<br />

forma de vida um tema atraente e ao mesmo tempo<br />

complexo para estudos ecológicos. Entretanto, por<br />

ocuparem as partes mais altas e de difícil acesso<br />

no dossel das áreas florestais, constituem um grupo<br />

ainda pouco estudado.<br />

De acordo com Kersten (2010), no Brasil, os<br />

estudos sobre comunidades de epífitas iniciaram<br />

na década de 80 com os trabalhos de Waechter<br />

(1980) e Aguiar et al. (1981) no Rio Grande do<br />

Sul. Observando os resultados apresentados por<br />

Kersten (2010), numa análise florística de 59<br />

levantamentos no domínio da Floresta Atlântica<br />

que apresentam lista de espécies epífitas, nenhum<br />

abrange a flora capixaba. São listados dez trabalhos<br />

no Rio Grande do Sul, três em Santa Catarina, 28<br />

no Paraná, 11 em São Paulo, três no Rio de Janeiro,<br />

três em Minas Gerais e um no Mato Grosso do Sul.<br />

No Espírito Santo, apenas recentemente<br />

foram realizados dois estudos sobre comunidades<br />

epifíticas: um na região serrana do Estado (Freitas<br />

& Assis, 2013) e outro que considerou as epífitas<br />

em árvores de Pseudobombax aff. campestre<br />

2 6 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

nos afloramentos graníticos no sul do estado<br />

(Couto, 2013). Por outro lado, diversos trabalhos<br />

contribuíram com o conhecimento de famílias<br />

botânicas importantes para as comunidades<br />

epifíticas capixabas, como Orchidaceae (Fraga &<br />

Peixoto, 2004; Pereira & Ribeiro, 2004; Rodrigues<br />

& Simonelli, 2007), Bromeliaceae (Wendt et al.,<br />

2010; Couto et al., 2013) e Araceae (Coelho,<br />

2010).<br />

A região norte do estado, onde ocorre a Floresta<br />

Atlântica de Tabuleiro (Rizzini, 1963), é citada como<br />

um dos 14 centros de diversidade e endemismo de<br />

plantas do Brasil (Peixoto & Silva, 1997; Peixoto et<br />

al., 2008). Outras fisionomias vegetais importantes,<br />

como a floresta de muçununga (Simonelli et al.,<br />

2008) e os campos nativos (Araújo et al., 2008;<br />

Ferreira et al., 2014) também ocorrem nesta região,<br />

mas nenhum estudo sobre a composição de epífitas<br />

foi direcionado a estas fisionomias. Assim, neste<br />

trabalho, com base na coleção do Herbário CVRD,<br />

é apresentada a composição florística de epífitas<br />

vasculares nas fisionomias de floresta de tabuleiro,<br />

floresta de muçununga, campos nativos e várzeas<br />

da Reserva Natural Vale, no norte do Espírito Santo.<br />

MATERIAIS & MÉTODOS<br />

Área de Estudo<br />

A Reserva Natural Vale (RNV) localiza-se<br />

no norte do Espírito Santo, sobre terrenos com<br />

pequena variação de altitude, geralmente entre 30<br />

e 60 m. O clima é considerado estacional, embora<br />

a vegetação florestal possa ser classificada como<br />

Floresta Estacional Perenifólia. Para o período de<br />

janeiro de 1975 a dezembro de 2004, a precipitação<br />

média anual foi igual a 1.227 mm (desvio padrão ±<br />

273 mm), a temperatura média anual foi de 23,3<br />

o<br />

C, variando muito pouco ao longo do ano, entre<br />

20,0 o C e 26,2 o C (médias das mínimas e máximas<br />

anuais). A umidade relativa média anual foi de<br />

85,8%, também variando muito pouco ao longo do<br />

ano, entre 82,2% e 89,2% (Rolim et al., 2016a).<br />

Na RNV ocorrem quatro tipos principais de<br />

fisionomias vegetais. A de maior extenção é a<br />

floresta de tabuleiro, uma fisionomia florestal<br />

madura e bem conservada em sua maior parte,<br />

onde as árvores chegam a atingir mais de 35 m de<br />

altura (Jesus & Rolim, 2005; Peixoto et al., 2008).<br />

As florestas de muçununga ocorrem geralmente<br />

como enclaves no interior da floresta de tabuleiro,<br />

sobre depósitos arenosos (espodossolos), onde o<br />

dossel ocorre a cerca de 10 m de altura e ocorre<br />

grande penetração de luz no sub-bosque (Simonelli<br />

et al., 2008). Nesta fisionomia, os solos são pobres<br />

e existe um grande estresse hídrico, os quais<br />

são limitantes para o crescimento das árvores<br />

(Saporetti-Júnior et al., 2012).<br />

Os campos nativos ou “nativo” são uma fisionomia<br />

variando de herbácea a arbustiva, ocorrendo<br />

também sobre solos arenosos e pobres em terrenos<br />

do terciário, semelhante à vegetação de restinga<br />

que ocorre sobre terrenos do quaternário (Araujo<br />

et al., 2008). Esta fisionomia é considerada por<br />

alguns uma variação da muçununga, assim como<br />

a variação que ocorre entre fisionomias de cerrado<br />

(Meira-Neto et al., 2005). A variação fisionômica<br />

nos campos nativos é provavelmente condicionada<br />

pela frequência e duração do alagamento do<br />

solo em épocas chuvosas (Ferreira et al., 2014).<br />

As áreas permanentemente inundadas, aqui<br />

denominadas várzeas, também apresentam um<br />

gradiente fisionômico difícil de definir, podendo<br />

variar de herbáceas a arbóreas com dossel a 12 m<br />

de altura (Peixoto et al., 2008).<br />

Coleta de Dados<br />

Foram utilizados dois procedimentos de<br />

identificação das espécies. Para as famílias de<br />

samambaias, licófitas e Araceae, todas as coletas<br />

foram analisadas por especialistas (ver Sylvestre<br />

et al., 2016, neste volume; Coelho, 2016, neste<br />

volume). Para as demais famílias, foi feita uma<br />

consulta às exsicatas do Herbário CVRD, da Reserva<br />

Natural Vale, depositadas até a data de 5 de abril de<br />

2015, não sendo realizadas campanhas específicas<br />

de coletas para este trabalho. Todos os registros<br />

foram analisados e foram excluídas as coletas<br />

indeterminadas e aquelas realizadas fora dos limites<br />

da RNV. As famílias botânicas de Angiospermas<br />

foram classificadas de acordo com o sistema APG III<br />

(2009): samambaias seguiram Smith et al. (2006)<br />

e Lycopodiaceae seguiu Øllgaard & Windisch<br />

(2014).<br />

A lista de espécies foi submetida à checagem<br />

de nomes através da ferramenta Plantminer<br />

(Carvalho et al., 2010) o qual faz uma correção<br />

270


ROLIM ET AL.<br />

EPÍTITAS<br />

automática dos nomes válidos e sinônimos,<br />

através de consulta à Lista de Espécies da Flora<br />

do Brasil (www.floradobrasil.jbrj.gov.br). Algumas<br />

espécies não encontradas no site da Flora do Brasil<br />

foram consultadas no site The Plant List (www.<br />

theplantlist.org). Para descrição das fisionomias<br />

de ocorrência das coletas, as áreas de floresta<br />

secundária e mata ciliar foram consideradas como<br />

floresta de tabuleiro e áreas brejosas e florestas de<br />

várzea foram consideradas como várzeas.<br />

As formas de vida citadas como epífitas no<br />

Herbário CVRD foram mantidas, respeitando<br />

a forma como a planta foi encontrada na RNV.<br />

Contudo, foi feita exceção para espécies arbóreas<br />

que possuem hábito epifítico na fase inicial da vida<br />

(p. ex. Ficus, de acordo com Romaniuc Neto et al.,<br />

2015). Plantas anotadas nas fichas de herbário<br />

como trepadeiras, mas com hábito hemiepifítico<br />

foram consideradas dessa forma (p. ex., algumas<br />

espécies de Vanilla e diversas de Philodendron).<br />

As epífitas foram ainda classificadas em categorias<br />

ecológicas, baseado na sua forma de vida e relação<br />

com o hospedeiro (Benzing, 1990; Kersten,<br />

2010):<br />

•Holoepífitas verdadeiras: hábito epifítico<br />

durante todo o ciclo de vida;<br />

•Holoepífitas facultativas: podem crescer<br />

tanto no forófito como no solo;<br />

•Holoepífitas acidentais: não possuem<br />

adaptação à vida epifítica, crescem<br />

ocasionalmente sobre os forófitos;<br />

•Hemiepífitas primárias: hábito epifítico<br />

apenas em parte do ciclo de vida; germinam<br />

sobre os forófitos e posteriormente emitem<br />

raízes até o solo;<br />

•Hemiepífitas secundárias: hábito epifítico<br />

apenas em parte do ciclo de vida; germinam<br />

no solo e escalam o forófito, eventualmente<br />

perdendo a dependência das raízes fixas no solo.<br />

RESULTADOS & DISCUSSÃO<br />

Composição Epifítica na RNV<br />

A Reserva Natural Vale apresentou uma flora<br />

de 184 espécies epifíticas, distribuídas em 19<br />

famílias e 82 gêneros, representando 8,2% das<br />

epífitas já registradas para a floresta atlântica<br />

(Freitas et al., 2016). As famílias mais ricas em<br />

epífitas vasculares na RNV foram Orchidaceae (82<br />

spp.), Araceae (23 spp.), Bromeliaceae (22 spp.) e<br />

Polypodiaceae (15 spp.), que juntas somam 78%<br />

das espécies de epífitas vasculares (Tabela 2). Os<br />

gêneros mais ricos foram Epidendrum (12 spp.),<br />

Philodendron (12 spp.), Peperomia (10 spp.), Ficus<br />

(10 spp.), Acianthera (7 spp.), Aechmea (6 spp.)<br />

e Tillandsia (6 spp.). Outras espécies comumente<br />

encontradas como epífitas só foram registradas<br />

como terrestres e não estão computadas em nossa<br />

lista, mas mostra o potencial de novos registros<br />

epifíticos na Reserva, como Aechmea patentissima<br />

(Mart. ex Schult. & Schult.f.) Baker, Galeottia<br />

ciliata (Morel) Dressler & Christenson, Quesnelia<br />

quesneliana (Brongn.) L.B.Sm., Vriesea longiscapa<br />

Ule e Drymonia serrulata (Jacq.) Mart.<br />

As quatro famílias mais ricas na RNV (Orchidaceae,<br />

Bromeliaceae, Araceae e Polypodiaceae, Tabela 2)<br />

são as que apresentam maior riqueza na Floresta<br />

Atlântica (Freitas et al., 2016). O padrão de riqueza<br />

encontrado para estas famílias é muito consistente<br />

em várias áreas neotropicais com flora vascular<br />

epifítica bem amostrada, embora as porcentagens<br />

possam variar dependendo das condições<br />

ambientais de cada local e do esforço amostral<br />

diferenciado em algumas famílias.<br />

Alguns gêneros foram muito diversificados na<br />

RNV. Por exemplo, a riqueza de espécies epífitas dos<br />

gêneros Philodendron, Epidendrum e Ficus na RNV<br />

está entre as maiores já registradas, considerando<br />

os estudos na Floresta Atlântica citados na Tabela<br />

3. Para Philodendron, uma possível explicação é o<br />

esforço intensivo de coletas de Araceae na RNV<br />

a partir de 2004, levando à descrição de várias<br />

espécies novas, entre as quais Philodendron follii<br />

Nadruz e Philodendron ruthianum Nadruz. Todavia,<br />

apenas três espécies de Orchidaceae do gênero<br />

Stelis e uma de Octomeria, foram registradas para<br />

a RNV. Estes gêneros são ricos em espécies no<br />

sul da Bahia (Leitman et al., 2014) e na floresta<br />

atlântica em geral (Freitas et al., 2016) indicando<br />

que pode haver uma deficiência na coleta dos<br />

mesmos na RNV.<br />

Das espécies registradas: 139 ocorreram na<br />

floresta de tabuleiro (75,5%), 110 na floresta<br />

de muçununga (59,8%), 23 no nativo (12,5%)<br />

e 14 na várzea (7,6%) (Tabela 2). Mas dado que<br />

a floresta de muçununga cobre menos que dois<br />

2 7 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 1: Lista de espécies epífitas da RNV nas fisionomias de floresta de tabuleiro (FT), floresta de<br />

muçununga (FM), nativo (N), várzeas (V) e suas formas biológicas (HOV, holoepífita verdadeira; HOF,<br />

holoepífita facultativa; HEP, hemiepífita primária; HES, hemiepífita secundária).<br />

Família Espécie Fisionomia Forma<br />

Araceae Anthurium ianthinopodum (Schott ex Engl.) Nadruz & Mayo FT, FM HOV<br />

Anthurium pentaphyllum (Aubl.) G.Don var. pentaphyllum FT, FM HES<br />

Anthurium raimundii Mayo, Haigh & Nadruz FM HOV<br />

Anthurium scandens (Aubl.) Engl. subsp. scandens FT, FM HOV<br />

Anthurium solitarium Schott FT HOV<br />

Heteropsis rigidifolia Engl. FT HES<br />

Heteropsis salicifolia Kunth FT HES<br />

Monstera adansonii var. klotzschiana (Schott) Madison FT, FM HES<br />

Monstera praetermissa E.G.Gonçalves & Temponi FT HES<br />

Philodendron blanchetianum Schott FM HES<br />

Philodendron follii Nadruz FT, FM HES<br />

Philodendron fragrantissimum (Hook.) G.Don FT, FM HES<br />

Philodendron hederaceum (Jacq.) Schott var. hederaceum FT, FM HES<br />

Philodendron oblongum (Vell.) Kunth FT, V HES<br />

Philodendron ornatum Schott FT, V HES<br />

Philodendron pedatum (Hook.) Kunth FT, FM HES<br />

Philodendron rudgeanum Schott FT, V HES<br />

Philodendron ruthianum Nadruz FM, V HES<br />

Philodendron speciosum Schott ex Endl. FT HES<br />

Philodendron stenolobum E.G.Gonçalves FT, FM HES<br />

Philodendron vargealtense Sakur. FM HES<br />

Rhodospatha latifolia Poepp. FT, V HES<br />

Syngonium vellozianum Schott FT, FM HES<br />

Aspleniaceae Asplenium serratum L. FT, FM HOV<br />

Bromeliaceae Acanthostachys strobilacea (Schult. & Schult.f.) Klotzsch FM HOV<br />

Aechmea floribunda Mart. ex Schult. & Schult.f. FT HOV<br />

Aechmea lamarchei Mez FT, FM HOV<br />

Aechmea maasii Gouda & W.Till FT HOV<br />

Aechmea nudicaulis (L.) Griseb. FM, N HOV<br />

Aechmea saxicola L.B.Sm. FT, FM HOV<br />

Aechmea warasii E.Pereira FT HOV<br />

Billbergia euphemiae E.Morren FT, FM HOV<br />

Billbergia iridifolia (Nees & Mart.) Lindl. FT, FM HOV<br />

Catopsis sessiliflora (Ruiz & Pav.) Mez N HOV<br />

Hohenbergia augusta (Vell.) E.Morren FT, FM HOV<br />

Tillandsia bulbosa Hook.f. FM HOV<br />

Tillandsia gardneri Lindl. FM, N HOV<br />

Tillandsia globosa Wawra FT, FM HOV<br />

Tillandsia stricta Sol. FM, N HOV<br />

Tillandsia tenuifolia L. FT, FM HOV<br />

Tillandsia usneoides (L.) L. FT, FM HOV<br />

Vriesea ensiformis (Vell.) Beer V HOV<br />

Vriesea gigantea Gaudich. FT HOV<br />

Vriesea neoglutinosa Mez N HOV<br />

Vriesea pauperrima E.Pereira FT, FM HOV<br />

Vriesea procera (Mart. ex Schult. & Schult.f.) Wittm. N HOV<br />

Cactaceae Epiphyllum phyllanthus (L.) Haw. subsp. phyllanthus FT, FM, N HOV<br />

Hylocereus setaceus (Salm-Dyck) R.Bauer FT, FM, N HES<br />

Rhipsalis elliptica G.Lindb. ex K.Schum. FM HOV<br />

272


ROLIM ET AL.<br />

EPÍTITAS<br />

Família Espécie Fisionomia Forma<br />

Rhipsalis floccosa Salm-Dyck ex Pfeiff. FM HOV<br />

Rhipsalis lindbergiana K.Schum. FT HOV<br />

Rhipsalis paradoxa (Salm-Dyck ex Pfeiff.) Salm-Dyck FT HOV<br />

Clusiaceae Clusia spiritu-sanctensis G.Mariz & B.Weinberg FT, FM HEP<br />

Cyclanthaceae Asplundia polymera (Hand.-Mazz.) Harling FT HES<br />

Evodianthus funifer (Poit.) Lindm. FT HOV<br />

Dryopteridaceae Polybotrya cylindrica Kaulf. FM HES<br />

Polybotrya osmundacea Willd. FT, V HES<br />

Gesneriaceae Codonanthopsis uleana (Fritsch) Chautems & Mat. Perret FT, FM HOV<br />

Hymenophyllaceae Didymoglossum hymenoides (Hedw.) Copel. FM HOV<br />

Lomariopsidaceae Lomariopsis marginata (Schrad.) Kuhn FT HES<br />

Nephrolepis biserrata (Sw.) Schott FT, V HOF<br />

Nephrolepis rivularis (Vahl) Mett. ex Krug FM, V HOV<br />

Moraceae Ficus arpazusa Casar. FT, FM HEP<br />

Ficus castellviana Dugand FT, FM, N HEP<br />

Ficus citrifolia Mill. FT HEP<br />

Ficus clusiifolia Schott FT, FM HEP<br />

Ficus cyclophylla (Miq.) Miq. FT, FM HEP<br />

Ficus holosericea Schott FT HEP<br />

Ficus nymphaeifolia Mill. FT, FM HEP<br />

Ficus obtusifolia Kunth FT HEP<br />

Ficus trigona L.f. FT HEP<br />

Ficus trigonata L. FM HEP<br />

Orchidaceae Acianthera auriculata (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase FT HOV<br />

Acianthera glumacea (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase FT, FM HOV<br />

Acianthera nemorosa (Barb.Rodr.) F.Barros FT, FM HOV<br />

Acianthera ophiantha (Cogn.) Pridgeon & M.W.Chase FT HOV<br />

Acianthera pectinata (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase FM HOV<br />

Acianthera recurva (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase FM HOV<br />

Acianthera strupifolia (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase FT, FM HOV<br />

Alatiglossum ciliatum (Lindl.) Baptista FM HOV<br />

Brasilaelia grandis (Lindl. & Paxton) Gutfreund FT, FM HOV<br />

Brasiliorchis chrysantha (Barb.Rodr.) R.B.Singer et al. FM HOV<br />

Brasiliorchis marginata (Lindl.) R.B.Singer et al. FT HOV<br />

Brassavola tuberculata Hook. FT, FM HOV<br />

Brassia arachnoidea Barb.Rodr. FM HOV<br />

Campylocentrum aciculatum (Rchb.f. & Warm.) Cogn. N HOV<br />

Campylocentrum micranthum (Lindl.) Rolfe FM HOV<br />

Campylocentrum sellowii (Rchb.f.) Rolfe FT, FM HOV<br />

Catasetum discolor (Lindl.) Lindl. FT, N HOF<br />

Catasetum luridum Lindl. FT HOV<br />

Catasetum mattosianum Bicalho FM HOV<br />

Cattleya guttata Lindl. FT, FM HOV<br />

Christensonella ferdinandiana (Barb.Rodr.) Szlach. et al. FT HOV<br />

Christensonella pumila (Hook.) Szlach. et al. FT, FM HOV<br />

Christensonella subulata (Lindl.) Szlach. et al. FT, FM HOV<br />

Coryanthes speciosa Hook. FT HOV<br />

Cyrtopodium gigas (Vell.) Hoehne FT HOV<br />

Dichaea pendula (Aubl.) Cogn. FT, FM HOV<br />

Dichaea trulla Rchb.f. FT HOV<br />

Dimerandra emarginata (G.Mey.) Hoehne FT HOV<br />

Dryadella aviceps (Rchb.f.) Luer FT, FM HOV<br />

Encyclia oncidioides (Lindl.) Schltr. FM HOV<br />

2 7 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Fisionomia Forma<br />

Encyclia patens Hook. FM HOV<br />

Epidendrum anceps Jacq. FT, FM HOV<br />

Epidendrum campaccii Hágsater & L.Sánchez FM HOV<br />

Epidendrum carpophorum Barb.Rodr. FM HOV<br />

Epidendrum compressum Griseb. FM HOV<br />

Epidendrum coronatum Ruiz & Pav. FT HOV<br />

Epidendrum cristatum Ruiz & Pav. FM HOV<br />

Epidendrum densiflorum Hook. FM HOV<br />

Epidendrum flexuosum G.Mey. FT, N HOV<br />

Epidendrum latilabre Lindl. FM HOV<br />

Epidendrum nocturnum Jacq. FT HOV<br />

Epidendrum rigidum Jacq. FT, FM HOV<br />

Epidendrum strobiliferum Rchb.f. FM HOV<br />

Gongora quinquenervis Ruiz & Pav. FM HOV<br />

Heterotaxis brasiliensis (Brieger & Illg) F.Barros FT HOV<br />

Lophiaris pumila (Lindl.) Braem FT HOV<br />

Macradenia rubescens Barb.Rodr. FT HOV<br />

Maxillaria robusta Barb.Rodr. FM HOV<br />

Miltonia moreliana A.Rich. FT HOV<br />

Mormolyca rufescens (Lindl.) M.A.Blanco FT, FM HOV<br />

Myoxanthus exasperatus (Lindl.) Luer FT HOV<br />

Nemaconia striata (Lindl.) van den Berg et al. FM HOV<br />

Notylia microchila Cogn. FT HOV<br />

Notylia pubescens Lindl. FT, FM HOV<br />

Octomeria sagittata (Rchb.f.) Garay FM HOV<br />

Oncidium baueri Lindl. FM HOV<br />

Pabstiella fusca (Lindl.) Chiron & Xim.Bols. FT, FM HOV<br />

Pabstiella parvifolia (Lindl.) Luer FT HOV<br />

Polystachya concreta (Jacq.) Garay & Sweet FT, FM HOV<br />

Polystachya foliosa (Lindl.) Rchb.f. FT HOV<br />

Polystachya hoehneana Kraenzl. FT HOV<br />

Prosthechea fragrans (Sw.) W.E.Higgins FM HOV<br />

Prosthechea pygmaea (Hook.) W.E.Higgins FT HOV<br />

Rodriguezia obtusifolia (Lindl.) Rchb.f. FT, V HOV<br />

Rodriguezia venusta Rchb.f. FM HOV<br />

Scaphyglottis emarginata (Garay) Dressler FM HOV<br />

Scaphyglottis livida (Lindl.) Schltr. FT, FM HOV<br />

Sobralia sessilis Lindl. FM HOV<br />

Sophronitis cernua Lindl. FT HOV<br />

Specklinia grobyi (Batem. ex Lindl.) F.Barros FT, FM HOV<br />

Stelis amoena Pridgeon & M.W.Chase FT, FM HOV<br />

Stelis intermedia Poepp. & Endl. FT, FM HOV<br />

Stelis susanensis (Hoehne) Pridgeon & M.W.Chase FT HOV<br />

Trichocentrum fuscum Lindl. FT HOV<br />

Trigonidium acuminatum Batem. ex Lindl. FT HOV<br />

Trigonidium latifolium Lindl. FT, FM HOV<br />

Trizeuxis falcata Lindl. FT HOV<br />

Vanilla bahiana Hoehne FT, FM, N HES<br />

Vanilla chamissonis Klotzsch FT HES<br />

Vanilla sp. nov. FT HES<br />

Warczewiczella wailesiana (Lindl.) Rchb.f. ex E.Morren FT HOV<br />

Zygostates lunata Lindl. FT HOV<br />

274


ROLIM ET AL.<br />

EPÍTITAS<br />

Família Espécie Fisionomia Forma<br />

Piperaceae Peperomia corcovadensis Gardner FT HOV<br />

Peperomia elongata Kunth FT, N HOV<br />

Peperomia macrostachya (Vahl) A.Dietr. FM HOV<br />

Peperomia magnoliifolia (Jacq.) A.Dietr. FT HOV<br />

Peperomia obtusifolia (L.) A.Dietr. FM HOV<br />

Peperomia pellucida (L.) Kunth FT HOV<br />

Peperomia psilostachya C.DC. FT HOV<br />

Peperomia psilostachya var. angustifolia C.DC. FT, FM HOV<br />

Peperomia regelii C.DC. FT HOV<br />

Peperomia trinervis Ruiz & Pav. FT HOV<br />

Polypodiaceae Campyloneurum acrocarpon Fée FT, FM HOF<br />

Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C. Presl FM HOF<br />

Microgramma geminata (Schrad.) R.M.Tryon & A.F.Tryon FT, FM, N HOF<br />

Microgramma microsoroides Salino et al. FT, V HOV<br />

Microgramma persicariifolia (Schrad.) C. Presl FT HOV<br />

Microgramma vacciniifolia (Langsd. & Fisch.) Copel. FT, FM, N HOF<br />

Pecluma dispersa (A.M.Evans) M.G.Price FT HOV<br />

Pecluma plumula (Willd.) M.G.Price FT, FM, N HOV<br />

Phlebodium pseudoaureum (Cav.) Lellinger FT HOV<br />

Pleopeltis hirsutissima (Raddi) de la Sota FT, FM HOV<br />

Pleopeltis minima (Bory) J.Prado & R.Y.Hirai FT, V HOV<br />

Pleopeltis monoides (Weath.) Salino FT HOV<br />

Pleopeltis pleopeltifolia (Raddi) Alston FT, FM HOV<br />

Serpocaulon latipes (Langsd. & Fisch.) A.R.Sm. FT, FM, N HOF<br />

Serpocaulon triseriale (Sw.) A.R.Sm. FT, FM, N HOF<br />

Pteridaceae Vittaria lineata (L.) Sm. FM, V HOV<br />

Rubiaceae Hillia illustris (Vell.) K.Schum. FT HEP<br />

Selaginellaceae Selaginella muscosa Spring FT, N HOF<br />

Solanaceae Markea atlantica Stehmann & Giacomin FT, FM HES<br />

Urticaceae Coussapoa microcarpa (Schott) Rizzini FT, FM, V HEP<br />

mil ha na RNV, o número de epífitas encontradas<br />

nesta fisionomia é muito elevado. Considerando<br />

apenas as três fisionomias mais diversas, 32% das<br />

espécies epifíticas vasculares foram registradas<br />

exclusivamente na floresta de tabuleiro, 21%<br />

exclusivamente na floresta de muçununga e 2,2%<br />

exclusivamente no nativo. O compartilhamento de<br />

espécies entre a floresta de tabuleiro e a floresta<br />

de muçununga foi de 34%. Entre a floresta de<br />

tabuleiro, a floresta de muçununga e nativo foi de<br />

4,9%. Esta alta porcentagem de espécies exclusivas<br />

mostra que o conjunto das diversas fisionomias da<br />

RNV tem um peso importante na contribuição da<br />

riqueza local de espécies epifíticas.<br />

O nativo na RNV é uma vegetação variando de<br />

herbácea a arbustiva, de fácil atividade de coleta e<br />

coletas adicionais não devem acrescentar muitas<br />

espécies à flora epifítica, embora existam alguns<br />

nativos ocorrendo como enclaves no interior<br />

da floresta que nunca foram coletados. As áreas<br />

de Várzea provavelmente foram subamostradas<br />

para Orchidaceae (apenas 1 registro, Tabela 2) e<br />

aquelas com alagamento permanente são áreas de<br />

difícil acesso. Campanhas de coleta nestas áreas<br />

podem contribuir, no mínimo, para aumentar<br />

a riqueza deste ambiente. Nota-se ainda, na<br />

Tabela 2, uma maior riqueza relativa da família<br />

Bromeliaceae nas áreas de muçununga e nativo<br />

que na floresta de tabuleiro, fato comum para esta<br />

família que aparece com maior riqueza em áreas<br />

de restingas ao longo da Mata Atlântica (Kersten,<br />

2010). As florestas de muçununga ocorrem<br />

geralmente como enclaves no interior da floresta<br />

de tabuleiro (ver mapa na página de abertura<br />

deste volume), acessadas geralmente por longas<br />

caminhadas. Campanhas de coletas direcionadas<br />

para estas áreas também podem contribuir para<br />

aumentar a riqueza desta fisionomia e até mesmo<br />

2 7 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 2: Número de espécies de epífitas vasculares por família nas fisionomias vegetais da Reserva<br />

Natural Vale, Linhares/ES.<br />

Família \ Fisionomia Tabuleiro Muçununga Nativo Várzea Total<br />

Orchidaceae 56 48 5 1 82<br />

Araceae 20 14 1 5 23<br />

Bromeliaceae 13 17 7 1 22<br />

Polypodiaceae 15 9 5 2 15<br />

Moraceae 9 6 1 10<br />

Piperaceae 9 3 1 10<br />

Cactaceae 4 4 2 6<br />

Lomariopsidaceae 2 1 2 3<br />

Dryopteridaceae 1 1 1 2<br />

Cyclanthaceae 2 2<br />

Aspleniaceae 1 1 1<br />

Clusiaceae 1 1 1<br />

Gesneriaceae 1 1 1<br />

Hymenophyllaceae 1 1<br />

Pteridaceae 1 1 1 1<br />

Rubiaceae 1 1<br />

Selaginellaceae 1 1 1<br />

Solanaceae 1 1 1<br />

Urticaceae 1 1 1 1<br />

Total 139 110 23 14 184<br />

da flora epifítica da RNV.<br />

Das espécies registradas, 72,8% são<br />

holoepífitas verdadeiras, 15,2% são hemiepífitas<br />

secundárias, 7,1% são hemiepífitas primárias e<br />

4,9% são holoepífitas facultativas. Geralmente<br />

são encontradas de 70 a 90% de holoepífitas<br />

verdadeiras nos estudos das comunidades epifíticas<br />

(Breier, 2005; Kersten & Silva, 2005; Petean, 2009;<br />

Blum et al., 2011; Kersten & Waechter, 2011;<br />

Leitman et al., 2014). As espécies de Orchidaceae<br />

são predominantemente holoepífitas verdadeiras<br />

(78 das 82 espécies). As espécies de Araceae são<br />

predominantemente hemiepífitas secundárias (19<br />

das 23 espécies). Existem propostas para que as<br />

hemiepífitas secundárias, sejam consideradas como<br />

um tipo de cipó, dada a sua semelhança fisiológica<br />

com este grupo de planta (Holbrook & Putz, 1996;<br />

Moffett, 2000; Zotz, 2013). Se isso se confirmar, a<br />

família Araceae perderá seu status entre as famílias<br />

mais importantes na flora epifítica.<br />

As espécies de Bromeliaceae e Piperaceae são<br />

todas holoepífitas verdadeiras. As espécies de<br />

Polypodiaceae são em sua maioria holoepífitas<br />

verdadeiras (9 das 15 espécies). Entre as<br />

hemiepífitas primárias, destacam-se as espécies de<br />

Moraceae, todas do gênero Ficus.<br />

Espécies Ameaçadas<br />

Entre os epífitos vasculares, seis espécies<br />

são citados como ameaçados na lista vermelha<br />

do Brasil (Martineli & Moraes, 2013): Ficus<br />

cyclophylla (Moraceae), Cattleya guttata, Brassia<br />

arachnoidea, Catasetum mattosianum, Notylia<br />

microchila (Orchidaceae) e Pleopeltis monoides<br />

(Polypodiaceae). As quatro últimas apresentam<br />

locais de ocorrência conhecidos apenas para a Mata<br />

Atlântica da Bahia e do Espírito Santo, atualmente<br />

sob forte pressão antrópica pela redução do habitat.<br />

As duas primeiras apresentam poucos registros<br />

conhecidos e também ocorrem em ambientes com<br />

pressão antrópica.<br />

Stelis susanensis é citada por Giulietti et al.<br />

(2009) como planta rara, conhecida apenas do<br />

material tipo coletado em 1938 por Hoehne<br />

no estado de São Paulo. Entretanto, o material<br />

testemunho da RNV confirma a sua ocorrência no<br />

276


ROLIM ET AL.<br />

EPÍTITAS<br />

Espírito Santo (Barros et al., 2015). Microgramma<br />

microsoroides Salino et al. (Sylvestre et al., 2016,<br />

neste volume), recém-descrita e com poucas<br />

coletas, pode ser considerada rara ou endêmica do<br />

norte do Espírito Santo. As espécies Philodendron<br />

follii Nadruz e Philodendron ruthianum Nadruz<br />

podem ser consideradas endêmicas, com poucos<br />

registros em nível local e estadual, respectivamente<br />

(Coelho, 2010).<br />

Espécies da lista vermelha do Espírito Santo<br />

(Simonelli & Fraga, 2007) e não consideradas<br />

na lista nacional, apresentam distribuição em<br />

outros estados ou estão protegidas em algumas<br />

unidades de conservação, sendo consideradas<br />

menos preocupantes em nível nacional (Martineli<br />

& Moraes, 2013). Esta categoria inclui espécies<br />

como Anthurium ianthinopodum, Philodendron<br />

vargealtense, Acianthera pectinata, Aechmea<br />

maasii, Vriesea neoglutinosa, Acianthera auriculata,<br />

Acianthera glumacea, Acianthera pectinata,<br />

Peperomia psilostachya var. angustifolia,<br />

Macradenia rubescens, Rodriguezia obtusifolia,<br />

Warczewiczella wailesiana e Peperomia regelii.<br />

Riqueza de Espécies na RNV<br />

Com 184 espécies, a flora epifítica da RNV<br />

está entre as mais ricas já registradas na Floresta<br />

Atlântica, mesmo considerando o clima estacional<br />

da região norte do Espírito Santo. Provavelmente, a<br />

alta umidade atmosférica de 86% ao longo do ano<br />

na RNV (Rolim et al., 2016a), ajuda a compensar<br />

esta estacionalidade climática, permitindo uma<br />

diversidade elevada de epífitas. Considerando as<br />

quase 2100 espécies vasculares da RNV (Rolim et<br />

al., 2016b; Sylvestre et al., 2016), o índice epifítico<br />

é de 9%. Kersten (2010) considera que uma média<br />

de 15 a 20% de espécies epífitas vasculares pode<br />

ser esperada para áreas amplas e bem amostradas<br />

na Mata Atlântica. Por este índice, pode ser dito<br />

que a flora epifítica da RNV está subamostrada.<br />

A riqueza registrada na RNV é bem inferior<br />

à encontrada em algumas localidades na Mata<br />

Atlântica que chegam a mais de 300 espécies<br />

(Fontoura et al., 1997; Kersten & Kunyioshi, 2006)<br />

e muito inferior às florestas no oeste da Amazônia,<br />

principalmente no Equador, onde a riqueza chega<br />

a 450-600 espécies (Bussmann, 2001; Kuper et<br />

al., 2004). Comparar a riqueza da flora vascular de<br />

diferentes localidades não é simples, já que as áreas<br />

diferem em tamanho, na diversidade de ambientes<br />

e no esforço de coleta empregado. Geralmente,<br />

áreas com clima mais quente, elevada pluviosidade,<br />

variação altitudinal e diversidade de ambientes<br />

proporcionam ambientes mais propícios para a<br />

elevada riqueza de espécies epífitas (Kersten &<br />

Silva, 2005).<br />

Algumas das localidades mais ricas em<br />

espécies epifíticas na Mata Atlântica são listadas<br />

Tabela 3. Riqueza de espécies (S) e porcentagem nos principais grupos taxonômicos de epífitas em<br />

algumas áreas com pelo menos 140 espécies epífitas na Mata Atlântica.<br />

Local S Orchidaceae Bromeliaceae Araceae Samambaias Fonte<br />

e Licófitas<br />

Bacia do Alto Iguaçu, PR 348 42,2 11,2 2,6 27,0 1<br />

Res. Ecol. de Macaé de Cima, RJ 307 59,9 14,7 1,6 10,4 2<br />

Serra da Prata, PR 278 37,0 13,7 5,0 26,6 3<br />

Prq. Est. Carlos Botelho, SP 256 28,9 16,8 7,4 26,6 4<br />

Prq. Nac. Serra das Lontras, BA 256 41,4 25,0 12,1 ---- 5<br />

Ilha do Mel, PR 188 39,4 16,0 3,7 26,1 6<br />

Reserva Natural Vale, ES 184 44,8 12,0 12,6 13,1 7<br />

Prq. Est. da Ilha do Cardoso, SP 178 40,4 18,5 6,2 18,0 8<br />

RPPN Morro da Mina, PR 159 38,4 15,1 6,9 21,4 9<br />

APA Rio Piraquara, PR 140 32,1 14,3 2,1 37,1 10<br />

Legenda: (1) Kersten & Kunyioshi (2006); (2) Fontoura et al. (1997); (3) Blum et al. (2011); (4) Lima et al. (2012); (5) Leitman et<br />

al. (2014); (6) Kersten & Silva (2005); (7) Este Estudo; (8) Breier (2005); (9) Petean (2009); (10) Kersten & Waechter (2011).<br />

2 7 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

na Tabela 3 e existem várias diferenças entre elas<br />

que dificultam as comparações. Por exemplo,<br />

um estudo na bacia do Alto Iguaçu, no Paraná,<br />

registrou 348 espécies, mas foi realizada numa<br />

área extensa (escala de cerca de 100 km), com<br />

alta heterogeneidade de ambientes e de climas<br />

(Kersten & Kunyioshi, 2006). Na Reserva Ecológica<br />

de Macaé de Cima, com menos de 10 mil ha,<br />

em ambientes com variação altitudinal, foram<br />

registradas 307 espécies (Fontoura et al., 1997).<br />

A Serra da Prata, com 278 espécies (Blum et<br />

al., 2011) e o Parque Estadual Carlos Botelho,<br />

com 256 espécies (Lima et al., 2012), também<br />

apresentam forte variação altitudinal e áreas da<br />

ordem de 30 mil ha. Porém, em Carlos Botelho<br />

a amostragem foi baseada em vários estudos,<br />

incluindo registros de herbários; na Serra da Prata,<br />

a amostragem se deu em apenas 6,3 ha de um<br />

trecho de floresta de encosta entre 400 e 1.100<br />

m de altitude. No Parque Nacional da Serra das<br />

Lontras, na Bahia, foram registradas 256 espécies,<br />

numa área de 11 mil ha, em altitudes de 400 a<br />

1.000 m (Leitman et al., 2014). Entretanto, nesta<br />

riqueza não foram consideradas as samambaias e<br />

licófitas e nem as epífitas acidentais, incluídas nos<br />

outros estudos.<br />

Já na RNV, o relevo é plano, variando entre 30<br />

e 60 m de altitude, ou seja, não existem gradientes<br />

altitudinais. Como nas áreas serranas citadas<br />

anteriormente, o clima é estacional, diferentemente<br />

de grande parte das áreas costeiras atlânticas, mas<br />

com alta umidade relativa média anual (86%). Por<br />

outro lado, apresenta uma diversidade fisionômica<br />

que contribui na riqueza de espécies. Por fim,<br />

concluímos que embora a riqueza de epífitas<br />

vasculares da RNV possa ser considerada alta,<br />

ainda está subamostrada, provavelmente porque<br />

não houve estudos direcionados para este grupo.<br />

Considerando ainda a alta riqueza e endemismo de<br />

espécies e que existem muitas espécies ameaçadas<br />

ao nível estadual ou nacional, inventários<br />

direcionados à comunidade epifítica, podem ser<br />

considerados uma das prioridades botânicas para<br />

o norte do Espírito Santo. As imagens a seguir<br />

ilustram algumas espécies de epífitas ocorrentes na<br />

RNV (Figura 1 a Figura 4).<br />

Figura 1: Anthurium ianthinopodum. Foto: M. Nadruz<br />

Figura 2: Anthurium pentaphyllum. Foto: M. Nadruz<br />

278


ROLIM ET AL.<br />

EPÍTITAS<br />

Figura 3: Pleopeltis pleopeltidis. Foto: L. Sylvestre<br />

Figura 4: Monstera praetermissa. Foto: M. Nadruz<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Agradecemos a Jorge Waechter e Rodrigo<br />

Kersten pelos comentários e sugestões que<br />

enriqueceram o texto.<br />

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2 7 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

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2 8 1


282<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

16<br />

Jenifer<br />

ARATICUNS E PINDAÍBAS DA<br />

<strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>,<br />

LINHARES/ES<br />

de Carvalho Lopes & Renato de Mello-Silva<br />

INTRODUÇÃO<br />

As Annonaceae são conhecidas principalmente<br />

como araticuns, embiras, pindaíbas e pinhas.<br />

Araticum é uma palavra de origem tupi que é<br />

aplicada a várias frutas do gênero Annona e significa<br />

fruto de massa mole. Já o nome embira designa a<br />

casca dos ramos que é desprendida em tiras e usada<br />

como cordas. Outro nome aplicado às espécies<br />

da família é pindaíba, que em tupi significa árvore<br />

que produz vara de pescar e há também pinha,<br />

que vem da semelhança dos frutos comestíveis<br />

de várias espécies com o estróbilo dos pinheiros<br />

(Saint-Hilaire, 1828; Houaiss & Villar, 2001). São<br />

plantas lenhosas, podendo ser árvores, arbustos<br />

e lianas, possuem folhas simples de margem<br />

inteira e sem estípulas. As folhas estão dispostas<br />

alternadamente em um único plano nos ramos,<br />

exceto no gênero amazônico Tetrameranthus, no<br />

qual as folhas estão em disposição espiralada. As<br />

flores possuem três sépalas e dois verticilos de três<br />

pétalas cada; também neste caso, Tetrameranthus<br />

é uma exceção, possuindo flores tetrâmeras, como<br />

o seu próprio nome sugere. Os frutos podem ser<br />

um sincarpo carnoso como os do gênero Annona,<br />

que inclui espécies como a graviola, a fruta-doconde,<br />

as pinhas e os araticuns em geral, ou podem<br />

ser aporcápicos, compostos por vários carpídios,<br />

com uma ou mais sementes cada (Kessler, 1993).<br />

Annonaceae é uma das famílias de plantas mais<br />

ricas e abundantes nas florestas tropicais (Gentry,<br />

1988; Ter Steege et al., 2000) e conta com 109<br />

gêneros e 2.440 espécies (Rainer & Chatrou,<br />

2006). O Brasil, o país como a maior diversidade<br />

florística do mundo, também concentra a maior<br />

diversidade de Annonaceae da região neotropical,<br />

com 29 gêneros e 396 espécies. Na Amazônia,<br />

Annonaceae figura entre as dez famílias de<br />

Angiospermas com maior número de espécies, 287.<br />

A Mata Atlântica é o segundo centro de diversidade<br />

da família no Brasil, com 96 espécies e 16 gêneros.<br />

O Espírito Santo, por sua vez, está entre os estados<br />

com a maior diversidade de Annonaceae da Mata<br />

Atlântica, num total de 12 gêneros e 44 espécies<br />

(Maas et al., 2015). A Reserva Natural Vale engloba<br />

mais da metade dessa diversidade, contando com<br />

11 gêneros e 27 espécies (Lopes & Mello-Silva,<br />

2014a). Mesmo em regiões densamente povoadas,<br />

como a zona costeira do Brasil, nas quais o trabalho<br />

de levantamento florístico é mais facilitado, novas<br />

espécies ainda estão sendo descobertas. Dentre as<br />

espécies da Reserva, quatro foram descritas como<br />

novas para ciência nos últimos 20 anos (Maas,<br />

1999; Maas et al., 2007) e duas o foram muito<br />

recentemente (Lopes et al., 2013; Lopes et al.,<br />

2014). Isso demonstra a importância que áreas<br />

como a Reserva Natural Vale desempenham para<br />

a preservação e conservação da biodiversidade<br />

brasileira. Neste capítulo serão apresentadas as<br />

espécies de Annonaceae da reserva, características<br />

morfológicas que permitem seu reconhecimento,<br />

dados sobre sua distribuição, nomes populares<br />

utilizados na reserva e fotos e ilustrações das<br />

espécies.<br />

2 8 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

284<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

As Annonaceae da Reserva Natural Vale (RNV)<br />

foram estudadas das coleções dos herbários BHCB,<br />

CESJ, CVRD, ESA, MBM, MBML, R, RB, RBR, SP<br />

e SPF (siglas segundo Thiers, 2015), dos quais o<br />

herbário da própria reserva, CVRD, reúne a coleção<br />

mais significativa. Também foram realizadas cinco<br />

viagens de campo entre 2010 e 2011 para coleta<br />

e preparação de material mais abrangente e rico.<br />

Além de exsicatas, foram tiradas fotografias e<br />

flores e frutos foram preservados em álcool 70%<br />

para melhor análise dos caracteres e confecção de<br />

desenhos científicos. O material, tanto em álcool<br />

quanto herborizado, está depositado no herbário<br />

da Universidade de São Paulo (SPF) e duplicatas<br />

nos herbários CVRD, MBML e RB. Os desenhos<br />

foram elaborados por Klei Sousa e Isabel Martinelli.<br />

Os nomes populares são os utilizados pelos<br />

funcionários da reserva para a identificação das<br />

espécies e muitos são criações locais, utilizados no<br />

reconhecimento e comercialização de mudas. Os<br />

nomes vulgares foram obtidos das exsicatas e de<br />

Geovane Siqueira (com. pes.).<br />

A lista de espécies que ocorrem na reserva<br />

(Tabela 1) foi organizada com base em Lopes &<br />

Mello-Silva (2014a), onde descrições, chaves<br />

de identificação e listas completas de materiais<br />

examinados podem ser obtidas. Outras informações<br />

sobre as espécies podem ser obtidas em Fries<br />

(1931, 1939), Johnson & Murray (1995), Lobão<br />

et al. (2005, 2011, 2012), Lopes et al. (2013,<br />

2014), Maas & Westra (1985, 2003), Maas et<br />

al. (1992, 2002, 2003, 2007, 2015), Murray<br />

(1993) e Rainer (2001). Um material testemunho<br />

foi selecionado para cada espécie.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Riqueza de Espécies<br />

Na Reserva Natural Vale ocorrem 11 gêneros<br />

e 27 espécies de Annonaceae, das quais 18 são<br />

endêmicas da Mata Atlântica e quatro, (Duguetia<br />

sooretamae, Oxandra unibracteata, Unonopsis<br />

aurantiaca e U. renatoi) endêmicas da reserva (Tabela<br />

1). Apresentamos as espécies que ocorrem na RNV,<br />

seguida de seus nomes populares, fotografias e<br />

ilustrações, bem como comentários sobre sua área<br />

de ocorrência e características marcantes.<br />

Descrição das espécies<br />

Anaxagorea dolichocarpa, conhecida na<br />

Reserva como ariticum-bravo e detoni, possui<br />

ampla distribuição, ocorrendo da Colômbia até<br />

o sudeste do Brasil (Maas & Westra, 1985). Na<br />

reserva, habita a Mata de Tabuleiro e a mata<br />

de várzea. Seus frutos são bastante peculiares<br />

porque cada carpídio tem forma de taco de golfe.<br />

Floresce de setembro a dezembro (Figuras 1A,<br />

3A-C).<br />

Annona acutiflora, conhecida como ariticum, é<br />

pequena árvore que ocorre na Mata Atlântica da<br />

Bahia ao Rio de Janeiro, mas não é muito comum<br />

(Lobão et al., 2005). Na RNV, habita a Mata de<br />

Tabuleiro e a muçununga. Seu nome científico é<br />

referência ao ápice das pétalas externas, que é<br />

bastante agudo, condição rara no gênero. Floresce<br />

de setembro a dezembro e frutifica em fevereiro<br />

(Figura 1B, 3D).<br />

Annona cacans, a graviola-do-mato, ocorre do<br />

nordeste do Brasil ao Paraguai, na Mata Atlântica,<br />

e na reserva ocorre na Mata de Tabuleiro (Rainer,<br />

2001). Outro nome popular atribuído a essa<br />

espécie em outras localidades é araticum-cagão<br />

por causa das propriedades laxativas do fruto.<br />

É a espécie de maior porte entre as Annona do<br />

leste do Brasil, atingindo 25 metros de altura.<br />

Floresce em dezembro e frutifica em fevereiro<br />

(Figura 3E).<br />

Annona dolabripetala, a pinha-da-mata, é<br />

bastante comum, principalmente em florestas<br />

secundárias, e pode ser encontrada na borda<br />

de matas e em pastos, da Bahia ao Paraná e<br />

de Minas Gerais ao Mato Grosso (Maas et al.,<br />

1992). Na reserva ocorre nas bordas da Mata<br />

de Tabuleiro. Suas flores em forma de hélice<br />

são características e diferentes daquelas das<br />

outras espécies de Annona da reserva. Floresce<br />

de agosto a dezembro e frutifica de dezembro a<br />

maio (Figuras 1C, 3F).<br />

Annona glabra é conhecida como araticumdo-brejo<br />

porque ocorre em ambientes alagadiços,<br />

como mangues, florestas de várzeas e restingas.<br />

Tem ampla distribuição, ocorrendo próximo ao<br />

litoral atlântico, dos Estados Unidos ao estado de<br />

Santa Catarina, no Brasil (Fries, 1931; Lopes &<br />

Mello-Silva, 2014b; Maas et al., 2002). Floresce<br />

em outubro e frutifica em dezembro (Figuras 1D,<br />

3G, H).


LOPES & MELLO-SILVA<br />

ARATICUNS E PINDAÍBAS<br />

Tabela 1: Lista de espécies de Annonaceae da Reserva Natural Vale.<br />

Espécies Nomes populares Vouchers<br />

Anaxagorea dolichocarpa Sprague & Sandwith (1930: 475) ariticum-bravo, detoni, embireira Lopes 114 (CVRD,<br />

MBML, NY, RB, SP, SPF)<br />

Annona acutiflora Mart. (1841: 10) ariticum Lopes 118 (CVRD, MBML,<br />

RB, SPF)<br />

Annona cacans Warm. (1873: 155) graviola-do-mato Lopes 142 (CVRD, SPF)<br />

Annona dolabripetala Raddi (1820: 394) pinha-da-mata Lopes 117 (CVRD, MBML,<br />

NY, RB, SP, SPF)<br />

Annona glabra L. (1753: 537) araticum-do-brejo Lopes 121 (CVRD, RB, SPF)<br />

Annona tabuleirae H.Rainer sp. nov. ined. ariticum-amarelo Maas 8830 (CVRD, MBML,<br />

SPF, U)<br />

Cymbopetalum brasiliense (Vell.) Benth. ex Baill. (1868: 240) pimenta-de-boto<br />

Folli 3703 (CVRD, RB, SPF<br />

Duguetia chrysocarpa Maas (1999: 471) pindaíba-da-mata Lopes 120 (CVRD, MBML,<br />

NY, RB, SP, SPF)<br />

Duguetia sessilis (Vell.) Maas (1994: 38) ariticum-vermelho Lopes 150 (CVRD, SPF)<br />

Duguetia sooretamae Maas (1999: 486) pindaíba-coroa Folli 2448 (CVRD, SPF, U<br />

Ephedranthus dimerus J.C.Lopes, pindaíba-preta Folli 414<br />

Chatrou & Mello-Silva (2014: 71) (CVRD, K, NY, SPF, U)<br />

Guatteria australis A.St.-Hil. (1824: 37) imbira-preta Lopes 153 (CVRD, ESA,<br />

MBML, NY, RB, SP, SPF)<br />

Guatteria ferruginea A.St.-Hil. (1824: 38) pindaíba-coração Mello-Silva 1553 (CVRD,<br />

RB, SP, SPF)<br />

Guatteria sellowiana Schltdl. (1834: 323) pindaíba-puruna, pindaibinha Lopes 115 (CVRD, MBML,<br />

SP)<br />

Guatteria villosissima A.St.-Hil. (1824: 38) pindaíba-de-vara Lopes 112<br />

pindaíba-felpuda,<br />

(CVRD, MBML, SP, SPF)<br />

Hornschuchia bryotrophe Nees (1821: 302) ariticum-rasteiro, Folli 2917 (CVRD, RB, SPF)<br />

araticum-rasteiro<br />

Hornschuchia citriodora pindaíba-feijão Lopes 110 (CVRD, ESA,<br />

D.M.Johnson (1993: 259)<br />

MBML, SPF)<br />

Hornschuchia myrtillus Nees (1821: 302) pindaíba-rasteira Lopes 122 (CVRD, MBML,<br />

RB, SPF)<br />

Oxandra martiana (Schltdl.) R.E.Fries (1931: 165) pindaíba-de-poste Lopes 363 (CVRD, ESA,<br />

MBML, NY, RB, SPF)<br />

Oxandra nitida R.E.Fries (1931: 160) ariticum-do-mato Maas 8821 (CVRD, MBML,<br />

SPF, U)<br />

Oxandra unibracteata J.C.Lopes, imbiú-preto Silva 272 (CVRD, RB, SPF)<br />

Junikka & Mello-Silva (2013: 25)<br />

Pseudoxandra spiritus-sancti Maas (2003: 249) imbiú Lopes 310 (CVRD, MBML,<br />

NY, RB, SP, SPF)<br />

Unonopsis aurantiaca Maas & Westra (2007: 451) pindaíba-da-muçununga Maas 8825 (B, CVRD, H, K,<br />

MBML, MO, NY, SPF, U,<br />

WU);<br />

Unonopsis renatoi Maas & Westra (2007: 517) pindaíba Sucre 8355 (RB, U)<br />

Xylopia frutescens Aubl. (1775: 602) pindaíba-branca Lopes 123 (CVRD, MBML,<br />

NY, RB, SP, SPF)<br />

Xylopia laevigata (Mart.) R.E.Fries (1900: 37) mium-preto, mium-rosa Lopes 316 (CVRD, ESA,<br />

SPF)<br />

Xylopia ochrantha Mart. (1841: 43) coração Folli 2216 (CVRD, SPF)<br />

2 8 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 1: A. Anaxagorea dolichocarpa Sprague & Sandwith – flor; B. Annona acutiflora Mart. – flor; C. Annona<br />

dolabripetala Raddi – flor; D. Annona glabra L. – fruto; E-F. Annona tabuleirae H.Rainer – E. flor, F. fruto; G.<br />

Cymbopetalum brasiliense (Vell.) Benth. & Baill. – fruto; H. Duguetia chrysocarpa Maas – flor; I-L. Duguetia sessilis<br />

(Vell.) Maas – I. fruto, J. flor; L. Duguetia sooretamae Maas – flor (Fotos de Renato Mello-Silva (A-D, G), Geovane<br />

Siqueira (E, F, J) e Jenifer C. Lopes (I, L)).<br />

286


LOPES & MELLO-SILVA<br />

ARATICUNS E PINDAÍBAS<br />

Figura 2: A. Ephedranthus dimerus J.C.Lopes, Chatrou & Mello-Silva – fruto; B. Guatteria australis A.St.-Hil. – flores;<br />

C. Guatteria sellowiana Schltdl. – frutos; D. Guatteria villosissima A.St.-Hil. – flores; E. Hornschuchia citriodora<br />

D.M.Johnson – flor; F. Hornschuchia myrtillus Nees – flores; G. Pseudoxandra spiritus-sancti Maas – flor; H-I.<br />

Unonopsis aurantiaca Chatrou & Westra – H. flores, I. fruto; J. Xylopia frutescens Aubl. – flor; L. Xylopia laevigata<br />

(Mart.) R.E.Fr. – ramo com fruto (Fotos de Jenifer C. Lopes (A, B), Renato Mello-Silva (C-F, H-J) e Alexandre Zuntini<br />

(G, L).<br />

2 8 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

288<br />

Annona tabuleirae, o araticum-amarelo, foi<br />

descoberto na RNV, mas ocorre também em outras<br />

poucas localidades do Espírito Santo e Minas Gerais.<br />

Seu nome científico deve-se ao tipo de vegetação<br />

onde se encontra, a Floresta de Tabuleiro. Habita o<br />

interior da mata e é um arbusto, diferentemente<br />

das demais espécies de Annona da reserva, que<br />

são árvores. As flores, alaranjadas, e os frutos,<br />

amarelo-dourados, são muito bonitos. Floresce em<br />

dezembro e frutifica em fevereiro (Figuras 1E, F, 4).<br />

Cymbopetalum brasiliense, a pimenta-deboto,<br />

apesar do nome científico, ocorre também<br />

na Venezuela, Bolívia, Guiana e Trinidad e Tobago.<br />

No Brasil, ocorre na Amazônia e na Mata Atlântica,<br />

do nordeste ao sudeste (Maas et al., 2015,<br />

Murray, 1993). Na RNV, é encontrada em Mata<br />

de Tabuleiro. O nome Cymbopetalum alude às<br />

pétalas em formato de bote, bastante côncavas e<br />

com as margens levemente incurvadas (Murray,<br />

1993). Floresce de agosto a setembro e frutifica<br />

de dezembro a maio (Figuras 1G, 5A, B).<br />

Duguetia chrysocarpa, a pindaíba-da-mata,<br />

ocorre da Bahia ao Espírito Santo e Minas Gerais.<br />

Na reserva, habita a Mata de Tabuleiro e a mata<br />

de várzea. Seu nome científico faz referência à<br />

pilosidade dourada dos frutos (Maas et al., 2003).<br />

Floresce de setembro a dezembro e frutifica de<br />

fevereiro a maio (Figuras 1H, 5C-D).<br />

Duguetia sessilis, o ariticum-vermelho, cujo<br />

nome popular faz referência à cor das flores, ocorre<br />

no Espírito Santo e Rio de Janeiro (Maas et al.,<br />

2015). Na reserva ocorre na Mata de Tabuleiro. É<br />

um arbusto com inflorescências que surgem na base<br />

do tronco e se ramificam rente ao chão, dessa forma<br />

as flores parecem brotar entre a serrapilheira. Esse<br />

tipo de inflorescência ocorre apenas em outras duas<br />

espécies do gênero, nativas da Amazônia (Maas et<br />

al., 2003). Os frutos são bem pequenos e possuem<br />

coloração vermelho-acastanhada semelhante à cor<br />

do solo. Floresce durante o ano todo, principalmente<br />

entre outubro e janeiro e frutifica de fevereiro a julho<br />

(Figuras 1I, J, 5E).<br />

Duguetia sooretamae, a pindaíba-coroa, ocorre<br />

no Espírito Santo, em matas de restinga (Maas et<br />

al., 2003). Na RNV, habita a muçununga. Seu nome<br />

científico refere-se ao nome indígena da Mata<br />

Atlântica, Sooretama, que significa morada dos<br />

animais em tupi. O nome vulgar alude aos frutos,<br />

que possuem muitos carpídios, o que lembra uma<br />

coroa. Floresce de novembro a maio (Figura 1L, 5F).<br />

Ephedranthus dimerus, a pindaíba-preta,<br />

foi descoberta na RNV, onde habita a Mata<br />

de Tabuleiro, mas também ocorre em outras<br />

localidades do Espírito Santo, Minas Gerais e<br />

Bahia (Lopes et al., 2014). O nome científico faz<br />

referência às duas pétalas presentes em cada<br />

verticilo da corola, sendo que nas demais espécies<br />

de Annonaceae são normalmente três. As flores<br />

ou têm dois sexos ou são somente masculinas.<br />

Floresce de outubro a novembro e frutifica de<br />

fevereiro a abril (Figura 2A, 5G, H).<br />

Guatteria australis, a imbira-preta, ocorre da<br />

Bahia ao Rio Grande do Sul e em Goiás (Lobão et<br />

al., 2011). É a Guatteria mais comum na Mata<br />

Atlântica e, na RNV habita a Mata de Tabuleiro. O<br />

nome popular vem da cor do tronco, enegrecido.<br />

Floresce de fevereiro a março e frutifica em<br />

fevereiro (Figura 2B, 6A).<br />

Guatteria ferruginea, a pindaíba-coração, ocorre<br />

no Amazonas e Mato Grosso e da Bahia ao Rio de<br />

Janeiro (Fries, 1939; Lobão et al., 2012). Na RNV,<br />

habita as florestas de tabuleiro e de várzea. O nome<br />

popular vem da reentrância na base das folhas de<br />

alguns indivíduos, que lembra um coração. Floresce<br />

e frutifica durante todo o ano (Figura 6B).<br />

Guatteria sellowiana, a pindaíba-puruna ou<br />

pindaibinha, ocorre da Bahia a São Paulo e em Minas<br />

Gerais, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal (Lobão<br />

et al., 2012). Na reserva, habita a Mata de Tabuleiro.<br />

É comum também nos capões e matas de galeria<br />

do interior do Brasil. Floresce de fevereiro a maio e<br />

frutifica de fevereiro a agosto (Figura 2C, 6C).<br />

Guatteria villosissima, a pindaíba-felpuda ou<br />

pindaíba-de-varal, ocorre em Minas Gerais, Espírito<br />

Santo e Rio de Janeiro (Lobão et al., 2012). Na<br />

RNV, ocorre na Mata de Tabuleiro e na muçununga.<br />

A abundante pilosidade que recobre folhas e partes<br />

jovens da planta confere-lhe o nome científico e<br />

o nome popular. Floresce de dezembro a maio e<br />

frutifica de julho a novembro (Figura 2D, 6D).<br />

Hornschuchia bryotrophe, o araticum-rasteiro<br />

ou ariticum-rasteiro, ocorre da Bahia ao Rio de<br />

Janeiro e em Minas Gerais (Johnson & Murray,<br />

1995). Na reserva, habita a Mata de Tabuleiro.<br />

Seu nome popular alude às inflorescências que,<br />

como as de D. sessilis, nascem da base do tronco<br />

em ramos longos rentes ao chão e exibem suas<br />

flores brancas emergindo da serrapilheira. As


LOPES & MELLO-SILVA<br />

ARATICUNS E PINDAÍBAS<br />

folhas dessa espécie são bastante características<br />

por serem grandes, com 12 a 25 cm de<br />

comprimento, possuirem a base de assimétrica a<br />

obtusa e a nervura marginal bastante evidente. É<br />

a espécie do gênero de mais ampla distribuição.<br />

Floresce de outubro a maio e frutifica de<br />

dezembro a fevereiro (Figura 6E, F, G).<br />

Hornschuchia citriodora, a pindaíba-feijão,<br />

ocorre na Bahia e no Espírito Santo (Johnson<br />

& Murray, 1995). Na RNV, ocorre na Mata de<br />

Tabuleiro. Ao contrário das outras Hornschuchia<br />

que ocorrem na reserva, H. citriodora é árvore<br />

com 3 a 11 metros de altura. As flores exalam<br />

agradável odor cítrico, daí seu nome científico. O<br />

nome popular é referência aos frutos, semelhantes<br />

às vagens do feijão. Floresce de novembro a maio<br />

(Figura 2E, 6H).<br />

Hornschuchia myrtillus, a pindaíba-rasteira,<br />

ocorre na Bahia e no Espírito Santo (Johnson &<br />

Murray, 1995). É um pequeno arbusto que vive<br />

no interior da Mata de Tabuleiro e constitui a<br />

menor espécie de Annonaceae da RNV. Assim<br />

como H. bryotrophe, suas inflorescências<br />

surgem da base do tronco e se ramificam rente<br />

ao solo, as flores surgindo de entre o folhedo do<br />

chão da mata, daí seu nome popular. Floresce<br />

em dezembro e janeiro e frutifica em abril<br />

(Figura 2F, 6I).<br />

Oxandra martiana, a pindaíba-de-poste, ocorre<br />

na Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo (Maas et<br />

al., 2002). Os indivíduos da RNV habitam a Mata<br />

de Tabuleiro e são de grande porte, podendo<br />

atingir 30 m de altura, lembrando um poste. Esta<br />

espécie tem flores ou bissexuais ou somente<br />

masculinas, mas indivíduos masculinos nunca<br />

foram encontrados na reserva (Fries, 1931).<br />

Floresce em novembro e frutifica em março<br />

(Figura 6J, L).<br />

Oxandra nitida, o ariticum-do-mato, ocorre<br />

da Bahia ao Rio de Janeiro (Maas et al., 2002).<br />

Na reserva, ocorre na Mata de Tabuleiro, mas<br />

em outras localidades habita também a restinga.<br />

Seu nome científico deve-se às folhas bastante<br />

brilhantes. Floresce de setembro a abril e frutifica<br />

de março a julho (Figura 7A, B).<br />

Oxandra unibracteata, o imbiú-preto, ocorre<br />

somente na RNV, na Floresta de Tabuleiro. Por<br />

possuir apenas uma bráctea na flor, característica<br />

única que a distingue das demais espécies de<br />

Oxandra, foi batizada de O. unibracteata (Lopes<br />

et al., 2013). Floresce em novembro e frutifica em<br />

maio (Figura 7C-G).<br />

Pseudoxandra spiritus-sancti, o imbiú, ocorre<br />

no Espírito Santo, onde é encontrado na RNV e<br />

também nas florestas ao redor de Santa Teresa/ES<br />

localizadas em áreas bem mais elevadas (Maas &<br />

Westra, 2003). Na RNV, é frequente na borda da<br />

Mata de Tabuleiro. Nesta espécie, alguns indivíduos<br />

apresentam flores masculinas e outros flores<br />

bissexuais. Floresce em outubro e frutifica de abril a<br />

junho (Figura 2G).<br />

Unonopsis aurantiaca, a pindaíba-damuçununga,<br />

ocorre apenas na RNV, na mata de<br />

muçununga, daí seu nome popular, e no campo<br />

nativo (Maas et al., 2007). Seu nome científico<br />

traduz a cor das flores, que é alaranjada, uma<br />

característica única entre as espécies do gênero<br />

Unonopsis. Floresce em dezembro e frutifica em<br />

fevereiro (Figura 2H, I, 7H, I).<br />

Unonopsis renatoi, pindaíba, ocorre somente<br />

na RNV, onde habita a Mata de Tabuleiro, e não é<br />

abundante. Seu nome é uma homenagem ao antigo<br />

diretor da reserva, Renato Moraes de Jesus (Maas<br />

et al., 2007). Floresce em outubro e frutifica em<br />

abril (Figura 7J).<br />

Xylopia frutescens, pindaíba-branca, possui<br />

ampla distribuição, ocorrendo do Amazonas a<br />

Santa Catarina (Maas et al., 2015). Também na<br />

RNV é ubíqua, habitando a Mata de Tabuleiro, a<br />

muçununga e o campo nativo. Suas flores são<br />

brancas e, quando abertas, lembram uma estrela<br />

de seis pontas. Floresce de outubro a dezembro e<br />

frutifica de abril a agosto (Figura 2J, 7L, M).<br />

Xylopia laevigata, o mium-preto ou mium-rosa,<br />

ocorre do Ceará ao Rio de Janeiro e Minas Gerais,<br />

sendo encontrada principalmente na restinga<br />

(Maas et al., 2015). Na RNV também ocorre na<br />

Mata de Tabuleiro, na muçununga e no campo<br />

nativo. Floresce e frutifica de julho a dezembro<br />

(Figura 2L, 7N).<br />

Xylopia ochrantha, o coração, ocorre da Bahia ao<br />

Rio de Janeiro (Maas et al., 2015). É uma espécie<br />

típica da restinga, mas na RNV só é encontrada na<br />

Mata de Tabuleiro. O nome vulgar é em decorrência<br />

do formato de coração do botão floral e o nome<br />

científico alude à pilosidade dourada das flores.<br />

Floresce em janeiro e fevereiro e frutifica de<br />

fevereiro a setembro (Figura 7O, P).<br />

2 8 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 3: A-C. Anaxagorea dolichocarpa Sprague & Sandwith – ramo com flor; B. carpídio; C. semente; D. Annona<br />

acutiflora Mart. – flor; E. Annona cacans Warm. – botão floral; F. Annona dolabripetala Raddi – ramo com flor; G-H.<br />

Annona glabra L. – G. ramo com fruto, H. flor (Desenhos: Klei Sousa. A. Lopes 114, B, C. Folli 2017, D. Lopes 118,<br />

E. Folli 5813, F. Lopes 117, G. Lopes 121, H. Folli 4646).<br />

290


LOPES & MELLO-SILVA<br />

ARATICUNS E PINDAÍBAS<br />

Figura 4: Annona tabuleirae H.Rainer – A. hábito, B. fruto, C. flor, D. folha, E. ramo com botão floral (Desenhos:<br />

Isabel Martinelli (A-C) e Klei Sousa (D-E). A, D, E. Lopes 113, B. Siqueira 285, C. Folli 3696).<br />

2 9 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 5: A-B. Cymbopetalum brasiliense (Vell.) Benth. & Baill. – A. ramo com flor, B. carpídios; C-D. Duguetia<br />

chrysocarpa Maas – C. fruto, D. ramo com flor. E. Duguetia sessilis (Vell.) Maas – fruto. F. Duguetia sooretamae<br />

Maas – ramo com botão floral. G-H. Ephedranthus dimerus J.C.Lopes, Chatrou & Mello-Silva – G. flor masculina,<br />

H. flor bissexuada (Desenhos: France Pedreira (G-H) e Klei Sousa (A-F). A. Folli 703, B. Folli 5583, C. Folli 3917, D.<br />

Lopes 120, E. Folli 3524, F. Folli 2820, G. Siqueira 667, H. Folli 414).<br />

292


LOPES & MELLO-SILVA<br />

ARATICUNS E PINDAÍBAS<br />

Figura 6: A. Guatteria australis A.St.-Hil. – ramo com flor. B. Guatteria ferruginea A.St.-Hil. – ramo com flor; C.<br />

Guatteria sellowiana Schltdl. – ramo com flor. D. Guatteria villosissima A.St.-Hil. – ramo com flor. E-G. Hornschuchia<br />

bryotrophe Nees – E. folha, F. fruto, G. flor; H. Hornschuchia citriodora D.M.Johnson – ramo com flor. I. Hornschuchia<br />

myrtillus Nees – ramo com flor. J-L. Oxandra martiana (Schltdl.) R.E.Fr. – J. flor, L. fruto. (Desenhos: Klei Sousa. A.<br />

Lopes 153, B. Folli 6416, C. Lopes 1595, D. Lopes 146, E-G. Lopes 151, H. Folli 5862, I. Lopes 147, J. Lopes 363,<br />

L. Folli 3832).<br />

2 9 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 7: A-B. Oxandra nitida R.E.Fr. – A. ramo com fruto, B. ramo com flor. C-G. Oxandra unibracteata J.C.Lopes,<br />

Junikka & Mello-Silva – C. ramo com flor, D. ramo com fruto, E. estames em vista frontal e lateral, F. botão floral, G.<br />

flor com três pétalas removidas; H-I. Unonopsis aurantiaca Maas & Westra – H. ramo com flor, I. fruto. J. Unonopsis<br />

renatoi Maas & Westra – fruto; L-M. Xylopia frutescens Aubl. – L. flor, M. fruto. N. Xylopia laevigata (Mart.) R.E.Fr. –<br />

N. ramo com flor. O-P. Xylopia ochrantha Mart. – O. flor, P. carpídios (Desenhos: Klei Sousa. A. Folli 4218, B. Siqueira<br />

550, C-E-G. Silva 272, D. Folli 545, H-I. Lopes 125, J. Folli 6433, L. Lopes 123, M. Lopes 255, N. Lopes 316, O.<br />

Folli 5933, P. Folli 2010).<br />

294


LOPES & MELLO-SILVA<br />

ARATICUNS E PINDAÍBAS<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem à Fundação de Amparo<br />

à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) pela<br />

bolsa de mestrado de Jenifer C. Lopes, desenvolvido<br />

na Universidade de São Paulo (USP) e também<br />

pelo auxílio financeiro; ao Conselho Nacional de<br />

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)<br />

pela bolsa de produtividade de Renato de Mello-<br />

Silva. Agradecem também à Reserva Natural Vale<br />

pelo apoio aos trabalhos na reserva, especialmente<br />

a Geovane Siqueira e Domingos Folli, e pelo convite<br />

à elaboração deste capítulo, a France Pedreira,<br />

Klei Sousa e Isabel Martinelli pela elaboração dos<br />

desenhos das espécies, a Juliana Lovo pela ajuda<br />

com a figura 4 e a Adriana Lobão e Augusto Giaretta<br />

pelas sugestões.<br />

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2 9 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

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Rainer, H. & Chatrou L.W. 2006. AnnonBase: world<br />

species list of Annonaceae – version 1.1, 12 Oct<br />

2006. Available at: http://www.sp2000.org and<br />

http://www.annonaceae.org. Accessed 3 May 2015.<br />

Rainer, H. 2001. Nomenclatural and taxonomic notes on<br />

Annona (Annonaceae). Annalen des Naturhistorischen<br />

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513–524.<br />

Saint-Hilaire, A.F.C.P. 1824. Flora Brasiliae meridionalis.<br />

Vol. 1. A. Belin. Paris.<br />

Saint-Hilaire, A.F.C.P. 1828. Plantes usuelles des<br />

brasiliens. Grimbert. Paris.<br />

Sandwith, N.Y. 1930. Contributions to the Flora of<br />

Tropical America III. Annonaceae collected by the<br />

Oxford University Expedition to British Guiana, 1929.<br />

Bulletin of Miscellaneous Information (Royal Gardens,<br />

Kew) 1930(10): 466-480.<br />

Schlechtendal, D.F.L. 1834. De Anonaceis Brasiliensibus<br />

Herbarii Regii Berolinensis. Linnaea 9: 315-331.<br />

Ter Steege, H.; Sabatier, D.; Castellanos, H.; Van Andel;<br />

T., Duivenvoorden, J.; Oliveira, A.A.; Ek, R.; Lilwah,<br />

L.; Maas, J.P.M. & Mori, S. 2000. An analysis of the<br />

floristic composition and diversity of Amazonian<br />

forests including those of the Guiana Shield. Journal<br />

of Tropical Ecology 16: 801–828.<br />

Thiers, B. [continuously updated]. Index Herbariorum: A<br />

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sweetgum.nybg.org/ih/. Acesso em 20 de abril de<br />

2015.<br />

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cognoscendam 16. Videnskabelige Meddelelser fra<br />

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(9-12): 142-161.<br />

296


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

17<br />

Marcus<br />

A FAMÍLIA ARACEAE NA <strong>RESERVA</strong><br />

<strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

A. Nadruz Coelho<br />

INTRODUÇÃO<br />

A família Araceae, pertencente à ordem<br />

Alismatales (monocotiledôneas), possui, como<br />

características principais, a presença de um espádice<br />

com flores uni ou bissexuais, subentendida por uma<br />

espata, ambas apoiadas num pedúnculo longo ou<br />

curto (Coelho, 2010). Apresenta uma notável<br />

diversidade morfológica, incluindo as menores<br />

angiospermas conhecidas (subfamília Lemnoideae)<br />

e uma das maiores estruturas vegetativas e<br />

reprodutivas (gênero Amorphophallus) (Henriques<br />

et al., 2014).<br />

A família está representada por 118 gêneros<br />

e, aproximadamente, 3.500 espécies (Boyce<br />

& Croat, 2011) com ampla distribuição, sendo<br />

predominantemente tropical, com cerca de 10%<br />

dos gêneros estendendo-se às zonas temperadas<br />

do norte. No Brasil, está representada por 36<br />

gêneros e 477 espécies (Coelho et al., 2014),<br />

sendo encontrada em todo o território brasileiro,<br />

apresentando uma ampla variação ecológica,<br />

ocorrendo em diversas formações vegetais como<br />

florestas, restingas, campos e afloramentos<br />

rochosos, sendo mais abundante nas regiões de<br />

Floresta Ombrófila Densa (Coelho et al., 2009;<br />

2012).<br />

Na região Sudeste, as espécies de Araceae<br />

somam 24 gêneros e 196 espécies, compreendendo<br />

66,7% e 41,1%, respectivamente, do total para o<br />

Brasil, sendo os estados do Rio de Janeiro e Espírito<br />

Santo mais representativos. O Espírito Santo possui<br />

15 gêneros e 77 espécies, distribuídas nos diversos<br />

tipos vegetacionais do estado, sendo Anthurium e<br />

Philodendron os mais numerosos (Coelho et al.,<br />

2014).<br />

A Reserva Natural Vale possui 25% da cobertura<br />

florestal natural existente no Espírito Santo e vem<br />

sendo objeto de pesquisa em botânica nos últimos<br />

30 anos, cujos resultados mostram uma área de<br />

alta diversidade específica e rica em endemismos<br />

(Peixoto et al., 2008).<br />

AS ARACEAE DA RNV<br />

Os primeiros registros da família Araceae na<br />

área da Reserva datam da década de 1970, sendo<br />

que a partir de 2002 foram intensificados. Com o<br />

levantamento, num primeiro momento através da<br />

consulta a diversos herbários do Espírito Santo e<br />

Rio de Janeiro, contabilizou-se oito gêneros e 28<br />

espécies. A partir de um esforço de coleta nas<br />

diversas formações vegetais encontradas, com<br />

registros fotográficos de partes vegetativas e/<br />

ou reprodutivas e georeferenciamento com ajuda<br />

de GPS, o número total de espécies para a família<br />

evoluiu para 37 distribuídas em 11 gêneros (Tabela<br />

1), onde Anthurium e Philodendron, cada um com<br />

13 espécies, são os mais representativos.<br />

Do total de espécies ocorrentes na Reserva,<br />

2 9 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 1: Relação de espécies de Araceae ocorrentes na Reserva Natural Vale.<br />

Espécies<br />

Anthurium ianthinopodum (Schott ex Engler) Nadruz & Mayo<br />

Anthurium intermedium Kunth<br />

Anthurium parasiticum (Vell.) Stellfeld<br />

Anthurium pentaphyllum (Aubl.) G. Don var. pentaphyllum<br />

Anthurium queirozianum Nadruz<br />

Anthurium radicans K. Koch & Haage<br />

Anthurium raimundii Mayo, Haigh & Nadruz<br />

Anthurium ribeiroi Nadruz<br />

Anthurium riodocense Nadruz<br />

Anthurium siqueirae Nadruz<br />

Anthurium scandens (Aubl.) Engl. ssp. scandens<br />

Anthurium solitarium Schott<br />

Anthurium zeneidae Nadruz<br />

Asterostigma lombardii E.G. Gonçalves<br />

Dracontioides desciscens (Schott) Engler<br />

Heteropsis salicifolia Kunth<br />

Heteropsis rigidifolia Engl.<br />

Lemna aequinoctiales Welw.<br />

Monstera adansonii subsp. klotzschiana (Schott) Mayo & I.M. Andrade<br />

Monstera praetermissa E.G. Gonçalves<br />

Montrichardia linifera (Arruda da Câmara) Schott<br />

Philodendron blanchetianum Schott<br />

Philodendron follii Nadruz<br />

Philodendron fragrantissimum (Hook) G. don<br />

Philodendron hederaceum var. hederaceum (Jacq.) Schott<br />

Philodendron ochrostemon Schott<br />

Philodendron ornatum Schott<br />

Philodendron paludicola E.G. Gonçalves & Salvini<br />

Philodendron pedatum (Hook.) Kunth<br />

Philodendron rudgeanum Schott<br />

Philodendron ruthianum Nadruz<br />

Philodendron speciosum Schott ex Endl.<br />

Philodendron stenolobum E.G. Gonçalves<br />

Philodendron aff. vargealtense Sakuragui<br />

Rhodospatha latifolia Poepp.<br />

Syngonium vellozianum Schott<br />

Wolffiella neotropica Landolt<br />

sete foram descritas recentemente (Anthurium<br />

queirozianum, A. ribeiroi, A. riodocense, A. siqueirae,<br />

A. zeneidade, Philodendron follii e P. ruthianum),<br />

sendo que, com exceção de Philodendron ruthianum,<br />

todas são exclusivas da Reserva, mostrando ser a<br />

área rica em biodiversidade e endemismos.<br />

Em relação ao status de conservação das<br />

espécies ocorrentes na Reserva, segundo os critérios<br />

da IUCN, as sete espécies recentemente descritas<br />

e relacionadas acima, são consideradas Em Perigo<br />

(EN). As espécies aquáticas Lemna aequinoctiales<br />

e Wolffiella neotropica são ocorrências novas para<br />

a área estudada.<br />

A maioria das espécies possui hábito herbáceo,<br />

com exceção de Philodendron speciosum, que é<br />

arborescente (possui caule fibroso). Em relação<br />

à forma de vida, a família na Reserva é bem<br />

variável, podendo ocorrer como aquática (Lemna<br />

298


COELHO<br />

ARACEAE<br />

e Wolffiela), helófita (Dracontioides, Montrichardia<br />

e Philodendron), geófita (Asterostigma), terrestre<br />

(Anthurium), hemiepífita (Heteropsis, Monstera,<br />

Philodendron, Rhodospatha e Syngonium) e epífita<br />

(Anthurium). Nota-se o grande número de gêneros<br />

(cerca de 55%) de hemiepífitas e epífitas, indicando<br />

ser a floresta da Reserva predominantemente<br />

úmida.<br />

Com exceção de Anthurium pentaphyllum var.<br />

pentaphyllum, A. solitarium, Monstera adansonii<br />

subsp. klotzschiana, Philodendron hederaceum<br />

var. hederaceum, P. ochrostemon, P. pedatum<br />

e Syngonium vellozianum, todas as demais<br />

espécies são indicadoras de biodiversidade ao<br />

se desenvolverem, principalmente, em áreas<br />

remanescentes, não tolerando áreas degradadas.<br />

A família se distribui nas quatro formações<br />

vegetais encontradas na Reserva, que são:<br />

Floresta Alta, Floresta de Muçununga, Floresta<br />

Permanentemente ou sazonalmente inundada<br />

(brejo, floresta de várzea e mata ciliar) e campo<br />

nativo.<br />

Comparando esses resultados com outros<br />

trabalhos de inventários da família em Unidades de<br />

Conservação, a Reserva Natural Vale é considerada<br />

de extrema riqueza. No Parque Estadual do Rio<br />

Doce e no Parque Estadual do Ibitipoca, ambos em<br />

Minas Gerais, a família Araceae é representada por<br />

13 espécies em oito gêneros e 10 espécies em três<br />

gêneros, respectivamente (Temponi et al., 2005,<br />

2012).<br />

Florestal de Santa Catarina, volume 1: 282-284.<br />

Coelho, M.A.N.; Sakuragui, C.M.; Mayo, S.; Soares, M.L.;<br />

Temponi, L.G.; Calazans, L.S.B.; Gonçalves, E.G.;<br />

Andrade, I.M. de; Pontes, T.A. 2014. Araceae. In: Lista<br />

de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio<br />

de Janeiro. Disponível em: . Acesso em: 04 Set.<br />

Henriquez, C.L.; Arias, T. et al. 2014. Phylogenomics of<br />

the plant Family Araceae. Molecular phylogenetics<br />

and evolution 75(2014): 91-102.<br />

Peixoto, A.L.; Silva, I.M.; Pereira, O.J.; Simonelli, M; Jesus,<br />

R.M. & Rolim, S.G. 2008. Tabuleiro forests north of<br />

Rio Doce: Their representation in the Vale do Rio Doce<br />

Natural Reserve, Espírito Santo, Brazil, in: The atlantic<br />

coastal forest of northeastern Brazil: 319-350.<br />

Temponi, L.G.; Garcia, F.C.P.; Sakuragui, C.M. & Carvalho-<br />

Okano, R.M. 2005. Diversidade morfológica e formas<br />

de vida das Araceae no Parque Estadual do Rio Doce,<br />

Minas Gerais. Rodriguesia 56(88): 1-13.<br />

Temponi, L.G.; Poli, L.P.; Sakuragui, C.M. & Coelho, M.A.N.<br />

2012. Araceae do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas<br />

Gerais, Brasil. Rodriguesia 63(4): 957-969.<br />

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Coelho, M.A.N. 2012. Araceae. In: Inventário Florístico<br />

2 9 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Avicularia sooretama Bertani & Fukushima, 2009.<br />

Identificada por Pedro H. Martins.<br />

300


PEIXOTO & JESUS<br />

MEMÓRIAS DE CONSERVAÇÃO<br />

PARTE IV<br />

FAUNA DE INVERTEBRADOS<br />

3 0 1


302<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

18<br />

Adalberto J. Santos, Antonio D. Brescovit & João Vasconcellos-<br />

Neto<br />

DIVERSIDADE E DISTRIBUIÇÃO<br />

DE ARANHAS NA <strong>RESERVA</strong><br />

<strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

INTRODUÇÃO<br />

Aranhas estão entre os animais mais conspícuos<br />

do planeta. Elas podem ser encontradas<br />

basicamente em todos os ecossistemas terrestres,<br />

em todos os continentes (exceto a Antártida),<br />

frequentemente em alta abundância. Além de<br />

serem facilmente reconhecíveis (qualquer pessoa<br />

consegue reconhecer uma aranha), elas estão<br />

também entre os animais mais admirados, por sua<br />

habilidade em construir teias elaboradas (Viera<br />

et al., 2007), quanto temidos, por serem quase<br />

todas peçonhentas (Foelix, 2010). Elas estão<br />

também entre os mais diversificados grupos de<br />

animais, compreendendo atualmente 45.388<br />

espécies (World Spider Catalog, 2015), com mais<br />

3.200 espécies conhecidas somente para o Brasil<br />

(Brescovit et al., 2011). Entretanto, esses números<br />

constituem apenas uma fração das espécies<br />

existentes na natureza, como mostram inúmeros<br />

estudos recentes que descrevem dezenas de<br />

espécies desconhecidas para a ciência (p. ex. Levi,<br />

1988; Rheims & Brescovit, 2009; Huber, 2015). A<br />

alta abundância e ampla distribuição das aranhas no<br />

planeta fazem deste grupo um componente chave<br />

das cadeias alimentares terrestres: aranhas são<br />

predadoras e têm grande importância no controle de<br />

populações de suas presas, principalmente insetos,<br />

incluindo pragas agrícolas (Romero, 2007). Assim,<br />

as aranhas se encaixam perfeitamente no conceito<br />

de táxon megadiversificado: um grupo taxonômico<br />

rico em espécies, com ampla distribuição e com alta<br />

importância ecológica.<br />

Tendo em vista sua importância ecológica e alta<br />

diversidade, seria esperado que aranhas fossem<br />

muito bem conhecidas pela ciência. Contudo, o<br />

conhecimento atual sobre o grupo deixa a desejar<br />

em vários aspectos. No que se refere à sistemática,<br />

a ciência responsável pela descrição e classificação<br />

dos seres vivos, aranhas são ainda pouco<br />

conhecidas, já que, como mencionado acima, a<br />

quantidade de espécies ainda não descritas parece<br />

realmente muito alta. Mas o grupo é também<br />

pouco estudado em relação a vários aspectos de<br />

sua história natural, como alimentação, escolha<br />

de habitat e comportamento reprodutivo. Apesar<br />

da escassez de conhecimento sobre o grupo, ele<br />

é atualmente reconhecido por sua importância<br />

como modelo científico para compreender a<br />

evolução da vida no planeta e o funcionamento<br />

dos ecossistemas terrestres (Penney, 2013). Do<br />

ponto de vista ecológico, em particular, aranhas<br />

são apontadas como um modelo interessante para<br />

inventários de fauna (Coddington et al., 1991) e<br />

como indicadoras de perturbações ambientais<br />

(Uehara-Prado et al., 2009).<br />

Dentre os ecossistemas brasileiros, a Mata<br />

Atlântica é um dos mais ameaçados (Fonseca et<br />

al., 2004), mas também o melhor conhecido, em<br />

termos relativos, quanto à sua biodiversidade. Isto<br />

não é diferente para as aranhas: dentre os biomas<br />

do Brasil, a Mata Atlântica é o que apresenta maior<br />

densidade de registros de ocorrência de espécies<br />

de aranhas (Oliveira, 2011). Isto é especialmente<br />

3 0 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

evidente quando comparamos este bioma a, por<br />

exemplo, a Amazônia (Oliveira, 2011; Oliveira et<br />

al., 2015) ou à Caatinga (Carvalho et al., 2014),<br />

que apresentam mais de 50% de seu território<br />

sem registros de espécies de aranhas. Apesar<br />

desta vantagem comparativa, a fauna de aranhas<br />

da Mata Atlântica está longe de ser plenamente<br />

conhecida, e não é difícil encontrar espécies não<br />

descritas, ou desconhecidas para este bioma, em<br />

coletas de campo (p. ex. Huber, 2015). Assim, a<br />

Mata Atlântica ainda requer muito esforço de<br />

coleta e estudos de taxonomia para que sua fauna<br />

de aranhas seja satisfatoriamente conhecida.<br />

Alguns anos atrás, os autores deste capítulo<br />

decidiram concentrar esforços para conhecer um<br />

pouco melhor a fauna de aranhas de uma região pouco<br />

explorada da Mata Atlântica, as Florestas de Tabuleiro<br />

do Espírito Santo (veja Peixoto & Silva, 1997). Assim,<br />

desenvolvemos um projeto de inventário intensivo<br />

na Reserva Natural Vale, que resultou na dissertação<br />

de mestrado do primeiro autor (Santos, 1999).<br />

Neste projeto, procuramos combinar estratégias<br />

de estudo comumente empregadas por ecólogos e<br />

taxonomistas para conhecer um pouco mais sobre<br />

a diversidade desta importante área de preservação<br />

da Mata Atlântica. Para isto, desenvolvemos um<br />

protocolo de coletas que permitisse avaliar de forma<br />

quantitativa a diversidade de aranhas da área, mas que<br />

ao mesmo tempo resultasse em uma amostragem<br />

ampla das espécies existentes ali. Nosso objetivo<br />

neste estudo foi não apenas listar as espécies de<br />

aranhas presentes na Reserva, e obviamente tornar<br />

amostras dessas espécies disponíveis em coleções<br />

científicas, mas também compreender o que essa<br />

diversidade representa se comparada a outras áreas<br />

da Mata Atlântica. Também nos interessamos em<br />

descrever a variação na distribuição das espécies de<br />

aranhas da reserva entre os diferentes ecossistemas<br />

típicos da região, assim como sua variação ao longo<br />

das estações do ano. Neste capítulo, descrevemos<br />

em termos gerais os resultados obtidos neste projeto,<br />

mas mais detalhes podem ser encontrados em Santos<br />

(1999).<br />

COMO FOI FEITO O ESTUDO<br />

Neste projeto, procuramos amostrar aranhas nos<br />

três principais ecossistemas florestais presentes no<br />

norte do Espírito Santo e preservados na Reserva<br />

Natural Vale:<br />

1. Campo Nativo - Trata-se de uma formação<br />

vegetal semelhante à Restinga, com solo<br />

arenoso e vegetação formada principalmente<br />

por gramíneas e arbustos (Peixoto & Silva,<br />

1997). Neste estudo amostramos uma área<br />

conhecida como Nativo do Paraju, localizada,<br />

em sua maior parte, fora da Reserva.<br />

2. Mata de Tabuleiro - Este tipo de vegetação<br />

é formado por matas altas, com sub-bosque<br />

não muito fechado, ricas em cipós, e que<br />

crescem sobre solos argilosos (Peixoto &<br />

Gentry, 1990; Peixoto et al., 2008). Nossas<br />

coletas foram realizadas em duas áreas<br />

representativas deste ecossistema, junto à<br />

Estrada do Flamengo e próximo ao viveiro de<br />

mudas.<br />

3. Muçununga – Esta vegetação ocorre<br />

em manchas, sobre solos ricos em areia,<br />

apresentam menor biomassa, menor altura<br />

do dossel e menor diversidade florística que<br />

as Matas de Tabuleiro, mas abrigam espécies<br />

endêmicas (Jesus, 1988; Peixoto & Silva,<br />

1997). Realizamos nossas coletas de aranhas<br />

em duas áreas de Muçununga, junto à estrada<br />

do Flamengo e junto à Estrada do Roxinho.<br />

Nosso principal objetivo neste projeto foi coletar<br />

o maior número possível de espécies de aranhas<br />

presentes na Reserva, e para isto combinamos<br />

métodos de coleta que permitem amostrar<br />

grupos de aranhas que ocorrem em diferentes<br />

micro-hábitat. Assim, realizamos coletas diurnas,<br />

utilizando guarda-chuvas entomológicos, e coletas<br />

manuais noturnas. Esses métodos são comumente<br />

usados por taxonomistas para coletar aranhas<br />

na natureza, e são sabidamente muito eficientes.<br />

Entretanto, para que nossos resultados fossem<br />

comparáveis a outros estudos, sabíamos que seria<br />

necessário medir o nosso esforço amostral já que,<br />

como já foi amplamente demonstrado, quanto<br />

mais se coleta em uma área, mais espécies são<br />

encontradas (Santos et al., 2007). Além disso, para<br />

que fosse possível analisar estatisticamente nossos<br />

resultados, precisaríamos de um desenho amostral<br />

apropriado, com réplicas de esforço amostral similar.<br />

Assim, todas as nossas coletas foram divididas em<br />

amostras, conforme a descrição a seguir:<br />

304


SANTOS ET AL.<br />

ARANHAS<br />

• Coletas diurnas. Coletamos aranhas durante<br />

o dia, especificamente entre 8:00 e 11:30,<br />

usando guarda-chuvas entomológicos. Este<br />

instrumento consiste em uma armação de<br />

madeira em forma de cruz, que sustenta<br />

um lençol de tecido branco quadrado, com<br />

um metro de lado. Este lençol é mantido<br />

sob arbustos e ramos de plantas, que são<br />

agitados através de golpes repetidos com um<br />

bastão de madeira. Com a agitação, aranhas<br />

e outros artrópodes presentes na vegetação<br />

caem sobre o lençol, e podem ser capturados.<br />

Definimos como cada amostra de coleta<br />

diurna um conjunto de 20 arbustos ou ramos<br />

diferentes amostrados por um mesmo coletor.<br />

• Coletas noturnas. Muitas espécies de aranhas<br />

são ativas apenas à noite, permanecendo<br />

durante o dia em abrigos, frequentemente<br />

inacessíveis. Para capturar essas aranhas,<br />

realizamos sessões de coleta noturna, sempre<br />

entre as 21:00 e 1:30. Nessas sessões, cada<br />

coletor procurava aranhas na folhagem, sobre<br />

troncos de árvores e sobre o solo, com auxílio<br />

de lanternas fixas à cabeça (deixando as mãos<br />

livres). Para padronizar o esforço amostral,<br />

dividimos as coletas noturnas em amostras<br />

realizadas ao longo de linhas (delimitadas por<br />

barbantes) de 30 metros de comprimento,<br />

percorridas duas vezes (ida e volta) por uma<br />

dupla de coletores. As parcelas foram dispostas<br />

paralelamente, a no mínimo 20 metros uma da<br />

outra.<br />

Todas as aranhas coletadas foram preservadas<br />

em álcool etílico a 70% para posterior exame em<br />

laboratório, identificação e preservação na coleção<br />

de aranhas do Instituto Butantan (São Paulo).<br />

Entretanto, sabíamos desde o início que não seria<br />

possível identificar todos os indivíduos coletados,<br />

porque a distinção entre espécies de aranhas se<br />

baseia principalmente na estrutura dos órgãos<br />

genitais de machos e fêmeas. Uma vez que as<br />

estruturas reprodutivas externas estão presentes<br />

apenas nos indivíduos adultos, não é possível<br />

determinar espécies de aranhas com base em<br />

juvenis. Como consequência, 76% dos indivíduos<br />

coletados foram excluídos de nossas análises. Para<br />

minimizar este problema, e tendo em vista que<br />

espécies diferentes poderiam apresentar indivíduos<br />

adultos apenas em determinadas estações do ano,<br />

realizamos duas expedições de coleta na Reserva:<br />

a primeira na estação seca (de 21 a 25 de julho de<br />

1997) e outra na estação chuvosa (entre 9 e 14 de<br />

janeiro de 1998).<br />

Como descrito acima, o trabalho de campo<br />

deste projeto se concentrou em 10 dias de coletas<br />

intensivas (com a preciosa ajuda de vários colegas).<br />

Por outro lado, o exame e identificação do material<br />

coletado custaram mais de um ano de trabalho em<br />

laboratório, envolvendo dois membros da equipe.<br />

Nossos objetivos nesse projeto incluíam responder<br />

a perguntas como “quantas espécies de aranhas<br />

ocorrem na Reserva?” ou “quantas espécies<br />

ocorrem em cada uma das formações vegetais<br />

amostradas?”. Para responder a essas perguntas,<br />

foi necessário, em primeiro lugar, separar todas<br />

as aranhas adultas coletadas em espécies, através<br />

de comparações cuidadosas de sua morfologia<br />

(particularmente dos órgãos genitais). Felizmente,<br />

a distinção entre espécies de aranhas não é<br />

particularmente difícil, pelo menos se comparada a<br />

outros artrópodes, o que torna este grupo bastante<br />

interessante para estudos de biodiversidade (Beatie<br />

& Oliver, 1994). Uma vez que todas as aranhas<br />

foram separadas em espécies, nos esforçamos<br />

para determinar todas no menor nível taxonômico<br />

possível. Isto significa que todas as espécies foram<br />

determinadas em família, mas para muitas delas<br />

não foi possível determinar a espécie, ou mesmo<br />

o gênero. Isto é uma consequência da escassez<br />

de conhecimento taxonômico para o grupo e da<br />

grande quantidade de espécies ainda não descritas<br />

existentes na natureza. Na verdade, como será<br />

comentado abaixo, as aranhas coletadas neste<br />

projeto continuam sendo estudadas, e descritas,<br />

por taxonomistas.<br />

NOSSAS DESCOBERTAS<br />

Somando as duas expedições de coleta,<br />

conseguimos reunir 252 amostras (176 diurnas e<br />

76 noturnas), que resultaram em 5.775 aranhas<br />

coletadas. Entretanto, deste total apenas 1.982<br />

(34%) eram adultas, e foram consideradas nas<br />

análises. Essas aranhas adultas foram separadas em<br />

287 espécies, pertencentes a 34 famílias. Dentre<br />

todas as espécies coletadas, apenas 80 foram<br />

3 0 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

determinadas, o que mostra o quão preliminar ainda<br />

é nosso conhecimento taxonômico sobre aranhas<br />

(note que muitas espécies foram posteriormente<br />

descritas em estudos taxonômicos – Tabela 1).<br />

Tabela 1: Lista de aranhas coletadas e número de indivíduos em três formações vegetais na Reserva<br />

Natural Vale em 1997 e 1998 (Santos, 1999). São listadas abaixo apenas espécies determinadas<br />

taxonomicamente.<br />

Família Espécie Mata de Tabuleiro Muçununga Nativo<br />

Anyphaenidae Iguarima censoria (Keyserling, 1891) 8 0 0<br />

Anyphaenidae Jessica sergipana Brescovit, 1999 0 0 1<br />

Anyphaenidae Umuara fasciata (Blackwall, 1862) 0 0 23<br />

Araneidae Acacesia hamata (Hentz, 1847) 10 1 11<br />

Araneidae Alpaida delicata (Keyserling, 1892) 4 1 0<br />

Araneidae Alpaida tabula (Simon, 1895) 1 0 0<br />

Araneidae Alpaida truncata (Keyserling, 1865) 1 0 0<br />

Araneidae Araneus tijuca Levi, 1991 1 0 0<br />

Araneidae Araneus venatrix (C.L. Koch, 1838) 66 22 0<br />

Araneidae Araneus vincibilis (Keyserling, 1893) 1 3 0<br />

Araneidae Argiope argentata (Fabricius, 1775) 0 1 5<br />

Araneidae Cyclosa tapetifaciens Hingston, 1932 5 0 3<br />

Araneidae Hypognatha belem Levi, 1996 4 0 0<br />

Araneidae Kapogea cyrtophoroides 0 1 0<br />

(F.O. Pickard-Cambridge, 1904)<br />

Araneidae Mangora itatiaia Levi, 2007 4 0 0<br />

Araneidae Manogea porracea (C.L. Koch, 1838) 4 7 0<br />

Araneidae Metazygia levii Santos, 2003 0 0 2<br />

Araneidae Micrathena acuta (Walckenaer, 1841) 2 0 0<br />

Araneidae Micrathena annulata Reimoser, 1917 8 3 0<br />

Araneidae Micrathena armigera (C.L. Koch, 1837) 1 0 0<br />

Araneidae Micrathena aureola (C.L. Koch, 1836) 9 1 0<br />

Araneidae Micrathena evansi Chickering, 1960 0 1 0<br />

Araneidae Micrathena fissispina (C.L. Koch, 1836) 5 3 0<br />

Araneidae Micrathena lata Chickering, 1960 1 0 0<br />

Araneidae Micrathena lindenbergi Mello-Leitão, 1940 2 0 0<br />

Araneidae Micrathena macfarlanei Chickering, 1961 2 2 0<br />

Araneidae Micrathena schreibersi (Perty, 1833) 3 2 0<br />

Araneidae Parawixia kochi (Taczanowski, 1873) 2 3 0<br />

Araneidae Parawixia monticola (Keyserling, 1892) 2 0 0<br />

Araneidae Parawixia velutina (Taczanowski, 1878) 3 3 1<br />

Clubionidae Elaver brevipes (Keyserling, 1891) 1 4 0<br />

Ctenidae Ctenus medius Keyserling, 1891 3 0 0<br />

Ctenidae Ctenus ornatus (Keyserling, 1877) 18 11 0<br />

Ctenidae Ctenus paubrasil Brescovit & Simó, 2007 0 0 2<br />

Ctenidae Ctenus vehemens Keyserling, 1891 35 7 0<br />

Ctenidae Enoploctenus cyclothorax (Bertkau, 1880) 1 0 0<br />

Ctenidae Isoctenus coxalis (F.O. Pickard-Cambridge, 1902) 5 7 0<br />

Ctenidae Isoctenus foliifer Bertkau, 1880 2 1 0<br />

Ctenidae Parabatinga brevipes (Keyserling, 1891) 0 0 3<br />

Ctenidae Phoneutria pertyi (F.O. Pickard-Cambridge, 1897) 2 2 0<br />

Eutichuridae Cheiracanthium inclusum (Hentz, 1847) 0 0 7<br />

Gnaphosidae Zimiromus montenegro Buckup & Brescovit, 1993 3 0 0<br />

Hersiliidae Neotama cunhabebe Rheims & Brescovit, 2004 1 0 0<br />

306


SANTOS ET AL.<br />

ARANHAS<br />

Família Espécie Mata de Tabuleiro Muçununga Nativo<br />

Hersiliidae Ypypuera crucifera (Vellard, 1924) 1 0 0<br />

Linyphiidae Sphecozone venialis (Keyserling, 1886) 12 4 0<br />

Lycosidae Aglaoctenus castaneus (Mello-Leitão, 1942) 10 1 0<br />

Nephilidae Nephila clavipes (Linnaeus, 1767) 13 19 0<br />

Oxyopidae Oxyopes salticus Hentz, 1845 0 0 1<br />

Oxyopidae Peucetia flava Keyserling, 1877 0 0 96<br />

Pholcidae Mesabolivar cyaneotaeniatus (Keyserling, 1891) 2 0 0<br />

Pholcidae Metagonia bifida Simon, 1893 0 7 0<br />

Pisauridae Architis spinipes (Taczanowski, 1874) 0 2 0<br />

Pisauridae Architis tenuis Simon, 1898 65 32 0<br />

Salticidae Coryphasia fasciiventris (Simon, 1902) 1 4 0<br />

Salticidae Chira lanei Soares & Camargo, 1948 3 1 0<br />

Salticidae Chira lucina Simon, 1902 0 0 26<br />

Salticidae Corythalia vervloeti Soares & Camargo, 1948 0 1 0<br />

Salticidae Eustiromastix bahiensis Galiano, 1979 2 0 0<br />

Salticidae Hypaeus flavipes Simon, 1900 0 2 0<br />

Salticidae Hypaeus frontosus Simon, 1900 1 0 0<br />

Salticidae Maeota dicrura Simon, 1901 0 1 0<br />

Salticidae Mago fonsecai Soares & Camargo, 1948 1 10 0<br />

Salticidae Martella utingae (Galiano, 1967) 4 4 0<br />

Salticidae Scopocira cepa Costa & Ruiz, 2014 25 5 0<br />

Salticidae Scopocira tenella Simon, 1900 1 0 0<br />

Salticidae Vinnius subfasciatus (C.L. Koch, 1846) 1 1 0<br />

Scytodidae Scytodes lineatipes Taczanowski, 1874 2 0 0<br />

Senoculidae Senoculus gracilis (Keyserling, 1879) 1 2 0<br />

Sparassidae Caayguara ajuba Rheims, 2010 12 11 0<br />

Sparassidae Caayguara apiaba Rheims, 2010 0 1 0<br />

Sparassidae Dermochrosia maculatissima Mello-Leitão, 1940 1 0 0<br />

Synotaxidae Synotaxus longicaudatus (Keyserling, 1891) 2 0 0<br />

Tetragnathidae Dolichognatha pinheiral Brescovit & Cunha, 2001 3 1 0<br />

Theridiidae Argyrodes elevatus Taczanowski, 1873 0 1 0<br />

Theridiidae Ariamnes attenuatus O. Pickard-Cambridge, 1881 26 12 0<br />

Theridiidae Chrysso albomaculata O. Pickard-Cambridge, 1882 1 1 0<br />

Theridiidae Chrysso pulcherrima (Mello-Leitão, 1917) 0 2 0<br />

Theridiidae Cryptachaea isana (Levi, 1963) 30 2 0<br />

Theridiidae Cryptachaea rioensis (Levi, 1963) 0 1 3<br />

Theridiidae Dipoena atlantica Chickering, 1943 6 1 0<br />

Theridiidae Dipoena niteroi Levi, 1963 0 7 0<br />

Theridiidae Dipoena santacatarinae Levi, 1963 2 3 0<br />

Theridiidae Dipoena tiro Levi, 1963 1 0 0<br />

Theridiidae Faiditus acuminatus (Keyserling, 1891) 5 7 0<br />

Theridiidae Faiditus alticeps (Keyserling, 1891) 0 1 0<br />

Theridiidae Faiditus caudatus (Taczanowski, 1874) 0 6 0<br />

Theridiidae Janula erythrophthalma (Simon, 1894) 1 3 0<br />

Theridiidae Janula salobrensis (Simon, 1895) 4 1 0<br />

Theridiidae Neopisinus longipes (Keyserling, 1884) 1 7 0<br />

Theridiidae Neospintharus rioensis (Exline & Levi, 1962) 0 1 0<br />

Theridiidae Parasteatoda nigrovittata (Keyserling, 1884) 0 1 0<br />

Theridiidae Phoroncidia moyobamba Levi, 1964 3 1 0<br />

Theridiidae Rhomphaea procera (O. Pickard-Cambridge, 1898) 13 12 0<br />

3 0 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Mata de Tabuleiro Muçununga Nativo<br />

Theridiidae Thymoites anicus Levi, 1964 7 0 0<br />

Theridiidae Tidarren haemorrhoidale (Bertkau, 1880) 2 0 0<br />

Thomisidae Stephanopis colatinae Soares & Soares, 1946 0 1 0<br />

Thomisidae Titidius dubitatus Soares & Soares, 1946 0 12 0<br />

Thomisidae Titidius urucu Esmerio & Lise, 1996 10 6 0<br />

Thomisidae Tobias paraguayensis Mello-Leitão, 1929 3 0 0<br />

Uloboridae Philoponella fasciata (Mello-Leitão, 1917) 6 0 0<br />

Uloboridae Philoponella vittata (Keyserling, 1881) 18 1 0<br />

Uloboridae Zosis geniculata (Olivier, 1789) 1 0 0<br />

O primeiro aspecto que chama a atenção<br />

em nossos resultados é a imensa variação de<br />

abundância entre as espécies (Figura 1). Apenas<br />

algumas espécies foram realmente abundantes<br />

em nossas amostras, com destaque para Nephila<br />

clavipes (Nephilidae) e Peucetia flava (Oxyopidae),<br />

que foram representadas por 182 e 113 indivíduos,<br />

respectivamente. Por outro lado, 97 espécies foram<br />

representadas por apenas um indivíduo coletado.<br />

Embora este quadro possa parecer impressionante,<br />

ele seria esperado quando se consideram outros<br />

estudos de diversidade de artrópodes nos trópicos.<br />

Para a imensa maioria dos grupos realmente<br />

diversificados é normal observar um padrão<br />

de distribuição de abundâncias extremamente<br />

enviesado, com muitas espécies raras e poucas<br />

(ou pouquíssimas) espécies comuns (Coddington<br />

et al., 2009). Além disso, ao contrário do que se<br />

poderia supor, aumentar o esforço amostral (ou<br />

seja, voltar ao campo e coletar mais) não altera<br />

significativamente este padrão. Se, por um lado,<br />

com mais coletas é possível obter mais indivíduos<br />

das espécies raras, por outro mais e mais espécies<br />

raras são encontradas (Novotný & Basset, 2000).<br />

Diferentes estudos sugerem que a alta raridade de<br />

espécies tropicais estaria ligada tanto a falhas de<br />

amostragem quanto a características intrínsecas<br />

das comunidades tropicais. Muitas espécies<br />

seriam raras em inventários por que os métodos<br />

empregados não amostram apropriadamente<br />

seus microhábitats preferidos (Novotný & Basset,<br />

2000). Por outro lado, é possível que a densidade<br />

de muitas espécies seja realmente muito baixa, o<br />

que reduz significativamente a probabilidade de<br />

que sejam detectadas em inventários (Coddington<br />

et al., 2009).<br />

Figura 1: Distribuição de abundâncias das espécies de<br />

aranhas coletadas na Reserva Natural Vale. O gráfico<br />

mostra as espécies dispostas no eixo X, da mais para a<br />

menos abundante, com sua abundância observada no<br />

eixo Y. Esta figura mostra que pouquíssimas espécies<br />

coletadas se mostraram abundantes, e que uma<br />

proporção significativa das espécies coletadas são<br />

extremamente raras.<br />

O número de espécies que conseguimos<br />

coletar em nossas expedições pode parecer<br />

impressionante, à primeira vista, mas temos<br />

indícios muito confiáveis de que ainda há muitas<br />

espécies na Reserva que não foram coletadas. Isto<br />

fica evidente na Figura 2, que mostra o acúmulo<br />

de espécies obtidas na Reserva à medida que se<br />

aumenta o esforço amostral. O gráfico mostrado<br />

na figura, normalmente conhecido como “curva<br />

de acumulação de espécies” ou “curva do<br />

coletor” é usado para mostrar o quanto um<br />

inventário de biodiversidade teria se aproximado<br />

de coletar todas as espécies de um determinado<br />

local. Uma vez que a curva simplesmente não<br />

atinge um ponto de estabilidade, a partir do<br />

qual o número de espécies não aumenta com<br />

o número de amostras, podemos concluir que<br />

nosso inventário amostrou apenas parte das<br />

espécies de aranhas presentes na Reserva.<br />

308


SANTOS ET AL.<br />

ARANHAS<br />

De fato, aplicando-se alguns métodos<br />

de extrapolação estatística sobre nossos<br />

resultados (veja detalhes em Santos, 1999;<br />

2003a), concluímos que o conjunto de áreas<br />

amostradas dentro da Reserva deve conter<br />

pelo menos (mas certamente mais que) 531<br />

espécies. Esses resultados, assim como outros<br />

obtidos em inúmeros estudos de diversidade<br />

de aranhas em ambientes tropicais (Santos et<br />

al., 2007; Azevedo et al., 2014) mostram que<br />

é virtualmente impossível coletar todas as<br />

espécies de uma localidade. Todavia, existem<br />

métodos estatísticos que permitem, pelo<br />

menos, estimar o esforço amostral necessário<br />

para obter amostras minimamente aceitáveis<br />

em inventários (Azevedo et al., 2014).<br />

entre os ecossistemas e as épocas de coleta. Em<br />

outras palavras, nos interessava determinar, por<br />

exemplo, se as 31 espécies do Nativo poderiam<br />

ser também encontradas na Mata de Tabuleiro ou<br />

na Muçununga. A forma mais simples de descrever<br />

as diferenças de composição em espécies entre<br />

os ecossistemas seria simplesmente contar o<br />

número de espécies exclusivas de cada um e de<br />

espécies compartilhadas entre eles. De fato, cada<br />

uma das formações vegetais apresenta espécies<br />

únicas, que não foram coletadas nas demais<br />

(Figura 4). Além disso, percebemos também<br />

que o número de espécies amostradas tanto na<br />

Mata de Tabuleiro quanto na Muçununga foi bem<br />

maior que o número de espécies compartilhadas<br />

entre qualquer desses ecossistemas e o Nativo<br />

(Figura 4). O número de espécies encontradas<br />

simultaneamente nos três ecossistemas foi ainda<br />

mais baixo.<br />

Figura 2: Curva de acumulação de espécies de aranhas<br />

coletadas na Reserva Natural Vale. Este gráfico ilustra<br />

o aumento no número de espécies com o aumento do<br />

esforço de coleta, mensurado pelo número de amostras<br />

(diurnas e noturnas). A curva mostra que, a despeito de<br />

todos os esforços de coleta, a quantidade de espécies<br />

presentes na Reserva é muito maior que o observado.<br />

Comparando-se as três formações vegetais<br />

amostradas, percebemos que a Mata de<br />

Tabuleiro e a Muçununga abrigam um número<br />

próximo de espécies, significativamente acima<br />

daquele observado para o Nativo. Isto é evidente<br />

mesmo considerando-se que nossos esforços<br />

de campo não foram capazes de coletar todas<br />

as espécies em nenhum dos ecossistemas que<br />

amostramos (Figura 3A). Da mesma forma, o<br />

número de espécies coletadas não diferiu entre<br />

as duas estações do ano, considerando-se um<br />

mesmo recorte de esforço amostral (Figura 3B).<br />

Mais que mostrar apenas diferenças de riqueza<br />

em espécies, nossos objetivos nesse projeto<br />

envolviam determinar a distribuição das espécies<br />

Figura 3: Curvas de acumulação de espécies de<br />

aranhas coletadas em três formações vegetais (A)<br />

e em dois períodos (B) na Reserva Natural Vale. A<br />

riqueza em espécies de aranhas da Mata de Tabuleiro<br />

e da Muçununga é claramente mais alta que aquela do<br />

Nativo. Entretanto, não foram observadas diferenças<br />

significativas de riqueza em espécies entre as estações<br />

seca e chuvosa.<br />

3 0 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 4: Diagrama de Venn ilustrando o número de<br />

espécies registradas em cada formação vegetal da<br />

Reserva Natural Vale (entre parênteses) e o número de<br />

espécies compartilhadas entre as formações vegetais.<br />

Embora a Mata de Tabuleiro e a Muçununga sejam<br />

razoavelmente similares em termos de composição em<br />

espécies, o Nativo difere significativamente das demais<br />

formações.<br />

Embora os resultados acima indiquem<br />

que o Nativo teria uma fauna de aranhas<br />

significativamente diferente da Mata de Tabuleiro<br />

e da Muçununga, utilizamos um método<br />

estatístico mais sofisticado para demonstrar essas<br />

diferenças. O método que escolhemos, a Análise de<br />

Correspondência, é matematicamente complexo,<br />

mas gera resultados relativamente simples de se<br />

interpretar (para detalhes, veja Ter Braak, 1995).<br />

Em termos gerais, esta análise agrupa amostras<br />

em um espaço virtual (expresso como um gráfico<br />

com duas ou três dimensões) de acordo com<br />

sua similaridade de composição em espécies. Ou<br />

seja, amostras que compartilham mais espécies<br />

entre si tendem a se agrupar, enquanto que<br />

amostras com muitas espécies exclusivas tendem<br />

a surgir afastadas das demais. Nossos resultados<br />

mostraram que, de fato, as amostras (diurnas<br />

e noturnas) do Nativo foram em geral muito<br />

diferentes, em termos de composição de espécies<br />

de aranhas, das amostras da Mata de Tabuleiro e<br />

da Muçununga, que diferem pouco entre si (Figura<br />

5). Além disso, os resultados mostraram também<br />

que as amostras noturnas e diurnas do Nativo<br />

foram relativamente diferentes umas das outras,<br />

e que não houve diferenças marcantes entre<br />

amostras feitas nas estações seca e chuvosa.<br />

Figura 5: Análise de Correspondência, ilustrando a<br />

similaridade de composição de espécies entre amostras<br />

da Mata de Tabuleiro, Muçununga e Nativo. As amostras<br />

do Nativo mostraram-se mais heterogêneas entre si<br />

que aquelas das outras duas formações. Esta análise<br />

demonstra que a fauna de aranhas do Nativo é muito<br />

diferente daquela da Mata de Tabuleiro e da Muçununga.<br />

Por que as áreas de Mata de Tabuleiro e de<br />

Muçununga abrigam muito mais espécies de aranhas<br />

que o Nativo? A explicação para este padrão estaria<br />

relacionada a alguns dos principais fatores apontados<br />

na literatura como responsáveis por variações de<br />

diversidade biológica entre diferentes ambientes. O<br />

primeiro fator a se considerar seria a complexidade<br />

do hábitat (veja Langellotto & Denno, 2004). A Mata<br />

de Tabuleiro e a Muçununga abrigariam muito mais<br />

espécies de aranhas que o Nativo por apresentarem<br />

maior variedade de microhábitats, que seriam<br />

ocupados por determinados grupos de aranhas. Por<br />

exemplo, o Nativo não apresenta habitat preferidos<br />

por determinados gêneros de aranhas, como grandes<br />

troncos de árvores (Manhart, 1994), raízes-escora<br />

(Nentwig et al., 1993) e cipós (Silva, 1996). De<br />

fato, apenas nas áreas de Mata de Tabuleiro e<br />

Muçununga encontramos aranhas especializadas em<br />

caçar sobre troncos de árvores, como Enoploctenus<br />

cyclothorax (Ctenidae) e espécies de Hersiliidae.<br />

Nestes ecossistemas também capturamos várias<br />

espécies de Pholcidae e Uloboridae, que ocupam<br />

preferencialmente microhábitats úmidos e<br />

sombreados, como raízes-escora de árvores. Da<br />

mesma forma, a serrapilheira da Mata de Tabuleiro<br />

e da Muçununga visivelmente abrigava maior<br />

diversidade estrutural, incluindo troncos e ramos<br />

de plantas, além de grande variedade de folhas<br />

de diferentes formatos, gerando maior variedade<br />

310


SANTOS ET AL.<br />

ARANHAS<br />

de condições microclimáticas, o que sabidamente<br />

influencia a diversidade e distribuição de seus<br />

organismos associados (Collevatti & Schoereder,<br />

1995).<br />

Embora o efeito da complexidade do habitat<br />

sobre a diversidade de artrópodes predadores<br />

seja amplamente conhecido (Langellotto &<br />

Denno, 2004), muito ainda se discute sobre os<br />

mecanismos que geram esta diversidade. Além da<br />

maior oferta de microhábitats específicos, descrita<br />

acima, a complexidade estrutural do ambiente<br />

pode também afetar a abundância e a diversidade<br />

de aranhas através da disponibilidade de refúgios<br />

contra predadores. De fato, experimentos realizados<br />

em ambientes temperados demonstraram que<br />

ramos de plantas com folhagem densa (do tipo<br />

comumente encontrado na Mata de Tabuleiro e na<br />

Muçununga, mas raramente no Nativo) oferecem<br />

maior proteção contra aves predadoras e, portanto,<br />

abrigam mais espécies de aranhas (Gunarsson,<br />

1996). Embora experimentos similares não tenham<br />

sido realizados em ambientes tropicais, manchas<br />

de vegetação com folhagem densa em florestas<br />

tropicais de fato abrigam mais espécies de aranhas<br />

(Silva, 1996).<br />

A complexidade do ambiente pode também<br />

afetar a diversidade de aranhas de forma indireta,<br />

ao aumentar a oferta de presas. Isto aconteceria<br />

porque ambientes com maior diversidade de<br />

plantas, em geral, contêm mais espécies de insetos<br />

herbívoros (Murdoch et al., 1972; Southwood et al.,<br />

1979; Sousa-Souto et al., 2014), que muitas vezes<br />

são especialistas em poucas plantas hospedeiras<br />

(Price, 1975). Além disso, a própria complexidade<br />

estrutural do ambiente pode influenciar a<br />

abundância e diversidade de insetos herbívoros<br />

(Dennis et al., 1998; Lawton, 1983; Sousa-Souto<br />

et al., 2014). A maior oferta de presas afetaria<br />

positivamente a diversidade de aranhas não apenas<br />

por permitir o estabelecimento de populações<br />

de diferentes espécies, mas também a maior<br />

diversidade de presas poderia estar relacionada<br />

à diversidade de aranhas. Embora aranhas sejam<br />

consideradas predadoras generalistas, alguns<br />

grupos mostram preferências por determinadas<br />

ordens de insetos (Nentwig, 1982; 1986; Nyffeler<br />

et al., 1994). Assim, por apresentarem maior<br />

diversidade florística (Jesus, 1988) e complexidade<br />

estrutural, a Mata de Tabuleiro e a Muçununga<br />

poderiam abrigar maior diversidade de insetos, o<br />

que favoreceria uma maior diversidade de aranhas.<br />

Embora o Nativo abrigue menos espécies<br />

que a Mata de Tabuleiro e a Muçununga, nossos<br />

resultados mostram uma baixa similaridade<br />

de composição em espécies com estas duas<br />

fisionomias (Figura 4). De fato, várias das espécies<br />

registradas no Nativo parecem restritas a este<br />

ambiente, algumas com aparentes adaptações. Por<br />

exemplo, uma espécie de Lycosidae (Hogna sp.),<br />

capturada apenas nas coletas noturnas no Nativo,<br />

apresenta coloração esbranquiçada, críptica com<br />

o solo arenoso. Outro exemplo foi Peucetia flava<br />

(Oxyopidae, Fig. 6C), que foi coletada apenas<br />

sobre uma espécie de Solanaceae comum no<br />

Nativo. Como outras espécies do gênero, P. flava<br />

mostra forte preferência por plantas com tricomas<br />

glandulares (Vasconcellos-Neto et al., 2007), o que<br />

resulta em especificidade de hábitat. Assim, nossas<br />

coletas mostram a importância da preservação de<br />

diferentes formações vegetais na Reserva Natural<br />

Vale, já que essas contêm espécies endêmicas.<br />

AS ARANHAS DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Como mencionado acima, pouco mais de<br />

25% das espécies coletadas nas duas expedições<br />

puderam ser identificadas com base na literatura<br />

científica disponível na época. Este baixo sucesso<br />

de identificação é um reflexo de estado ainda<br />

insuficiente de conhecimento da araneofauna<br />

neotropical, que agrupa muitos gêneros e famílias<br />

de taxonomia confusa e/ou ricos em espécies<br />

desconhecidas para a ciência (Santos et al., 2007).<br />

Apesar desse empecilho, as poucas espécies<br />

identificadas a partir de nossas expedições,<br />

juntamente com outras posteriormente registradas<br />

para a reserva ou descritas a partir do material<br />

coletado neste projeto, enfatizam a importância<br />

da Reserva Natural Vale para a conservação das<br />

aranhas da Mata Atlântica.<br />

A lista de espécies coletadas por nós na Reserva<br />

inclui vários grupos amplamente distribuídos na<br />

Mata Atlântica (p. ex. Ctenus ornatus, Araneus<br />

tijuca — Levi 1991; Brescovit & Simó, 2007),<br />

ou mesmo em toda a América do Sul (Nephila<br />

clavipes — Fig. 6A, Parawixia kochi — Levi &<br />

Eickstedt, 1989; Levi, 1992). Entretanto, um<br />

exame cuidadoso da lista de espécies revela uma<br />

3 1 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 6: Espécies de aranhas comuns na Reserva Natural Vale. (A) Nephila clavipes (Nephilidae), uma aranha de<br />

teia abundante e amplamente distribuída, encontrada desde os EUA até a Argentina. A foto mostra uma fêmea se<br />

alimentando de uma presa recém-capturada (à direita) e um macho, que defende a teia da fêmea como um território<br />

de acasalamento (à esquerda). (B) Aglaoctenus castaneus (Lycosidae), uma tarântula (ou aranha-lobo) que difere<br />

de outros membros da família por construir teias em forma de funil para captura de presas. Na Reserva, as teias<br />

desta espécie podem ser encontradas associadas a palmeiras. Ela é também interessante por ser uma espécie de<br />

distribuição predominantemente amazônica, ocorrendo na Floresta Atlântica apenas em áreas muito próximas ao<br />

litoral. (C) Peucetia flava (Oxyopidae), uma espécie que caça ativamente, sem uso de armadilhas de seda. Na Reserva,<br />

ela foi encontrada apenas no Nativo do Paraju, sempre associada a uma espécie de solanácea. Como observado para<br />

outras espécies do gênero, P. flava ocorre quase que exclusivamente em plantas cobertas com tricomas adesivos,<br />

que supostamente auxiliam na captura de presas. (D) Teia de Anelosimus eximius (Theridiidae), uma aranha social.<br />

Embora cada membro da colônia tenha não mais que 3 ou 4 milímetros, centenas ou milhares de indivíduos juntos<br />

podem construir colônias gigantescas como essa. (E) indivíduos de Anelosimus eximius, fotografados dentro<br />

da colônia. A presença desta espécie na Reserva é interessante porque ela é conhecida predominantemente da<br />

Amazônia, ocorrendo em poucas áreas de Floresta Atlântica ao norte do rio Doce. Fotos: A, C: João Vasconcellos-<br />

Neto; B, D, E: Marcelo O. Gonzaga.<br />

312


SANTOS ET AL.<br />

ARANHAS<br />

combinação única de espécies de diferentes<br />

porções da Mata Atlântica, ou mesmo da Amazônia.<br />

Por exemplo, coletamos na Reserva espécimes<br />

de Synotaxus longicaudatus (Synotaxidae) e<br />

Zimiromus montenegro (Gnaphosidae), que são<br />

atualmente conhecidas predominantemente para<br />

áreas de Mata Atlântica ao sul do rio Doce (Exline<br />

& Levi, 1965; Buckup & Brescovit, 1993; Santos &<br />

Rheims, 2005). Por outro lado, ocorrem também<br />

na Reserva espécies registradas principalmente<br />

em áreas de Mata Atlântica ao norte do rio Doce<br />

ou mesmo de floresta amazônica, como Vinnius<br />

subfasciatus (Salticidae — Braul & Lise, 2002),<br />

Micrathena schreibersi (Araneidae — Levi, 1985),<br />

Hypognatha belem (Araneidae — Levi, 1996;<br />

Santos, 2002), Aglaoctenus castaneus (Lycosidae<br />

— Santos & Brescovit, 2001, Fig. 6B) e Anelosimus<br />

eximius (Theridiidae — Agnarsson, 2006, Fig.<br />

6DE). Além dessas, cabe destacar que a Reserva<br />

abriga espécies endêmicas de áreas de floresta<br />

do Espírito Santo e Sul da Bahia, como Ctenus<br />

paubrasil, C. vehemens (Brescovit & Simó, 2007),<br />

Dermochrosia maculatissima, Caayguara ajuba e C.<br />

apiaba (Sparassidae — Mello-Leitão, 1940, Soares<br />

& Camargo, 1955; Rheims, 2010) e Metazygia<br />

levii (Araneidae), uma espécie conhecida até o<br />

momento apenas para a Reserva Natural Vale<br />

(Santos, 2003b). Assim, a grande importância da<br />

araneofauna da Reserva parece residir não tanto<br />

na quantidade de espécies que ela abriga, mas<br />

na combinação de grupos de diferentes regiões<br />

biogeográficas.<br />

A fauna de aranhas da Reserva Natural Vale<br />

reflete claramente um dos mais evidentes padrões<br />

biogeográficos da Mata Atlântica. Estudos<br />

com diferentes grupos taxonômicos, incluindo<br />

aranhas (Costa et al., 2000; Silva et al., 2004;<br />

Sigrist & Carvalho, 2008; Oliveira et al., 2015),<br />

indicam que o Rio Doce marca o limite entre<br />

grandes áreas de endemismo. Assim, a Reserva<br />

Natural Vale é particularmente importante por<br />

conservar uma extensa área de floresta em uma<br />

zona de endemismo altamente ameaçada. Além<br />

disso, nossas coletas mostram a importância da<br />

manutenção da diversidade de formações vegetais<br />

típicas da região, que podem abrigar espécies<br />

endêmicas. Nossos resultados são também um<br />

convite para que a araneofauna da Reserva seja<br />

estudada: certamente muitas outras espécies<br />

desconhecidas, provavelmente endêmicas, ainda<br />

habitam a reserva e aguardam serem descobertas<br />

(veja alguns exemplos na Tabela 2).<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os resultados apresentados neste capítulo são<br />

parte da Dissertação de Mestrado do primeiro<br />

autor (Santos, 1999), financiada por uma bolsa de<br />

estudos da Capes. As expedições de campo foram<br />

financiadas pelo CNPq e pela Fundação MB, e<br />

contaram com o apoio logístico e material da direção<br />

e da equipe da RNV, em particular do então diretor<br />

da Reserva, Renato M. de Jesus. Somos também<br />

particularmente gratos a vários colegas que<br />

participaram das expedições de campo, o que nos<br />

permitiu uma amostragem maior que poderíamos<br />

imaginar. Agradecemos também a Marcelo O.<br />

Gonzaga, pelas fotos da Figura 6BDE. A.J. Santos<br />

recebe atualmente financiamento do CNPq (procs.<br />

407288/2013-9 e 306222/2015-9), Fapemig<br />

(PPM-00651-15) e Instituto Nacional de Ciência<br />

e Tecnologia dos Hymenoptera Parasitóides da<br />

Região Sudeste Brasileira (http://www.hympar.<br />

ufscar.br/). A.D. Brescovit recebe subsídio<br />

financeiro da Fapesp (processo 2011/50689-0) e<br />

CNPq (Processo 303028/2014-9).<br />

Tabela 2: Espécies de aranhas registradas para a Reserva Natural Vale, não amostradas por Santos (1999)<br />

Família Espécie Referência<br />

Oonopidae Neoxyphinus keyserlingi (Simon, 1907) Abrahim et al., 2012<br />

Oonopidae Predatoroonops chicano Brescovit, Rheims & Santos, 2012 Brescovit et al., 2012<br />

Salticidae Druzia flavostriata (Simon, 1901) Ruiz & Brescovit, 2013<br />

Salticidae Eustiromastix nativo Santos & Romero, 2004 Santos & Romero, 2004<br />

Theraphosidae Avicularia sooretama Bertani & Fukushima, 2009 * Bertani & Fukushima, 2009<br />

Theridiidae Cryptachaea brescoviti Buckup, Marques & Rodrigues, 2010 Buckup et al., 2010<br />

Theridiidae Dipoena obscura Keyserling, 1891 Rodrigues, 2013<br />

* Indivíduo coletado em fase juvenil por Santos (1999), posteriormente, identificada por Bertani & Fukushima (2009).<br />

3 1 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

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bearing glandular hairs. Biotropica 39: 221–226.<br />

Viera, C.; Japyassú, H.F.; Santos, A.J. & Gonzaga, M.O.<br />

2007. Teias e Forrageamento. Pp. 45–65, In M.O.<br />

Gonzaga, A.J. Santos & H.F. Japyassú (eds.) Ecologia e<br />

Comportamento de Aranhas. Editora Interciência, Rio<br />

de Janeiro.<br />

World Spider Catalog 2015. World Spider Catalog.<br />

Natural History Museum Bern, disponível online em<br />

http://wsc.nmbe.ch, versão 16 [consultado em<br />

30/04/2015].<br />

316


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

19<br />

Santos<br />

BORBOLETAS DA <strong>RESERVA</strong><br />

<strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>, LINHARES/ES<br />

André V. L. Freitas, Keith S. Brown Jr., Olaf H. H. Mielke, Jessie P.<br />

& João Vasconcellos-Neto<br />

INTRODUÇÃO<br />

Das mais de 19.000 espécies de borboletas<br />

conhecidas no planeta, quase 8.000 ocorrem na<br />

região Neotropical, sendo cerca de 3.200 no Brasil.<br />

Destas, 2.000 são encontradas no bioma Mata<br />

Atlântica (Brown, 1991; Brown & Freitas, 1999;<br />

Lamas, 2004). Originalmente, este bioma está<br />

distribuído do Rio Grande do Norte ao Rio Grande<br />

do Sul, abrangendo a faixa litorânea até mais de<br />

1.000 km ao interior do continente, desde o nível<br />

do mar até montanhas com mais de 2.000 m de<br />

altitude. Como resultado de sua ampla extensão,<br />

diferenças nas comunidades de borboletas são<br />

encontradas em virtude de regimes climáticos e<br />

fisionomias distintas (Brown & Freitas, 2000b).<br />

Na região norte do Espírito Santo e sul da<br />

Bahia, uma formação florestal característica ocorre<br />

ao longo do litoral, conhecida como “Matas de<br />

Tabuleiros” (também chamada de “Hiléia Bahiana”,<br />

veja Andrade-Lima, 1966). Essas florestas crescem<br />

em solos oligotróficos e relevo relativamente plano,<br />

com altitudes não superiores a 200 m (Peixoto<br />

et al., 1995, 2008). São extremamente ricas e<br />

possuem alto índice de endemismo de espécies<br />

lenhosas (Peixoto et al., 2008).<br />

Essa situação de alta diversidade específica e<br />

elevados índices de endemismo é corroborada por<br />

diversos grupos biológicos, incluindo as borboletas.<br />

Estudos anteriores já definiram essa região como um<br />

importante centro de endemismo de borboletas na<br />

Mata Atlântica, chamado de “Centro de Endemismo<br />

Bahia” (sensu Brown, 1977).<br />

Nas últimas quatro décadas, muitos inventários<br />

foram realizados em diversas áreas de floresta e<br />

restinga entre o rio Doce e a região de Camacan,<br />

no sul da Bahia. A partir destes inventários<br />

preliminares, foi obtida uma lista de mais de 800<br />

espécies de borboletas (Brown & Freitas, dados não<br />

publicados), incluindo pelo menos 11 espécies da<br />

lista das borboletas ameaçadas de extinção no Brasil<br />

(Machado et al., 2008). A integridade faunística<br />

dessa região e sua distinção das demais localidades<br />

da Mata Atlântica é muito clara, e foi demonstrada<br />

com base em alguns grupos de borboletas, como<br />

a tribo Ithomiini (Nymphalidae) (Brown & Freitas,<br />

2000b).<br />

Dentre as áreas mais intensamente amostradas,<br />

destacam-se as florestas da Reserva Natural Vale,<br />

em Linhares/ES. O presente capítulo tem como<br />

objetivo descrever a fauna de borboletas dessa<br />

reserva e discutir sua composição e afinidades com<br />

outras áreas de Mata Atlântica.<br />

ÁREA DE ESTUDO E MÉTODOS DE<br />

AMOSTRAGEM<br />

Todos os inventários foram realizados dentro da<br />

área da Reserva Natural Vale (RNV), em Linhares,<br />

Espírito Santo. Uma descrição detalhada da área pode<br />

ser encontrada no capítulo 11 (Rolim et al., 2016).<br />

Os inventários foram realizados entre 1986 e<br />

1994, somando cerca de 35 dias de amostragem<br />

(mais de 180 horas efetivas de trabalho de campo),<br />

3 1 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

especialmente entre os meses de junho a agosto.<br />

A amostragem foi realizada seguindo o “protocolo<br />

maximizado” de Brown (1972), com objetivo<br />

de se registrar o máximo de espécies por visita<br />

(Brown & Freitas, 2000b, Iserhard et al., 2013).<br />

Os inventários maximizados foram realizados por<br />

K.S. Brown e A.V.L. Freitas, com contribuições<br />

de J. Vasconcelos-Neto, especialmente sobre<br />

informações de plantas hospedeiras, estágios<br />

imaturos e comportamento. A amostragem foi<br />

efetuada com redes entomológicas (puçás) e<br />

armadilhas portáteis com iscas de banana e caldo<br />

de cana fermentado (veja Freitas et al., 2014, para<br />

detalhes). As amostragens foram programadas de<br />

modo que a maior variedade possível de habitats<br />

fosse contemplada. Apenas as borboletas diurnas<br />

foram amostradas. Atenção especial foi dada às<br />

áreas ricas em recursos ou heterogêneas, como<br />

bordas, margens de rios e riachos, manchas de<br />

flores e pequenas clareiras na floresta. Pontos com<br />

grande riqueza de espécies foram observados por<br />

5 a 10 minutos até que nenhuma espécie adicional<br />

fosse avistada. As comparações faunísticas foram<br />

feitas com base em dados não publicados de<br />

inventários em outras localidades da região norte<br />

do Espírito Santo e Sul da Bahia (Brown & Freitas,<br />

dados não publicados). Todo o material coletado<br />

está depositado na coleção do Museu de Zoologia<br />

da Unicamp Campinas/SP.<br />

A taxonomia segue Lamas (2004), modificada<br />

segundo Wahlberg et al. (2009) para a família<br />

Nymphalidae e Heikkilä et al. (2012), que considera<br />

todas as borboletas como pertencendo a uma única<br />

superfamília (Papilionoidea).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Riqueza de espécies<br />

Foram registradas na RNV, 512 espécies<br />

pertencentes às seis famílias de borboletas<br />

diurnas (Tabela 1), correspondendo a cerca de<br />

16% da riqueza conhecida para o Brasil. Apenas<br />

duas espécies constam na lista de espécies<br />

ameaçadas de extinção, entretanto, outras cinco<br />

espécies ameaçadas ocorrem em áreas próximas<br />

à reserva, e mais quatro ocorrem no sul da Bahia<br />

(Tabela 2).<br />

A família com maior número de espécies foi<br />

Tabela 1: Lista das 512 borboletas da Reserva Natural Vale, Linhares/ES. Números entre parênteses<br />

correspondem ao número de espécies de cada grupo taxonômico – sendo: E = endêmica à região norte<br />

do Espírito Santo e sul da Bahia; R = espécie rara; nomes em negrito = espécies que constam na lista de<br />

borboletas ameaçadas de extinção no Brasil.<br />

TÁXON<br />

PAPILIONIDAE (10)<br />

Papilioninae<br />

Leptocircini (4)<br />

Mimoides protodamas (Godart, 1819)<br />

Neographium asius (Fabricius, 1781)<br />

Protesilaus glaucolaus leucas (Rothschild & Jordan, 1906)<br />

Protesilaus protesilaus nigricornis (Staundinger, 1884)<br />

Troidini (1)<br />

Battus polydamas polydamas (Linnaeus, 1758)<br />

Papilionini (5)<br />

Heraclides astyalus astyalus (Godart, 1819)<br />

Heraclides anchisiades capys (Hübner, [1809])<br />

Heraclides androgeus laodocus (Fabricius, 1793)<br />

Heraclides thoas brasiliensis (Rothschild & Jordan, 1906)<br />

Heraclides torquatus polybius (Swainson, 1823)<br />

PIERIDAE (22)<br />

Dismorphiinae (1)<br />

Dismorphia amphione astynome (Dalman, 1823)<br />

Coliadinae (16)<br />

Anteos clorinde (Godart, [1824])<br />

Anteos menippe (Hübner, [1818])<br />

Aphrissa statira statira (Cramer, 1777)<br />

Eurema agave pallida (Chavannes, 1850)<br />

Eurema albula albula (Cramer, 1775)<br />

Eurema arbela Geyer, 1832<br />

Eurema deva deva (Doubleday, 1847)<br />

Eurema elathea flavescens (Chavanes, 1850)<br />

Eurema phiale paula (Röber, 1909)<br />

Leucidia elvina (Godart, 1819)<br />

Phoebis argante argante (Fabricius, 1775)<br />

Phoebis philea philea (Linnaeus, 1763)<br />

Phoebis sennae marcellina (Cramer 1777)<br />

Pyrisitia leuce leuce (Boisduval, 1836)<br />

Pyrisitia nise tenella (Boisduval, 1836)<br />

Rhabdodryas trite banksi (Breyer, 1939)<br />

Pierinae<br />

Pierini (5)<br />

Ascia monuste orseis (Godart, 1819)<br />

318


FREITAS ET AL.<br />

BORBOLETAS<br />

TÁXON<br />

Ganyra phaloe endeis (Godart, 1819)<br />

Glennia pylotis (Godart, 1819) R<br />

Glutophrissa drusilla drusilla (Cramer, 1777)<br />

Perrhybris pamela eieidias Hübner, [1821]<br />

LYCAENIDAE (56)<br />

Polyommatinae (2)<br />

Hemiargus hanno (Stoll, 1790)<br />

Leptotes cassius cassius (Cramer, 1775)<br />

Theclinae (54)<br />

Allosmaitia strophius (Godart, 1824)<br />

Arawacus aethesa (Hewitson, 1867) ER<br />

Atlides cosa (Hewitson, 1867)<br />

Aubergina vanessoides (Prittwitz, 1865)<br />

Brangas caranus (Stoll, 1780)<br />

Brangas sp.<br />

Calycopis atnius (Herrich-Schäffer, [1853])<br />

Calycopis caulonia (Hewitson, 1877)<br />

Calycopis cerata (Hewitson, 1877)<br />

Calycopis cissusa (Hewitson, 1877)<br />

Calycopis janeirica (C. Felder, 1862)<br />

Calycopis sp.<br />

Calycopis sp. 1<br />

Calycopis sp. 2<br />

Celmia celmus (Cramer, 1775)<br />

Chalybs janias (Cramer, 1779)<br />

Chlorostrymon telea (Hewitson, 1868)<br />

Contrafacia imma (Prittwitz, 1865)<br />

Electrostrymon endymion (Fabricius, 1775)<br />

Evenus regalis (Cramer, 1775)<br />

Evenus satyroides (Hewitson, 1865)<br />

Gargina panchaea (Hewitson, 1869)<br />

Iaspis talayra (Hewitson, 1868)<br />

Michaelus ira (Hewitson, 1867)<br />

Michaelus jebus (Godart, 1824)<br />

Ministrymon azia (Hewitson, 1873)<br />

Ministrymon cleon (Fabricius, 1775)<br />

Ministrymon sp.<br />

Ocaria thales (Fabricius, 1793)<br />

Oenomaus sp.<br />

Ostrinotes tympania (Hewitson, 1869)<br />

Panthiades phaleros (Linnaeus, 1767)<br />

Parrhasius polibetes (Stoll, 1781)<br />

Pseudolycaena marsyas (Linnaeus, 1758)<br />

Rekoa marius (Lucas, 1857)<br />

Rekoa palegon (Cramer, 1780)<br />

Rubroserrata ecbatana (Hewitson, 1868)<br />

Strymon astiocha (Prittwitz, 1865)<br />

Strymon bazochii (Godart, [1824])<br />

Strymon bubastus (Stoll, 1780)<br />

Strymon crambusa (Hewitson, 1874)<br />

Strymon eurytulus (Hübner, [1819])<br />

Strymon mulucha (Hewitson, 1867)<br />

Strymon sp.<br />

Strymon ziba (Hewitson, 1868)<br />

Theritas hemon (Cramer, 1775)<br />

Theritas lisus (Stoll, 1790)<br />

Theclopsis lydus (Hübner, [1819])<br />

Theritas triquetra (Hewitson, 1865)<br />

Tmolus echion (Linnaeus, 1767)<br />

Tmolus mutina (Hewitson, 1867)<br />

Strephonota ambrax (Westwood, 1852)<br />

Strephonota sphinx (Fabricius, 1775)<br />

Ziegleria hesperitis (Butler & H. Druce, 1872)<br />

RIODINIDAE (49)<br />

Euselasiinae (3)<br />

Euselasia gelanor (Stoll, 1780)<br />

Euselasia hygenius occulta Stichel, 1919<br />

Euselasia mys lara Stichel, 1919<br />

Riodininae<br />

Mesosemiini (9)<br />

Cremna alector (Geyer, 1837)<br />

Hyphilaria parthenis (Westwood, 1851)<br />

Leucochimona icare matatha (Hewitson, 1873)<br />

Mesosemia nyctea fluminensis J. Zikán, 1952 E<br />

Mesosemia odice (Godart, [1824])<br />

Mesosemia rhodia (Godart, 1824)<br />

Mesosemia sifia (Boisduval, 1836)<br />

Perophthalma tullius (Fabricius, 1787)<br />

Semomesia geminus (Fabricius, 1793)<br />

Eurybiini (2)<br />

Eurybia halimede halimede (Hübner, [1807])<br />

Eurybia pergaea (Geyer, 1832)<br />

Riodinini (10)<br />

Calephelis braziliensis McAlpine, 1971<br />

Cariomothis erythromelas erythraea Stichel, 1910 R<br />

Chamaelymnas briola doryphora Stichel, 1910<br />

Dachetola azora (Godart, [1824])<br />

Detritivora gynaea (Godart, [1824])<br />

Exoplisia cadmeis (Hewitson, 1866)<br />

Metacharis ptolomaeus (Fabricius, 1793)<br />

Rhetus periander eleusinus Stichel, 1910<br />

Panara jarbas episatnius Prittwitz, 1865<br />

Syrmatia nyx (Hübner, [1817])<br />

Symmachiini (2)<br />

Mesene epaphus epaphus (Stoll, 1780)<br />

Panaropsis inaria (Westwood, 1851) R<br />

Helicopini (3)<br />

Anteros bracteata Hewitson, 1867 R<br />

Anteros formosus (Cramer, 1777)<br />

Sarota gyas (Cramer, 1775)<br />

3 1 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

TÁXON<br />

Nymphidiini (13)<br />

Calospila lucianus lucianus (Fabricius, 1793)<br />

Calospila parthaon (Dalman, 1823) R<br />

Juditha azan (Westwood, 1851)<br />

Synargis galena (Bates, 1868)<br />

Synargis regulus (Fabricius, 1793)<br />

Menander menander nitida (Butler, 1867)<br />

Nymphidium acherois (Boisduval, 1836)<br />

Nymphidium azanoides A. Butler, 1867<br />

Nymphidium lisimon attenuatum Stichel, 1929<br />

Nymphidium mantus (Cramer, 1775)<br />

Theope lycaenina Bates, 1868<br />

Theope pedias Herrich-Schäffer, [1853]<br />

Theope acosma Stichel, 1910<br />

Stalachtini (1)<br />

Stalachtis susanna (Fabricius, 1787)<br />

Incertae Sedis (6)<br />

Apodemia castanea (Prittwitz, 1865)<br />

Calydna lusca (Geyer, [1835])<br />

Echydna chaseba (Hewitson, 1854)<br />

Emesis diogenia Prittwitz, 1865<br />

Emesis fatimella fatimella Westwood, 1851<br />

Emesis mandana (Cramer, 1780)<br />

NYMPHALIDAE (183)<br />

Libytheinae (1)<br />

Libytheana carinenta (Cramer, 1777)<br />

Danainae (30)<br />

Danaini (3)<br />

Danaus erippus (Cramer, 1775)<br />

Danaus gilippus gilippus (Cramer, 1775)<br />

Lycorea halia discreta Haensch, 1809<br />

Ithomiini (27)<br />

Tithoreina (2)<br />

Aeria olena olena Weymer, 1875<br />

Tithorea harmonia pseudethra (Butler, 1873)<br />

Melinaeina (2)<br />

Melinaea ethra (Godart, 1819)<br />

Melinaea ludovica paraiya Reakirt, 1866<br />

Mechanitina (6)<br />

Mechanitis lysimnia lysimnia (Fabricius, 1793)<br />

Mechanitis polymnia casabranca Haensch, 1905<br />

Methona themisto (Hübner, 1818)<br />

Thyridia psidii psidii (Linnaeus, 1758)<br />

Scada karschina karschina (Herbst, 1792)<br />

Scada reckia (Hübner, [1808]) E<br />

Napeogenina (4)<br />

Hypothyris euclea laphria (Doubleday, 1847)<br />

Hypothyris ninonia daeta (Boisduval, 1836)<br />

Napeogenes inachia sulphurina (Bates, 1862)<br />

Napeogenes rhezia yaneta (Hewitson, 1867) ER<br />

Ithomiina (3)<br />

Ithomia agnosia zikani D’Almeida, 1940<br />

Ithomia drymo Hübner, 1816<br />

Ithomia lichyi lichyi D’Almeida, 1939<br />

Oleriina (2)<br />

Oleria aquata (Weymer, 1875)<br />

Oleria astrea astrea (Cramer, 1775)<br />

Dirceniina (7)<br />

Callithomia lenea xantho (C.Felder & R. Felder, 1860)<br />

Dircenna dero celtina Burmeister, 1878<br />

Episcada clausina striposis Haensch, 1909<br />

Episcada doto canaria (Brown & D’Almeida, 1970)<br />

Episcada hemixanthe (C. Felder & R. Felder, 1865)<br />

Episcada hymenaea hymenaea (Prittwitz, 1865)<br />

Pteronymia euritea (Cramer, 1780)<br />

Godyridina (1)<br />

Pseudoscada florulla genetyllis (d’Almeida, 1922)<br />

Satyrinae (49)<br />

Morphini (4)<br />

Antirrhea archaea Hübner [1822]<br />

Morpho anaxibia (Esper, 1801)<br />

Morpho helenor achillaena (Hübner [1823])<br />

Morpho menelaus coeruleus (Perry, 1810)<br />

Brassolini (13 )<br />

Brassolis sophorae sophorae (Linnaeus, 1758)<br />

Caligo beltrao (Illiger, 1801)<br />

Caligo brasiliensis brasiliensis (C. Felder, 1862)<br />

Caligo idomeneus ariphron Fruhstorfer, 1910<br />

Caligo illioneus illioneus (Cramer, 1775)<br />

Caligo teucer japetus Stichel, 1903<br />

Catoblepia amphirhoe (Hübner, [1825])<br />

Dasyophthalma creusa creusa (Hübner, [1821])<br />

Dynastor darius darius (Fabricius, 1775)<br />

Eryphanis automedon amphimedon<br />

(C. Felder & R. Felder, 1867)<br />

Opsiphanes cassiae crameri C. Felder & R. Felder, 1862<br />

Opsiphanes invirae pseudophilon Fruhstorfer, 1907<br />

Opsiphanes quiteria meridionalis Staudinger, 1887<br />

Satyrini (32)<br />

Haeterina (3)<br />

Haetera piera diaphana Lucas, 1857 E<br />

Pierella nereis (Drury, 1782)<br />

Pierella sp.<br />

Euptychiina (29)<br />

Archeuptychia cluena (Drury, 1782)<br />

Caeruleuptychia penicillata (Godman, 1905)<br />

Capronnieria galesus (Godart, [1824])<br />

Cepheuptychia angelica (Butler, 1874) RE<br />

Chloreuptychia arnaca (Fabricius, 1776)<br />

Chloreuptychia herseis (Godart, [1824])<br />

320


FREITAS ET AL.<br />

BORBOLETAS<br />

TÁXON<br />

Cissia myncea (Cramer, 1780)<br />

Godartiana byses (Godart, [1824])<br />

Hermeuptychia hermes (Fabricius, 1775)<br />

Hermeuptychia sp. 1<br />

Hermeuptychia sp. 2<br />

Magneuptychia lea (Cramer, 1777)<br />

Magneuptychia libye (Linnaeus, 1767)<br />

Pareuptychia ocirrhoe interjecta (D’Almeida, 1952)<br />

Paryphthimoides phronius (Godart, 1824)<br />

Paryphthimoides poltys (Prittwitz, 1865)<br />

Pharneuptychia sp.<br />

Pseudodebis euptychidia (Butler, 1868)<br />

Splendeuptychia doxes (Godart, [1824])<br />

Splendeuptychia latia (Butler, 1867) ER<br />

Splendeuptychia sp.<br />

Taygetis echo (Cramer, 1775)<br />

Taygetis laches marginata Staudinger, [1887]<br />

Taygetis leuctra Butler, 1870<br />

Taygetis sosis Hopfer, 1874<br />

Taygetis virgilia (Cramer, 1776)<br />

Yphthimoides affinis (A. Butler, 1867)<br />

Yphthimoides renata (Stoll, 1780)<br />

Yphthimoides yphthima (C. Felder & R. Felder, 1867)<br />

Charaxinae (20)<br />

Anaeini (10)<br />

Consul fabius drurii (Butler, 1874)<br />

Fountainea halice halice (Godart, [1824])<br />

Fountainea ryphea phidile (Geyer, 1837)<br />

Memphis acidalia victoria (H. Druce, 1877)<br />

Memphis editha (W. P. Comstock, 1961)<br />

Memphis moruus stheno (Prittwitz, 1865)<br />

Hypna clytemnestra huebneri Butler, 1866<br />

Siderone galanthis catarina Dottax & Pierre, 2009<br />

Zaretis strigosus (Gmelin, [1790])<br />

Zaretis itylus (Westwood, 1850) E<br />

Preponini (10)<br />

Archaeoprepona amphimachus pseudomeander<br />

(Fruhstorfer, 1906)<br />

Archaeoprepona demophon thalpius (Hübner, [1814])<br />

Archaeoprepona demophoon antimache (Hübner, [1819])<br />

Archaeoprepona meander castorina (E. May, 1932)<br />

Prepona claudina claudina (Godart, [1824]) R<br />

Prepona dexamenus dexamenus Hopffer, 1874<br />

Prepona eugenes bahiana Fruhstorfer, 1897 R<br />

Prepona laertes laertes (Hübner, [1811])<br />

Prepona pheridamas (Cramer, 1777)<br />

Prepona pylene Hewitson, [1854] R<br />

Biblidinae (32)<br />

Biblis hyperia nectanabis (Fruhstorfer, 1909)<br />

Callicore astarte selima (Guenée, 1872)<br />

Callicore hydaspes (Drury, 1782)<br />

Callicore texa maximilla (Fruhstorfer, 1916)<br />

Catonephele acontius acontius (Linnaeus, 1771)<br />

Catonephele numilia penthia (Hewitson, 1852)<br />

Diaethria clymena janeira (C. Felder, 1862)<br />

Dynamine artemisia artemisia (Fabricius, 1793)<br />

Dynamine athemon maeon (Doubleday, 1849)<br />

Dynamine ines ines (Godart, [1824]) E<br />

Dynamine meridionalis Röber, 1915<br />

Dynamine postverta postverta (Cramer, 1779)<br />

Ectima thecla thecla (Fabricius, 1796)<br />

Eunica bechina bechina (Hewitson, 1852)<br />

Eunica maja maja (Fabricius, 1775)<br />

Eunica marsolia marsolia (Godart, [1824])<br />

Hamadryas amphinome amphinome (Linnaeus, 1767)<br />

Hamadryas arete (Doubleday, 1847)<br />

Hamadryas arinome obnubila (Fruhstorfer, 1916)<br />

Hamadryas chloe rhea (Fruhstorfer, 1907)<br />

Hamadryas epinome (C. Felder & R. Felder, 1867)<br />

Hamadryas februa februa (Hübner, [1823])<br />

Hamadryas feronia feronia (Linnaeus, 1758)<br />

Hamadryas iphthime (Bates, 1864)<br />

Hamadryas laodamia (Cramer, 1777)<br />

Mestra hersilia hypermestra Hübner, [1825]<br />

Myscelia orsis (Drury, 1782)<br />

Nica flavilla flavilla (Godart, [1824])<br />

Paulogramma pygas pygas (Godart, [1824])<br />

Pyrrhogyra neaerea ophni Butler, 1870<br />

Temenis huebneri korallion Fruhstorfer, 1912<br />

Temenis laothoe santina Fruhstorfer, 1907<br />

Apaturinae (1)<br />

Doxocopa agathina vacuna (Godart, [1824])<br />

Cyrestinae (3)<br />

Marpesia chiron marius (Cramer, 1779)<br />

Marpesia petreus petreus (Cramer, 1776)<br />

Marpesia themistocles themistocles (Fabricius, 1793) R<br />

Nymphalinae (15)<br />

Coeini (4)<br />

Colobura dirce dirce (Linnaeus, 1758)<br />

Historis acheronta acheronta (Fabricius, 1775)<br />

Historis odius dious Lamas, 1995<br />

Tigridia acesta latifascia (Butler, 1873)<br />

Nymphalini (2)<br />

Vanessa braziliensis (Moore, 1883)<br />

Vanessa myrinna (Doubleday, 1849)<br />

Kallimini (4)<br />

Anartia amathea roeselia (Eschscholtz, 1821)<br />

Anartia jatrophae jatrophae (Linnaeus, 1763)<br />

Junonia evarete evarete (Cramer, 1779)<br />

Siproeta stelenes meridionalis (Frühstorfer, 1909)<br />

3 2 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

TÁXON<br />

Melitaeini (5)<br />

Chlosyne lacinia saundersi (Doubleday, [1847])<br />

Eresia eunice esora Hewitson, 1857<br />

Eresia lansdorfi (Godart, 1819)<br />

Ortilia ithra (W. F. Kirby, 1900)<br />

Tegosa claudina (Eschscholtz, 1821)<br />

Limenitidinae (12)<br />

Adelpha capucinus velia (C. Felder & R. Felder, 1867)<br />

Adelpha cytherea aea (C. & R. Felder, 1867)<br />

Adelpha erotia erotia (Hewitson, 1847)<br />

Adelpha iphiclus ephesa (Ménétriès, 1857)<br />

Adelpha malea goyama Schaus, 1902<br />

Adelpha naxia (C. Felder & R. Felder, 1867)<br />

Adelpha plesaure plesaure Hübner, 1823<br />

Adelpha serpa serpa (Boisduval, 1836)<br />

Adelpha herbita perdita Willmott, Mielke & Freitas 2016 R<br />

Adelpha thesprotia (C. Felder & R. Felder, 1867)<br />

Adelpha viola viola Frühstorfer, 1913<br />

Adelpha zea (Hewitson, 1850)<br />

Heliconiinae (18)<br />

Argynnini (1)<br />

Euptoieta hegesia meridiana Stichel, 1938<br />

Acraeini (3)<br />

Actinote canutia (Hopffer, 1874)<br />

Actinote pellenea pellenea Hübner, [1821]<br />

Actinote pyrrha pyrrha (Fabricius, 1775)<br />

Heliconiini (14)<br />

Agraulis vanillae maculosa (Stichel, [1908])<br />

Dione juno juno (Cramer, 1779)<br />

Dryadula phaetusa (Linnaeus, 1758)<br />

Dryas iulia alcionea (Cramer, 1779)<br />

Eueides aliphera aliphera (Godart, 1819)<br />

Eueides isabella dianasa (Hübner, [1806])<br />

Eueides vibilia vibilia (Godart, 1819)<br />

Philaethria dido dido (Linnaeus, 1763)<br />

Philaethria wernickei (Röber, 1906)<br />

Heliconius erato phyllis (Fabricius, 1775)<br />

Heliconius ethilla narcaea Godart, 1819<br />

Heliconius melpomene nanna Stichel, 1899<br />

Heliconius numata ethra (Hübner, [1831])<br />

Heliconius sara apseudes (Hübner, [1813])<br />

HESPERIIDAE (192)<br />

Pyrginae (99)<br />

Pyrrhopygini (2)<br />

Myscelus epimachia edix Evans, 1951<br />

Pyrrhopyge thericles rileyi Bell, 1931<br />

Eudamini (48)<br />

Aguna asander asander (Hewitson, 1867)<br />

Aguna megacles megacles (Mabille, 1888)<br />

Astraptes apastus pusa Evans, 1952<br />

Astraptes aulus (Plötz, 1881)<br />

Astraptes chiriquensis oenander (Hewitson, 1876)<br />

Astraptes cretatus adoba Evans, 1952<br />

Astraptes creteus siges (Mabille, 1903)<br />

Astraptes elorus (Hewitson, 1867)<br />

Astraptes enotrus (Stoll, 1781)<br />

Astraptes fulgerator fulgerator (Walch, 1775)<br />

Astraptes janeira (Schaus, 1902)<br />

Astraptes talus (Cramer, 1777)<br />

Augiades crinisus (Cramer, 1780)<br />

Augiades epimethea epimethea (Plötz, 1883)<br />

Autochton neis (Geyer, 1832)<br />

Autochton zarex (Hübner, 1818)<br />

Bungalotis midas (Cramer, 1775)<br />

Cephise cephise (Herrich-Schäffer, 1869) R<br />

Chioides catillus catillus (Cramer, 1779)<br />

Dyscophellus ramusis damias (Plötz, 1882)<br />

Entheus priasus pralina Evans, 1952<br />

Epargyreus clavicornis (Herrich-Schäffer, 1869)<br />

Epargyreus socus (Hübner, [1825])<br />

Narcosius dosula (Evans, 1952)<br />

Nascus phocus (Cramer, 1777)<br />

Oileides vulpinus vulpinus Hübner, [1825]<br />

Phanus australis Miller, 1965<br />

Phanus marshalii (Kirby, 1880)<br />

Phanus vitreus (Stoll, 1781)<br />

Phocides pigmalion hewitsonius (Mabille, 18883)<br />

Phocides polybius phanias (Burmeister, 1880)<br />

Polythrix caunus (Herrich-Schäffer, 1869)<br />

Polythrix octomaculata (Sepp, [1844])<br />

Proteides mercurius mercurius (Fabricius, 1787)<br />

Pseudonascus paulliniae (Sepp, [1842])<br />

Salatis salatis (Stoll, 1782)<br />

Typhedanus eliasi Mielke, 1979 ER<br />

Typhedanus undulatus (Hewitson, 1867)<br />

Urbanus albimargo (Mabille, 1876)<br />

Urbanus dorantes dorantes (Stoll, 1790)<br />

Urbanus doryssus albicuspis (Herrich-Schäffer, 1869)<br />

Urbanus esta Evans, 1952<br />

Urbanus procne (Plötz, 1880)<br />

Urbanus proteus proteus (Linnaeus, 1758)<br />

Urbanus simplicius (Stoll, 1790)<br />

Urbanus teleus (Hübner, 1821)<br />

Urbanus velinus (Plötz, 1880)<br />

Urbanus virescens (Mabille, 1877)<br />

Pyrgini (49)<br />

Anastrus obscurus obscurus (Hübner, [1824])<br />

Anastrus tolimus robigus (Plötz, 1884)<br />

Anastrus sempiternus simplicior (Möschler, 1877)<br />

Anastrus ulpianus Poey, 1832<br />

322


FREITAS ET AL.<br />

BORBOLETAS<br />

TÁXON<br />

Antigonus erosus (Hübner, [1812])<br />

Antigonus liborius liborius Plötz, 1884<br />

Antigonus nearchus (Latreille, [1817])<br />

Camptopleura janthinus (Capronier, 1874)<br />

Carrhenes canescens pallida Röber, 1925<br />

Chiomara mithrax (Möschler, 1879)<br />

Cogia calchas (Herrich-Schäffer, 1869)<br />

Cogia elaites (Hewitson, 1867)<br />

Cycloglypha caeruleonigra Mabille, 1903 E<br />

Cycloglypha thrasibulus thrasibulus (Fabricius, 1793)<br />

Cycloglypha tisias (Godman & Salvin, 1896)<br />

Diaeus lacaena (Hewitson, 1869)<br />

Eantis mithridates thraso (Hübner, [1807])<br />

Ebrietas anacreon anacreaon (Staudinger, 1876)<br />

Eracon paulinus (Stoll, 1782)<br />

Gorgythion begga begga (Prittwitz, 1868)<br />

Gorgythion beggina escalophoides Evans, 1953<br />

Grais stigmaticus stigmaticus (Mabille, 1833)<br />

Helias phalaenoides palpalis (Latreille, [1824])<br />

Heliopetes alana (Reakirt, 1868)<br />

Heliopetes arsalte (Linnaeus, 1758)<br />

Heliopetes omrina (Butler, 1870)<br />

Marela tamyroides (C. Felder & R. Felder, 1867)<br />

Milanion leucaspis (Mabille, 1878)<br />

Morvina fissimacula (Mabille, 1878)<br />

Mylon ander ander Evans, 1953<br />

Mylon maimon (Fabricius, 1775)<br />

Mylon pelopidas (Fabricius, 1793)<br />

Ouleus accedens accedens (Mabille, 1895)<br />

Pachyneuria inops (Mabille, 1877)<br />

Pachyneuria sp.<br />

Pellicia costimacula litoralis Biezanko & Mielke, 1973<br />

Polyctor polyctor polyctor (Prittwitz, 1868)<br />

Pyrgus orcus (Stoll, 1780)<br />

Pyrgus orcynoides (Giacomelli, 1928)<br />

Pythonides herennius lusorius Mabille, 1891<br />

Pythonides jovianus fabricii (Kirby, 1871)<br />

Quadrus cerialis (Stoll, 1782)<br />

Sostrata bifasciata bifasciata (Ménétriés, 1829)<br />

Spathilepia clonius (Cramer, 1775)<br />

Staphylus melangon epicaste Mabille, 1903<br />

Telemiades amphion marpesus (Hewitson, 1867)<br />

Telemiades antiope antiope (Plötz, 1882)<br />

Timochares trifasciata trifasciata (Hewitson, 1868)<br />

Xenophanes tryxus (Stoll, 1780)<br />

Hesperiinae (93)<br />

Aides aestria (Hewitson, 1866)<br />

Aides duma argyrina Cowan, 1970<br />

Alera sp.<br />

Anatrytone perfida (Möschler, 1879)<br />

Anthoptus epictetus (Fabricius, 1793)<br />

Argon lota (Hewitson, 1877)<br />

Arita mubevensis (Bell, 1932)<br />

Arotis kayei (E. Bell, 1932)<br />

Artines aepitus (Geyer, 1832)<br />

Artines aquilina (Plötz, 1882)<br />

Callimormus alsimo (Möschler, 1883)<br />

Callimormus corades (Felder, 1862)<br />

Callimormus rivera (Plötz, 1882)<br />

Calpodes ethlius (Stoll, 1782)<br />

Carystoides basoches (Latreille, [1824])<br />

Carystoides noseda (Hewitson, 1866)<br />

Carystus phorcus claudianus (Latreille, [1824])<br />

Cobalopsis nero (Herrich-Schäffer, 1869)<br />

Cobalus calvina (Hewitson, 1866)<br />

Cobalus sp.<br />

Cobalus virbius hersilia (Plötz, 1882)<br />

Conga chydaea (Butler, 1877)<br />

Corticea corticea (Plötz, 1882)<br />

Corticea noctis (Plötz, 1882)<br />

Cymaenes gisca Evans, 1955<br />

Cymaenes tripunctata (Latreille, [1824])<br />

Cynea irma (Möschler, 1879)<br />

Cynea sp.<br />

Damas clavus (Herrich-Schäffer, 1869)<br />

Dubiella dubius (Stoll, 1781)<br />

Dubiella fiscella fiscella (Hewitson, 1877)<br />

Enosis uza pruinosa (Plötz, 1882)<br />

Flaccilla aecas (Stoll, 1781)<br />

Hylephila phyleus phyleus (Drury, 1773)<br />

Justinia justinianus justinianus (Latreille, [1824])<br />

Justinia maculata (Bell, 1930) R<br />

Lento lento (Mabille, 1878)<br />

Lerodea erythrostictus (Prittwitz, 1868)<br />

Levina levina (Plötz, 1884)<br />

Ludens ludens (Mabille, 1891)<br />

Methionopsis ina (Plötz, 1882)<br />

Mnasilus allubita (Butler, 1877)<br />

Monca sp.<br />

Morys geisa geisa (Möschler, 1879)<br />

Naevolus orius orius (Mabille, 1883)<br />

Neoxeniades braesia andricus (Mabille, 1895)<br />

Niconiades linga Evans, 1955<br />

Niconiades nikko Hayward, 1948<br />

Niconiades xanthaphes Hübner, [1821]<br />

Nyctelius nyctelius nyctelius (Latreille, [1824])<br />

Onophas columbaria distigma Bell, 1930 R<br />

Orphe gerasa (Hewitson, 1867)<br />

Orses cynisca (Swainson, 1821) R<br />

Orses itea (Swaison, 1821) R<br />

3 2 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

TÁXON<br />

Panoquina evadnes (Stoll, 1781)<br />

Panoquina fusina viola Evans, 1955<br />

Panoquina hecebolus (Scudder, 1872)<br />

Paracarystus menestries menestries (Latreille, [1824])<br />

Perichares philetes adela (Hewitson, 1867)<br />

Phanes aletes (Geyer, 1832)<br />

Phanes almoda (Hewitson, 1866)<br />

Polites vibex catilina (Plötz, 1886)<br />

Pompeius amblyspila (Mabille, 1898)<br />

Pompeius pompeius (Latreille, [1824])<br />

Pyrrhopygopsis socrates socrates (Ménétriés, 1855)<br />

Quinta cannae (Herrich-Schäffer, 1869)<br />

Saliana esperi Evans, 1955<br />

Saliana fusta Evans, 1955<br />

Saliana longirostis (Sepp, [1840])<br />

Saliana mamurra (Plötz, 1886)<br />

Saliana triangularis (Kaye, 1914)<br />

Sodalia coler (Schaus, 1902)<br />

Synapte silius (Latreille, [1824])<br />

Talides sergestus (Cramer, 1775)<br />

Thargella caura occulta (Schaus, 1902)<br />

Thespieus dalman (Latreille, [1824])<br />

Thoon taxes Godman, 1900<br />

Thracides cleanthes cleanthes (Latreille, [1824])<br />

Thracides nanea (Hewitson, 1867)<br />

Turesis complanula (Herrich-Schäffer, 1869)<br />

Turmada camposa (Plötz, 1886) ER<br />

Vacerra bonfilius (Latreille, [1824])<br />

Vehilius celeus vetus Mielke, 1969<br />

Vehilius inca (Scudder, 1872)<br />

Vehilius stictomenes stictomenes (Butler, 1877)<br />

Vettius artona (Hewitson, 1868)<br />

Vettius diversa diversa (Herrich-Schäffer, 1869)<br />

Vettius fantasos (Cramer, 1780)<br />

Vettius lafrenaye pica (Herrich-Schäffer, 1869)<br />

Vettius marcus marcus (Fabricius, 1787)<br />

Vettius phyllus prona Evans, 1955<br />

Wallengrenia premnas (Wallengren, 1860)<br />

Xeniades chalestra chalestra (Hewitson, 1866)<br />

Tabela 2: Espécies de borboletas ameaçadas que ocorrem nas matas a norte do Rio Doce, no Espírito<br />

Santo, até o sul da Bahia<br />

Família/Espécie Categoria Ocorrência<br />

Papilionidae<br />

Heraclides himeros himeros (Hopffer, 1865)* EN RJ, ES<br />

Pieridae<br />

Moschoneura pinthous methymna (Godart, 1819) VU ES, BA<br />

Nymphalidae<br />

Eresia erysice erysice (Geyer, 1832) CR BA<br />

Heliconius nattereri C. Felder & R. Felder, 1865 VU ES, BA<br />

Mcclungia cymo fallens (Haensch, 1905)* EN MG, RJ, ES, BA<br />

Melinaea mnasias thera C. Felder & R. Felder, 1865 CR BA<br />

Napeogenes rhezia rhezia (Geyer, [1834])* VU ES, BA<br />

Hyalyris leptalina (C. Felder & R. Felder, 1865)* EN RJ, ES, MG<br />

Lycaenidae<br />

Arawacus aethesa (Hewitson, 1867) VU MG, ES<br />

Hesperiidae<br />

Drephalys mourei Mielke, 1968* CR SC, RJ, ES<br />

Turmada camposa (Plötz, 1886) EN RJ, ES<br />

Legenda: Categoria = categorias de ameaça: VU = vulnerável, EN = ameaçada, CR = criticamente ameaçada (dados<br />

de Machado et al., 2008). O campo “Ocorrência” indica os estados em que há registros para a espécie: SC = Santa<br />

Catarina, SP = São Paulo, RJ = Rio de Janeiro, MG = Minas Gerais, ES = Espírito Santo, BA = Bahia. Em negrito estão<br />

as espécies que ocorrem na Reserva Natural Vale. Espécies com asterisco foram registradas próximas à reserva,<br />

entre Linhares e Pedro Canário (norte do ES).<br />

324


FREITAS ET AL.<br />

BORBOLETAS<br />

Hesperiidae (192 espécies), seguida por Nymphalidae<br />

(183), Lycaenidae (56), Riodinidae (49), Pieridae<br />

(22) e Papilionidae (10). As famílias Hesperiidae e<br />

Nymphalidae, nessa ordem, são invariavelmente os<br />

grupos mais ricos em espécies na região Neotropical<br />

na maioria das listas disponíveis (Brown & Freitas,<br />

1999; 2000a,b; Brown, 2005; Francini et al., 2011).<br />

Apesar de a riqueza da reserva (512 espécies)<br />

ser relativamente alta e equivalente àquela de outras<br />

áreas bem amostradas de Mata Atlântica (Francini et<br />

al., 2011), ainda está abaixo de diversas localidades<br />

mais bem amostradas de Mata Atlântica, cujas<br />

riquezas podem variar de 570 a mais de 700 espécies<br />

(Francini et al., 2011). Como exemplo, em Santa<br />

Teresa, uma localidade bem amostrada ao sul da RNV<br />

(mas com vegetação e topografia distintas), a lista<br />

inclui 769 espécies de borboletas (Brown & Freitas,<br />

2000a), com 452 espécies em comum com a RNV.<br />

De fato, se imaginarmos que o número total de<br />

espécies de borboletas pode ser estimado levandose<br />

em conta que os Ithomiini perfazem 4,3 a 4,6%<br />

do total de espécies de uma localidade Neotropical<br />

(Beccaloni & Gaston, 1995) e que os Nymphalidae<br />

perfazem de 25 a 29% (Brown & Freitas, 2000b),<br />

a riqueza estimada de borboletas da RNV estaria<br />

entre cerca de 600 a 700 espécies. Números dessa<br />

grandeza não seriam difíceis de serem alcançados,<br />

especialmente se considerarmos as espécies já<br />

registradas em localidades próximas, como a Floresta<br />

Nacional de Goytacazes (também em Linhares)<br />

e os fragmentos florestais entre Conceição da<br />

Barra e Pedro Canário (Brown & Freitas, dados não<br />

publicados). Para Nymphalidae, por exemplo, uma<br />

família relativamente bem amostrada (vide algumas<br />

espécies desta família na Figura 1), possivelmente<br />

até 25 espécies poderiam ser adicionadas à lista<br />

com mais horas de amostragem.<br />

Dentre essas, destacam-se diversas espécies<br />

do gênero Eunica Hübner, [1819] e espécies<br />

da tribo Satyrini (muito presentes na Floresta<br />

Nacional de Goytacazes). Em Papilionidae, uma<br />

família que em geral é bem amostrada com pouco<br />

tempo de trabalho (Iserhard et al., 2013), seria<br />

esperada a presença de algumas espécies comuns<br />

e bem distribuídas por toda a Mata Atlântica,<br />

como Parides anchises nephalion (Godart, 1819)<br />

e Parides zacynthus zacynthus (Fabricius, 1793)<br />

(Troidini). Poderiam ocorrer ainda mais uma ou<br />

duas espécies do gênero Protesilaus Swainson,<br />

[1832] (Leptocircini) e até a ameaçada Heraclides<br />

himeros himeros (Hopffer, 1865) (Papilionini),<br />

todas presentes em áreas próximas (por exemplo,<br />

H. himeros himeros ocorre em localidades a<br />

aproximadamente 30 km de distância da reserva).<br />

A lista de Pieridae está relativamente completa,<br />

e poucas adições seriam esperadas com base na<br />

fauna conhecida nos arredores da reserva. As<br />

maiores adições, entretanto, são esperadas nas<br />

famílias Hesperiidae, Lycaenidae e Riodinidae.<br />

Levando-se em conta que boa parte das espécies<br />

dessas três famílias ocorrem em baixa abundância,<br />

são erráticas no tempo e espaço e algumas vezes<br />

ocorrem em populações extremamente localizadas<br />

(especialmente Riodinidae), a acumulação de<br />

espécies nestes grupos é lenta e somente após<br />

muitos anos listas relativamente completas podem<br />

ser obtidas (Iserhard et al., 2013). Como exemplo,<br />

mais de 20 espécies podem ser adicionadas à lista<br />

de Lycaenidae, e possivelmente o mesmo número<br />

em Riodinidae. Nesta última, é notável a ausência<br />

de espécies comuns e de ampla distribuição, como<br />

Lemonias zygia zygia Hübner, [1807], Thisbe irenea<br />

(Stoll, 1780), Theope terambus (Godart, [1824])<br />

(Nymphidiini), Eurybia molochina hyacinthina<br />

Stichel, 1910 (Eurybiini), Notheme erota (Cramer,<br />

1780) e Ancyluris aulestes pandama (Saunders,<br />

1850) (Riodinini), todas presentes nos arredores<br />

da reserva. Finalmente, mais de 40 espécies<br />

poderiam ser adicionadas à lista de Hesperiidae,<br />

especialmente na tribo Pyrrhopygini, um grupo<br />

de difícil amostragem, pois as espécies são de voo<br />

rápido e, geralmente associadas ao dossel, e com<br />

apenas duas espécies registradas na reserva até<br />

o momento (contra oito espécies registradas em<br />

localidades próximas).<br />

Em suma, apesar de a lista atual conter uma<br />

boa representatividade da fauna de borboletas<br />

da região, inventários adicionais que contemplem<br />

outras épocas do ano, especialmente o verão e<br />

outono, poderiam revelar muitas surpresas para a<br />

reserva, incluindo novos registros de espécies raras<br />

ou ameaçadas.<br />

Análise da composição faunística<br />

Na presente lista, a riqueza dos principais<br />

grupos de borboletas segue o padrão conhecido<br />

3 2 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 1: Exemplos de borboletas da família Nymphalidae. Legenda: A. Archaeoprepona amphimachus pseudomeander,<br />

B. Archaeoprepona demophon thalpius, C. Prepona claudina claudina, D. Hypna clytemnestra huebneri, E. Siderone<br />

galanthis catarina, F. Memphis moruus stheno (Charaxinae), G. Hamadryas laodamia, H. Temenis huebneri korallion,<br />

I. Callicore astarte selima (Biblidinae), J. Haetera piera diaphana, K. Archeuptychia cluena (Satyrinae: Satyrini), L.<br />

Opsiphanes quiteria meridionalis (Satyrinae: Brassolini).<br />

para a lista total de borboletas do Brasil, onde<br />

Hesperiidae é a família mais rica em espécies,<br />

seguida por Nymphalidae, um padrão usualmente<br />

obtido em localidades bem amostradas (ver<br />

Brown & Freitas, 1999 e Francini et al., 2011).<br />

Em relação a Lycaenidae e Riodinidae, a primeira<br />

família apareceu como mais rica do que a segunda,<br />

um padrão inverso tanto em relação àquele<br />

descrito para a região de Linhares/ES quanto em<br />

relação à lista total de borboletas do Brasil (onde<br />

Riodinidae tem mais espécies registradas do que<br />

Lycaenidae) (Francini et al., 2011). De fato, já<br />

foi demonstrado que a riqueza de Riodinidae é<br />

positivamente correlacionada com a temperatura<br />

326


FREITAS ET AL.<br />

BORBOLETAS<br />

média (Brown, 2005), sendo que localidades mais<br />

a sul na Mata Atlântica possuem uma maior riqueza<br />

de Lycaenidae, enquanto que em localidades mais<br />

ao norte e na Amazônia possuem mais espécies de<br />

Riodinidae (Francini et al., 2011). No caso da lista<br />

da RNV, apenas um aumento do esforço amostral<br />

poderia revelar a verdadeira relação de riqueza<br />

entre essas duas famílias de difícil amostragem.<br />

Com relação a Papilionidae e Pieridae, as duas<br />

famílias menos diversas, o padrão registrado na<br />

reserva equivale àquele registrado na maioria<br />

das localidades do Brasil, onde Pieridae é mais<br />

rico que Papilionidae. Contudo, na presente lista,<br />

Pieridae possui mais que o dobro das espécies de<br />

Papilionidae, um padrão um pouco diferente do<br />

usualmente registrado para a Mata Atlântica (uma<br />

relação de 1,4 a 1,6 Pieridae para cada espécie de<br />

Papilionidae), e que pode ser atribuído à ausência<br />

de algumas espécies comuns de Papilionidae (ver<br />

discussão acima).<br />

CONCLUSÕES<br />

A Reserva Natural Vale, em Linhares, guarda uma<br />

fauna de borboletas característica da região norte<br />

do Espírito Santo, com uma mistura de elementos<br />

do sul da Mata Atlântica e os endemismos do sul<br />

da Bahia, além de servir de refúgio para espécies<br />

de borboletas ameaçadas de extinção. Somado<br />

a isso, a grande extensão florestal da Reserva, e<br />

sua contiguidade com a Reserva de Sooretama, ao<br />

norte, fazem dessa área um dos principais refúgios<br />

de fauna de toda a região.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Aos colegas Cristiano Agra Iserhard e Marlon<br />

Paluch pelas críticas e sugestões na versão final<br />

do trabalho. Aos Profs. W. W. Benson e Ronaldo B.<br />

Francini pelo auxílio no campo e disponibilização<br />

de material na reserva. AVLF agradece ao CNPq<br />

(302585/2011-7 e 303834/2015-3), ao<br />

NSF-EUA (DEB-1256742) e à FAPESP (auxílios<br />

11/50225-3 e 2013/50297-0) pelo auxílio<br />

financeiro. OHHM e JVN agradecem ao CNPq e<br />

JPS agradece a Capes pela bolsa de Doutorado. À<br />

Pós Graduação em Ecologia da Unicamp pelo apoio<br />

logístico e financeiro em algumas viagens de coleta.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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3 2 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

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328


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

20<br />

A FAUNA DE ABELHAS E VESPAS<br />

APOIDEAS (HEXAPODA:<br />

HYMENOPTERA: APOIDEA) DA<br />

<strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>, NORTE<br />

DO ESPÍRITO SANTO<br />

André Nemésio, José Eustáquio dos Santos Júnior & Sandor<br />

Christiano Buys<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os insetos representam a maior proporção<br />

de toda a biodiversidade conhecida, ainda que<br />

aí incluamos os microrganismos e as plantas<br />

(Lewinsohn & Prado, 2002; Grimaldi & Engel,<br />

2005). Dentre os insetos, os himenópteros<br />

(abelhas, formigas e vespas) constituem um dos<br />

grupos que apresentam maior riqueza, com mais de<br />

150.000 espécies descritas, sendo que as abelhas<br />

e vespas representam quase 90% desta diversidade<br />

(Grimaldi & Engel, 2005).<br />

Apoidea é uma das três superfamílias em que<br />

estão divididos os himenópteros aculeados, ou seja,<br />

aqueles que possuem o ovipositor transformado<br />

em ferrão. Em Apoidea estão incluídas as abelhas<br />

e as vespas apoideas, também chamada de vespas<br />

esfeciformes ou esfecoides. As abelhas estão<br />

atualmente divididas em sete famílias: Andrenidae,<br />

Apidae, Colletidae, Halictidae, Megachilidae,<br />

Melittidae e Stenotritidae (Michener, 2007).<br />

Destas, apenas as cinco primeiras ocorrem na<br />

região Neotropical. Atualmente, cerca de 20.000<br />

espécies de abelhas são reconhecidas globalmente,<br />

sendo que aproximadamente 10% deste total<br />

ocorre no Brasil (Silveira et al., 2002). Por outro<br />

lado, existem cerca de 10.000 espécies de vespas<br />

apoideas distribuídas em todos os continentes<br />

e classificadas em quatro famílias atuais<br />

reconhecidas: Ampulicidae, Crabronidae, Sphecidae<br />

e Heterogynaidae (Pulawski, 2015), sendo que a<br />

última não ocorre na região Neotropical.<br />

O estado do Espírito Santo, no sudeste do Brasil,<br />

abrigou uma das mais exuberantemente ricas<br />

porções da Mata Atlântica brasileira no passado<br />

recente. Entretanto, a maior parte desta floresta<br />

foi completamente desmatada durante o século<br />

XX, restando apenas alguns poucos fragmentos<br />

de mata na região (Dean, 1995; Galindo-Leal &<br />

Câmara, 2003). Apenas dois desses fragmentos,<br />

a Reserva Natural Vale, com área de 22.711 ha,<br />

e a Reserva Biológica de Sooretama, com área<br />

de 24.000 ha, são maiores que 10.000 ha no<br />

estado. Contudo, essas duas áreas se conectam<br />

e constituem um remanescente contínuo com<br />

área total de aproximadamente 46.000 ha, que<br />

representa cerca de 10% de toda a cobertura<br />

vegetal remanescente do estado do Espírito Santo<br />

(Fundação SOS Mata Atlântica, 1993; Ribeiro et al.,<br />

2009).<br />

O conhecimento sobre as faunas de abelhas e<br />

vespas apoideas da região é bastante heterogêneo.<br />

No caso das abelhas, de forma geral, a fauna<br />

relacionada às áreas abertas é mais bem estudada<br />

que aquela associada à floresta ombrófila densa<br />

(Michener, 2007; Gonçalves & Brandão, 2008).<br />

Embora nas duas últimas décadas o conhecimento<br />

tenha aumentado, houve um foco em alguns<br />

3 2 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

táxons como, por exemplo, na subtribo Euglossina<br />

(Apidae), mais conhecida como abelhas-dasorquídeas.<br />

Este fato pode estar relacionado à<br />

(I) facilidade na amostragem dessas abelhas em<br />

campo, através da atração dos machos da maioria<br />

das espécies por iscas aromáticas (Dodson et<br />

al., 1969; Nemésio & Silveira, 2004, 2006;<br />

Nemésio, 2012a) e (II) ao aumento no número<br />

de pesquisadores que se dedicam, parcial ou<br />

integralmente, a esse táxon. Levantamentos de<br />

outros grupos taxonômicos exigem a necessidade<br />

de um esforço de coleta mais exaustivo ao longo<br />

das estações do ano, utilizando-se da captura<br />

ativa em flores, aliada a outras estratégias como<br />

pratos armadilha, ninhos armadilha, armadilha de<br />

interceptação de voo e atração com substâncias<br />

açucaradas, para que a grande maioria das espécies<br />

seja amostrada (Silveira et al., 2002; Krug & Alvesdos-Santos,<br />

2008). Porém, não basta formar<br />

coleções; também é necessária a existência de<br />

especialistas nos diversos grupos taxonômicos<br />

a fim de proceder-se à correta identificação dos<br />

espécimes coletados. Por essas razões, as abelhas<br />

euglossinas constituem o grupo de himenópteros<br />

mais bem estudado da Reserva Natural Vale<br />

(RNV) (Bonilla-Gómez, 1999; Nemésio, 2013b).<br />

Essa discrepância torna-se ainda mais relevante<br />

quando se leva em consideração que nas últimas<br />

duas décadas, além de novas espécies de abelhas<br />

euglossinas (Nemésio, 2006, 2007a,b, 2009,<br />

2011b,d, 2012b; Faria & Melo, 2012; Hinojosa-<br />

Diaz et al., 2012; Nemésio & Engel, 2012),<br />

foram registradas e descritas algumas espécies<br />

novas de abelhas de outros grupos taxonômicos<br />

pertencentes ao centro de endemismo que engloba<br />

esta região (ver Pedro & Camargo, 2003; Graf &<br />

Urban, 2008; Santos Júnior et al., 2015).<br />

As vespas apoideas, por sua vez, são ainda<br />

pouco estudadas no Brasil. Embora tenham sido<br />

feitas importantes contribuições sobre a fauna<br />

neotropical de Sphecidae e Crabronidae (p. ex.<br />

Amarante, 2002, 2005), os estudos taxonômicos<br />

com estes grupos ainda são escassos e o material<br />

depositado em coleções entomológicas é incipiente<br />

em representar a fauna brasileira. Em geral, dentre<br />

as vespas apoideas, Sphecidae é o grupo mais<br />

abundante em coleções, certamente pelo fato<br />

destas vespas serem grandes e vistosas, além de<br />

comumente nidificarem em áreas abertas e mesmo<br />

antropizadas.<br />

O objetivo do presente estudo é diagnosticar o<br />

atual conhecimento da fauna de abelhas e vespas<br />

apoideas que ocorrem na Reserva Natural Vale,<br />

levando-se em consideração a riqueza e relevância<br />

dessa fauna no contexto regional e da Mata<br />

Atlântica como um todo.<br />

METODOLOGIA<br />

Para o levantamento das espécies de abelhas<br />

e vespas apoideas presentes na Reserva Natural<br />

Vale e arredores, incluindo a vizinha e contígua<br />

Reserva Biológica de Sooretama, foram utilizados<br />

dados da literatura especializada, além do<br />

estudo de exemplares depositados nas seguintes<br />

coleções entomológicas: Coleção Entomológica<br />

da Reserva Natural Vale (CERNV), Coleção de<br />

Insetos Hymenoptera do Centro de Coleções<br />

Taxonômicas da Universidade Federal de Minas<br />

Gerais (UFMG), Laboratório de Taxonomia de<br />

Abelhas da Universidade Federal de Uberlândia<br />

(UFU), Coleção Entomológica da Universidade de<br />

São Paulo em Ribeirão Preto (RPSP), Museu de<br />

Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP),<br />

Museu Nacional, Universidade Federal do Rio<br />

de Janeiro (MNRJ), e Coleção Entomológica do<br />

Instituto Oswaldo Cruz (Ceioc).<br />

A criação do município de Sooretama é recente,<br />

tendo sido este município emancipado de Linhares<br />

através da Lei Estadual 4.693, de 31 de março de<br />

1994 (Câmara Municipal de Sooretama, 2015). Por<br />

esta razão, parte do material obtido anteriormente<br />

ao ano de 1994 e etiquetado como proveniente de<br />

Linhares pode ter sido coletado no território que<br />

hoje pertence à Sooretama. Pela contiguidade das<br />

áreas de mata dos dois municípios, assumimos aqui<br />

que as espécies oriundas de Sooretama também<br />

devam ocorrer na Reserva Natural Vale, razão<br />

pela qual os resultados abaixo incluem espécies<br />

coletadas em toda a região.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Sessenta e cinco espécies de abelhas pertencentes<br />

às famílias Andrenidae (1), Apidae (55), Colletidae<br />

(2), Halictidae (5) e Megachilidae (2) foram<br />

330


NEMÉSIO ET AL.<br />

ABELHAS E VESPAS<br />

reconhecidas como oriundas da Reserva Natural Vale<br />

e arredores (Tabelas 1 e 2). Destas, 28 pertencem<br />

à subtribo Euglossina, representadas pelos gêneros<br />

Eufriesea, Euglossa, Eulaema e Exaerete. Vinte e sete<br />

espécies de vespas apoideas, sendo 18 espécies de<br />

Sphecidae (Tabela 3) e nove de Crabronidae (Tabela<br />

4), foram registradas para a região de Linhares<br />

e Sooretama, ao passo que nenhuma espécie de<br />

Ampulicidae foi encontrada, embora esta seja uma<br />

família bem representada no Brasil.<br />

Tabela 1: Lista das espécies de abelhas coletadas na Reserva Natural Vale e depositadas na Coleção<br />

Entomológica da Reserva Natural Vale. F: fêmea; M: macho; O: operária.<br />

Família Espécies Número de tombo Sexo<br />

Apidae Apis mellifera Linnaeus, 1758 4.426 O<br />

Centris (Heterocentris) terminata Smith, 1874 6.600 F<br />

Diadasina distincta (Holmberg, 1903) 3.884 F<br />

Euglossa (Euglossa) marianae Nemésio, 2011 5.539 e 4.444 2M<br />

Euglossa (Euglossa) securigera Dressler, 1982 4.454 M<br />

Euglossa (Euglossa) sp. 4.411 e 3.773 2F<br />

Euglossa (Euglossella) viridis (Perty, 1833) 5.594 M<br />

Eulaema (Apeulaema) nigrita Lepeletier, 1841 3.428 e 5.117 2M<br />

Exaerete smaragdina (Guérin, 1844) 760, 3.114 e 4.763 2M e 1F<br />

Florilegus (Euflorilegus) similis Urban, 1970 4.459 M<br />

Melipona (Eomelipona) marginata Lepeletier, 1836 4.637 O<br />

Oxytrigona tataira (Smith, 1863) 702 O<br />

Partamona ailyae Camargo, 1980 4.080 O<br />

Thygater (Thygater) analis (Lepeletier, 1841) 4.424 F<br />

Trichocerapis sp. n. 4.425 F<br />

Trigona spinipes (Fabricius, 1793) 4.355 O<br />

Halictidae Augochloropsis patens (Vachal, 1903) 1.698 F<br />

Xenochlora sp. n. 4.142 F<br />

Tabela 2: Lista das espécies de abelhas que ocorrem na Reserva Natural Vale, baseada na literatura e nas<br />

coleções entomológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, da Universidade Federal de Uberlândia<br />

e da Universidade de São Paulo (Ribeirão Preto).<br />

Família Espécie Referência<br />

Andrenidae Oxaea sooretama Graf & Urban, 2008<br />

Apidae Bombus (Thoracobombus) brasiliensis Lepeletier, 1836<br />

Centris (Centris) varia (Erichson, 1849)<br />

Epicharis (Epicharis) umbraculata (Fabricius, 1804)<br />

Eufriesea atlantica Nemésio, 2008<br />

Eufriesea mussitans (Fabricius, 1787)<br />

Eufriesea surinamensis (Linnaeus, 1758)<br />

Eufriesea violacea (Blanchard, 1840)<br />

Euglossa (Euglossa) adiastola Hinojosa-Díaz, Nemésio & Engel, 2012<br />

Euglossa (Euglossa) avicula Dressler, 1982<br />

Euglossa (Euglossa) botocuda Faria & Melo, 2012<br />

Euglossa (Euglossa) calycina Faria & Melo, 2012<br />

Euglossa (Euglossa) carolina Nemésio, 2009<br />

Euglossa (Euglossa) cognata Moure, 1970<br />

Euglossa (Euglossa) clausi Nemésio & Engel, 2012<br />

Euglossa (Euglossa) despecta Moure, 1968<br />

Euglossa (Euglossa) liopoda Dressler, 1982<br />

Euglossa (Euglossa) marianae Nemésio, 2011<br />

Graf & Urban, 2008<br />

Moure & Sakagami, 1962<br />

UFMG<br />

UFMG<br />

Nemésio, 2013b*<br />

Bonilla-Gómez, 1999**<br />

Nemésio, 2013b<br />

Bonilla-Gómez, 1999<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Faria & Melo, 2012<br />

Faria & Melo, 2012<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

3 3 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Referência<br />

Euglossa (Euglossa) milenae Bembé, 2007<br />

Euglossa (Euglossa) monnei Nemésio, 2012<br />

Euglossa (Euglossa) pleosticta Dressler, 1982<br />

Euglossa (Euglossa) securigera Dressler, 1982<br />

Euglossa (Glossura) ignita Smith, 1874<br />

Euglossa (Glossura) imperialis Cockerell, 1922<br />

Euglossa (Glossura) roubiki Nemésio, 2009<br />

Eulaema (Apeulaema) marcii Nemésio, 2009<br />

Eulaema (Apeulaema) nigrita Lepeletier, 1841<br />

Eulaema (Eulaema) atleticana Nemésio, 2009<br />

Eulaema (Eulaema) niveofasciata (Friese, 1899)<br />

Exaerete frontalis (Guérin-Méneville, 1844)<br />

Exaerete smaragdina (Guérin-Méneville, 1844)<br />

Exomalopsis (Exomalopsis) auropilosa Spinola, 1853<br />

Melipona (Eomelipona) marginata carioca Moure, 1971<br />

Melipona (Michmelia) fuliginosa Lepeletier, 1836<br />

Melipona (Michmelia) mondury Smith, 1863<br />

Paratetrapedia bicolor (Smith, 1854)<br />

Paratrigona subnuda Moure, 1947<br />

Partamona ailyae Camargo, 1980<br />

Partamona helleri (Friese, 1900)<br />

Partamona sooretamae Pedro & Camargo, 2003<br />

Plebeia lucii Moure, 2004<br />

Plebeia poecilochroa Camargo & Moure, 1989<br />

Scaptotrigona xanthotricha Moure, 1950<br />

Trigona branneri Cockerell, 1912<br />

Trigona braueri Friese, 1900<br />

Trigona hyalinata (Lepeletier, 1836)<br />

Trigona recursa Smith, 1863<br />

Trigona spinipes (Fabricius, 1793)<br />

Colletidae Hylaeus sp.<br />

Ptiloglossa sp.<br />

Halictidae Augochlorella acarinata Coelho, 2004<br />

Megalopta aegis (Vachal, 1904)<br />

Megalopta sodalis (Vachal, 1904)<br />

Megachilidae Hypanthidium divaricatum (Smith, 1854)<br />

Megachile sp.<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

Nemésio, 2013b<br />

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Gonçalves & Brandão, 2008<br />

Camargo & Pedro, 2008<br />

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Gonçalves & Brandão, 2008<br />

Gonçalves & Brandão, 2008<br />

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UFMG<br />

Gonçalves & Brandão, 2008;<br />

Comério et al., 2013<br />

UFMG<br />

Gonçalves & Brandão, 2008;<br />

Comério et al., 2013 e UFMG<br />

UFMG<br />

UFMG<br />

Comério et al., 2013<br />

Santos & Melo, 2014<br />

Santos & Melo, 2014 e UFMG<br />

UFMG<br />

UFMG<br />

*Todos os espécimes citados em Nemésio (2013b) encontram-se atualmente depositados nas coleções UFMG e UFU.<br />

**A maior parte do material testemunho citado em Bonilla-Gómez (1999) encontra-se atualmente depositada na coleção UFMG.<br />

332


NEMÉSIO ET AL.<br />

ABELHAS E VESPAS<br />

Tabela 3: Lista das espécies de Sphecidae que ocorrem no município de Linhares, com base nos exemplares<br />

depositados em coleções entomológicas (a lista inclui exemplares coletados no atual município de Sooretama).<br />

Sub-família Espécie Referência<br />

Ammophilinae Ammophila gracilis Lepeletier, 1845 MZUSP<br />

Eremnophila binodis (Fabricius, 1798)<br />

MNRJ/CERNV<br />

Eremnophila eximia (Lepeletier, 1845)<br />

MZUSP<br />

Eremnophila willinki Menke, 1964<br />

CERNV<br />

Sceliphrinae Dynatus nigrepes spinolae (Lepeletier, 1845) MZUSP CERNV<br />

Penepodium egregium (Saussure, 1867)<br />

MZUSP<br />

Penepodium spretum (Kohl, 1902)<br />

MZUSP<br />

Trigonopsis rufiventris (Fabricius, 1804)<br />

MZUSP<br />

Sceliphron asiaticum (Linnaeus, 1758)<br />

CERNV<br />

Sceliphron fistularium (Dahlbom, 1843)<br />

MNRJ/MZUSP/CEIOC<br />

Sphecinae Prionyx chilensis (Spinola, 1851) MZUSP<br />

Prionyx fervens (Linnaeus, 1758)<br />

MZUSP<br />

Prionyx thomae (Fabricius, 1775)<br />

MZUSP<br />

Sphex calliginosus Erichson, 1849<br />

MZUSP<br />

Sphex ichneumoneum (Linnaeus, 1758)<br />

CERNV<br />

Sphex ingens F. Smith, 1856<br />

MZUSP<br />

Sphex melanopus (Dahlbom, 1845)<br />

CERNV<br />

Sphex opacus Dahlbom, 1845<br />

MZUSP/CERNV<br />

Tabela 4: Lista das espécies de Crabronidae que ocorrem no município de Linhares, com base nos<br />

exemplares depositados em coleções entomológicas.<br />

Sub-família Espécie Referência<br />

Bembicinae Rubrica nasuta (Christ, 1791) CERNV<br />

Bicyrtes discisus (Taschenberg, 1870)<br />

CERNV<br />

Stictia signata (Linnaeus, 1758)<br />

CERNV<br />

Hoplisoides sp.<br />

CERNV<br />

Crabroninae Larra bicolor Fabricius, 1804 ou Larra predatrix (Strand, 1910)* MNRJ<br />

Trypoxylon sp.1<br />

CERNV<br />

Trypoxylon sp.2<br />

CERNV<br />

Philanthinae Cerceris sp.1 CERNV<br />

Cerceris sp.2<br />

CERNV<br />

* Na revisão mais recente deste gênero, Menke (1992) coloca estas duas espécies como crípticas e afirma que só é possível diferenciálas<br />

estudando o macho. No material examinado havia apenas fêmeas, de forma que uma identificação precisa não foi possível.<br />

Como se depreende dos resultados acima,<br />

as abelhas-das-orquídeas constituem o grupo<br />

melhor amostrado na Reserva Natural Vale. Entre<br />

1996 e 1997, Bonilla-Gómez (1999) realizou<br />

amostragens quinzenais em nove pontos distintos<br />

na Reserva, amostrando mais de 16.000 espécimes,<br />

pertencentes a mais de 30 espécies. Doze anos<br />

depois, Nemésio (2013b) realizou amostragens em<br />

quatro dos nove pontos anteriormente amostrados<br />

por Bonilla-Gómez (1999), coletando mais de<br />

3.000 espécimes pertencentes a 24 espécies. As<br />

inconsistências taxonômicas entre os dois estudos<br />

foram tratadas por Nemésio (2013b). No presente<br />

trabalho, reconhecemos 28 espécies deste táxon<br />

ocorrendo na RNV.<br />

As amostragens de abelhas euglossinas são<br />

as únicas que apresentam dados confiáveis<br />

de abundância, por terem sido realizadas com<br />

metodologias padronizadas. Tanto no levantamento<br />

realizado por Bonilla-Gómez (1999) quanto<br />

naquele realizado por Nemésio (2013b), Euglossa<br />

carolina Nemésio, 2009 – tratada como Euglossa<br />

3 3 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

cordata (Linnaeus, 1758) por Bonilla-Gómez –<br />

representou mais de 44% de toda a comunidade de<br />

abelhas euglossinas. Esta espécie é típica de áreas<br />

abertas ou com forte influência antrópica, sendo,<br />

juntamente com Eulaema nigrita Lepeletier, 1841,<br />

a espécie mais comum de abelha-das-orquídeas<br />

em toda a Mata Atlântica (Nemésio, 2009).<br />

Todavia, a RNV também abriga espécies raras ou<br />

altamente dependentes de ambientes densamente<br />

florestados, como Euglossa cognata Moure, 1970<br />

e Euglossa marianae Nemésio, 2011 (Figura 1). É<br />

importante destacar que Nemésio (2013b) sugeriu<br />

que essas espécies podem estar em declínio<br />

na região, e seu monitoramento na RNV faz-se<br />

necessário para confirmar essa possibilidade.<br />

A riqueza de 28 espécies de abelhas euglossinas<br />

para a área é uma das maiores da Mata Atlântica,<br />

superando as 22 espécies encontradas por Tonhasca<br />

Jr. et al. (2002) para um remanescente florestal<br />

de tamanho similar no nordeste do estado do Rio<br />

de Janeiro e aproximando-se das cerca de 30<br />

espécies presentes nos grandes remanescentes<br />

florestais do sul da Bahia (Nemésio, 2011a, 2012c,<br />

2013a,c,d, 2014; Nemésio et al., 2012; Nemésio<br />

& Vasconcelos, 2013) e do Centro de Endemismo<br />

Pernambuco (Nemésio, 2010a,b; Nemésio & Santos<br />

Júnior, 2014). Se comparada às demais áreas já<br />

inventariadas, a RNV abriga a fauna de euglossinas<br />

mais rica do estado do Espírito Santo, sobressaindose<br />

à Reserva Biológica do Córrego Grande, com 20<br />

espécies (Nemésio, 2011b), à Floresta Nacional<br />

do Rio Preto, com 19 espécies (Nemésio, 2011b),<br />

à Reserva Biológica Córrego do Veado, com 17<br />

espécies (Nemésio, 2011b) e à Estação Biológica<br />

Santa Lúcia, com 16 espécies (Buys et al., 2013).<br />

Com relação às demais abelhas, dentre as<br />

presentes na coleção de insetos da Reserva<br />

Natural Vale, duas são possivelmente novas, uma<br />

pertencente ao gênero Trichocerapis (Apidae) e<br />

outra ao gênero Xenochlora (Halictidae) (ver Tabela<br />

1). Dos registros obtidos na literatura (Tabela 2),<br />

o espécime citado por Moure & Sakagami (1962)<br />

como Bombus brasiliensis Lepeletier, 1836 foi<br />

recentemente descrito como uma nova espécie, B.<br />

bahiensis Santos Júnior & Silveira (em Santos Júnior<br />

et al., 2015).<br />

O gênero Xenochlora possui atualmente<br />

quatro espécies descritas, todas restritas à<br />

região amazônica, duas delas ocorrendo no Brasil<br />

(Moure, 2012). Os espécimes pertencentes a<br />

este gênero são raros nas coleções taxonômicas,<br />

pois dificilmente são coletados (Engel et al., 1997;<br />

Tierney et al., 2008; Santos & Melo, 2013). O<br />

espécime depositado na Coleção Entomológica da<br />

Reserva Natural Vale é possivelmente uma terceira<br />

espécie do gênero, cuja distribuição é disjunta em<br />

relação às demais (Figura 2).<br />

Outra possível espécie nova é o espécime<br />

pertencente ao gênero Trichocerapis, gênero este<br />

que possui atualmente quatro espécies descritas,<br />

três presentes no Brasil (Urban et al., 2012).<br />

Destas, apenas Trichocerapis mirabilis (Smith,<br />

1865) conhecidamente ocorre no Espírito Santo<br />

(Urban et al., 2012) (Figura 3).<br />

Figura 1: Euglossa marianae vista frontal (A) e lateral (B). É uma espécie endêmica da Mata Atlântica, restrita a<br />

remanescentes florestais de grande porte, com densa cobertura vegetal e pouco perturbados.<br />

334


NEMÉSIO ET AL.<br />

ABELHAS E VESPAS<br />

Figura 2: Xenochlora sp. n. vista frontal (A) e lateral (B). Primeiro registro do gênero para a Mata Atlântica.<br />

Figura 3: Trichocerapis sp. n vista frontal (A) e lateral (B). As espécies deste gênero geralmente forrageiam nas<br />

plantas presentes no sub-bosque das matas.<br />

As espécies da subtribo Meliponina (Apidae),<br />

representadas aqui pelos gêneros Oxytrigona,<br />

Melipona, Paratrigona, Partamona, Plebeia,<br />

Scaptotrigona e Trigona, são popularmente<br />

conhecidas como abelhas indígenas sem ferrão. A<br />

maioria das espécies desta subtribo geralmente<br />

constrói seus ninhos em troncos de árvores ocos<br />

(Silveira et al., 2002), sendo assim sensíveis<br />

ao desmatamento e a mudanças na estrutura e<br />

composição da vegetação (veja Brown & Albrecht,<br />

2001). Das espécies apresentadas nas Tabelas<br />

1 e 2, Melipona marginata (Lepeletier, 1836),<br />

Melipona mondury (Smith, 1863), Paratrigona<br />

subnuda (Moure, 1947), Partamona helleri<br />

(Friese, 1900), Partamona sooretamae Pedro<br />

& Camargo, 2003, Plebeia lucii Moure, 2004,<br />

Plebeia poecilochroa Moure & Camargo, 1993,<br />

Scaptotrigona xanthotricha Moure, 1950 e Trigona<br />

braueri Friese, 1900 possuem a distribuição<br />

coincidente com a da Mata Atlântica (Camargo &<br />

Pedro, 2013), sendo que P. sooretamae é endêmica<br />

do Espírito Santo (Pedro & Camargo, 2003; Graf &<br />

Urban, 2008). Outra espécie endêmica da região<br />

é Oxaea sooretama (Andrenidae) (Graf & Urban,<br />

2008).<br />

Buys & Rodrigues (2014) citaram a ocorrência<br />

de 24 espécies de Sphecidae para o Espírito Santo<br />

e apontaram a região dos municípios de Linhares<br />

e Sooretama como a mais rica do estado, com 14<br />

espécies, ficando o município de Santa Teresa em<br />

seguida, com nove espécies. No presente trabalho,<br />

registramos a ocorrência de quatro espécies não<br />

citadas por Buys & Rodrigues (2014) para a região:<br />

Eremnophila willinki Menke, 1964, Sceliphron<br />

asiaticum (Linnaeus, 1758), Sphex melanopus<br />

(Dahlbom, 1845) e Sphex ichneumoneus (Linnaeus,<br />

1758), reafirmando a área como a mais rica em<br />

espécies de Sphecidae do estado. Das quatro<br />

espécies acima citadas, as três primeiras não eram<br />

registradas anteriormente para o Espírito Santo,<br />

3 3 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

ampliando para 27 o número total de espécies de<br />

Sphecidae conhecidas para o estado.<br />

Das cerca de 100 espécies de Sphecidae citadas<br />

para o Brasil (Amarante, 2002, 2005), quase um<br />

quarto ocorre na região de Linhares/Sooretama. Por<br />

outro lado, muito pouco material de Crabronidae foi<br />

encontrado. Embora mais de 500 espécies desta<br />

família sejam citadas para o Brasil (Amarante, 2002,<br />

2005) e cerca de 60 para o estado do Espírito<br />

Santo (Amarante, 2005; Buys, 2014), apenas nove<br />

espécies foram identificadas no presente trabalho,<br />

sendo muito provavelmente uma subestimativa da<br />

fauna local de Crabronidae. Esta família, além de<br />

pouco coletada no Brasil, possui grandes lacunas de<br />

estudos taxonômicos. Por exemplo, a maior parte<br />

das espécies neotropicais de gêneros megadiversos,<br />

como Cerceris e Trypoxylon, respectivamente com<br />

870 e 634 espécies descritas (Pulawski, 2015b),<br />

nunca foi revisada e, portanto, é virtualmente<br />

impossível identificá-las com precisão.<br />

A região Central-Serrana do Espírito Santo tem<br />

sido apontada como uma das mais ricas, não só do<br />

estado, mas de toda a Mata Atlântica, em espécies<br />

de vários grupos de vertebrados (e.g. Passamani<br />

et al., 2000; Simon, 2000) e de vegetais (Thomaz<br />

& Monteiro, 1997), sendo mais recentemente<br />

apontada também como uma das regiões mais<br />

ricas do Brasil em diversos grupos de insetos (p.<br />

ex. Maia et al., 2014; Antunes et al., 2015). O<br />

presente trabalho mostra que a região de Linhares<br />

é significativamente mais rica em espécies do que<br />

a região Central-Serrana do estado, pelo menos<br />

em relação a Euglossina e Sphecidae, os grupos<br />

de Apoidea melhor amostrados da área, sugerindo<br />

que esta riqueza pode ser estendida para outros<br />

grupos de insetos à medida que se intensifiquem<br />

os estudos entomológicos na área. Os dados<br />

apresentados no presente estudo evidenciam,<br />

mais uma vez, a enorme riqueza biológica da Mata<br />

Atlântica do Espírito Santo e reiteram a necessidade<br />

de se preservar e estudar a Reserva Natural Vale.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Agradecemos aos curadores das coleções<br />

entomológicas consultadas para o presente estudo,<br />

por facilitarem nosso acesso às mesmas e ao<br />

Prof. Adalberto José dos Santos, da Universidade<br />

Federal de Minas Gerais, por nos permitir utilizar o<br />

equipamento para preparar as imagens das Figuras<br />

1 a 3. Agradecemos aos revisores Rafael Rodrigues<br />

Ferrari (York University, Canadá) e Orlando Tobias<br />

Silveira (Museu Paraense Emilio Goeldi, Pará) pelos<br />

valiosos comentários a uma versão preliminar<br />

deste manuscrito, que muito contribuíram para o<br />

enriquecimento desta versão final.<br />

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3 3 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

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with new geographic records and an identification<br />

key to the known species of the Atlantic Forest of<br />

northeastern Brazil. Zootaxa, 2656, 55–66.<br />

Nemésio, A. 2011a. The orchid-bee fauna (Hymenoptera:<br />

Apidae) of a forest remnant in southern Bahia, Brazil,<br />

with new geographic records and an identification<br />

key to the known species of the area. Zootaxa, 2821,<br />

47–54.<br />

Nemésio, A. 2011b. Euglossa marianae sp. n.<br />

(Hymenoptera: Apidae): a new orchid bee from<br />

the Brazilian Atlantic Forest and the possible first<br />

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338


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3 3 9


340<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

21 José<br />

COLEÓPTEROS E HEMÍPTEROS<br />

DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

David dos Santos Martins, Paulo Sérgio Fiuza Ferreira, Maurício<br />

Fornazier & José Simplício dos Santos<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os insetos apresentam grande riqueza de<br />

espécies, elevadas densidades populacionais,<br />

características biológicas adaptativas e capacidade<br />

de ocupar os mais diferentes hábitats. Destacamse<br />

nos diferentes ecossistemas do planeta por<br />

exercerem papéis importantes na manutenção e<br />

evolução dos processos ecológicos por meio de<br />

numerosos mecanismos naturais. Tais mecanismos<br />

estão ligados principalmente à fragmentação da<br />

matéria orgânica no processo de reciclagem de<br />

nutrientes, propagação e variabilidade genética<br />

de espécies vegetais via polinização, dispersão de<br />

sementes e manutenção da composição e estrutura<br />

de comunidades de plantas via fitofagia. Interferem<br />

ainda na dinâmica da estrutura das comunidades<br />

animais com transmissão de doenças, predação<br />

e parasitismo, além de serem parte da cadeia<br />

alimentar para pequenos e grandes vertebrados<br />

como anfíbios, aves, mamíferos, peixes, répteis e<br />

outros invertebrados (Moojen et al., 1941; Ehrlich<br />

et al., 1980; Boer, 1981; Seastedt & Crossley,<br />

1984; Rosenberg et al., 1986; Brown Jr., 1987;<br />

Miller, 1993; Souza & Brown, 1994; Schoereder,<br />

1997; Thomazini & Thomazini, 2000; Nichols et<br />

al., 2008).<br />

Embora os insetos sejam o maior grupo de animais<br />

sobre o planeta (Longino, 1994; Grimaldi & Engel,<br />

2005; Gullan & Cranston, 2014), o conhecimento<br />

sobre eles ainda é reduzido quando comparado a<br />

outros grupos da fauna. Apesar de sua riqueza e<br />

abundância ser uma base rica de informações para<br />

a compreensão e conservação da biodiversidade, o<br />

uso dessas informações em inventários e estudos<br />

ambientais pode ser considerado insignificante<br />

(Samways, 2005).<br />

Uma das maiores preocupações em todo o mundo<br />

é a perda da diversidade biológica pela degradação<br />

ambiental com a destruição das populações<br />

naturais (Hayek & Buzas, 1997; Landau et al.,<br />

1999). O estado do Espírito Santo tem a totalidade<br />

do seu território abrangido pelos domínios da Mata<br />

Atlântica, um dos biomas mais ricos em diversidade<br />

e produtividade do planeta, embora seja um dos<br />

mais ameaçados (Brown & Gibson, 1983). O<br />

estado possui áreas consideradas patrimônio da<br />

biosfera; entretanto, apenas 8,85% do seu território<br />

remanesce da cobertura original em decorrência<br />

do intenso desmatamento. Consequentemente,<br />

houve profundas alterações nas comunidades<br />

biológicas, cujos efeitos põem em risco de extinção<br />

várias espécies antes mesmo de serem conhecidas<br />

(Passamani & Mendes, 2007). Dentre os insetos,<br />

estão incluídas na lista de espécies ameaçadas de<br />

extinção da fauna no estado do Espírito Santo, 15<br />

espécies de borboletas, quatro de libélulas, três de<br />

besouros, uma de abelha e uma de formiga, além de<br />

cinco espécies de libélulas na categoria de “dados<br />

deficientes” (Azevedo et al., 2007).<br />

Entre os remanescentes de Mata Atlântica no<br />

Norte do Espírito Santo encontra-se a Reserva<br />

3 4 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Natural Vale (RNV) e a Reserva Biológica de<br />

Sooretama, que constituem um bloco quase<br />

contínuo de mata e representam 9,46% da área<br />

florestal original de Mata Atlântica do Estado<br />

(Fundação SOS Mata Atlântica & INPE, 2005;<br />

Srbek-Araujo & Chiarello, 2008). A RNV possui<br />

cerca de 23 mil hectares de área preservada no<br />

domínio da Floresta Estacional Perenifólia (Jesus<br />

& Rolim, 2005). Nelas são encontradas quatro<br />

formações naturais distintas de vegetação: floresta<br />

alta, floresta de muçununga, formações de áreas<br />

alagadas ou alagáveis (herbáceas e florestais) e<br />

os campos nativos, determinados principalmente<br />

por fatores geológicos e edafoclimáticos (Peixoto<br />

et al., 2008). Essa heterogeneidade de vegetação<br />

permite a formação de vários ecossistemas<br />

propícios ao desenvolvimento e preservação de<br />

grande riqueza de espécies de insetos. Apesar de<br />

alguns estudos realizados na RNV terem mostrado<br />

que sua entomofauna é muito diversa, incluindo<br />

várias espécies endêmicas e ameaçadas de<br />

extinção, muito pouco se conhece a seu respeito<br />

(Martins et al., 2014).<br />

Este capítulo tem como objetivo apresentar a<br />

entomofauna das ordens Coleoptera e Hemiptera<br />

registrada na Reserva Natural Vale.<br />

Coleoptera<br />

A ordem Coleoptera é a mais diversa entre os<br />

seres vivos, representa aproximadamente 1/5 dos<br />

organismos descritos e ocorre em praticamente<br />

todos os ecossistemas terrestres e boa parte dos<br />

aquáticos existentes no planeta (Bouchard et<br />

al., 2009). Os representantes desta ordem são<br />

popularmente conhecidos como besouros. Estão<br />

distribuídos em aproximadamente 166 famílias,<br />

das quais 105 ocorrem no Brasil (Casari & Ide,<br />

2012). A maioria dos seus espécimes vive sobre a<br />

vegetação e na superfície do solo; mas também são<br />

encontrados enterrados no solo, em meio aquático,<br />

semiaquático e como espécies comensais em<br />

ninhos de insetos sociais. Esses insetos possuem<br />

metamorfose completa (ovo, larva, pupa e adulto),<br />

apresentam regime alimentar dos mais variados,<br />

tanto na forma larval como adulta. A maioria das<br />

espécies é herbívora, podendo se alimentar de<br />

folhas, flores, frutos, pólen, raízes, sementes e<br />

troncos. Muitas espécies possuem importância<br />

econômica como pragas agrícolas ou florestais e<br />

muitas delas são registradas atacando produtos<br />

armazenados.<br />

Os besouros estão entre os principais insetos<br />

antófilos, se alimentando de pólen e néctar e<br />

consequentemente favorecendo a polinização.<br />

Desta forma, é importante conhecer as espécies<br />

de besouros para melhor entender sua eficiência<br />

nos papéis que desempenham nas comunidades e<br />

que garantem a sustentabilidade dos ecossistemas.<br />

O conhecimento das espécies ou seja, a taxonomia<br />

deste grupo não é uniforme, com algumas famílias<br />

investigadas por muitos pesquisadores e outras<br />

ainda carentes de estudos (Vanin & Ide, 2002).<br />

A ordem Coleoptera também vem sendo<br />

apontada como importante indicadora de qualidade<br />

ambiental em sistemas agropecuários e florestais.<br />

Estudos têm oferecido discussões sobre os impactos<br />

de manejo agrícola e florestal na comunidade dos<br />

besouros terrestres. Isso se deve à importância dos<br />

seus papéis nos processos biológicos do solo para a<br />

sustentabilidade dos sistemas de produção. Assim, a<br />

coleopterofauna, por constituir componente primário<br />

biológico, deve ser manejada de forma correta para<br />

sua preservação, tanto nos ecossistemas naturais,<br />

quanto nos agroecossistemas (Menezes & Aquino,<br />

2005).<br />

Existe uma relação muito importante entre os<br />

coleópteros e madeira em decomposição. Esse<br />

habitat representa abrigo, alimento e local de<br />

criação para grande variedade de espécies, como<br />

os da família Passalidae, que podem consumir de<br />

1/4 a 1/3 de parte de troncos em decomposição<br />

(Miss & Deloya, 2007).<br />

A superfamília Scarabaeoidea se destaca por<br />

ser alvo de diversas linhas de pesquisas e se tornou<br />

modelo de estudos em anatomia, bioacústica,<br />

biodiversidade, biogeografia, citogenética, ecologia,<br />

etologia, evolução biológica, filogenia, fisiologia,<br />

entre outros (Onore et al., 2003).<br />

Algumas espécies da família Scarabaeidae são<br />

conhecidas como besouros rola-bosta pelo hábito<br />

de enterrarem seus ovos com esferas de fezes<br />

e outros elementos orgânicos como fonte de<br />

alimento (Vaz-de-Mello, 2000). Os excrementos<br />

de vertebrados, animais mortos e frutos em<br />

decomposição são fontes de nutrientes ricas em<br />

nitrogênio para as larvas (Halffter & Matthews,<br />

342


MARTINS ET AL.<br />

COLEÓPTEROS E HEMÍPTEROS<br />

1966). Portanto, esses coprófagos são importantes<br />

para a decomposição da matéria orgânica, ciclagem<br />

de nutrientes (Nichols et al., 2008), aeração do<br />

solo, dispersão de sementes e forésia. Eles também<br />

têm papel de grande importância sanitária limitando<br />

o desenvolvimento de parasitos que ovipositam ou<br />

lançam larvas nos excrementos de vertebrados,<br />

como o caso da mosca-dos-chifres Haematobia<br />

irritans (Linnaeus, 1758), cujos imaturos se<br />

desenvolvem em fezes bovinas (Koller et al.,<br />

1997). As espécies da subfamília Scarabaeinae são<br />

consideradas boas indicadoras de diversidade da<br />

fauna (Barlow et al., 2007).<br />

Os Cerambycidae representam uma das mais<br />

numerosas famílias da ordem Coleoptera. Embora sejam<br />

cosmopolitas, a maior riqueza de espécies se encontra<br />

nas regiões tropicais (Richards & Davies, 1994). Os<br />

adultos possuem hábito diurno, noturno ou crepuscular<br />

(Lawrence et al., 1999). São exclusivamente fitófagos<br />

e se alimentam de partes verdes, flores, frutos<br />

maduros, néctar e pólen (Lawrence et al., 1999). As<br />

larvas são xilófagas vivendo em tecidos de árvores,<br />

arbustos e troncos mortos e algumas espécies são<br />

de importância econômica por apresentarem larvas<br />

brocadoras. Adultos conhecidos como serradores<br />

ou serra-paus, como espécies do gênero Oncideres<br />

Lepeletier & Audinet-Serville, 1830, cortam troncos<br />

e galhos de plantas para efetuar a oviposição. Os<br />

Cerambycidae desempenham um papel importante na<br />

reciclagem de nutrientes (Monné, 2001). Por ser um<br />

grupo monofilético e que possui especificidade com<br />

os recursos naturais que utiliza, suas espécies também<br />

têm sido avaliadas como potenciais candidatas a<br />

bioindicadoras (Pearson, 1994).<br />

Algumas espécies de coleópteros necrófagos<br />

(p. ex. Silphidae e Dermestidae) são fortemente<br />

associadas a cadáveres onde realizam os seus ciclos<br />

de vida (ovo-adulto). São importantes no processo<br />

de decomposição e ciclagem de nutrientes. A<br />

distribuição dessas espécies sob as influências de<br />

fatores bióticos e abióticos tem sido estudada com<br />

o objetivo de documentar espécies que possam<br />

ser úteis à entomologia forense (ferramenta para<br />

a medicina legal) e esclarecer alguns fatos sobre<br />

restos mortais (Castillo-Miralbés, 2001).<br />

Várias famílias de besouros, entre elas Carabidae,<br />

Staphylinidae e Cincidelidae, têm sido usadas<br />

como bioindicadoras de alterações ambientais<br />

em ecossistemas naturais pela sensibilidade que<br />

apresentam frente a estas alterações (Menezes &<br />

Aquino, 2005).<br />

Em suma, os coleópteros contribuem<br />

enormemente para o conhecimento evolutivo e<br />

ecológico em muitos ecossistemas aquáticos e<br />

terrestres, sendo considerados importantes para a<br />

prática da conservação (New, 2010).<br />

Hemiptera<br />

A ordem Hemiptera é a maior e mais diversa<br />

entre os insetos que apresentam metamorfose<br />

incompleta (ovo, ninfa e adulto). Aproximadamente<br />

89 mil espécies são conhecidas em todo o<br />

mundo, pouco mais de 10 mil são relatadas no<br />

Brasil e distribuídas em três das quatro subordens<br />

reconhecidas atualmente: Heteroptera (cerca de<br />

5.400 spp.), Auchenorrhyncha (cerca de 4 mil spp.)<br />

e Sternorrhyncha (cerca de 791 spp.). Estima-se a<br />

existência de cerca de 30 mil espécies dessa ordem<br />

no país. A subordem Coleorrhyncha não foi relatada<br />

no Brasil (Grazia et al., 2012).<br />

Todas as espécies de Hemiptera se caracterizam<br />

essencialmente pela conformação do aparelho<br />

bucal em forma de um rostro constituído pelo lábio<br />

articulado, no qual se alojam as demais peças bucais<br />

modificadas em estiletes. O tipo de aparelho bucal<br />

faz com que as espécies sejam sugadoras com<br />

diferentes hábitos: fitossuccívoros, predadores ou<br />

hematófagos. A posição do rostro é diagnóstica<br />

para as subordens (Grazia et al., 2012).<br />

Os insetos da ordem Hemiptera ocupam papel de<br />

destaque entre os vetores de vírus (61% das espécies),<br />

contribuindo como agentes de disseminação para<br />

cerca de 83% dos gêneros de vírus que têm insetos<br />

como vetores. As subordens Auchenorrhyncha e<br />

Sternorrhyncha juntas possuem 95% das espécies<br />

vetores na ordem Hemiptera (Costa, 2003).<br />

Os Auchenorrhyncha são terrestres, ocorrem<br />

em todas as regiões geográficas e são muito<br />

comuns e abundantes nas regiões tropicais. Se<br />

alimentam exclusivamente de seiva das plantas.<br />

Seus representantes mais conhecidos são as cigarras<br />

(Cicadoidea) e cigarrinhas (Cercopoidea, Membracoidea<br />

e Fulgoroidea), muitos deles considerados importantes<br />

pragas da agricultura (Grazia et al., 2012).<br />

Os Sternorrhyncha são fitófagos terrestres com<br />

ampla distribuição nos continentes e muitas espécies<br />

3 4 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

possuem importância agrícola. Nesta subordem<br />

encontram-se os afídeos (Aphidoidea), cochonilhas<br />

(Coccoidea), moscas brancas (Aleyrodoidea) e<br />

psilídeos (Psylloidea) (Grazia et al., 2012). Os afídeos<br />

ou pulgões constituem o grupo mais importante de<br />

vetores, responsáveis pela transmissão de cerca de<br />

1/4 dos gêneros de vírus de plantas, representando<br />

71% dos vetores da subordem (Costa, 2003).<br />

Os Heteroptera, conhecidos como percevejos,<br />

possuem a metade das asas anteriores coriácea e<br />

metade membranosa (hemiélitros), apresentam<br />

diferentes hábitos de vida podendo ser fitossuccivos,<br />

predadores e hematófagos. Estão distribuídos em<br />

quase todos os continentes e na maioria das ilhas,<br />

ocupando os mais diversos habitats terrestres,<br />

semiaquáticos e aquáticos, sugerindo longa história<br />

evolutiva do grupo (Grazia et al., 2012). Os<br />

heterópteros possuem hábitos variados na cadeia<br />

alimentar, apresentam grande especificidade para<br />

plantas hospedeiras e presas, além do alto grau<br />

de endemicidade. Essas características os tornam<br />

ideais como agentes bioindicadores de diferentes<br />

aspectos na natureza. Os representantes de<br />

Miridae, por exemplo, têm sido alvo de pesquisas<br />

sobre diversidade faunística (Paula & Ferreira,<br />

1998; 2000), potenciais insetos para controle<br />

biológico (Henry, 2000; Wheeler, 2000a), agentes<br />

ou potenciais agentes causadores de danos às<br />

plantas cultivadas (Ferreira et al., 2001; Wheeler,<br />

2000b) e vetores de viroses (Costa, 2003).<br />

A expressiva quantidade de novos registros tem<br />

indicado mudanças comportamentais de muitas<br />

espécies que vêm se adaptando a novos habitats<br />

e plantas hospedeiras. Esta dinâmica visivelmente<br />

crescente acompanha as mudanças tecnológicas<br />

nos tratamentos agrícolas, manejo de recursos<br />

e mudanças climáticas. As causas, efeitos e<br />

consequências destas mudanças requerem maiores<br />

investimentos nos estudos sobre biodiversidade<br />

entomofaunística no território brasileiro.<br />

COLEÇÃO ENTOMOLÓGICA DA RNV<br />

A RNV possui uma coleção de insetos adultos<br />

obtidos em sua área de domínio, montados em<br />

alfinetes e em ótimo estado de conservação. O<br />

seu acervo possui 12.597 exemplares, inseridos<br />

em 17 ordens, 206 famílias e 5.278 espécies/<br />

morfoespécies. Destas, 1.441 (27,3%) possuem<br />

identificação específica e 248 (4,7%) até gênero.<br />

As famílias de Coleoptera e Hemiptera utilizadas<br />

nesse capítulo são aquelas reconhecidas por Casari<br />

& Ide (2012) e Grazia et al. (2012).<br />

A coleção de insetos da ordem Coleoptera<br />

na RNV é representada com 2.885 espécimes,<br />

distribuídos em 39 famílias, com 1.153 espécies/<br />

morfoespécies. Entretanto, apenas 130 (11,3%)<br />

possuem identificação específica e 61 (5,3%),<br />

genérica (Tabela 1).<br />

A coleção da RNV possui 453 espécies/<br />

morfoespécies da ordem Hemiptera, com 1.125<br />

espécimes. Os heterópteros são 785 espécimes,<br />

distribuídos em 18 famílias e 335 espécies/<br />

morfoespécies. Destas, 76 (22,7%) possuem<br />

identificação específica e 36 (10,8%), genérica. Os<br />

auquenorrincos são 340 espécimes, distribuídos em<br />

10 famílias e 118 espécies/morfoespécies. Destas,<br />

10 (8,5%), possuem identificação específica e 1<br />

(0,9%) genérica (Tabela 2). Não há espécimes de<br />

Sternorrhyncha.<br />

Além do acervo da RNV foram consultados<br />

outros acervos e coleções, que resultaram numa<br />

lista de 296 espécies de 19 famílias da ordem<br />

Coleoptera (Tabela 3) e 182 espécies de 20 famílias<br />

da ordem Hemiptera (Tabela 4), com ocorrências já<br />

registradas na Reserva Natural Vale.<br />

ESPÉCIES DE COLEOPTERA E HEMIPTERA<br />

DA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

A riqueza e diversidade de insetos na Reserva<br />

Natural Vale vem contribuindo de forma intensa<br />

para diferentes áreas do conhecimento dos insetos.<br />

Foram descobertas e descritas várias espécies<br />

novas; foram feitas redescrições de algumas<br />

espécies que careciam de uma série de indivíduos<br />

preservados ou de uma descrição baseada em<br />

indivíduos machos e fêmeas. Além disso, foram<br />

relatadas novas ocorrências de espécies para o<br />

bioma Mata Atlântica e novos registros de espécies<br />

para o Brasil, contribuindo para o conhecimento da<br />

biodiversidade do estado do Espírito Santo.<br />

A espécie Beharus cylindripes (Fabricius, 1803),<br />

da subfamília Apiomerinae (Reduviidae), teve seu<br />

primeiro registro de ocorrência no Brasil realizado<br />

com espécimes coletados no fragmento da Mata<br />

344


MARTINS ET AL.<br />

COLEÓPTEROS E HEMÍPTEROS<br />

Atlântica Brasileira da RNV. Essa espécie somente<br />

era conhecida no Suriname (Gil-Santana et al.,<br />

2001; Gil-Santana & Alencar, 2001a).<br />

A espécie da subfamília Emesinae (Reduviidae)<br />

Gardena agrippina McAtee & Malloch, 1925,<br />

conhecida por um único macho coletado na Bolívia,<br />

foi reencontrada na RNV (Gil-Santana et al., 2000).<br />

A ocorrência da espécie Mayemesa lapinhaensis<br />

(Wygodzinsky, 1950) permitiu uma redefinição da<br />

taxonomia e morfologia dessa espécie (Gil-Santana<br />

Tabela 1: Número de espécies da ordem Coleoptera, por família, depositados na Coleção Entomológica<br />

da Reserva Natural Vale. Ano 2015.<br />

Família<br />

Nº de espécies<br />

Total Identificadas Identificadas Não identificadas<br />

até gênero<br />

Nº total<br />

de espécimes<br />

Anobiidae 1 - - 1 1<br />

Anthribidae 8 - - 8 15<br />

Bolboceratidae 2 1 - 1 5<br />

Bostrichidae 2 - - 2 8<br />

Brentidae 17 - - 17 37<br />

Buprestidae 14 2 7 5 18<br />

Cantharidae 3 - 1 2 5<br />

Carabidae 47 3 5 39 141<br />

Cerambycidae 263 66 6 191 499<br />

Cerophytidae 2 - - 2 8<br />

Chelonariidae 2 - - 2 2<br />

Chrysomelidae 125 5 6 114 351<br />

Cleridae 8 - 1 7 17<br />

Coccinellidae 5 - - 5 5<br />

Cucujidae 4 2 - 2 10<br />

Curculionidae 183 18 10 155 375<br />

Elateridae 64 - - 64 176<br />

Erotylidae 25 - - 25 77<br />

Eucnemidae 5 - - 5 5<br />

Heteroceridae 2 - - 2 6<br />

Hydrophilidae 3 - - 3 9<br />

Histeridae 3 - - 3 9<br />

Lampyridae 12 - - 12 33<br />

Latridiidae 1 - - 1 1<br />

Lucanidae 1 - 1 - 1<br />

Lycidae 8 - - 8 21<br />

Lymexylidae 3 - 1 2 10<br />

Melandryidae 2 - - 2 7<br />

Meloidae 11 2 - 9 36<br />

Mordellidae 1 - - 1 10<br />

Nitidulidae 4 - - 4 13<br />

Passalidae 3 - 1 2 24<br />

Rhipiphoridae 5 - - 5 10<br />

Rhipiceridae 2 - 2 - 7<br />

Scarabaeidae 161 27 17 117 601<br />

Staphylinidae 10 - - 10 18<br />

Tenebrionidae 72 3 1 68 168<br />

Trogidae 4 1 2 1 10<br />

Trogossitidae 3 - - 3 8<br />

sem identificação 62 - - 62 128<br />

Total 1.153 130 61 962 2.885<br />

Fonte: Arquivo de Registros de Insetos da Coleção Entomológica da RNV.<br />

3 4 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 2: Número de espécies de insetos da ordem Hemiptera, por família, depositados na Coleção<br />

Entomológica da Reserva Natural Vale. Ano 2015.<br />

Subordem/<br />

Família<br />

Nº de espécies<br />

Total Identificadas Identificadas Não identificadas<br />

até gênero<br />

Nº total<br />

de espécimes<br />

AUCHENORRHYNCHA<br />

Acanoloniidae 1 1 8<br />

Achilidae 1 - - 1 5<br />

Cercopidae 12 3 - 9 39<br />

Cicadellidae 12 1 - 11 44<br />

Cicadidae 12 - - 12 39<br />

Dictyopharidae 6 - - 6 15<br />

Flatidae 1 - - 1 6<br />

Fulgoridae 20 6 1 13 72<br />

Membracidae 9 - - 9 24<br />

Nogodinidae 2 - - 2 9<br />

sem identificação 42 - - 42 79<br />

Subtotal 118 10 1 107 340<br />

HETEROPTERA<br />

Alydidae 7 1 2 4 14<br />

Aradidae 5 4 - 1 6<br />

Belostomatidae 3 1 1 1 13<br />

Coreidae 64 12 8 44 158<br />

Corixidae 2 - 1 1 3<br />

Cydnidae 5 - - 5 28<br />

Gerridae 3 - 2 1 25<br />

Hydrometridae 1 1 - - 1<br />

Lygaeidae 7 - - 7 20<br />

Miridae 3 - - 3 4<br />

Nabidae 1 - - 1 1<br />

Nepidae 1 - - 1 2<br />

Pentatomidae 54 2 5 47 142<br />

Phloeidae 4 3 - 1 20<br />

Pyrrhocoridae 3 2 - 1 8<br />

Reduviidae 122 46 17 59 253<br />

Scutelleridae 9 - - 9 23<br />

Tingidae 4 4 - - 8<br />

sem identificação 37 - - 37 56<br />

Subtotal 335 76 36 223 785<br />

Total 453 86 37 330 1.125<br />

Fonte: Coleção Entomológica da RNV.<br />

et al., 1999b). As novas espécies Stenolemus<br />

renatoi Gil-Santana & Alencar, 2000 e Ghinallelia<br />

talitae Gil-Santana, Costa & Silva, 2009 foram<br />

descritas de espécimes provenientes da RNV (Gil-<br />

Santana & Alencar, 2000; Gil-Santana et al., 2009).<br />

Na subfamília Sphaeridopinae (Reduviidae) eram<br />

incluídas somente seis espécies válidas. Dentre<br />

elas, Veseris rugosicollis (Stål, 1858) foi redescrita<br />

com base nos exemplares da RNV, que permanece<br />

como o único habitat preservado em que a mesma<br />

foi encontrada (Gil-Santana et al., 1999a).<br />

A nova espécie Brontostoma doughertyae Gil-<br />

Santana, Lopes, Marques & Jurberg, 2005, da<br />

subfamília Ectrichodiinae (Reduviidae), foi descrita<br />

inicialmente com base em exemplares machos<br />

(Gil-Santana et al., 2005) e, posteriormente, com<br />

exemplares fêmeas (Gil-Santana & Baena, 2009)<br />

coletados na RNV.<br />

As espécies de barbeiros Panstrongylus<br />

geniculatus (Latreille, 1811), Panstrongylus<br />

megistus (Burmeister, 1835) e Triatoma<br />

tibiamaculata (Pinto, 1926) (Hemiptera:<br />

346


MARTINS ET AL.<br />

COLEÓPTEROS E HEMÍPTEROS<br />

Reduviidae) são os triatomíneos já registrados na<br />

RNV, sendo as duas primeiras de ocorrência mais<br />

comum. Embora tais espécies sejam vetores da<br />

doença de Chagas (tripanosomíase americana),<br />

não representam qualquer perigo, por viverem e<br />

estabelecerem seus ciclos de vida em ambiente<br />

silvestre não conturbado (Gil-Santana & Alencar,<br />

2001a). Panstrongylus geniculatus, mesmo que<br />

ocasionalmente possa invadir habitações, não<br />

coloniza domicílios humanos, o que limita o seu<br />

potencial como vetor da doença de Chagas ao<br />

homem (Leite et al., 2007). Algumas espécies<br />

das famílias Fulgoridae (Auchenorrhyncha);<br />

Coreidae, Pentatomidae, Phloeidae e Reduviidae<br />

(Heteroptera) encontram-se na Figura 1.<br />

Várias espécies raras de coleópteros são<br />

encontradas na RNV, entre elas duas encontram-se<br />

na lista de espécies da fauna ameaçada de extinção<br />

do Espírito Santo: Dynastes hercules (Linnaeus,<br />

1758) e Megasoma gyas (Herbst, 1785)<br />

(Coleoptera: Scarabaeidae: Dynastinae) (Azevedo<br />

et al., 2007). Outras 30 espécies de Cerambycinae<br />

(Monné, 2005a; 2006), 47 espécies de Lamiinae<br />

(Monné, 2005b; 2006) e uma de Prioninae<br />

(Coleoptera: Cerambycidae) (Monné, 2006),<br />

foram descritas a partir de exemplares coletados<br />

no trecho contínuo de Mata Atlântica da Reserva<br />

Natural Vale e da Reserva Biológica de Sooretama,<br />

localizado nos municípios de Linhares e Sooretama.<br />

Este é o único local de ocorrência conhecido para<br />

estas espécies.<br />

Dichotomius schiffleri Vaz-de-Mello, Louzada<br />

& Gavino, 2001 é uma espécie de Scarabaeidae<br />

(Coleoptera) rara e bioindicadora de qualidade<br />

ambiental tendo como possível área de endemismo<br />

o norte do estado do Espírito Santo (Vaz-de-<br />

Mello et al., 2001). Em razão de alta sensibilidade<br />

a ambientes degradados, pode desaparecer da<br />

área caso o ambiente sofra altera ções (Vieira et<br />

al., 2011) e por essa razão também encontra-se<br />

incluída na lista de espécies ameaçadas de extinção<br />

(Louzada et al., 1996; Vaz-de-Mello et al., 2001).<br />

Dichotomius camposeabrai Martinez, 1974 é<br />

encontrada na RNV (Lima, 2013) e tem como<br />

localidade tipo a Reserva Biológica de Sooretama<br />

(Árias-Buriticá & Vaz-de-Mello, 2012). A espécie<br />

Mimogeniates margaridae Martinez, 1964<br />

(Coleoptera: Scarabaeidae: Rutelinae) é endêmica<br />

desta área de Mata Atlântica (Vaz-de-Mello, 2015,<br />

Comunicação pessoal). Algumas espécies das<br />

famílias Carabidae, Cerambycidae, Curculionidae,<br />

Elateridae, Scarabaeidae e Tenebrionidae<br />

encontram-se na Figura 2.<br />

Esses são alguns exemplos que fazem da<br />

Reserva Natural Vale uma área de alta riqueza de<br />

espécies e de endemismo do Brasil e uma das áreas<br />

de conservação mais bem protegidas da América<br />

do Sul.<br />

A seguir são apresentadas as espécies de<br />

Coleoptera e Hemiptera que ocorrem na RNV,<br />

organizadas por família, seguindo a orientação de<br />

classificação taxonômica de Rafael et al. (2012).<br />

Para composição das listas, além das espécies já<br />

identificadas no acervo da Coleção Entomológica<br />

da RNV, foram utilizadas espécies identificadas<br />

recentemente com ajuda dos especialistas Dr.<br />

Fernando Z. Vaz-de-Mello da Universidade Federal<br />

de Mato Grosso (Scarabeoidea), Dr. Paulo Roberto<br />

Magno do Museu Nacional da Universidade Federal<br />

do Rio de Janeiro (Cerambycidae), Dr. Hélcio<br />

Reinaldo Gil Santana do Instituto Oswaldo Cruz<br />

(Reduviidae) e Dr. Paulo Sérgio Fiuza Ferreira da<br />

Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais<br />

(Miridae e Heteroptera). Também são listadas<br />

espécies coletadas na RNV depositadas nos acervos<br />

do Museu Regional de Entomologia da Universidade<br />

Federal de Viçosa e do Setor de Entomologia da<br />

Coleção Zoológica da Universidade Federal de Mato<br />

Grosso, bem como também espécies com registros<br />

encontrados na bibliografia especializada.<br />

3 4 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 1: Espécies de Hemiptera encontradas na Reserva Natural Vale, Linhares/ES.<br />

348


MARTINS ET AL.<br />

COLEÓPTEROS E HEMÍPTEROS<br />

Figura 2: Espécies de Coleoptera encontradas na Reserva Natural Vale, Linhares/ES.<br />

3 4 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 3: Lista de espécies da ordem Coleoptera registradas na Reserva Natural Vale, Linhares/ES. Ano 2015.<br />

Famílias / Espécies<br />

Bolboceratidae<br />

Bolbapium quadrispinosum (Luederwaldt, 1929) *<br />

Neoathyreus brazilensis Howden, 1985 *<br />

Buprestidae<br />

Agrilus sp.<br />

Colobogaster sp.<br />

Euchroma gigantea (Linnaeus, 1758) *<br />

Psiloptera sp.<br />

Cantharidae<br />

Chauliognathus sp.<br />

Carabidae<br />

Agra sp.<br />

Calosoma alternans granulatum Perty, 1830 *<br />

Colliuris sp.<br />

Galerita collaris Dejean, 1826 *<br />

Galerita ruficollis Dejean, 1825 *<br />

Megacephala sp.<br />

Odontochila sp.<br />

Cerambycidae<br />

Acanthonessa quadrispinosa (Melzer, 1931)<br />

Acrocinus longimanus (Linnaeus, 1758) *<br />

Acyphoderes aurulenta (Kirby, 1818) *<br />

Aegoschema adspersum (Thomson, 1860) *<br />

Ambonus distinctus (Newman, 1840) *<br />

Ambonus electus (Gahan, 1904) *<br />

Ambonus interrogationis (Blanchard, 1843) *<br />

Anisocerus sp.<br />

Anisopodus arachnoides (Audinet-Serville, 1835) *<br />

Appula sericatula Gounelle, 1909<br />

Batus hirticornis (Gyllenhal, 1817) *<br />

Brasilianus mexicanus Thomson, 1860 *<br />

Callichroma distinguendum Gounelle, 1911 *<br />

Chlorida festiva (Linnaeus, 1758)<br />

Clavidesmus rubigineus Dillon & Dillon, 1949 *<br />

Coccoderus novempunctatus (Germar, 1824) *<br />

Coleoxestia vittata (Thomson, 1860)<br />

Colobothea emarginata (Olivier, 1795) *<br />

Ctenoscelis acanthopus (Germar, 1824) *<br />

Desmiphora apicata (Thomson, 1868)<br />

Dorcacerus barbatus (Olivier, 1790) *<br />

Drychateres bilineatus (Olivier, 1795) *<br />

Dryoctenes scrupulosus (Germar, 1824) *<br />

Eburia quadrimaculata (Linnaeus, 1767) *<br />

Eburodacrys sexmaculata (Olivier, 1790)<br />

Eburodacrys trilineata (Aurivillius, 1893)<br />

Epacroplon cruciatum (Aurivillius, 1899)<br />

Eurymerus eburioides Audinet-Serville, 1833<br />

Informações 1 /Referências<br />

A; B; D<br />

B<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

E<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A; C<br />

C<br />

A<br />

A<br />

C<br />

C<br />

A<br />

C<br />

A<br />

A; C<br />

A<br />

A<br />

A; C<br />

A<br />

A; C<br />

A<br />

C<br />

A<br />

A<br />

A; C<br />

C<br />

A<br />

C<br />

A<br />

A; C<br />

A<br />

A<br />

350


MARTINS ET AL.<br />

COLEÓPTEROS E HEMÍPTEROS<br />

Famílias / Espécies<br />

Informações 1 /Referências<br />

Eutrypanus dorsalis (Germar, 1824) *<br />

A<br />

Hephialtes ruber (Thunberg, 1822) *<br />

A<br />

Hylettus griseofasciatus (Audinet-Serville, 1835)<br />

A<br />

Hypsioma gibbera Audinet-Serville, 1835 *<br />

A<br />

Jupoata rufipennis (Gory, 1831)<br />

A<br />

Lachaerus fascinus (Audinet-Serville, 1835) *<br />

C<br />

Lesbates acromii (Dalman, 1823)<br />

A<br />

Lochmaeocles fasciatus (Lucas, 1859) *<br />

C<br />

Macrodontia cervicornis (Linnaeus, 1758)<br />

A; C<br />

Macrodontia flavipennis Chevrolat, 1833 *<br />

C<br />

Macropophora accentifer (Olivier, 1795) *<br />

A; C<br />

Magaliella punctata Galileo & Martins, 2008 A; Galileo & Martins (2008)<br />

Malacopterus pavidus (Germar, 1824) Galileo & Martins (2008)<br />

Mallocera glauca Audinet-Serville, 1833 *<br />

A; C<br />

Mallodon spinibarbe (Linnaeus, 1758) *<br />

A<br />

Mallodonopsis mexicanus Thomson, 1860 *<br />

A<br />

Mecosarthron buphagus Buquet, 1840 *<br />

C<br />

Megabasis speculifera (Kirby, 1818) *<br />

A; C<br />

Megacyllene acuta (Germar, 1821) *<br />

A<br />

Mionochroma chloe (Gounelle, 1911) *<br />

C<br />

Neotropidion nodicolle (Dalman, 1823) *<br />

C<br />

Niophis aper (Germar, 1824)<br />

A<br />

Ochrodion sexmaculatum (Buquet, 1844)<br />

A<br />

Oncideres albopicta Martins & Galileo, 1990 *<br />

C<br />

Oncideres captiosa Martins, 1981<br />

C<br />

Oncideres cephalotes Bates, 1865 *<br />

C<br />

Oncideres digna Bates, 1865 *<br />

A; C<br />

Oncideres errata Martins & Galileo, 2009 *<br />

A<br />

Oncideres germarii Thomson, 1868 *<br />

C<br />

Oncideres gibbosa Thomson, 1868<br />

C<br />

Oncideres impluviata (Germar, 1824) *<br />

C<br />

Oncideres saga (Dalman, 1823)<br />

A; C<br />

Oncideres travassosi Fragoso, 1970 *<br />

A<br />

Oncideres ulcerosa (Germar, 1824)<br />

C<br />

Onychocerus albitarsis Pascoe, 1859 *<br />

A; C<br />

Onychocerus crassus (Voet, 1778) *<br />

C<br />

Orthomegas jaspideum Buquet, 1844 *<br />

A; C<br />

Orthomegas similis Gahan, 1894 *<br />

A<br />

Orthostoma sp.<br />

A<br />

Oxymerus sp.<br />

A<br />

Pachypeza marginata Pascoe, 1888 *<br />

C<br />

Pachypeza pennicornis (Germar, 1824) *<br />

A<br />

Pantomallus morosus (Audinet-Serville, 1834)<br />

A; C<br />

Periboeum acuminatum (Thomson, 1860) *<br />

A<br />

Piezochaerus bondari Melzer, 1932 A; Mermudes (2008)<br />

Polyoza lacordairei Audinet-Serville, 1832 *<br />

A; C<br />

Polyrhaphis confusa Lane, 1978 *<br />

A<br />

Polyrhaphis spinipennis Castelnau, 1840 *<br />

A<br />

Psapharochrus carinicollis (Bates, 1880) *<br />

C<br />

Psapharochrus jaspideus (Germar, 1824)<br />

C<br />

Psygmatocerus wagleri Perty, 1828 *<br />

A<br />

Pteroplius acuminatus Audinet-Serville, 1835<br />

A; C<br />

3 5 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Famílias / Espécies<br />

Recchia gracilis Martins & Galileo, 1985 *<br />

Retrachydes thoracicus (Olivier, 1790)<br />

Rhaphiptera nodifera (Audinet-Serville, 1835) *<br />

Sphallenum tuberosum Bates, 1870 *<br />

Steirastoma marmoratum (Thunberg, 1822) *<br />

Steirastoma stellio Pascoe, 1866 *<br />

Stizocera elegantula (Perroud, 1855)<br />

Taeniotes farinosus (Linne, 1758)<br />

Taeniotes scalatus (Gmelin, 1790) *<br />

Trachideres succinctus (Linnaeus, 1758)<br />

Thoracibidion io (Thomson, 1867) *<br />

Trypanidius dimidiatus Thomson, 1860<br />

Xylergatoides asper (Bates, 1864) *<br />

Chrysomelidae<br />

Cacoscelis marginata Fabricius, 1775 *<br />

Mecistomela marginata (Thunberg, 1821)<br />

Mesomphalia sp.<br />

Omophoita aequinoctialis (Linnaeus, 1758) *<br />

Omophoita cyanipennis octomaculata (Crotch, 1873) *<br />

Omophoita octoguttata Fabricius, 1775 *<br />

Platyphora sp.<br />

Cleridae<br />

Corinthiscus sp.<br />

Coccinellidae<br />

Cycloneda sanguinea (Linnaeus, 1763)*<br />

Cucujidae<br />

Palaestes freyersii (Heyden, 1927)*<br />

Curculionidae<br />

Compsus niveus Marshall, 1922*<br />

Cyrtomon gibber Schönherr, 1823<br />

Entimus imperialis Boheman & Schönherr, 1833*<br />

Entimus nobilis Boheman & Schönherr, 1833*<br />

Euryomus elegans (Kirby, 1819)*<br />

Heilipodus sp.<br />

Hilipinus sp.<br />

Homalinotus coriaceus Gyllenhal & Schönherr, 1836<br />

Hypsonotus sp.<br />

Lixus pulverulentus (Scopoli, 1763)*<br />

Lordops schoenherri (Dalman, 1823)<br />

Metamasius hemipterus (Linnaeus, 1764)<br />

Metoposoma sp.<br />

Naupactus rivulosus Boheman & Schönherr, 1840<br />

Phaops thunbergii Sahlberg, 1823*<br />

Rhinochaenus sp.<br />

Rhinostomus barbirostris (Fabricius, 1775)*<br />

Rhynchophorus palmarum Linnaeus, 1764*<br />

Sitophilus sp.<br />

Informações 1 /Referências<br />

C<br />

C<br />

A<br />

A<br />

A; C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

A; C<br />

A<br />

C<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

E<br />

A<br />

A<br />

E<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

E<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A; E<br />

A<br />

A<br />

352


MARTINS ET AL.<br />

COLEÓPTEROS E HEMÍPTEROS<br />

Famílias / Espécies<br />

Stenorhinus viridimarginatus (Boheman, 1834)*<br />

Tropidorrhinus costatus (Boheman, 1834)*<br />

Elateridae<br />

Chalcolepidius zonatus Eschscholtz, 1829<br />

Pyrophorus noctilucus (Linnaeus, 1758)*<br />

Hybosoridae<br />

Aegidiellus sp.<br />

Ceratocanthus basilicus (Germar, 1843)*<br />

Ceratocanthus micros (Bates, 1887)*<br />

Ceratocanthus nitidus (Germar, 1843)*<br />

Chaetodus exaratus Arrow, 1909*<br />

Germarostes macleayi (Perty, 1830)*<br />

Germarostes aff. nitens (Guérin-Méneville, 1839)*<br />

Germarostes oberthueri Paulian, 1982*<br />

Germarostes plicatus (Erichson & Germar, 1843)*<br />

Germarostes punctulatus (Ohaus, 1911)*<br />

Germarostes rugiceps (Germar, 1843)*<br />

Germarostes senegalensis (Castelnau, 1840)*<br />

Lucanidae<br />

Syndesus sp.<br />

Meloidae<br />

Cissites maculata (Swederus, 1787)*<br />

Epicauta excavata (Klug, 1825)*<br />

Epicauta fumosa (Germar, 1824)*<br />

Passalidae<br />

Passalus toriferus villosus Eschscholtz, 1829*<br />

Veturius sp.<br />

Rhipiceridae<br />

Sandalus sp.<br />

Informações 1 /Referências<br />

A<br />

A<br />

E<br />

E<br />

B<br />

D<br />

D<br />

D<br />

B<br />

B; D<br />

B<br />

D<br />

D<br />

D<br />

D<br />

B<br />

A<br />

A<br />

A<br />

E<br />

D<br />

B<br />

A<br />

Scarabaeidae<br />

Aegidiellus sp.<br />

B<br />

Alvarinus sp.<br />

B<br />

Aphengium cupreum Shipp, 1897*<br />

B; D<br />

Aphengium sordidum Harold, 1868 Lima (2013)<br />

Archophileurus sp.<br />

B<br />

Aspidolea sp.<br />

B<br />

Astaena sp.<br />

B<br />

Ataenius platensis (Blanchard, 1847)*<br />

D<br />

Ateuchus aff. myrmecophilus (Boucomont, 1935)*<br />

B<br />

Ateuchus squalidus (Fabricius, 1775) Schiffler et al. (2003)<br />

Ateuchus vigilans (Lansberge, 1874)*<br />

B<br />

Auperia capitosa (Harold, 1867)*<br />

B<br />

Blepharotoma sp.<br />

B<br />

Bolax sp.<br />

B<br />

Bothynus cf. dasypleurus (Germar, 1824)*<br />

B<br />

3 5 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Famílias / Espécies<br />

Informações 1 /Referências<br />

Canthidium aterrimum Harold, 1867 B; Lima (2013)<br />

Canthidium cavifrons Balthasar, 1939*<br />

B<br />

Canthidium flavipes Harold, 1867*<br />

B<br />

Canthidium lucidum Harold, 1867*<br />

B<br />

Canthidium rufipes Harold, 1867*<br />

B; D<br />

Canthidium aff. sulcatum (Perty, 1830) Lima (2013)<br />

Canthon lituratus (Germar, 1824) Schiffler et al. (2003)<br />

Canthon nigripennis Lansberge, 1874 D; Lima (2013)<br />

Canthon prasinus Harold, 1867*<br />

B<br />

Canthon smaragdulus (Fabricius, 1781) B; D; Lima (2013)<br />

Canthon staigi Pereira, 1953 B; D; Schiffler et al. (2003);<br />

Lima (2013)<br />

Canthon sulcatus Castelnau, 1840 A; D; Lima (2013)<br />

Canthonella silphoides (Harold, 1867) D; Lima (2013)<br />

Ceraspis sp.<br />

B<br />

Chalcocopris hesperus Olivier, 1789 B; Schiffler et al. (2003);<br />

Lima (2013)<br />

Chasmodia bipunctata MacLeay, 1819*<br />

A<br />

Chlorota metallica Burmeister, 1844*<br />

B<br />

Coelosis bicornis (Leske, 1779)*<br />

A; B<br />

Coelosis biloba (Linnaeus, 1767)*<br />

A; B<br />

Coprophanaeus bellicosus (Olivier, 1789) B; D; Lima (2013)<br />

Coprophanaeus dardanus (MacLeay, 1829) Schiffler et al. (2003)<br />

Coprophanaeus punctatus (Olsoufieff, 1924) Lima (2013)<br />

Coprophanaeus smaragdulus (Fabricius, 1781)* Schiffler et al. (2003)<br />

Crathoplus squamiferus Blanchard, 1851*<br />

B<br />

Ctenotis obesa Burmeister, 1855*<br />

A; B<br />

Cyclocephala bicolor Castelnau, 1840*<br />

B<br />

Cyclocephala distincta Burmeister, 1847*<br />

A<br />

Cyclocephala melanocephala (Fabricius, 1775)*<br />

A; B<br />

Cyclocephala occipitalis Fairmaire, 1892*<br />

A<br />

Cyclocephala testacea Burmeister, 1847*<br />

A<br />

Deltochilum granulosum Paulian, 1933 Lima (2013)<br />

Deltochilum trisignatum Harold, 1881 B; Lima (2013)<br />

Dendropaemon sp.<br />

B<br />

Diabroctis mimas mimas (Linnaeus, 1758)*<br />

B<br />

Dichotomius aff. bicuspis (Germar, 1824) Lima (2013)<br />

Dichotomius bos (Blanchard, 1846) *<br />

A; B<br />

Dichotomius camposeabrai Martinez, 1974 Lima (2013)<br />

Dichotomius depressicollis (Harold, 1867) Lima (2013)<br />

Dichotomius fissus (Harold, 1867) *<br />

A; B; D<br />

Dichotomius geminatus (Arrow, 1913) B; Schiffler et al. (2003)<br />

Dichotomius aff. irinus (Harold, 1867)*<br />

B<br />

Dichotomius longiceps (Taschenberg, 1870) *<br />

A; B<br />

Dichotomius mormon (Ljungh, 1799) Lima (2013)<br />

Dichotomius nisus (Olivier, 1789) Schiffler et al. (2003)<br />

Dichotomius schiffleri Vaz-de-Mello, Louzada & Gavino, 2001 Vieira et al. (2011); Lima (2013)<br />

Dichotomius semisquamosus (Curtis, 1845) B; Schiffler et al. (2003)<br />

Dichotomius sericeus (Harold, 1867) Schiffler et al. (2003)<br />

Dicrania sp.<br />

B<br />

Digitonthophagus sp.<br />

B<br />

Discinetus sp.<br />

B<br />

354


MARTINS ET AL.<br />

COLEÓPTEROS E HEMÍPTEROS<br />

Famílias / Espécies<br />

Informações 1 /Referências<br />

Dorysthetus sp.<br />

B<br />

Dynastes hercules paschoali Grossi & Arnaud, 1993 A; B; Azevedo et al. (2007)<br />

Enema pan (Fabricius, 1775)*<br />

A; B<br />

Erioscelis emarginata (Mannerheim, 1829)*<br />

A; B<br />

Euetheola humilis humilis Burmeister, 1847*<br />

A; B<br />

Eurysternus caribaeus (Herbst, 1789) D; Schiffler et al. (2003);<br />

Lima (2013)<br />

Eurysternus hirtellus Dalman, 1824 Lima (2013)<br />

Eutrichillum hirsutum (Boucomont, 1928) D; Lima (2013)<br />

Gama sp.<br />

B<br />

Geniates punctipennis Ohaus, 1917*<br />

A<br />

Gymnetis cf. chalcipes Gory & Percheron, 1833*<br />

B<br />

Gymnetis cf. hieroglyphica Vigors, 1826*<br />

B<br />

Heterogomphus dejeani Reiche, 1859<br />

B<br />

Heteropelidnota rostrata (Burmeinster, 1844)*<br />

A<br />

Holocephalus sculptus (Gillet, 1907) D; Smith & Génier (2001)<br />

Hoplopyga sp.<br />

B<br />

Inca sp.<br />

B<br />

Isonychus sp.<br />

B<br />

Lagochile bipunctata bipunctata (MacLeay, 1819)*<br />

B<br />

Lagochile emarginata emarginata (Gyllenhall, 1817)*<br />

B<br />

Leucothyreus femoralis Blanchard, 1851*<br />

A<br />

Leucothyreus suturalis Castelnau, 1840*<br />

A<br />

Macraspis cincta cincta (Drury, 1782)*<br />

A; B<br />

Macraspis cf. morio Burmeister, 1844*<br />

A; B<br />

Macraspis viridis (Thunberg, 1822)*<br />

A; B<br />

Mallotarsus sp.<br />

B<br />

Megasoma gyas gyas (Jablonsky & Herbst, 1785) A; B; Azevedo et al. (2007)<br />

Mimeoma maculata (Burmeister, 1847)<br />

B; D<br />

Mimogeniates margaridae Martinez, 1964*<br />

A; B<br />

Ontherus azteca Harold, 1869 D; Lima (2013)<br />

Onthophagus aff. catharinensis Paulian, 1936 Lima (2013)<br />

Paranomala aff. undulata (Melsheimer, 1844)*<br />

B<br />

Pelidnota arnaudi arnaudi Soula, 2009*<br />

A; B<br />

Pelidnota bivittata (Swederus, 1787)*<br />

B<br />

Pelidnota chalcothorax chalcothorax Perty, 1834*<br />

A; B<br />

Pelidnota cuprea (Germar, 1824)*<br />

A; B<br />

Pelidnota cyanipes (Kirby, 1818)*<br />

A; B<br />

Pelidnota gracilis (Gory, 1834)*<br />

B<br />

Pelidnota kirbii (Gray, 1832)*<br />

B<br />

Pelidnota liturella (Kirby, 1818)*<br />

B<br />

Pelidnota xanthospila (Germar, 1824)*<br />

B<br />

Phanaeus splendidulus (Fabricius, 1781) Lima (2013)<br />

Phileurus carinatus Prell, 1914*<br />

A<br />

Phyllophaga sp.<br />

B<br />

Plectris sp.<br />

B<br />

Pseudocanthon xanthurum (Blanchard, 1843) Schiffler et al. (2003)<br />

Rutela lineola (Linnaeus, 1758)*<br />

B<br />

Sphaerorutela cf. viridicuprea (Ohaus, 1913)*<br />

B<br />

Stenocrates holomelanus (Germar, 1824)*<br />

A<br />

Strategus aloeus (Linnaeus, 1758)*<br />

B<br />

Strategus centaurus Kolbe, 1907*<br />

A; B<br />

3 5 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Famílias / Espécies<br />

Informações 1 /Referências<br />

Strategus mandibularis Sternberg, 1910*<br />

B<br />

Strategus surinamensis Burmeister, 1847*<br />

B<br />

Strategus validus (Fabricius, 1775)*<br />

A<br />

Streblopus opatroides Lansberge, 1874*<br />

D<br />

Strigidia cuprea (Germar, 1824)*<br />

A; B<br />

Strigidia xanthospila (Germar, 1824)*<br />

A; B<br />

Tomarus sp.<br />

B<br />

Trichaphodiellus brasiliensis (Castelnau, 1840)*<br />

B; D<br />

Trichillum externepunctatum (Borre, 1880) Schiffler et al. (2003)<br />

Trichillum hirsutum (Boucomont, 1928) Schiffler et al. (2003)<br />

Trizogeniates laevis (Camerano, 1878)*<br />

A<br />

Trizogeniates vittatus (Lucas, 1857)*<br />

A<br />

Uroxys sp. Lima (2013)<br />

Tenebrionidae<br />

Camaria nitida Audinet-Serville, 1825*<br />

Nyctobates gigas Linnaeus, 1787*<br />

Nyctobates maxima Germar, 1824*<br />

Strongylium sp.<br />

Trogidae<br />

Omorgus loxus (Vaurie, 1955)*<br />

Omorgus persuberosus (Vaurie, 1962)*<br />

Omorgus suberosus (Fabricius, 1775)*<br />

Trox sp.<br />

E<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A; B; D<br />

A; B<br />

B<br />

A<br />

1A: Espécies existentes na coleção da RNV identificadas por especialistas dos respectivos grupos; B: Espécies coletadas e/ou com identificações<br />

confirmadas pelos autores D.S.Martins & P.S.F.Ferreira junto ao especialista em Scarabaeoidea F.Z.Vaz-de-Mello, da UFMT; C: Espécies coletadas<br />

e/ou com identificações confirmadas pelos autores D.S.Martins & P.S.F.Ferreira junto ao especialista em Cerambycidae Paulo R. Magno, do Museu<br />

Nacional da UFRJ; D: Espécies coletadas na RNV depositadas no Setor de Entomologia da Coleção Zoológica da UFMT (F.Z.Vaz-de-Mello); E:<br />

Espécies coletadas na RNV depositadas no Museu Regional de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa.<br />

Tabela 4: Lista de espécies da ordem Hemiptera registradas na Reserva Natural Vale, Linhares/ES. Ano 2015.<br />

Famílias / Espécies<br />

Subordem Auchenorrhyncha<br />

Aphrophoridae<br />

Cephisus siccifolius (Walker, 1851) *<br />

Cercopidae<br />

Aeneolamia colon (Germar, 1821) *<br />

Notozulia entreriana (Berg, 1879) *<br />

Cicadellidae<br />

Diastostema albipenne (Fabricius. 1803) *<br />

Fulgoridae<br />

Acraephia perspicillata (Fabricius, 1781) *<br />

Enchophora recurva (Olivier,1791) *<br />

Fulgora laternaria (Linnaeus, 1758) *<br />

Odontoptera spectabilis Carreno, 1841 *<br />

Phenax variegata (Olivier, 1791) *<br />

Phrictus diadema (Linnaeus, 1767) *<br />

Informações 1 /Referências<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A; D<br />

A; D<br />

356<br />

Subordem Heteroptera<br />

Alydidae


MARTINS ET AL.<br />

COLEÓPTEROS E HEMÍPTEROS<br />

Famílias / Espécies<br />

Hyalymenus sinuatus (Fabricius, 1787) *<br />

Megalotomus sp.<br />

Stenocoris tipuloides (De Geer, 1773) *<br />

Aradidae<br />

Hesus flaviventris Burmeister, 1835 *<br />

Neuroctenus punctulatus (Burmeister, 1835) *<br />

Belostomatidae<br />

Belostoma plebejum (Stål, 1858) *<br />

Coreidae<br />

Acanthocephala sp.<br />

Chariesterus armatus (Thunberg, 1825) *<br />

Coryzoplatus rhomboideus (Burmeister, 1835) *<br />

Crinocerus sanctus (Fabricius, 1775) *<br />

Diactor bilineatus (Fabricius, 1803)<br />

Fabrictilis sp.<br />

Grammopoecilus sp.<br />

Holymenia clavigera (Herbst, 1784) *<br />

Hypselonotus fulvus (De Geer, 1773) *<br />

Hypselonotus interruptus Hahn, 1833 *<br />

Leptoglossus gonagra (Fabricius, 1775) *<br />

Leptoscelis elongator (Fabricius, 1803) *<br />

Machtima crucigera (Fabricius, 1775) *<br />

Madura longicornis Stål, 1862 *<br />

Nematopus sp.<br />

Pachylis laticornis (Fabricius, 1798) *<br />

Pachylis nervosus Dallas, 1852 *<br />

Phthia picta (Drury, 1770) *<br />

Sphictyrtus chrysis (Lichtenstein, 1796) *<br />

Zoreva sp.<br />

Gerridae<br />

Limnogonus sp.<br />

Hydrometridae<br />

Hydrometra argentina Berg, 1879*<br />

Lygaeidae<br />

Oncopeltus sp.<br />

Mesoveliidae<br />

Mesovelia mulsanti White, 1879*<br />

Miridae<br />

Ceratocapsus alvarengai Henry, 1983*<br />

Ceratocapsus testatipes Henry, 1983*<br />

Collaria oleosa (Distant, 1883)*<br />

Creontiades rubinervis (Stål, 1860)*<br />

Cyrtocapsus sp.<br />

Engytatus itatiaianus (Carvalho, 1980)*<br />

Euchilocoris hahni (Stål, 1860)*<br />

Fulvius anthocoroides (Reuter, 1875)*<br />

Fulvius bisbistillatus (Stål, 1860)*<br />

Lampethusa sp.<br />

Peritrops sp.<br />

Phytocoris sp.<br />

Informações 1 /Referências<br />

A<br />

A; C<br />

A; C<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A; C<br />

A; C<br />

A; C<br />

A; C<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A; C<br />

A; C<br />

A; C<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A; C<br />

A; C<br />

A<br />

A; C<br />

A; C<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

D<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

3 5 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Famílias / Espécies<br />

Platyscytus rufomaculatus Carvalho, 1951*<br />

Prepops atroluteus (Walker, 1873)*<br />

Prepops cruciferus (Berg, 1878)*<br />

Prepops subsimilis (Reuter,1907)*<br />

Prepops zetterstedti (Stål, 1860)*<br />

Proba vittiscutis (Stål, 1860)*<br />

Rhinacloa clavicornis (Reuter, 1905)*<br />

Sericophanes ornatus (Berg, 1878)*<br />

Taylorilygus pallidulus (Blanchard, 1852)*<br />

Tytthus neotropicalis (Carvalho, 1945)*<br />

Pentatomidae<br />

Acrosternum runaspis (Dallas, 1851)*<br />

Alcaeorrhyncus grandis (Dallas, 1851)*<br />

Arocera spectabilis (Drury, 1773)*<br />

Chloropepla vigens (Stål, 1860)*<br />

Cyrtocoris gibbus (Fabricius, 1803)*<br />

Edessa aff. affinis Dallas, 1851<br />

Edessa leucogramma (Perty, 1833)*<br />

Edessa meditabunda (Fabricius, 1974)<br />

Edessa rufomarginata (De Geer, 1773)*<br />

Euschistus inermes Mayr, 1864*<br />

Loxa flavicollis (Drury, 1773)<br />

Loxa virescens Amyot & Serville, 1843*<br />

Loxa viridis (Palisot de Beauvois, 1811)*<br />

Mecistorhinus mixtus (Fabricius, 1787)*<br />

Mormidea ypsilon (Fabricius, 1775)*<br />

Praepharnus sp.<br />

Peromatus nodifer Westwood, 1840*<br />

Proxys albopunctulatus (Palisot de Beauvois, 1805)*<br />

Sympiezorhinchus tristis Spinola, 1837*<br />

Thyanta perditor Fabricius, 1794*<br />

Informações 1 /Referências<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

C<br />

A; C<br />

A; C<br />

A; C<br />

A; C<br />

A; C<br />

A; C<br />

A; C<br />

A<br />

A; C<br />

D<br />

A<br />

A; C<br />

A; C<br />

A; C<br />

A<br />

A<br />

A; C<br />

A; C<br />

A; C<br />

A; C<br />

Phloeidae<br />

Phloea corticata (Drury, 1773) A; C; Guilbert (2003)<br />

Phloea subquadrata Spinola, 1837 A; C; Guilbert (2003)<br />

Phloeophana longirostris (Spinola, 1837) Guilbert (2003)<br />

Pyrrhocoridae<br />

Dysdercus fulvoniger (De Geer, 1773)*<br />

Dysdercus ruficollis (Linnaeus, 1764)*<br />

A<br />

A<br />

Reduviidae<br />

Agriocleptes albosparsus (Stål, 1854)*<br />

A; B<br />

Agriocleptes salvatorianus Carcavallo & Martínez 1960*<br />

A<br />

Apiomerus lanipes (Fabricius 1803)<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Apiomerus luctuosus Costa Lima, Seabra & Hathaway 1951 A; B; Gil-Santana et al. (2006)<br />

Apiomerus nigrilobus Stål, 1872*<br />

A; B<br />

Apronius sp.<br />

A; B<br />

Arilus carinatus (Forster, 1771)<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Bactrodes sp.<br />

A; B<br />

Beharus cylindripes (Fabricius, 1803) A; B; Gil-Santana et al. (2001)<br />

Brontostoma discus (Burmeister, 1835)*<br />

A; B<br />

Brontostoma doughertyae Gil-Santana, Lopes, Marques & Jurberg, 2005 A; B; Gil-Santana et al. (2005)<br />

Brontostoma nanus Carpintero, 1980*<br />

B<br />

Brontostoma rubrum (Amyot & Serville, 1843)<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Brontostoma trux (Stål, 1859)*<br />

A; B<br />

358


MARTINS ET AL.<br />

COLEÓPTEROS E HEMÍPTEROS<br />

Famílias / Espécies<br />

Informações 1 /Referências<br />

Castolus rufomarginatus Champion 1899*<br />

A; B<br />

Castolus spissicornis (Stål, 1860)*<br />

A<br />

Chryxus bahianus Gil-Santana, Costa & Marques, 2007*<br />

B<br />

Cosmoclopius sp.<br />

A; B<br />

Cricetopareis tucumana (Berg, 1884)*<br />

A<br />

Ctenotrachelus sp.<br />

A; B<br />

Diaditus latulus Barber, 1930*<br />

B<br />

Doldina sp.<br />

A; B<br />

Emesa mourei Wygodzinsky, 1945<br />

Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Emesopsis nubilis Uhler, 1893<br />

Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Empicoris rubromaculatus (Blackburn, 1889)<br />

Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Eupheno pallens (Laporte, 1832)*<br />

A; B; D<br />

Gardena agrippina McAtee & Malloch, 1925 Gil-Santana et al. (2000)<br />

Ghilianella sp.<br />

A; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Ghinallelia pascoei (Bergroth 1906)*<br />

A<br />

Ghinallelia rhabdita (Maldonado 1960)*<br />

A<br />

Ghinallelia talitae Gil-Santana, Costa & Silva, 2009 Gil-Santana et al. (2009)<br />

Graptocleptes bicolor (Burmeister 1838)*<br />

A<br />

Harpactor angulosus (Lepeletier & Serville, 1825)<br />

A; B<br />

Heniartes erythromerus Spinola, 1840<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Heza insignis Stål, 1859*<br />

B<br />

Heza cf. multiannulata Stål, 1860<br />

A; B<br />

Heza similis Stål, 1859*<br />

A<br />

Hiranetis sp.<br />

Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Isocondylus elongatus (Lepeletier & Serville, 1825)*<br />

A; B<br />

Kodormus barberi (Costa-Lima, 1941)<br />

Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Mayemesa lapinhaensis (Wygodzinsky, 1950)<br />

A; B; Gil-Santana et al. (1999b)<br />

Melanolestes sp.<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Microtomus cf. cinctipes (Stål, 1859)<br />

A; B<br />

Microtomus conspicilliaris (Drury, 1782)<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Montina confusa (Stål, 1859)*<br />

A; B<br />

Montina cf. sinuosa (Lepeletier & Serville, 1825)<br />

A; B<br />

Narvesus minor Barber 1930*<br />

A<br />

Nitornus sp.<br />

A; B<br />

Oncerotrachelus sp.<br />

A; B<br />

Opisthacidius rubropictus (Herrich-Schaeffer, 1848)<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Orbella sp.<br />

A; B<br />

Otiodactylus signatus Pinto, 1927<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Panstrongylus geniculatus (Latreille, 1811)<br />

A; B; D; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Panstrongylus megistus (Burmeister, 1835)<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Ploeogaster acantharis (Wolff, 1802)*<br />

B<br />

Pnirontis beieri Wygodzinsky, 1948*<br />

A; B<br />

Pnirontis buenoi Costa Lima & Seabra, 1945*<br />

B<br />

Pothea sp.<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Racelda moerens Breddin, 1898*<br />

B<br />

Rasahus brasiliensis Coscarón, 1983*<br />

A; B<br />

Rasahus castaneus Coscarón, 1983<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Rasahus hamatus (Fabricius, 1781)<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Rasahus sulcicollis (Forster, 1771)<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Repipta flavicans (Amyot & Serville, 1843)*<br />

A; B<br />

Rhiginia lateralis (Lepeletier & Serville, 1825)*<br />

A; B<br />

Rhyparoclopius sp.<br />

Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Ricolla quadrispinosa (Linnaeus, 1767)*<br />

A; B<br />

Saica apicalis Osborn & Drake, 1915 *<br />

A; B<br />

Sirthenea stria (Fabricius, 1994)<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

Stalemesa cf. carvalhoi Wygodzinsky, 1966<br />

B<br />

Stenolemus renatoi Gil-Santana & Alencar, 2000 Gil-Santana & Alencar (2000)<br />

3 5 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Famílias / Espécies<br />

Stenopoda sp.<br />

Stenopodessa sp.<br />

Tagalis inornata inornata Stål, 1860 *<br />

Triatoma tibiamaculata (Pinto, 1926)<br />

Tydides rufus (Serville, 1831) *<br />

Veseris bellator (Torre-Bueno, 1914)<br />

Veseris rugosicollis (Stål, 1858)<br />

Wygodzinskyocoris nigripes Dougherty, 1995 *<br />

Zelurus cf. albospinosus (Fallou, 1889)<br />

Zelurus circumcinctus (Hahn, 1825)<br />

Zelurus eburneus (Lepeletier & Serville, 1825)<br />

Zelurus flavofasciatus Stål 1859 *<br />

Zelurus lepeletierianus (Kirkaldy, 1909) *<br />

Zelurus obscuricornis (Stål, 1859)<br />

Zelurus spinidorsis (Gray, 1832)<br />

Zelus cf. armillatus (Lepeletier & Serville, 1825)<br />

Zelus leucogrammus (Perty, 1833) *<br />

Zelus versicolor (Herrich-Schäffer, 1848) *<br />

Rhopalidae<br />

Jadera sanguinolenta (Fabricius, 1775) *<br />

Scutelleridae<br />

Pachycoris torridus Scopoli, 1772 *<br />

Tingididae<br />

Acanthocheila armigera (Stål, 1858) *<br />

Amblystira pallipes (Stål, 1858) *<br />

Amblystira peltogyne Drake & Hambleton, 1935 *<br />

Dicysta fonsecai Monte, 1940 *<br />

Informações 1 /Referências<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

A; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

B<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

A; B<br />

Gil-Santana & Alencar (2001b)<br />

A; B; Gil-Santana et al. (1999a)<br />

A; B<br />

A; B<br />

A; B; D; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

A<br />

A; B<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

A; B; Gil-Santana & Alencar (2001a)<br />

A; B<br />

A; B<br />

A; B<br />

A; C; D<br />

A; C<br />

A<br />

A<br />

A<br />

A<br />

1<br />

A: Espécies existentes na coleção da RNV identificadas por especialistas dos respectivos grupos; B: Espécies coletadas e/ou com identificações<br />

confirmadas pelos autores D.S. Martins & P.S.F. Ferreira junto ao especialista em Reduviidae Dr. Hélcio Reinaldo Gil Santana, do Instituto Oswaldo<br />

Cruz, Rio de Janeiro; C: Espécies identificadas pelo especialista em Heteroptera Dr. Paulo Sérgio Fiuza Ferreira da Universidade Federal de Viçosa<br />

(UFV); D: Espécies coletadas na RNV depositadas no Museu Regional de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa.<br />

*Primeiro registro da espécie no estado do Espírito Santo.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Aos especialistas Dr. Fernando Z. Vaz-de-Mello<br />

da Universidade Federal de Mato Grosso, Dr. Paulo<br />

Roberto Magno do Museu Nacional da Universidade<br />

Federal do Rio de Janeiro e Dr. Hélcio Reinaldo<br />

Gil Santana do Instituto Oswaldo Cruz pelas<br />

identificações dos espécimes de Scarabeoidea,<br />

Cerambycidae e Reduviidae, respectivamente.<br />

Ao Dr. Hélcio Reinaldo Gil Santana e a Dra. Lívia<br />

Aguiar Coelho da Universidade Federal da Grande<br />

Dourados pela revisão do texto. À Confederação da<br />

Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), à Empresa<br />

Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), ao<br />

Instituto Capixaba de Pesquisa Assistência Técnica<br />

e Extensão Rural (Incaper) e a Reserva Natural Vale<br />

pelo apoio ao Projeto Biomas do Brasil/Bioma Mata<br />

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3 6 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

1950 e Mayemesa Wygodzinsky, 1945 e descrição<br />

do macho de M. lapinhaensis (Wygodzinsky, 1950),<br />

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3 6 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Pyrrhura cruentata (Wied, 1820).<br />

364


PEIXOTO & JESUS<br />

MEMÓRIAS DE CONSERVAÇÃO<br />

PARTE V<br />

FAUNA DE VERTEBRADOS<br />

3 6 5


366<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

22<br />

Fábio<br />

A <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>:<br />

UM REFÚGIO PARA A CONSERVAÇÃO<br />

DOS PEIXES DA BACIA DO RIO<br />

BARRA SECA/ES<br />

Vieira<br />

INTRODUÇÃO<br />

Os peixes representam aproximadamente<br />

50% dos vertebrados atuais, com mais de<br />

33.000 espécies descritas e consideradas válidas<br />

(Eschmeyer & Fong, 2016; Froese & Pauly, 2016;<br />

IUCN, 2016). Para toda a região Neotropical,<br />

avaliações realizadas há pouco mais de uma década<br />

indicaram existir 4.475 espécies descritas de<br />

peixes de água doce e cerca de 1.550 ainda sem<br />

denominação formal, totalizando mais de 6.000<br />

(Reis et al., 2003). Embora expressivo, esse número<br />

é ainda inferior às 8.000 espécies estimadas por<br />

Schaefer (1998). Com base nesses valores, a região<br />

neotropical é considerada uma área megadiversa<br />

em relação a peixes de água doce (Junk, 2007).<br />

O Brasil é o maior país da região Neotropical e<br />

também o que abriga a maior riqueza de peixes<br />

de água doce do mundo, com números superiores<br />

a 3.000 espécies (Kottelat & Whitten, 1996;<br />

McAllister et al., 1997; Froese & Pauly, 2016).<br />

Essa condição está relacionada diretamente ao seu<br />

posicionamento geográfico, dimensões territoriais,<br />

quantidade e tamanho de suas bacias hidrográficas.<br />

No que se refere à hidrografia, a Reserva<br />

Natural Vale (RNV) está inserida no conjunto que<br />

arbitrariamente é denominado “bacias costeiras<br />

do Leste e Sudeste do Brasil”, que inclui todas<br />

as bacias localizadas entre a desembocadura<br />

do rio São Francisco, no limite entre os estados<br />

de Alagoas e Sergipe, e a baía de Paranaguá, no<br />

Estado do Paraná Langeani et al. (2009). Em um<br />

trabalho anterior, Abell et al. (2008) propuseram<br />

uma divisão mais detalhada dessa extensa área em<br />

várias ecorregiões, sendo a que engloba a área da<br />

RNV a nº 328 “Northeastern Mata Atlantica”. Esse<br />

trabalho cobriu virtualmente todos os ambientes de<br />

água doce do mundo e, associado com dados sobre<br />

as espécies de peixes de água doce, disponibilizou<br />

uma ferramenta que tem como objetivo ser utilizada<br />

em conservação em âmbito regional e mundial. Para<br />

a América do Sul, a definição das ecoregiões foi<br />

baseada inicialmente em províncias ictiogeográficas<br />

historicamente reconhecidas e exemplificadas por<br />

Géry (1969) e Ringuelet (1975). Um breve relato<br />

sobre a ordenação histórica em que as propostas<br />

de províncias ictiogeográficas para a América do Sul<br />

aparecem na literatura é apresentada por Vieira et<br />

al. (2009).<br />

A RNV integra o Corredor Ecológico Piloto<br />

Sooretama – Goytacazes - Comboios, que em seu<br />

conjunto visa preservar e interligar 175.131,248<br />

hectares de matas de tabuleiro e ecossistemas<br />

associados (Figura 1; Iema, 2006). Este Corredor<br />

Piloto está inserido no Corredor Central da Mata<br />

Atlântica (MMA, 2006). Segundo Sanderson<br />

et al. (2003), os corredores ecológicos são<br />

compostos por diversas unidades de conservação<br />

interconectadas dentro de uma matriz ambiental<br />

com variados graus de ocupação humana. O<br />

objetivo final do estabelecimento de corredores<br />

é a manutenção dos processos ecossistêmicos e<br />

permitir a mobilidade e o intercâmbio genético dos<br />

componentes da flora e da fauna (MMA, 2006).<br />

Atualmente é incontestável a importância<br />

da RNV e demais áreas protegidas no contexto<br />

3 6 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 1: Corredor Ecológico Piloto Sooretama – Goytacazes – Comboios, que inclui a Reserva Biológica de<br />

Sooretama, a Reserva Natural Vale, a Floresta Nacional de Goytacazes e a Reserva Biológica de Comboios. Fonte:<br />

Iema (2006).<br />

368<br />

da manutenção da biodiversidade do Espírito<br />

Santo, uma vez que a cobertura vegetal dessa<br />

ampla região do norte capixaba começou a ser<br />

eliminada sistematicamente a partir primeira<br />

metade do século XX (Ruschi, 1954; Silva, 2014).<br />

Os diversos estudos desenvolvidos com variados<br />

grupos animais e vegetais, tanto na RNV como na<br />

Rebio de Sooretama, mostram essa realidade de<br />

forma bastante clara (ver sínteses nos diferentes<br />

capítulos).<br />

No que tange aos peixes de água doce, a situação<br />

é diferenciada, pois só recentemente foi feita uma<br />

avaliação mais abrangente das espécies de peixes que<br />

ocorrem na bacia do rio Barra Seca (Sarmento-Soares<br />

& Martins-Pinheiro, 2014), a qual drena integralmente<br />

a RNV. Previamente a esse trabalho, os registros<br />

de peixes na bacia do rio Barra Seca eram limitados<br />

ao material testemunho depositado em museus e<br />

proveniente de coletas esporádicas. Entretanto, ainda<br />

que no estudo supracitado tenha sido coberta uma<br />

ampla área desde a parte alta da drenagem até a foz<br />

no oceano, não foram feitas amostragens dentro da<br />

área da RNV. Dessa forma, permanece ainda limitado<br />

o conhecimento acerca dos peixes que ocorrem no<br />

interior desta Reserva.<br />

Nesse capítulo foram sumarizados os dados<br />

disponíveis sobre a composição da ictiofauna<br />

dentro dos limites da RNV e discutidos aspectos<br />

relacionados à conservação e necessidade de<br />

estudos futuros.


VIEIRA<br />

PEIXES<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Como já indicado, na literatura não estão<br />

disponíveis informações sistematizadas e fidedignas<br />

acerca da fauna de peixes que ocorre na área<br />

delimitada pela RNV. Essa é uma situação comum<br />

para a ictiofauna na maior parte das unidades<br />

de conservação brasileiras e foi brevemente<br />

discutida por Vieira et al. (2005). Sarmento-<br />

Soares & Martins-Pinheiro (2014) reforçam esse<br />

entendimento e indicam que “a ictiofauna tem<br />

sido desconsiderada de tal forma na delimitação<br />

de áreas de proteção que nenhuma das Unidades<br />

de Conservação do Espírito Santo possui em seu<br />

Plano de Manejo uma relação dos peixes existentes<br />

na Unidade respaldada por material catalogado em<br />

coleções zoológicas”.<br />

Frente a essa limitação, para a elaboração da lista<br />

de espécies aqui apresentada foram compilados<br />

os dados disponíveis no documento preliminar<br />

para o Plano Diretor de Uso da Reserva Florestal<br />

de Linhares (Cepemar,1998) e no trabalho de<br />

Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro (2014), que<br />

trata especificamente da fauna de peixes do rio Barra<br />

Seca e Rebio de Sooretama. Esse último trabalho<br />

faz parte do Projeto BIOdiversES – Distribuição<br />

e Endemismo de Peixes de Água Doce do Espírito<br />

Santo, que estuda os sistemas hídricos capixabas<br />

e vem realizando uma avaliação da ictiofauna<br />

de água doce do Estado. Apesar de ser bastante<br />

abrangente e ter coberto grande parte da bacia<br />

do rio Barra Seca nos trechos alto, médio, baixo e<br />

lagoa de Suruaca, não foram efetuadas coletas na<br />

área da RNV. Dos dados disponíveis nesse trabalho<br />

foram eliminados os registros obtidos na Lagoa de<br />

Suruaca, que se referiam em quase sua totalidade<br />

a espécies de origem marinha, enquanto os demais<br />

foram avaliados integralmente.<br />

A informação do material testemunho de peixes<br />

coletados dentro dos limites da RNV e depositado<br />

em museus incluiu as coleções do (MBML –Peixes)<br />

Coleção de Peixes do Museu de Biologia Prof. Mello<br />

Leitão, Santa Teresa; (MCP-Peixes) Museu de<br />

Ciências e Tecnologia da PUC Rio Grande do Sul, Porto<br />

Alegre; (ZUEC-PIS) Coleção de Peixes do Museu de<br />

Zoologia da Unicamp, Campinas; (MNRJ) Coleção de<br />

Peixes do Museu Nacional, Universidade Federal do<br />

Rio de Janeiro e (MZUSP) Coleção de Peixes do Museu<br />

de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo.<br />

Para esse propósito foram consultados os bancos de<br />

dados das instituições disponibilizados através da<br />

rede do Cria (http://www.cria.org.br/) via o projeto<br />

SpeciesLink (http://splink.cria.org.br/) e no Sistema<br />

Brasileiro de Informações sobre Biodiversidade de<br />

Peixes, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio<br />

de Janeiro (http://www.mnrj.ufrj.br/search.htm).<br />

A nomenclatura científica utilizada neste<br />

trabalho segue os padrões adotados pelo código<br />

internacional de nomenclatura zoológica. Os nomes<br />

científicos e autores das espécies seguem aqueles<br />

empregados nas descrições originais, atualizados<br />

através de Eschmeyer et al. (2016). Correções ou<br />

modificações adotadas para os dados compilados<br />

são indicadas diretamente no momento da citação<br />

no texto.<br />

A rede hidrográfica digitalizada da bacia do rio<br />

Barra Seca na escala 1:250.000 foi obtida no Banco<br />

de Dados Geográficos do Exército (DSG, 2013).<br />

Posteriormente, todos os pontos de coleta na área<br />

de interesse e disponíveis nos trabalhos e museus<br />

consultados foram digitalizados utilizando o Google<br />

Earth Pro 7.1.2.2041, compilação de 10/7/2013.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A bacia do rio Barra Seca<br />

Embora tratada rotineiramente como parte da<br />

drenagem do rio Doce, a bacia do rio Barra Seca tem<br />

uma gênese bastante peculiar e, segundo Sarmento-<br />

Soares & Martins-Pinheiro (2014), originalmente<br />

representava uma sub-bacia do rio São Mateus. O<br />

vale inferior do rio Barra Seca, situado em terrenos<br />

originados no Quaternário Holocênico (Seama/<br />

Iema, 2016), cobria uma extensa região pantanosa<br />

onde está a lagoa Suruaca, que após amplas e<br />

profundas alterações antrópicas encontra-se<br />

muito descaracterizada (Lani et al., 2009). Muitos<br />

canais foram abertos para permitir a drenagem<br />

dessa área pantanosa e atualmente existe ligação,<br />

ainda que temporária, tanto no sul com o rio Doce<br />

como no norte com o rio São Mateus (Figura 2).<br />

Embora não existam estudos prévios que permitam<br />

maiores inferências sobre os impactos ambientais<br />

que ocorreram em função dessas ações, é provável<br />

que o conjunto de modificações nessa região tenha<br />

afetado negativamente a fauna de peixes que<br />

ocorria originalmente nessa parte da bacia.<br />

A rede hidrográfica da RNV se desenvolve sobre<br />

terrenos datados do Período Terciário (Seama/<br />

Iema, 2016) e inclui diversos córregos e rios.<br />

3 6 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 2: Bacia do rio Barra Seca com a indicação dos pontos com amostragens históricas e recentes de peixes.<br />

Dados históricos (museus); Dados atuais (Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro, 2014).<br />

Segundo Zuccaratto (2016), são 14 córregos —<br />

Alberico, Alegre, Alegre de Cima, Amor, Canto,<br />

Chumbado, Dois Irmãos, Dourado, Estivado, João<br />

Pedro, Menezes, Paciência, Rancho Alto e Traváglia<br />

— e os rios Barra Seca, Ibiriba e Pau Atravessado.<br />

Alguns desses cursos d’água são perenes, como os<br />

rios Pau Atravessado e Barra Seca e o córrego João<br />

Pedro, enquanto outros são intermitentes. Segundo<br />

esse mesmo autor, há ainda a lagoa do Macuco,<br />

cujo lado sul compõe um dos limites da RNV e o<br />

lado norte fica junto à Rebio de Sooretama. O autor<br />

também destacou uma grande área alagável no<br />

entorno, formada por brejos, matas de várzea e<br />

matas ciliares.<br />

A ictiofauna da Reserva Natural Vale<br />

As drenagens que fluem pelos domínios do<br />

bioma da Mata Atlântica abrigam elevada riqueza<br />

de espécies de peixes, a qual foi estimada em<br />

269 espécies que se distribuem em 89 gêneros<br />

e 21 famílias (Abilhoa et al., 2011). Os maiores<br />

aglomerados urbanos do país estão nesse bioma,<br />

que associado à ampla supressão da vegetação<br />

resultou em impactos antropogênicos intensos e<br />

negativos na maioria das drenagens (Menezes et al.,<br />

1990; Menezes et al., 2007; Miranda, 2012; Reis,<br />

2013). Essas condições afetaram adversamente<br />

os peixes que ocorrem no bioma, resultando em<br />

muitas estarem ameaçadas de extinção (MMA,<br />

2014).<br />

O primeiro relato sobre peixes nos limites<br />

da RNV se refere à descrição de Xenurolebias<br />

izecksohni (= Cynolebias izecksohni) (Cruz,1983).<br />

A espécie é endêmica da bacia do rio Barra Seca,<br />

e tanto os exemplares tipo como todos os demais<br />

coletados mais recentemente foram obtidos em<br />

regiões alagadas que formam áreas abertas dentro<br />

da floresta, ambiente conhecido como Nativo do<br />

Canto Grande (Costa & Amorim, 2014). Essa<br />

espécie está listada oficialmente como ameaçada de<br />

extinção (Vieira & Gasparini, 2007; MMA, 2014).<br />

Entretanto, em função de todos os registros da<br />

espécie terem sido feitos dentro da área protegida<br />

pela RNV, Costa & Amorim (2014) consideraram<br />

que é improvável que a mesma esteja ameaçada de<br />

extinção.<br />

Outras três espécies foram descritas com base<br />

em exemplares obtidos na bacia do rio Barra Seca:<br />

Otothyris travassosi Garavello, Britski & Schaefer,<br />

1998; Australoheros capixaba Ottoni, 2010 e<br />

Microglanis minutus Ottoni, Mattos & Barbosa<br />

2010, sendo que que as duas primeiras possuem<br />

370


VIEIRA<br />

PEIXES<br />

Tabela 1: Lotes com material testemunho depositados na Coleção de Peixes do Museu de Zoologia da Unicamp<br />

(ZUEC-PIS) e a determinação taxonômica final adotada nesse capítulo.<br />

Número de Identificação constando Sarmento-Soares & Nome adotado após<br />

catálogo ZUEC-PIS na ZUEC (agosto/2016) Martins-Pinheiro, 2014 conferência Flávio C. T.<br />

Lima - ZUEC<br />

3587<br />

4089, 6766<br />

3594, 3595<br />

3579, 3580, 3581<br />

3586, 5554<br />

3582<br />

3585<br />

3583<br />

3584<br />

3589, 3590<br />

3591, 6767<br />

3599<br />

3596<br />

3597, 3598<br />

3592<br />

3593<br />

Astyanax scabripinnis<br />

Astyanax sp.<br />

Erythrinus erythrinus<br />

Geophagus brasiliensis<br />

Hoplerythrinus unitaeniatus<br />

Hoplias malabaricus<br />

Hyphessobrycon bifasciatus<br />

Hyphessobrycon sp.<br />

Hyphessobrycon sp.<br />

Mimagoniates microlepis<br />

Moenkhausia doceana<br />

Otothyris sp.<br />

Phalloceros sp.<br />

Phalloptychus januarius<br />

Pimelodella cf. lateristriga<br />

Poecilia sp.<br />

Astyanax aff. intermedius<br />

Astyanax aff. intermedius<br />

Hoplerythrinus unitaeniatus<br />

Geophagus brasiliensis<br />

Hoplerythrinus unitaeniatus<br />

Hoplias aff. malabaricus<br />

Hyphessobrycon bifasciatus<br />

Hyphessobrycon sp. sensu Carvalho<br />

Hyphessobrycon bifasciatus<br />

Mimagoniates microlepis<br />

Moenkhausia doceana<br />

Otothyris travassosi<br />

Phalloceros ocellatus<br />

Phalloceros ocellatus<br />

Pimelodella aff. vittata<br />

Poecilia vivipara<br />

Astyanax spp.<br />

Astyanax spp.<br />

Erythrinus erythrinus<br />

Geophagus brasiliensis<br />

Hoplerythrinus unitaeniatus<br />

Hoplias malabaricus<br />

Hyphessobrycon bifasciatus<br />

Hyphessobrycon sp.<br />

Hyphessobrycon sp.<br />

Mimagoniates microlepis<br />

Moenkhausia vittata<br />

Otothyris travassosi<br />

Phalloceros ocellatus<br />

Phalloceros ocellatus<br />

Pimelodella sp.<br />

Poecilia vivipara<br />

registros confirmados na RNV.<br />

Embora Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro<br />

(2014) tenham indicado a necessidade de estudos<br />

adicionais, M. minutus foi tratado como um sinônimo<br />

júnior de M. pataxo, descrito originalmente para os<br />

rios do extremo sul da Bahia (Sarmento-Soares<br />

et al., 2006). Deve-se ainda considerar que<br />

existe uma incoerência na indicação geográfica do<br />

material tipo, pois as coordenadas (18°34,953’ S /<br />

40°26,115’ W) disponíveis na publicação original<br />

de Ottoni et al. (2010) se referem a um curso<br />

d’água do alto rio São Mateus e não na bacia do rio<br />

Barra Seca.<br />

A avaliação mais abrangente sobre peixes da<br />

RNV foi apresentada no Plano Diretor de Uso da<br />

Reserva Florestal de Linhares (Cepemar, 1998).<br />

A relação disponibilizada incluiu 25 espécies<br />

de peixes, embora algumas delas se refiram a<br />

identificações errôneas. No trabalho não estão<br />

indicados os locais de coleta, ou mesmo aquelas<br />

espécies que haviam sido efetivamente registradas<br />

e as que representavam dados secundários. Como<br />

existem lotes depositados na Coleção de Peixes<br />

do Museu de Zoologia da Unicamp (ZUEC-PIS)<br />

foi possível a recuperação e correção de parte da<br />

informação (Tabela 1). Para as demais espécies<br />

adotou-se procedimento mais restritivo, sendo<br />

consideradas passíveis de ocorrência na RNV<br />

somente aquelas que também constam em<br />

Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro (2014) e<br />

demais trabalhos consultados.<br />

A listagem de peixes incluída nesse capítulo<br />

(Tabela 2) relaciona pelo menos 20 espécies<br />

(algumas ilustradas na Figura 3), parte das quais<br />

ainda necessitando confirmação taxonômica.<br />

Esse número representa cerca de 50% das<br />

espécies de peixes de água doce inventariadas<br />

para a bacia do rio Barra Seca (Sarmento-Soares<br />

& Martins-Pinheiro, 2014), evidenciando que há<br />

necessidade de um levantamento mais detalhado<br />

dentro da RNV. Essa condição fica mais evidente<br />

quando se observa que além de se referirem a<br />

registros históricos, são poucos os pontos de<br />

amostragem explorados dentro da RNV (Figura<br />

2). Áreas amostradas mais recentemente<br />

representam a busca de uma espécie em<br />

particular, nesse caso Xenurolebias izecksohni<br />

(Costa & Amorim, 2014).<br />

A maioria das espécies é de pequeno a<br />

médio porte, nativa e tem distribuição ampla<br />

na drenagem do rio Barra Seca e também em<br />

outras adjacentes, como as do São Mateus e<br />

Doce. Quatro espécies são exóticas à drenagem<br />

(Prochilodus sp., Poecilia reticulata, Pygocentrus<br />

nattereri e Cichla kelberi). As duas últimas são<br />

piscívoras de médio a grande porte e podem<br />

causar impactos negativos e significativos sobre<br />

a ictiofauna nativa, demostrando que mesmo<br />

áreas protegidas não são capazes de impedir a<br />

disseminação dessas espécies.<br />

3 7 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 2: Lista dos peixes da Reserva Natural Vale - RNV e da bacia do rio Barra Seca, baseada nas informações disponíveis em Cepemar (1998), Sarmento-Soares & Martins-<br />

Pinheiro (2014) e dados de museus (ver legenda e materiais e métodos para detalhes).<br />

Ordem Família Espécie Autor Registro Sarmento-Soares<br />

na RNV & Martins-Pinheiro, 2014<br />

Cabeceira Meio Baixo<br />

Characiformes<br />

Cyprinodontiformes<br />

Gymnotiformes<br />

Perciformes<br />

Siluriformes<br />

Anostomidae<br />

Characidae<br />

Crenuchidae<br />

Curimatidae<br />

Erythrinidae<br />

Prochilodontidae<br />

Rivulidae<br />

Poeciliidae<br />

Gymnotidae<br />

Cichlidae<br />

Auchenipteridae<br />

Callichthyidae<br />

Heptapteridae<br />

Loricariidae<br />

Leporinus copelandii<br />

Astyanax aff. intermedius<br />

Astyanax aff. lacustris<br />

Astyanax aff. taeniatus<br />

Astyanax spp.<br />

Hyphessobrycon bifasciatus<br />

Hyphessobrycon sp.<br />

Mimagoniates microlepis<br />

1<br />

Moenkhausia vittata<br />

Oligosarcus acutirostris<br />

Pygocentrus nattereri<br />

2<br />

Characidium sp. “cricaré”, sp. n<br />

Cyphocharax gilbert<br />

Hoplerythrinus unitaeniatus<br />

Erythrinus erythrinus<br />

Hoplias malabaricus<br />

3<br />

Prochilodus sp.<br />

4<br />

Xenurolebias izecksohni<br />

Phalloceros ocellatus<br />

Poecilia reticulata<br />

Poecilia vivipara<br />

Gymnotus aff. pantherinus<br />

5<br />

Gymnotus sp.<br />

Australoheros capixaba<br />

Cichla kelberi<br />

Geophagus brasiliensis<br />

Trachelyopterus striatulus<br />

Aspidoras virgulatus<br />

Callichthys callichthys<br />

Corydoras nattereri<br />

Hoplosternum littorale<br />

Scleromystax prionotos<br />

Acentronichthys leptos<br />

6<br />

Pimelodella sp.<br />

Rhamdia sp.<br />

Hypostomus scabriceps<br />

Otothyris travassosi<br />

Parotocinclus doceanus<br />

Pogonopoma wertheimeri<br />

Steindachner, 1875<br />

Eigenmann, 1908<br />

(Lütken, 1875)<br />

(Jenyns, 1842)<br />

-<br />

Ellis, 1911<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

-<br />

(Steindachner, 1877)<br />

(Castelnau, 1855)<br />

Menezes, 1987<br />

Kner, 1858<br />

(Quoy & Gaimard, 1824)<br />

(Spix & Agassiz, 1829)<br />

(Bloch & Schneider, 1801)<br />

(Cruz, 1983)<br />

Lucinda, 2008<br />

Peters, 1859<br />

Bloch & Schneider, 1801<br />

(Steindachner, 1908)<br />

Ottoni, 2010<br />

Kullander & Ferreira, 2006<br />

(Quoy & Gaimard, 1824)<br />

Steindachner, 1877<br />

Nijssen & Isbrücker, 1980<br />

(Linnaeus, 1758)<br />

Steindachner, 1877<br />

(Hancock, 1828)<br />

(Nijssen & Isbrücker, 1980)<br />

Eigenmann and Eigenmann, 1889<br />

-<br />

-<br />

(Eigenmann & Eigenmann, 1888)<br />

Garavello, Britski & Schaefer, 1998<br />

(Ribeiro, 1918)<br />

(Steindachner, 1867)<br />

- - - X<br />

- X X X<br />

- X X X<br />

- - X X<br />

X - - -<br />

X - - X<br />

X X - X<br />

X - - X<br />

X - - X<br />

- X X -<br />

X - - X<br />

- - - X<br />

- - X X<br />

X - - X<br />

X - - -<br />

X X X X<br />

X - - X<br />

X - - X<br />

X - - X<br />

- X X -<br />

- X X X<br />

X - - X<br />

X X X X<br />

X - - X<br />

X - - X<br />

X X X X<br />

- - X X<br />

- - - X<br />

X - - X<br />

- - - X<br />

- - - X<br />

- - - X<br />

- - - X<br />

X X X X<br />

- - X X<br />

- - - X<br />

X - - X<br />

- - - X<br />

- - - X<br />

372


VIEIRA<br />

PEIXES<br />

Ordem Família Espécie Autor Registro Sarmento-Soares<br />

na RNV & Martins-Pinheiro, 2014<br />

Cabeceira Meio Baixo<br />

- - - X<br />

- - - X<br />

- X X X<br />

- - - X<br />

Sarmento-Soares, Martins-Pinheiro, Aranda & Chamon, 2006<br />

Sarmento-Soares, Martins-Pinheiro, Aranda & Chamon, 2006<br />

Sarmento-Soares, Martins-Pinheiro, Aranda & Chamon, 2005<br />

Bloch, 1795<br />

Microglanis pataxo<br />

Ituglanis cahyensis<br />

Trichomycterus pradensis<br />

Synbranchus marmoratus<br />

Pseudopimelodidae<br />

Trichomycteridae<br />

Siluriformes<br />

Synbranchidae<br />

Synbranchiformes<br />

20 11 14 39<br />

TOTAL<br />

Nome usado em Cepemar (1998) e/ou Nome adotado nesse capítulo com a indicação da literatura usada para esse procedimento<br />

Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro (2014)<br />

1) Moenkhausia doceana Moenkhausia vittata, segundo Silva & Malabarba (2016)<br />

2) Characidium aff. fasciatum Characidium sp. “cricaré” nova espécie, segundo Lopes (2015)<br />

3) Prochilodus vimboides Prochilodus sp., podendo ser P. lineatus ou P. costatus, baseado na foto em Sarmento-Soares & Martins-Pinheiro (2014) e contato com os respectivos autores<br />

4) Xenurolebias myersi Xenurolebias izecksohni, segundo Costa & Amorim (2014)<br />

5) Gymnotus carapo Gymnotus sp., baseado em Albert & Crampton (2003)<br />

6) Pimelodella aff. vittata Pimelodella sp., baseado em Eschmeyer & Fong (2016)<br />

Espécie exótica<br />

Figura 3: Exemplos de espécies que ocorrem dentro dos<br />

limites da RNV. A) A piaba Hyphessobrycon bifasciatus;<br />

B) A traíra Hoplias malabaricus; C) O barrigudinho<br />

Phalloceros ocellatus; D) O sarapó Gymnotus sp.; E) O<br />

cará Geophagus brasiliensis e F) O cascudinho Otothyris<br />

travassosi. Fotos: Fábio Vieira.<br />

A<br />

B<br />

C<br />

D<br />

E<br />

F<br />

3 7 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

374<br />

Conservação da ictiofauna na<br />

Reserva Natural Vale<br />

A RNV abriga uma fração expressiva da ictiofauna<br />

do rio Barra Seca, a qual deverá se mostrar ainda<br />

mais diversificada após inventário detalhado. A<br />

RNV ainda é responsável por manter as únicas<br />

localidades com registros atuais da ocorrência de<br />

Xenurolebias izecksohni, uma espécie ameaçada<br />

de extinção e com distribuição conhecida exclusiva<br />

à área da RNV. Ainda que essas características<br />

chamem a atenção, deve-se destacar que as<br />

informações aqui incluídas são muito limitadas e se<br />

referem somente à presença das espécies e não a<br />

aspectos populacionais e de distribuição espacial,<br />

que podem ser diferentes entre as áreas internas<br />

e preservadas da RNV e as externas amplamente<br />

alteradas.<br />

A RNV apresenta um desenho bastante<br />

recortado (Figura 2), o que por si só não é<br />

desejável do ponto de vista da conservação.<br />

Adicionalmente vários cursos d’água que drenam<br />

a unidade possuem suas nascentes ou parte de<br />

seus cursos localizados em áreas particulares<br />

externas. Esses dois fatores associados tornam<br />

a conservação da ictiofauna mais complexa e<br />

difícil. Bons exemplos são as várias barragens<br />

construídas e as atividades agropastoris<br />

desenvolvidas nas áreas contíguas, cujos impactos<br />

(p. ex. disseminação de espécies exóticas,<br />

carreamento de insumos agrícolas, entre outros)<br />

para os ambientes aquáticos podem estar se<br />

refletindo na ictiofauna. Esses problemas foram<br />

elencados para a Rebio de Sooretama (Sarmento-<br />

Soares & Martins-Pinheiro, 2014) e também<br />

se expressam de forma similar nos parques<br />

nacionais do Descobrimento e Pau Brasil, no sul<br />

da Bahia (obs. pes.). As opções para contornar<br />

esses problemas são as mesmas e vão desde o<br />

ideal, com a ampliação dos limites para incluir as<br />

drenagens em sua totalidade, até o manejo com<br />

limitação e uso adequado das propriedades de<br />

entorno.<br />

Apesar de estarem presentes alguns elementos<br />

indesejáveis para a conservação dos peixes, é<br />

inegável que pela RNV estar inserida em uma matriz<br />

ambiental extremamente alterada, certamente<br />

representa uma fonte atual e futura para dispersão,<br />

colonização e repovoamento de áreas onde<br />

populações de peixes tenham sido afetadas ou<br />

suprimidas na bacia do rio Barra Seca.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

A Samir G. Rolim pelo convite e oportunidade<br />

para escrever esse capítulo e não menos pela sua<br />

extrema paciência em aguardar sempre um pouco<br />

mais pela entrega do manuscrito. A Flávio C. T.<br />

Lima pela confirmação da identificação de algumas<br />

espécies com lotes depositados na Coleção de Peixes<br />

do Museu de Zoologia da Unicamp (ZUEC-PIS). Ao<br />

Centro de Referência em Informação Ambiental, Cria<br />

(http://www.cria.org.br/); ao Sistema Brasileiro de<br />

Informações sobre Biodiversidade de Peixes, Museu<br />

Nacional, UFRJ (http://www.mnrj.ufrj.br/search.<br />

htm) e a California Academy of Sciences, Catalog<br />

of Fishes (http://researcharchive.calacademy.org/<br />

research/ichthyology/catalog/fishcatmain.asp)<br />

pela possibilidade de acesso irrestrito aos bancos de<br />

dados sobre espécies de peixes. Ao Banco de Dados<br />

Geográfico do Exército – BDGEx (http://www.<br />

geoportal.eb.mil.br/mediador) pela disponibilização<br />

dos dados das cartas topográficas em formato digital.<br />

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3 7 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Método empregado para sua prospecção e para o<br />

estabelecimento de área mínima para a perpetuação<br />

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376


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

23<br />

Célio<br />

ANFÍBIOS ANUROS NA <strong>RESERVA</strong><br />

<strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong> E SEU ENTORNO:<br />

INVENTÁRIO FAUNÍSTICO E<br />

SUMÁRIO ECOLÓGICO<br />

João Luiz Gasparini, Antonio de Pádua Almeida, Cinthia Brasileiro &<br />

F. B. Haddad<br />

INTRODUÇÃO<br />

O conhecimento da fauna de anfíbios da Mata<br />

Atlântica foi intensificado e melhor difundido a<br />

partir do início da década de 1990 com a publicação<br />

de inventários em forma de guias e livros contendo<br />

notas sobre a história natural das espécies (Heyer<br />

et al., 1990; Haddad & Sazima, 1992; Feio et al.,<br />

1998; Bertoluci, 2001; Izecksohn & Carvalho-e-<br />

Silva, 2001; Ramos & Gasparini, 2004; Eterovick<br />

& Sazima, 2004; Pombal & Gordo, 2004; Freitas<br />

& Silva, 2005; Haddad et al., 2008; Cruz et al.,<br />

2009; Freitas, 2011; Gasparini, 2012; Haddad<br />

et al., 2013; Pimenta et al., 2014, entre outros).<br />

Entretanto, mesmo com esses trabalhos, muitas<br />

lacunas de conhecimento ainda persistem,<br />

inclusive em importantes áreas protegidas na<br />

Mata Atlântica.<br />

A primeira menção ao Espírito Santo em<br />

estudos herpetológicos se deu com a descrição da<br />

espécie Phyllodytes luteolus a partir de exemplares<br />

coletados na atual vila de Regência, em Linhares, no<br />

norte do estado, pelo naturalista alemão Príncipe<br />

Maximilian zu Wied-Neuwied (Wied-Neuwied,<br />

1824). O botânico francês Augustin François<br />

César Prouvençal de Saint-Hilaire, que percorreu<br />

grande parte da costa brasileira entre 1816 a<br />

1822, e Charles Frederick Hartt, que participou da<br />

Expedição Thayer, dirigida pelo lendário zoólogo<br />

suíço Jean Louis Rodolphe Agassiz, entre 1865<br />

e 1866, também mencionaram a exuberância<br />

da floresta (Saint-Hilaire, 1974) [(sem paralelo,<br />

“nem mesmo no Pará”, segundo Hartt (1941)] e<br />

a diversidade e abundância da fauna do Espírito<br />

Santo, embora não mencionassem especificamente<br />

os anfíbios.<br />

Somente no século passado surgiram na<br />

literatura os primeiros relatos sobre a anurofauna<br />

da região norte do Espírito Santo (Carvalho,<br />

1948; Travassos & Freitas, 1948; Travassos et<br />

al., 1959; Aguirre, 1951; Bokermann, 1952;<br />

Ruschi, 1954; Travassos et al., 1964; Ruschi,<br />

1978; Ruschi, 1980). Werner Carlos Augusto<br />

Bokermann, a partir de 1966, foi responsável<br />

pelo primeiro estudo realizado com o objetivo<br />

de mapear a ocorrência de anfíbios anuros na<br />

região do bloco florestal do Refúgio Sooretama e<br />

cercanias, reportando a ocorrência de 23 espécies<br />

nesta área (Bokermann, 1966a). Posteriormente,<br />

ele descreveu quatro novas espécies de anfíbios<br />

a partir de exemplares coletados na região:<br />

Sphaenorhynchus palustris, Physalemus aguirrei<br />

e Physalemus obtectus, Allobates capixaba<br />

(Bokermann, 1966b; Bokermann, 1966c;<br />

Bokermann, 1967, respectivamente).<br />

Ainda no século passado, expedições<br />

organizadas pelo Professor Eugenio Izecksohn e<br />

seus então alunos (Oswaldo Luiz Peixoto, Carlos<br />

3 7 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Alberto Gonçalves da Cruz e Sergio Potsch de<br />

Carvalho-e-Silva) encontraram e descreveram<br />

espécies de anuros ainda desconhecidas pela<br />

ciência, como o sapo-chifrudo (Proceratophrys<br />

laticeps), descoberto e descrito a partir de material<br />

coletado na Reserva Natural Vale (RNV) (Izecksohn<br />

& Peixoto, 1981), e a perereca (Scinax agilis),<br />

descoberta em uma área de “nativo”, lindeira à<br />

RNV (Cruz & Peixoto, 1982). Mais recentemente,<br />

outras espécies, como Leptodactylus thomei<br />

(Almeida & Angulo, 2006), Rhinella hoogmoedi<br />

(Caramaschi & Pombal, 2006) e Chiasmocleis<br />

quilombola (Tonini et al., 2014), também foram<br />

descritas envolvendo exemplares coletados na<br />

região de Linhares.<br />

Para a RNV, situada no norte do Espírito Santo,<br />

estudos pontuais referentes a amostragens por<br />

curtos períodos de tempo ou à descrição de novas<br />

espécies reúnem a maior parte dos registros, alguns<br />

dos quais carecem de espécimes-testemunho em<br />

coleções científicas. Paradoxalmente, a região de<br />

Linhares e Sooretama, onde está situada a RNV,<br />

é uma das áreas mais frequentemente visitadas<br />

por herpetólogos devido às facilidades e ótima<br />

infraestrutura encontradas. Isso permitiu o acúmulo<br />

de informações importantes para o diagnóstico da<br />

diversidade de espécies presentes na região (Nelson<br />

& Lescure, 1975; Pombal & Haddad, 1992; Dias<br />

& Cruz, 1993; Giaretta, 1996; Eterovick, 1999;<br />

Duryea et al., 2009; Dias et al., 2013; Tonini et al.,<br />

2014 ). Tais informações, associadas a amostragens<br />

de longa duração realizadas recentemente – e<br />

ainda em andamento em algumas áreas – e a<br />

registros realizados pelas equipes que atuam no<br />

grande remanescente vegetacional formado pela<br />

RNV e pela Reserva Biológica de Sooretama (RBS),<br />

permitem traçar um panorama mais abrangente da<br />

anurofauna da região, que representa um dos mais<br />

importantes maciços florestais do Corredor Central<br />

da Mata Atlântica, o Bloco Linhares-Sooretama, que<br />

integra uma das áreas prioritárias para realização de<br />

pesquisas e conservação da biota do bioma Mata<br />

Atlântica (Ministério do Meio Ambiente et al.,<br />

2000).<br />

A partir de 2003, teve início um inventário<br />

de longa duração da anurofauna da RBS (Almeida<br />

& Gasparini, 2009) e, recentemente, a partir de<br />

2012, também na RNV. No presente trabalho é<br />

apresentada a lista comentada da anurofauna da<br />

RNV e adjacências, incluindo a RBS, a partir dos<br />

resultados obtidos em campo e da compilação das<br />

informações disponíveis na literatura e em coleções<br />

científicas.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Expedições a campo foram realizadas na RNV,<br />

entre 2012 e 2015, para registrar a ocorrência de<br />

espécies de anfíbios. Para isso, foram instaladas<br />

armadilhas de intercepção e queda com cercasguia<br />

(pitfall traps with drift fences) em diferentes<br />

ambientes (florestas, campos nativos e bordas de<br />

áreas alagadas) (Heyer et al., 1994, Greenberg<br />

et al., 1994). Foi utilizada também a técnica<br />

de procura visual ativa (Campbell & Christman,<br />

1982) nos mesmos locais de instalação das<br />

armadilhas e em pontos adicionais escolhidos<br />

aleatoriamente.<br />

Dados provenientes de inventários de longa<br />

duração realizados na RBS, entre 2003 e 2012,<br />

utilizando os mesmos métodos adotados na RNV,<br />

em diferentes pontos e tipos de ambientes, foram<br />

também considerados no presente estudo, uma<br />

vez que as duas áreas representam um maciço<br />

vegetacional contíguo.<br />

Adicionalmente, foram realizados<br />

levantamentos dos exemplares coletados na<br />

região de Linhares e/ou Sooretama (ressaltando<br />

que este último foi emancipado de Linhares em<br />

1994) e que estão depositados em coleções<br />

científicas (Museu de Biologia Professor Mello<br />

Leitão – MBML, atualmente em transição para<br />

se tornar o Instituto Nacional da Mata Atlântica,<br />

situado em Santa Teresa/ES; Museu Nacional<br />

Rio de Janeiro - MNRJ/RJ; Coleção “Eugenio<br />

Izecksohn” - EI, da Universidade Federal Rural do<br />

Rio de Janeiro, em Seropédica/RJ; e Coleção “Célio<br />

Fernando Baptista Haddad” - CFBH, depositada<br />

na Universidade Estadual Paulista, em Rio Claro/<br />

SP). Foi também realizada uma minuciosa busca<br />

nas principais coleções herpetológicas do Brasil<br />

cujos registros estão disponíveis na plataforma<br />

SpeciesLink (Centro de Referência em Informação<br />

Ambiental - CRIA), que adicionou à presente<br />

listagem os registros existentes no Museu de<br />

Zoologia da Universidade Estadual de Campinas<br />

378


GASPARINI ET AL.<br />

ANFÍBIOS<br />

(Zuec), “Professor Adão José Cardoso”, em<br />

Campinas/SP.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Foram examinados em coleções zoológicas<br />

604 exemplares coletados na RNV e 189 na<br />

RBS, correspondendo a um total de 50 espécies<br />

(incluindo material testemunho decorrente dos<br />

inventários realizados pelos próprios autores).<br />

Por meio dos registros constantes na literatura<br />

científica, 40 anfíbios foram listados para a RNV e/<br />

ou para a RBS. Adicionalmente, 55 espécies foram<br />

registradas diretamente nos trabalhos de campo<br />

recentemente realizados na região. Somados,<br />

esses registros totalizaram 59 espécies com<br />

presença confirmada para a RNV e seu entorno<br />

imediato (Tabela 1). A grande maioria das espécies<br />

registradas (n = 53; 90%) é endêmica do bioma<br />

Mata Atlântica. Entre os táxons confirmados para<br />

a área de estudo, o sapinho-foguete (Allobates<br />

capixaba) é classificado como Criticamente em<br />

Perigo no estado do Espírito Santo (Gasparini et<br />

al., 2007). Esta mesma espécie e a rãzinha-dofolhiço<br />

(Leptodactylus cupreus) são classificadas<br />

como Deficiente em Dados na avaliação nacional,<br />

realizada pelo ICMBio em 2014 (MMA, 2014).<br />

As espécies confirmadas para a RNV e seu<br />

entorno imediato estão distribuídas em nove<br />

famílias, sendo Hylidae a mais numerosa, com<br />

32 espécies, seguida por Leptodactylidae, com<br />

11 espécies, Microhylidae, com sete espécies,<br />

Bufonidae, com quatro espécies, e Craugastoridae,<br />

Hemiphractidae, Ceratophryidae, Odontophrynidae<br />

e Aromobatidae, representadas cada uma por uma<br />

espécie.<br />

A maior parte das espécies registradas ocorre<br />

em ambientes florestais (36 espécies; 61%), 20<br />

espécies (34%) ocorrem em áreas brejosas abertas<br />

e três (5%) são restritas aos campos nativos.<br />

Várias espécies, entretanto, ocorrem também nas<br />

zonas de contato entre os diferentes ambientes<br />

amostrados (Tabela 1).<br />

Os anfíbios anuros apresentam uma grande<br />

diversidade de modos reprodutivos, que vão<br />

da oviposição em ambientes lênticos, com a<br />

existência de uma fase larval aquática, até o<br />

desenvolvimento direto, sem a fase larval (Haddad<br />

& Prado, 2005). Dos 39 modos reprodutivos<br />

reconhecidos por Haddad & Prado (2005), 12<br />

(31%) estão presentes entre as espécies com<br />

ocorrência confirmada para a região estudada.<br />

Isso traduz proporcionalmente a alta riqueza de<br />

micro ambientes disponíveis na RNV e em seu<br />

entorno, o que possibilita condições favoráveis<br />

para a reprodução e a ocorrência das espécies ali<br />

encontradas.<br />

Nas coleções consultadas, há registros de<br />

seis espécies de anfíbios coletados no município<br />

de Linhares que ainda não foram encontradas<br />

na área da RNV: Pipa carvalhoi, Hypsiboas<br />

crepitans, Phyllomedusa rohdei, Trachycephalus<br />

nigromaculatus, Macrogenioglottus alipioi e<br />

Thoropa miliaris. O hilídeo Hypsiboas crepitans é<br />

tipicamente encontrado em ambientes lênticos<br />

em áreas abertas e seus registros atualmente<br />

correspondem a áreas mais altas do município de<br />

Linhares. Sua ocorrência na área da RNV é possível,<br />

considerando a presença de áreas abertas. A rã<br />

Thoropa miliaris habita preferencialmente lajões<br />

rochosos à margem de riachos ou filetes de<br />

água sobre rochas em ambientes florestados.<br />

Desta forma, sua ocorrência na região pode<br />

estar limitada às porções mais internas da<br />

RBS, embora possa estar presente também em<br />

locais ainda não explorados na RNV. As demais<br />

espécies mencionadas provavelmente ocorrem<br />

na RNV, que apresenta ambientes semelhantes<br />

aos encontrados em áreas nas quais elas foram<br />

registradas. Além disso, é plausível que ocorram<br />

novos registros e, talvez, a descoberta de<br />

espécies ainda não descritas com a continuidade<br />

das pesquisas de médio e longo prazo em<br />

desenvolvimento na região.<br />

Cerca de 40% das espécies de anfíbios<br />

com ocorrência registrada no Espírito Santo<br />

(Almeida et al., 2011) estão presentes no Bloco<br />

Linhares-Sooretama. Desta forma, a região<br />

representa uma área extremamente importante<br />

para a conservação dos anfíbios no estado e<br />

no Corredor Central da Mata Atlântica como<br />

um todo. Considerando o grau de devastação<br />

das regiões circundantes, o maciço florestal<br />

composto pela RNV e pela RBS representa ainda<br />

uma importante matriz para a recuperação de<br />

áreas vizinhas atualmente degradadas.<br />

3 7 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 1: Anfíbios registrados na Reserva Natural Vale (RNV) e entorno imediato. A coluna “L” representa registros obtidos a partir da literatura, a coluna “C”<br />

representa registros nas coleções examinadas e a coluna “O” representa observações diretas realizadas na RNV e/ou na RBS.<br />

FAMÍLIA / Espécie L C O Modo Reprodutivo Ambiente na RNV Distribuição Geográfica<br />

(Endemismo)<br />

CRAUGASTORIDAE<br />

Haddadus binotatus (Spix, 1824) X X X Desenvolvimento direto de ovos terrestres Serapilheira na floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 1)<br />

HEMIPHRACTHIDAE<br />

Gastrotheca megacephala Izecksohn,<br />

Carvalho-e-Silva & Peixoto, 2009 X X Ovos carregados em bolsa dorsal da fêmea. Bromélias nas áreas de Nativo Mata Atlântica<br />

Desenvolvimento direto em miniaturas do adulto e borda de floresta<br />

HYLIDAE<br />

Aparasphenodon brunoi Miranda-Ribeiro, 1920 X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Bromélias ou ocos de árvores na floresta Mata Atlântica<br />

Dendropsophus anceps (Lutz, 1929) X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos em áreas abertas Mata Atlântica<br />

Dendropsophus berthalutzae (Bokermann, 1962) X X Após a eclosão, girinos que caem em água parada Poças temporárias na floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 2)<br />

Dendropsophus bipunctatus (Spix, 1824) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos em áreas abertas Mata Atlântica<br />

Dendropsophus branneri (Cochran, 1948) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos em áreas abertas Mata Atlântica e outros biomas<br />

(Figura 3)<br />

Dendropsophus elegans (Wied-Neuwied, 1824) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos em áreas abertas Mata Atlântica<br />

(Figura 4)<br />

Dendropsophus giesleri (Mertens, 1950) X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Poças temporárias na borda de floresta Mata Atlântica<br />

Dendropsophus haddadi (Bastos & Pombal, 1996) X X Após eclosão, girinos exotróficos Brejos na borda de floresta Mata Atlântica<br />

que caem em água parada<br />

Dendropsophus gr. microcephalus X X Após eclosão, girinos exotróficos Brejos Mata Atlântica<br />

que caem em água parada<br />

Dendropsophus minutus (Peters, 1872) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos em áreas abertas Todos os Biomas do Brasil<br />

Dendropsophus seniculus (Cope, 1868) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos em borda de floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 5)<br />

Hypsiboas albomarginatus (Spix, 1824) X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos em áreas abertas Mata Atlântica<br />

Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos em áreas abertas Mata Atlântica<br />

(Figura 6) ou ovos e estágios larvais iniciais em pequenas<br />

piscinas naturais ou escavadas pelos machos.<br />

Após inundação, girinos exotróficos em<br />

poças ou riachos.<br />

Hypsiboas pombali (Caramaschi, Pimenta & Feio, 2004) X X X Ovos e girinos exotróficos em água Poças temporárias Mata Atlântica<br />

(Figura 7) parada e/ou corrente no interior da floresta<br />

380


GASPARINI ET AL.<br />

ANFÍBIOS<br />

FAMÍLIA / Espécie L C O Modo Reprodutivo Ambiente na RNV Distribuição Geográfica<br />

(Endemismo)<br />

Hypsiboas semilineatus (Spix, 1824) X X X Ovos e girinos exotróficos em água Brejos em áreas abertas Mata Atlântica<br />

(Figura 10) parada e/ou corrente<br />

Itapotihyla langsdorffii (Duméril & Bibron, 1841) X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos na borda de floresta Mata Atlântica<br />

Phyllodytes kautskyi Peixoto & Cruz, 1988 X Ovos e girinos exotróficos em água Bromélias de grande porte na floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 8) acumulada em bromélias<br />

Phyllodytes luteolus (Wied-Neuwied, 1824) X X X Ovos e girinos exotróficos em água Bromélias terrestres no Nativo Mata Atlântica<br />

(Figura 9) acumulada em bromélias<br />

Phyllomedusa bahiana Lutz, 1925 X X Após eclosão, girinos exotróficos Brejos na borda de floresta Mata Atlântica<br />

que caem em água parada<br />

Phyllomedusa burmeisteri Boulenger, 1882 X X X Após eclosão, girinos exotróficos Brejos na borda de floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 11) que caem em água parada<br />

Pseudis fusca Garman, 1883 X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos em áreas abertas Mata Atlântica<br />

Scinax agilis (Cruz & Peixoto, 1983) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Bromélias no Nativo Mata Atlântica<br />

(Figura 12)<br />

Scinax alter (Lutz, 1973) X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos em áreas abertas Mata Atlântica<br />

(Figura 13)<br />

Scinax argyreornatus (Miranda-Ribeiro, 1926) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos na borda de floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 14)<br />

Scinax cuspidatus (Lutz, 1925) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Mata Atlântica<br />

Scinax eurydice (Bokermann, 1968) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos na borda de floresta Mata Atlântica<br />

Scinax fuscovarius (Lutz, 1925) X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Mata Atlântica e outros biomas<br />

(Figura 15)<br />

Sphaenorhynchus palustris Bokermann, 1966 X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos e lagoas em áreas abertas Mata Atlântica<br />

Sphaenorhynchus pauloalvini Bokermann, 1973 X X Após a eclosão, girinos exotróficos Brejos na borda de floresta Mata Atlântica<br />

que caem em água parada<br />

Sphaenorhynchus planicola (Lutz & Lutz, 1938) X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos e lagoas em áreas abertas Mata Atlântica<br />

Sphaenorhynchus prasinus Bokermann, 1973 X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos e lagoas em áreas abertas Mata Atlântica<br />

Trachycephalus mesophaeus (Hensel, 1867) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos na borda e no interior de floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 16)<br />

LEPTODACTYLIDAE<br />

Leptodactylus cupreus Caramaschi, Feio & X Ninho de espuma com ovos e desenvolvimento Brejos na borda de floresta Mata Atlântica<br />

São Pedro, 2008 inicial dos girinos em câmara subterrânea<br />

construída; após inundação, girinos exotróficos<br />

em água parada<br />

Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) X X X Ninho de espuma com ovos e desenvolvimento Margem de brejos e lagoas Todos os Biomas<br />

inicial dos girinos em câmara subterrânea em áreas abertas do Brasil<br />

construída; após inundação, girinos exotróficos<br />

em água parada<br />

3 8 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

FAMÍLIA / Espécie L C O Modo Reprodutivo Ambiente na RNV Distribuição Geográfica<br />

(Endemismo)<br />

Leptodactylus latrans (Steffen, 1815) X X X Ninho de espuma flutuante e girinos exotróficos Margem de brejos e lagoas Mata Atlântica e outros biomas<br />

em água parada em áreas abertas<br />

Leptodactylus aff. mystacinus X Ninho de espuma com ovos e desenvolvimento Brejos na borda e no interior de floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 17) inicial dos girinos em câmara subterrânea<br />

construída; após inundação girinos exotróficos<br />

em água parada<br />

Leptodactylus natalensis Lutz, 1830 X X Ninho de espuma flutuante em pequena piscina Brejos na borda e no interior de floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 18) construída; girinos exotróficos em água parada<br />

Leptodactylus spixi Heyer, 1983 X Ninho de espuma com ovos e desenvolvimento Brejos na borda e no interior de floresta Mata Atlântica<br />

inicial dos girinos em câmara subterrânea<br />

construída; após inundação girinos exotróficos<br />

em água parada<br />

Adenomera thomei (Almeida & Ângulo, 2006) X Ninho de espuma em câmara subterrânea Brejos na borda e no interior de floresta Mata Atlântica<br />

construída; girinos endotróficos completam<br />

desenvolvimento no ninho<br />

Physalaemus aguirrei Bokermann, 1966 X X X Ninho de espuma flutuante e girinos Brejos e poças no interior de floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 20) exotróficos em água parada<br />

Physalaemus crombiei Heyer & Wolf, 1989 X X Ninho de espuma flutuante ou na serapilheira Brejos e poças no interior de floresta Mata Atlântica<br />

úmida; girinos exotróficos em água parada<br />

Physalemus obtectus Bokermann, 1966 X X Ninho de espuma flutuante e girinos exotróficos Brejos e poças no interior de floresta Mata Atlântica<br />

em água parada<br />

Physalaemus signifer (Girard, 1853) X X Ninho de espuma flutuante ou na serapilheira Brejos e poças no interior de floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 19) úmida; girinos exotróficos em água parada<br />

CERATOPHRYIDAE<br />

Ceratophrys aurita (Raddi, 1823) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Brejos e poças no interior de floresta Mata Atlântica<br />

ODONTOPHRYNIDAE<br />

Proceratophrys laticeps Izecksohn & Peixoto, 1981 X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Riachos temporários no interior Mata Atlântica<br />

(Figura 21) e/ou corrente de floresta<br />

BUFONIDAE<br />

Rhinella crucifer (Wied-Neuwied, 1821) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Margem de brejos em áreas abertas Mata Atlântica<br />

(Figura 22) e/ou corrente<br />

Rhinella granulosa (Spix, 1824) X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Margem de brejos em áreas abertas Mata Atlântica e outros biomas<br />

(Figura 23)<br />

Rhinella hoogmoedi (Caramaschi & Pombal, 2006) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Poças temporárias no interior de floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 24)<br />

Rhinella schneideri (Werner, 1894) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Margem de brejos em áreas abertas Mata Atlântica e outros biomas<br />

(Figura 25) e/ou corrente<br />

382


GASPARINI ET AL.<br />

ANFÍBIOS<br />

FAMÍLIA / Espécie L C O Modo Reprodutivo Ambiente na RNV Distribuição Geográfica<br />

(Endemismo)<br />

AROMOBATIDAE<br />

Allobates capixaba (Bokermann, 1967) X X Serapilheira; ovos terrestres; girinos exotróficos Margem de brejos no interior de floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 26) carregados para água pelos adultos<br />

MICROHYLIDAE<br />

Arcovomer aff. passarelli Carvalho, 1954 X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Margem de brejos no interior de floresta Mata Atlântica<br />

Chiasmocleis capixaba Cruz, Caramaschi & X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Margem de brejos no interior de floresta Mata Atlântica<br />

Izecksohn, 1997<br />

Chiasmocleis quilombola Tonini, Forlani & Sá, 2014 X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Margem de brejos no interior de floresta Mata Atlântica<br />

Chiasmocleis schubarti Bokermann, 1952 X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Margem de brejos no interior de floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 27)<br />

Dasypops schirchi Miranda-Ribeiro, 1924 X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Floresta Mata Atlântica<br />

(Figura 28)<br />

Myersiella microps (Duméril & Bibron, 1841) X X X Desenvolvimento direto de ovos terrestres Serapilheira densa e úmida no interior Mata Atlântica<br />

Stereocyclops incrassatus Cope, 1870 de floresta<br />

(Figura 29) X X X Ovos e girinos exotróficos em água parada Margem de brejos no interior de floresta Mata Atlântica<br />

TOTAL 40 50 55<br />

3 8 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

PERSPECTIVAS FUTURAS PARA<br />

A CONSERVAÇÃO<br />

A importância bioecológica da região de<br />

Linhares e Sooretama para a conservação já era<br />

reconhecida desde o final da década de 1940<br />

(Travassos & Freitas, 1948; Aguirre, 1951),<br />

bem como as ameaças à época, claramente<br />

pontuadas por Travassos (1945): “Atualmente se<br />

faz uma grande devastação nas matas do norte<br />

do Estado. Dada a natureza do solo e escassez<br />

da água, somente acessível nas profundas<br />

ravinas, a destruição das florestas do planalto<br />

transformará esta bela região do nosso País em<br />

um semi deserto sujeito ao flagelo das secas e<br />

das enxurradas violentas. Infelizmente ainda<br />

não compreendemos que se possa explorar uma<br />

floresta sem destruí-la inteiramente, reduzindo a<br />

cinzas o que não for muito lucrativo transportar.<br />

O mau hábito de se reduzir a pastos pobres,<br />

pela ação brutal do fogo, extensas zonas do<br />

País está cada vez mais prejudicando o clima e<br />

reduzindo o rendimento do solo em função da<br />

área ocupada. Se não se cuidar, quanto antes,<br />

de impedir o arrasamento total do revestimento<br />

florestal do norte do Espírito Santo, em 50 anos<br />

o teremos transformado em um novo nordeste<br />

com as calamidades das secas e de enchentes<br />

das baixadas pelo rápido escoamento das águas.<br />

As profundas ravinas no fundo das quais correm<br />

diminutos córregos demonstram o violento efeito<br />

das águas nas épocas anteriores a formação<br />

do revestimento florestal, produto paciente do<br />

trabalho milenar da natureza, e que o homem<br />

procura, com auxílio do fogo, destruir em algumas<br />

décadas”.<br />

Infelizmente, as sombrias previsões<br />

profeticamente listadas por Travassos se<br />

concretizaram no norte do estado e a cobertura<br />

florestal remanescente no Bloco Linhares-<br />

Sooretama mostra a importância da região para<br />

manutenção da diversidade e conservação de<br />

anfíbios, corroborada pelo fornecimento de<br />

material utilizado na descrição de várias espécies<br />

de anfíbios na RNV e em seu entorno, desde<br />

1980.<br />

Atualmente, mesmo as espécies<br />

aparentemente protegidas no interior da<br />

floresta estão suscetíveis aos efeitos da<br />

antropização ocorrida em todo o entorno do<br />

Bloco Linhares-Sooretama. Neste sentido,<br />

ressalta-se que o efeito da fragmentação dos<br />

ambientes sobre a riqueza de espécies de<br />

anfíbios em diferentes áreas de Mata Atlântica<br />

é mais grave para aquelas que dependem da<br />

água para reprodução – a maioria das espécies<br />

–, as quais são mais sensíveis à fragmentação<br />

em função dos riscos associados à maior<br />

distância entre os fragmentos e os corpos<br />

d’água (Becker et al., 2007). Além disso, os<br />

córregos e os rios que umidificam o Bloco<br />

Linhares-Sooretama estão represados em<br />

sua maioria e, cada vez mais, disputados em<br />

suas porções a montante do grande bloco<br />

florestal para irrigação de lavouras, criação de<br />

rebanhos e aquicultura (Sarmento-Soares &<br />

Martins-Pinheiro, 2014). Um risco adicional<br />

é a contaminação por defensivos agrícolas e<br />

fertilizantes, os quais são utilizados em culturas<br />

no entorno da RNV e da RBS. Se carreados para<br />

os corpos d’água que atravessam estas áreas,<br />

esses químicos podem comprometer, a longo<br />

prazo, os ambientes reprodutivos de várias<br />

espécies de anfíbios. Desta forma, o novo<br />

desafio para a conservação dos anfíbios nesse<br />

grande bloco florestal está, portanto, centrado<br />

na gestão e qualidade da água dos córregos<br />

e dos rios que vertem para esse importante<br />

remanescente de Mata Atlântica.<br />

Figura 1: A rãzinha-do-folhiço ou rã-da-mata<br />

(Haddadus binotatus) habita o solo da mata de tabuleiro.<br />

Vive na serapilheira onde deposita seus ovos que se<br />

desenvolvem de forma direta. Foto: J. L. Gasparini.<br />

384


GASPARINI ET AL.<br />

ANFÍBIOS<br />

Figura 2: A pererequinha<br />

Dendropsophus<br />

berthalutzae habita a copa<br />

das árvores e deposita seus<br />

ovos em folhas e galhos<br />

que pendem sobre poças<br />

temporárias no interior da<br />

mata. Fotos: J. L. Gasparini.<br />

Figura 3: Casal da pererequinha Dendropsophus<br />

branneri em amplexo axilar sobre vegetação marginal<br />

em brejo na RNV. Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 4: Casal de perereca-de-moldura (Dendropsophus<br />

elegans) em amplexo axilar sobre vegetação marginal<br />

em brejo na RNV. Foto: J. L. Gasparini.<br />

3 8 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 5: Perereca-da-mata (Dendropsophus seniculus) - macho vocalizando e casal em amplexo axilar sobre<br />

vegetação. A espécie apresenta reprodução explosiva após as chuvas fortes na primavera e no verão. Foto: A. P.<br />

Almeida e J. L. Gasparini, respectivamente.<br />

Figura 6: Casal de perereca-paneleira ou sapo-ferreiro (Hypsiboas faber) em amplexo dentro de uma pequena<br />

piscina escavada pelo macho. Foto: J. L. Gasparini.<br />

386<br />

Figura 7: A perereca Hypsiboas pombali habita brejos e poças dentro de porções florestadas úmidas na RNV. Foto:<br />

J. L. Gasparini.


GASPARINI ET AL.<br />

ANFÍBIOS<br />

Figura 8: Perereca-das-bromélias (Phyllodytes kautskyi) - macho em vista lateral<br />

e dentro de bromélia arborícola, vocalizando para atrair alguma fêmea. Foto: J. L.<br />

Gasparini.<br />

Figura 9: A pererequinha-das-bromélias (Phyllodytes luteolus) habita bromélias terrestres onde passam todo o seu<br />

ciclo de vida. Foto: J. L. Gasparini.<br />

3 8 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 10: A perereca-cacarejo (Hypsiboas semilineatus) habita brejos em áreas abertas na RNV. Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 11: Macho da perereca-verde ou perereca-macaco (Phyllomedusa burmeisteri) empoleirado em seu sítio de<br />

vocalização na mata, sendo parasitado por um mosquito hematófago. Foto: J. L. Gasparini.<br />

388


GASPARINI ET AL.<br />

ANFÍBIOS<br />

Figura 12: A pererequinha Scinax agilis habita bromélias<br />

nos campos nativos da RNV. Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 13: A pererequinha Scinax alter, comum na<br />

vegetação marginal de brejos em áreas abertas da RNV.<br />

Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 14: Pererequinha Scinax argyreornatus - macho vocalizando e casal em amplexo axilar. Espécie comum que<br />

habita brejos em ambientes florestados da RNV. Foto: J. L. Gasparini.<br />

3 8 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 15: A perereca-de-banheiro (Scinax fuscovarius)<br />

habita brejos em áreas abertas da RNV. Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 16: A perereca-grudenta (Trachycephalus<br />

mesophaeus) flagrada ingerindo a própria pele morta.<br />

Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 17: A rã-da-mata<br />

(Leptodactylus aff. mystacinus)<br />

habita a serapilheira onde<br />

escava tocas para se abrigar<br />

e se reproduzir nos períodos<br />

chuvosos. Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 18: A rãzinha-pingo-dechuva<br />

(Leptodactylus natalensis)<br />

habita áreas lodosas nas<br />

margens de brejos em ambientes<br />

florestados. Foto: J. L. Gasparini.<br />

390


GASPARINI ET AL.<br />

ANFÍBIOS<br />

Figura 19: A rãzinha-seta (Physalemus signifer) habita o chão da mata e deposita seus ovos em ninhos de espuma<br />

dentro de pequenas poças d’água. Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 20: A rãzinha-do-folhiço (Physalaemus aguirrei)<br />

vive no denso tapete de folhas acumuladas no chão da<br />

mata. Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 21: A rãzinha-chifruda ou intanha-pequena<br />

(Proceratophrys laticeps) se camufla entre as folhas<br />

mortas no chão da mata. Foto: J. L. Gasparini.<br />

3 9 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 22: O sapo-cururu ou sapo-comum (Rhinella<br />

crucifer) habita preferencialmente brejos em áreas<br />

abertas. Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 23: Casal de sapinho-da-terra ou sapinhogranuloso<br />

(Rhinella granulosa) em amplexo axilar na<br />

RNV. Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 24: O sapinho-da-mata ou sapinho-orelhudo<br />

(Rhinella hoogmoedi) habita porções úmidas e bem<br />

conservadas de mata na RNV. Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 25: O sapo-cururuzão ou sapo-boi (Rhinella<br />

schneideri) se hidratando em poça formada em estrada<br />

de terra no interior da RNV. Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 26: O sapinho-foguete (Allobates capixaba), espécie endêmica e ameaçada de extinção,<br />

habita o folhiço no chão da mata. Foto: J. L. Gasparini.<br />

392


GASPARINI ET AL.<br />

ANFÍBIOS<br />

Figura 27: Fêmea ovígera de rãzinha-da-mata (Chiasmocleis schubarti), habitante do folhiço no<br />

chão da mata. Foto: J. L. Gasparini.<br />

Figura 28: A rã-toupeira ou rã-cara-de-porco (Dasypops schirchi) – imago e adulto, é uma espécie que escava<br />

galerias subterrâneas no chão da mata. Foto: J. L. Gasparini.<br />

3 9 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 29: A rã-folha ou rã-do-folhiço (Stereocyclops incrassatus) é uma espécie de hábitos fossoriais que se reproduz<br />

de forma explosiva após fortes chuvas. Foto: J. L. Gasparini.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

As informações aqui apresentadas sobre a<br />

anurofauna da RNV e seu entorno são fruto de<br />

vários anos de pesquisas na região e que foram<br />

possíveis devido à colaboração de várias pessoas.<br />

Gostaríamos de externar nossos agradecimentos a<br />

A. C. Srbek-Araujo, L. Avelar, C. Kierulff e P. Soares,<br />

colaboradores em algum momento vinculados à<br />

Vale, e G. G. Sobrinho, E. Lima e A. Braga, do ICMBio/<br />

RBS, por todo o apoio e estímulo à realização dos<br />

trabalhos. Aos amigos O. L. Peixoto e H. R. da Silva<br />

pela gentileza de enviarem a listagem revisada<br />

dos anfíbios provenientes da RNV depositados na<br />

coleção “Eugenio Izecksohn” da UFRRJ. Recebemos<br />

também, ao longo destes anos, diversas formas<br />

de apoio, seja por meio de orientações, recursos<br />

materiais ou auxílio nos trabalhos de campo.<br />

Desta forma, agradecemos a todos os amigos<br />

e colegas que colaboraram para a consolidação<br />

deste estudo, os quais são relacionados a seguir:<br />

A. Nunes, A. Gatti, B. Pimenta, O. L. Peixoto, C. A.<br />

G. da Cruz, C. Paulino, D. Morellato, E. Izecksohn<br />

(in memorian), H. M. Oyamaguchi, I. Sazima, J.<br />

P. Pombal Jr., K. Zamudio, L. B. Nascimento, L. A.<br />

de Lima, M. Rocha, M. J. Unger, R. S. Bérnils, R.<br />

Lorenzutti, R. C. Bianchi, S. B. Lage, S. Vogel, V.<br />

Lopes e V. Boninsenha. Agradecemos também a<br />

cuidadosa revisão realizada por Daniel Loebmann e<br />

Pedro Luiz Peloso. Célio Haddad agradece ao auxílio<br />

#2013/50741-7, Fundação de Amparo à Pesquisa<br />

do Estado de São Paulo (FAPESP) e ao CNPq pela<br />

bolsa de Produtividade em Pesquisa.<br />

DEDICATÓRIA<br />

Este capítulo é dedicado à memória dos Drs.<br />

Werner Carlos Augusto Bokermann e Eugenio<br />

Izecksohn, pesquisadores de imensa importância<br />

para a herpetologia neotropical e que pesquisaram<br />

no Bloco Linhares-Sooretama; e também aos exalunos<br />

do Professor Eugenio Izecksohn - Drs.<br />

Oswaldo Luiz Peixoto, Carlos Alberto Gonçalves da<br />

394


GASPARINI ET AL.<br />

ANFÍBIOS<br />

Cruz e Sérgio Potsch de Carvalho-e-Silva. Todos<br />

são importantes nomes da herpetologia brasileira e<br />

também pioneiros em pesquisas na RNV.<br />

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3 9 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

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outubro de 1963. Boletim do Museu de Biologia Prof.<br />

Mello Leitão 23: 1–26.<br />

Travassos, L.; Freitas, J.F.T. & Mendonça, J.M.. 1964.<br />

Relatório da excursão do Instituto Oswaldo Cruz ao<br />

Parque de Reserva e Refúgio Sooretama, no Estado<br />

do Espirito Santo, em outubro de 1963. Boletim do<br />

Museu de Biologia Prof. Mello Leitão 23: 1–26.<br />

Wied-Neuwied, M.A.P. 1824. Abbildungen zur<br />

Naturgeschichte Brasiliens. Weimar, Landes-<br />

Industrie-Comptoir.<br />

396


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

24<br />

A IMPORTÂNCIA DAS FLORESTAS<br />

DE TABULEIRO DO NORTE<br />

DO ESPÍRITO SANTO PARA A<br />

CONSERVAÇÃO DAS AVES DA<br />

MATA ATLÂNTICA<br />

Luís Fábio Silveira & Gustavo Rodrigues Magnago<br />

INTRODUÇÃO<br />

A ocupação do território e a riqueza da Mata<br />

Atlântica<br />

A Mata Atlântica foi a primeira formação vegetal<br />

do Novo Mundo com a qual os descobridores<br />

portugueses entraram em contato na América<br />

do Sul, no começo do século XVI, e, por quase<br />

dois séculos, permaneceu como a única porção<br />

do território mais intensamente desbravada pela<br />

Metrópole. Partindo do sul da Bahia, a exploração<br />

desse bioma deu-se muito lentamente a partir de<br />

núcleos instalados pelos portugueses nos atuais<br />

estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo<br />

e Pernambuco. A rendosa exploração do paubrasil,<br />

árvore que emprestou o seu nome ao país<br />

recém-descoberto (Ferraz, 1939; Barroso, 1941),<br />

atraiu a atenção de outros países europeus, que<br />

rapidamente empreenderam missões com o objetivo<br />

de instalar colônias na costa brasileira. Entre estas,<br />

destaca-se a malsucedida colônia francesa no Rio<br />

de Janeiro (a “França Antártica”) e a razoavelmente<br />

duradoura colônia holandesa no nordeste que, junto<br />

com a Companhia das Índias Ocidentais, dominou<br />

uma ampla área de Mata Atlântica ao norte do rio<br />

São Francisco, especializando-se na produção de<br />

açúcar.<br />

O Brasil demorou séculos para efetivamente<br />

colonizar seu interior e a sua porção setentrional.<br />

A abundância e a facilidade inicial da extração<br />

do pau-brasil, além das muitas riquezas naturais<br />

da Mata Atlântica, a instalação estratégica das<br />

primeiras cidades no litoral, a descoberta de ouro e<br />

diamantes em Minas Gerais e a instalação da Família<br />

Real Portuguesa no Rio de Janeiro, este último fato<br />

em 1808, mantiveram o eixo do desenvolvimento<br />

econômico sobre o bioma. Nele hoje se assentam<br />

cerca de 70% da população brasileira, sete das 10<br />

cidades mais populosas do país e 11 das 17 cidades<br />

com mais de um milhão de habitantes no Brasil,<br />

onde, apenas nestas, vivem cerca de 34 milhões<br />

de pessoas (Galindo-Leal & Câmara, 2005; IBGE,<br />

2013). Não é difícil imaginar a imensa e constante<br />

pressão sobre os recursos naturais, bióticos e<br />

abióticos, deste bioma.<br />

Originalmente, a Mata Atlântica se distribuía<br />

de forma ininterrupta desde 3º de latitude sul, até<br />

aproximadamente 30º de latitude sul, ocupando,<br />

em sua largura máxima, pouco mais de 800 km em<br />

direção ao interior (e chegando até a Argentina e o<br />

Paraguai), cobrindo uma área de aproximadamente<br />

1.315.500 km 2 que originalmente abrangiam desde<br />

áreas ao nível do mar até quase 3.000 metros de<br />

altitude. A Mata Atlântica é também cortada por<br />

alguns dos principais rios da América do Sul, como<br />

o São Francisco, o Paraná, o Paraíba do Sul, o Tietê,<br />

3 9 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

o Iguaçu e o Doce. Esse bioma foi, especialmente<br />

durante o século XX, criminosamente dizimado<br />

para dar lugar às mais diversas atividades humanas.<br />

Como resultado, da Mata Atlântica restam apenas<br />

cerca de 12% da sua extensão florestal original, em<br />

sua maior parte representada por remanescentes<br />

isolados e com tamanhos e formatos muito<br />

distintos (Ribeiro et al., 2009; Fsosma & Inpe,<br />

2014). Algumas regiões, como as florestas ao norte<br />

do rio São Francisco, não possuem mais de 4% da<br />

sua extensão original, e a funcionalidade do bioma<br />

nesta área está à beira do colapso, com as primeiras<br />

extinções sendo registradas recentemente (Pereira<br />

et al., 2014) em uma onda que não dá sinais de que<br />

vá arrefecer ou perder a intensidade.<br />

Contrastando com o elevado grau de ameaça, a<br />

Mata Atlântica é considerada uma das áreas mais<br />

diversas e ricas em espécies de todo o planeta. Silva<br />

& Casteleti (2003) estimam que na Mata Atlântica<br />

ocorram entre 1 e 8% de todas as espécies do planeta,<br />

enquanto o Ministério do Meio Ambiente (MMA,<br />

2000) lista para o bioma mais de 20.000 espécies<br />

de plantas vasculares, mais de 1.000 espécies de<br />

aves, 350 de peixes de água doce, 340 de anfíbios,<br />

250 de mamíferos e cerca de 200 espécies de<br />

répteis. Todos estes grupos apresentam também<br />

um elevado número de espécies endêmicas, além<br />

de uma grande proporção de espécies também<br />

consideradas ameaçadas de extinção. A elevada<br />

riqueza de espécies, incluindo aí o grande número<br />

de espécies exclusivas deste bioma, aliado ao seu<br />

alto grau de devastação e ameaça, colocam a Mata<br />

Atlântica como um dos biomas prioritários para a<br />

conservação da biodiversidade no planeta (Eken et<br />

al., 2004; Mittermeier et al., 2004).<br />

A riqueza e a diversidade de espécies atualmente<br />

encontradas na Mata Atlântica são o resultado<br />

visível e palpável de milhões de anos de evolução,<br />

onde eventos de isolamento e de encontro com<br />

a Amazônia, de interação com outros biomas<br />

(adjacentes ou não) e de adaptações aos distintos<br />

ambientes e às diferentes condições climáticas<br />

e topográficas, proporcionaram os elementos<br />

necessários para que milhares de espécies hoje<br />

habitem esse bioma. Como resultado das complexas<br />

histórias evolutivas ali ocorridas, a fauna e a flora<br />

da Mata Atlântica não estão uniformemente<br />

distribuídas, existindo regiões com espécies animais<br />

e vegetais particulares, únicas e insubstituíveis.<br />

As Florestas de Tabuleiro<br />

As florestas de baixada ou de tabuleiros são<br />

aquelas que se distribuem do nível do mar até cerca<br />

de 100 m de altitude e, graças à sua facilidade de<br />

acesso, foram as primeiras exploradas e desmatadas<br />

pelos colonizadores. Os pioneiros caminhos que<br />

ligavam os núcleos habitacionais no início do<br />

povoamento do Brasil pelos portugueses, com<br />

exceção da penosa subida da Serra do Mar, entre<br />

São Vicente e São Paulo, davam-se principalmente<br />

através das florestas de baixada. Desta forma, não<br />

é difícil imaginar que estas florestas também foram<br />

as mais rapidamente suprimidas, tornando-se,<br />

atualmente, extremamente raras. Após a retirada<br />

da madeira, seguiu-se a ocupação das terras por<br />

atividades agrícolas e pastagens e, em alguns locais<br />

nas baixadas, estas deram lugar, mais recentemente,<br />

a grandes projetos de reflorestamento para<br />

produção de celulose e carvão.<br />

É nesse contexto de alto grau de devastação das<br />

florestas de tabuleiro, associado a altos níveis de<br />

diversidade e endemismo, que se situa a Reserva<br />

Natural Vale (RNV). A RNV localiza-se entre os<br />

municípios de Linhares e Jaguaré, ao norte do<br />

Espírito Santo. Possui 22.711 ha de extensão e é<br />

coberta principalmente por florestas de tabuleiro,<br />

contando com uma menor porção de muçunungas e<br />

de campos nativos. É também adjacente à Reserva<br />

Biológica de Sooretama (RBS), que soma 24.000<br />

ha. Estas duas reservas, adicionadas a outras duas<br />

reservas privadas da região, a Reserva Particular do<br />

Patrimônio Natural (RPPN) Mutum-Preto (379 ha)<br />

e a RPPN Recanto das Antas (2.212 ha), formam<br />

um bloco com cerca de 50.000 ha de vegetação<br />

nativa (Srbek-Araujo et al., 2014) e constituem o<br />

maior e mais valioso remanescente de floresta de<br />

baixada do bioma Mata Atlântica.<br />

A descoberta das aves brasileiras e da<br />

região de Linhares<br />

As aves compõem o grupo mais conhecido<br />

e popular de todos os animais. Por serem em<br />

sua maioria diurnas, de fácil observação e por<br />

chamarem a atenção por causa da plumagem e<br />

diferentes cantos, sempre foram objeto de muita<br />

atenção e de muitos estudos. Não causa surpresa<br />

398


SILVEIRA & MAGNAGO<br />

AVES<br />

que, entre os primeiros animais brasileiros a<br />

serem descritos por Pero Vaz Caminha, em 1500,<br />

tenha figurado a arara-vermelha-grande (Ara<br />

chloropterus) e que entre as provas da descoberta<br />

do Novo Mundo pelos portugueses encontravamse<br />

araras e papagaios. Estes foram levados para<br />

Lisboa na nau comandada por Gaspar de Lemos,<br />

enquanto Pedro Álvares Cabral, Pero Vaz de<br />

Caminha e a maior parte da frota continuavam a<br />

viagem originalmente destinada à Índia. Graças<br />

às decisões portuguesas sobre as estratégias de<br />

colonização do Brasil, os recursos naturais e a fauna<br />

e flora brasileiras permaneceram muito pouco<br />

conhecidos (até mesmo e, paradoxalmente, pelos<br />

próprios portugueses) até a chegada da Família<br />

Real Portuguesa, em 1808, com a consequente e<br />

inevitável abertura dos portos às nações amigas<br />

(Schwarcz & Starling, 2015).<br />

Excetuado pelo breve período da ocupação<br />

holandesa no nordeste brasileiro, o país permaneceu<br />

historicamente fechado aos pesquisadores<br />

e estudiosos durante três séculos, com uma<br />

enorme extensão territorial completamente<br />

inexplorada e com sua biodiversidade inalterada.<br />

Até que, de repente, abre-se a oportunidade<br />

para ser, finalmente, estudado. Quem, tendo a<br />

oportunidade, não iria tentar gravar para sempre o<br />

seu nome na história da ciência apresentando para<br />

o mundo as novidades de um novo e desconhecido<br />

país? O Brasil, a partir da abertura dos portos,<br />

foi invadido por pesquisadores, principalmente<br />

alemães e austríacos, também impulsionados pelo<br />

grupo que veio acompanhando a arquiduquesa<br />

Maria Leopoldina, entusiasta das ciências naturais<br />

e recém-casada (por procuração) com o Príncipe<br />

Dom Pedro. É fato curioso e ainda muito pouco<br />

explorado pelos pesquisadores contemporâneos,<br />

o baixo número de ingleses pesquisando o<br />

Brasil. Estes, tal qual os alemães e austríacos,<br />

historicamente sempre se interessaram pela<br />

exploração científica e, aliados de primeira hora dos<br />

portugueses, estranhamente não se aproveitaram<br />

da oportunidade de explorar cientificamente o<br />

Brasil antes dos cientistas de outros países.<br />

A invasão de pesquisadores que se sucedeu<br />

após a abertura dos portos foi, como se esperava,<br />

altamente benéfica para o conhecimento da nossa<br />

biodiversidade. A porta de entrada no Brasil foi<br />

a cidade do Rio de Janeiro. Logo, as primeiras<br />

explorações científicas começaram exatamente no<br />

bioma Mata Atlântica. Naturalistas célebres, como<br />

o Barão Georg Heinrich von Langsdorff, Friedrich<br />

Sellow, Johann Natterer, Johann Baptist von Spix e<br />

Carl von Martius, escreveram seu nome na história<br />

ao perscrutar, enfrentando as mais duras condições,<br />

uma parte importante do Brasil, contribuindo de<br />

forma inestimável para o conhecimento das nossas<br />

riquezas naturais em um momento em que as<br />

atividades humanas ainda não haviam impactado<br />

significativamente o nosso meio ambiente.<br />

O primeiro naturalista que percorreu a região<br />

de Linhares, quando esta ainda era um pequeno<br />

povoado, foi o célebre Príncipe Alexander Philipp<br />

Maximilian zu Wied-Neuwied, explorador alemão<br />

que se interessava não apenas pela fauna e flora,<br />

mas também com uma marcante atuação no campo<br />

da etnologia. O Príncipe desembarcou na cidade do<br />

Rio de Janeiro, em 1815, embarcando em Salvador<br />

para voltar à Alemanha, em 1817. Durante os dois<br />

anos em que permaneceu no Brasil, Wied trabalhou<br />

especialmente na Mata Atlântica de baixada,<br />

com breves incursões na Caatinga e no Cerrado.<br />

Ele passou pela região de Linhares em dezembro<br />

de 1815, onde registrou diversas espécies de<br />

aves. Durante os quase 100 anos subsequentes,<br />

esta região permanece sem qualquer exploração<br />

relevante, até que Ernst Garbe, naturalista-viajante<br />

do Museu Paulista (hoje Museu de Zoologia da<br />

Universidade de São Paulo – MZUSP), percorreu a<br />

região em diversas viagens empreendidas nos anos<br />

de 1905, 1906, 1908, 1909 e 1926, coletando<br />

exemplares para este museu (Paynter & Traylor,<br />

1991).<br />

Regiões próximas à RNV, igualmente ricas<br />

e desconhecidas, foram exploradas por outros<br />

naturalistas e coletores. A Lagoa Juparanã foi<br />

amostrada também por Ernst Garbe, em 1906,<br />

bem como pela ornitóloga alemã Emilia Snethlage<br />

(1925) e pelo naturalista alemão Emil Kaempfer<br />

(1929). Inventários mais detalhados na região<br />

onde se situa a RNV foram desenvolvidos pelos<br />

ornitólogos Adolf Schneider e Helmut Sick (1939-<br />

1942) e por Olivério Pinto (1942). A RBS foi<br />

também explorada, entre outros, por Álvaro<br />

Aguirre (entre 1939 e 1970), Helmut Sick (1954,<br />

1961 e 1977) e, mais modernamente, por Dante<br />

3 9 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Teixeira e David Snow (1979), Nigel Collar e Luiz<br />

Pedreira Gonzaga (1981) e Luiz Pedreira Gonzaga<br />

(1986) (Paynter & Traylor, 1991). Embora a<br />

região próxima à RNV fosse bastante explorada e<br />

razoavelmente bem conhecida, por outro lado, a<br />

própria RNV permanecia até mais recentemente<br />

como o “segredo mais bem guardado do Brasil”<br />

(Collar, 1985).<br />

Este capítulo tem como objetivo caracterizar a<br />

avifauna da RNV, com base em dados coletados ao<br />

longo dos últimos anos por diversos pesquisadores,<br />

destacando as espécies raras e ameaçadas de<br />

extinção com ocorrência confirmada para esta<br />

localidade.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

A lista das espécies de aves presentes na RNV foi<br />

elaborada a partir de consultas a artigos científicos,<br />

relatórios não publicados e dados de visitas feitas<br />

pelos autores e por outros pesquisadores. Os dados<br />

compilados, bem como detalhes da metodologia,<br />

são apresentados em Srbek-Araujo et al. (2014).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A exploração ornitológica da RNV começa apenas<br />

em meados da década de 1980. Diferentemente do<br />

observado nas regiões adjacentes à RNV, em que os<br />

registros das aves foram baseados principalmente<br />

na coleta de espécimes depositados em museus de<br />

história natural, o conhecimento sobre a avifauna<br />

da RNV está fundamentado principalmente<br />

em registros que não envolvem a coleta de<br />

exemplares. Desta forma, torna-se necessário, no<br />

futuro, uma melhor documentação das espécies,<br />

preferencialmente envolvendo a coleta de material<br />

testemunho, para proporcionar um refinamento dos<br />

estudos de taxonomia, sistemática e conservação<br />

das aves da Mata Atlântica.<br />

Segundo Srbek-Araujo et al. (2014), são<br />

confirmadas 391 espécies de aves para a RNV,<br />

o que representa 44% das aves registradas<br />

na Mata Atlântica, 21% das aves que ocorrem<br />

no Brasil e 60% do número de espécies que<br />

ocorrem no Espírito Santo. Além disso, na RNV<br />

já foram registrados 37 táxons endêmicos<br />

do Brasil, 51 ameaçados em nível estadual<br />

e o impressionante número de 28 táxons<br />

considerados ameaçados nacionalmente (Tabela<br />

1, para detalhes, ver Srbek-Araujo et al., 2014),<br />

bem como populações de espécies atualmente<br />

muito raras na Mata Atlântica, como o mutumdo-sudeste<br />

(Crax blumenbachi), o jacu-estalo<br />

(Neomorphus geoffroyi dulcis), o papagaiochauá<br />

(Amazona rhodocorytha) e o urutau-deasa-branca<br />

(Nyctibius leucopterus), reforçando<br />

a singularidade e a importância desta Floresta<br />

de Tabuleiro para a conservação das aves do<br />

bioma Mata Atlântica. Certamente, a RNV é uma<br />

das áreas no Brasil que abriga o maior número<br />

de aves ameaçadas de extinção em qualquer um<br />

dos biomas existentes no país. Além disso, as<br />

raríssimas Unidades de Conservação (UCs) onde<br />

ainda ocorrem florestas de tabuleiro apresentam<br />

número total de espécies inferior ao encontrado<br />

na RNV. No Espírito Santo, a RBS abriga 286<br />

espécies, enquanto na Reserva Biológica de Una,<br />

na Bahia, já foram registradas 333 espécies.<br />

Outros remanescentes importantes, localizados<br />

no Rio de Janeiro, abrigam 275 espécies (Reserva<br />

Biológica de Poço das Antas) e 225 espécies<br />

(Reserva Biológica União) (Srbek-Araujo et al.,<br />

2014). Deve ser ressaltado, entretanto, que<br />

o tamanho desses fragmentos, seu estado de<br />

conservação e os esforços de amostragem são<br />

muito distintos entre as áreas citadas, o que pode<br />

influenciar no número de espécies registradas<br />

em cada uma destas localidades até o momento.<br />

A lista de aves da RNV começou a ser<br />

construída a partir das observações feitas<br />

tanto por ornitólogos brasileiros quanto por<br />

observadores de aves nativos e estrangeiros que,<br />

a partir da década de 1980, vêm frequentando<br />

de forma assistemática a Reserva. A RNV foi<br />

visitada por centenas de observadores de aves,<br />

bem como por ornitólogos, sendo um destino<br />

obrigatório e mundialmente reconhecido por<br />

aqueles que desejam conhecer melhor a avifauna<br />

de baixada da Mata Atlântica (Srbek-Araujo<br />

et al., 2014). Entre aqueles que contribuíram<br />

com suas observações para o conhecimento<br />

das espécies da RNV, destacam-se Derek<br />

Scott, Mike Brooke, Nigel Collar, Luiz Pedreira<br />

Gonzaga, José Fernando Pacheco e Paulo Sergio<br />

M. da Fonseca.<br />

400


SILVEIRA & MAGNAGO<br />

AVES<br />

Tabela 1: Aves com ocorrência confirmada para a Reserva Natural Vale (Linhares/ES), sudeste do Brasil (baseado em dados apresentados em Srbek-<br />

Araujo et al., 2014). Legenda: Endemismo (End). Status de Ameaça: VU = Vulnerável; EN = Em Perigo; CR = Criticamente em Perigo; RE = Regionalmente<br />

Extinta. Documentação do Registro - F = Registro Fotográfico; G = Gravação de Vocalização; M = Observado por múltiplos observadores/pesquisadores<br />

e em diferentes ocasiões; A = Registrado por vocalização (registro auditivo sem gravação); O = Observado por apenas um observador/pesquisador.<br />

1<br />

Espécies ameaçadas em nível estadual conforme Simon et al. (2007). 2 Espécies ameaçadas em nível nacional segundo MMA (2014).<br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Tinamiformes Huxley, 1872<br />

Tinamidae Gray, 1840<br />

Tinamus solitarius (Vieillot, 1819) macuco Solitary Tinamou CR F, G, M<br />

Crypturellus soui (Hermann, 1783) tururim Little Tinamou F, G, M<br />

Crypturellus noctivagus (Wied, 1820) jaó-do-sul Yellow-legged Tinamou X CR VU F, G, M<br />

Crypturellus variegatus (Gmelin, 1789) inhambu-anhangá Variegated Tinamou EN G, M<br />

Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) inhambu-chororó Small-billed Tinamou G, M<br />

Crypturellus tataupa (Temminck, 1815) inhambu-chintã Tataupa Tinamou G, M<br />

Rhynchotus rufescens (Temminck, 1815) perdiz Red-winged Tinamou G, M<br />

Anseriformes Linnaeus, 1758<br />

Anatidae Leach, 1820<br />

Dendrocygninae Reichenbach, 1850<br />

Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766) irerê White-faced Whistling-Duck F, M<br />

Dendrocygna autumnalis (Linnaeus, 1758) asa-branca Black-bellied Whistling-Duck F, M<br />

Cairina moschata (Linnaeus, 1758) pato-do-mato Muscovy Duck F, M<br />

Sarkidiornis sylvicola Ihering & Ihering, 1907 pato-de-crista Comb Duck F, M<br />

Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) pé-vermelho Brazilian Teal F, M<br />

Anas bahamensis Linnaeus, 1758 marreca-toicinho White-cheeked Pintail F<br />

Netta erythrophthalma (Wied, 1832) paturi-preta Southern Pochard F<br />

Galliformes Linnaeus, 1758<br />

Cracidae Rafinesque, 1815<br />

Penelope superciliaris Temminck, 1815 jacupemba Rusty-margined Guan F, M<br />

Ortalis araucuan (Spix, 1825) aracuã-de-barriga-branca East Brazilian Chachalaca X F, G, M<br />

Crax blumenbachii Spix, 1825 mutum-de-bico-vermelho Red-billed Curassow X CR CR F, G, M<br />

Odontophoridae Gould, 1844<br />

Odontophorus capueira (Spix, 1825) uru Spot-winged Wood-Quail EN G, M<br />

4 0 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Podicipediformes Fürbringer, 1888<br />

Podicipedidae Bonaparte, 1831<br />

Tachybaptus dominicus (Linnaeus, 1766) mergulhão-pequeno Least Grebe M<br />

Podilymbus podiceps (Linnaeus, 1758) mergulhão-caçador Pied-billed Grebe F, M<br />

Ciconiiformes Bonaparte, 1854<br />

Ciconiidae Sundevall, 1836<br />

Ciconia maguari (Gmelin, 1789) maguari Maguari Stork CR F, M<br />

Suliformes Sharpe, 1891<br />

Fregatidae Degland & Gerbe, 1867<br />

Fregata magnificens Mathews, 1914 tesourão Magnificent Frigatebird M<br />

Phalacrocoracidae Reichenbach, 1849<br />

Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) biguá Neotropic Cormorant F, M<br />

Anhingidae Reichenbach, 1849<br />

Anhinga anhinga (Linnaeus, 1766) biguatinga Anhinga F, M<br />

Pelecaniformes Sharpe, 1891<br />

Ardeidae Leach, 1820<br />

Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783) socó-boi Rufescent Tiger-Heron F, M<br />

Cochlearius cochlearius (Linnaeus, 1766) arapapá Boat-billed Heron F<br />

Botaurus pinnatus (Wagler, 1829) socó-boi-baio Pinnated Bittern F<br />

Ixobrychus exilis (Gmelin, 1789) socoí-vermelho Least Bittern O<br />

Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) savacu Black-crowned Night-Heron F, M<br />

Butorides striata (Linnaeus, 1758) socozinho Striated Heron F, M<br />

Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) garça-vaqueira Cattle Egret F, M<br />

Ardea cocoi Linnaeus, 1766 garça-moura Cocoi Heron F, M<br />

Ardea alba Linnaeus, 1758 garça-branca-grande Great Egret F, M<br />

Pilherodius pileatus (Boddaert, 1783) garça-real Capped Heron F, M<br />

Egretta thula (Molina, 1782) garça-branca-pequena Snowy Egret F, M<br />

Egretta caerulea (Linnaeus, 1758) garça-azul Little Blue Heron F, M<br />

Threskiornithidae Poche, 1904<br />

Mesembrinibis cayennensis (Gmelin, 1789) coró-coró Green Ibis RE O<br />

Platalea ajaja Linnaeus, 1758 colhereiro Roseate Spoonbill F<br />

Cathartiformes Seebohm, 1890<br />

Cathartidae Lafresnaye, 1839<br />

Cathartes aura (Linnaeus, 1758) urubu-de-cabeça-vermelha Turkey Vulture F, M<br />

Cathartes burrovianus Cassin, 1845 urubu-de-cabeça-amarela Lesser Yellow-headed Vulture F, M<br />

Coragyps atratus (Bechstein, 1793) urubu-de-cabeça-preta Black Vulture F, M<br />

402


SILVEIRA & MAGNAGO<br />

AVES<br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Sarcoramphus papa (Linnaeus, 1758) urubu-rei King Vulture VU F, M<br />

Accipitriformes Bonaparte, 1831<br />

Pandionidae Bonaparte, 1854<br />

Pandion haliaetus (Linnaeus, 1758) águia-pescadora Osprey F, M<br />

Accipitridae Vigors, 1824<br />

Leptodon cayanensis (Latham, 1790) gavião-de-cabeça-cinza Gray-headed Kite F, G, M<br />

Chondrohierax uncinatus (Temminck, 1822) caracoleiro Hook-billed Kite F, M<br />

Elanoides forficatus (Linnaeus, 1758) gavião-tesoura Swallow-tailed Kite F, M<br />

Gampsonyx swainsonii Vigors, 1825 gaviãozinho Pearl Kite O<br />

Elanus leucurus (Vieillot, 1818) gavião-peneira White-tailed Kite M<br />

Harpagus bidentatus (Latham, 1790) gavião-ripina Double-toothed Kite F, M<br />

Harpagus diodon (Temminck, 1823) gavião-bombachinha Rufous-thighed Kite F, M<br />

Circus buffoni (Gmelin, 1788) gavião-do-banhado Long-winged Harrier VU O<br />

Ictinia plumbea (Gmelin, 1788) sovi Plumbeous Kite F, M<br />

Rostrhamus sociabilis (Vieillot, 1817) gavião-caramujeiro Snail Kite F, M<br />

Geranospiza caerulescens (Vieillot, 1817) gavião-pernilongo Crane Hawk F, M<br />

Heterospizias meridionalis (Latham, 1790) gavião-caboclo Savanna Hawk F, M<br />

Amadonastur lacernulatus (Temminck, 1827) gavião-pombo-pequeno White-necked Hawk X VU VU F, M<br />

Urubitinga urubitinga (Gmelin, 1788) gavião-preto Great Black-Hawk M<br />

Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) gavião-carijó Roadside Hawk F, M<br />

Geranoaetus albicaudatus (Vieillot, 1816) gavião-de-rabo-branco White-tailed Hawk F, M<br />

Buteo nitidus (Latham, 1790) gavião-pedrês Gray Hawk F, M<br />

Buteo brachyurus Vieillot, 1816 gavião-de-cauda-curta Short-tailed Hawk F, M<br />

Buteo albonotatus Kaup, 1847 gavião-de-rabo-barrado Zone-tailed Hawk O<br />

Harpia harpyja (Linnaeus, 1758) gavião-real Harpy Eagle CR VU F, G, M<br />

Spizaetus tyrannus (Wied, 1820) gavião-pega-macaco Black Hawk-Eagle VU M<br />

Spizaetus melanoleucus (Vieillot, 1816) gavião-pato Black-and-white Hawk-Eagle VU F, M<br />

Spizaetus ornatus (Daudin, 1800) gavião-de-penacho Ornate Hawk-Eagle CR F, M<br />

Gruiformes Bonaparte, 1854<br />

Aramidae Bonaparte, 1852<br />

Aramus guarauna (Linnaeus, 1766) carão Limpkin F, G, M<br />

Rallidae Rafinesque, 1815<br />

Aramides cajaneus (Statius Muller, 1776) saracura-três-potes Gray-necked Wood-Rail F, M<br />

Aramides saracura (Spix, 1825) saracura-do-mato Slaty-breasted Wood-Rail O<br />

Amaurolimnas concolor (Gosse, 1847) saracura-lisa Uniform Crake F, G, M<br />

Laterallus viridis (Statius Muller, 1776) sanã-castanha Russet-crowned Crake F, G, M<br />

4 0 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Laterallus melanophaius (Vieillot, 1819) sanã-parda Rufous-sided Crake F, G, M<br />

Laterallus exilis (Temminck, 1831) sanã-do-capim Gray-breasted Crake O<br />

Porzana albicollis (Vieillot, 1819) sanã-carijó Ash-throated Crake G, M<br />

Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819) saracura-sanã Blackish Rail M<br />

Gallinula galeata (Lichtenstein, 1818) frango-d’água-comum Common Gallinule F, M<br />

Porphyrio martinicus (Linnaeus, 1766) frango-d’água-azul Purple Gallinule F, M<br />

Charadriiformes Huxley, 1867<br />

Charadriidae Leach, 1820<br />

Vanellus cayanus (Latham, 1790) batuíra-de-esporão Pied Lapwing F<br />

Vanellus chilensis (Molina, 1782) quero-quero Southern Lapwing F, M<br />

Pluvialis squatarola (Linnaeus, 1758) batuiruçu-de-axila-preta Black-bellied Plover F<br />

Charadrius collaris Vieillot, 1818 batuíra-de-coleira Collared Plover F<br />

Recurvirostridae Bonaparte, 1831<br />

Himantopus melanurus Vieillot, 1817 pernilongo-de-costas-brancas White-backed Stilt F<br />

Scolopacidae Rafinesque, 1815<br />

Tringa solitaria Wilson, 1813 maçarico-solitário Solitary Sandpiper F<br />

Arenaria interpres (Linnaeus, 1758) vira-pedras Ruddy Turnstone F<br />

Calidris alba (Pallas, 1764) maçarico-branco Sanderling F<br />

Jacanidae Chenu & Des Murs, 1854<br />

Jacana jacana (Linnaeus, 1766) jaçanã Wattled Jacana F, G, M<br />

Sternidae Vigors, 1825<br />

Phaetusa simplex (Gmelin, 1789) trinta-réis-grande Large-billed Tern F<br />

Columbiformes Latham, 1790<br />

Columbidae Leach, 1820<br />

Columbina minuta (Linnaeus, 1766) rolinha-de-asa-canela Plain-breasted Ground-Dove M<br />

Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa Ruddy Ground-Dove F, M<br />

Columbina squammata (Lesson, 1831) fogo-apagou Scaled Dove F, G, M<br />

Columbina picui (Temminck, 1813) rolinha-picui Picui Ground-Dove F, M<br />

Claravis pretiosa (Ferrari-Perez, 1886) pararu-azul Blue Ground-Dove F, G, M<br />

Patagioenas speciosa (Gmelin, 1789) pomba-trocal Scaled Pigeon F, G, M<br />

Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) pombão Picazuro Pigeon F, G, M<br />

Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792) pomba-galega Pale-vented Pigeon F, M<br />

Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) pomba-de-bando Eared Dove F<br />

Leptotila verreauxi Bonaparte, 1855 juriti-pupu White-tipped Dove F, G, M<br />

Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) juriti-gemedeira Gray-fronted Dove F, M<br />

Geotrygon violacea (Temminck, 1809) juriti-vermelha Violaceous Quail-Dove CR M<br />

404


SILVEIRA & MAGNAGO<br />

AVES<br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Geotrygon montana (Linnaeus, 1758) pariri Ruddy Quail-Dove F, M<br />

Cuculiformes Wagler, 1830<br />

Cuculidae Leach, 1820<br />

Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato Squirrel Cuckoo F, G, M<br />

Coccyzus melacoryphus Vieillot, 1817 papa-lagarta-acanelado Dark-billed Cuckoo F, M<br />

Coccyzus euleri Cabanis, 1873 papa-lagarta-de-euler Pearly-breasted Cuckoo F, M<br />

Crotophaga major Gmelin, 1788 anu-coroca Greater Ani F, G, M<br />

Crotophaga ani Linnaeus, 1758 anu-preto Smooth-billed Ani F, G, M<br />

Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco Guira Cuckoo F, G, M<br />

Tapera naevia (Linnaeus, 1766) saci Striped Cuckoo F, G, M<br />

Neomorphus geoffroyi (Temminck, 1820) jacu-estalo Rufous-vented Ground-Cuckoo CR CR F, M<br />

Strigiformes Wagler, 1830<br />

Tytonidae Mathews, 1912<br />

Tyto furcata (Temminck, 1827) coruja-da-igreja American Barn Owl F, M<br />

Strigidae Leach, 1820<br />

Megascops choliba (Vieillot, 1817) corujinha-do-mato Tropical Screech-Owl F, M<br />

Megascops atricapilla (Temminck, 1822) corujinha-sapo Black-capped Screech-Owl F, G, M<br />

Pulsatrix koeniswaldiana (Bertoni & Bertoni, 1901) murucututu-de-barriga-amarela Tawny-browed Owl F, G, M<br />

Bubo virginianus (Gmelin, 1788) jacurutu Great Horned Owl O<br />

Strix virgata (Cassin, 1849) coruja-do-mato Mottled Owl F, G, M<br />

Strix huhula Daudin, 1800 coruja-preta Black-banded Owl VU VU F, M<br />

Glaucidium minutissimum (Wied, 1830) caburé-miudinho Least Pygmy-Owl EN F, G, M<br />

Glaucidium brasilianum (Gmelin, 1788) caburé Ferruginous Pygmy-Owl F, G, M<br />

Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-buraqueira Burrowing Owl F, M<br />

Asio clamator (Vieillot, 1808) coruja-orelhuda Striped Owl O<br />

Nyctibiiformes Yuri, Kimball, Harshman, Bowie, Braun,<br />

Chojnowski, Han, Hackett, Huddleston, Moore, Reddy,<br />

Sheldon, Steadman, Witt & Braun, 2013<br />

Nyctibiidae Chenu & Des Murs, 1851<br />

Nyctibius grandis (Gmelin, 1789) mãe-da-lua-gigante Great Potoo VU F, G, M<br />

Nyctibius aethereus (Wied, 1820) mãe-da-lua-parda Long-tailed Potoo VU EN F, M<br />

Nyctibius griseus (Gmelin, 1789) mãe-da-lua Common Potoo F, G, M<br />

Nyctibius leucopterus (Wied, 1821) urutau-de-asa-branca White-winged Potoo CR F, G<br />

Caprimulgiformes Ridgway, 1881<br />

Caprimulgidae Vigors, 1825<br />

Nyctiphrynus ocellatus (Tschudi, 1844) bacurau-ocelado Ocellated Poorwill F, G, M<br />

4 0 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Lurocalis semitorquatus (Gmelin, 1789) tuju Short-tailed Nighthawk G, M<br />

Nyctidromus albicollis (Gmelin, 1789) bacurau Pauraque F, G, M<br />

Hydropsalis torquata (Gmelin, 1789) bacurau-tesoura Scissor-tailed Nightjar F, M<br />

Chordeiles acutipennis (Hermann, 1783) bacurau-de-asa-fina Lesser Nighthawk F, M<br />

Apodiformes Peters, 1940<br />

Apodidae Olphe-Galliard, 1887<br />

Streptoprocne zonaris (Shaw, 1796) taperuçu-de-coleira-branca White-collared Swift A, M<br />

Chaetura cinereiventris Sclater, 1862 andorinhão-de-sobre-cinzento Gray-rumped Swift F, M<br />

Chaetura meridionalis Hellmayr, 1907 andorinhão-do-temporal Sick’s Swift A, M<br />

Tachornis squamata (Cassin, 1853) andorinhão-do-buriti Fork-tailed Palm-Swift O<br />

Panyptila cayennensis (Gmelin, 1789) andorinhão-estofador Lesser Swallow-tailed Swift EN O<br />

Trochilidae Vigors, 1825<br />

Glaucis dohrnii (Bourcier & Mulsant, 1852) balança-rabo-canela Hook-billed Hermit X CR EN O<br />

Glaucis hirsutus (Gmelin, 1788) balança-rabo-de-bico-torto Rufous-breasted Hermit F, M<br />

Phaethornis idaliae (Bourcier & Mulsant, 1856) rabo-branco-mirim Minute Hermit X F, G, M<br />

Phaethornis ruber (Linnaeus, 1758) rabo-branco-rubro Reddish Hermit M<br />

Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) beija-flor-tesoura Swallow-tailed Hummingbird F, M<br />

Aphantochroa cirrochloris (Vieillot, 1818) beija-flor-cinza Sombre Hummingbird O<br />

Florisuga fusca (Vieillot, 1817) beija-flor-preto Black Jacobin F, M<br />

Anthracothorax nigricollis (Vieillot, 1817) beija-flor-de-veste-preta Black-throated Mango F, M<br />

Chrysolampis mosquitus (Linnaeus, 1758) beija-flor-vermelho Ruby-topaz Hummingbird M<br />

Chlorestes notata (Reich, 1793) beija-flor-de-garganta-azul Blue-chinned Sapphire F, M<br />

Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) besourinho-de-bico-vermelho Glittering-bellied Emerald F, M<br />

Thalurania glaucopis (Gmelin, 1788) beija-flor-de-fronte-violeta Violet-capped Woodnymph F, M<br />

Hylocharis sapphirina (Gmelin, 1788) beija-flor-safira Rufous-throated Sapphire F, M<br />

Hylocharis cyanus (Vieillot, 1818) beija-flor-roxo White-chinned Sapphire F, G, M<br />

Polytmus guainumbi (Pallas, 1764) beija-flor-de-bico-curvo White-tailed Goldenthroat F, M<br />

Amazilia leucogaster (Gmelin, 1788) beija-flor-de-barriga-branca Plain-bellied Emerald F<br />

Amazilia versicolor (Vieillot, 1818) beija-flor-de-banda-branca Versicolored Emerald F, M<br />

Amazilia fimbriata (Gmelin, 1788) beija-flor-de-garganta-verde Glittering-throated Emerald F, M<br />

Amazilia lactea (Lesson, 1832) beija-flor-de-peito-azul Sapphire-spangled Emerald O<br />

Calliphlox amethystina (Boddaert, 1783) estrelinha-ametista Amethyst Woodstar O<br />

Trogoniformes A. O. U., 1886<br />

Trogonidae Lesson, 1828<br />

Trogon viridis Linnaeus, 1766 surucuá-grande-de-barriga-amarela White-tailed Trogon F, G, M<br />

Trogon collaris Vieillot, 1817 surucuá-de-coleira Collared Trogon EN EN F, G, M<br />

406


SILVEIRA & MAGNAGO<br />

AVES<br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Coraciiformes Forbes, 1844<br />

Alcedinidae Rafinesque, 1815<br />

Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) martim-pescador-grande Ringed Kingfisher F, M<br />

Chloroceryle amazona (Latham, 1790) martim-pescador-verde Amazon Kingfisher F, M<br />

Chloroceryle americana (Gmelin, 1788) martim-pescador-pequeno Green Kingfisher M<br />

Momotidae Gray, 1840<br />

Baryphthengus ruficapillus (Vieillot, 1818) juruva-verde Rufous-capped Motmot M<br />

Galbuliformes Fürbringer, 1888<br />

Galbulidae Vigors, 1825<br />

Galbula ruficauda Cuvier, 1816 ariramba-de-cauda-ruiva Rufous-tailed Jacamar F, G, M<br />

Bucconidae Horsfield, 1821<br />

Notharchus swainsoni (Gray, 1846) macuru-de-barriga-castanha Buff-bellied Puffbird CR O<br />

Malacoptila striata (Spix, 1824) barbudo-rajado Crescent-chested Puffbird X F, M<br />

Monasa morphoeus (Hahn & Küster, 1823) chora-chuva-de-cara-branca White-fronted Nunbird CR EN F, M<br />

Chelidoptera tenebrosa (Pallas, 1782) urubuzinho Swallow-winged Puffbird VU F, M<br />

Piciformes Meyer & Wolf, 1810<br />

Ramphastidae Vigors, 1825<br />

Ramphastos vitellinus Lichtenstein, 1823 tucano-de-bico-preto Channel-billed Toucan F, G, M<br />

Selenidera maculirostris (Lichtenstein, 1823) araçari-poca Spot-billed Toucanet O<br />

Pteroglossus aracari (Linnaeus, 1758) araçari-de-bico-branco Black-necked Aracari F, G, M<br />

Picidae Leach, 1820<br />

Picumnus cirratus Temminck, 1825 pica-pau-anão-barrado White-barred Piculet F, M<br />

Melanerpes candidus (Otto, 1796) pica-pau-branco White Woodpecker F, M<br />

Melanerpes flavifrons (Vieillot, 1818) benedito-de-testa-amarela Yellow-fronted Woodpecker VU F, G, M<br />

Veniliornis affinis (Swainson, 1821) picapauzinho-avermelhado Red-stained Woodpecker F, G, M<br />

Piculus flavigula (Boddaert, 1783) pica-pau-bufador Yellow-throated Woodpecker F, M<br />

Piculus polyzonus (Valenciennes, 1826) pica-pau-dourado-grande Brazilian Golden-green Woodpecker X EN F, M<br />

Colaptes campestris (Vieillot, 1818) pica-pau-do-campo Campo Flicker F, M<br />

Celeus flavescens (Gmelin, 1788) pica-pau-de-cabeça-amarela Blond-crested Woodpecker F, G, M<br />

Celeus flavus (Statius Muller, 1776) pica-pau-amarelo Cream-colored Woodpecker CR CR F, M<br />

Celeus torquatus (Boddaert, 1783) pica-pau-de-coleira Ringed Woodpecker CR VU F, G, M<br />

Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) pica-pau-de-banda-branca Lineated Woodpecker F, M<br />

Campephilus robustus (Lichtenstein, 1818) pica-pau-rei Robust Woodpecker F, G, M<br />

Cariamiformes Furbringer, 1888<br />

Cariamidae Bonaparte, 1850<br />

4 0 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Cariama cristata (Linnaeus, 1766) seriema Red-legged Seriema F, M<br />

Falconiformes Bonaparte, 1831<br />

Falconidae Leach, 1820<br />

Caracara plancus (Miller, 1777) caracará Southern Caracara F, M<br />

Milvago chimachima (Vieillot, 1816) carrapateiro Yellow-headed Caracara F, G, M<br />

Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758) acauã Laughing Falcon F, G, M<br />

Micrastur ruficollis (Vieillot, 1817) falcão-caburé Barred Forest-Falcon F, G, M<br />

Micrastur mintoni Whittaker, 2002 falcão-críptico Cryptic Forest-Falcon F, G, M<br />

Micrastur mirandollei (Schlegel, 1862) falcão-tanatau Slaty-backed Forest-Falcon G<br />

Micrastur semitorquatus (Vieillot, 1817) falcão-relógio Collared Forest-Falcon F, G, M<br />

Falco sparverius Linnaeus, 1758 quiriquiri American Kestrel F, G, M<br />

Falco rufigularis Daudin, 1800 cauré Bat Falcon F, M<br />

Falco femoralis Temminck, 1822 falcão-de-coleira Aplomado Falcon F, M<br />

Psittaciformes Wagler, 1830<br />

Psittacidae Rafinesque, 1815<br />

Primolius maracana (Vieillot, 1816) maracanã-verdadeira Blue-winged Macaw F, G, M<br />

Diopsittaca nobilis (Linnaeus, 1758) maracanã-pequena Red-shouldered Macaw O<br />

Psittacara leucophthalmus (Statius Muller, 1776) periquitão-maracanã White-eyed Parakeet F, M<br />

Eupsittula aurea (Gmelin, 1788) periquito-rei Peach-fronted Parakeet F, G, M<br />

Pyrrhura cruentata (Wied, 1820) tiriba-grande Blue-throated Parakeet X EN VU F, G, M<br />

Pyrrhura leucotis (Kuhl, 1820) tiriba-de-orelha-branca Maroon-faced Parakeet X EN VU F, G, M<br />

Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) tuim Blue-winged Parrotlet F, G, M<br />

Brotogeris tirica (Gmelin, 1788) periquito-rico Plain Parakeet X F, G, M<br />

Touit surdus (Kuhl, 1820) apuim-de-cauda-amarela Golden-tailed Parrotlet X EN VU O<br />

Pionus reichenowi Heine, 1844 maitaca-de-barriga-azul Reichenow’s Parrot X VU VU F, G, M<br />

Pionus maximiliani (Kuhl, 1820) maitaca-verde Scaly-headed Parrot F, G, M<br />

Amazona farinosa (Boddaert, 1783) papagaio-moleiro Mealy Parrot CR F, G, M<br />

Amazona amazonica (Linnaeus, 1766) curica Orange-winged Parrot F, G, M<br />

Amazona rhodocorytha (Salvadori, 1890) chauá Red-browed Parrot X VU F, G, M<br />

Passeriformes Linnaeus, 1758<br />

Thamnophilidae Swainson, 1824<br />

Terenura maculata (Wied, 1831) zidedê Streak-capped Antwren O<br />

Myrmotherula axillaris (Vieillot, 1817) choquinha-de-flanco-branco White-flanked Antwren F, G, M<br />

Myrmotherula urosticta (Sclater, 1857) choquinha-de-rabo-cintado Band-tailed Antwren X VU O<br />

Formicivora grisea (Boddaert, 1783) papa-formiga-pardo White-fringed Antwren EN F, M<br />

Formicivora rufa (Wied, 1831) papa-formiga-vermelho Rusty-backed Antwren F, G, M<br />

408


SILVEIRA & MAGNAGO<br />

AVES<br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Thamnomanes caesius (Temminck, 1820) ipecuá Cinereous Antshrike CR VU G, M<br />

Rhopias gularis (Spix, 1825) choquinha-de-garganta-pintada Star-throated Antwren X F<br />

Dysithamnus plumbeus (Wied, 1831) choquinha-chumbo Plumbeous Antvireo X EN F, G, M<br />

Herpsilochmus rufimarginatus (Temminck, 1822) chorozinho-de-asa-vermelha Rufous-winged Antwren F, G, M<br />

Thamnophilus palliatus (Lichtenstein, 1823) choca-listrada Chestnut-backed Antshrike F, G, M<br />

Thamnophilus ambiguus Swainson, 1825 choca-de-sooretama Sooretama Slaty-Antshrike X F, G, M<br />

Taraba major (Vieillot, 1816) choró-boi Great Antshrike F, M<br />

Pyriglena leucoptera (Vieillot, 1818) papa-taoca-do-sul White-shouldered Fire-eye F, G, M<br />

Drymophila squamata (Lichtenstein, 1823) pintadinho Scaled Antbird X F, G, M<br />

Conopophagidae Sclater & Salvin, 1873<br />

Conopophaga melanops (Vieillot, 1818) cuspidor-de-máscara-preta Black-cheeked Gnateater X F, G, M<br />

Grallariidae Sclater & Salvin, 1873<br />

Grallaria varia (Boddaert, 1783) tovacuçu Variegated Antpitta VU O<br />

Formicariidae Gray, 1840<br />

Formicarius colma Boddaert, 1783 galinha-do-mato Rufous-capped Antthrush VU F, G, M<br />

Scleruridae Swainson, 1827<br />

Sclerurus caudacutus (Vieillot, 1816) vira-folha-pardo Black-tailed Leaftosser CR CR F, G, M<br />

Dendrocolaptidae Gray, 1840<br />

Dendrocincla turdina (Lichtenstein, 1820) arapaçu-liso Plain-winged Woodcreeper F, G, M<br />

Glyphorynchus spirurus (Vieillot, 1819) arapaçu-bico-de-cunha Wedge-billed Woodcreeper VU F, G, M<br />

Xiphorhynchus fuscus (Vieillot, 1818) arapaçu-rajado Lesser Woodcreeper F, G, M<br />

Xiphorhynchus guttatus (Lichtenstein, 1820) arapaçu-de-garganta-amarela Buff-throated Woodcreeper CR F, G, M<br />

Dendroplex picus (Gmelin, 1788) arapaçu-de-bico-branco Straight-billed Woodcreeper O<br />

Lepidocolaptes squamatus (Lichtenstein, 1822) arapaçu-escamado Scaled Woodcreeper X G, M<br />

Xiphocolaptes albicollis (Vieillot, 1818) arapaçu-de-garganta-branca White-throated Woodcreeper F, G, M<br />

Xenopidae Bonaparte, 1854<br />

Xenops minutus (Sparrman, 1788) bico-virado-miúdo Plain Xenops F, G, M<br />

Xenops rutilans Temminck, 1821 bico-virado-carijó Streaked Xenops F, M<br />

Furnariidae Gray, 1840<br />

Furnarius figulus (Lichtenstein, 1823) casaca-de-couro-da-lama Wing-banded Hornero X F, M<br />

Furnarius rufus (Gmelin, 1788) joão-de-barro Rufous Hornero F, M<br />

Automolus leucophthalmus (Wied, 1821) barranqueiro-de-olho-branco White-eyed Foliage-gleaner F, G, M<br />

Philydor atricapillus (Wied, 1821) limpa-folha-coroado Black-capped Foliage-gleaner F, G, M<br />

Cichlocolaptes leucophrus (Jardine & Selby, 1830) trepador-sobrancelha Pale-browed Treehunter X G, M<br />

Phacellodomus rufifrons (Wied, 1821) joão-de-pau Rufous-fronted Thornbird F<br />

Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788) curutié Yellow-chinned Spinetail F, M<br />

4 0 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 pPetrim Sooty-fronted Spinetail F<br />

Synallaxis spixi Sclater, 1856 joão-teneném Spix’s Spinetail O<br />

Pipridae Rafinesque, 1815<br />

Ceratopipra rubrocapilla (Temminck, 1821) cabeça-encarnada Red-headed Manakin F, G, M<br />

Manacus manacus (Linnaeus, 1766) rendeira White-bearded Manakin F, G, M<br />

Dixiphia pipra (Linnaeus, 1758) cabeça-branca White-crowned Manakin F, G, M<br />

Oxyruncidae Ridgway, 1906 (1831)<br />

Oxyruncus cristatus Swainson, 1821 araponga-do-horto Sharpbill O<br />

Onychorhynchidae Tello, Moyle, Marchese & Cracraft, 2009<br />

Myiobius barbatus (Gmelin, 1789) assanhadinho Whiskered Flycatcher F, M<br />

Tityridae Gray, 1840<br />

Schiffornis turdina (Wied, 1831) flautim-marrom Thrush-like Schiffornis X VU F, G, M<br />

Laniocera hypopyrra (Vieillot, 1817) chorona-cinza Cinereous Mourner CR F, M<br />

Tityra inquisitor (Lichtenstein, 1823) anambé-branco-de-bochecha-parda Black-crowned Tityra F, M<br />

Tityra cayana (Linnaeus, 1766) anambé-branco-de-rabo-preto Black-tailed Tityra F, G, M<br />

Pachyramphus viridis (Vieillot, 1816) caneleiro-verde Green-backed Becard F, G, M<br />

Pachyramphus castaneus (Jardine & Selby, 1827) caneleiro Chestnut-crowned Becard G, M<br />

Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818) caneleiro-preto White-winged Becard G, M<br />

Pachyramphus marginatus (Lichtenstein, 1823) caneleiro-bordado Black-capped Becard F, G, M<br />

Pachyramphus validus (Lichtenstein, 1823) caneleiro-de-chapéu-preto Crested Becard F, G, M<br />

Cotingidae Bonaparte, 1849<br />

Lipaugus vociferans (Wied, 1820) cricrió Screaming Piha EN F, G, M<br />

Xipholena atropurpurea (Wied, 1820) anambé-de-asa-branca White-winged Cotinga X CR VU F, M<br />

Procnias nudicollis (Vieillot, 1817) araponga White Bellbird F, G, M<br />

Cotinga maculata (Statius Muller, 1776) crejoá Banded Cotinga X CR CR M<br />

Carpornis melanocephala (Wied, 1820) sabiá-pimenta Black-headed Berryeater X VU VU F, M<br />

Rhynchocyclidae Berlepsch, 1907<br />

Mionectes oleagineus (Lichtenstein, 1823) abre-asa Ochre-bellied Flycatcher F, G, M<br />

Leptopogon amaurocephalus Tschudi, 1846 cabeçudo Sepia-capped Flycatcher F, G, M<br />

Rhynchocyclus olivaceus (Temminck, 1820) bico-chato-grande Olivaceous Flatbill VU F, G, M<br />

Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) bico-chato-de-orelha-preta Yellow-olive Flycatcher O<br />

Tolmomyias poliocephalus (Taczanowski, 1884) bico-chato-de-cabeça-cinza Gray-crowned Flycatcher M<br />

Tolmomyias flaviventris (Wied, 1831) bico-chato-amarelo Yellow-breasted Flycatcher F, G, M<br />

Todirostrum poliocephalum (Wied, 1831) teque-teque Yellow-lored Tody-Flycatcher X M<br />

Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) ferreirinho-relógio Common Tody-Flycatcher F, M<br />

Myiornis auricularis (Vieillot, 1818) miudinho Eared Pygmy-Tyrant F, G, M<br />

410


SILVEIRA & MAGNAGO<br />

AVES<br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Hemitriccus nidipendulus (Wied, 1831) tachuri-campainha Hangnest Tody-Tyrant X O<br />

Tyrannidae Vigors, 1825<br />

Ornithion inerme Hartlaub, 1853 poiaeiro-de-sobrancelha White-lored Tyrannulet F, M<br />

Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) risadinha Southern Beardless-Tyrannulet F, M<br />

Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) guaracava-de-barriga-amarela Yellow-bellied Elaenia F, M<br />

Elaenia mesoleuca (Deppe, 1830) tuque Olivaceous Elaenia O<br />

Elaenia cristata Pelzeln, 1868 guaracava-de-topete-uniforme Plain-crested Elaenia O<br />

Elaenia chiriquensis Lawrence, 1865 chibum Lesser Elaenia O<br />

Myiopagis caniceps (Swainson, 1835) guaracava-cinzenta Gray Elaenia F, M<br />

Capsiempis flaveola (Lichtenstein, 1823) marianinha-amarela Yellow Tyrannulet F<br />

Phyllomyias fasciatus (Thunberg, 1822) piolhinho Planalto Tyrannulet F, M<br />

Attila rufus (Vieillot, 1819) capitão-de-saíra Gray-hooded Attila X F, G, M<br />

Attila spadiceus (Gmelin, 1789) capitão-de-saíra-amarelo Bright-rumped Attila VU VU F, G, M<br />

Legatus leucophaius (Vieillot, 1818) bem-te-vi-pirata Piratic Flycatcher O<br />

Myiarchus tuberculifer (d’Orbigny & Lafresnaye, 1837) maria-cavaleira-pequena Dusky-capped Flycatcher F, G, M<br />

Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 1859 irré Swainson’s Flycatcher O<br />

Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) maria-cavaleira Short-crested Flycatcher F, G, M<br />

Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776) maria-cavaleira-de-rabo-enferrujado Brown-crested Flycatcher F, G, M<br />

Sirystes sibilator (Vieillot, 1818) gritador Sirystes F, G, M<br />

Rhytipterna simplex (Lichtenstein, 1823) vissiá Grayish Mourner F, G, M<br />

Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi Great Kiskadee F, G, M<br />

Philohydor lictor (Lichtenstein, 1823) bentevizinho-do-brejo Lesser Kiskadee F, M<br />

Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) suiriri-cavaleiro Cattle Tyrant F, M<br />

Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) bem-te-vi-rajado Streaked Flycatcher F, G, M<br />

Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) neinei Boat-billed Flycatcher F, G, M<br />

Myiozetetes similis (Spix, 1825) bentevizinho-de-penacho-vermelho Social Flycatcher F, M<br />

Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 suiriri Tropical Kingbird F, G, M<br />

Tyrannus savana Vieillot, 1808 tesourinha Fork-tailed Flycatcher F, M<br />

Empidonomus varius (Vieillot, 1818) peitica Variegated Flycatcher F, M<br />

Conopias trivirgatus (Wied, 1831) bem-te-vi-pequeno Three-striped Flycatcher O<br />

Colonia colonus (Vieillot, 1818) viuvinha Long-tailed Tyrant O<br />

Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) filipe Bran-colored Flycatcher O<br />

Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766) lavadeira-mascarada Masked Water-Tyrant F, M<br />

Arundinicola leucocephala (Linnaeus, 1764) freirinha White-headed Marsh Tyrant F, M<br />

Cnemotriccus fuscatus (Wied, 1831) guaracavuçu Fuscous Flycatcher F, M<br />

Lathrotriccus euleri (Cabanis, 1868) enferrujado Euler’s Flycatcher F, G, M<br />

4 1 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Contopus cinereus (Spix, 1825) papa-moscas-cinzento Tropical Pewee F, G, M<br />

Satrapa icterophrys (Vieillot, 1818) suiriri-pequeno Yellow-browed Tyrant F, M<br />

Xolmis irupero (Vieillot, 1823) noivinha White Monjita F<br />

Vireonidae Swainson, 1837<br />

Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) pitiguari Rufous-browed Peppershrike G, M<br />

Vireo chivi (Vieillot, 1817) juruviara Chivi Vireo F, G, M<br />

Hylophilus thoracicus Temminck, 1822 vite-vite Lemon-chested Greenlet F, G, M<br />

Hirundinidae Rafinesque, 1815<br />

Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) andorinha-pequena-de-casa Blue-and-white Swallow F, M<br />

Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) andorinha-serradora Southern Rough-winged Swallow F, M<br />

Progne tapera (Vieillot, 1817) andorinha-do-campo Brown-chested Martin F, M<br />

Progne subis (Linnaeus, 1758) andorinha-azul Purple Martin O<br />

Progne chalybea (Gmelin, 1789) andorinha-doméstica-grande Gray-breasted Martin F, M<br />

Tachycineta albiventer (Boddaert, 1783) andorinha-do-rio White-winged Swallow F, M<br />

Tachycineta leucorrhoa (Vieillot, 1817) andorinha-de-sobre-branco White-rumped Swallow F, M<br />

Hirundo rustica Linnaeus, 1758 andorinha-de-bando Barn Swallow F, M<br />

Troglodytidae Swainson, 1831<br />

Troglodytes musculus Naumann, 1823 corruíra Southern House Wren F, G, M<br />

Campylorhynchus turdinus (Wied, 1831) catatau Thrush-like Wren F, G, M<br />

Pheugopedius genibarbis (Swainson, 1838) garrinchão-pai-avô Moustached Wren F, G, M<br />

Donacobiidae Aleixo & Pacheco, 2006<br />

Donacobius atricapilla (Linnaeus, 1766) japacanim Black-capped Donacobius F, M<br />

Polioptilidae Baird, 1858<br />

Ramphocaenus melanurus Vieillot, 1819 bico-assovelado Long-billed Gnatwren G, M<br />

Turdidae Rafinesque, 1815<br />

Turdus flavipes Vieillot, 1818 sabiá-una Yellow-legged Thrush F, M<br />

Turdus leucomelas Vieillot, 1818 sabiá-barranco Pale-breasted Thrush F, M<br />

Turdus fumigatus Lichtenstein, 1823 sabiá-da-mata Cocoa Thrush VU F, G, M<br />

Turdus rufiventris Vieillot, 1818 sabiá-laranjeira Rufous-bellied Thrush F, M<br />

Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 sabiá-poca Creamy-bellied Thrush F, M<br />

Turdus albicollis Vieillot, 1818 sabiá-coleira White-necked Thrush O<br />

Mimidae Bonaparte, 1853<br />

Mimus gilvus (Vieillot, 1807) sabiá-da-praia Tropical Mockingbird EN F, M<br />

Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo Chalk-browed Mockingbird F, M<br />

Motacillidae Horsfield, 1821<br />

412


SILVEIRA & MAGNAGO<br />

AVES<br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Anthus lutescens Pucheran, 1855 caminheiro-zumbidor Yellowish Pipit F, M<br />

Passerellidae Cabanis & Heine, 1850<br />

Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) tico-tico Rufous-collared Sparrow O<br />

Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) tico-tico-do-campo Grassland Sparrow O<br />

Arremon taciturnus (Hermann, 1783) tico-tico-de-bico-preto Pectoral Sparrow O<br />

Parulidae Wetmore, Friedmann, Lincoln, Miller, Peters,<br />

van Rossem, Van Tyne & Zimmer 1947<br />

Setophaga pitiayumi (Vieillot, 1817) mariquita Tropical Parula F, G, M<br />

Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) pia-cobra Masked Yellowthroat F, G, M<br />

Icteridae Vigors, 1825<br />

Psarocolius decumanus (Pallas, 1769) japu Crested Oropendola F, M<br />

Cacicus haemorrhous (Linnaeus, 1766) guaxe Red-rumped Cacique F, G, M<br />

Icterus pyrrhopterus (Vieillot, 1819) encontro Variable Oriole F, M<br />

Icterus jamacaii (Gmelin, 1788) corrupião Campo Troupial X F, M<br />

Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) graúna Chopi Blackbird F, M<br />

Agelasticus cyanopus (Vieillot, 1819) carretão Unicolored Blackbird O<br />

Chrysomus ruficapillus (Vieillot, 1819) garibaldi Chestnut-capped Blackbird F, M<br />

Molothrus rufoaxillaris Cassin, 1866 vira-bosta-picumã Screaming Cowbird F, M<br />

Molothrus oryzivorus (Gmelin, 1788) iraúna-grande Giant Cowbird O<br />

Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) vira-bosta Shiny Cowbird F, M<br />

Sturnella superciliaris (Bonaparte, 1850) polícia-inglesa-do-sul White-browed Blackbird F, M<br />

Thraupidae Cabanis, 1847<br />

Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) cambacica Bananaquit F, M<br />

Saltatricula atricollis (Vieillot, 1817) bico-de-pimenta Black-throated Saltator F<br />

Saltator maximus (Statius Muller, 1776) tempera-viola Buff-throated Saltator F, M<br />

Nemosia pileata (Boddaert, 1783) saíra-de-chapéu-preto Hooded Tanager F, M<br />

Tachyphonus coronatus (Vieillot, 1822) tiê-preto Ruby-crowned Tanager F, M<br />

Ramphocelus bresilius (Linnaeus, 1766) tiê-sangue Brazilian Tanager X F, M<br />

Lanio cristatus (Linnaeus, 1766) tiê-galo Flame-crested Tanager F, M<br />

Lanio pileatus (Wied, 1821) tico-tico-rei-cinza Pileated Finch F, M<br />

Tangara brasiliensis (Linnaeus, 1766) cambada-de-chaves White-bellied Tanager X F, M<br />

Tangara cyanomelas (Wied, 1830) sSaíra-pérola Silver-breasted Tanager X F, M<br />

Tangara seledon (Statius Muller, 1776) saíra-sete-cores Green-headed Tanager F, M<br />

Tangara sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento Sayaca Tanager F, M<br />

Tangara palmarum (Wied, 1823) sanhaçu-do-coqueiro Palm Tanager F, M<br />

Tangara cayana (Linnaeus, 1766) saíra-amarela Burnished-buff Tanager F, M<br />

4 1 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Espécie Nome Popular em Português Nome Popular em Inglês End Status de Ameaça Registro<br />

Estadual 1 Nacional 2<br />

Cissopis leverianus (Gmelin, 1788) tietinga Magpie Tanager O<br />

Schistochlamys melanopis (Latham, 1790) sanhaçu-de-coleira Black-faced Tanager F, M<br />

Paroaria dominicana (Linnaeus, 1758) cardeal-do-nordeste Red-cowled Cardinal X F, M<br />

Tersina viridis (Illiger, 1811) saí-andorinha Swallow Tanager M<br />

Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) saí-azul Blue Dacnis F, M<br />

Cyanerpes cyaneus (Linnaeus, 1766) saíra-beija-flor Red-legged Honeycreeper F, M<br />

Chlorophanes spiza (Linnaeus, 1758) saí-verde Green Honeycreeper O<br />

Hemithraupis ruficapilla (Vieillot, 1818) saíra-ferrugem Rufous-headed Tanager X O<br />

Hemithraupis flavicollis (Vieillot, 1818) saíra-galega Yellow-backed Tanager F, G, M<br />

Conirostrum speciosum (Temminck, 1824) figuinha-de-rabo-castanho Chestnut-vented Conebill F, M<br />

Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) canário-da-terra-verdadeiro Saffron Finch F, M<br />

Sicalis luteola (Sparrman, 1789) tipio Grassland Yellow-Finch F, M<br />

Emberizoides herbicola (Vieillot, 1817) canário-do-campo Wedge-tailed Grass-Finch F, M<br />

Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tiziu Blue-black Grassquit F, M<br />

Sporophila collaris (Boddaert, 1783) coleiro-do-brejo Rusty-collared Seedeater F, M<br />

Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823) baiano Yellow-bellied Seedeater F, M<br />

Sporophila ardesiaca (Dubois, 1894) papa-capim-de-costas-cinzas Dubois’s Seedeater X F, M<br />

Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) coleirinho Double-collared Seedeater F, M<br />

Sporophila leucoptera (Vieillot, 1817) chorão White-bellied Seedeater F, G, M<br />

Sporophila bouvreuil (Statius Muller, 1776) caboclinho Cooper Seedeater F, M<br />

Sporophila angolensis (Linnaeus, 1766) curió Chestnut-bellied Seed-Finch CR F, M<br />

Tiaris fuliginosus (Wied, 1830) cigarra-do-coqueiro Sooty Grassquit O<br />

Cardinalidae Ridgway, 1901<br />

Habia rubica (Vieillot, 1817) tiê-do-mato-grosso Red-crowned Ant-Tanager F, G, M<br />

Caryothraustes canadensis (Linnaeus, 1766) furriel Yellow-green Grosbeak F, G, M<br />

Cyanoloxia brissonii (Lichtenstein, 1823) azulão Ultramarine Grosbeak O<br />

Fringillidae Leach, 1820<br />

Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim Purple-throated Euphonia F, G, M<br />

Euphonia violacea (Linnaeus, 1758) gaturamo-verdadeiro Violaceous Euphonia F, G, M<br />

Euphonia xanthogaster Sundevall, 1834 fim-fim-grande Orange-bellied Euphonia F, M<br />

Euphonia pectoralis (Latham, 1801) ferro-velho Chestnut-bellied Euphonia O<br />

Passeridae Rafinesque, 1815<br />

Passer domesticus (Linnaeus, 1758) pardal House Sparrow F, M<br />

414


SILVEIRA & MAGNAGO<br />

AVES<br />

Existem espécies ou grupos de espécies de aves<br />

cuja presença é considerada como um indicador<br />

importante da qualidade e do grau de conservação<br />

de uma determinada área, seja ela florestal ou não.<br />

Neste grupo estão incluídos gaviões e outras aves<br />

de rapina de grande porte que necessitam de presas<br />

maiores e de grandes territórios para se manter,<br />

bem como papagaios e outros psitacídeos que só<br />

nidificam em árvores com cavidades compatíveis<br />

com seu tamanho e que são encontradas apenas em<br />

florestas maduras e bem preservadas. Outro grupo<br />

indicador importante compreende espécies que<br />

são caçadas para o consumo da carne pelo homem.<br />

Este grupo inclui aves frugívoras de médio-grande<br />

porte que também precisam de grandes territórios,<br />

que ocorrem em baixas densidades, que demoram<br />

para atingir a maturidade sexual e que produzem<br />

poucos filhotes por estação reprodutiva, o que torna<br />

sua conservação uma tarefa ainda mais complexa.<br />

Na RNV todos esses grupos estão muito bem<br />

representados, atestando de maneira inequívoca o<br />

alto grau de conservação desta floresta. A presença<br />

frequente da harpia ou gavião-real (Harpia harpyja;<br />

Figura 1), incluindo registros recentes (Srbek-<br />

Araujo & Chiarello, 2006; Aguiar-Silva et al., 2012;<br />

Magnago, 2015), demonstra que esta reserva<br />

abriga uma pequena população deste gavião, hoje<br />

praticamente extinto na Mata Atlântica, onde as<br />

poucas populações remanescentes encontramse<br />

isoladas umas das outras. Harpias consomem<br />

mamíferos de médio-grande porte, como<br />

macacos, ouriços, preguiças e tamanduás-decolete,<br />

auxiliando no controle de suas populações.<br />

O gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus), de<br />

maneira similar à harpia, é hoje também muito raro<br />

na Mata Atlântica, onde era outrora registrado<br />

desde Alagoas até o Rio Grande do Sul e Argentina.<br />

Embora comum na Amazônia, hoje é dificilmente<br />

visto na Mata Atlântica, sendo a RNV uma das<br />

únicas localidades neste bioma onde a espécie é<br />

ainda vista com alguma regularidade.<br />

A RNV é ainda mais importante para a<br />

conservação dos frugívoros de médio-grande<br />

porte, notadamente aqueles pertencentes às<br />

Ordens Tinamiformes e Galliformes. Macucos<br />

e inhambus possuem um papel essencial na<br />

regeneração das florestas, disseminando as<br />

sementes de árvores frutíferas que são coletadas<br />

no solo. Vivem solitários ou em casais e vagueiam<br />

pelo chão das florestas mais bem conservadas,<br />

Figura 1: A harpia ou gavião-real é uma ave praticamente extinta na Mata Atlântica, mas ainda há<br />

indivíduos se reproduzindo na RNV. Foto: Gustavo Magnago.<br />

4 1 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

geralmente ocupando territórios extensos. Por<br />

causa da sua carne, foram intensamente caçados<br />

por toda Mata Atlântica e desapareceram daquelas<br />

áreas onde o desmatamento foi intenso ou de<br />

fragmentos onde houve modificações importantes<br />

na estrutura da vegetação. O macuco (Tinamus<br />

solitarius) é a maior espécie da Família Tinamidae<br />

na Mata Atlântica e foi considerado abundante<br />

em toda a sua ampla distribuição neste bioma,<br />

sendo encontrado antigamente desde o estado de<br />

Pernambuco até a Argentina e Paraguai (Amaral &<br />

Silveira, 2004). Hoje, extinto na imensa maioria das<br />

localidades, pode ser visto com relativa facilidade<br />

em algumas UCs localizadas em matas de altitude<br />

no estado de São Paulo (Parque Estadual Intervales,<br />

por exemplo), mas praticamente desapareceu<br />

das matas de baixada em todo o Brasil (Amaral &<br />

Silveira, 2004). Em situação parecida encontra-se<br />

o jaó-do-sul (Crypturellus noctivagus noctivagus),<br />

que consta na lista nacional de espécies ameaçadas<br />

e que tem na RNV um dos seus últimos redutos,<br />

motivo pela qual a RNV é especialmente importante<br />

para a conservação destas espécies, visto que é<br />

uma das únicas localidades onde estas aves podem<br />

ainda ser registradas nas matas de baixada.<br />

Certamente, a ave mais emblemática hoje<br />

vivendo na RNV e que ajudou a tornar esta<br />

reserva mundialmente famosa e reconhecida para<br />

a conservação das aves da Mata Atlântica é o<br />

mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii; Figura<br />

2). Este grande mutum (a maior espécie da Família<br />

Cracidae vivendo na Mata Atlântica) foi descrito<br />

pelo naturalista Spix, em 1825, e batizado em<br />

homenagem ao seu orientador, Johann Friedrich<br />

Blumenbach, naturalista e antropólogo alemão. Os<br />

exemplares que foram utilizados para a descrição<br />

deste mutum foram coletados ainda bem próximos<br />

da cidade do Rio de Janeiro, o que indica como a<br />

espécie era facilmente obtida naquela época. Este<br />

mutum distribuía-se desde o sul da Bahia até o<br />

centro-sul do Rio de Janeiro, chegando também até<br />

o leste de Minas Gerais, sempre em áreas de floresta<br />

de baixada ou tabuleiros (Silveira et al., 2005). Os<br />

maiores indivíduos podiam chegar a pesar cerca de<br />

4,5 kg, o que fazia desta ave uma cobiçada peça<br />

de caça. Esta ave serviu de alimento para todos<br />

os naturalistas que passaram pelo seu hábitat<br />

durante o século XIX e não era incomum encontrar<br />

acampamentos de índios (incluindo os temidos<br />

botocudos) repletos de penas e restos destas aves,<br />

conforme apontado diversas vezes pelo Príncipe<br />

de Wied-Neuwied (Wied, 1820). Contudo, o<br />

Figura 2: Macho do mutum-do-sudeste. A conservação desta espécie endêmica da Mata Atlântica brasileira e<br />

extremamente ameaçada de extinção depende fundamentalmente da preservação das florestas da região na qual se<br />

insere a RNV, onde são vistas as maiores populações desta espécie. Foto: Gustavo Magnago.<br />

416


SILVEIRA & MAGNAGO<br />

AVES<br />

mutum-do-sudeste necessita de áreas bem<br />

conservadas, sendo muito sensível à fragmentação<br />

e à degradação do seu ambiente. Durante o século<br />

XX, com o avanço das frentes de desmatamento<br />

no sudeste brasileiro, foi rapidamente extinto no<br />

estado do Rio de Janeiro e em Minas Gerais, onde<br />

hoje só sobrevivem populações reintroduzidas<br />

(Silveira et al., 2005). No Espírito Santo e na Bahia<br />

as populações remanescentes foram rapidamente<br />

extirpadas e em poucas décadas este mutum<br />

passou de espécie razoavelmente comum para<br />

uma das aves mais ameaçadas de desaparecer<br />

em toda a América do Sul (Silveira et al., 2005).<br />

Embora ainda existam populações vivendo em<br />

algumas UCs no sul da Bahia, registros recentes<br />

neste estado são muito raros. A maioria dos<br />

parques do sul da Bahia foi invadida ou não conta<br />

com um mínimo sistema de vigilância e proteção<br />

contra caçadores, os quais não deixam de perseguir<br />

a espécie, fazendo com que o número de indivíduos<br />

nestas áreas seja muito baixo e, em alguns casos,<br />

levando-a a ser considerada provavelmente extinta<br />

localmente. Por outro lado, há um bom número<br />

de mutuns-do-sudeste vivendo na RNV (Srbek-<br />

Araujo et al., 2012), o que torna esta reserva o<br />

local mais importante do planeta para o estudo e<br />

para a conservação desta espécie. O mutum-do-<br />

sudeste pode ser visto especialmente na porção<br />

norte da RNV, em pares ou em pequenos grupos<br />

familiares, e sua reprodução foi recentemente bem<br />

documentada (Alves, 2014). A espécie ocorre<br />

também na RBS, embora estimativas mais precisas<br />

sobre o número de indivíduos e seu status nesta<br />

reserva sejam ainda inexistentes. Neste panorama,<br />

hoje a RNV é considerada a maior garantia para a<br />

conservação deste endemismo da Mata Atlântica<br />

de baixada.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Conforme descrito na introdução, as matas<br />

de tabuleiros foram as que mais sofreram com o<br />

desmatamento e a descaracterização em todo o<br />

bioma. Boa parte dos 12% que restaram da Mata<br />

Atlântica está concentrada nas áreas em terrenos<br />

mais altos, onde estão hoje também os fragmentos<br />

maiores e com maior conectividade. Nestas<br />

florestas de baixada evoluíram durante milhões de<br />

anos, aves e outros organismos únicos e que nelas<br />

ficaram restritos em virtude de suas exigências<br />

ambientais, comportamentais e climáticas. Assim<br />

sendo, a derrubada destas matas leva consigo<br />

toda uma comunidade única de seres vivos. A<br />

importância da RNV para a conservação das aves<br />

Figura 3: As maiores populações do chauá, espécie endêmica da Mata Atlântica brasileira e ameaçada de extinção,<br />

são encontradas na RNV. Foto: Gustavo Magnago.<br />

4 1 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

de baixada é ainda maior porque, nesta reserva,<br />

estão provavelmente as maiores populações<br />

mundiais de aves endêmicas e ameaçadas da Mata<br />

Atlântica, como as do papagaio-chauá (Amazona<br />

rhodocorytha; Figura 3), da tiriba-de-orelhabranca<br />

(Pyrrhura leucotis; Figura 4), da tiribagrande<br />

(P. cruentata), da maitaca-de-barrigaazul<br />

(Pionus reichenowi), do surucuá-de-coleira<br />

(Trogon collaris eytoni), do pica-pau-de-coleira<br />

(Celeus torquatus tinnunculus), do jacu-estalo<br />

(Neomorphus geoffroyi dulcis), do falcão-críptico<br />

(Micrastur mintoni; Figura 5) e do urutau-de-asabranca<br />

(Nyctibius leucopterus; Figura 6) (Costa et<br />

al., 2010, Simon & Magnago, 2013, Srbek-Araujo<br />

et al., 2014), este último recém-redescoberto na<br />

Mata Atlântica, onde não era visto por mais de 100<br />

anos. Isso tudo torna a RNV hoje, a Reserva mais<br />

importante para a conservação das aves de baixada<br />

da Mata Atlântica. O superlativo número de 391<br />

espécies já registradas na RNV, com tamanha<br />

Figura 4: A tiriba-de-orelha-branca é outra espécie endêmica da Mata Atlântica brasileira e ameaçada de extinção<br />

que conta com boas populações no interior das florestas da RNV. Foto: Gustavo Magnago.<br />

Figura 5: O falcão-críptico permaneceu sem registros por quase 40 anos na Mata Atlântica, tendo sido redescoberto<br />

recentemente na RNV. Foto: Gustavo Magnago.<br />

418


SILVEIRA & MAGNAGO<br />

AVES<br />

Figura 6: O urutau-de-asa-branca é uma das aves mais raras da região neotropical. Foi descrito com base em um<br />

único exemplar coletado na Mata Atlântica pelo Príncipe de Wied, no século XIX, e só foi reencontrado um século<br />

depois. Foto: Gustavo Magnago.<br />

concentração de táxons ameaçados em nível<br />

estadual e nacionalmente, demonstra por si só a<br />

importância desta área e reforça a necessidade de<br />

proteger contra incêndios e caçadores este último<br />

remanescente dessa formação vegetal hoje tão<br />

ameaçada quanto as aves que ali habitam.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Agradecemos aos inúmeros ornitólogos e<br />

observadores de aves que contribuíram com seus<br />

dados para a compilação da lista de aves da RNV. Ao<br />

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e<br />

Tecnológico (CNPq) pela bolsa de Produtividade em<br />

Pesquisa concedida a LFS. Aos pesquisadores, Ana<br />

Carolina Srbek de Araujo, Fábio Amaral e Marcelo<br />

Vasconcelos, que gentilmente revisaram este<br />

capítulo, contribuindo com sugestões importantes.<br />

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4 1 9


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420


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

25<br />

EFEITOS DA PROXIMIDADE E<br />

CONECTIVIDADE A UMA FLORESTA<br />

CONTÍNUA SOBRE PEQUENOS<br />

MAMÍFEROS<br />

Mariana Ferreira Rocha, Marcelo Passamani, Ludmilla Portela<br />

Zambaldi, Vinicius Chaga Lopes & Sergio Barbiero Lage<br />

INTRODUÇÃO<br />

A fragmentação de habitat pode ser entendida<br />

como um “processo no qual uma grande quantidade<br />

de habitat é transformada em remanescentes de<br />

menor tamanho, isolados uns dos outros por uma<br />

matriz de habitat diferente do original” (Wilcove<br />

et al., 1986). Seguindo este conceito, podem<br />

ser identificados quatro efeitos diretos desse<br />

processo: I) aumento do número de fragmentos<br />

florestais e II) consequente diminuição do tamanho<br />

dos remanescentes; III) perda da quantidade de<br />

vegetação original e IV) aumento do isolamento<br />

entre os fragmentos (Fahrig, 2003; Fernandez,<br />

2004; Bennet & Saunders, 2010). Dentre esses<br />

efeitos, a redução do tamanho e o aumento do<br />

isolamento são particularmente importantes,<br />

uma vez que provocam perdas expressivas de<br />

diversidade (Macarthur & Wilson, 1967; Laurance<br />

et al., 1998; Chiarello, 1999; Ferraz et al., 2007;<br />

Vieira et al., 2009; Garmendia et al., 2013).<br />

A Mata Atlântica no estado do Espírito Santo<br />

possui um histórico de degradação e fragmentação<br />

resultante de mais de 500 anos de exploração<br />

(Pereira, 2007; Thomaz, 2010). Inicialmente<br />

coberto por quase 90% de florestas (Pereira,<br />

2007; Thomaz, 2010), o território capixaba detém<br />

atualmente pouco mais de 10% de sua cobertura<br />

florestal original (SOS Mata Atlântica & Inpe,<br />

2014). Ainda, a maioria dos fragmentos florestais<br />

remanescentes é de pequeno tamanho e está<br />

isolada espacialmente. Essa situação é verdadeira<br />

também quando consideramos toda a extensão da<br />

Mata Atlântica no Brasil (Ribeiro et al., 2009).<br />

O bloco florestal no qual se insere a Reserva<br />

Natural Vale (RNV) é um dos poucos remanescentes<br />

contínuos do Espírito Santo. Esta reserva possui<br />

22.711 ha e representa quase 5% da área de<br />

floresta remanescente desse estado (SOS Mata<br />

Atlântica & Inpe, 2014). Juntamente com a Reserva<br />

Biológica de Sooretama e outras duas reservas<br />

particulares a elas conectadas (RPPN Mutum-<br />

Preto e RPPN Recanto das Antas), a RNV constitui<br />

um dos poucos remanescentes florestais da Mata<br />

Atlântica brasileira com mais de 10.000 ha (ver<br />

Ribeiro et al., 2009), denominado Bloco Linhares-<br />

Sooretama. Este é reconhecidamente importante<br />

para a conservação da biodiversidade, uma vez que<br />

representa um dos 14 centros com alta diversidade<br />

vegetal no Brasil (Peixoto & Silva, 1997), é a área<br />

mais rica em espécies de mamíferos de toda a<br />

Mata Atlântica (Srbek-Araujo et al., 2014) e um<br />

dos últimos refúgios no Espírito Santo para várias<br />

espécies nacionalmente ameaçadas de extinção,<br />

como a onça-pintada (Panthera onca) e o tatucanastra<br />

(Priodontes maximus) (Chiarello, 1999;<br />

4 2 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

422<br />

Marsden et al., 2001; Srbek-Araujo & Chiarello,<br />

2006; Srbek-Araujo et al., 2014). A paisagem no<br />

entorno da RNV está constituída por diferentes<br />

tipos de matrizes, principalmente por pastagens e<br />

plantações de eucalipto, mamão e café (Rolim et<br />

al., 2005; Peixoto et al., 2008) e por fragmentos<br />

florestais de diferentes tamanhos, formas e graus<br />

de isolamento. Alguns destes fragmentos possuem<br />

formato linear e estão localizados a diferentes<br />

distâncias da RNV.<br />

Fragmentos lineares conectados reduzem o<br />

isolamento e podem funcionar como estratégias de<br />

conservação em paisagens fragmentadas (Beier &<br />

Noss, 1998; Pardini et al., 2005). É provável que<br />

esses elementos ganhem importância em paisagens<br />

que ainda possuem grandes blocos de vegetação<br />

remanescente, uma vez que, em uma escala de<br />

paisagem, essas grandes florestas podem promover<br />

um spillover de biodiversidade, funcionando<br />

como fonte de espécies e/ou benefícios para<br />

os fragmentos do entorno, aumentando o valor<br />

destes remanescentes menores para a conservação<br />

(Ricketts, 2004; Brudvig et al., 2009). Apesar<br />

disso, o conhecimento sobre o funcionamento de<br />

fragmentos lineares em paisagens que ainda detêm<br />

grandes remanescentes florestais é incipiente,<br />

especialmente em nível nacional e no domínio da<br />

Mata Atlântica, apesar de ser fundamental para<br />

guiar estratégias de conservação.<br />

Nesse sentido, o objetivo geral do presente<br />

estudo foi analisar a composição, a estrutura<br />

e a diversidade da comunidade de pequenos<br />

mamíferos na RNV, em fragmentos lineares<br />

conectados a ela e em fragmentos lineares não<br />

conectados, visando avaliar como a proximidade<br />

com a floresta contínua influencia a comunidade<br />

de pequenos mamíferos nos fragmentos lineares<br />

do entorno. Adicionalmente, também foi avaliado<br />

o efeito da presença de corredores de vegetação<br />

em paisagens que possuem grandes blocos de<br />

remanescente florestal. As hipóteses desse trabalho<br />

foram: I) a distância dos fragmentos lineares<br />

até a floresta contínua influencia a composição<br />

e a estrutura de pequenos mamíferos nestes<br />

fragmentos, sendo a comunidade de pequenos<br />

mamíferos nos fragmentos lineares conectados<br />

mais similar ao interior e à borda da floresta<br />

contínua em comparação com os fragmentos<br />

lineares não conectados; II) a diversidade alfa é<br />

maior na floresta contínua (interior e borda) do<br />

que nos fragmentos lineares; III) a diversidade beta<br />

é maior nos sítios conectados (floresta contínua e<br />

fragmento linear conectado) do que no fragmento<br />

linear não conectado.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Desenho Amostral<br />

A amostragem de pequenos mamíferos não<br />

voadores foi realizada em 20 sítios amostrais,<br />

distantes em média 6.917 m, e divididos em quatro<br />

tratamentos: (I) interior de floresta contínua;<br />

(II) borda de floresta contínua; (III) fragmentos<br />

florestais lineares conectados à floresta contínua e<br />

(IV) fragmentos florestais lineares não conectados,<br />

considerando cinco réplicas para cada tratamento<br />

(Figura 1 e Tabela 1). Todos os sítios amostrais<br />

estavam sobre a formação florestal denominada<br />

Floresta Alta, segundo classificação de Peixoto et<br />

al. (2008).<br />

Em cada sítio foi estabelecido um transecto com<br />

100 m de comprimento contendo seis estações de<br />

captura em intervalos de 20 m. Em cada estação<br />

de captura foram dispostas duas armadilhas do tipo<br />

live-trap, sendo uma de arame galvanizado grande<br />

(45 x 16 x 16 cm) ou Sherman grande (45 x 12,5<br />

x 14,5 cm) no solo, alternadas entre as estações<br />

de captura, e uma Sherman de menor tamanho<br />

(25 x 8 x 9 cm) a uma altura aproximada de dois<br />

metros, fixada em galhos de árvores. As armadilhas<br />

foram iscadas diariamente com uma mistura de<br />

banana, amendoim moído, fubá, sardinha ou óleo<br />

de fígado de bacalhau. Foram realizadas 40 noites<br />

de amostragem em cada sítio, distribuídas entre<br />

o período de abril de 2011 a abril de 2012. Em<br />

cada mês, 10 sítios eram selecionados para serem<br />

amostrados, contemplando todos os tratamentos,<br />

a fim de evitar interferência da variação sazonal<br />

e temporal nos resultados obtidos. O esforço<br />

amostral total foi de 9.600 armadilhas-noite.<br />

Todos os indivíduos capturados foram identificados<br />

em nível específico, marcados com uma anilha<br />

metálica numerada (National Band and Tag Inc.)<br />

para posterior identificação e soltos no mesmo<br />

local de captura, seguindo o método de capturamarcação-recaptura.<br />

Pelo menos um indivíduo de cada espécie<br />

capturada foi coletado como material testemunho,


ROCHA ET AL.<br />

PEQUENOS MAMÍFEROS<br />

Figura 1: Mapa com a localização dos 20 sítios de amostragem de pequenos mamíferos na paisagem estudada -<br />

Espírito Santo, Brasil.<br />

Tabela 1: Localização geográfica dos 20 sítios de amostragem de pequenos mamíferos e suas respectivas<br />

distâncias até até a borda mais próxima da Reserva Natural Vale - Espírito Santo, Brasil.<br />

Coordenadas geográficas<br />

Distância até a<br />

Sítios de amostragem (24K) floresta contínua da<br />

Latitude Longitude RNV (log)<br />

Sítio 1 (interior de floresta contínua) 399303 7883774 0<br />

Sítio 2 (interior de floresta contínua) 395623 7881088 0<br />

Sítio 3 (interior de floresta contínua) 401816 7881282 0<br />

Sítio 4 (interior de floresta contínua) 393415 7883960 0<br />

Sítio 5 (interior de floresta contínua) 394124 7883886 0<br />

Sítio 6 (borda de floresta contínua) 398674 7883480 0<br />

Sítio 7 (borda de floresta contínua) 395708 7881489 0<br />

Sítio 8 (borda de floresta contínua) 401635 7881936 0<br />

Sítio 9 (borda de floresta contínua) 392962 7883873 0<br />

Sítio 10 (borda de floresta contínua) 395461 7883569 0<br />

Sítio 11 (fragmento linear conectado) 398392 7883347 2,45<br />

Sítio 12 (fragmento linear conectado) 395799 7881459 1,51<br />

Sítio 13 (fragmento linear conectado) 401636 7881994 1,64<br />

Sítio 14 (fragmento linear conectado) 392869 7883698 1,88<br />

Sítio 15 (fragmento linear conectado) 395550 7883482 1,64<br />

Sítio 16 (fragmento linear não conectado) 383956 7884474 3,04<br />

Sítio 17 (fragmento linear não conectado) 390331 7885008 2,83<br />

Sítio 18 (fragmento linear não conectado) 383803 7883629 2,76<br />

Sítio 19 (fragmento linear não conectado) 386820 7889272 3,39<br />

Sítio 20 (fragmento linear não conectado) 387811 7888306 3,19<br />

4 2 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

taxidermizado e depositado na Coleção de<br />

Mamíferos da Universidade Federal do Espírito<br />

Santo (Ufes-MAM). Todos os procedimentos<br />

envolvendo a captura e a marcação de pequenos<br />

mamíferos foram realizados sob autorização do<br />

órgão ambiental competente (Licença Sisbio n°<br />

27369-4).<br />

Análise de Dados<br />

Cada sítio (ou transecto) foi considerado como<br />

uma unidade amostral. Os valores de diversidade<br />

alfa e beta foram obtidos para cada sítio por meio<br />

de regressões lineares de log de espécies e log<br />

de indivíduos (Hubbell, 1997) usando o modelo<br />

linearizado de Arrhenius (1922), onde Log S = Log c +<br />

z LogA, sendo: S = riqueza de espécies, c = intercepto<br />

da regressão (diversidade alfa) e z = inclinação da<br />

regressão (diversidade beta). Foram utilizados os<br />

conceitos de diversidade alfa e beta propostos por<br />

Hubbell (1997). Dessa forma, em um modelo de<br />

regressão linear, a diversidade alfa é representada<br />

pelo intercepto da regressão e corresponde ao<br />

número de espécies adicionadas considerando um<br />

número mínimo de amostras (no presente estudo,<br />

os indivíduos foram considerados como amostras).<br />

Já a diversidade beta é representada pela inclinação<br />

das linhas (valor de z) e é maior quando a linha é<br />

mais inclinada, significando que um maior número<br />

de espécies é adicionado quando mais indivíduos<br />

são amostrados. A diversidade alfa e beta foram<br />

comparadas entre os sítios amostrados através do<br />

Teste F e dos intervalos de confiança. Uma linha de<br />

tendência foi inserida no gráfico de dispersão dos<br />

valores obtidos utilizando uma função linear para<br />

obter os valores de ajuste e confiabilidade para cada<br />

caso a partir do R 2 .<br />

Para verificar a composição de espécies e a<br />

estrutura da comunidade de pequenos mamíferos<br />

nos sítios amostrados, foi realizada uma análise<br />

de ordenação não-métrica (NMS, do inglês<br />

Nonmetric Multidimensional Scaling) com 1.000<br />

aleatorizações. Após essa análise exploratória,<br />

foi usada a análise ANOSIM (do inglês Analysis<br />

of Similarity) para verificar a similaridade na<br />

composição de espécies entre os tratamentos.<br />

Para isso, foi utilizado o índice de Jaccard. Para<br />

analisar os dados de estrutura da comunidade, foi<br />

considerada a abundância relativa de cada espécie<br />

capturada em cada sítio e também foi utilizado o<br />

ANOSIM, porém, adotando o índice de similaridade<br />

de Bray-Curtis. As análises NMS foram realizadas<br />

no programa Primer v6.<br />

Para verificar a influência da conectividade<br />

promovida pelos corredores de vegetação (neste<br />

estudo chamado de fragmentos florestais lineares),<br />

todos os parâmetros descritos anteriormente<br />

foram comparados entre os sítios amostrados.<br />

Para verificar se a distância em relação à floresta<br />

contínua influencia a composição e a estrutura<br />

da comunidade de pequenos mamíferos, foram<br />

construídos modelos gerais linearizados (GLM,<br />

do inglês General Linear Models) considerando<br />

a distância até a floresta contínua como variável<br />

preditora (ver dados de distância de cada sítio<br />

até a floresta contínua apresentados na Tabela<br />

1). Os eixos gerados pelo NMS serviram como<br />

proxy da composição e estrutura da comunidade<br />

(para detalhes, ver Barlow et al., 2010; Magnago<br />

et al., 2014) e foram considerados como variável<br />

resposta.<br />

A autocorrelação espacial dos resíduos para<br />

todos os modelos citados foi verificada por meio<br />

de correlograma I de Moran (Diniz-Filho et al.,<br />

2003). O número e o intervalo entre classes<br />

de distância dos correlogramas seguiu o default<br />

do programa SAM 4.0 (Rangel et al., 2010). A<br />

significância da autocorrelação espacial dos<br />

resíduos foi avaliada pela correção sequencial de<br />

Bonferroni (Fortin & Dale, 2005). Os resíduos<br />

dos modelos que consideraram a estrutura da<br />

comunidade não apresentaram autocorrelação<br />

espacial, uma vez que todos os coeficientes<br />

I de Moran foram menores do que 0,25 e<br />

não foram significativos. Porém, os resíduos<br />

dos modelos de composição apresentaram<br />

autocorrelação espacial em pelo menos uma<br />

classe de distância do correlograma e, portanto,<br />

foram adotadas medidas corretivas para lidar<br />

com a autocorrelação espacial (Diniz-Filho et al.,<br />

2003). Filtros espaciais foram gerados e incluídos<br />

como variáveis fixas nesses modelos. Os filtros<br />

espaciais foram obtidos pelo método de “Moran’s<br />

Eigenvector Map” (MEM), a partir de uma matriz<br />

das coordenadas geográficas das amostras,<br />

por meio do pacote ‘spacemakeR’ (DRAY et al.,<br />

2006) do programa R. Análise de redundância<br />

424


ROCHA ET AL.<br />

PEQUENOS MAMÍFEROS<br />

foi executada entre a variável resposta de cada<br />

modelo e os filtros espaciais gerados e os filtros<br />

foram selecionados pela função ‘forward.sel’ do<br />

pacote ‘packfor’ (Dray et al., 2009) do programa<br />

R. Após incluir os filtros espaciais, novamente foi<br />

verificada a autocorrelação espacial dos resíduos<br />

dos modelos e o resultado apresentado mostrou<br />

que os modelos de composição foram corrigidos.<br />

Dessa forma, o modelo GLM para verificar a<br />

influência da distância da floresta na composição<br />

de pequenos mamíferos foi construído usando os<br />

filtros espaciais como variáveis fixas. A família<br />

de distribuição usada foi Gaussian, uma vez<br />

que a variável resposta (scores NMS) não era<br />

de contagem. Para o modelo considerando a<br />

estrutura da comunidade, o mesmo procedimento<br />

foi adotado, porém, sem considerar os filtros<br />

espaciais já que os resíduos dos modelos não<br />

apresentaram autocorrelação espacial. Todas as<br />

análises relacionadas aos modelos GLM foram<br />

realizadas no programa R 2.15.3.<br />

Modelos GLM foram construídos também<br />

para comparar a abundância total entre os sítios<br />

amostrados, usando a família de distribuição<br />

negative binomial. Para todas as análises estatísticas<br />

descritas foram considerados significativos valores<br />

de p≤0,05.<br />

RESULTADOS<br />

Foram capturados 150 indivíduos de 12<br />

espécies de pequenos mamíferos nos 20 sítios de<br />

amostragem (Tabela 2, Figura 2). A diversidade alfa<br />

foi significativamente maior no fragmento linear<br />

não conectado e menor no interior da floresta<br />

contínua, quando comparada com os fragmentos<br />

lineares (Tabela 3 e Figura 3). De maneira oposta,<br />

a diversidade beta foi significativamente maior<br />

no interior da floresta contínua, não diferindo<br />

significativamente entre a borda da floresta contínua<br />

e o fragmento linear conectado, e apresentando<br />

menor valor no fragmento linear não conectado<br />

(Tabela 3 e Figura 3).<br />

A análise de NMS evidenciou que o fragmento<br />

linear conectado possui maior similaridade com<br />

a floresta contínua do que o fragmento linear<br />

não conectado, tanto em relação à composição<br />

de espécies quanto à estrutura da comunidade<br />

(Figura 4). Esses resultados foram corroborados<br />

pela análise de similaridade ANOSIM que mostrou<br />

que a composição da comunidade de pequenos<br />

mamíferos no fragmento linear conectado é similar<br />

ao interior (R = - 0,046; p = 0,627) e à borda da<br />

floresta contínua (R = - 0,014; p = 0,5). O mesmo<br />

resultado foi observado quando considerada a<br />

Tabela 2: Espécies de pequenos mamíferos e número de indivíduos capturados por sítio de amostragem<br />

na Reserva Natural Vale e nos fragmentos lineares do entorno. FCI = interior da floresta contínua, FCB =<br />

borda da floresta contínua, FLC = fragmento linear conectado à floresta contínua, FLNC = fragmento linear<br />

não conectado, DP = desvio padrão.<br />

Espécies<br />

Sítios de amostragem<br />

FCI FCB FLC FLNC<br />

Marsupiais<br />

Caluromys philander (Linnaeus, 1758) 1 0 1 0<br />

Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826 8 24 4 11<br />

Gracilinanus microtarsus (Wagner, 1842) 1 1 4 1<br />

Marmosa murina (Linnaeus, 1758) 1 4 4 10<br />

Marmosa paraguayana (Tate, 1931) 0 6 0 0<br />

Marmosops incanus (Lund, 1840) 4 5 4 16<br />

Metachirus nudicaudatus (É. Geoffroy St.-Hilaire, 1803) 0 1 0 1<br />

Monodelphis americana (Müller,1776) 1 1 1 0<br />

Roedores<br />

Nectomys squamipes Brants, 1827 0 0 4 4<br />

Trinomys setosus (Desmarest, 1817) 0 0 0 22<br />

Rattus rattus (Linneaus 1758) 1 3 1 0<br />

Abundância total (±DP) 17 (±1,67) 45 (±3,24) 23 (±1,81) 65 (±5,20)<br />

4 2 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 2: Espécies de pequenos mamíferos capturadas na Reserva Natural Vale e nos fragmentos lineares<br />

amostrados. Da esquerda para direita, de cima para baixo: Caluromys philander, Didelphis aurita, Gracilinanus<br />

microtarsus, Marmosops incanus, Metachirus nudicaudatus, Marmosa murina, Marmosa paraguayana e Trinomys<br />

setosus. Fotos: Mariana F. Rocha e Sergio B. Lage.<br />

Figura 3: Relação entre riqueza de espécies e número de<br />

indivíduos ajustada por regressões lineares mostrando<br />

que a diversidade alfa e beta se comportam de maneira<br />

oposta nos tratamentos considerados. Legenda: círculo<br />

preto = interior da floresta contínua, círculo branco =<br />

borda da floresta contínua, triângulo branco = fragmento<br />

linear conectado, triângulo cinza = fragmento linear não<br />

conectado.<br />

abundância (fragmento conectado x interior: R =<br />

0,076; p = 0,246; fragmento conectado x borda:<br />

R = 0,104; p = 0,198). Entretanto, a composição<br />

de espécies no fragmento linear não conectado<br />

foi dissimilar ao interior (R = 0,48; p = 0,008) e à<br />

borda da floresta contínua (R = 0,42; p = 0,016). A<br />

estrutura da comunidade seguiu o mesmo padrão,<br />

sendo altamente dissimilar entre o fragmento linear<br />

não conectado e a floresta contínua (fragmento não<br />

conectado x interior: R = 0,6; p = 0,008; fragmento<br />

não conectado x borda: R = 0,56; p = 0,008).<br />

Os dados obtidos evidenciam que a proximidade<br />

com a floresta contínua influencia tanto a composição<br />

de espécies quanto a estrutura da comunidade<br />

de pequenos mamíferos nos fragmentos lineares<br />

do entorno (Tabela 4). Nesse sentido, ambos<br />

(composição e abundância de indivíduos) diferem à<br />

medida que a distância da floresta contínua aumenta<br />

(Figura 5).<br />

Tabela 3: Valores de significância do teste F para a diversidade alfa (intercepto) e beta (inclinação) de<br />

pequenos mamíferos não voadores entre os sítios amostrados. Diferentes letras denotam diferenças<br />

significativas entre as comparações par a par dos intervalos de confiança. FCI = interior de floresta<br />

contínua, FCB = borda da floresta contínua, FLC = fragmento linear conectado à floresta contínua, FLNC =<br />

fragmento linear não conectado.<br />

Estimador FCI FCB FLC FLNC<br />

Log c (intercepto) 0,021*(±0,021)a 0,025*(±0,021)a 0,142*(±0,063)b 0,287*(±0,081)c<br />

Z (inclinação) 0,667*(±0,022)a 0,534 (±0,015)b 0,568*(±0,057)b 0,313*(±0,052)c<br />

Z (inclinação) = diversidade beta (±IC); Log c (intercepto) = alfa-diversidade (±IC) *p < 0,001<br />

426


ROCHA ET AL.<br />

PEQUENOS MAMÍFEROS<br />

DISCUSSÃO<br />

A comunidade de pequenos mamíferos<br />

nos fragmentos lineares conectados à RNV<br />

foi similar à floresta contínua, para todos os<br />

parâmetros analisados, enquanto nos fragmentos<br />

lineares não conectados os resultados diferiram<br />

significativamente da floresta contínua,<br />

principalmente dos sítios localizados no seu<br />

interior. Isso demonstra que a distância dos<br />

fragmentos lineares até a floresta contínua<br />

interfere significativamente na comunidade de<br />

pequenos mamíferos presentes nesses fragmentos,<br />

confirmando a primeira hipótese proposta neste<br />

trabalho. Dessa forma, a RNV, por ser um grande<br />

remanescente florestal e ocupar grande parte<br />

da paisagem (Peixoto et al., 2008), pode se<br />

enquadrar no modelo de spillover (ver Brudvig et<br />

al., 2009), influenciando a composição e estrutura<br />

da comunidade de pequenos mamíferos nos<br />

fragmentos lineares mais próximos.<br />

A importância das florestas contínuas para<br />

manutenção da riqueza, composição e estrutura<br />

da biota nativa silvestre em fragmentos lineares<br />

conectados também foi observada em outros<br />

estudos realizados em florestas tropicais com<br />

pequenos e grandes vertebrados, invertebrados e<br />

angiospermas (ver Lima & Gascon, 1999; Bolger et<br />

Figura 4: Análise de Ordenação Não-Métrica (NMS) evidenciando o espaço dimensional ocupado pelos sítios de<br />

amostragem em relação à similaridade na composição de espécies (a) e na estrutura da comunidade (b) de pequenos<br />

mamíferos. Legenda: círculo preto = interior da floresta contínua, círculo branco = borda da floresta contínua,<br />

triângulo branco = fragmento linear conectado, triângulo cinza = fragmento linear não conectado.<br />

Tabela 4: Sumário dos modelos gerais linearizados (GLMs) construídos para verificar o efeito da distância<br />

da floresta contínua na composição de espécies (a) e estrutura da comunidade (b) de pequenos mamíferos.<br />

O modelo para composição de espécies foi construído considerando o MEM como variável fixa. Dist.RNV =<br />

distância da floresta contínua; MEM = mapas de autovetor de Moran (em inglês Moran’s eigenvector maps).<br />

(a) Composição (scores nms1) ~ dist.RNV + MEM<br />

Variável Estimate Erro padrão Valor de t p<br />

Dist.RNV -0,3116 0,1025 2,503 0,0228<br />

MEM 0,2565 0,5987 -1,668 0,1136<br />

(b) Estrutura (scores nms1) ~ dist.RNV<br />

Variável Estimate Erro padrão Valor de t p<br />

Dist.RNV 0,2763 0,1069 2,586 0,0187<br />

4 2 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 5: Mudanças na composição de espécies (a) e estrutura da comunidade (b) de pequenos mamíferos em<br />

função da distância em relação à floresta contínua, com base em modelos gerais linearizados (GLM). Legenda: Círculo<br />

preto = interior da floresta contínua, círculo branco = borda da floresta contínua, triângulo branco = fragmento linear<br />

conectado, triângulo cinza = fragmento linear não conectado.<br />

al., 2001; Pardini et al., 2005; Hawes et al., 2008;<br />

Martensen et al., 2008; Lees & Peres, 2008;<br />

Barlow et al., 2010; Rocha et al., 2011; Castro &<br />

van den Berg, 2013).<br />

Os resultados obtidos corroboram a hipótese<br />

de que os fragmentos lineares conectados<br />

apresentaram maior diversidade beta do que os<br />

não conectados. Nesse sentido, a conectividade<br />

estrutural com a floresta contínua também<br />

parece influenciar a diversidade beta de pequenos<br />

mamíferos nos sítios amostrados, uma vez que<br />

contribui para aumentar o turnover de espécies<br />

e indivíduos (Pardini et al., 2010), resultando<br />

em uma comunidade de pequenos mamíferos<br />

mais heterogênea e, consequentemente, uma<br />

maior diversidade beta nos fragmentos lineares<br />

conectados. Da mesma forma, a menor diversidade<br />

beta (comunidade mais homogênea) nos<br />

fragmentos lineares não conectados pode ser uma<br />

consequência do isolamento dessas áreas, uma vez<br />

que o turnover está relacionado ao deslocamento<br />

dos indivíduos (Hubbell, 1997; Condit et al.,<br />

2002). Dessa forma, os resultados apresentados<br />

corroboram estudos anteriores (p. ex. Condit et<br />

al., 2002; Pardini et al., 2005; Rocha et al., 2011;<br />

Mesquita & Passamani, 2012), demostrando<br />

a importância da conectividade provida pelos<br />

fragmentos lineares na redução do isolamento de<br />

populações/espécies e no aumento do turnover<br />

em paisagens fragmentadas.<br />

Ao contrário do que foi hipotetizado, os<br />

fragmentos lineares apresentaram maior<br />

diversidade alfa do que a floresta contínua.<br />

Contudo, essa resposta provavelmente se deve<br />

ao efeito da amostragem, mais do que à diferença<br />

entre os tratamentos. Como os fragmentos lineares<br />

têm menor tamanho que a floresta contínua e<br />

a amostragem foi a mesma para todas as áreas<br />

(mesmo número de transectos e de armadilhas<br />

e mesma quantidade de dias amostrados), foi<br />

capturado um maior número de espécies nos<br />

fragmentos lineares, uma vez que nestes as<br />

espécies provavelmente encontram-se mais<br />

aninhadas. Assim, se a amostragem considerasse<br />

toda a área dos remanescentes estudados, seria<br />

esperado, de acordo com a relação espécie-área<br />

(ver Rosenzweig, 1995; Hubbell, 1997), que a<br />

diversidade alfa fosse maior na floresta contínua e<br />

menor nos fragmentos lineares. Essa colocação é<br />

corroborada pelo fato de os fragmentos pequenos<br />

possuírem um subconjunto de espécies encontradas<br />

em fragmentos maiores e com vegetação primária<br />

(Louzada et al., 2010; Hill et al., 2011; Menezes &<br />

Fernandez, 2013), conforme proposto inicialmente.<br />

Diante dos resultados obtidos, conclui-se que,<br />

em relação à comunidade de pequenos mamíferos,<br />

a floresta contínua na qual se insere a RNV exerce<br />

grande influência sobre os fragmentos lineares do<br />

entorno, funcionando como uma área de spillover,<br />

o que pode aumentar o valor destes remanescentes<br />

428


ROCHA ET AL.<br />

PEQUENOS MAMÍFEROS<br />

para a conservação e, consequentemente,<br />

aumentar sua importância na paisagem<br />

fragmentada. Também foi possível observar que<br />

tanto a proximidade quanto a conectividade dos<br />

fragmentos em relação à RNV são importantes<br />

variáveis que influenciam a composição, a estrutura<br />

da comunidade e a diversidade beta de pequenos<br />

mamíferos nos fragmentos lineares dessa paisagem.<br />

Desta forma, a similaridade com a floresta contínua<br />

indica que a manutenção e proteção de fragmentos<br />

lineares conectados a grandes blocos florestais<br />

pode representar uma estratégia importante para<br />

a conservação da biodiversidade em paisagens<br />

fragmentadas.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

À Vale S.A. pelo apoio logístico concedido para<br />

realização deste trabalho; Fibria Celulose S/A e<br />

Caliman por autorizar os trabalhos nos fragmentos<br />

em suas propriedades; Átilla Colombo Ferreguetti<br />

pelo auxílio nas atividades de campo; Leila Meyer<br />

pela contribuição essencial com as análises de<br />

autocorrelação espacial; Yuri Leite, Leonora Pires<br />

Costa, Jeronymo Dalapicolla e Rafaela Duda<br />

pela ajuda com a identificação de espécimes;<br />

Ana Carolina Srbek de Araujo pelo convite para<br />

participar desse capítulo e pelas sugestões no<br />

texto; Yuri Leite e Diogo Loretto pela revisão do<br />

capítulo e importantes contribuições; Coordenação<br />

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior<br />

(CAPES) pela bolsa de estudos concedida à<br />

primeira autora para realização de suas atividades<br />

de doutorado no Brasil e na Austrália através do<br />

Programa de Doutorado Sanduíche (número do<br />

processo 1295/12-8). Esse capítulo foi gerado a<br />

partir de informações obtidas durante o doutorado<br />

da primeira autora.<br />

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430


ROCHA ET AL.<br />

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4 3 1


432<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

26<br />

L.<br />

FRUGIVORIA E DISPERSÃO DE<br />

SEMENTES POR MORCEGOS NA<br />

<strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>, SUDESTE<br />

DO BRASIL<br />

Isaac P. Lima, Marcelo R. Nogueira, Leandro R. Monteiro & Adriano<br />

Peracchi<br />

INTRODUÇÃO<br />

O Brasil é considerado um país megadiverso,<br />

sendo o primeiro no mundo em diversidade de flora<br />

(Forzza et al., 2012) e o quarto em diversidade<br />

de fauna (Williams et al., 2001). Morcegos<br />

contribuem com pelo menos 178 espécies para<br />

a mastofauna brasileira (Nogueira et al., 2014) e<br />

têm em Phyllostomidae a família mais numerosa,<br />

com 92 espécies. Essa família se destaca ainda por<br />

apresentar grande diversidade ecológica, incluindo<br />

espécies que se alimentam de insetos, pequenos<br />

vertebrados, frutos, néctar, folhas, sementes e<br />

sangue (Altringham, 2011).<br />

Por meio das interações ecológicas das quais<br />

participam, morcegos proveem importantes<br />

serviços ecossistêmicos (Kunz et al., 2011),<br />

dentre os quais pode-se destacar a dispersão de<br />

sementes, definida por Stoner & Henry (2010)<br />

como a remoção das sementes e sua deposição<br />

em locais distantes das plantas parentais. Na<br />

região neotropical, morcegos consomem frutos<br />

de pelo menos 546 espécies de plantas, em 191<br />

gêneros e 62 famílias (Lobova et al., 2009).<br />

Dentre essas espécies, algumas parecem depender<br />

exclusivamente dos morcegos para sua dispersão<br />

(Sazima et al., 2003; Thies & Kalko, 2004),<br />

enquanto outras, importantes nos estágios iniciais<br />

da sucessão florestal, têm papel de destaque na<br />

dieta desses mamíferos (Muscarella & Fleming,<br />

2007). Além disso, morcegos são reconhecidos pela<br />

qualidade da dispersão que promovem, geralmente<br />

consumindo frutos maduros, os quais transportam<br />

para longe da planta-mãe, e defecando sementes<br />

em voo, frequentemente sobre áreas abertas<br />

propícias à germinação (Lobova et al., 2009). Salvo<br />

por um único gênero (Chiroderma), morcegos não<br />

danificam as sementes durante a mastigação ou<br />

em seu trato gastrointestinal (Nogueira & Peracchi,<br />

2003).<br />

Morcegos neotropicais considerados<br />

especializados na frugivoria pertencem às<br />

subfamílias Stenodermatinae, Carolliinae e<br />

Rhinophyllinae (sensu Baker et al., 2016) e<br />

ocorrem em todos os biomas brasileiros (Reis et<br />

al., 2007). A Mata Atlântica abriga significativa<br />

riqueza nesse grupo (22 espécies), embora esteja<br />

hoje bastante fragmentada – mais de 80% de seus<br />

remanescentes tem área menor do que 50 ha – e<br />

representada por apenas 12,5% de sua cobertura<br />

original (Ribeiro et al., 2009; SOS Mata Atlântica<br />

& Inpe, 2014). A Reserva Natural Vale (RNV), no<br />

estado do Espírito Santo, possui cerca de 22.711<br />

ha e é contígua à Reserva Biológica de Sooretama,<br />

que por sua vez abarca cerca de 24.000 ha<br />

(Chiarello, 2000). Essas reservas totalizam quase<br />

50.000 ha de áreas florestais, representando uma<br />

oportunidade singular para pesquisa biológica,<br />

principalmente quando se considera que maiores<br />

fragmentos de Mata Atlântica ocorrem apenas em<br />

4 3 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

latitudes mais altas, onde se espera uma redução<br />

no número de espécies de morcegos (Willig et al.,<br />

2003; Ramos-Pereira & Palmeirim, 2013).<br />

A RNV tem sido objeto de pesquisas de campo<br />

com morcegos desde a década de 1970 (Peracchi<br />

& Albuquerque, 1993; Pedro & Passos, 1995;<br />

Peracchi et al., 2011; Srbek-Araujo et al., 2012;<br />

Nogueira et al., 2012) e os resultados apontam para<br />

uma riqueza recorde na Mata Atlântica (Peracchi<br />

et al., 2011). As 50 espécies assinaladas na mais<br />

recente lista publicada para a reserva (Srbek-Araujo<br />

et al., 2014) correspondem a, respectivamente,<br />

70 e 43% do que já foi registrado para Chiroptera<br />

no estado do Espírito Santo (Pimenta et al.,<br />

2014; Hoppe et al., 2014a, b) e no bioma<br />

atlântico (Paglia et al., 2012) (a lista atualizada<br />

de morcegos da RNV pode ser encontrada na<br />

Tabela 1). Morcegos frugívoros representam 1/3<br />

Tabela 1: Relação das espécies de Chiroptera registradas na Reserva Natural Vale, estado do Espírito<br />

Santo, sudeste do Brasil. Espécies assinaladas com um asterisco foram registradas em estudos<br />

anteriores realizados na reserva (Peracchi et al., 1993, Pedro & Passos, 1995).<br />

Família/subfamília<br />

Emballonuridae/Emballonurinae<br />

Rhynchonycteris naso (Wied-Neuwied, 1820)<br />

Saccopteryx bilineata (Temminck, 1838)<br />

Saccopteryx leptura (Schreber, 1774)<br />

Phyllostomidae/Micronycterinae<br />

Lampronycteris brachyotis (Dobson, 1879)<br />

Micronycteris hirsuta (Peters, 1869)<br />

Micronycteris megalotis (Gray, 1842)<br />

Micronycteris microtis Miller, 1898<br />

Micronycteris minuta (Gervais, 1856)<br />

Phyllostomidae/Desmodontinae<br />

Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810)<br />

Phyllostomidae/Phyllostominae<br />

Chrotopterus auritus (Peters, 1856)<br />

Lophostoma brasiliense Peters, 1866<br />

Mimon crenulatum (É. Geoffroy, 1803)<br />

Phyllostomus discolor (Wagner, 1843)<br />

Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767)<br />

Tonatia bidens (Spix, 1823)<br />

Tonatia saurophila Koopman & Williams, 1951<br />

Trachops cirrhosus (Spix, 1823)<br />

Phyllostomidae/Glossophaginae<br />

Anoura caudifer (É. Geoffroy, 1818)*<br />

Anoura geoffroyi Gray, 1838<br />

Dryadonycteris capixaba Nogueira, Lima, Peracchi & Simmons, 2012<br />

Glossophaga soricina (Pallas, 1766)<br />

Phyllostomidae/Lonchophyllinae<br />

Lonchophylla mordax Thomas, 1903*<br />

Phyllostomidae/Carolliinae<br />

Carollia brevicauda (Schinz, 1821)<br />

Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758)<br />

Phyllostomidae/Glyphonycterinae<br />

Trinycteris nicefori Sanborn, 1949<br />

Phyllostomidae/Rhinophyllinae<br />

Rhinophylla pumilio Peters, 1865<br />

Família/subfamília<br />

Phyllostomidae/Stenodermatinae<br />

Artibeus fimbriatus Gray, 1838<br />

Artibeus lituratus (Olfers, 1818)<br />

Artibeus obscurus (Schinz, 1821)<br />

Artibeus planirostris (Spix, 1823)<br />

Chiroderma villosum Peters, 1860<br />

Dermanura cinerea Gervais, 1856<br />

Dermanura gnoma (Handley, 1987)<br />

Platyrrhinus lineatus (É. Geoffroy, 1810)<br />

Platyrrhinus recifinus (Thomas, 1901)<br />

Pygoderma bilabiatum (Wagner, 1843)<br />

Sturnira lilium (É. Geoffroy, 1810)<br />

Sturnira tildae de la Torre, 1959<br />

Uroderma magnirostrum Davis, 1968<br />

Vampyressa pusilla (Wagner, 1843)<br />

Noctilionidae<br />

Noctilio leporinus (Linnaeus, 1758)<br />

Molossidae/Molossinae<br />

Cynomops planirostris (Peters, 1866)<br />

Molossus molossus (Pallas, 1766)<br />

Molossus rufus É. Geoffroy, 1805<br />

Vespertilionidae/Vespertilioninae<br />

Eptesicus diminutus Osgood, 1915<br />

Eptesicus furinalis (d’Orbigny and Gervais, 1847)<br />

Lasiurus blossevillii ([Lesson, 1826])<br />

Lasiurus ega (Gervais, 1856)<br />

Vespertilionidae/Myotinae<br />

Myotis albescens (É. Geoffroy, 1806)<br />

Myotis nigricans (Schinz, 1821)<br />

434


LIMA ET AL.<br />

MORCEGOS<br />

das espécies registradas na Reserva, mas pouco<br />

se sabe sobre suas interações com a flora local<br />

ou mesmo nas matas de tabuleiro de forma geral.<br />

Pedro & Passos (1995) reportaram o consumo de<br />

uma cucurbitácea por Phyllostomus hastatus, de<br />

infrutescências de Cecropia sp. por Platyrrhinus<br />

recifinus e de solanáceas e Piper arboreum por<br />

Carollia perspicillata. O presente trabalho descreve<br />

a chuva de sementes proporcionada por morcegos<br />

frugívoros em áreas de borda e matrizes adjacentes<br />

a estas áreas na RNV, bem como apresenta as<br />

interações entre as espécies de morcegos e os<br />

frutos dos quais se alimentam.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Chuva de Sementes<br />

A chuva de sementes produzida pelos morcegos<br />

na RNV foi estudada por meio de coletores de<br />

sementes. Esses coletores foram instalados em<br />

quatro parcelas, cada uma com 900 m 2 e situadas<br />

em áreas de borda de mata e nas suas adjacências<br />

Figura 1, pontos 1, 2, 3 e 4). Em cada parcela foram<br />

colocados 18 coletores, seis na borda da mata (10<br />

m em direção ao interior da mata, partindo-se das<br />

últimas árvores antes da área aberta) e 12 na área<br />

aberta adjacente (matriz). Nessa última área, os<br />

coletores foram dispostos em duas fileiras de seis<br />

coletores, a primeira a 10 m da borda e a segunda a<br />

20 m dela (Figura 2). A distância entre os coletores<br />

de uma mesma fileira foi de 5 m. A estrutura dos<br />

coletores foi confeccionada com tubos de PVC de<br />

25 mm de diâmetro, com dimensões de 100 cm<br />

x 100 cm (Figura 3). Como material de anteparo<br />

das sementes, foi utilizada uma tela em nylon com<br />

malha de 1 mm, com 10 cm de profundidade. O<br />

anteparo permaneceu a uma altura de 30 cm do<br />

solo, evitando que as sementes fossem predadas<br />

por roedores (Gorchov et al., 1993).<br />

Os coletores foram vistoriados ao longo de dois<br />

anos (setembro de 2009 a agosto de 2011), com<br />

um esforço mensal de dez dias de amostragem. As<br />

vistorias foram realizadas duas vezes por dia, uma<br />

no início da manhã, para recolher os diásporos 1<br />

Figura 1: Mapa da Reserva Natural Vale, estado do Espírito Santo, sudeste do Brasil, com localização das parcelas<br />

(sítios 1 a 4) onde foram instalados coletores de sementes e efetuadas capturas de morcegos com redes de neblina,<br />

e sítios onde foram realizadas apenas capturas com rede de neblina (pontos 5 a 14).<br />

1 Como a unidade de dispersão pode variar de entre as espécies (p. ex., sementes em Solanum spp. e frutos em Ficus spp.), foi adotado o<br />

termo mais genérico “diásporo”, conforme sugerem Lobova et al. (2009).<br />

4 3 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

provenientes da dispersão por morcegos, e outra<br />

ao final da tarde, para o recolhimento do material<br />

depositado pelas aves. Os diásporos retirados dos<br />

coletores foram acondicionados em envelopes<br />

de papel e levados ao laboratório para análise<br />

sob microscópio estereoscópico. A identificação<br />

desse material foi feita com o auxílio de pranchas<br />

fornecidas por Lobova et al. (2009) e a partir de<br />

consulta a uma coleção de referência de sementes<br />

da área de estudo, além de consultas ao curador<br />

do herbário da RNV, Geovane S. Siqueira. Cada<br />

espécie foi classificada quanto à sua síndrome de<br />

dispersão (autocórica, anemocórica e zoocórica)<br />

(Noguchi et al., 2009; Silva & Rodal, 2009),<br />

estágio sucessional (pioneira, secundária inicial<br />

e secundária tardia) (Rolim et al., 1999), hábito<br />

(trepadeira, arbusto e árvore) e tipo de dispersão<br />

(endozoocórica e estomatocórica). Dados em<br />

Lobova et al. (2009) também foram utilizados<br />

nessas classificações.<br />

Pelo menos uma amostra de cada espécie<br />

ou morfoespécie vegetal registrada no presente<br />

estudo encontra-se depositada como testemunho<br />

no Laboratório de Mastozoologia da Universidade<br />

Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).<br />

Figura 2: Representação esquemática de parcela<br />

instalada em área de borda de mata e matriz adjacente<br />

na Reserva Natural Vale, estado do Espírito Santo,<br />

sudeste do Brasil, mostrando a distribuição dos coletores<br />

de sementes.<br />

Figura 3: Coletor de sementes (1 m 2 ) utilizado na<br />

Reserva Natural Vale, estado do Espírito Santo, sudeste<br />

do Brasil, para amostragem da chuva de sementes. Foto:<br />

Isaac P. Lima.<br />

Amostragem em Redes de Neblina<br />

Além da chuva de sementes, foram estudadas<br />

as interações entre morcegos frugívoros e frutos<br />

por meio de amostragens em redes de neblina, a<br />

partir das quais foi possível obter, diretamente dos<br />

morcegos, tanto amostras fecais (endozoocoria)<br />

quanto diásporos transportados oralmente<br />

(estomatocoria). Os dados utilizados nessa análise<br />

foram obtidos em diversos sítios dentro da Reserva<br />

(p. ex., borda e interior de mata, sobre coleções de<br />

água), incluindo as parcelas onde foram instalados<br />

os coletores (Figura 1, pontos de 1 a 14). O esforço<br />

de captura, calculado de acordo com Straube &<br />

Bianconi (2002), foi de 147.900 m 2 .h de rede. As<br />

amostragens foram feitas entre dezembro de 2007<br />

e novembro de 2012, envolvendo redes de neblina<br />

armadas ao nível do solo e expostas, usualmente,<br />

por quatro horas em seguida ao pôr do sol. Como<br />

houve sobreposição entre o período de amostragem<br />

436


LIMA ET AL.<br />

MORCEGOS<br />

com coletores e redes nas parcelas, foi mantida<br />

uma distância de cerca de 100 metros entre esses<br />

dispositivos, visando evitar eventual interferência<br />

do chamado de “distress” de morcegos capturados<br />

nas redes sobre a chuva de sementes. Essas<br />

vocalizações poderiam atrair outros morcegos<br />

para o ponto de captura (p. ex., Simmons & Voss,<br />

1998) e incrementar artificialmente o número de<br />

sementes depositadas nos coletores.<br />

Os morcegos capturados eram analisados quanto<br />

à presença de diásporos transportados oralmente<br />

e, em seguida, eram colocados individualmente<br />

em sacos de pano, onde eram mantidos por pelo<br />

menos 30 minutos antes da soltura para obtenção<br />

das amostras fecais. Os diásporos transportados<br />

oralmente eram acondicionados individualmente<br />

em sacos plásticos etiquetados. Após soltura dos<br />

morcegos, os sacos de pano eram guardados e<br />

vistoriados em laboratório para acondicionamento<br />

das amostras fecais em sacos plásticos<br />

individualmente etiquetados. Os procedimentos<br />

de identificação e tombamento de testemunho<br />

desse material foram os mesmos descritos para as<br />

sementes obtidas nos coletores.<br />

O Laboratório de Mastozoologia da UFRRJ<br />

também abriga material testemunho referente<br />

aos morcegos da RNV, capturados e colecionados<br />

de acordo com licença emitida pelo ICMBio/<br />

Sisbio (158 9-1). Esses morcegos encontram-se<br />

preservados sob a forma de pele cheia ou em meio<br />

líquido (álcool 70%).<br />

Análise de Dados<br />

Para avaliar se os esforços amostrais nos<br />

diferentes métodos foram suficientes para<br />

detectar a riqueza de interações entre morcegos<br />

e frutos na RNV, foram construídas curvas do<br />

coletor randomizadas. Tendo em vista que não<br />

houve estabilização em nenhum dos casos, foram<br />

empregados estimadores não paramétricos de<br />

riqueza de espécies. Em ambos os casos as análises<br />

foram efetuadas no programa R (R Core Team,<br />

2015), utilizando-se o pacote Vegan (Oksanen<br />

et al., 2015). Foi avaliada ainda a importância de<br />

cada espécie frugívora no processo de dispersão<br />

de sementes a partir do índice de importância de<br />

dispersão (IID), proposto por Galindo-González et<br />

al. (2000). Este índice é dado pela fórmula IID = (S<br />

× B)/1000, onde S é a porcentagem de amostras<br />

fecais com sementes obtidas de uma dada espécie<br />

de morcego e B é a abundância relativa dessa<br />

espécie, aqui representada por sua frequência<br />

relativa de captura.<br />

RESULTADOS<br />

Chuva de Sementes<br />

Os coletores receberam 3.570 diásporos,<br />

dos quais 3.527 foram identificados pelo<br />

menos em nível de família e 43 apenas até<br />

morfoespécie. Foram reconhecidas 37 famílias e<br />

95 espécies ou morfoespécies no primeiro grupo,<br />

e 17 morfoespécies no segundo, totalizando<br />

112 espécies ou morfoespécies (Tabela 2). A<br />

grande maioria dos diásporos que alcançaram<br />

os coletores foi classificada como zoocórica (n =<br />

1.742; 49%) ou anemocórica (n = 1.519; 43%),<br />

ficando as autocóricas com menos de 10% do total<br />

(n = 266) (Figura 4A). O número de espécies de<br />

plantas com diásporos zoocóricos nos coletores,<br />

entretanto, foi superior ao dobro do observado<br />

para os anemocóricos (n = 73 vs. 28), enquanto<br />

os autocóricos (n = 11) permanecem em pequena<br />

proporção (Figura 4B).<br />

Dos 1.742 diásporos zoocóricos, 1.127<br />

chegaram aos coletores durante a noite (65%),<br />

sendo a maioria deles (n = 1.118; 99%) atribuída<br />

aos morcegos 2 . Esses diásporos associados à<br />

quiropterocoria permitiram a identificação de<br />

15 espécies, pertencentes a 11 famílias, ficando<br />

apenas quatro diásporos reportados apenas como<br />

morfoespécies (Tabela 2). Frutos do gênero Ficus<br />

corresponderam a 77% dos diásporos identificados<br />

pelo menos em nível de gênero e foram reconhecidos<br />

em quatro espécies. O segundo táxon com maior<br />

representatividade foi Solanum, com 14% dos<br />

diásporos, ficando em terceiro Phyllodendron, com<br />

5%. As famílias com maior representatividade de<br />

espécies foram Moraceae (n = 4) e Urticaceae<br />

(n = 2). Os coletores localizados na área aberta<br />

2 A associação desses diásporos com morcegos e não com outros animais noturnos (p. ex., marsupiais, roedores arborícolas) foi feita através de<br />

suas características (p. ex., tamanho, dureza) e do tamanho das fezes nas quais eles foram coletados (nos casos de endozoocoria). Descartouse<br />

também a possibilidade de aves empoleiradas em repouso sobre os coletores da mata terem contribuído para a chuva de sementes nesse<br />

local, já que o material fecal nesse grupo apresenta depósito de ácido úrico (pasta branca insolúvel em água), sendo facilmente identificável.<br />

4 3 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 2: Espécies de plantas amostradas em coletores de sementes em áreas de borda de mata e<br />

matrizes adjacentes na Reserva Natural Vale, estado do Espírito Santo, sudeste do Brasil, com respectivos<br />

números de diásporos e classificação quanto à síndrome de dispersão.<br />

Família Espécie Nome popular Nº de diásporos Síndrome<br />

de dispersão<br />

ANACARDIACEAE Astronium concinum gonçalo-alves 9 Ane<br />

Astronium graveolens aderne 36 Ane<br />

Xylopia sericea pindaíba-branca 1 Orn<br />

ANNONACEAE Annonaceae 1 Orn<br />

APOCYNACEAE Forsteronia sp. 2 Ane<br />

Forsteronia leptocarpa cipó-gril 4 Ane<br />

ARACEAE Phyllodendron sp. 59 Qui<br />

ARECACEAE Euterpe oleracea 3 palmito-açaí 6 Orn<br />

Geonoma sp. 2 Zoo<br />

ASTERACEAE Asteraceae dente-de-leão 69 Ane<br />

APOCYNACEAE Aspidoserma ilustre tambú-pequiá 4 Ane<br />

BIGNONIACEAE Bignoniaceae 1 2 Zoo<br />

Bignoniaceae 2 2 Ane<br />

Bignoniaceae 3 3 Auto<br />

Handroanthus arianeae ipê-preto 100 Ane<br />

Handroanthus serratifolia ipê-amarelo 19 Ane<br />

Sparattosperma leucanthum cinco-folhas 284 Ane<br />

Zeyheria tuberculosa ipê-felpudo 189 Ane<br />

BORAGINACEAE Cordia acutifolia 4 Orn<br />

Cordia sp. 3 Zoo<br />

CACTACEAE Opuntia brasiliensis mandacaru 23 Orn<br />

CAESALPINIACEAE Apuleia leiocarpa garapa 24 Ane<br />

Aspidosperma pyricollum pequiá-sobre 1 Ane<br />

Caesalpiniaceae 1 Auto<br />

Chamaecrista ensiformis jaúna 21 Auto<br />

Dialium guianensis jataipeba 1 Orn<br />

Poeppigia procera côco-d’óleo 5 Ane<br />

Senna multijuga angico-branco 3 Auto<br />

Senna sp. 1 Orn<br />

CLUSIACEAE Kielmeyera membranacea durce 19 Ane<br />

Vismia martiana copiã 18 Orn<br />

Vismia martiana copiã 7 Qui<br />

COMBRETACEAE Terminalia mameluco pelada 31 Ane<br />

ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum sp. 1 Zoo<br />

EUPHORBIACEAE Euphorbiaceae 3 Zoo<br />

Senefeldera veticillata sucanga 1 Zoo<br />

FABACEAE Platypodium elegans uruvalheira 8 Ane<br />

Piptadenia adiantoides arranha-gato 3 Auto<br />

Fabaceae 1 Auto<br />

Lonchocarpus cultratus óleo-amarelo 1 Auto<br />

FLACOURTIACEAE Caesaria sp. 6 Zoo<br />

HUMIRIACEAE Humiriastrum mussunungense casca-dura 1 Qui<br />

LAURACEAE Lauraceae 2 Orn<br />

3 Espécie exótica oriunda da Amazônia.<br />

438


LIMA ET AL.<br />

MORCEGOS<br />

Família Espécie Nome popular Nº de diásporos Síndrome<br />

de dispersão<br />

Licaria bahiana canela-chapéu 1 Orn<br />

Ocotea sp. imbuia 4 Qui<br />

LORANTHACEAE Phoradendron coriaceum erva-de-passarinho 41 Orn<br />

MALPIGHIACEAE Byrsonima sericea muricí-do-brejo 7 Orn<br />

Byrsonima stipulacea muricí 11 Qui<br />

Byrsonima stipulacea muricí 6 Orn<br />

Heteropterys oberdanii mucunã-vermelho 1 Ane<br />

MELIACEAE Trichilia pseudostipularis amora-da-mata 1 Zoo<br />

MENISPERMACEAE Menispermaceae 1 Zoo<br />

MIMOSACEAE Acacia mangium 4 acácia 86 Orn<br />

Albizia niopoides farinha-seca 1 Ane<br />

Albizia pedicellaris jueirana-branca 15 Orn<br />

Albizia polycephala manjolo 3 Ane<br />

Inga laceifolia ingá 12 Orn<br />

Inga laceifolia ingá 1 Qui<br />

Inga sp. ingá 1 Zoo<br />

Leguminosa 17 Auto<br />

Mimosaceae 1 14 Auto<br />

Mimosaceae 2 arranha-gato 1 Ane<br />

Siparuna sp. 1 Zoo<br />

Zornia latifolia arrozinho-do-campo 230 Auto<br />

MORACEAE Brosimum sp. 1 Zoo<br />

Ficus gomelleira mata-pau 197 Qui<br />

Ficus gomelleira mata-pau 102 Orn<br />

Ficus nymphaeifolia apuí 566 Qui<br />

Ficus sp. 1 figueira 81 Qui<br />

Ficus sp. 1 figueira 42 Orn<br />

Ficus sp. 2 figueira 20 Qui<br />

Ficus sp. 3 figueira 5 Orn<br />

Ficus sp. 4 figueira 83 Orn<br />

Helicostylis tomentosa jaquinha 1 Zoo<br />

MYRTACEAE Eugenia excelsa goiabeira-vermelha 3 Orn<br />

Eugenia sp. 1 37 Orn<br />

Eugenia sp. 2 jamelão 1 Zoo<br />

Eugenia uniflora pitanga 3 Orn<br />

Myrtaceae 1 1 Zoo<br />

Myrtaceae 2 3 Zoo<br />

Plinia trunciflora jabuticaba 11 Orn<br />

Psidium sp. 2 Orn<br />

Psidium sp. 2 Qui<br />

NYCTAGINACEAE Bougainvillea praecox capa-garrote 41 Ane<br />

PASSIFLORACEAE Passiflora ceratocarpa maracujá-preto 1 Zoo<br />

Passiflora sp. 1 5 Orn<br />

Passiflora sp. 2 2 Qui<br />

PERACEAE Peraceae 1 Ane<br />

PIPERACEAE Piperaceae 9 Orn<br />

POACEAE Melinis repens capim-seda 658 Ane<br />

Poaceae 15 Orn<br />

4 Espécie exótica oriunda da Austrália.<br />

4 3 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Família Espécie Nome popular Nº de diásporos Síndrome<br />

de dispersão<br />

RUBIACEAE Posoqueria latifolia fruta-de-macaco 2 Zoo<br />

RUTACEAE Dictyoloma sp. 3 Ane<br />

SAPINDACEAE Serjania sp. 2 Ane<br />

Sapindaceae 5 Zoo<br />

SAPOTACEAE Sapotaceae 12 Orn<br />

SOLANACEAE Solanaceae 1 Orn<br />

Solanum sp. 1 3 Orn<br />

Solanum sp. 1 151 Qui<br />

Solanum sp. 2 2 Orn<br />

URTICACEAE Cecropia hololeuca embaúba 8 Qui<br />

Cecropia hololeuca embaúba 6 Orn<br />

Cecropia glaziovii embaúba 3 Qui<br />

INDETERMINADAS Indeterminada (Fezes de ave)1 8 Orn<br />

Indeterminada (semente branca) 1 Zoo<br />

Indeterminada (semente crenada) 2 Zoo<br />

Indeterminada 1 2 Zoo<br />

Indeterminada (semente comprida) 2 Zoo<br />

Indeterminada 13 2 Zoo<br />

Indeterminada 2 2 Zoo<br />

Indeterminada 3 1 Zoo<br />

Indeterminada (Fruto amarelo) 1 Zoo<br />

Indeterminada (semente rugosa) 1 Zoo<br />

Indeterminada (Fruto verde) 1 Zoo<br />

Indeterminada (semente vermelha) 1 Qui<br />

Indeterminada (semente achatada) 1 Ane<br />

Indeterminada (semente alada) 1 Ane<br />

Indeterminada 16 13 Orn<br />

Indeterminada (Fezes Ave) 2 3 Orn<br />

Indeterminada 4 1 Orn<br />

Total 3.570<br />

Figura 4: Frequência de ocorrência das síndromes de dispersão observadas em plantas registradas em coletores<br />

de sementes em áreas de borda e matrizes adjacentes na Reserva Natural Vale, estado do Espírito Santo, sudeste<br />

do Brasil. Legenda: (A) Dados organizados de acordo com o número de morfoespécies e (B) número de diásporos.<br />

440


LIMA ET AL.<br />

MORCEGOS<br />

receberam juntos diásporos de nove espécies, o que<br />

representa cerca de 50% das espécies encontradas<br />

na borda (Tabela 2).<br />

Das 15 espécies quiropterocóricas identificadas<br />

nos coletores, 60% são típicas de estágios iniciais<br />

de sucessão ecológica (pioneiras = 3; secundárias<br />

iniciais = 6) e 67% são de porte arbóreo (Tabela<br />

3). Em número de diásporos, espécies arbóreas<br />

também dominaram os coletores, principalmente<br />

em função da elevada frequência de frutos de Ficus<br />

spp. nas amostras. Quanto ao tipo de dispersão,<br />

a maioria das espécies foi classificada como<br />

endozoocórica (87%), com apenas duas espécies<br />

associadas à estomatocoria. A curva do coletor<br />

para espécies presentes na chuva de sementes<br />

proporcionada pelos morcegos não evidenciou<br />

estabilização (Figura 5), sugerindo que a riqueza<br />

de plantas quiropterocóricas que alcançam as áreas<br />

de borda e matrizes adjacentes na RNV foi apenas<br />

parcialmente amostrada. Estimadores de riqueza<br />

de espécies sugerem que esforço adicional com<br />

coletores de sementes poderia resultar em lista<br />

de cerca de 20 espécies com diásporos levados<br />

até a borda da mata e adjacências pelos morcegos<br />

(Chao = 19±4,05; Jack 1 = 22±2,63; Jack 2 = 23;<br />

Bootstrap = 18±1,51).<br />

Figura 5: Curva do coletor para espécies vegetais<br />

presentes na chuva de sementes durante o período<br />

noturno em áreas de borda e matrizes adjacentes na<br />

Reserva Natural Vale, estado do Espírito Santo, sudeste<br />

do Brasil.<br />

Tabela 3: Número de diásporos zoocóricos obtidos no período noturno em coletores de sementes<br />

situados na borda da mata e em matrizes adjacentes na Reserva Natural Vale, estado do Espírito Santo,<br />

sudeste do Brasil.<br />

Família/Espécie Borda 10 m 20 m Total % ES* Hábito<br />

Byrsonima stipulacea 11 11 0,98 SI Arbóreo<br />

Cecropia glaziovii 3 3 0,27 PI Arbóreo<br />

Cecropia hololeuca 8 8 0,72 PI Arbóreo<br />

Ficus gomelleira 105 92 197 17,62 SI Arbóreo<br />

Ficus nymphaeifolia 557 9 566 50,63 SI Arbóreo<br />

Ficus sp. 1 39 42 81 7,25 SI Arbóreo<br />

Ficus sp. 2 11 9 20 1,79 SI Arbóreo<br />

Humiriastrum mussunungense 1 1 0,09 Arbóreo<br />

Indeterminada (Fruto amarelo) 1 1 0,09<br />

Indeterminada (semente branca) 1 1 0,09<br />

Indeterminada (semente rugosa) 1 1 0,09<br />

Indeterminada 2 2 2 0,18<br />

Inga laceifolia 1 1 0,09 ST Arbóreo<br />

Ocotea sp. 3 1 4 0,36 ST Arbustivo<br />

Passiflora sp. 2 1 1 2 0,18 ST Trepadeira<br />

Phyllodendron sp. 59 59 5,28 Trepadeira<br />

Psidium sp. 2 2 0,18 Arbustivo<br />

Solanum sp. 1 77 74 151 13,51 PI Arbustivo<br />

Vismia martiana 3 4 7 0,63 SI Arbóreo<br />

Total 804 214 100 1.118 100<br />

*Espécies classificadas quanto ao seu estágio sucessional (ES) (PI - pioneiras, SI - secundárias iniciais e ST - secundárias tardias) e hábito.<br />

**Espécies sem classificação (mais de um estágio no gênero ou espécie de classificação indefinida).<br />

4 4 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 6: Exemplos de morcegos frugívoros especializados (A - Carollia perspicillata, B - Artibeus lituratus, C -<br />

Rhinophylla pumilio, D - Sturnira tildae, E - Chiroderma villosum) e onívoro (F - Phyllostomus hastatus) com presença<br />

de diásporos em fezes coletadas na Reserva Natural Vale, estado do Espírito Santo, sudeste do Brasil. A ordem das<br />

espécies está de acordo com o índice de importância do dispersor (ver Tabela 4). Fotos: Marcelo R. Nogueira.<br />

442


LIMA ET AL.<br />

MORCEGOS<br />

Tabela 4: Filostomídeos para os quais foram obtidas amostras fecais positivas para diásporos na Reserva<br />

Natural Vale, estado do Espírito Santo, sudeste do Brasil, e respectivos valores de número total de capturas<br />

(N), número total de sementes recolhidas nas fezes (NTSF), número de amostras fecais coletadas (NAF)<br />

e índice de importância do dispersor (IID).<br />

Táxon N % NTSF % NAF % IID<br />

Artibeus lituratus (Olfers, 1818) 384 27,4 8.828 47,4 77 27,02 0,74<br />

Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) 336 24 7.205 38,7 145 50,88 1,22<br />

Artibeus obscurus (Schinz, 1821) 101 7,2 313 1,7 9 3,16 0,02<br />

Rhinophylla pumilio Peters, 1865 75 5,4 733 3,9 17 5,96 0,03<br />

Platyrrhinus recifinus (Thomas, 1901) 45 3,2 81 0,4 8 2,81 0,01<br />

Sturnira lilium (É. Geoffroy, 1810) 35 2,5 416 2,2 10 3,51 0,01<br />

Dermanura gnoma (Handley, 1987) 18 1,3 34 0,2 1 0,35 0,00046<br />

Dermanura cinerea (Gervais, 1856) 32 2,3 27 0,1 3 1,05 0,00242<br />

Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767) 3 0,2 577 3,1 2 0,70 0,00014<br />

Chiroderma villosum Peters, 1860 25 1,8 179 1,0 3 1,05 0,00189<br />

Sturnira tildae de la Torre, 1959 5 0,4 27 0,1 2 0,70 0,00028<br />

Vampyressa pusilla (Wagner, 1843) 16 1,1 196 1,1 7 2,46 0,00270<br />

Uroderma magnirostrum Davis, 1968 1 0,1 4 0,02 1 0,35 0,00004<br />

Total 1.076 18.620 285<br />

Amostragem com Redes de Neblina<br />

Durante a amostragem de morcegos na RNV<br />

foram capturados 1.694 indivíduos, dos quais<br />

1.380 pertencem à família Phyllostomidae, onde<br />

estão os potenciais dispersores de sementes. Foram<br />

identificadas 31 espécies pertencentes a essa<br />

família, incluindo grupos especializados na frugivoria<br />

(Stenodermatinae, Carollinae e Rhinophyllinae)<br />

e grupos que podem incluir frutos em sua dieta,<br />

mas que não são especializados (Glossophaginae,<br />

Phyllostominae e Micronycterinae; ver Tabela 1 para<br />

a lista completa da quiropterofauna da RNV). No<br />

primeiro grupo estão 79% dos indivíduos e 52% das<br />

espécies de Phyllostomidae amostradas, ficando o<br />

segundo grupo com 17% e 45%, respectivamente.<br />

Amostras fecais contendo diásporos e, em frequência<br />

bem menor, transporte oral de diásporos, foram<br />

registradas apenas para frugívoros especializados (n<br />

= 12 spp.) e para o onívoro Phyllostomus hastatus<br />

(Figura 6) (Tabela 4).<br />

A partir das capturas dos morcegos obtevese<br />

285 amostras (fecais e orais) que totalizaram<br />

18.620 diásporos, identificados em 23 espécies<br />

de 11 famílias (Tabela 3). Urticaceae e Solanaceae<br />

foram as famílias com maior representatividade<br />

em número de amostras (25% cada; Figura<br />

7), o que refletiu o uso de Cecropia spp. por<br />

estenodermatíneos, principalmente A. lituratus,<br />

e de Solanum spp. por C. perspicillata. Urticaceae<br />

(33%) e Solanaceae (17%) também dominaram a<br />

amostra em número de diásporos, vindo em seguida<br />

Piperaceae e Melastomataceae, ambas com 15%.<br />

Quanto à riqueza, Solanaceae e Moraceae, cada<br />

uma com quatro espécies, e Urticaceae, Piperaceae<br />

e Araceae (Figura 8 e 9), cada uma com três, se<br />

destacaram das demais famílias, a maioria com<br />

apenas um representante. A curva do coletor relativa<br />

às amostras fecais de morcegos capturados em rede<br />

sugere que esforço adicional implicaria na descoberta<br />

de novas interações entre morcegos e frutos na RNV<br />

(Figura 10), podendo chegar a cerca de 30 espécies<br />

(Chao = 27±4,05; Jack 1 = 30±2,62; Jack 2 = 31;<br />

Bootstrap = 26±1,59).<br />

Figura 7: Porcentagem de amostras, sementes e<br />

espécies das famílias vegetais provenientes da captura de<br />

morcegos amostrados com redes de neblina na Reserva<br />

Natural Vale, estado do Espírito Santo, sudeste do Brasil.<br />

4 4 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 8: Diásporos de Moraceae (A - Ficus gomeleira e B - Ficus nymphaeifolia), Melastomataceae (C - Miconia<br />

cinnamomifolia), Arecaceae (D e E) e Clusiaceae (F - Vismia martiana) encontrados em fezes de morcegos<br />

capturados com redes de neblina na Reserva Natural Vale, estado do Espírito Santo, sudeste do Brasil. Fotos: Isaac<br />

P. Lima. Barras de escala = 1 mm.<br />

444


LIMA ET AL.<br />

MORCEGOS<br />

Figura 9: Diásporos de Solanaceae (A - Solanum sp.1 e B - Solanum sp.2), Urticaceae (C - Cecropia hololeuca),<br />

Myrtaceae (D - Psidium sp.), Passifloraceae (E - Passiflora sp.) e Piperaceae (F - Piper sp.) encontrados em fezes<br />

de morcegos capturados com redes de neblina na Reserva Natural Vale, estado do Espírito Santo, sudeste do Brasil<br />

Fotos: Isaac P. Lima. Barras de escala = 1 mm.<br />

4 4 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 10: Curva do coletor relativa às amostras fecais<br />

de morcegos capturados com redes de neblina durante<br />

o período noturno na Reserva Natural Vale, estado do<br />

Espírito Santo, sudeste do Brasil.<br />

Assim como na amostragem por meio<br />

dos coletores, interações identificadas pelas<br />

amostras fecais e por diásporos transportados<br />

oralmente mostram um predomínio no uso de<br />

espécies pioneiras e secundárias iniciais (82%)<br />

e de porte arbóreo (59%). Além disso, também<br />

predominou a endozoocoria (91%), havendo<br />

apenas duas espécies cujo diásporo foi trazido<br />

na boca dos morcegos (estomatocoria). Essas<br />

espécies estomatocóricas foram as mesmas<br />

registradas nos coletores de sementes<br />

(Byrsonima stipulacea e Humiriastrum<br />

mussunungense). Também foi registrado o<br />

uso de uma espécie exótica, a Mimosaceae<br />

australiana Acacia mangium, por morcegos.<br />

Artibeus lituratus e C. perspicillata (Figura<br />

6) foram os morcegos mais abundantes na<br />

RNV, representando, respectivamente, 27% e<br />

24% das capturas entre os indivíduos dos quais<br />

se obteve amostras fecais ou orais, enquanto<br />

a terceira espécie mais abundante, Artibeus<br />

obscurus, correspondeu a apenas 7% da<br />

amostra (Tabela 4). Embora ambos representem<br />

cerca de 25% das capturas, C. perspicillata<br />

alcançou IID quase duas vezes maior do que A.<br />

lituratus, tendo apresentado amostras fecais<br />

positivas para diásporos em cerca de 50% das<br />

capturas, contra 27% dessa última espécie. Em<br />

número de diásporos, tanto A. lituratus (47%)<br />

quanto C. perspicillata (39%) tiveram elevada<br />

contribuição (Tabela 5).<br />

Carollia perspicillata consumiu frutos de 14<br />

espécies em nove famílias, mas 88% de suas<br />

amostras fecais continham diásporos de apenas<br />

três famílias (Solanaceae, 55%; Clusiaceae, 39%<br />

e Piperaceae, 33%), com um gênero em cada<br />

(Solanum, Vismia e Piper). Artibeus lituratus<br />

interagiu com um número similar de espécies<br />

(n = 12) e com o mesmo número de famílias,<br />

mas 87% de suas amostras fecais/orais eram<br />

de Urticaceae (49%) e Moraceae (18%), com<br />

apenas dois gêneros representados (Cecropia<br />

e Ficus). Embora A. lituratus e C. perspicillata<br />

tenham preferências alimentares distintas,<br />

elas compartilham seis itens alimentares<br />

(Tabela 5). Artibeus obscurus e P. recifinus<br />

apresentaram padrão similar ao de A. lituratus<br />

(dominância de Cecropia spp.), enquanto<br />

Vampyressa pusilla utilizou principalmente<br />

Ficus spp.. Para Sturnira spp. (Figura 6), apenas<br />

uma dentre as 12 amostras fecais obtidas<br />

não continham diásporos pertencentes ao<br />

gênero Solanum. Chiroderma villosum (Figura<br />

6) consumiu apenas Ficus sp. e apresentou<br />

número relativamente elevado de sementes<br />

nas três amostras fecais obtidas para essa<br />

espécie (n = 47, 65 e 67). Rhinophylla pumilio<br />

(Figura 6) foi a terceira espécie em número de<br />

amostras fecais e interagiu com nove plantas<br />

de seis famílias (Tabela 5). Houve domínio de<br />

Clusiaceae (41%) nas amostras dessa espécie,<br />

mas o consumo de Araceae também deve ser<br />

destacado, visto que 50% das amostras fecais<br />

nas quais essa família foi registrada foram<br />

produzidas por R. pumilio (C. perspicillata e<br />

A. lituratus produziram as demais). Outras<br />

interações que merecem destaque são as de<br />

B. stipulacea e H. mussunungense (Figura 11)<br />

com A. lituratus. Esse morcego foi o único<br />

observado consumindo frutos dessas plantas,<br />

sendo a última delas endêmica da Floresta de<br />

Muçununga da RNV.<br />

446


LIMA ET AL.<br />

MORCEGOS<br />

Tabela 5: Espécies de plantas classificadas por hábito e tipo de dispersão (endozoocórica e estomatocórica) e sua representatividade em amostras fecais<br />

ou transportadas oralmente por morcegos capturados na Reserva Natural Vale, estado do Espírito Santo, sudeste do Brasil.<br />

Itens alimentares Família Hábito Disp. Al Cp Sl Rp Cv Pr St Vp Um Ao Ph Dg Dc Total %<br />

Vismia martiana Clu Arbóreo Endo 1 40 7 48 16,8<br />

Cecropia glaziovii Urt Arbóreo Endo 30 3 1 1 1 5 2 43 15,1<br />

Piper sp.1 Pip Arbustivo Endo 3 31 2 1 37 13,0<br />

Solanum sp.1 Sol Arbustivo Endo 1 26 7 1 2 37 13,0<br />

Solanum sp.2 Sol Arbustivo Endo 26 2 1 1 30 10,5<br />

Ficus sp.1 Mor Arbóreo Endo 13 1 3 1 3 21 7,4<br />

Cecropia sp. Urt Arbóreo Endo 14 1 1 1 1 18 6,3<br />

Ficus sp.2 Mor Arbóreo Endo 5 4 1 1 11 3,9<br />

Cecropia hololeuca Urt Arbóreo Endo 5 5 10 3,5<br />

Psidium sp. Myr Arbóreo Endo 6 6 2,1<br />

Phyllodendron sp. Ara Trepadeira Endo 2 2 4 1,4<br />

Byrsonima stipulacea Mal Arbóreo Esto 2 2 0,7<br />

Miconia cinnamomifolia Mel Arbóreo Endo 1 2 3 1,1<br />

Acacia mangium Mim Arbóreo Endo 2 2 0,7<br />

Araceae Ara Trepadeira Endo 1 1 1 3 1,1<br />

Ficus sp.3 Mor Arbóreo Endo 2 2 0,7<br />

Piper sp.2 Pip Arbóreo Endo 2 2 0,7<br />

Humiriastrum mussunungense Hum Arbóreo Esto 1 1 0,4<br />

Piper sp.3 Pip Arbustivo Endo 1 1 0,4<br />

Solanum sp.3 Sol Arbustivo Endo 1 1 0,4<br />

Myrtaceae Myr Arbóreo Endo 1 1 0,4<br />

Ficus clusifolia Mor Arbóreo Endo 1 1 0,4<br />

Solanaceae Sol Arbustivo Endo 1 1 0,4<br />

Total de amostras fecais 77 145 10 17 3 8 2 7 1 9 2 1 3 285 100<br />

Total de itens alimentares 12 15 3 9 2 5 1 3 1 6 1 1 1<br />

Total de diásporos 8.828 7.205 416 733 179 81 27 196 4 313 577 34 27 18.620<br />

Siglas empregadas são como se segue: Al = Artibeus lituratus; Cp = Carollia perspicillata; Sl = Sturnira lilium; Rp = Rhinophylla pumilio; Cv = Chiroderma<br />

villosum; Pr = Platyrrhinus recifinus; St = Sturnira tildae; Vp = Vampyressa pusilla; Um = Uroderma magnirostrum; Ao = Artibeus obscurus; Ph = Phyllostomus<br />

hastatus; Dg =Dermanura gnoma. Ara = Araceae; Clu = Clusiaceae; Hum = Humiriaceae; Mal = Malpighiaceae; Mel = Melastomataceae; Min = Mimosaceae;<br />

Mor = Moraceae; Myr = Myrtaceae; Pip = Piperaceae; Sol = Solanaceae; Urt = Urticaceae.<br />

4 4 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

448<br />

Figura 11: Fruto de Humiriastrum mussunungense<br />

encontrado em rede de neblina ao lado de Artibeus<br />

lituratus na Reserva Natural Vale, estado do Espírito<br />

Santo, sudeste do Brasil. Foto: Isaac P. Lima. Barra de<br />

escala = 1 cm.<br />

DISCUSSÃO<br />

A importância da zoocoria tem sido amplamente<br />

demonstrada para florestas tropicais, principalmente<br />

em florestas mais úmidas como a Mata Atlântica<br />

(Piña-Rodrigues & Aguiar, 1993; Pivello et al.,<br />

2006; Venzke et al., 2014). Mesmo dentro desse<br />

bioma parece haver um gradiente com aumento da<br />

proporção de zoocóricas das formações caducifólias<br />

para as ombrófilas (Almeida-Neto et al., 2008). A<br />

elevada proporção de zoocóricas aqui reportada para<br />

áreas de borda na RNV é, portanto, compatível com<br />

a localização dessa reserva no domínio da floresta<br />

ombrófila (IBGE, 1993), embora em análises mais<br />

detalhadas suas matas sejam classificadas tanto<br />

como semidecíduas (Peixoto & Gentry, 1990;<br />

Massad et al., 2011) quanto intermediárias entre<br />

semidecíduas e ombrófilas (Jesus & Rolim, 2005).<br />

Considerando-se apenas as plantas zoocóricas,<br />

65% dos diásporos amostrados na RNV chegaram<br />

aos coletores durante a noite, evidenciando<br />

importante contribuição dos morcegos para esse<br />

modo de dispersão. As quatro famílias de plantas<br />

com maior representatividade nessa chuva<br />

noturna (Moraceae, Urticaceae, Solanaceae e<br />

Araceae) também apareceram em destaque nas<br />

amostras fecais, juntamente com Piperaceae e<br />

Clusiaceae. Essas seis famílias estão entre as sete<br />

mais frequentemente representadas na dieta de<br />

morcegos na região Neotropical e cinco delas<br />

estão entre as seis mais consumidas na região<br />

central da Guiana Francesa, área bem estudada<br />

para interações entre morcegos e frutos (Lobova<br />

et al., 2009). Essa congruência deve-se, em parte,<br />

à forte relação de preferência entre alguns gêneros<br />

de morcegos e Cecropia, Ficus, Piper, Solanum e<br />

Vismia (Muscarella & Fleming, 2007; Mello et al.,<br />

2011). Embora alguma variação na predominância<br />

de uso desses gêneros possa existir, o que<br />

dependerá da abundância local dessas plantas<br />

(Gonçalves da Silva et al., 2008), o padrão está<br />

amplamente documentado na literatura e parece<br />

refletir um componente histórico (filogenético), no<br />

qual subfamílias de morcegos estão associadas a<br />

gêneros/famílias de plantas em particular (Giannini<br />

& Kalko, 2005). Por trás dessas associações<br />

ancestrais, provavelmente está a disponibilidade<br />

espaço-temporal dos frutos desses gêneros, ricos<br />

em espécies na região Neotropical e com frutos ao<br />

longo das várias estações do ano (Fleming, 1986;<br />

Lobova et al., 2009).<br />

Por defecarem em voo, morcegos<br />

frequentemente transportam diásporos até<br />

áreas abertas (Gorchov et al., 1993), cumprindo<br />

importante papel na restauração natural de habitat<br />

(Jordano et al., 2006). Todavia, para que essa<br />

restauração tenha início, plantas típicas dos estágios<br />

iniciais da sucessão devem alcançar as áreas a serem<br />

restauradas e, nesse aspecto, os morcegos também<br />

se destacam. Dos cinco gêneros anteriormente<br />

mencionados como preferenciais no consumo por<br />

esses mamíferos, quatro (Cecropia, Piper, Solanum<br />

e Vismia) contêm espécies fortemente associadas<br />

à sucessão (Muscarella & Fleming, 2007). Dentre<br />

esses, apenas Solanum e Vismia foram encontrados<br />

nas linhas de coletores a céu aberto, mas tanto Piper<br />

quanto Cecropia devem chegar aos mesmos sítios<br />

por meio dos morcegos, visto que amostras fecais<br />

obtidas nas outras parcelas continham diásporos de<br />

ambos os gêneros (I.P. Lima, obs. pess.).<br />

O conjunto funcional trófico representado pelos<br />

morcegos frugívoros (obrigatórios ou facultativos)<br />

da RNV é bastante diversificado, mesmo quando se<br />

considera apenas o subconjunto aqui identificado<br />

como vetor de diásporos (para a lista de todos<br />

os Phyllostomidae conhecidos para a Reserva ver<br />

Tabela 1). Há representantes de quatro subfamílias<br />

e em diversas classes de tamanho (6 a 110 g),<br />

o que, aliado à elevada diversidade florística


LIMA ET AL.<br />

MORCEGOS<br />

da Reserva, sugere ampla gama de interações Morcegos frugívoros são bem conhecidos<br />

(Fleming, 1991; Kalko et al., 1996; Lobova et por suas interações mutualísticas (Mello et al.,<br />

al., 2009). Conforme esperado, A. lituratus e C. 2011), mas em pelo menos duas situações podem<br />

perspicillata, espécies mais comuns na RNV e ter impacto negativo nas comunidades em que<br />

com maiores índices de importância de dispersão, atuam. A primeira delas seria quando morcegos<br />

mantiveram como núcleo de sua dieta gêneros atuam como predadores de diásporos e não<br />

usualmente a elas associados (Cecropia e Ficus, e como dispersores (Nogueira & Peracchi, 2003;<br />

Piper e Vismia, respectivamente) (Gonçalves da Wagner et al., 2015). Embora morcegos do gênero<br />

Silva et al., 2008; Lobova et al., 2009; Mello et al., Chiroderma apresentem modificações morfológicas<br />

2011). Carollia perspicillata também se alimentou e comportamentais que aparentemente evoluíram<br />

muito frequentemente de solanáceas, o que já havia para o uso eficiente dos recursos nutricionais das<br />

chamado a atenção de Pedro & Passos (1995) sementes de Ficus (Nogueira et al., 2005; Wagner<br />

durante breve estudo na RNV. Esses autores et al., 2015), no presente estudo foi evidenciado<br />

sugeriram que a elevada intensidade no uso de um número relativamente elevado de diásporos<br />

solanáceas por C. perspicillata pode estar associada não danificados em amostras fecais de C. villosum.<br />

à abundância relativamente baixa de Sturnira spp. Ao contrário das amostras com poucos diásporos,<br />

na Reserva (espécies fortemente associadas a essa que sugerem ter havido predação, mas não total<br />

família botânica), o que ainda precisa ser testado, (p. ex. alguns diásporos escapam da quebra e são<br />

levando-se em consideração a disponibilidade de engolidos), esses casos indicam que a adoção dessa<br />

piperáceas e solanáceas na região.<br />

estratégia pode ser facultativa. Na segunda situação<br />

Embora a maioria das espécies com as quais de interação mutualística com impacto negativo,<br />

morcegos frugívoros interagiram na RNV apresente morcegos podem atuar como disseminadores de<br />

hábito arbóreo, as aráceas constituem notável plantas exóticas, o que já foi demonstrado em<br />

exceção. Espécies dessa família são frequentemente relação a A. lituratus e Terminalia catappa (Sazima<br />

epífitas, como os filodendros, e têm sido registradas et al., 1994; Zortéa & Chiarello, 1994). No presente<br />

na dieta de diversos morcegos frugívoros (Lobova caso, o agente dispersor na RNV também é A.<br />

et al., 2009). Na RNV, como em outras áreas lituratus e a planta exótica em questão, a australiana<br />

(Henry & Kalko, 2007; Lobova et al., 2009), foi A. mangium, representa sério risco à conservação<br />

encontrada em associação com R. pumilio e C. da muçununga (Meira Neto, 2012). Essa espécie<br />

perspicillata. Também incomuns foram os registros também tem sido cultivada em áreas de savana na<br />

de plantas estomatocóricas, o que pode não refletir Amazônia, onde seu potencial de dispersão natural<br />

a importância dos frutos com sementes grandes na por longas distâncias foi demonstrado (ca. 900 m<br />

dieta dos morcegos. Estudos em abrigos diurnos das áreas cultivadas; Aguiar et al., 2014). Nesse<br />

ou mesmo noturnos (p. ex., Zortéa & Chiarello, caso, a ornitocoria foi sugerida como possível<br />

1994) são necessários para avaliar um possível mecanismo de dispersão de longa distância (Aguiar<br />

viés associado às redes e coletores de sementes. et al., 2014), mas morcegos também podem estar<br />

As poucas descobertas relativas à estomatocoria, envolvidos, conforme demonstrado no presente<br />

entretanto, se mostraram importantes. Byrsonima estudo.<br />

stipulacea era indicada como possivelmente dispersa A RNV é uma das áreas mais ricas em espécies<br />

por morcegos e o presente estudo veio a confirmar de plantas na Mata Atlântica (Peixoto & Gentry,<br />

essa interação. Já H. mussunungense trata-se 1990), suportando um grupo diversificado de<br />

de registro novo, tendo em vista que o gênero morcegos frugívoros (Peracchi et al., 2011).<br />

Humiriastrum ainda não havia sido assinalado na O presente trabalho vem somar aos dados<br />

dieta de morcegos (Lobova et al., 2009). Essa inicialmente levantados por Pedro & Passos<br />

planta é endêmica da muçununga, que, por sua vez, (1995) nessa Reserva, mostrando que morcegos<br />

representa formação endêmica da Mata Atlântica, contribuem para a chegada de diásporos de plantas<br />

com áreas de ocorrência restritas ao norte do Espírito pioneiras/sucessionais iniciais em áreas abertas e<br />

Santo e sul da Bahia (Simonelli et al., 2008). que eles interagem com diversificado conjunto de<br />

4 4 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

plantas, estimado em mais de 30 espécies. Assim<br />

como em outras áreas ricas em espécies de plantas<br />

com frutos carnosos (p. ex., Gonçalves da Silva et<br />

al., 2008; Lobova et al., 2009), também na RNV<br />

morcegos frugívoros retêm uma estrutura trófica<br />

baseada no uso de plantas-núcleo, adicionando<br />

elementos eventualmente típicos da flora local<br />

(H. mussunungense), no que aumentam sua<br />

importância como dispersores de sementes<br />

regionais e na Mata Atlântica de forma geral.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

A Renato M. de Jesus pelo convite para<br />

realização deste estudo, permitindo a execução<br />

do projeto sobre a chuva de sementes na Reserva<br />

Natural Vale; a Ana Carolina Srbek de Araujo, pelo<br />

suporte logístico nos trabalhos de campo; ao<br />

Geovane S. Siqueira (curador do herbário da RNV),<br />

pela identificação do material botânico e a Wesley<br />

R. Silva e Marcelo T. Nascimento pela revisão do<br />

manuscrito. Agradecemos também a FAPERJ,<br />

pelo suporte financeiro concedido a Isaac P. Lima<br />

(processos E–26/100.021/2009) e Leandro<br />

R. Monteiro, ao CNPq, pelo apoio a Adriano L.<br />

Peracchi (processo 303622/2009–1) e Leandro<br />

R. Monteiro, e a Capes, pela bolsa PNPD concedida<br />

a Marcelo R. Nogueira.<br />

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452


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

27<br />

ABUNDÂNCIA E DENSIDADE<br />

DE MAMÍFEROS DE MÉDIO E<br />

GRANDE PORTE NA <strong>RESERVA</strong><br />

<strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Átilla Colombo Ferreguetti, Walfrido Moraes Tomas & Helena de<br />

Godoy Bergallo<br />

INTRODUÇÃO<br />

Estimativas de abundância e densidade<br />

são cruciais no estudo de populações e para o<br />

monitoramento da vida silvestre, permitindo a<br />

comparação do status de conservação de espécies<br />

entre diferentes regiões. Com o monitoramento em<br />

longo prazo das populações em uma dada área, é<br />

possível avaliar também se há aumento, declínio<br />

ou estabilização da população ao longo do tempo<br />

(Soulé, 1986; Glanz, 1996). Nesse contexto, as<br />

estimativas de abundância e densidade têm um<br />

significado especial para a conservação de espécies<br />

raras e ameaçadas e são fatores importantes para<br />

determinação de quais estratégias de manejo e<br />

conservação devem ser adotadas em cada caso<br />

(Arita et al., 1990).<br />

Entre os mamíferos, as espécies de médio e<br />

grande porte são consideradas as mais susceptíveis<br />

à extinção em decorrência de impactos antrópicos<br />

(Krebs, 1978; Arita et al., 1990; Terborgh,<br />

1994) e, apesar da importância dos estudos de<br />

abundância e densidade, a maior parte dos estudos<br />

relativos aos diferentes grupos de mamíferos em<br />

áreas de Mata Atlântica descreve a ocorrência das<br />

espécies, destacando a riqueza local, a frequência<br />

de utilização dos tipos florestais, a distribuição<br />

geográfica ou mudanças na dieta (p. ex. Hirsch &<br />

Chiarello, 2012; Souza & Alves, 2014; Magioli et<br />

al., 2015). Ainda há poucos estudos fornecendo<br />

dados sobre a abundância e, principalmente, a<br />

densidade de mamíferos de médio e de grande<br />

porte na Mata Atlântica (p. ex. Cullen Jr., 1997;<br />

Hernández et al., 2002; Galetti et al., 2009;<br />

Martins, 2010; Cassano et al., 2012; Srbek-Araujo,<br />

2013). Os primatas são o grupo com maior número<br />

de trabalhos de abundância e densidade realizados<br />

neste bioma, embora a maioria deles tenha sido<br />

desenvolvida em áreas fragmentadas (p. ex. Price<br />

et al., 2002; Kierulff & Rylands, 2003; Bernardo<br />

& Galetti, 2004; Santana et al., 2008; Costa et<br />

al., 2012; Iurck et al., 2013). Não obstante, além<br />

do baixo número de estudos para a maioria das<br />

espécies de mamíferos de médio e de grande porte<br />

em áreas de Mata Atlântica, a falta de padronização<br />

na coleta e até mesmo na análise e na apresentação<br />

dos dados dificulta ou inviabiliza a comparação das<br />

informações apresentadas na maioria dos estudos<br />

(Chiarello & Melo, 2001; Desbiez et al., 2010).<br />

Um método frequentemente utilizado para<br />

obtenção de estimativas de abundância e densidade<br />

populacionais é a amostragem de distâncias<br />

(distance sampling) e está baseado na detecção<br />

silenciosa dos animais ao longo de transectos<br />

lineares (Buckland et al., 2001). A amostragem<br />

de distâncias consiste em um método simples e<br />

4 5 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

barato que consegue cobrir grandes áreas em um<br />

curto período de tempo, sendo necessário que as<br />

espécies alvo possam ser diretamente observadas,<br />

que não haja erros de identificação e que se<br />

obtenha um número suficiente de observações,<br />

sendo 60 para espécies comuns e 40 para espécies<br />

consideradas raras (Buckland et al., 2001). Esse<br />

método tem sido frequentemente utilizado para<br />

avaliar populações de mamíferos de médio e de<br />

grande porte em florestas tropicais (Chiarello,<br />

1999; Peres, 1999; Chiarello, 2000b; Gonzalez-<br />

Soliz et al., 2001; Galetti et al., 2009; Martins,<br />

2010; Desbiez et al., 2010; Gopalaswamy et al.,<br />

2012; Norris et al., 2012).<br />

Há discussões sobre qual seria o delineamento<br />

amostral mais adequado para obtenção de<br />

resultados robustos em estimativas populacionais<br />

da fauna silvestre utilizando o método de<br />

amostragem de distâncias, as quais incluem<br />

discussões sobre qual a extensão ideal dos<br />

transectos e se deve haver independência entre<br />

os transectos (Peres, 1999; Magnusson, 2001;<br />

Ferrari, 2002). Magnusson (2001) argumenta que<br />

um único transecto, de preferência retilíneo, e de<br />

no mínimo 100 km seria o ideal para estimativas<br />

de populações da fauna silvestre. Com isso, evitase<br />

percorrer trilhas de pequeno comprimento<br />

repetidas vezes, o que pode superestimar a<br />

abundância de espécies que habitam a parte da<br />

floresta próximo ao transecto ou que utilizam o<br />

local devido à presença de árvores em frutificação.<br />

Por outro lado, alguns pesquisadores defendem o<br />

uso de transectos de pequeno comprimento (1–<br />

10 km) e, no caso de um transecto ser percorrido<br />

duas vezes no mesmo dia, um intervalo mínimo de<br />

uma hora deve ser estipulado entre as amostragens<br />

para que encontros com o mesmo indivíduo ou<br />

grupo de animais seja evitado e, dessa maneira,<br />

seja garantida a independência das amostragens<br />

(Peres, 1999; Ferrari, 2002). Além disso,<br />

transectos muito longos (100 km) só podem ser<br />

instalados em florestas contínuas, como é o caso<br />

da Floresta Amazônica, enquanto em um contexto<br />

de paisagem fragmentada, como observado na<br />

Mata Atlântica, existe uma grande dificuldade em<br />

encontrar locais que comportem um transecto<br />

dessa extensão. Assim, diversos transectos de<br />

menor comprimento podem viabilizar os estudos,<br />

principalmente em áreas com relevo acidentado<br />

e com limitações logísticas, o que dificultaria a<br />

abertura de trilhas retilíneas e extensas (Ferrari,<br />

2002). Adicionalmente, considera-se que em<br />

um delineamento amostral com diferentes trilhas<br />

de menor tamanho, há maior probabilidade de<br />

se amostrar a heterogeneidade local e verificar<br />

variações temporais e sazonais a partir do emprego<br />

de um menor esforço amostral por estação (Janson<br />

& Terborgh, 1980; Ferrari, 2002).<br />

Não se deve esquecer, entretanto, que há duas<br />

fontes de variação na contagem de espécimes em<br />

campo: a variação temporal e a variação espacial. A<br />

primeira pode ser captada a partir de levantamentos<br />

repetidos nos mesmos transectos, desde que a<br />

independência entre as amostragens seja garantida<br />

(os animais se movem o tempo todo e não se<br />

pode esperar que contagens no mesmo transecto<br />

resultem em números de avistamentos e distâncias<br />

perpendiculares idênticas às contagens anteriores).<br />

A segunda fonte de variação, por sua vez, é captada<br />

pela distribuição espacial dos transectos na área<br />

foco do levantamento populacional. Sob estes<br />

aspectos, a repetição de contagens nos mesmos<br />

transectos pode ser vantajosa, mesmo que implique<br />

em aumento na variância das estimativas (Buckland<br />

et al., 2001), o que pode ser facilmente resolvido<br />

com tamanhos amostrais maiores (reunião de um<br />

maior número de registros) (Buckland et al., 2001).<br />

A Reserva Natural Vale (RNV) está composta<br />

por um mosaico de habitat formado por três tipos<br />

principais de fitofisionomias (Floresta de Tabuleiro,<br />

Muçununga e Campo Nativo), além das áreas<br />

de transição entre estas formações (ecótono)<br />

(adaptado de Jesus, 1987; Peixoto & Gentry,<br />

1990), o que a torna um importante sítio para a<br />

conservação em razão de sua heterogeneidade<br />

singular. As primeiras estimativas de abundância<br />

e densidade de mamíferos de médio e grande<br />

porte realizadas na RNV foram geradas por<br />

Chiarello (1999, 2000a), há mais de 15 anos.<br />

Embora abranjam um pequeno número de<br />

espécies, os dados gerados nestes estudos podem<br />

ser considerados como o ponto de partida do<br />

monitoramento populacional de algumas das<br />

espécies de mamíferos de médio e grande porte<br />

presentes na RNV. Além destes dados, há outros dois<br />

estudos populacionais mais recentes desenvolvidos<br />

454


FERREGUETTI ET AL.<br />

MAMÍFEROS: ABUNDÂNCIA E DENSIDADE<br />

na RNV, sendo um com macacos-prego-de-crista<br />

(Sapajus robustus; Martins, 2010) e outro com<br />

onças-pintadas (Panthera onca; Srbek-Araujo,<br />

2013). Neste contexto, o objetivo desse trabalho<br />

foi avaliar o status das populações de mamíferos de<br />

médio e grande porte na RNV a partir da estimativa<br />

de abundância e densidade das espécies. Os<br />

resultados apresentados fornecem elementos que<br />

contribuem para o monitoramento em longo prazo<br />

das populações estudadas na RNV, subsidiando a<br />

definição de estratégias de conservação.<br />

MATERIAL & MÉTODOS<br />

Para estimar a abundância e a densidade dos<br />

mamíferos de médio e de grande porte foram<br />

instalados quatro transectos com 5 km de<br />

extensão cada, seguindo o protocolo RAPELD.<br />

Este consiste na combinação entre protocolos<br />

de avaliação rápida, como os inventários “RAP”<br />

(“Rapid Assessments Program Surveys” em<br />

inglês) realizados pela organização Conservação<br />

Internacional (“Conservation International”), e<br />

os Projetos Ecológicos de Longa Duração “Peld”<br />

(“Long-Term Ecological Research Program” em<br />

inglês) visando entender os processos ecológicos<br />

e realizar o monitoramento das populações ao<br />

longo do tempo (Magnusson et al., 2005). A<br />

escolha dos locais para instalação dos transectos<br />

teve como diretriz incluir o maior número possível<br />

de fitofisionomias para abranger ao máximo a<br />

heterogeneidade ambiental da RNV (Figura 1).<br />

Assim, as trilhas incluíram Floresta de Tabuleiro,<br />

Floresta de Muçununga, Campo Nativo e ecótonos<br />

entre essas fitofisionomias.<br />

Durante um período de 13 meses (abril/2013<br />

a maio/2014), foram realizadas transecções<br />

lineares seguindo o método proposto por Buckland<br />

Figura 1: Mapa da Reserva Natural Vale, município de Linhares, Espírito Santo, com a localização dos transectos<br />

lineares amostrados (linhas vermelhas).<br />

4 5 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

et al. (2001) para amostragem de distâncias.<br />

Os transectos foram percorridos por um único<br />

observador, com uma caminhada de ida pela<br />

manhã, iniciando-se ao nascer do sol (entre<br />

05:30 h e 06:30 h, de acordo com a época do<br />

ano), com tempo de espera no final do transecto<br />

de aproximadamente três horas, e retorno pelo<br />

mesmo transecto no período da tarde (iniciado<br />

entre 13:00 h e 14:00 h). A ordem de execução<br />

da amostragem dos transectos foi alternada a cada<br />

mês. A velocidade utilizada durante a realização<br />

das transecções foi de aproximadamente 1 km/h.<br />

Ao todo foram percorridos 908 km igualmente<br />

distribuídos nos quatro transectos amostrados.<br />

A cada dia de amostragem, após a definição<br />

do transecto a ser percorrido, a coleta de dados<br />

era executada da seguinte forma: quando um<br />

animal era avistado, era marcado o local onde o<br />

mesmo se encontrava para mensurar sua distância<br />

perpendicular em relação à trilha (em metros),<br />

com o auxílio de uma trena de 50 m, no caso de<br />

espécies terrestres. Para as espécies arborícolas,<br />

era mensurado o ângulo de avistamento do animal<br />

em relação ao transecto (u em graus), com o<br />

auxílio de um clinômetro, e aferidas com uma trena<br />

métrica a distância do avistamento em relação<br />

ao observador (em metros). Com base nestes<br />

valores, a distância perpendicular do animal até o<br />

transecto é calculada por trigonometria (Buckland<br />

et al., 2001). Para as espécies que ocorrem em<br />

grupos sociais, foi considerada apenas a posição do<br />

primeiro indivíduo detectado do grupo (Buckland et<br />

al., 2004). Posteriormente, com base no tamanho<br />

médio dos grupos avistados e com o auxílio de<br />

dados disponíveis na literatura, foi possível corrigir<br />

as estimativas geradas (Buckland et al., 2004).<br />

Para cálculo da abundância e da densidade<br />

das espécies, foram consideradas somente as<br />

áreas florestais da RNV (tabuleiro, muçununga<br />

e ecótono), uma vez que nenhum mamífero de<br />

médio e grande porte foi detectado nas áreas de<br />

campo nativo da RNV. Dessa forma, em função<br />

da remoção dos trechos percorridos em áreas de<br />

campo nativo, um dos transectos passou a possuir<br />

3,5 km de comprimento. As áreas de campo nativo<br />

foram também descontadas do tamanho total da<br />

Reserva para as estimativas de densidade, uma vez<br />

que houve quebra de uma das premissas do método<br />

de amostragem de distâncias e isso poderia gerar<br />

ruídos nas análises (neste caso, a detecção deve ser<br />

100% na linha do transecto; Buckland et al., 2001).<br />

Para as análises foi utilizado o programa Distance<br />

versão 6.2 (Buckland et al., 2001). O programa<br />

Distance utiliza as distâncias perpendiculares<br />

(animal-trilha) para estimar a faixa efetivamente<br />

amostrada na área de estudo (chamada “effective<br />

strip width” ou ESW) e modelar a função de<br />

detecção que melhor se adequa à probabilidade de<br />

detecção de um animal numa dada distância da trilha,<br />

gerando as respectivas estimativas de abundância<br />

e densidade (Laake et al., 1994; Buckland et<br />

al., 2001). O melhor modelo de detecção foi<br />

selecionado pelo Critério de Informação de Akaike<br />

(AIC) que se origina da minimização da informação<br />

(ou distância) de Kullback-Leibler (K-L) como<br />

base para a seleção de modelos (Akaike, 1973). A<br />

informação K-L é uma medida de distância entre o<br />

modelo verdadeiro e um modelo candidato, mas o<br />

modelo verdadeiro quase sempre é uma abstração,<br />

sendo desejável a obtenção de um bom modelo que<br />

represente satisfatoriamente a realidade. Burnham<br />

& Anderson (2002) recomendam usar o AIC para<br />

selecionar modelos somente quando o número<br />

de observações é igual ou maior do que 40. Esse<br />

número mínimo de observações permite obter<br />

estimativas acuradas.<br />

Para os gêneros Mazama e Dasypus, ambos<br />

representados na RNV por duas espécies com<br />

morfologia semelhante (Srbek-Araujo & Chiarello,<br />

2013), foram consideradas inicialmente apenas as<br />

observações cuja identificação da espécie pôde ser<br />

realizada com segurança a partir da detecção de<br />

peculiaridades de cada espécie. Para os registros<br />

que não puderam ser identificados com segurança,<br />

foi utilizado método proposto por Ferreguetti et<br />

al. (2015) visando a inclusão dessas observações.<br />

Este método consiste na utilização da proporção<br />

dos indivíduos identificados para cada espécie<br />

para atribuir uma classificação taxonômica às<br />

observações não identificadas a partir de 1.000<br />

aleatorizações e empregando-se uma função<br />

de loop no pacote “Distance” do Programa R<br />

(Development Core Team, 2008; Miller, 2012).<br />

Este procedimento produz estimativas corrigidas<br />

baseadas no erro de detectabilidade de cada<br />

espécie (Ferreguetti et al., 2015).<br />

456


FERREGUETTI ET AL.<br />

MAMÍFEROS: ABUNDÂNCIA E DENSIDADE<br />

As espécies amostradas foram categorizadas<br />

com relação ao grau de ameaça conforme a Lista de<br />

Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no estado<br />

do Espírito Santo (Chiarello et al., 2007), a Lista<br />

Brasileira de Espécies Ameaçadas (MMA 2014)<br />

e a Lista Vermelha de Fauna Ameaçada produzida<br />

pela União Internacional para a Conservação da<br />

Natureza e dos Recursos Naturais (“International<br />

Union for Conservation of Nature and Natural<br />

Resources”; IUCN, 2015). Essa categorização das<br />

espécies teve como objetivo principal verificar o<br />

status de conservação da mastofauna de médio e<br />

grande porte da RNV.<br />

RESULTADOS<br />

Foram obtidos 1.452 registros de mamíferos de<br />

médio e grande porte na RNV, distribuídos entre<br />

18 espécies (Tabela 1). As estimativas obtidas para<br />

as espécies citadas são apresentadas de forma<br />

resumida na Tabela 2. Para quatro espécies (Puma<br />

yagouaroundi, Leopardus pardalis, Eira barbara<br />

e Bradypus variegatus) não foi possível estimar<br />

a densidade em virtude do pequeno número de<br />

avistamentos. A seguir são apresentados os dados<br />

obtidos para as outras 14 espécies.<br />

Dasyprocta leporina - A faixa efetivamente<br />

amostrada para as cutias foi de 10,40 ± 0,58 m,<br />

com observações sendo obtidas de 0 até 27 m a<br />

partir da linha central do transecto. A densidade<br />

estimada para a área de estudo foi de 0,21 ± 0,01<br />

indivíduo/ha e o tamanho populacional estimado<br />

foi de 5.815 ± 368 indivíduos.<br />

Guerlinguetus ingrami - A faixa efetivamente<br />

amostrada para os esquilos foi de 3,58 ± 0,55 m,<br />

com observações sendo obtidas de 0 até 22 m a<br />

partir da linha central do transecto. A densidade<br />

estimada para a área de estudo foi de 0,14 ± 0,02<br />

indivíduo/ha e o tamanho populacional estimado<br />

foi de 3.360 ± 580 indivíduos.<br />

Euphractus sexcinctus - A faixa efetivamente<br />

amostrada para os tatus-peba foi de 7,50 ± 0,81<br />

m, com observações sendo obtidas de 0 até 24 m<br />

a partir da linha central do transecto. A densidade<br />

estimada para a área de estudo foi de 0,04 ± 0,01<br />

indivíduo/ha e o tamanho populacional estimado<br />

foi de 1.070 ± 162 indivíduos.<br />

Dasypus novemcinctus - A faixa efetivamente<br />

amostrada para os tatus-galinha foi de 4,21 ± 0,64<br />

m, com observações sendo obtidas de 0 até 24 m<br />

a partir da linha central do transecto. A densidade<br />

estimada para a área de estudo foi de 0,06 ± 0,01<br />

indivíduo/ha e o tamanho populacional estimado<br />

foi de 1.506 ± 296 indivíduos.<br />

Callicebus personatus - A faixa efetivamente<br />

amostrada para os guigós foi de 14,32 ± 1,80 m,<br />

com observações sendo obtidas de 0 até 55 m a<br />

partir da linha central do transecto. A densidade<br />

estimada para a área de estudo foi de 0,10 ± 0,02<br />

indivíduo/ha e o tamanho populacional estimado<br />

foi de 2.252 ± 372 indivíduos.<br />

Callithrix geoffroyi - A faixa efetivamente<br />

amostrada para os saguis-da-cara-branca foi de<br />

14,96 ± 2,34 m, com observações sendo obtidas<br />

de 0 até 47 m a partir da linha central do transecto.<br />

A densidade estimada para a área de estudo foi de<br />

0,33 ± 0,05 indivíduo/ha e o tamanho populacional<br />

estimado foi de 6.580 ± 1.120 indivíduos.<br />

Alouatta guariba - A faixa efetivamente<br />

amostrada para os bugios foi de 14,09 ± 2,48 m,<br />

com observações sendo obtidas de 0 até 45 m a<br />

partir da linha central do transecto. A densidade<br />

estimada para a área de estudo foi de 0,06 ± 0,01<br />

indivíduo/ha e o tamanho populacional estimado<br />

foi de 1.321 ± 181 indivíduos.<br />

Sapajus robustus - A faixa efetivamente<br />

amostrada para os macacos-prego-de-crista foi de<br />

21,64 ± 2,23 m, com observações sendo obtidas<br />

de 0 até 62 m a partir da linha central do transecto.<br />

A densidade estimada para a área de estudo foi de<br />

0,16 ± 0,02 indivíduo/ha e o tamanho populacional<br />

estimado foi de 3.965 ± 458 indivíduos.<br />

Pecari tajacu - A faixa efetivamente amostrada<br />

para os catetos foi de 4,80 ± 1,23 m, com observações<br />

sendo obtidas de 0 até 25 m a partir da linha central<br />

do transecto. A densidade estimada para a área de<br />

estudo foi de 0,08 ± 0,02 indivíduo/ha e o tamanho<br />

populacional estimado foi de 2.025 ± 347 indivíduos.<br />

Tayassu pecari - A faixa efetivamente amostrada<br />

para os queixadas foi de 4,95 ± 0,96 m, com<br />

observações sendo obtidas de 0 até 23 m a partir<br />

da linha central do transecto. A densidade estimada<br />

para a área de estudo foi de 0,06 ± 0,01 indivíduo/<br />

ha e o tamanho populacional estimado foi de 1.514<br />

± 256 indivíduos.<br />

Mazama americana - A faixa efetivamente<br />

4 5 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

amostrada para os veados-mateiro foi de 3,95<br />

± 0,27 m, com observações sendo obtidas de 0<br />

a 12 m a partir da linha central do transecto. A<br />

densidade estimada na área de estudo foi 0,15<br />

± 0,02 indivíduo/ha e o tamanho populacional<br />

estimado foi de 3.569 ± 354 indivíduos.<br />

Mazama gouazoubira - A faixa efetivamente<br />

amostrada para os veados-catingueiro foi de 5,07<br />

± 0,44 m, com observações obtidas 0 a 15 m a<br />

partir da linha central do transecto. A densidade<br />

na área de estudo foi estimada em 0,21 ± 0,02<br />

indivíduo/ha e o tamanho populacional estimado<br />

foi de 5.816 ± 545 indivíduos.<br />

Tapirus terrestris - A faixa efetivamente<br />

amostrada para as antas foi de 10,80 ± 1,12 m,<br />

com observações sendo obtidas de 0 até 36 m a<br />

partir da linha central do transecto. A densidade<br />

estimada para a área de estudo foi de 0,03 ± 0,004<br />

indivíduo/ha e o tamanho populacional estimado<br />

foi de 754 ± 110 indivíduos.<br />

Nasua nasua - A faixa efetivamente amostrada<br />

para os quatis foi de 8,08 ± 1,05 m, com<br />

observações sendo obtidas de 0 até 32 m a partir<br />

da linha central do transecto. A densidade estimada<br />

para a área de estudo foi de 0,12 ± 0,02 indivíduo/<br />

ha e o tamanho populacional estimado foi de 3.042<br />

± 408 indivíduos.<br />

DISCUSSÃO<br />

As espécies registradas para a RNV no presente<br />

estudo correspondem a aproximadamente 42% das<br />

espécies de mamíferos de médio e grande porte<br />

com ocorrência conhecida para o estado do Espírito<br />

Santo (Moreira et al., 2008) e cerca de 37% das<br />

espécies deste grupo registradas na Mata Atlântica<br />

(Paglia et al., 2012). Adicionalmente, os registros<br />

obtidos no presente estudo correspondem a<br />

aproximadamente 49% das espécies de maior<br />

porte registradas para a Reserva (Srbek-Araujo<br />

et al., 2014). A ocorrência de nove espécies<br />

ameaçadas de extinção em, pelo menos, um dos<br />

níveis analisados (estadual, nacional e/ou global),<br />

como os porcos-do-mato, felinos, primatas e<br />

Tabela 1: Espécies registradas, categoria de ameaça e número de observações obtidas de abril/2013<br />

a maio/2014 na Reserva Natural Vale, município de Linhares, Espírito Santo. Categorias de ameaça de<br />

extinção: Vulnerável (VU), Em Perigo (EN) e Criticamente Em Perigo (CR), de acordo com a lista vermelha<br />

da IUCN (2015), a lista nacional (BR) (MMA, 2014) e a lista de espécies ameaçadas do Espírito Santo<br />

(ES) (Chiarello et al., 2007).<br />

Espécie Categoria de Ameaça Número de Observações<br />

Dasyprocta leporina (Linnaeus, 1758) VU ES 413<br />

Guerlinguetus ingrami (Thomas, 1901) - 93<br />

Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) - 62<br />

Dasypus novemcinctus (Linnaeus, 1758) - 49<br />

Bradypus variegatus (Shinz, 1825) - 1<br />

Sapajus robustus (Kuhl, 1820) EN IUCN ; BR VU ES 93<br />

Callicebus personatus (É. Geoffroy, 1812) VU IUCN; BR; ES 81<br />

Callithrix geoffroyi (Humboldt, 1812) - 99<br />

Alouatta guariba (Humboldt, 1812) CR IUCN; BR 46<br />

Pecari tajacu (Linnaeus, 1758) VU ES 75<br />

Tayassu pecari (Link, 1814) VU IUCN; BR EP ES 58<br />

Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) - 74<br />

Mazama americana (Erxleben, 1777) - 44<br />

Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758) VU IUCN; BR EP ES 63<br />

Puma yagouaroundi (É. Geoffroy, 1803) VU ES 2<br />

Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) VU ES 1<br />

Eira barbara (Linnaeus, 1782) - 8<br />

Nasua nasua (Linnaeus, 1766) - 190<br />

458


FERREGUETTI ET AL.<br />

MAMÍFEROS: ABUNDÂNCIA E DENSIDADE<br />

Tabela 2: Densidade (ind/ha) e tamanho populacional das espécies de mamíferos de médio e grande<br />

porte registradas no período de abril 2013 a maio 2014 na Reserva Natural Vale, município de Linhares,<br />

Espírito Santo. Os respectivos intervalos de confiança a 95% são também apresentados. As espécies<br />

estão ordenadas em ordem decrescente de abundância.<br />

Espécie Densidade Tamanho Populacional<br />

Callithrix geoffroyi 0,33 (0,24 - 0,47) 6.580 (5.420 - 8.650)<br />

Mazama gouazoubira 0,21 (0,19 - 0,23) 5.816 (5.271 - 6.361)<br />

Dasyprocta leporina 0,21 (0,19 - 0,24) 5.815 (5.136 - 6.584)<br />

Sapajus robustus 0,16 (0,12 - 0,19) 3.965 (2.856 - 4.850)<br />

Mazama americana 0,15 (0,13 - 0,16) 3.569 (3.215 - 3.923)<br />

Guerlinguetus ingrami 0,14 (0,10 - 0,20) 3.360 (2.394 - 4.718)<br />

Nasua nasua 0,12 (0,09 - 0,16) 3.042 (2.337 - 3.959)<br />

Callicebus personatus 0,10 (0,07 - 0,13) 2.252 (1.768 - 3.252)<br />

Pecari tajacu 0,08 (0,04 - 0,15) 2.025 (1.140 - 2.950)<br />

Tayassu pecari 0,06 (0,04 - 0,09) 1.514 (977 - 2.344)<br />

Dasypus novemcinctus 0,06 (0,04 - 0,09) 1.506 (1.024 - 2.215)<br />

Alouatta guariba 0,06 (0,04 - 0,09) 1.321 (1.101 - 1.441)<br />

Euphractus sexcinctus 0,04 (0,03 - 0,06) 1.070 (794 - 1.441)<br />

Tapirus terrestris 0,03 (0,02 - 0,04) 754 (567 - 1.005)<br />

anta, demonstra a importância da região para<br />

a conservação da fauna, bem como reforça a<br />

relevância da RNV para a conservação das espécies<br />

de mamíferos da Mata Atlântica.<br />

As premissas da amostragem de distâncias<br />

(Laake et al., 1994; Cassey & Mcardle, 1999;<br />

Buckland et al., 2001) foram atendidas no<br />

presente estudo, o que indica que as estimativas<br />

de abundância e densidade aqui apresentadas<br />

são confiáveis e podem ser empregadas no<br />

monitoramento das espécies de mamíferos de<br />

médio e grande porte amostradas na RNV e na<br />

comparação com outros estudos que tenham<br />

utilizado metodologia semelhante. Neste sentido,<br />

observa-se que, para todas as espécies analisadas,<br />

foram obtidas mais de 40 observações, sendo este<br />

o número mínimo de observações independentes<br />

necessárias para geração de estimativas precisas<br />

para espécies raras (Buckland et al., 2004). O<br />

esforço amostral empregado nesse estudo também<br />

foi superior ao preconizado para o método em<br />

questão (aproximadamente 250 km ou até que<br />

se tenha obtido 40 observações independentes;<br />

Buckland et al., 2001). Além disso, todos os<br />

animais foram detectados em sua posição original,<br />

ou seja, antes da detecção do observador e/ou<br />

fuga; os espécimes foram avistados principalmente<br />

próximos ao transecto e o número de avistamentos<br />

diminuiu quanto maior a distância em relação à<br />

trilha (Buckland et al., 2001). Nenhuma espécie<br />

cuja abundância e densidade populacional foram<br />

calculadas apresentou coeficiente de variação<br />

acima de 20%, que corresponde ao valor máximo<br />

recomendado para uma estimava de densidade<br />

acurada (Buckland et al., 2001).<br />

A densidade de D. leporina obtida no presente<br />

estudo foi cerca de 18% maior do que a densidade<br />

estimada por Chiarello (2000a) para a mesma<br />

espécie na RNV, o que pode estar relacionado<br />

a flutuações populacionais ao longo do tempo<br />

ou à diferença de esforço amostral empregado<br />

em cada estudo. Ressalta-se ainda que Chiarello<br />

(2000a) amostrou ao longo de estradas e que<br />

as cutias apresentam preferência pelo interior da<br />

floresta (Oliveira & Bonvicino, 2006; Mamede<br />

& Alho, 2008; Srbek-Araujo & Chiarello, 2013).<br />

Apesar disso, a densidade obtida para a espécie<br />

ainda pode ser considerada baixa para a área de<br />

estudo. A densidade das cutias varia de 40-63<br />

indivíduos/km² ou 0,40-0,63 indivíduo/ha em<br />

outras localidades, sendo mais abundante em áreas<br />

onde a pressão de caça é baixa (Silvius & Fragoso,<br />

2003; Jorge & Peres, 2005). A cutia é considerada<br />

de grande importância para as áreas de floresta em<br />

4 5 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

razão de sua capacidade de dispersão secundária<br />

de sementes por meio do comportamento de<br />

estocagem (“scatterhoarding”) (Forget & Milleron,<br />

1991; Almeida & Galetti, 2007; Pires & Galetti,<br />

2012). Neste sentido, cabe destacar que, em<br />

decorrência do alto valor cinegético da cutia,<br />

associado à pressão de caça na RNV (Chiarello,<br />

2000b), sua eliminação pode trazer consequências<br />

prejudiciais para diversas espécies arbóreas e<br />

também em nível ecossistêmico (Galetti & Dirzo,<br />

2013; Jorge et al., 2013), sendo as populações de<br />

roedores de maior porte, como as cutias, suscetíveis<br />

à redução ou até mesmo à extinção local em áreas<br />

sujeitas à caça (Chiarello, 1999; Chiarello, 2000b;<br />

ambas serem cinegéticas e fortemente caçadas<br />

(Chiarello, 2000b; Peres, 2000; Sanches, 2001;<br />

Aguiar, 2004), além de também serem vítimas<br />

frequentes de atropelamentos rodoviários (Vieira,<br />

1996; Fischer, 1997). Neste sentido, ressaltase<br />

que o Bloco Linhares-Sooretama, onde está<br />

localizada a RNV, é interceptado pela Rodovia BR-<br />

101. O tatu-galinha, D. novemcinctus, apresentou<br />

abundância 50% maior do que E. sexcinctus (tatupeba),<br />

o que pode estar relacionado com o fato<br />

de o tatu-peba apresentar área de vida 10 vezes<br />

maior que o tatu-galinha e deslocamento diário<br />

de até 2.250 m (Layne & Glover, 1977; McBee &<br />

Baker, 1982; Encarnação, 1987).<br />

Cullen et al., 2000).<br />

Os primatas apresentaram distância<br />

O tamanho populacional de G. ingrami no<br />

presente estudo foi cerca de 45% menor do que<br />

aquele estimado por Chiarello (2000a). De forma<br />

similar ao apontado para as cutias, isso pode estar<br />

relacionado tanto a diferenças na localização dos<br />

transectos e no esforço empregado nos estudos,<br />

quanto à flutuação na população. O esquilo também<br />

é um roedor que realiza estocagem de sementes,<br />

apresentando, portanto, comportamento essencial<br />

para a dispersão e recrutamento de espécies<br />

vegetais (Henry, 1999). Porém, diferentemente de<br />

outros roedores, como a cutia, os esquilos realizam<br />

dispersão primária (retirada dos frutos na copa da<br />

árvore) e são mais flexíveis em relação à sua dieta<br />

(Ribeiro et al., 2010).<br />

As duas espécies de tatus amostradas no<br />

presente estudo, D. novemcinctus e E. sexcinctus,<br />

apresentaram tamanho populacional e densidade<br />

populacional semelhante a estudos realizados<br />

em outras regiões (McBee & Baker, 1982;<br />

Encarnação, 1987). O tamanho populacional e a<br />

densidade baixa dessas espécies estão diretamente<br />

relacionadas com a biologia das mesmas (Nowak,<br />

1999). Apesar das espécies de tatus terem<br />

uma ampla distribuição por todos os biomas<br />

brasileiros, elas ocorrem em baixa densidade em<br />

função das suas peculiaridades fisiológicas, como<br />

baixo metabolismo, baixa temperatura corpórea e<br />

utilização de alimentos com baixo teor energético<br />

(como formigas e/ou cupins), resultando em uma<br />

baixa taxa reprodutiva (Redford & Wetzel, 1985;<br />

Nowak, 1999). A baixa densidade dessas espécies<br />

também pode estar relacionada com o fato de<br />

perpendicular média mais elevada do que as<br />

demais espécies amostradas e isso se deve ao<br />

habitat arborícola e forrageamento em bando,<br />

sendo geralmente mais barulhentos quando ativos<br />

(Emmons & Feer, 1997; Eisenberg & Redford,<br />

1999), o que facilita a visualização destas espécies<br />

a uma maior distância, principalmente as espécies<br />

que se organizam em grupos sociais maiores (S.<br />

robustus e C. geoffroyi). As espécies do gênero<br />

Callithrix, de modo geral, apresentam maiores<br />

densidades populacionais quando comparadas<br />

com espécies de outros gêneros de primatas da<br />

Mata Atlântica (Stevenson & Rylands, 1988),<br />

justificando o fato de a maior densidade estimada<br />

na RNV ser de C. geoffroyi, em comparação com<br />

os outros primatas e demais espécies amostradas<br />

nesse estudo. Chiarello (2000a) estimou tamanho<br />

populacional de 7.413 indivíduos (IC: 6.125 -<br />

8.971) para C. geoffroyi na mesma área de estudo,<br />

estando o valor encontrado no presente estudo<br />

dentro do intervalo de confiança estimado pelo<br />

primeiro autor. As espécies do gênero Callithrix<br />

possuem, de forma geral, dieta generalista,<br />

composta de gomas, insetos, frutos e pequenos<br />

vertebrados (Emmons & Feer, 1997). Essa<br />

amplitude de itens na dieta permite a utilização<br />

das diferentes fitofisionomias na RNV, podendo<br />

a população estar distribuída por toda a Reserva.<br />

Apesar de ser a menor espécie entre os primatas<br />

que ocorrem na RNV, C. geoffroyi é também uma<br />

das espécies que apresenta o maior sucesso de<br />

visualização durante a transecção em razão do<br />

tamanho do grupo e por sua vocalização de alerta,<br />

460


FERREGUETTI ET AL.<br />

MAMÍFEROS: ABUNDÂNCIA E DENSIDADE<br />

apresentando assim um comportamento menos<br />

discreto do que os outros primatas (Shettleworth,<br />

1998).<br />

populacional de guigós pode estar relacionado<br />

à dieta principalmente frugívora deste grupo<br />

(Heiduck, 1997). Frutos são itens alimentares mais<br />

Com relação aos demais primatas, S. robustus raros, irregularmente distribuídos no espaço e no<br />

também apresentou tamanho populacional tempo, e mais disponíveis na estação úmida, o que<br />

e densidade elevados. Esse fator pode estar<br />

relacionado com sua dieta, uma vez que os<br />

pode resultar em um menor tamanho populacional<br />

para as espécies dependentes desse recurso<br />

macacos-prego apresentam uma elevada (Morellato & Leitão-Filho, 1992). O guigó é uma<br />

plasticidade, podendo se alimentar de frutos,<br />

brotos, pedúnculos, flores, bases foliares, néctar<br />

e presa animal, incluindo invertebrados, aves,<br />

ovos, anfíbios, répteis e pequenos mamíferos<br />

(Izawa, 1978; Izawa, 1979; Freese & Openheimer,<br />

1981; Brown et al., 1984; Fedigan, 1990). A<br />

detecção desta espécie durante a transecção<br />

também é favorecida, ressaltando que, durante<br />

o forrageamento, os primatas do gênero Sapajus<br />

utilizam todos os estratos arbóreos, podendo<br />

recorrer também ao chão da floresta (Martins,<br />

2010). Além disso, os membros do grupo podem se<br />

espalhar num raio superior a 100 metros, mantendo<br />

contato vocal (Freese & Openheimer, 1981).<br />

Chiarello (2000a) estimou tamanho populacional<br />

de 4.439 - 5.741 indivíduos de S. robustus<br />

para a RNV; enquanto Martins (2010) estimou<br />

abundância entre 1.275 – 2.325 indivíduos desta<br />

espécie para a Reserva, aumentando em cinco<br />

vezes o esforço feito no estudo anterior. Porém,<br />

ambos os autores mantiveram as amostragens<br />

nas estradas da RNV. O presente estudo estimou<br />

tamanho populacional intermediário a esses dois<br />

trabalhos (3.965 ± 458 indivíduos), destacando<br />

diferenças na metodologia empregada em cada<br />

estudo. Deve-se considerar, entretanto, que os<br />

principais motivos para a diferença de resultados<br />

entre os estudos citados possam estar também<br />

relacionados à flutuação temporal e/ou espacial<br />

na população (Ezard et al., 2009). Apesar disso, é<br />

importante manter o monitoramento do macacoprego-de-crista<br />

na RNV para avaliar se a população<br />

está ou não sofrendo flutuações significativas, uma<br />

vez que a Reserva é considerada um hotspot para<br />

a conservação de S. robustus (Pinto et al., 2009).<br />

espécie de hábitos crípticos, de difícil detecção e que<br />

forma pequenos grupos familiares que se deslocam<br />

rápido e sutilmente (Mason, 1974; Kinzey, 1983),<br />

dificultando sua detecção durante a transecção.<br />

O gênero Alouatta é principalmente arborícola,<br />

utilizando mais frequentemente o dossel superior e<br />

árvores emergentes (Crockett & Eisenberd, 1987),<br />

o que dificulta a detecção da espécie. O guigó<br />

geralmente ocorre em menor densidade, conforme<br />

observado no presente estudo e por Chiarello &<br />

Melo (2001), que estimaram 0,06 indivíduo/ha na<br />

RNV. A densidade de bugios estimada nesse estudo<br />

é compatível com o encontrado em outras áreas<br />

protegidas consideradas conservadas (Chiarello,<br />

1993; Peres, 1997; Aguiar et al., 2003; Chiarello,<br />

2003). Porém, a abundância de bugios estimada<br />

no presente estudo foi cerca de oito vezes maior<br />

do que a estimada por Chiarello & Melo (2001),<br />

que foi de 157 – 227 indivíduos. Considera-se<br />

que a baixa detecção dessas espécies não interfere<br />

negativamente nas estimativas aqui geradas, uma<br />

vez que o método de amostragem de distâncias<br />

conta com o pressuposto de que a detecção é<br />

sempre imperfeita (Buckland et al., 2001). Além<br />

disso, considera-se que os dados obtidos não<br />

estão subestimados, uma vez que as premissas do<br />

método foram alcançadas (tamanho da amostra,<br />

número de observações e detecções 100% na linha<br />

do transecto).<br />

As espécies da família Tayassuidae, T. pecari e<br />

P. tajacu, apresentam ampla distribuição, sendo<br />

onívoros, habitantes de florestas e que vivem em<br />

grandes grupos sociais (Monteiro & Autino, 2004).<br />

Os catetos ocorrem em uma maior variedade de<br />

habitat, sobrevivendo mesmo em áreas perturbadas<br />

Os outros dois primatas registrados no presente (Sowls, 1997). Essa adaptação a diversos<br />

estudo, C. personatus e A. guariba, tiveram tamanho<br />

populacional estimado comparativamente menor<br />

entre os primatas, o que também foi registrado<br />

por Chiarello (1995, 2000a). O baixo tamanho<br />

ambientes justificaria a abundância dos catetos<br />

ter sido cerca de 38% maior do que a abundância<br />

dos queixadas, uma vez que a RNV apresenta<br />

fitofisionomias não florestais (p.ex. campos nativos)<br />

4 6 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

e os queixadas apresentam preferência por áreas<br />

de florestas tropicais úmidas e densas (Nowak,<br />

1999; Lee & Peres, 2008). Desbiez et al. (2009),<br />

por exemplo, demonstraram que no Pantanal os<br />

queixadas selecionam principalmente as florestas<br />

e suas bordas, com uma menor frequência de uso<br />

do cerrado. Além disso, os queixadas ocorrem<br />

sempre próximo a fontes de água (Nowak, 1999;<br />

Lee & Peres, 2008), sendo os recursos hídricos<br />

considerados temporários e escassos em algumas<br />

regiões da RNV. Por formarem grupos maiores do<br />

que os catetos e ocuparem áreas de vida que podem<br />

variar de 22 a 109 km², além de sua preferência<br />

por habitat florestados (Keuroghlian et al., 2004),<br />

os queixadas podem ser considerados indicadores<br />

de qualidade ambiental.<br />

As espécies do gênero Mazama apresentaram<br />

densidade e tamanho populacional compatíveis<br />

com o mínimo necessário para a conservação<br />

destas espécies em longo prazo (Duarte, 1996).<br />

Entretanto, Mazama gouazoubira ocorreu em<br />

densidade quase duas vezes maior do que M.<br />

americana, o que pode ser explicado pelo fato<br />

de esta ser a espécie mais abundante dentre os<br />

veados com ampla distribuição no Brasil (Duarte,<br />

1996). Estudos com diferentes metodologias<br />

também encontraram densidades altas para M.<br />

gouazoubira, sendo 0,03 indivíduo/ha no Pantanal<br />

(Schaller, 1983) e 0,1 indivíduo/ha na Amazônia<br />

(Bodmer, 1989). Estimativas de densidade para<br />

M. americana são mais escassas, havendo registro<br />

de 0,002 indivíduo/ ha no Pantanal (Desbiez et al.,<br />

2010).<br />

Tapirus terrestris foi a espécie que teve os<br />

menores valores de abundância e densidade<br />

populacional estimados para a RNV. A anta é<br />

considerada o maior mamífero terrestre ocorrente<br />

no Brasil, apresentando um pequeno potencial<br />

reprodutivo, longo período de gestação e uma<br />

ampla área de vida (Eisenberg & Redford, 1999).<br />

Esses aspectos biológicos da espécie resultam<br />

em baixa densidade (Medici, 2010), sendo<br />

relativamente vulnerável a extinções locais em<br />

virtude de variações demográficas, ambientais<br />

e perdas de diversidade genética (Medici et al.,<br />

2007). Medici (2010) estimou para a anta uma<br />

população de aproximadamente 130 indivíduos<br />

no Parque Estadual Morro do Diabo (PEMD), em<br />

São Paulo, o que seria aproximadamente seis vezes<br />

menor do que o valor estimado para essa espécie<br />

no presente estudo.<br />

A única espécie da Ordem Carnivora para a<br />

qual foram obtidos dados suficientes para gerar<br />

estimativas acuradas de abundância e densidade foi<br />

N. nasua, provavelmente porque é a única espécie<br />

desta ordem que forma bandos na RNV e também<br />

por ser mais abundante (Russel, 1996), facilitando<br />

sua visualização. Esta foi a espécie não arborícola<br />

que apresentou a maior distância de observação<br />

em relação ao centro do transecto. Os bandos<br />

de quatis geralmente são grandes, apresentando<br />

variações ao longo do ano, antes e depois do<br />

período reprodutivo, podendo chegar a até 30<br />

indivíduos, em média, pós-período reprodutivo<br />

(Russel, 1996). A densidade estimada para o quati<br />

no presente estudo foi similar a valores encontrados<br />

em outras áreas ao longo da distribuição geográfica<br />

do gênero. Hass & Valenzuela (2002) encontraram<br />

um valor em torno de 0,10 indivíduo/ha para Nasua<br />

narica no Arizona, e Schaller (1983) descreve que<br />

na fazenda Acurizal, no Pantanal Mato-Grossense,<br />

N. nasua foi o carnívoro com maior densidade<br />

registrada, apresentando cerca de 0,06 indivíduo/<br />

ha na floresta decidual e de 0,13 indivíduo/ha na<br />

mata de galeria. Porém, Schaller (1983) utilizou<br />

o método de transecto por faixas amostrais, o<br />

que deixa de considerar os erros de detecção dos<br />

indivíduos, podendo gerar subestimativas. Outros<br />

estudos com quati registraram uma alta densidade<br />

para a espécie, com média de 0,42 indivíduo/ha no<br />

México (Valenzuela, 1998) e 0,33 indivíduo/ha no<br />

Parque do Prosa, no Mato Grosso do Sul (Costa,<br />

2003). Existem indícios de que os quatis aumentam<br />

sua densidade na ausência de predadores de topo<br />

(Terborgh, 1994), o que não seria o caso do<br />

presente estudo, já que a RNV abriga populações<br />

de duas espécies de grandes felinos (onça-pintada,<br />

Panthera onca, e onça-parda, Puma concolor)<br />

(Srbek-Araujo et al., 2014).<br />

Vale ressaltar que o tamanho das populações<br />

varia (flutua) no tempo e em escala local e que valores<br />

de tamanho populacional menores com relação a<br />

estudos anteriores não significam necessariamente<br />

um declínio populacional (Ezard et al., 2009). Além<br />

disso, a existência de diferenças na abundância e na<br />

densidade das espécies entre diferentes localidades<br />

462


FERREGUETTI ET AL.<br />

MAMÍFEROS: ABUNDÂNCIA E DENSIDADE<br />

pode ser atribuída principalmente às diferenças na<br />

composição e na estrutura do habitat (Sheldon,<br />

1968; Pianka, 1967; August, 1983; Peres,<br />

1997), na disponibilidade de recursos (Cody,<br />

1981; Leighton & Leighton, 1983; Stevenson,<br />

2001), na ocorrência de predadores (Cody, 1981;<br />

Wright, 1998), na plasticidade da dieta de algumas<br />

espécies (Robinson & Redford, 1986; Peres, 1997;<br />

Stevenson, 2001), na competição por recursos<br />

(Cody, 1981) e no grau de perturbação antrópica,<br />

como a caça ilegal e o desmatamento (Peres, 1997;<br />

Chiarello, 2000a; Wright, 2003).<br />

A elevada riqueza de espécies de médio e<br />

grande porte, juntamente com a presença de<br />

táxons ameaçados de extinção, demonstra que<br />

a manutenção de fragmentos florestais grandes,<br />

como a RNV, pode ser determinante para a<br />

conservação de mamíferos. Neste sentido, ressaltase<br />

ainda que a RNV também mantém espécies que,<br />

apesar de ocorrerem em pequenos fragmentos<br />

no Espírito Santo, necessitam de grandes áreas de<br />

florestas conservadas para sua sobrevivência em<br />

longo prazo, como a onça-parda (Chiarello, 1999).<br />

Os resultados apresentados no presente estudo<br />

contribuem para o melhor conhecimento e para<br />

a conservação das populações de mamíferos de<br />

médio e grande porte presentes na RNV, uma área<br />

protegida com potencial para abrigar populações<br />

viáveis de várias espécies de mamíferos de médio<br />

e grande porte (p. ex. T. terrestris, Medici, 2010;<br />

S. robustus, Martins, 2010), sendo fundamental a<br />

continuidade do monitoramento dessas espécies<br />

na área estudada. Entretanto, para conservação das<br />

espécies que habitam a RNV, é necessário considerar<br />

não apenas esta reserva isoladamente, mas todo<br />

o Bloco Linhares-Sooretama, o qual permite o<br />

incremento populacional e a manutenção da<br />

diversidade genética das populações ali presentes.<br />

Somente desse modo serão alcançadas maiores<br />

probabilidades de sobrevivência e manutenção das<br />

espécies de mamíferos de médio e grande porte<br />

em longo prazo.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Nós agradecemos à Vale / Instituto Ambiental<br />

Vale pelo apoio e permissão para realizar a<br />

pesquisa na Reserva Natural Vale. À Dra. Ana<br />

Carolina Srbek-Araujo pelo convite para escrever<br />

esse capítulo e pela revisão detalhada do<br />

documento. Aos revisores pelas contribuições.<br />

ACF agradece à Coordenação de Aperfeiçoamento<br />

de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa<br />

de estudos recebida. HGB agradece à FAPERJ<br />

(E26/201.267/2014), Prociência/UERJ e CNPq<br />

(307715/2009-4) pelo financiamento de<br />

pesquisa e produtividade. Esse estudo faz parte do<br />

Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio-<br />

MA). Os dados foram coletados com o apoio do<br />

PPBio-MA (CNPq - 457458/2012-7) e FAPERJ<br />

(E-26/103.016/2011).<br />

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468<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

28<br />

MAMÍFEROS DE MÉDIO E GRANDE<br />

PORTE DAS FLORESTAS DE<br />

TABULEIRO DO NORTE DO ESPÍRITO<br />

SANTO: GRUPOS FUNCIONAIS E<br />

PRINCIPAIS AMEAÇAS<br />

Ana Carolina Srbek-Araujo & Maria Cecília Martins Kierulff<br />

INTRODUÇÃO<br />

A Mata Atlântica consiste em uma das áreas<br />

de grande riqueza biológica mais ameaçadas<br />

do planeta, sendo classificada como um dos 34<br />

hotspots mundiais de biodiversidade (Mittermeier<br />

et al., 2004). Ocupava originalmente cerca de 15%<br />

do território brasileiro, estando atualmente restrita<br />

a apenas 13% de sua extensão original (SOS Mata<br />

Atlântica & Inpe, 2014). A área remanescente no<br />

bioma está dividida em cerca de 245 mil fragmentos<br />

e apenas 0,3% é maior do que 10.000 ha (Ribeiro<br />

et al., 2009). Além da perda total de área e da<br />

grande fragmentação do bioma, menos de 14% da<br />

cobertura vegetal remanescente está oficialmente<br />

protegida (Ribeiro et al., 2009). Apesar do cenário<br />

de degradação, a Mata Atlântica ainda abriga 298<br />

espécies de mamíferos, entre os quais 30% são<br />

considerados endêmicos do bioma (Paglia et al.,<br />

2012), o que demonstra sua importância para a<br />

conservação da mastofauna brasileira.<br />

No estado do Espírito Santo, que está<br />

integralmente contido nos limites da Mata<br />

Atlântica, restam atualmente cerca de 11% da<br />

cobertura vegetal original, o que inclui áreas de<br />

floresta, restinga e mangue (SOS Mata Atlântica<br />

& Inpe, 2014). Pouco mais de 10% da área<br />

florestal remanescente no Espírito Santo estão<br />

contidos em um único fragmento, denominado<br />

Bloco Linhares-Sooretama, que representa a<br />

maior área florestal contínua do estado (baseado<br />

em dados disponíveis em SOS Mata Atlântica &<br />

Inpe, 2014). Este inclui a Reserva Biológica de<br />

Sooretama (RBS: aproximadamente 24.000 ha) e<br />

três áreas protegidas privadas: a Reserva Natural<br />

Vale (RNV: 22.711 ha), a Reserva Particular do<br />

Patrimônio Natural (RPPN) Recanto das Antas<br />

(2.212 ha) e a RPPN Mutum Preto (379 ha).<br />

Estudos recentes realizados na RNV confirmam<br />

a presença de 36 espécies de mamíferos de médio<br />

e grande porte na região, sendo seis endêmicas<br />

da Mata Atlântica (17%), 13 consideradas sob<br />

ameaça no Espírito Santo (36%) e 12 classificadas<br />

como ameaçadas em nível nacional (33%)<br />

(Tabela 1; para detalhes, ver Srbek-Araujo et al.,<br />

2014). O total de espécies de médio e grande<br />

porte registradas na RNV representa cerca de<br />

47% das espécies de mamíferos de maior porte<br />

confirmadas para a Mata Atlântica e 17% de todos<br />

os médios e grandes mamíferos registrados no<br />

Brasil (baseado em dados disponíveis em Paglia<br />

et al., 2012). Em função da elevada riqueza de<br />

espécies contida na RNV, incluindo a presença de<br />

espécies raras e que atualmente já foram extintas<br />

em outras localidades da Mata Atlântica, o Bloco<br />

Linhares-Sooretama apresenta alta prioridade<br />

para conservação da mastofauna no Espírito<br />

Santo, sendo também uma área relevante para<br />

conservação da mastofauna da Mata Atlântica de<br />

forma geral (Srbek-Araujo et al., 2014).<br />

4 6 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Tabela 1: Mamíferos de médio e grande porte com ocorrência confirmada para a Reserva Natural Vale<br />

(Linhares/ES), sudeste do Brasil.<br />

Espécies 1 Nome Popular Endemismo 2 Status de Ameaça 3<br />

Estadual 4 Nacional 5<br />

Ordem Cingulata<br />

Família Dasypodidae<br />

Cabassous tatouay (Desmarest, 1804) tatu-de-rabo-mole<br />

Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 tatu-galinha<br />

Dasypus septemcinctus Linnaeus, 1758 tatu-galinha-pequeno<br />

Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) tatu-peba<br />

Priodontes maximus (Kerr, 1792) tatu-canastra CR VU<br />

Ordem Pilosa<br />

Família Bradypodidae<br />

Bradypus variegatus Schinz, 1825<br />

preguiça-comum<br />

Família Myrmecophagidae<br />

Tamandua tetradactyla (Linnaeus, 1758) tamanduá-mirim<br />

Ordem Primates<br />

Família Atelidae<br />

Alouatta guariba (Humboldt, 1812) bugio X CR<br />

Família Cebidae<br />

Callithrix geoffroyi (Humboldt, 1812) mico-da-cara-branca X<br />

Sapajus robustus (Kuhl, 1820) macaco-prego X VU EN<br />

Família Pitheciidae<br />

Callicebus personatus (É. Geoffroy, 1812) sauá X VU VU<br />

Ordem Carnivora<br />

Família Canidae<br />

Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766)<br />

cachorro-do-mato<br />

Família Procyonidae<br />

Nasua nasua (Linnaeus, 1766)<br />

quati<br />

Potos flavus (Schreber, 1774)<br />

jupará<br />

Procyon cancrivorus (G. Cuvier, 1798)<br />

mão-pelada<br />

Família Mustelidae<br />

Eira barbara (Linnaeus, 1758)<br />

irara<br />

Galictis cuja (Molina, 1782)<br />

furão<br />

Lontra longicaudis (Olfers, 1818)<br />

lontra<br />

Família Felidae<br />

Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) jaguatirica VU<br />

Leopardus guttulus (Hensel, 1872) 6 gato-do-mato-pequeno VU VU<br />

Leopardus wiedii (Schinz, 1821) gato-maracajá VU VU<br />

Puma concolor (Linnaeus, 1771) onça-parda EN VU<br />

Puma yagouaroundi (É. Geoffroy, 1803) gato-mourisco VU<br />

Panthera onca (Linnaeus, 1758) onça-pintada CR VU<br />

Ordem Perissodactyla<br />

Família Tapiridae<br />

Tapirus terrestris (Linnaeus, 1758) anta EN VU<br />

Ordem Artiodactyla<br />

Família Tayassuidae<br />

Pecari tajacu (Linnaeus, 1758) catitu VU<br />

Tayassu pecari (Link, 1795) queixada EN VU<br />

470


SRBEK-ARAUJO & KIERULFF<br />

MAMÍFEROS: GRUPOS FUNCIONAIS<br />

Espécies 1 Nome Popular Endemismo 2 Status de Ameaça 3<br />

Estadual 4 Nacional 5<br />

Família Cervidae<br />

Mazama americana (Erxleben, 1777) veado-mateiro<br />

Mazama gouazoubira (G. Fischer, 1814) veado-catingueiro<br />

Ordem Rodentia<br />

Família Sciuridae<br />

Guerlinguetus ingrami (Thomas, 1901) esquilo X<br />

Família Erethizontidae<br />

Chaetomys subspinosus (Olfers, 1818) ouriço-preto X VU VU<br />

Coendou insidiosus (Lichtenstein, 1818) ouriço-cacheiro<br />

Família Caviidae<br />

Hydrochoerus hydrochaeris (Linnaeus, 1766) capivara<br />

Família Cuniculidae<br />

Cuniculus paca (Linnaeus, 1766)<br />

paca<br />

Família Dasyproctidae<br />

Dasyprocta leporina (Linnaeus, 1758) cutia VU<br />

Ordem Lagomorpha<br />

Família Leporidae<br />

Sylvilagus brasiliensis (Linnaeus, 1758)<br />

tapiti<br />

1 Lista elaborada com base nos dados apresentados em Srbek-Araujo et al. (2014).<br />

2 Espécies endêmicas da Mata Atlântica de acordo com Paglia et al. (2012).<br />

3 Status de Ameaça: VU = Vulnerável; EN = Em Perigo; CR = Criticamente em Perigo.<br />

4 Espécies ameaçadas em nível estadual conforme Chiarello et al. (2007).<br />

5 Espécies ameaçadas em nível nacional segundo MMA (2014).<br />

6 Foi adotada a identificação Leopardus guttulus, conforme divisão em nível específico proposta para subespécies de Leopardus tigrinus (Schreber,<br />

1775) por Trigo et al. (2013), com base em diferenças moleculares, e por Nascimento (2010), a partir de análises morfológicas.<br />

A riqueza de espécies, entretanto, é uma medida<br />

tradicional de biodiversidade baseada em valores<br />

que incorporam pouca ou nenhuma informação<br />

sobre as espécies propriamente ditas, resultando<br />

em uma avaliação limitada da comunidade. Por<br />

este motivo, estudos recentes têm utilizado, cada<br />

vez mais, medidas de biodiversidade que incluem<br />

informações mais detalhadas sobre as espécies,<br />

permitindo avaliar, por exemplo, a função que<br />

cada organismo desempenha na comunidade.<br />

Uma dessas medidas é denominada “diversidade<br />

funcional”. Sua utilização tem aumentado<br />

desde o final da década de 1990 e passou a<br />

receber maior atenção da comunidade científica<br />

a partir de 2003-2005 (Petchey & Gaston,<br />

2006). A diversidade funcional é um importante<br />

componente da biodiversidade (Petchey & Gaston,<br />

2006) e pode ser definida como o número, o<br />

tipo e a distribuição de funções desempenhadas<br />

pelos organismos em um ecossistema (Díaz &<br />

Cabido, 2001) ou a multiplicidade funcional<br />

dentro de uma comunidade (Tesfaye et al., 2003).<br />

Pode ser usada para descrever comunidades e<br />

ecossistemas com base nos nichos ou funções<br />

exercidas pelas espécies e não necessariamente na<br />

história evolutiva dos táxons (Petchey & Gaston,<br />

2006), analisando as características funcionais<br />

que exercem influência sobre os processos<br />

ecológicos que ocorrem no ambiente (Petchey<br />

& Gaston, 2006). A diversidade funcional pode<br />

ser avaliada com base em dados categóricos e<br />

em medidas contínuas, sendo a identificação<br />

do número de grupos funcionais presentes em<br />

uma comunidade uma das medidas possíveis<br />

(Petchey & Gaston, 2006). Esta abordagem é a<br />

mais antiga, representando a primeira medida de<br />

diversidade funcional proposta, e que ainda hoje<br />

é a mais comumente utilizada (Cianciaruso et al.,<br />

2009).<br />

O presente trabalho apresenta a caracterização<br />

da comunidade de mamíferos de médio e grande<br />

porte presente na RNV com base na determinação<br />

4 7 1


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

dos grupos funcionais representados na região e<br />

pontua as principais ameaças que podem levar à<br />

extinção local de espécies e, consequentemente, de<br />

funções ecológicas a elas relacionadas, a exemplo<br />

do que tem sido observado em outras localidades<br />

da Mata Atlântica.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Os mamíferos de médio e grande porte<br />

compreendem espécies com mais de 1 kg, tendo<br />

sido também incluídos no presente estudo o micoda-cara-branca<br />

(Callithrix geoffroyi = 230-350<br />

g; Paglia et al., 2012) e o esquilo (Guerlinguetus<br />

ingrami = 125-216 g; Paglia et al., 2012) (Tabela<br />

1). Apesar de apresentarem porte reduzido, estes<br />

táxons não são tradicionalmente classificados<br />

como pequenos mamíferos (Fonseca, 1989), uma<br />

vez que sua amostragem é habitualmente realizada<br />

por meio de métodos empregados no estudo de<br />

espécies de médio e grande porte.<br />

Para a avaliação da comunidade de médios<br />

e grandes mamíferos foi montada uma matriz<br />

de “espécies x características” considerando as<br />

seguintes variáveis: dieta, peso, hábito locomotor<br />

(ocupação espacial) e horário de atividade. Dados<br />

referentes à dieta, ao peso e ao hábito locomotor<br />

das espécies foram obtidos em Paglia et al.<br />

(2012). As categorias de dieta consideradas no<br />

presente estudo são apresentadas nos resultados.<br />

Os valores de peso foram agrupados em oito<br />

categorias de tamanho: < 1 kg, 1-2 kg, 2-5<br />

kg, 5-10 kg, 10-40 kg, 40-60 kg, 60-100<br />

kg e > 100 kg. Quanto ao hábito locomotor, as<br />

espécies analisadas foram classificadas como<br />

arborícolas, escansoriais, terrícolas, semifossoriais<br />

ou semiaquáticas, conforme apresentado em<br />

Paglia et al. (2012), exceto Procyon cancrivorus<br />

que foi classificada como terrícola no presente<br />

estudo. O horário de atividade foi baseado em<br />

dados obtidos na RNV, entre 2005 e 2014, a<br />

partir de armadilhas fotográficas (Projeto Felinos<br />

- A.C. Srbek-Araujo, dados não publicados). As<br />

espécies analisadas foram classificadas em seis<br />

categorias de horário de atividade baseadas na<br />

porcentagem de registros em cada período: diurno<br />

(≥90% diurno), preferencialmente diurno (70-<br />

89% diurno), diurno/crepuscular (50% diurno e<br />

50% crepuscular), diurno/noturno (cerca de 50%<br />

diurno e 50% noturno), noturno (≥90% noturno)<br />

e preferencialmente noturno (70-89% noturno).<br />

Para as espécies para as quais não há registros<br />

fotográficos disponíveis para a RNV (Priodontes<br />

maximus, Bradypus variegatus, Alouatta guariba,<br />

Callicebus personatus, Potos flavus, Lontra<br />

longicaudis, Leopardus guttulus, Chaetomys<br />

subspinosus e Coendou insidiosus), o horário de<br />

atividade foi definido com base em informações<br />

reunidas em Reis et al. (2006).<br />

A determinação do número de grupos funcionais<br />

formados pelas espécies de mamíferos de médio e<br />

grande porte presentes na RNV foi realizada a partir<br />

de análises multivariadas classificatórias (Análise de<br />

Cluster) baseadas em métodos hierárquicos (Tree<br />

Clustering) conforme orientações apresentadas em<br />

Petchey & Gaston (2006). Como regra de fusão<br />

foi empregado o Método do Vizinho Mais Distante<br />

(Complete Linkage) que determina a distância dos<br />

agrupamentos com base na maior distância entre<br />

quaisquer duas espécies em diferentes subgrupos<br />

(Statsoft, 2004). Como medida de distância foi<br />

adotado o Método da Porcentagem de Desacordo<br />

(Percent Disagreement) que é considerado ideal<br />

para análises que incluem dados categóricos<br />

(Statsoft, 2004). As análises estatísticas foram<br />

realizadas no Programa Statistica versão 7.1<br />

(Statsoft, 2004).<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Grupos Funcionais<br />

A comunidade de mamíferos de médio e grande<br />

porte presente na RNV está organizada em cinco<br />

grupos funcionais principais, compostos por 1 a 3<br />

subgrupos funcionais e 2 a 11 espécies ao todo<br />

(Figura 1). A Figura 1 apresenta as associações<br />

entre as espécies de acordo com a dieta, o peso,<br />

o hábito locomotor e o horário de atividade.<br />

A dieta representou a característica funcional<br />

principal na definição dos grupos e subgrupos,<br />

enquanto as outras características analisadas<br />

contribuíram especialmente na organização interna<br />

dos agrupamentos. Quanto mais semelhantes são<br />

as espécies, mais próximas elas se apresentam<br />

no diagrama, sendo a distância representada<br />

pelo número e pelo comprimento das linhas que<br />

472


SRBEK-ARAUJO & KIERULFF<br />

MAMÍFEROS: GRUPOS FUNCIONAIS<br />

comunicam as espécies. As diferenças são medidas<br />

pelas distâncias sinalizadas na escala inferior (eixo<br />

x), variando de zero, entre as espécies que se<br />

sobrepõem, até mais de 0,5, indicando as espécies<br />

mais diferentes entre si.<br />

O Grupo Funcional 1 foi definido como<br />

CARNÍVOROS, incluindo predadores estritos de<br />

invertebrados ou de vertebrados, abrangendo os<br />

subgrupos Mirmecófago, Carnívoro e Piscívoro.<br />

CARNÍVOROS representa o grupo com maior<br />

número de espécies, sendo a organização interna<br />

dos subgrupos Mirmecófago e Carnívoro definida<br />

por diferenças no hábito locomotor e/ou no horário<br />

de atividade das espécies. Piscívoro foi o subgrupo<br />

mais distante entre os CARNÍVOROS, estando<br />

composto por uma única espécie (lontra, Lontra<br />

longicaudis).<br />

O Grupo Funcional 2 foi intitulado<br />

GENERALISTAS, uma vez que abrange espécies<br />

com dieta mais variada, estando representado<br />

pelos subgrupos Insetívoro/Onívoro e Frugívoro/<br />

Onívoro. GENERALISTAS representa o segundo<br />

grupo mais diverso, estando formado por dois<br />

subgrupos funcionais com duas ou mais espécies<br />

com grande sobreposição dos caracteres<br />

analisados. Em GENERALISTAS, as espécies mais<br />

próximas diferiram em relação ao tamanho (tatus<br />

entre si) e ao horário de atividade [macaco-prego<br />

(Sapajus robustus) x jupará (Potos flavus); “quati<br />

(Nasua nasua) + irara (Eira barbara)” x mãopelada<br />

(Procyon cancrivorus)], havendo uma forte<br />

sobreposição entre quati e irara.<br />

O Grupo Funcional 3 foi denominado<br />

HERBÍVOROS ARBORÍCOLAS, incluindo espécies<br />

herbívoras que exploram verticalmente o<br />

ambiente, abrangendo os subgrupos Folívoro,<br />

Folívoro/Frugívoro e Frugívoro/Insetívoro/<br />

Gomívoro. Entre os HERBÍVOROS ARBORÍCOLAS,<br />

os subgrupos Folívoro e Frugívoro/Insetívoro/<br />

Gomívoro estão representados por uma única<br />

espécie cada (respectivamente: preguiça-comum,<br />

Bradypus variegatus; mico-da-cara-branca,<br />

Callithrix geoffroyi), sendo Frugívoro/Insetívoro/<br />

Gomívoro o subgrupo mais distante em relação<br />

às outras espécies inseridas em HERBÍVOROS<br />

ARBORÍCOLAS. Neste grupo destaca-se também<br />

a forte sobreposição entre o ouriço-preto<br />

(Chaetomys subspinosus) e ouriço-cacheiro<br />

(Coendou insidiosus), classificados por Paglia et<br />

al. (2012) como Folívoro/Frugívoro e Frugívoro/<br />

Folívoro, respectivamente.<br />

O Grupo Funcional 4 foi definido como<br />

GRANÍVOROS, estando representado por espécies<br />

que se alimentam principalmente de sementes,<br />

entre outros itens de origem vegetal, e que estão<br />

inseridas no subgrupo Frugívoro/Granívoro.<br />

GRANÍVOROS constitui o grupo menos diverso,<br />

com apenas duas espécies com diferenciação<br />

relacionada ao tamanho e ao hábito locomotor,<br />

sendo o esquilo, Guerlinguetus ingrami, como<br />

arborícola; e a cutia, Dasyprocta leporina, como<br />

terrícola (Paglia et al., 2012).<br />

Finalmente, o Grupo Funcional 5, intitulado<br />

HERBÍVOROS TERRÍCOLAS, abrange espécies<br />

herbívoras que forrageiam na serrapilheira e/ou<br />

nos estratos mais baixos do sub-bosque, estando<br />

composto pelos subgrupos Frugívoro/Herbívoro<br />

e Herbívoro (pastador). Entre os HERBÍVOROS<br />

TERRÍCOLAS, as espécies mais próximas diferiram<br />

em relação ao tamanho e/ou horário de atividade,<br />

embora entre os Frugívoros/Herbívoros tenha<br />

havido uma grande sobreposição entre catitu<br />

(Pecari tajacu) e veado-catingueiro (Mazama<br />

gouazoubira).<br />

Segundo Lawton & Brown (1993), a análise<br />

de grupos funcionais assume que os membros<br />

de um mesmo agrupamento são funcionalmente<br />

idênticos, podendo haver completa redundância<br />

entre as espécies dentro dos grupos. Neste sentido,<br />

seria improvável que, em comunidades compostas<br />

por táxons funcionalmente redundantes, a perda<br />

aleatória de espécies resultasse em diminuição<br />

significativa da diversidade funcional (Mayfield<br />

et al., 2010). Entretanto, na prática, observase<br />

que as comunidades geralmente apresentam<br />

redundância limitada e a extinção aleatória de<br />

algumas espécies pode resultar, na verdade,<br />

em perda significativa de diversidade funcional<br />

(Petchey & Gaston, 2002). Os dados obtidos para a<br />

comunidade de mamíferos de médio e grande porte<br />

presente na RNV demonstram que nem sempre a<br />

redundância entre as espécies que compõem um<br />

mesmo grupo é completa, conforme apontado<br />

também por Ciancaruso et al. (2009). Além da<br />

diferenciação associada à dieta, ao peso, ao hábito<br />

locomotor e ao horário de atividade, mesmo para<br />

4 7 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Figura 1: Grupos funcionais compostos pelas espécies de mamíferos de médio e grande porte presentes na Reserva Natural Vale: Legenda: Grupo Funcional 1 =<br />

Carnívoros (Subgrupos: Mirmecófago – Mi, Carnívoro – Ca e Piscívoro – Pi), Grupo Funcional 2 = Generalistas (Subgrupos: Insetívoro/Onívoro – In/On e Frugívoro/<br />

Onívoro – Fr/On), Grupo Funcional 3 = Herbívoros Arborícolas (Subgrupos: Folívoro – Fo, Folívoro/Frugívoro – Fo/Fr e Frugívoro/Insetívoro/Gomívoro – Fr/In/Go),<br />

Grupo Funcional 4 = Granívoros (Subgrupo: Frugívoro/Granívoro – Fr/Gr) e Grupo Funcional 5 = Herbívoros Terrícolas (Subgrupos: Frugívoro/Herbívoro – Fr/Hb e<br />

Herbívoro – Hb).<br />

474


SRBEK-ARAUJO & KIERULFF<br />

MAMÍFEROS: GRUPOS FUNCIONAIS<br />

os pares de espécies que apresentaram forte<br />

sobreposição para todos os caracteres analisados<br />

no presente estudo, há outros atributos que podem<br />

contribuir para a caracterização do nicho efetivo de<br />

cada espécie, como, por exemplo, o detalhamento<br />

no uso e partilha dos recursos alimentares ou<br />

aspectos comportamentais e sociais, reforçando a<br />

importância da manutenção de todos os elementos<br />

que compõem as comunidades biológicas. Assim,<br />

quanto mais detalhadas forem as informações sobre<br />

cada espécie, maior se tornará a diferenciação e<br />

menor será a sobreposição/redundância entre os<br />

táxons analisados em uma comunidade. Entretanto,<br />

estas informações nem sempre estão disponíveis<br />

para a maioria das espécies.<br />

Os maiores valores de diversidade funcional<br />

registrados para mamíferos de médio e grande porte<br />

na Mata Atlântica estão relacionados a áreas com<br />

grande cobertura florestal, maior heterogeneidade<br />

ambiental e baixos níveis de perturbação antrópica<br />

(Magioli et al., 2015), a exemplo do Bloco Linhares-<br />

Sooretama. Esses grandes remanescentes são<br />

considerados fundamentais para a manutenção dos<br />

serviços ecossistêmicos prestados pelas espécies<br />

de maior porte e para a conservação de mamíferos,<br />

funcionando como áreas de referência da função<br />

ecológica das comunidades de médios e grandes<br />

mamíferos em nível de bioma (Magioli et al., 2015).<br />

Principais Ameaças<br />

A diversidade funcional influencia os processos,<br />

a dinâmica e a estabilidade dos ecossistemas,<br />

podendo ser empregada como uma ferramenta<br />

para prever as consequências funcionais das<br />

alterações ambientais causadas pelo homem<br />

(Petchey & Gaston, 2006). Assim, a partir da<br />

análise da diversidade funcional é possível, por<br />

exemplo, avaliar de forma mais acurada quais<br />

serão as consequências da extinção de espécies<br />

(Petchey & Gaston, 2006) e estimar as perdas que<br />

uma comunidade pode suportar antes que funções<br />

importantes sejam completamente perdidas<br />

(Cianciaruso et al., 2009).<br />

Os mamíferos de médio e grande porte são<br />

especialmente sensíveis à perda e fragmentação de<br />

hábitat, sendo as consequências destas ameaças<br />

agravadas por efeitos sinérgicos com outros fatores,<br />

como caça, incêndios florestais e outros impactos<br />

antrópicos sobre populações isoladas (Canale et al.,<br />

2012). A caça, por si só, pode ser considerada uma<br />

das principais ameaças à conservação de mamíferos<br />

de médio e grande porte, acarretando alterações<br />

na abundância das populações e na biomassa das<br />

comunidades, o que pode culminar com a extinção<br />

local dos táxons mais afetados (p. ex. Chiarello,<br />

2000; Lopes & Ferrari, 2000; Galetti et al., 2009).<br />

Entre as espécies de maior porte, os grupos com<br />

maior longevidade, que apresentam baixos índices<br />

de aumento populacional e longo tempo de geração<br />

são ainda mais vulneráveis à extinção quando<br />

submetidos à pressão de caça, a exemplo do catitu,<br />

do queixada, dos veados e da anta (Bodmer et al.,<br />

1997). Embora a RNV conte com um aparato de<br />

vigilância contra caçadores que já foi considerado o<br />

mais eficiente do Espírito Santo (Chiarello, 2000), o<br />

número de eventos anuais relacionados à caça nesta<br />

reserva e na RBS variou entre 150 e quase 200<br />

entre 2003 e 2013 (Kierulff et al., 2014). Assim,<br />

a pressão de caça no Bloco Linhares-Sooretama<br />

pode ser considerada elevada, sendo observada<br />

uma tendência de aumento nos últimos anos. As<br />

espécies mais caçadas na região são a paca, os tatus<br />

e a cutia (Kierulff et al., 2014), havendo também<br />

registros de abate de veados, anta, porcos-do-mato<br />

e capivara, entre outras espécies de mamíferos<br />

(Banco de Dados de Proteção Ecossistêmica RNV e<br />

RBS - Vale, dados não publicados). Embora os felinos<br />

não sejam alvo de caça para alimentação na Mata<br />

Atlântica, eles também podem ser vítimas da ação<br />

de caçadores, principalmente os grandes felinos, os<br />

quais são mortos por serem considerados ameaças<br />

para o homem e/ou para animais domésticos<br />

(Canale et al., 2012). Além disso, a atividade de caça<br />

aumenta a pressão sobre as populações de espécies<br />

consumidas pelos felinos, interferindo também<br />

na disponibilidade de recursos para os predadores<br />

naturais. Se nada for feito para intensificar o combate<br />

à ação de caçadores e aumentar a proteção do Bloco<br />

Linhares-Sooretama, os efeitos da caça poderão<br />

acarretar alterações na comunidade de mamíferos<br />

e, consequentemente, em sua diversidade funcional,<br />

desencadeando mudanças que podem impactar<br />

a flora e outros elementos da fauna locais. Neste<br />

sentido, ressalta-se que apenas a existência de<br />

habitats adequados não garante a sobrevivência<br />

das espécies se a área não for protegida contra a<br />

4 7 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

caça (Canale et al., 2012), resultando em “florestas<br />

vazias” (Redford, 1992).<br />

Além dos efeitos da caça, o risco de<br />

atropelamentos de espécies de maior porte<br />

também deve ser apontado para o Bloco Linhares-<br />

Sooretama. A rodovia BR-101 intercepta o bloco<br />

no sentido norte-sul, dividindo-o em porções<br />

leste e oeste. Os atropelamentos de fauna têm<br />

se tornado um problema crescente em diferentes<br />

partes do mundo nos últimos anos (Baskaran &<br />

Boominathan, 2010) e podem apresentar efeito<br />

substancial na demografia das populações de<br />

espécies mais afetadas (Trombulak & Frissell,<br />

2000). No trecho da rodovia BR-101 que<br />

intercepta o Bloco Linhares-Sooretama, destacamse<br />

registros de atropelamentos fatais de onçapintada<br />

e onça-parda, além de pequenos felinos<br />

(Srbek-Araujo et al., 2015), anta (Westermeyer,<br />

2015), capivara, tatus, tamanduá-de-colete,<br />

primatas e cachorro-do-mato, entre outros (Samir<br />

G. Rolim, comunicação pessoal). A rodovia BR-101<br />

será inteiramente duplicada no estado e há previsão<br />

de início das obras, mas ainda não há estudo de<br />

impacto ambiental para o projeto de duplicação do<br />

trecho que intercepta o Bloco Linhares-Sooretama<br />

ou o planejamento de medidas especiais para evitar<br />

ou reduzir o risco de atropelamento de fauna na<br />

região (para detalhes, ver Srbek-Araujo et al.,<br />

2015). As primeiras mobilizações para avaliação<br />

do problema foram iniciadas no final de 2014, mas<br />

ainda não há ações concretas para a resolução da<br />

questão. Além das perdas já observadas, ressaltase<br />

que os mamíferos de médio e grande porte<br />

são especialmente suscetíveis a atropelamentos<br />

em estradas com pistas duplas e em vias de alta<br />

velocidade (Forman & Alexander, 1998), sendo<br />

esperada a intensificação do impacto da rodovia<br />

BR-101 sobre as espécies afetadas após sua<br />

duplicação.<br />

Os cinco grupos funcionais identificados para a<br />

RNV apresentam pelo menos uma espécie ameaçada<br />

de extinção em nível estadual (Chiarello et al., 2007)<br />

e, com exceção de GRANÍVOROS, isso também é<br />

observado para espécies ameaçadas nacionalmente<br />

(MMA, 2014) (Tabela 1). CARNÍVOROS representa o<br />

grupo funcional que reúne o maior número de táxons<br />

sob ameaça, possuindo seis espécies ameaçadas no<br />

estado e/ou no Brasil (55% das espécies inseridas<br />

no grupo em análise). Quando analisado apenas<br />

o subgrupo Carnívoro, a representatividade de<br />

espécies ameaçadas se torna ainda maior (n =<br />

5 ameaçadas no estado e/ou no país, 83% do<br />

subgrupo). As espécies inseridas neste subgrupo,<br />

especialmente os felinos, apresentam função<br />

essencial no controle das populações de presas que<br />

consomem, contribuindo para a estruturação de<br />

toda a comunidade. Outro subgrupo que merece<br />

destaque é Frugívoro/Herbívoro, que compõe o<br />

grupo HERBÍVOROS TERRÍCOLAS. Das seis espécies<br />

inseridas nesse subgrupo, três são ameaçadas no<br />

estado (Chiarello et al., 2007) e duas delas também<br />

em nível nacional (MMA, 2014) (50 e 33%,<br />

respectivamente), sendo a anta uma importante<br />

dispersora de sementes, especialmente de espécies<br />

com estruturas reprodutivas de maior porte,<br />

enquanto o catitu e o queixada são importantes<br />

predadores e dispersores de sementes, participando<br />

da dinâmica de regeneração natural, manutenção<br />

e estruturação das comunidades vegetais. Desta<br />

forma, mesmo que haja alguma sobreposição entre<br />

as espécies citadas, a falta de qualquer componente<br />

desses subgrupos pode acarretar uma série de<br />

alterações secundárias em virtude da perda ou<br />

redução de funções ecológicas essenciais nas<br />

comunidades das quais participam.<br />

De forma geral, os esforços de conservação da<br />

biodiversidade focam quase exclusivamente em<br />

listas de espécies, mas o número total de espécies<br />

e o número de táxons ameaçados são critérios que<br />

não refletem informações relacionadas à história<br />

evolutiva e às características biológicas das espécies<br />

(Mace et al., 2003) ou às funções ecológicas<br />

representadas nas comunidades. Entretanto, a ação<br />

humana pode causar significativas reduções não<br />

apenas no número de espécies, afetando também<br />

a diversidade funcional da comunidade (Cadotte et<br />

al., 2011). Este parâmetro é o que sofre os maiores<br />

declínios (Cadotte et al., 2011), ressaltando que a<br />

conservação de espécies por si só não garante a<br />

manutenção dos serviços ecossistêmicos cruciais<br />

à conservação dos ambientes naturais, sendo<br />

necessários esforços tanto para a conservação<br />

das espécies, quanto da diversidade funcional das<br />

comunidades (Diaz & Cabido, 2001). Uma vez<br />

que a funcionalidade dos ecossistemas é afetada<br />

pela perda das interações ecológicas, este último<br />

476


SRBEK-ARAUJO & KIERULFF<br />

MAMÍFEROS: GRUPOS FUNCIONAIS<br />

elemento deve ser avaliado como o principal<br />

componente da biodiversidade, considerando<br />

que a saúde dos ecossistemas é dependente da<br />

manutenção das interações entre as espécies<br />

(Valiente-Banuet et al., 2015).<br />

Além disso, a perda das interações ecológicas<br />

pode ocorrer antes do desaparecimento das<br />

espécies envolvidas nos processos, sendo as taxas<br />

de perda das interações mais aceleradas do que as<br />

taxas de extinção de espécies (Valiente-Banuet et<br />

al., 2015). Assim, apenas o registro da presença<br />

de espécies não é garantia que sua função está<br />

sendo realizada e um impacto prolongado sobre<br />

as populações de carnívoros e grandes herbívoros,<br />

por exemplo, pode causar declínio das funções<br />

desempenhadas por esses grupos, especialmente<br />

se suas populações forem muito pequenas.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

No presente estudo foi adotada a abordagem de<br />

grupos funcionais baseada em dados categóricos,<br />

considerando que não há informações disponíveis<br />

sobre o nicho ecológico efetivo que permitissem<br />

medir as distâncias funcionais de forma mais<br />

detalhada para todas as espécies de médios e<br />

grandes mamíferos presentes na RNV. Embora<br />

haja limitações no uso de variáveis categóricas,<br />

sobretudo em função da utilização de informações<br />

simplistas e que não permitem detectar divisões<br />

mais refinadas entre as espécies (p. ex. Petchey<br />

et al., 2004; Petchey & Gaston, 2006), as<br />

análises realizadas no presente trabalho ilustram<br />

satisfatoriamente a diversidade de funções<br />

presentes na comunidade analisada.<br />

Segundo Srbek-Araujo et al. (2014), a RNV<br />

pode ser considerada uma das últimas áreas da<br />

Mata Atlântica a manter intacta sua comunidade de<br />

mamíferos de médio e grande porte. Neste sentido,<br />

destaca-se a presença de espécies endêmicas do<br />

bioma e ameaçadas de extinção, incluindo táxons<br />

que sofrem grande pressão de caça, sendo o<br />

Bloco Linhares-Sooretama o último refúgio de<br />

onças-pintadas e tatus-canastra no Espírito Santo,<br />

representando também uma das últimas áreas a<br />

abrigar populações destas espécies em toda a Mata<br />

Atlântica (Srbek-Araujo et al., 2009; Beisiegel et<br />

al., 2012). Além destes táxons, o bloco é uma das<br />

últimas áreas no estado com registros atuais de anta<br />

(Flesher & Gatti, 2010) e queixada (Chiarello et<br />

al., 2007), ressaltando que os grandes herbívoros<br />

enfrentam atualmente elevadas taxas de declínio<br />

em todo o mundo, o que tem levado à perda ou<br />

redução dos serviços ecológicos por eles realizados<br />

em áreas cada vez maiores em termos de extensão<br />

(Ripple et al., 2015). Assim, devido à integridade<br />

da comunidade de mamíferos de médio e grande<br />

porte presente na RNV é possível estimar, a partir<br />

dos resultados apresentados no presente trabalho,<br />

o quanto da diversidade funcional de mamíferos<br />

de médio e grande porte esperada para o bioma<br />

pode ter sido perdida em outras áreas, bem como<br />

detectar os grupos funcionais mais afetados pelas<br />

perdas de espécies em outras localidades.<br />

Além da riqueza de espécies, é fundamental que<br />

os grupos funcionais presentes na RNV e, portanto,<br />

no Bloco Linhares-Sooretama sejam devidamente<br />

protegidos e conservados para manutenção dos<br />

processos e da dinâmica que fazem desta uma<br />

das áreas mais importantes para conservação de<br />

mamíferos na Mata Atlântica brasileira.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

A.C. Srbek-Araujo é grata à Vale / Instituto<br />

Ambiental Vale por todo apoio ao desenvolvimento<br />

do Projeto Felinos na Reserva Natural Vale desde<br />

2005. As autoras agradecem a Adriano Garcia<br />

Chiarello, Camila Righetto Cassano e Sérgio Lucena<br />

Mendes pela revisão do trabalho.<br />

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4 7 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

Sementes de Ormosia arborea (Vell.)Harms.<br />

480


PEIXOTO & JESUS<br />

MEMÓRIAS DE CONSERVAÇÃO<br />

PARTE VI<br />

DESAFIOS E OPORTUNIDADES<br />

4 8 1


482<br />

FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong>


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

29<br />

Fabio<br />

A IMPORTÂNCIA DA BIODIVERSIDADE<br />

BRASILEIRA E OS DESAFIOS PARA<br />

A CONSERVAÇÃO, PARA A CIÊNCIA<br />

E PARA O SETOR PRIVADO<br />

R. Scarano & Paula Ceotto<br />

CRISE PLANETÁRIA E A NECESSIDADE DE<br />

MUDANÇA<br />

O planeta tem metas auspiciosas para os<br />

próximos 15 anos. Em 2030, espera-se ter<br />

alcançado pobreza zero como um dos objetivos de<br />

desenvolvimento sustentável das Nações Unidas<br />

(Griggs et al., 2013); em 2020, o objetivo é o de se<br />

ter extinção zero de espécies por causas não naturais,<br />

conforme definido pela Convenção de Diversidade<br />

Biológica das Nações Unidas (Mittermeier et al.,<br />

2010); e no fim de 2015, a conferência das partes<br />

da Convenção Quadro de Mudanças Climáticas,<br />

em Paris, concordou em não ultrapassarmos em<br />

1,5 graus Celsius de aquecimento global até 2030<br />

(Scarano, 2014a; Geden 2015). Essas metas,<br />

realistas ou não, indicam o claro reconhecimento<br />

pelas lideranças globais do momento de crise que<br />

o planeta atravessa e da necessidade de se agir<br />

decisivamente em direção à mitigação dessa crise.<br />

A crise planetária é sem precedentes, complexa,<br />

multifacetada e causada por variáveis interrelacionadas.<br />

A crise alimentar, a crise hídrica, a<br />

crise da biodiversidade, a crise climática, possuem<br />

estreita ligação com a crise econômica, a crise de<br />

liderança política, a crise de segurança pública e até<br />

de saúde pública. Somadas, essas várias crises já<br />

parecem implicar uma crise de valores. A sociedade<br />

chega a um ponto - como descreve Sardar (2002)<br />

ao discutir a fase pós-moderna que a ciência<br />

atravessa - no qual “os fatos são incertos, os<br />

interesses são altos, os valores estão em disputa, e<br />

a urgência é grande”.<br />

Esse período de mudanças que a sociedade<br />

atravessa parece clamar por um novo paradigma<br />

de desenvolvimento. O relatório da Avaliação<br />

Ecossistêmica do Milênio (MEA, 2005) concluiu<br />

que o componente ambiental da crise decorre de<br />

demandas sociais resultantes da combinação entre<br />

um padrão de consumo insustentável, especialmente<br />

nos países desenvolvidos, com a persistência da<br />

pobreza em países em desenvolvimento. Ainda<br />

que a relação entre desenvolvimento e degradação<br />

da natureza não seja linear - visto que tanto há<br />

países desenvolvidos que conseguiram manter sua<br />

natureza relativamente bem preservada, como há<br />

países com baixos índices de desenvolvimento e<br />

pouquíssima natureza preservada - historicamente,<br />

o desenvolvimento socioeconômico deu-se<br />

em detrimento da conservação da natureza na<br />

maioria dos países. Assim, parece existir uma<br />

relação mutuamente excludente (ou trade-off, em<br />

inglês) entre desenvolvimento socioeconômico e<br />

conservação da natureza. Com isso, predomina<br />

uma percepção que conservar a natureza implica<br />

obstáculo ao desenvolvimento e geração de renda,<br />

e vice-versa. O desenvolvimento que se dá às<br />

custas da degradação da natureza é insustentável,<br />

especialmente na sociedade contemporânea,<br />

para a qual o consumismo se tornou um valor<br />

e as demandas de consumo aumentam em<br />

relação exponencial com o aumento populacional<br />

(Bauman, 2011). As mudanças de uso da terra,<br />

em grande parte decorrente das demandas de<br />

4 8 3


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

consumo e dos interesses que movem o mercado,<br />

culminaram no surgimento de 35 hotspots globais<br />

de biodiversidade, ou seja, locais com grande<br />

diversidade de espécies, altas taxas de endemismo<br />

e elevada proporção de habitats degradados<br />

(Mittermeier et al., 2011). O Brasil possui dois<br />

hotspots, a Mata Atlântica (onde a Reserva Natural<br />

Vale, tema desse livro, se insere) e o Cerrado.<br />

Paralelamente, o modelo de desenvolvimento<br />

tradicional hoje ameaça grandes extensões de<br />

cobertura natural do planeta, percebidas como<br />

fronteiras de expansão econômica. No Brasil,<br />

a Amazônia seja talvez o maior exemplo dessa<br />

segunda categoria (Nepstad et al., 2009; Soares-<br />

Filho et al., 2010).<br />

O reconhecimento que o modelo de<br />

desenvolvimento necessita de uma mudança<br />

de paradigma se tornou explícito globalmente<br />

na Conferência das Nações Unidas para o<br />

Desenvolvimento Sustentável, ou Rio+20, realizada<br />

em 2012 no Rio de Janeiro, mas ainda existe uma<br />

grande lacuna entre discurso e prática (Scarano<br />

et al., 2012). Apesar de todos os compromissos<br />

globais que surgiram 20 anos antes, na conferência<br />

das Nações Unidas conhecida como Rio 92,<br />

governos têm fracassado em garantir práticas mais<br />

sustentáveis em seus países e emissão de carbono,<br />

degradação ambiental e pobreza persistem em<br />

taxas alarmantes. Já o setor privado - que responde<br />

pela maior parte dos produtos que a sociedade<br />

consome e gera 60% do Produto Interno Bruto<br />

do planeta (Sukhdev, 2012) – possui grande<br />

“pegada” ambiental, mas começa a reconhecer a<br />

necessidade de práticas mais sustentáveis. Embora<br />

até aqui a sociedade tenha fracassado em alcançar<br />

metas de sustentabilidade, no Rio+20 se começou<br />

a desenhar os “Objetivos de Desenvolvimento<br />

Sustentável”, que foram anunciados pela ONU em<br />

setembro de 2015. Duas prioridades serão centrais<br />

aos vários objetivos: proteger os sistemas naturais<br />

que asseguram a vida na Terra e reduzir a pobreza<br />

(Griggs et al., 2013).<br />

A NECESSIDADE DE ADAPTAÇÃO<br />

Conciliar a conservação da natureza com a<br />

redução de pobreza implica uma mudança no<br />

paradigma de desenvolvimento, que até aqui se<br />

deu em grande parte com base em degradação e<br />

uso não sustentável de recursos naturais e resultou<br />

em distribuição desigual de benefícios (Roe & Elliott<br />

2010). Cientistas e lideranças políticas globais<br />

reconhecem ser precisamente a combinação entre<br />

conservação da natureza e redução de pobreza que<br />

será necessária para adaptar a sociedade ao novo<br />

quadro climático que vem se desenhando, uma<br />

vez que a) as pessoas mais vulneráveis aos efeitos<br />

perversos das mudanças climáticas são os pobres;<br />

e b) as localidades mais vulneráveis aos efeitos<br />

negativos das mudanças climáticas são as que menos<br />

possuem recursos naturais renováveis disponíveis<br />

(Fisher et al., 2014; Magrin et al., 2014). Uma vez<br />

que, mesmo em um cenário otimista de redução<br />

imediata e significativa de emissão de gases do efeito<br />

estufa, até 2100 a sociedade seguiria sentindo os<br />

efeitos do aumento de temperatura no planeta,<br />

foi ultrapassado o ponto até o qual a mitigação<br />

das emissões seria suficiente para garantir o bemestar<br />

humano. Como afirmaram os cientistas do<br />

Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas<br />

(IPCC, em inglês), cujos volumes foram publicados<br />

entre setembro de 2013 e abril de 2014, entramos<br />

na “Era da Adaptação” na qual necessitamos, como<br />

sociedade, nos adaptar às mudanças climáticas já<br />

em curso (IPCC, 2014).<br />

Muitas vezes, quando se fala em adaptação,<br />

se imagina grandes obras de infraestrutura –<br />

diques para conter elevação do nível do mar,<br />

obras de contenção de encostas, transposição<br />

de rios, dessalinização, etc. Intervenções nessa<br />

escala, no âmbito da infraestrutura, são de alto<br />

custo e em geral visam recompor ou superar uma<br />

limitação imposta pelos recursos naturais (em<br />

geral, decorrentes da ausência destes). No entanto,<br />

tanto o IPCC como o PBMC (Painel Brasileiro de<br />

Mudanças Climáticas) recentemente enfatizaram a<br />

importância de outro tipo de adaptação, que será<br />

particularmente relevante para a América Latina<br />

e o Brasil: a adaptação baseada em ecossistemas<br />

(Magrin et al., 2014; Souza-Filho et al., 2014).<br />

Esse é o nome dado ao conjunto de práticas<br />

multissetoriais, multiescalares e que são baseadas<br />

na premissa de que serviços ecossistêmicos<br />

reduzem a vulnerabilidade de sociedades às<br />

mudanças climáticas (Vignola et al., 2009). A<br />

adaptação baseada em ecossistemas inclui ações<br />

484


SCARANO & CEOTTO<br />

DESAFIOS PARA A CONSERVAÇÃO<br />

como o estabelecimento e o manejo efetivo de áreas<br />

protegidas, manejo comunitário de áreas silvestres,<br />

acordos e incentivos para conservação (por<br />

exemplo, os chamados pagamentos por serviços<br />

ambientais) e a restauração ecológica (Magrin<br />

et al., 2014). Para serem de fato adaptativas,<br />

tais iniciativas precisam reduzir a vulnerabilidade<br />

de sociedades, o que muitas vezes envolve<br />

mecanismos de geração de renda ou redução de<br />

pobreza associados (Abson & Termansen, 2011).<br />

Naturalmente que para que possam ser feitas<br />

intervenções que visem adaptação baseada em<br />

ecossistemas, será necessário que os ecossistemas<br />

naturais ainda existam ou sejam recuperáveis. Em<br />

geral, essa possibilidade vai ser maior em países em<br />

desenvolvimento, que ainda disponham de parte do<br />

capital natural, do que em países que já o perderam<br />

em grande parte. Decorre dessa discussão que aliar<br />

a redução da pobreza à conservação da natureza<br />

talvez seja a principal estratégia adaptativa às<br />

mudanças climáticas nos países em desenvolvimento<br />

que ainda dispõem de seus recursos naturais – como<br />

é o caso dos países latino-americanos (e.g, Scarano<br />

& Ceotto 2015). Conciliar redução de pobreza e<br />

conservação da natureza significa equilibrar o tripé<br />

social, econômico e ambiental da sustentabilidade<br />

(Adams et al., 2004) e, em outras palavras, portanto,<br />

poderíamos afirmar que o desenvolvimento<br />

sustentável é a principal forma das sociedades se<br />

adaptarem às mudanças climáticas (IPCC, 2014).<br />

A IMPORTÂNCIA DA BIODIVERSIDADE<br />

Uma vez que a conservação da natureza<br />

é reconhecidamente parte essencial ao<br />

desenvolvimento sustentável, a biodiversidade<br />

assume papel central na atualidade. A biodiversidade<br />

- termo cunhado pelo cientista norte-americano<br />

Edward O. Wilson (nascido em 1929) para definir a<br />

diversidade biológica em vários níveis (ecossistemas,<br />

espécies e gens) - é particularmente rica no Brasil.<br />

Dentre os 17 países que abrigam 70% da riqueza de<br />

espécies do planeta, o Brasil é o mais megadiverso.<br />

Essa biodiversidade, por sua vez, é a garantia da<br />

oferta de diversos serviços ecossistêmicos que são<br />

vitais para a sobrevivência e o bem-estar humanos.<br />

Segurança alimentar, qualidade e quantidade de<br />

água, clima estável, diversidade cultural – são<br />

todos serviços ofertados pela biodiversidade,<br />

muitas vezes de maneira imperceptível. Não<br />

surpreende, portanto, que o Brasil seja o país que<br />

contém também a maior proporção de água doce<br />

superficial (12%), seja o segundo maior produtor<br />

de alimentos e possua o maior estoque de carbono<br />

(Scarano et al., 2010; 2012). Esse conjunto de<br />

fatos leva a duas importantes constatações: 1) se<br />

a biodiversidade está em crise e sua degradação<br />

avançar, a humanidade terá cada vez menos<br />

segurança alimentar, hídrica e climática; 2) se o<br />

Brasil for ineficaz em conservar sua biodiversidade,<br />

os impactos não serão apenas locais, mas também<br />

globais, no que diz respeito à produção de alimentos<br />

e balanços hidrológicos e atmosféricos.<br />

A crise da biodiversidade é evidente a partir<br />

da estimativa de que a taxa global de extinção<br />

de espécies é hoje pelo menos mil vezes superior<br />

às taxas históricas (Mace et al., 2005). Tamanha<br />

taxa de extinção foi atribuída pelo cientista norteamericano<br />

Jared Diamond (1989) a um “Quarteto<br />

Maligno” composto por destruição de habitats,<br />

ação predatória humana excessiva, espécies<br />

invasoras e cadeias de extinção. As evidências dos<br />

efeitos das mudanças climáticas sobre extinção<br />

e distribuição das espécies transformaram o<br />

“quarteto” de Diamond em “quinteto” (Thomas et<br />

al., 2004) e, apesar do reconhecimento de que as<br />

sinergias entre esses cinco vetores pode ser ainda<br />

mais ameaçadora, com frequência a conversão de<br />

ecossistemas naturais e consequente destruição<br />

de habitats é tida como o principal fator causal<br />

da extinção de espécies (Baillie et al., 2004). A<br />

velocidade da perda de espécies é aparentemente<br />

maior que a velocidade da ciência em reconhecer<br />

e nomear novas espécies. Por exemplo, estima-se<br />

que de 10 a 20% das plantas com flores são ainda<br />

desconhecidas para a ciência (Scheffers et al.,<br />

2012).<br />

Quanto ao clima, conforme aponta o relatório de<br />

avaliação do IPCC (Ciais et al., 2013), o século XX<br />

viu um aumento de 0,9 ºC na temperatura média<br />

do planeta. Para 2050, em um cenário otimista de<br />

baixas emissões de gases do efeito estufa, estimase<br />

um aumento adicional em 0,4-1,6 ºC, enquanto<br />

que, em um cenário “business as usual” (ou seja,<br />

cenário no qual são mantidas as taxas atuais de<br />

emissões), projeta-se um aumento de 1,4-2,6<br />

4 8 5


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

ºC para 2050. Para o período de 2080 a 2100, o<br />

aumento projetado é de 2,6-4,8 ºC. Os cientistas<br />

concordam também que um aumento superior<br />

a 2,0 ºC na temperatura média do planeta seria<br />

suficiente para gerar efeitos negativos sobre a base<br />

da vida e do bem-estar no planeta.<br />

A crise ambiental resulta da sinergia e das<br />

interações entre a crise climática e a crise da<br />

biodiversidade. A inter-relação entre as duas<br />

crises talvez seja mais evidente na América Latina,<br />

onde a conversão de ecossistemas naturais é a<br />

principal causa da perda de biodiversidade e, ao<br />

mesmo tempo, é o principal vetor de mudanças<br />

climáticas (Magrin et al., 2014). Como exemplo<br />

do que se projeta em termos de panorama futuro<br />

das sinergias entre a crise da biodiversidade e da<br />

crise climática, alguns números e estimativas para<br />

a América Latina são contundentes: o turnover<br />

(ou taxa de rotatividade ou troca) de espécies de<br />

vertebrados até 2100 será de cerca de 90% em<br />

montanhas na América Central e nos Andes (Lawler<br />

et al., 2009); no Brasil, a distribuição de alguns<br />

grupos de aves e de plantas será deslocada para o<br />

sul, onde existe uma menor cobertura de habitats<br />

naturais; o branqueamento de corais ocorrerá com<br />

cada vez maior frequência e intensidade na América<br />

Central e, em menor proporção, na costa brasileira<br />

(Magrin et al., 2014).<br />

OS DESAFIOS DA CONSERVAÇÃO NO BRASIL<br />

E O CASO DA MATA ATLÂNTICA<br />

O principal desafio para a conservação da<br />

biodiversidade no Brasil é o de se tornar peça central<br />

ao processo de desenvolvimento do país e não um<br />

componente marginal ou, como é muitas vezes<br />

visto, antagônico. O fato de o Brasil ser o país mais<br />

megadiverso do planeta, e ao mesmo tempo possuir<br />

uma economia forte, lhe confere uma oportunidade<br />

ímpar de se tornar um modelo de desenvolvimento<br />

sustentável para o mundo. Entretanto, o país parece<br />

hesitar em seguir esse caminho, ou no mínimo dá<br />

sinais contraditórios. Se por um lado o Brasil tem,<br />

proporcionalmente ao seu território, uma das<br />

mais extensas coberturas de áreas protegidas por<br />

unidades de conservação e terras indígenas, por<br />

outro assistiu nos últimos sete anos à perda de<br />

44.100 km 2 de áreas sob proteção, especialmente<br />

para a realização de empreendimentos diversos. Se<br />

por um lado possui uma legislação e um sistema de<br />

incentivo para promover uma agricultura de baixo<br />

carbono, por outro segue sofrendo com altas taxas<br />

de desmatamento ilegal. Se por um lado avançou<br />

no conhecimento e recuperação de espécies e<br />

ecossistemas ameaçados, por outro ainda é tímido<br />

na expansão científica e tecnológica para fontes<br />

alternativas de energia. Essa hesitação é apontada<br />

por várias publicações recentes (Scarano et al.,<br />

2012; Bernard et al., 2014; Ferreira et al., 2014;<br />

Loyola, 2014) e contrasta com a clara liderança<br />

exercida pelo país até alguns anos atrás no processo<br />

das convenções das Nações Unidas que surgiram a<br />

partir do Rio 92 (e.g., Mittermeier et al., 2010).<br />

Ainda, harmonizar conservação da natureza<br />

e desenvolvimento socioeconômico demandaria<br />

uma visão integrada do sistema de proteção, para<br />

além do sistema de unidades de conservação. As<br />

áreas protegidas dentro de propriedades privadas<br />

e produtivas, garantidas pelo Código Florestal, e<br />

todo o território cuja proteção é promovida por<br />

mecanismos de incentivos como pagamentos de<br />

serviços ambientais (tal qual o Programa Bolsa<br />

Verde, como exemplo em escala nacional – ver<br />

MMA, 2013), deveriam receber um tratamento<br />

integrado ao do sistema nacional de unidades de<br />

conservação e terras indígenas. As unidades de<br />

conservação e terras indígenas guardam também<br />

um enorme potencial de turismo sustentável até<br />

hoje não realizado, além de não serem devidamente<br />

recompensadas pelos serviços ambientais que<br />

asseguram para cidades e para a economia do<br />

país (e.g., Medeiros et al., 2011). Além disso, há<br />

um marcado déficit de proteção em biomas não<br />

florestais, em comparação a biomas florestais como<br />

o amazônico (Fonseca et al., 2010; Veldman et al.,<br />

2015).<br />

Apesar desse aclamado déficit de proteção em<br />

biomas não florestais no Brasil, a Mata Atlântica é o<br />

bioma que mais perdeu cobertura natural desde o<br />

descobrimento do país. Apenas 11,7% da cobertura<br />

original do bioma persistem, com diferentes graus<br />

de conservação (Ribeiro et al., 2009). Ainda mais<br />

grave é o fato de que a maior parte do que restou<br />

da Mata Atlântica está agrupada em pequenos<br />

fragmentos florestais: 83,4% dos quais possuem<br />

50 hectares ou menos (Ribeiro et al., 2011). Tais<br />

486


SCARANO & CEOTTO<br />

DESAFIOS PARA A CONSERVAÇÃO<br />

fragmentos são pequenos demais para permitir a<br />

viabilidade e a prosperidade de muitas espécies<br />

que por vezes demandam uma cobertura florestal<br />

contínua mais extensa. Não surpreende, dessa<br />

forma, que mais de 60% da fauna brasileira<br />

oficialmente ameaçada de extinção seja própria da<br />

Mata Atlântica: nada menos do que 380 espécies<br />

(Paglia et al., 2008). Quase 9% de todos os<br />

vertebrados terrestres conhecidos do bioma - e,<br />

dentre os endêmicos, um em cada quatro - são<br />

ameaçados de extinção (Canale et al., 2012). No<br />

caso da flora, o padrão se repete: cerca de 60%<br />

das espécies ameaçadas são da Mata Atlântica,<br />

ou 1.544 espécies (Martinelli et al., 2013). Ainda<br />

assim, a Mata Atlântica abriga uma das maiores<br />

diversidades biológicas do planeta, tanto nos níveis<br />

de ecossistemas e espécies, quanto genético. Isso a<br />

torna um dos 35 hotspots de biodiversidade e uma<br />

das cinco florestas mais ameaçadas do planeta (ver<br />

revisões em Joly et al., 2014 e Scarano, 2014b).<br />

Esse panorama de degradação está em parte<br />

associado a um histórico de ocupação que hoje<br />

resulta no fato que mais de 60% da população<br />

brasileira vive atualmente no domínio desse bioma,<br />

que abriga inclusive algumas das maiores cidades<br />

e metrópoles nacionais, como Rio de Janeiro e<br />

São Paulo. Além da concentração populacional, a<br />

Mata Atlântica é também o motor da economia do<br />

país: responde por 70% do Produto Interno Bruto<br />

(PIB) e 2/3 da economia industrial (Martinelli et<br />

al., 2013). O histórico de ocupação que culminou<br />

com a concentração de atividades produtivas e<br />

da população na Mata Atlântica encontrou pouca<br />

resistência no bioma. A rede de áreas protegidas<br />

públicas e privadas da Mata Atlântica tem sido<br />

insuficiente para minimizar a fragmentação do<br />

bioma e a diversidade de fisionomias e paisagens<br />

existentes (restingas, florestas secas, campos<br />

de altitude, etc.). Por exemplo, áreas públicas de<br />

proteção integral, que excluem atividade humana<br />

em seu interior, cobrem apenas 2% do território<br />

da Mata Atlântica e estão espalhadas pelos 17<br />

estados brasileiros que compõem o seu domínio.<br />

Além de poucas, essas áreas são em geral de<br />

tamanho reduzido – têm, em média, em torno de<br />

10 mil hectares. Já as áreas de proteção privada,<br />

as chamadas RPPN (Reservas Particulares do<br />

Patrimônio Natural), têm em média apenas 200<br />

hectares (Pinto et al., 2012). Em parte como reflexo<br />

desse acanhado sistema de proteção, em 2013<br />

a taxa de desflorestamento voltou a subir, pelo<br />

segundo ano consecutivo, atingindo o maior nível<br />

desde 2008. Entre 2012 e 2013 foram perdidos<br />

23.948 hectares, ou 239 quilômetros quadrados<br />

de remanescentes florestais. Minas Gerais, Bahia,<br />

Piauí e Paraná foram os estados brasileiros que<br />

mais desmataram; juntos, responderam por cerca<br />

de 92% da perda de área no período (SOS Mata<br />

Atlântica/INPE ,2014).<br />

A ameaça que a degradação representa<br />

para o bom fluxo de serviços ecossistêmicos e,<br />

consequentemente, ao bem estar humano na<br />

Mata Atlântica, já demanda mais do que proteção<br />

de áreas remanescentes. Tanto para o presente,<br />

como imaginando a necessidade de adaptação às<br />

mudanças climáticas em curso, a Mata Atlântica<br />

necessita hoje de um grande esforço de restauração<br />

ecológica. Com isso, foi lançado em 2009 o “Pacto<br />

pela Restauração da Mata Atlântica”, uma iniciativa<br />

que conta com a adesão de mais de 200 instituições,<br />

incluindo governos, empresas, universidades e<br />

sociedade civil (Calmon et al., 2009). O Pacto visa<br />

promover a cooperação entre instituições para<br />

restaurar o bioma em larga escala, além de, em<br />

paralelo, apoiar os esforços de conservação dos<br />

remanescentes (Pinto et al., 2012). Essa iniciativa<br />

tem por objetivo restaurar 15 milhões de hectares<br />

de Mata Atlântica até 2050. Alcançar essa meta<br />

levaria a garantir uma cobertura de 30% da Mata<br />

Atlântica em relação à original, o que praticamente<br />

dobra a área do bioma existente atualmente. Tratase<br />

de um objetivo muito ambicioso, mas é o que<br />

seria necessário para se cumprir a principal lei<br />

ambiental brasileira, o Código Florestal (Melo et<br />

al., 2013). Portanto, a meta do Pacto corresponde<br />

exatamente às áreas de proteção permanente e<br />

às reservas legais em propriedades privadas que<br />

são exigidas por lei, mas que se encontram sem<br />

cobertura vegetal (Pinto et al., 2014). Atualmente,<br />

cerca de 58 mil hectares (apenas 0,03% da<br />

meta) encontram-se em restauração sob a ação<br />

do Pacto, o que indica clara necessidade de essa<br />

importante ação ganhar escala. Os mais de 30 anos<br />

de experiência e ações em restauração florestal<br />

na Mata Atlântica, somados à grande capacidade<br />

científica existente no Brasil, sugerem que a<br />

4 8 7


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

tecnologia necessária já está disponível (Pinto et al.,<br />

2012; Scarano, 2014b). A efetiva implementação<br />

do Pacto demandará projetos que gerem benefícios<br />

legais, sociais, ambientais e econômicos para<br />

proprietários e outros atores. A possibilidade de<br />

geração de renda e negócios a partir, por exemplo,<br />

da produção e do plantio de mudas ou da coleta<br />

de sementes, por vezes demandará treinamento e<br />

capacitação de atores locais (Pinto et al., 2014).<br />

Dessa forma, os esforços de restauração podem<br />

simultaneamente recuperar o capital natural e<br />

reduzir a pobreza, aumentando a resiliência da<br />

sociedade às mudanças climáticas (Scarano &<br />

Ceotto, 2015). Tais ações aumentam o potencial<br />

de sequestro de carbono e promovem organização<br />

comunitária, geração de renda e melhoria de vida<br />

em áreas rurais (Chazdon, 2008), como já vem<br />

sendo demonstrado em alguns trechos de Mata<br />

Atlântica (Calmon et al., 2011; Rodrigues et al.,<br />

2011).<br />

UM DESAFIO PARA A CIÊNCIA<br />

Desafios locais ou nacionais, como no caso da<br />

Mata Atlântica, até problemas globais impostos à<br />

conservação da biodiversidade, demandam ação<br />

com base em ciência. Entretanto, a característica<br />

predominantemente disciplinar da ciência dos dias<br />

de hoje gera dúvidas sobre sua capacidade em<br />

fornecer a tempo os instrumentos e orientações<br />

necessárias para que melhores práticas e políticas<br />

públicas possam surgir. A natureza inter- e<br />

transdisciplinar do desafio do desenvolvimento<br />

sustentável impõe a necessidade de uma ciência<br />

capaz de integrar múltiplas disciplinas (Simon &<br />

Schiemer, 2015).<br />

Dessa maneira, existe hoje um acirrado debate<br />

acerca do presente e do futuro da ciência da<br />

conservação da biodiversidade. Existem pelo<br />

menos três visões, não mutuamente excludentes,<br />

que discutimos a seguir: a) a tradicional ciência da<br />

conservação (TCC); b) a nova ciência da conservação<br />

(NCC); e c) a ciência da sustentabilidade. O intenso<br />

debate na literatura atual diz respeito às diferenças<br />

de perspectiva (e até mesmo ideológicas) entre<br />

as duas primeiras, a TCC e a NCC. Para resumir<br />

essa longa discussão (ver Soule, 2013; Doak<br />

et al., 2014; Kareiva, 2014; Miller et al., 2014),<br />

a TCC é acusada de ser centrada na natureza<br />

exclusivamente, enquanto a NCC é acusada de<br />

antropocêntrica e utilitarista.<br />

Doak et al. (2014) fazem um balanço das<br />

principais críticas que essas duas abordagens<br />

recebem. Para os ‘novos conservacionistas’, a<br />

conservação tradicional, a) pode implicar problemas<br />

sociais ou econômicos, ao enfatizar a proteção<br />

da biodiversidade sem atentar para o bemestar<br />

humano; b) se baseia no mito da natureza<br />

pristina, que de fato não existe; c) assume, muitas<br />

vezes de maneira equivocada, que a natureza é<br />

inerentemente frágil e incapaz de se recuperar de<br />

intervenções humanas e d) falhou em proteger a<br />

biodiversidade já que, apesar de 13% do território<br />

do planeta estar dentro de áreas protegidas, as taxas<br />

de extinção de espécies continuam alarmantes. Por<br />

outro lado, para os conservacionistas tradicionais,<br />

a) a base científica da ‘nova conservação’ é fraca;<br />

b) as prioridades da NCC são de fundo ético e não<br />

científico; c) motivações econômicas nem sempre<br />

são predominantes e d) não há evidência que a NCC<br />

possa corrigir as eventuais falhas da conservação<br />

tradicional.<br />

Controvérsias à parte, naturalmente que resta a<br />

impressão que as duas abordagens são importantes<br />

e até certo ponto complementares. Todavia, a<br />

característica essencialmente transdisciplinar dos<br />

desafios globais – clima, biodiversidade, alimentos,<br />

etc. – demanda um tratamento científico também<br />

transdisciplinar e que, no Brasil, ainda é um tanto<br />

raro. A chamada “ciência da sustentabilidade” se<br />

propõe a oferecer esse tratamento. O surgimento<br />

do controvertido conceito de desenvolvimento<br />

sustentável na década de 1980 foi seguido<br />

da construção de uma ciência para tratar do<br />

tema. Essa ciência tem uma agenda de pesquisa<br />

que simultaneamente requer rigor científico<br />

transdisciplinar (Lang et al., 2012) e foco em<br />

promover impactos sociais positivos e mensuráveis<br />

(Bettencourt & Kaur, 2011). O desafio central<br />

consiste em integrar perspectivas de sociedades<br />

desenvolvidas e em desenvolvimento, de disciplinas<br />

teóricas e aplicadas, de ciência e política (Ascher<br />

2007; Aronson, 2011). Com sua pouca idade –<br />

apenas cerca de 30 anos – a chamada ciência da<br />

sustentabilidade já tem um forte arcabouço teórico<br />

e até revistas científicas importantes inteiramente<br />

488


SCARANO & CEOTTO<br />

DESAFIOS PARA A CONSERVAÇÃO<br />

ou parcialmente dedicadas ao tema (Clark 2007;<br />

Bettencourt & Kaur, 2011). Contudo, a quantidade<br />

de estudos empíricos ainda é baixa e, de certa forma,<br />

desequilibrada no peso da contribuição de diferentes<br />

disciplinas. Schoolman et al. (2012) demonstraram<br />

que, apesar da proposta interdisciplinar, a ciência da<br />

sustentabilidade ainda tem dificuldades em integrar<br />

seus três pilares: econômico, social e ambiental.<br />

Artigos centrados no pilar ambiental são os que<br />

menos acessam os outros pilares e disciplinas. Além<br />

disso, por enquanto o impacto da pesquisa em<br />

sustentabilidade sobre as transformações sociais<br />

ainda é menor que o desejável (Wiek et al., 2012)<br />

e apenas uma quantidade reduzida de programas<br />

de educação superior no mundo se dedicam<br />

integralmente ao tema (Wiek et al., 2011).<br />

UMA OPORTUNIDADE PARA O SETOR PRIVADO<br />

O desafio atual da ciência – de buscar a<br />

abordagem necessária para reduzir o grau de<br />

incerteza em torno da base socioeconômica e<br />

ambiental que oferece aos tomadores de decisão<br />

(ver Scarano & Martinelli, 2010) - encontra<br />

paralelo no desafio que atravessa o setor<br />

corporativo privado de incorporar práticas que<br />

sejam ao mesmo tempo benéficas aos negócios<br />

e à sustentabilidade ambiental. Assim como para<br />

a ciência, a demanda por uma abordagem mais<br />

interdisciplinar que integre homem e natureza gera<br />

novas oportunidades de avanços no conhecimento<br />

e na solução de problemas. No setor privado a<br />

incorporação de valores ligados a boas práticas<br />

ambientais gera também novas oportunidades de<br />

negócios e de redução de riscos.<br />

Sukhdev (2012) afirmou que para a efetiva<br />

solução de crises, como a da biodiversidade e do<br />

clima, atores do mundo corporativo deveriam<br />

migrar de “exploradores de bens comuns em<br />

interesse próprio” a “guardiões éticos de recursos<br />

planetários compartilhados”. Entre esses dois<br />

extremos situa-se um gradiente de corporações,<br />

que irão pender mais para um lado ou outro do<br />

espectro dependendo do seu tamanho, do setor<br />

onde atuam, de suas histórias, dos seus valores<br />

e do tipo de negócio no qual estão envolvidas<br />

(Salzmann et al., 2005; Bhattacharya & Managi,<br />

2012; Boiral & Heras-Saizarbitoria, 2015). Quer<br />

seja para garantir o acesso a recursos naturais<br />

críticos ao negócio, quer seja por uma preocupação<br />

com a imagem e a marca (Rashid et al., 2014; Saha<br />

& Darnton, 2005), ou para responder a demandas<br />

locais ou internacionais por produtos sustentáveis<br />

(Winn & Pogutz, 2013), um número cada vez<br />

maior de empresas investe em projetos e ações de<br />

manejo da biodiversidade e ecossistemas, incluindo<br />

práticas de conservação e restauração. Se por um<br />

determinado período se deu a proliferação de um<br />

discurso “ambientalmente amigável” associado a<br />

determinadas práticas (Lavallée & Plouffe, 2004),<br />

hoje em dia, objetivos específicos e quantificáveis<br />

são cada vez mais comuns. Por exemplo, após<br />

um tímido início no ano 2000, hoje, em 2015,<br />

o número de corporações associadas à United<br />

Nations Global Compact – uma iniciativa da ONU<br />

que agrega corporações que se comprometem a<br />

“operar responsavelmente com base em princípios<br />

de responsabilidade universalmente aceitos” (ver<br />

www.unglobalcompact.org) – já chega a 8000.<br />

O surgimento de objetivos específicos<br />

e quantificáveis no setor privado quanto à<br />

biodiversidade tem sido possível, em parte,<br />

porque a sustentabilidade corporativa já se tornou<br />

especialidade acadêmica (Whiteman et al., 2013).<br />

Isso tem tornado possível a definição de métricas,<br />

métodos, monitoramento e avaliação, ainda que<br />

a agenda de conservação da biodiversidade e<br />

sustentabilidade junto ao setor privado siga sendo<br />

vista com ceticismo por alguns (e.g, Macdonald,<br />

2010). Exemplos de esforços voltados para<br />

a mensuração da sustentabilidade da prática<br />

corporativa têm se multiplicado, inclusive no Brasil<br />

(Orsato et al., 2015), mas de um modo geral - e<br />

ciente dos avanços da última década – ainda há<br />

muito o que progredir nesse tema (Salzmann et<br />

al., 2005). No que diz respeito à biodiversidade<br />

nas práticas corporativas, dentre os tipos de<br />

compromissos mais comuns, dois se destacam: 1)<br />

objetivos de perda líquida zero ou impacto líquido<br />

positivo e 2) objetivos de conservação de áreas<br />

naturais. Os dois objetivos não são mutuamente<br />

excludentes e, em vários casos, objetivos ligados à<br />

conservação pontuam nas estimativas de impacto<br />

líquido.<br />

Um determinado projeto alcança perda<br />

líquida zero quando os seus impactos sobre a<br />

4 8 9


FLORESTA ATLÂNTICA DE TABULEIRO: DIVERSIDADE E ENDEMISMOS NA <strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

biodiversidade são equilibrados ou compensados<br />

por medidas como conservação, reabilitação,<br />

restauração e/ou compensação de impactos<br />

residuais que evitam ou minimizam perdas.<br />

Quando os ganhos excedem as perdas, se utiliza o<br />

termo “impacto positivo líquido”. Nos casos onde<br />

compensação é necessária, tais abordagens são<br />

por vezes denominadas “mitigação compensatória”<br />

(BBOP, 2012; Rainey et al., 2015). No inglês, o<br />

termo biodiversity offsets é empregado quando<br />

as etapas prévias da chamada “hierarquia da<br />

mitigação” já tiverem sido cumpridas: evitar,<br />

minimizar e compensar. Quando evitar, minimizar<br />

e compensar não bastarem para neutralizar os<br />

efeitos negativos do projeto sobre a biodiversidade,<br />

então o “offset” deve ser o próximo passo.<br />

Assim, embora na língua portuguesa por vezes<br />

sejam tratados como sinônimos, compensação e<br />

offset são ligeiramente diferentes. Como explicam<br />

Gonçalves et al. (2015), para que uma ação<br />

compensatória se qualifique como “biodiversity<br />

offset”, ela deve demonstrar adicionalidade, isto é,<br />

uma diferença positiva entre o resultado de quando<br />

a ação compensatória é executada em comparação<br />

com o momento anterior à ação. Trata-se, portanto,<br />

de uma ação que assegura balanço positivo e não<br />

simplesmente uma neutralização ou compensação<br />

do impacto. Contudo, muitas vezes ainda é difícil<br />

considerar todas as dimensões da biodiversidade<br />

(estruturais, funcionais, culturais, etc.), quando da<br />

realização desses cálculos.<br />

Como parte ou não de ações de compensação<br />

ou offset, algumas corporações investem na<br />

conservação de ecossistemas naturais. A criação<br />

de reservas privadas tem sido cada vez mais<br />

difundida (Bateman et al., 2015; Kamal et al.,<br />

2015) e novos mecanismos financeiros têm<br />

sido desenhados para incentivar ainda mais a<br />

promoção de tais iniciativas no futuro próximo<br />

(Meißner, 2013). A difusão dessa prática por<br />

diferentes atores do setor privado se dá em<br />

diferentes formatos e começa a demandar uma<br />

taxonomia própria (Kamal et al., 2015).<br />

Um dos campos de pesquisa que se apresenta<br />

particularmente promissor é o de investigar<br />

o impacto da ação do setor privado sobre os<br />

chamados “limites planetários”, ou seja, limites que<br />

se forem ultrapassados o planeta ingressará em<br />

um estado menos propenso ao desenvolvimento<br />

humano (Rockström et al., 2009). Três exemplos<br />

de limites estariam relacionados às mudanças<br />

climáticas, ao ciclo global de nitrogênio e à taxa de<br />

perda da biodiversidade (Whiteman et al., 2013).<br />

Novamente, offsets e áreas de conservação<br />

privadas dialogam diretamente com esses três<br />

limites planetários.<br />

A incorporação aos negócios de valores e<br />

práticas ligados à biodiversidade e serviços<br />

ambientais decorre da óbvia interdependência<br />

entre os dois campos (Houdet et al., 2012).<br />

Nesse sentido, esforços de compensação e<br />

offset, definição de estratégias e planos de<br />

sustentabilidade corporativos e até mesmo o<br />

investimento direto em conservação de áreas<br />

naturais, por vezes tomam por base estudos de<br />

valoração econômica da biodiversidade e serviços<br />

ambientais. Em escala global, o estudo “The<br />

Economics of Ecosystems and Biodiversity in<br />

Business and Enterprise” (TEEB – Bishop, 2012;<br />

Kumar et al., 2013) possui grande relevância,<br />

por chamar a atenção para a importância dos<br />

serviços ecossistêmicos para os negócios e para<br />

as potenciais perdas econômicas decorrentes da<br />

perda da biodiversidade e da degradação desses<br />

serviços. O Brasil foi o primeiro país a realizar tal<br />

estudo em escala nacional (Pavese et al., 2012).<br />

Entretanto, como muitas vezes é o caso em novas<br />

disciplinas científicas, os métodos de valoração<br />

econômica de serviços ambientais também são<br />

alvo de ceticismo e crítica (Ring et al., 2010;<br />

Spangenberg & Settele, 2010).<br />

Para que a reconciliação entre conservação da<br />

natureza e desenvolvimento passe a direcionar<br />

as escolhas de investimentos e as políticas do<br />

país, os impactos de qualquer atividade produtiva<br />

deverão ser ponderados e contabilizados no<br />

processo de decisão, seja do investimento, da<br />

implantação ou da gestão. De fato, a natureza tem<br />

sido habitualmente desconsiderada nas escolhas<br />

econômicas e essa é a principal razão de fundo<br />

para a degradação dos serviços ecossistêmicos<br />

e a perda da biodiversidade. O risco de não se<br />

considerar as consequências associadas à perda<br />

da biodiversidade, com frequência será alto<br />

demais para o próprio negócio (Spangenberg,<br />

2007).<br />

490


SCARANO & CEOTTO<br />

DESAFIOS PARA A CONSERVAÇÃO<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS: O PAPEL DA<br />

<strong>RESERVA</strong> <strong>NATURAL</strong> <strong>VALE</strong><br />

A Vale possui uma política de sustentabilidade e gera<br />

relatórios anuais que são de acesso público (ver http://<br />

www.vale.com/PT/aboutvale/sustainability/Paginas/<br />

default.aspx). Várias das práticas e preocupações<br />

descritas acima compõem a rotina da empresa e<br />

também de algumas outras empresas do setor de<br />

mineração (ver Barkemeyer et al., 2015). Todavia,um<br />

importante destaque para a empresa nesse campo<br />

diz respeito à Reserva Natural Vale, que cumpre um<br />

importante papel no cenário da conservação e da ciência<br />

da biodiversidade, e em especial da Mata Atlântica, no<br />

Brasil. Seus cerca de 23 mil hectares protegem um<br />

trecho peculiar de Mata Atlântica, no Espírito Santo,<br />

que abriga uma grande diversidade de espécies e<br />

também uma notável diversidade de fitofisionomias,<br />

que vão de florestas a formações abertas (Peixoto<br />

et al., 2008). Por exemplo, em vários dos capítulos<br />

deste livro é relatada a alta diversidade de plantas<br />

(cerca de 2.000 angiospermas), de aranhas (cerca<br />

de 300 espécies), aves (391 espécies), borboletas<br />

(512 espécies), entre outros. Que uma empresa de<br />

mineração e energia proteja uma área tão importante,<br />

já é em si notável pelo fato de aparentemente essa ação<br />

não ser, à primeira vista, central ao negócio da empresa.<br />

Porém, mais que isso, a Vale abriga nas instalações da<br />

reserva excelente infraestrutura de pesquisa que inclui<br />

herbário, laboratório de sementes, acomodação para<br />

visitantes e, portanto, incentiva e promove nos seus<br />

domínios ações voltadas para a ciência e o ensino. Foi<br />

nessa Reserva, portanto, que muitos dos autores que<br />

contribuíram com capítulos para esse livro produziram<br />

significativos avanços à ciência da conservação,<br />

ecologia e também ao campo da restauração ecológica.<br />

Além disso, a Reserva possui um dos maiores viveiros<br />

de mudas de espécies de Mata Atlântica, com<br />

capacidade anual de produção de cerca de 3 milhões<br />

de mudas de mais de 800 espécies (Vale, 2010).<br />

O conhecimento desenvolvido na Reserva Natural<br />

Vale sobre restauração ecológica, tanto científico<br />

como prático, terá valor estratégico para o Brasil no<br />

momento em que o país lança seu Plano Nacional<br />

de Recuperação da Vegetação Nativa (PLANAVEG;<br />

http://www.mma.gov.br/images/arquivo/80049/<br />

Planaveg/PLANAVEG_20-11-14.pdf).<br />

Por tudo isso, mais do que seu importante papel<br />

na conservação e restauração de um importante<br />

trecho de Mata Atlântica, a Reserva Natural<br />

Vale cumpre um papel a nosso ver ainda mais<br />

importante: a reserva é um exemplo vivo de como<br />

o mundo corporativo pode atuar na criação de uma<br />

aliança entre negócios e zelo com a natureza. Resta<br />

imaginar um futuro no qual outras corporações,<br />

no Brasil ou fora, enxerguem a importância da<br />

natureza conservada para a sustentabilidade do<br />

planeta e dos seus próprios negócios, e possam<br />

vir a ter áreas tão bem protegidas e manejadas<br />

como a Reserva Natural Vale. Esse exemplo de<br />

conciliação entre conservação da natureza, ciência<br />

e desenvolvimento socioeconômico precisa ser<br />

cada vez mais conhecido e replicado.<br />

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