UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA
Estudos taxonômicos, morfológicos e biogeográficos em Acianthera
(Orchidaceae)
Cezar Neubert Gonçalves
Porto Alegre
2005
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA
Estudos taxonômicos, morfológicos e biogeográficos em Acianthera (Orchidaceae)
Autor: Cezar Neubert Gonçalves
Orientador: Prof. Jorge Luiz Waechter
Tese apresentada como um dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Ciências
Porto Alegre
2005
3
Para Cris & Carolina
Dedico
4
Agradecimentos:
A todos os colegas do PPG-BOT, pelo companheirismo, sugestões e discussões.
A todos os professores e funcionários do PPG-BOT, pelo apoio, ensinamentos e momentos
agradáveis.
Aos colegas do tempo de faculdade que embarcaram conosco no sonho da APAMAR (bom
enquanto durou...): Francisco, João, Tereza, Fabiana, e o idealizador de tudo, Beto.
Ao Jefferson, pelo apoio e pelas piadas...
Aos meus superiores nos tempos de prefeitura, pela paciência...
Aos colegas do IBAMA, pelo companheirismo e, novamente, pela paciência: Luiz, Pablo, Juliana,
Edmar, Lane, Márcio, Maristela, e a turma da brigada.
Aos meus chefes no PNCD, Humberto e Iêda, pela compreensão e o apoio.
Aos colegas do GAP, que, de certa forma, materializam os sonhos da APAMAR.
Aos colegas orquidólogos que me incentivaram, enviaram materiais e sugestões: Fábio de Barros,
Cássio van den Berg, Eduardo Leite Borba, Tiago Boer Breier, Alec Pridgeon e Eric A.
Christenson.
Ao meu orientador, Prof. Jorge Luiz Waechter, por esta parceria rica e produtiva, pela amizade e
pela perseverança.
Ao meu pai, minha mãe, meu irmão, minhas irmãs e meus sobrinhos, por tudo de bom que me
deram e ainda dão.
Aos meus sogros e cunhados, minha segunda família.
A Cris, o amor de minha vida, e a Carolina, minha filha, razão do meu viver.
E a Deus, por tudo!
5
Apresentação
Esta tese está estruturada na forma de quatro artigos, um deles já publicado e os demais formatados
de acordo com as normas das revistas para as quais deverão ser encaminhados. A única exceção diz
respeito a formatação das fontes (times new roman) e espaços entre linhas (duplos), padronizados
para tornar a apresentação dos textos mais agradável visualmente. Ao final são apresentadas
considerações sobre trabalhos que ainda poderão ser realizados abordando o gênero Acianthera.
6
Sumário:
Introdução Geral ................................................................................................................ 01
Capítulo 1 – Notas taxonômicas e nomenclaturais em espécies brasileiras de Acianthera
(Orchidaceae) ...................................................................................................................... 09
Capítulo 2 - Arquitetura vegetativa, hábitos e morfometria foliar de espécies brasileiras de
Acianthera (Orchidaceae) ................................................................................................... 15
Capítulo 3 - O gênero Acianthera Scheidw. (Orchidaceae) no Rio Grande do Sul ............ 43
Capítulo 4 - Biogeography of Acianthera (Orchidaceae) in the Southern and Eastern Brazil and
adjacent areas. ............................................................................................................ 115
Considerações finais. ......................................................................................................... 146
7
Lista de tabelas:
Capítulo 1
Tabela 1. Intervalos das medidas (valores minimos e máximos, em mm) de estruturas florais
(comprimento da sépala superior, do sinsépalo, das pétalas e do labelo) e vegetativas (comprimento
do ramicaule e da inflorescência, comprimento e largura das folhas, distância de entrenós) em
Acianthera hygrophila. ............................................................................. 13
Capítulo 2
Tabela 1. Espécies de Acianthera amostradas para a análise da arquitetura vegetativa, do hábito e da
morfometria foliar e respectivos testemunhos. ................................................. 31
Tabela 2. Medidas foliares usadas como variáveis para as análises estatísticas neste estudo.
.............................................................................................................................................. 32
Tabela 3. Hábitos e intervalos (valores mínimos e máximos) das medidas dos segmentos das
estruturas vegetativas das 23 espécies de Acianthera analisadas neste estudo.
.............................................................................................................................................. 33
Tabela 4. Índices de Pearson (r) e equações das retas obtidas através de regressões dos entrenós do
rizoma (Eriz) e do primeiro entrenó do ramicaule (Eram1) para espécies cespitosas e reptantes de
Acianthera examinadas neste trabalho. ....................................... 34
Tabela 5. Coeficente de correlação de Pearson e probalilidades (p) nas relações entre as oito
medidas foliares listadas na Tab. 1. .................................................................................... 34
Capítulo 4
Table 1. Matrix of presence and absence of Acianthera species in 13 areas of the Atantic Brazil and
adjacent areas. .................................................................................................. 137
Appendix 1. List of species found in the areas of Atlantic rain forest included in the analysis of
biogeography of the genus Acianthera in the Atlantic Brazil and adjacente areas. 144.
8
Lista de Figuras
Capítulo 2
Figura 1. Medidas tomadas das espécies de Acianthera para a análise da arquitetura vegetativa, dos
hábitos e da morfometria foliar. ................................................................. 35
Figura 2. Representação esquemática da arquitetura das espécies de Acianthera analisadas neste
estudo. ........................................................................................................................ 36
Figura 3. Médias das proporções obtidas pela divisão do comprimento dos ramicaules pelo intervalo
do rizoma entre duas destas estruturas (Iriz). ....................................................... 37
Figura 4. Médias dos comprimentos dos entrenós dos rizomas (Eriz) e do primeiro entrenó do
ramicaule (Eram1). ......................................................................................................... 38
Figura 5. Representação esquemática das diferenças encontradas entre espécies reptantes e
cespitosas. ............................................................................................................................ 39
Figura 6. Ordenação dos eixos um (14%) e dois (8,5%) da análise de coordenadas principais (PCO),
utilizando distância de corda como medida de semelhança, das 44 variáveis foliares de 10 espécies
de Acianthera. ................................................................. 40
Figura 7. Ordenação dos eixos um (30,79%) e dois (28,49,5%) da análise de coordenadas principais
(PCO), utilizando distância de corda como medida de semelhança, dos 36 radianos das folhas de 10
espécies de Acianthera. ............................................................. 41
Figura 8. Ordenação dos eixos um (30,79%) e dois (9,43%) da análise de coordenadas principais
(PCO), utilizando distância de corda como medida de semelhança, dos 36 radianos das folhas de 10
espécies de Acianthera. ............................................................. 42
Capítulo 3
Figuras 1-5. Acianthera alligatorifera. ............................................................................... 99
Figuras 6-10. Acianthera aphthosa. .................................................................................. 100
Figuras 11-20. Acianthera aveniformis & Acianthera bragae. ......................................... 101
Figuras 21-30. Acianthera cryptantha & Acianthera cryptoceras. ................................... 102
9
Figuras 31-40. Acianthera dutrae & Acianthera exarticulata. ......................................... 103
Figuras 41-45. Acianthera fenestrata. ............................................................................... 104
Figuras 46-50. Acianthera glumacea. ............................................................................... 105
Figuras 51-60. Acianthera hygrophila & Acianthera hystrix. .......................................... 106
Figuras 61-70. Acianthera karlii & Acianthera luteola. ................................................... 107
Figuras 71-75. Acianthera macropoda. ............................................................................ 108
Figuras 76-80. Acianthera oligantha. ............................................................................... 109
Figuras 81-90. Acianthera papillosa & Acianthera pubescens. ....................................... 110
Figuras 91-100. Acianthera recurva & Acianthera saundersiana. ................................... 111
Figuras 101-105. Acianthera saurocephala. ..................................................................... 112
Figuras 106-110. Acianthera serpentula. .......................................................................... 113
Figuras 111-120. Acianthera sonderana & Acianthera tristis. ......................................... 114
Capítulo 4
Figure 1. Map showing the areas sampled. ....................................................................... 140
Figure 2. Acianthera species richness in the political areas sampled in this study ordened from north
to south. ........................................................................................................... 141
Figure 3. Ordination of the first and second axis of the 13 areas of the Atlantic Brazil where
Acianthera was sampled in this study. .............................................................................. 142
Figure 4. Similarity dendrogram of the 13 areas of the Atlantic rain forest biome where Acianthera
occurrence was sampled using sum of square for linkage. ............................ 143
10
Estampas
Estampa 1. Diferentes hábitos em Acianthera (A, B, D – fotos de J. L. Waechter; C – foto de L.
Eggers).
Estampa 2. Inflorescências e frutos em Acianthera (A, B, C, E, F – foto de J. L. Waechter; D – foto
de L. Eggers).
11
INTRODUÇÃO GERAL
12
Introdução Geral
A subtribo Pleurothallidinae, pertencente à tribo Epidendreae, subfamília Epidendroidae
(Dressler 1993), é composta por cerca de 4000 espécies neotropicais caracterizadas, na maioria dos
casos, por apresentarem o ovário articulado com o pedicelo. Aproximadamente 2000 espécies eram
classificadas, até recentemente, em Pleurothallis R.Br. Nesta concepção, este gênero formava um
grupo reconhecidamente parafilético (Neyland et al. 1995; Stenzel 2000). Segundo Luer (1986),
qualquer Pleurothallidinae que não pudesse ser classificada em outro gênero seria considerada uma
Pleurothallis. Embora análises morfológicas (Neyland et al. 1995) e palinológicas (Stenzel 2000) já
apontassem a necessidade de uma revisão desta subtribo, foi somente a partir de uma análise
filogenética de Pridgeon et al. (2001) que Pridgeon & Chase (2001) propuseram uma nova
concepção de Pleurothallidinae, que passou a incluir alguns táxons basais cujo ovário não é
articulado com o pedicelo (Dilomilis Raf., Neocogniauxia Schltr. e Tomzanonia Nir) e teve as
delimitações genéricas revistas, com a elevação à categoria de gênero de um grande número de
táxons infragenéricos, tanto de Pleurothallis como de outros grupos. Os autores também
transferiram um grande número de espécies de um gênero para outro para atender a estas novas
concepções taxonômicas. Esta proposta tem sido aceita pela maioria dos autores, embora haja
restrições à adoção de alguns táxons. Em particular, há resistência ao conceito “ampliado” do
gênero Stelis Sw. (Jost & Endara 2004; Luer 2002, 2004b), o qual passou a incluir vários grupos
morfologicamente mais próximos de Pleurothallis s. l.
Entre os clados formados no estudo de Pridgeon et al.(2001), o mais basal a incluir espécies
de Pleurothallis sensu lato foi composto por espécies do subgênero Acianthera (Scheidw.) Luer.
Este grupo apresenta as inflorescências emergindo no ápice dos ramicaules, sem um ânulo, e tem
duas políneas. Em função disto, Acianthera Scheidw. foi reabilitado à condição de gênero.
Acianthera foi descrito por Scheidweiler (1842b) a partir de material proveniente,
provavelmente, do Brasil. Não se conhece o local de depósito do holótipo, mas a descrição de
Acianthera punctata Scheidw. concorda bem com a de Acianthera recurva (Lindl.) Pridgeon &
13
M.W. Chase, que foi indicado por Luer (1986) como neótipo para este táxon. Scheidweiler (1842a)
também descreveu, na página anterior da mesma publicação, o gênero Centranthera Scheidw.,
utilizando a mesma ilustração e com o mesmo epíteto específico de A. punctata – Centranthera
punctata Scheidw. Luer (1986) credita este fato a um erro de edição. É possível que Scheidweiler
tenha percebido a existência de Centranthera R. Br. (Brown 1810) e tenha tentado substituí-lo por
Acianthera, causando confusão. A etimologia dos dois nomes é a mesma e eles podem ser
traduzidos como “antera pontuda”.
Imediatamente após ser publicado, Acianthera foi relegado à condição de sinônimo de
Pleurothallis, tendo sido tratado assim em publicações posteriores (Lindley 1853; Rodrigues 1877,
1882; Cogniaux 1893-1896; Schlechter 1925, entre outros). As espécies atualmente tratadas em
Acianthera foram classificadas por Lindley (1853) em duas seções de Pleurothallis: Bachystachyae
Lindl. e Sicarie Lindl. Rodrigues (1877) criou a seção Sarcodanthe Barb.Rodr. para acomodar as
espécies brasileiras de Pleurothallis que apresentassem as inflorescências menores que as folhas,
tendo descrito algumas espécies na seção Brevicaulae Barb. Rodr. do gênero Lepanthes Sw.,
posteriormente transferida para Pleurothallis. O mesmo autor (Rodrigues 1882) criou o gênero
Cryptophoranthus Barb. Rodr. para acomodar as espécies brasileiras que apresentam o ápice da
sépala mediana fundido, em maior ou menor grau, às sépalas laterais, criando duas aberturas na flor.
Schlechter (1923) descreveu o gênero Brenesia Schltr., baseado em Brenesia costaricensis
Schltr. [= Acianthera johnsonii (Ames) Pridgeon & M.W. Chase], peculiar pela inflorescência que
emerge do rizoma. Este gênero foi sinonimizado logo a seguir com Pleurothallis.
Pabst & Dungs (1975) propuseram sua própria divisão das espécies brasileiras de
Pleurothallis em seções, seis delas englobando espécies de Acianthera senso Pridgeon & Chase
(2001). No entanto, apenas uma (Sect. Leptotifolia Pabst & Dungs) foi descrita com diagnose latina.
As demais são, portanto, nomes inválidos. Propuseram, também, agrupamentos de espécies
semelhantes que denominaram “alianças”.
14
Luer (1981) descreveu o gênero Sarracenella Luer para acomodar duas espécies
[Sarracenella pubescens (Barb.Rodr.) Luer e S. asaroides (Krzl.) Luer] que apresentam as sépalas
fundidas até próximo aos seus ápices, formando um tubo sepalino que é incurvado. Estas espécies
haviam sido tratadas previamente nos gêneros Physosiphon Schltr., Phloeophila Schltr. & Hoehne e
Geocalpa Brieg.
Barros (1983) propôs a transferência de diversas espécies de Pleurothallis para Specklinia
Lindl., numa tentativa de dar ao grupo uma estrutura menos artificial.
Luer (1986) considerou Acianthera como subgênero de Pleurothallis, sinonimizando
Phoeophila e Cryptophoranthus como seções deste subgênero. Ao todo, o autor subdividiu
Acianthera em seis seções e duas subseções. O mesmo autor descreveu o subgênero Arthrosia Luer
para acomodar espécies de Pleurothallis dotadas de um calo transversal na base do labelo, que se
insere em uma cavidade na base da coluna, e reduziu Saracenella à condição de subgênero de
Pleurothallis.
Na análise filogenética de Pridgeon et al. (2001), Acianthera forma um clado distante de
Pleurothallis senso estrito. Este clado inclui as espécies de Sarracenella, Cryptophoranthus,
Arthrosia e partes de Phloeophila e de Specklinia.
Pridgeon & Chase (2001) propuseram a
transferência de 140 espécies de Pleurothallis para Acianthera. Diversos trabalhos posteriores
propuseram transferências para acomodar as espécies às novas delimitações genéricas (Barros 2002,
2003, 2004; Barros & Pinheiro 2002; Gonçalves & Waechter 2004). Atualmente, cerca de 210
espécies são tratadas como Acianthera (International Plant Names Index, 2005).
Luer (2004b) também transferiu algumas espécies de Pleurothallis para Acianthera, porém,
baseado em análises morfológicas, sugeriu uma concepção diferente para este gênero, tendo
transferido algumas espécies de Acianthera senso Pridgeon & Chase (2001) para Specklinia e para
Apoda-prorepentia Luer. Esta proposta acaba por transferir espécies que são filogeneticamente
ligadas a Acianthera para uma Specklinia s. l., que é tão parafilética quanto Pleurothallis s. l. (o
autor considerou outros grupos, como Anathallis Barb.Rodr., como parte de Specklinia, embora este
15
gênero também seja filogeneticamente distinto). Por esta razão, o conceito de Acianthera adotado
ao longo deste trabalho é o proposto por Pridgeon & Chase (2001).
Seguindo a estrutura proposta atualmente para teses de doutorado, este trabalho está
organizado em quatro capítulos, cada um deles compondo um artigo distinto. No primeiro capítulo,
são apresentadas sinonimizações, lectotipificações e observações sobre espécies de Acianthera,
incluindo a transferência de três espécies para este último a partir de Pleurothallis. Este trabalho foi
publicado na revista Hoehnea (Gonçalves & Waechter 2004). No segundo capítulo é efetuada uma
análise da arquitetura vegetativa de 23 espécies, sendo que em 10 delas também se faz um estudo da
morfometria foliar. O capítulo três é uma revisão taxonômica do gênero para a flora ilustrada do
Rio Grande do Sul, apresentando uma chave dicotômica, descrições, comentários e ilustrações de
cada espécie encontrada neste estado. O capítulo quatro apresenta uma análise biogeográfica de
Acianthera no Brasil austro-oriental, em áreas do bioma Mata Atlântica. Para concluir, são
apresentadas considerações finais sobre Acianthera e são dadas sugestões de novos trabalhos
possíveis de serem realizados abrangendo este gênero.
Referências Bibliográficas:
Barros, F. de. 1983. Flora fanerogamica da Reserva do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga
(Sao Paulo, Brasil): 198. Orchidaceae. Hoehnea 10: 74-124.
Barros, F. de. 2002. Notas nomenclaturais em Pleurothallidinae (Orchidaceae), principalmente
brasileiras. Bradea 8: 293-297.
Barros, F. de. 2003. Notas taxonômicas sobre espécies brasileiras dos gêneros Catasetum,
Isabelia, Veyretia, Acianthera e Anathallis (Orchidaceae). Hoehnea 30: 181-191.
Barros, F. de. 2004. Taxonomic and nomenclatural notes on Brazilian Orchidaceae. pp.7-22, In:
Manilal, K. S., Sathish Kumar, C. (eds.), Orchid memories: a tribute to Gunnar Seidenfaden.
Mentor Books for Indian Association for Angiosperm Taxonomy, Calcutá.
16
Barros, F. de. & Pinheiro, F. 2002. Duas novas combinações em Pleurothallidinae
(Orchidaceae) de Grão Mogol (Minas Gerais, Brasil). Bradea 8: 329-330.
Brown, R. 1810. Prodomus Florae Novae Hollandie. Londres.
Cogniaux, A. 1893-1896. Orchidaceae. In: C. F. P. Martius & A. G. Eichler (eds.). Flora
Brasiliensis, v. 3, pars 4. Frid. Fleicher, Monachii.
Dressler, R. L. 1993. Phylogeny and classification of the orchid family. Dioscories Press.
Portland.
Gonçalves, C. N., Waechter, J. L. 2004. Notas taxonômicas e nomenclaturais em espécies
brasileiras de Acianthera (Orchidaceae). Hoehnea 31: 113-117.
International Plant Names Index. 2005. 2005. Disponível em http:// www.ipni.org/ipni/queryipni.html. Data de acesso: 15/fev/2005.
Jost, L. & Endara, L. 2004. Analysis of the DNA-Based Reclassification of the
Pleurothallidinae. Disponível em:
http://www.loujost.com/DNAframeset/DNAanalysisDocument.htm. Data de acesso:
17/02/2005.
Lindley, J. 1853. Pleurothallis 21. Folia Orchidacea. Royal Botanical Gardens, Kew.
Luer, C. A. 1981 Miscellaneous new species in the Pleurothallidinae (Orchidaceae). Selbyana 5:
389-396.
Luer, C. A. 1986a. Icones Pleurothallidinarum I. Systematics of the Pleurothallidinae,
Monographs in Systematic Botany of the Missouri Botanical Garden 15: 1-81, 1986a.
Luer, C. A. 1986b. Icones Pleurothallidinarum III. Systematics of Pleurothallis, Monographs in
Systematic Botany of the Missouri Botanical Garden 20: 1-108.
Luer, C. A. 2002. A systematic method of classification of the Pleurothallidinae versus a strictly
phylogenetic method. Selbyana 23: 57-110.
17
Luer, C. A. 2004a. Icones Pleurothallidinarum XXVI. Pleurothallis subgenus Acianthera and
three allied subgenera. Monographs in Systematic Botany from the Missouri Botanical Garden
95: 1-114.
Luer, C. A. 2004b. Icones Pleurothallidinarum XXVI. Epibator, Ophidion [&] Zootrophion;
Addenda to Brachionidium, Dracula, Lepanthes, Platystele, Pleurothallis, Porroglossum, and
Masdevallia; New genera and combinations. Monographs in Systematic Botany from the
Missouri Botanical Garden 95: 201-265.
Neyland, R., Urbatsch, L. E. & Pridgeon, A. M. 1995. A phylogenetic analysis of subtribe
Pleurothallidinae (Orchidaceae). Botanical Journal of the Linnean Society 117: 13-28.
Pabst, G. F. J. & Dungs, F. 1975. Orchidaceae brasilienses. V. 1. Hildesheim, Brücke,
Alemanha.
Pridgeon, A.M. & Chase, M.W. 2001. A phylogenetic reclassification of Pleurothallidinae
(Orchidaceae). Lindleyana 17: 235-271.
Pridgeon, A.M., Solano, R, Chase, M.W. 2001. Phylogenetic relationships in Pleurothallidinae
(Orchidaceae): combined evidence from nuclear and plastid DNA sequences. American Journal
of Botany 88: 2286-2308.
Rodrigues, J.B. 1877. Genera et Species Orchidacearum Novarum 1. Imprimerie de C. et H.
Fleiuss, Rio de Janeiro.
Rodrigues, J.B. 1882. Genera et Species Orchidacearum Novarum 2. Typographia Nacional,
Rio de Janeiro.
Scheidweiler, C. 1842a. Centranthera. Allgemeine Gartenzeintung, 10: 292. Scheidweiler, C.
1842b. Acianthera. Allgemeine Gartenzeintung, 10: 293.
Schlechter, R. 1923. Brenesia. Repertorium Specierum Novarum Regni Vegetabilis, Beihefte
19: 200. 1923.
18
Schlechter, R. 1925. Die Orchideenflora von Rio Grande do Sul. Repertorium Specierum
Novarum Regni Vegetabilis 35: 1-108.
Stenzel, H. 2000. Pollen morphology of the subtribe Pleurothallidinae Lindl. (Orchidaceae).
Grana 39: 108-125.
CAPÍTULO 1
NOTAS TAXONÔMICAS E NOMENCLATURAIS EM ESPÉCIES BRASILEIRAS DE
ACIANTHERA (ORCHIDACEAE)
19
Notas taxonômicas e nomenclaturais em espécies brasileiras de Acianthera (Orchidaceae)*
Cezar Neubert Gonçalves1, 3 e Jorge Luiz Waechter2
1. IBAMA, Parque Nacional da Chapada Diamantina, Rua Barão do Rio Branco, nº 7, 46930-000,
Palmeiras, BA, Brasil.
2. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em Botânica, Av.
Paulo Gama 40, 90049-900 Porto Alegre, RS, Brasil.
3. Autor para correspondência: krisfag@hotmail.com.
Título resumido: Notas em Acianthera
* - Artigo publicado na Revista Hoehnea, vol. 31, nº 4, pág. 113-117. 2004.
20
ABSTRACT – (Taxonomic and nomenclatural notes on Brazilian species of Acianthera
(Orchidaceae)). The genus Acianthera Scheidw. was revalidated recently as a result of phylogenetic
analysis. Several species were transfered from Pleurothallis R.Br. to Acianthera since then. In this
paper, three species are transferred from Pleurothallis to Acianthera (Pleurothallis aveniformis
Hoehne, P. dutrae Pabst, and P. karlii Pabst). Pleurothallis barbacenensis Barb.Rodr.,
Cryptophoranthus juergensii Schltr., C. spicata Dutra, and P. leucorhoda Schltr. are reduced to
synonyms of Acianthera hygrophila (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, A. cryptantha
(Barb.Rodr.) Pridgeon & Chase, A. fenestrata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, and
Acianthera recurva (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase, respectively. A neotypus is indicated to
Acianthera hygrophila and Acianthera juergensii (Schltr.) F. Barros. Acianthera cryptantha, A.
exarticulata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, A.fenestrata, A. macropoda (Barb.Rodr.)
Pridgeon & M.W. Chase and A. tristis (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase are lectotipified. The
last species is reported for the first time to the Rio Grande do Sul State.
Key words: Acianthera, Orchidaceae, Pleurothallidinae, taxonomy
RESUMO – (Notas taxonômicas e nomenclaturais em espécies brasileiras de Acianthera
(Orchidaceae)). O gênero Acianthera Scheidw. foi revalidado recentemente em função de análises
filogenéticas. Muitas espécies foram transferidas de Pleurothallis R.Br. para Acianthera desde
então. Neste artigo, três espécies são transferidas para Acianthera (Pleurothallis aveniformis
Hoehne, P. dutrae Pabst e P. karlii Pabst). Pleurothallis barbacenensis Barb.Rodr.,
Cryptophoranthus juergensii Schltr., C. spicata Dutra, e P. leucorhoda Schltr. São sinonimizadas
com Acianthera hygrophila (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, A. cryptantha (Barb.Rodr.)
Pridgeon & M.W. Chase, A. fenestrata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase e Acianthera recurva
(Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase, respectivamente. São indicados neótipos para Acianthera
hygrophila e Acianthera juergensii (Schltr.) F. Barros. Acianthera cryptantha, A. exarticulata
(Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, A. fenestrata, A. macropoda (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.
21
Chase e A. tristis (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase são lectotipificados. A última espécies é
citada pela primeira vez para o Rio Grande do Sul.
Palavras-chave – Acianthera, Orchidaceae, Pleurothallidinae, taxonomia
22
Introdução
A subtribo Pleurothallidinae é composta por cerca de 4.000 espécies neotropicais em 32
gêneros. A delimitação genérica dessa subtribo foi revista recentemente por Pridgeon & Chase
(2001), a partir de uma análise filogenética baseada em DNA nuclear (ITS e rDNA) e de plastídeos
(trnL, trnL-F e matK) realizada por Pridgeon et al. (2001). Um dos clados formados foi composto
por espécies do subgênero Acianthera (Scheidw.) Luer do gênero Pleurothallis R.Br. Em função
disso, Acianthera Scheidw. foi elevado novamente à condição de gênero. Morfologicamente, suas
espécies são caracterizadas por terem inflorescências terminais, que emergem próximo à zona de
abscisão das folhas, não apresentando ânulo, e por possuírem duas polínias. Um grande número de
espécies foi transferido de Pleurothallis para Acianthera desde então (Pridgeon & Chase 2001,
Barros 2002, 2003, Barros & Pinheiro 2002), mas muitas ainda precisam ser reposicionadas de
modo a se enquadrarem dentro das novas delimitações genéricas. Por outro lado, ainda são
necessários trabalhos intensos para definir a validade de muitos epítetos (Hoehne 1929, Barros
2002).
Neste trabalho, são apresentados alguns resultados obtidos durante a revisão das espécies do
gênero Acianthera para o estado do Rio Grande do Sul.
Resultados e discussão
Acianthera aveniformis (Hoehne) C.N. Gonçalves & J.L. Waechter, comb. nov.
Basiônimo: Pleurothallis aveniformis Hoehne, Arq. Bot. Estado São Paulo 2: 106, tab. 41,
1950. Tipo: BRASIL: Paraná: Guarapuava, 20-IX-1947, J.M. Pinheiro s.n. (SP54592).
Material selecionado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Cambará do Sul, Ponte sobre o Rio
Camisa, 18-IX-1981, O. Bueno 3049 (HAS); São Francisco de Paula, s.d., J. Dutra 1063 (ICN).
Acianthera cryptantha (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, Lindleyana 16: 243. 2001. ≡
Cryptophoranthus crypthantus (Barb.Rodr.) Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 80. 1882. ≡
Pleurothallis cryptantha Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1: 13. 1877. Tipo: BRASIL: Minas Gerais:
23
Caldas e Carmo do Rio Claro, IV, J.B. Rodrigues s.n. (Holótipo RB, destruído); Lectótipo, aqui
designado: tab. 108, vol. 2 da Iconographie des Orchidées du Brésil, depositada em RB.
= Cryptophoranthus juergensii Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. Beih. 35: 46. 1925. ≡
Pleurothallis neojuergensii Luer, Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 20: 16. 1986 ≡
Acianthera neojuergensii (Luer) Pridgeon & M.W. Chase, Lindleyana 16: 245. 2001. ≡ Acianthera
juergensii (Schltr.) F. Barros, Bradea 8: 294. 2002. Tipo: BRASIL: Rio Grande do Sul: Santa Cruz
do Sul, Herval de Baixo, III-1921, C. Jürgens 71 (B, destruído). Neótipo, aqui indicado: BRASIL:
Rio Grande do Sul: Bom Jesus, III-1931, J. Dutra 1088 (ICN!), syn. Nov.
Material Selecionado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Canela, 29-IV-1978, J.L. Waechter 831
(ICN); Caxias do Sul, 23-I-1992, A. Jasper s.n. (HUCS8060); Esmeralda, 20-II-1982, K. Kleebauk
12 (ICN); Gramado, 30-IV-1978, J.L. Waechter 839 (ICN); São Francisco de Paula, 19-IV-1982,
J.L. Waechter 1879 (ICN).
Cryptophoranthus juergensii Schltr. foi descrito por Schlechter (1925) e não foi ilustrado
pelo autor. Seu holótipo foi destruído durante a Segunda Guerra Mundial. O exame de materiais
provenientes das regiões serranas do Rio Grande do Sul mostrou que as plantas lá existentes
pertencem todas a um único táxon polimorfo, extremamente variável nas dimensões e no colorido
de suas flores e em suas características vegetativas. Este táxon enquadra-se na descrição de
Acianthera crypthanta (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, concordando também com a
ilustração apresentada por Barbosa Rodrigues na Iconographie des Orchidées du Brésil (Sprunger et
al. 1996). Vegetativamente, as plantas podem apresentar hábito variando de reptante, com folhas
adpressas ao substrato e arredondadas, até cespitoso, com folhas eretas e lanceoladas. Esses
diferentes hábitos, utilizados por Pabst & Dungs (1975) para separar duas Alianças dentro do
gênero Cryptophoranthus, foram encontrados ocorrendo em um mesmo indivíduo (A. Jasper s.n.),
sendo possivelmente condicionados por fatores ambientais, como grau de insolação a que a planta
esteja submetida.
24
Acianthera dutrae (Pabst) C.N. Gonçalves & J.L. Waechter, comb. nov.
Basiônimo: Pleurothallis dutrae Pabst, Bradea 1: 362. 1973. Tipo: BRASIL: Rio Grande do
Sul: Caraúna, próximo a Bom Jesus, 28-IX-1931, J. Dutra 1056 (Holótipo ICN!; Isótipo RB).
Material selecionado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Esmeralda, 19-IX-1982, K. Kleebauk 8 (ICN);
São Francisco de Paula, 11-X-1980, J.L. Waechter 1719 (ICN).
Acianthera exarticulata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, Lindleyana 16: 243. 2001. ≡
Pleurothallis exarticulata Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 27. 1882. Tipo: BRASIL: Rio de Janeiro,
Rodeio, II, J.B. Rodrigues s.n. (Holótipo RB, destruído). Lectótipo, aqui indicado: tab. 171, vol. 3
da Iconographie des Orchidées du Brésil, depositado em RB.
Acianthera fenestrata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, Lindleyana 16: 243. 2002 ≡
Cryptophorantus fenestratus (Barb.Rodr.) Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid 2: 80. 1882. ≡ Pleurothallis
fenestrata Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1: 12. 1877. Tipo: BRASIL: Minas Gerais: Caldas, Pico do
Frade, IV, J.B. Rodrigues s.n. (Holótipo RB, destruído). Lectótipo, aqui indicado: tab. 106, vol. 2 da
Iconographie des Orchidées du Brésil, depositado em RB.
= Cryptophoranthus spicatus Dutra, Ostenia: 172. 1933. ≡ Pleurothallis spicata (Dutra)
Luer, Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 20: 17. 1986 ≡ Acianthera spicata (Dutra) Pridgeon
& Chase, Lindleyana 16: 242. 2001 TIPO: BRASIL: Rio Grande do Sul: Sapiranga, s.d., J. Dutra
977 (Holótipo ICN!), syn. Nov.
A análise do holótipo de Cryptophoranthus spicatus Dutra mostra que essa espécie não pode
ser separada de Acianthera fenestrata. As diferenças florais (principalmente a forma do labelo) são
perfeitamente explicáveis pela variabilidade morfológica da última espécie. Dutra (1933) cita como
característica marcante de C. spicatus o fato de este táxon apresentar inflorescência multiflora. No
entanto, a ilustração original de Pleurothallis fenestrata Barb.Rodr. também mostra uma
inflorescência multiflora (Sprunger et al. 1996).
25
Acianthera hygrophila (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, Lindleyana 17: 244. 2001. ≡
Pleurothallis hygrophila Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1: 7. 1877. Tipo: BRASIL: Minas Gerais:
Ribeirão Machadinho, V, J.B. Rodrigues s.n. (Holótipo RB, destruído). Neótipo, aqui indicado:
BRASIL: Rio de Janeiro: Serra dos Órgãos, s.d., T. Moura 14 (RB!).
= Pleurothallis barbacenensis Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid.2: 11. 1882. ≡ Acianthera
barbacenensis (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, Lindleyana 17: 242. 2001. Tipo: BRASIL:
Minas Gerais, Barbacena, Serra da Mantiqueira, 1040 m, VIII, J.B. Rodrigues s.n. (Holótipo RB,
destruído), syn. Nov.
= Pleurothallis albiflora Barb. Rodr., Vellosia, 2 ed., 1: 116. 1891. Tipo: BRASIL:
Amazonas: Rio Yauapery, s.d., J.B. Rodrigues s.n. (Holótipo RB, destruído).
Material selecionado: BRASIL: Paraná: Piraquara, 2-VI-1946, G. Hatschbach s.n.
(RB56614). Rio Grande do Sul: Bom Jesus, s.d., J. Dutra 1109 (ICN); Caxias do Sul, 03-X-1991,
A. Jasper 03/A (PACA); Esmeralda, 14-V-1978, L. Arzivenco 50 (ICN); Imigrante, 04-IX-1992, A.
Jasper s.n. (HUCS8615); Itaara, 13-VI-1991, J.L. Waechter 2501 (ICN); Novo Hamburgo, 10-VIII1927, J. Dutra 1000 (ICN); Salvador do Sul, 3-VIII-1959, A. Sehnem 7522 (PACA); Santa Cruz do
Sul, 9-V-1976, J.L. Waechter 252 (ICN). Santa Catarina: Nova Teutonia, 29-V-1945, F. Plauman
567 (RB). São Paulo: Vila Emma, s.d., A.C. Brade 17387 (RB).
Pleurothallis hygrophila foi descrito por Rodrigues (1877) e ilustrado na obra “Iconographie
des Orchidées du Brésil” (Sprunger et al. 1996), a ilustração, no entanto, mostra apenas as peças de
uma flor dissecada. P. barbacenensis foi descrita posteriormente (Rodrigues 1882) e também foi
ilustrada em “Iconographie des Orchidées du Brésil” (Sprunger et al. 1996). Neste caso, a ilustração
mostra, também, uma flor dissecada, além do hábito da planta, com cerca de 10 cm de altura.
Posteriormente, Hoehne (1929) fez referência ao fato de que algumas plantas de P. hygrophila
seriam mais “fortes” do que outras, tendo o dobro do tamanho das demais, mesmo ocorrendo nos
mesmos hábitats e condições. Pabst (1972) referiu-se à variabilidade de Pleurothallis
26
barbacenensis, mas não a discutiu. O exame de exsicatas e de material vivo revelou que todo este
“complexo” é, na verdade, um único táxon muito polimorfo. Vegetativamente, as plantas
apresentam grande variação no tamanho das folhas, ramicaules e inflorescências (tabela 1). As
flores, no entanto, são muito mais constantes em suas dimensões e na morfologia de suas peças,
exceto pelas duas calosidades longitudinais do labelo. Tais calosidades podem ser pouco
conspícuas, apresentando-se apenas como duas marcas, não elevadas, ao longo do lobo mediano do
labelo, mas podem chegar a constituir calos bem distintos, com até 0,5 mm de altura em relação ao
lobo mediano. Há toda uma gradação, tanto de porte vegetativo quanto no tamanho das calosidades,
o que torna impossível separar grupos e inviabiliza o reconhecimento de táxons infraespecíficos. Os
tipos utilizados por Barbosa Rodrigues foram destruídos e, no caso de Acianthera hygrophila, a
ilustração (Sprunger et al. 1996) não é clara o suficiente. Dessa forma, optou-se por indicar T.
Moura 14 como neótipo devido ao fato deste ter sido citada na “Flora Brasiliensis” (Coniaux 18931896) e apresentar-se relativamente bem preservado.
Acianthera karlii (Pabst) C.N. Gonçalves & J.L. Waechter, comb. nov.
Basônimo: Pleurothallis karlii Pabst, Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro 14:
14. 1956. Tipo: BRASIL: Rio Grande do Sul: São Francisco de Paula, IV-1952, G. Karl s.n. (HB).
Material selecionado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Cambará do Sul, 17-IV-1976, J.L.
Waechter 240 (ICN); São Francisco de Paula, 15-I-1935, E. Maurmann s.n. (PACA1847); São
Leopoldo, 3-III-1939, B. Rambo s.n. (PACA6443); Torres, s. d., J. Dutra 1041 B (ICN).
Acianthera macropoda (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, Lindleyana 16: 244. 2001 ≡
Pleurothallis macropoda Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 25. 1882. Tipo: BRASIL: Rio de Janeiro,
Rodeio, Serra do Mar, III, J.B. Rodrigues s.n. (Holótipo RB, destruído). Lectótipo, aqui indicado:
tab. 161, vol. 3 da Iconographie des Orchidées du Brésil, depositado em RB.
27
Acianthera recurva (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase, Lindleyana 16: 246. 2001 ≡
Pleurothallis recurva Lindl., Edward`s Bot. Reg. 27, (m.): 1. 1841. Tipo: BRASIL: sem local, s.d.
(Holótipo: K).
= Pleurothallis leucorhoda Schltr., Repert. Sp. Nov. Regni Veg. 35: 54. 1925. Tipos:
BRASIL: Rio Grande do Sul, Rio Pardo, Fazenda Boa Esperança, III-1921, C. Jürgens 13
(Holótipo B, destruído); São Leopoldo, s.d., J. Dutra 849 (Parátipo ICN!).
O holótipo de Pleurothallis leucorhoda foi destruído durante a Segunda Guerra Mundial. No
entanto, na descrição da espécie, Schlechter (1925) citou uma segunda exsicata que foi reencontrada
ao se examinar a coleção de J. Dutra depositada no herbário ICN. A análise desse parátipo mostra
que P. leucorhoda não pode ser separada de Acianthera recurva.
Acianthera tristis (Barb.Rodr.) Pridgeon & Chase, Lindleyana 16: 246. 2001 ≡ Pleurothallis
tristis Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 293. 1882. Tipo: BRASIL: Paraná, VI, J.B. Rodrigues s.n.
(Holótipo: RB, destruído). Lectótipo, aqui designado: Ilustração B, Tab. 173, vol. 3 da Iconographie
des Orchidées du Brésil, depositado em RB.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Arroio do Sal (em cultivo), 12-7-2001,
C.N. Gonçalves 45 (ICN).
Acianthera tristis (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase é referida pela primeira vez para o
Rio Grande do Sul. A planta utilizada para a confecção da exsicata foi coletada pelo primeiro autor
há cerca de oito anos no município de Arroio do Sal, no norte da Planície Costeira do Rio Grande
do Sul, e mantida em cultivo desde então. Infelizmente, a floresta onde o exemplar foi coletado foi
destruída e buscas intensas realizadas em áreas nas imediações não permitiram localizar outros
indivíduos.
Agradecimentos
Os autores agradecem a Fábio de Barros pelas sugestões e pelo material enviado, e aos dois
revisores anônimos, cujas contribuições em muito auxiliaram na formatação final deste trabalho.
28
C.N. Gonçalves agradece a CAPES pela bolsa concedida e a C. F. Azevedo-Gonçalves pela
revisão do manuscrito e sugestões.
Literatura citada
Barros, F. 2002. Notas nomenclaturais em Pleurothallidinae (Orchidaceae), principalmente
brasileiras. Bradea 8: 293-297.
Barros, F. 2003. Notas taxonômicas sobre espécies brasileiras dos gêneros Catasetum, Isabelia,
Veyretia, Acianthera e Anathallis (Orchidaceae). Hoehnea 30: 181-191.
Barros, F. & Pinheiro, F. 2002. Duas novas combinações em Pleurothallidinae (Orchidaceae) de
Grão Mogol (Minas Gerais, Brasil). Bradea 8: 329-330.
Cogniaux, A. 1893-1896. Orchidaceae. In: C.F.P. Martius & A.G. Eichler (eds.). Flora Brasiliensis.
Frid. Fleicher, Monachii, v. 3, pars 4, pp. 1- 672.
Dutra, J. 1933. Uma nova Orchidaceae do Rio Grande do Sul. Ostenia, colección de trabajos
botánicos dedicados a Don Cornelio Osten en ocasión del LXX año de su nacimiento, p. 172.
Hoehne, F.C. 1929. Contribuições para o conhecimento da flora orchidologica brasilica. Archivos
do Instituto Biológico 2: 5-48.
Pabst, G.F.J. & Dungs, F. 1975. Orchidaceae brasilienses. Hildesheim, Kurt Schmersow. v. 1. 408
p.
Pabst, G.F.J. 1972. Notícias Orquidológicas – XIII. Bradea 1: 187-190.
Pridgeon, A.M. & Chase, M.W. 2001. A phylogenetic reclassification of Pleurothallidinae
(Orchidaceae). Lindleyana 17: 235-271.
Pridgeon, A.M., Solano R. & Chase, M.W. 2001. Phylogenetic relationships in Pleurothallidinae
(Orchidaceae): combined evidence from nuclear and plastid DNA sequences. American Journal
of Botany 88: 2286-2308.
29
Rodrigues, J.B. 1877. Genera et Species Orchidacearum Novarum 1. Imprimerie de C. et H.
Fleiuss, Rio de Janeiro, 206 p.
Rodrigues, J.B. 1882. Genera et Species Orchidacearum Novarum 2. Typographia Nacional,
Rio de Janeiro, 295 p.
Schlechter, R. 1925. Die Orchideenflora von Rio Grande do Sul. Repertorium Specierum Novarum
Regni Vegetabilis 35: 1-108.
Sprunger, S., Cribb, P., Toscano-de-Brito, A.L.V. (eds.). 1996. João Barbosa Rodrigues –
Iconographie des Orchidées du Brésil, v. 1. The illustrations. Friedrich Reinhardt, Basle, 540 p.
30
Tabela 1. Intervalos das medidas (valores mínimos e máximos, em mm) de estruturas florais
(comprimento da sépala superior, do sinsépalo inferior, das pétalas e do labelo) e vegetativas
(comprimento do ramicaule e da inflorescência, comprimento e largura das folhas, distância de
entrenós) em Acianthera hygrophila.
Comprimento da sépala superior
Comprimento do sinsépalo inferior
Comprimento das pétalas
Comprimento do labelo
Comprimento do ramicaule
Comprimento da folha
Largura da folha
Comprimento
da inflorescência
Distância de entrenós
3,8 – 6,4
3,8 – 5,5
4,0 –5,1
3,4 – 4,6
13,0 – 90,0
18,0 –70,0
1,1 – 4,3
17,1 – 68,0
0,0 – 7,4
31
CAPÍTULO 2
ARQUITETURA CAULINAR E MORFOMETRIA FOLIAR EM ESPÉCIES SUL-BRASILEIRAS
DE ACIANTHERA (ORCHIDACEAE)
32
Arquitetura caulinar e morfometria foliar em espécies sul-brasileiras de Acianthera
(Orchidaceae)*
CEZAR NEUBERT GONÇALVES 1,3
JORGE LUIZ WAECHTER 2
Título Resumido: Arquitetura e morfometria em Acianthera
¹ - IBAMA, Parque Nacional da Chapada Diamantina, Rua Barão do Rio Branco, nº 07, Palmeiras,
BA, CEP 46.930-000, Brasil.
²
-
Universidade
Federal
do
Rio
Grande
do
Sul,
Programa
de
Pós-Graduação
Botânica, Av. Bento Gonçalves, nº 9500, Porto Alegre, RS, CEP 91570-900, Brasil.
³ - Autor para correspondência: e-mail: krisfag@hotmail.com
* - Manuscrito formatado de acordo com as normas da Revista Brasileira de Botânica.
em
33
ABSTRACT (Stem architecture and leaf morphometry in Brazilian species of Acianthera
(Orchidaceae)). In Orchidaceae, few papers are focused on vegetative architecture and leaf
morphometry. In this study, these themes are analyzed in Acianthera Scheidw. All species used were
collected in the state of Rio Grande do Sul, Brazil. The stem architecture was analyzed for 23 species
using rhizome and ramicaul measurements. The matrix obtained was used to evaluate the differences
between cespitose and repent species. Leaf morphometry was analyzed in 10 species using eight linear
and angular measurements and 36 radians with multivariate analyses. Seventeen species presented
rhizomes thicker than ramicauls. Twenty presented two internodes in the ramicaul and three had
between two and four. Repent and cespitose species were significantly different in the proportions
between rizome and ramicaul (G = 1.95; p = 0.006). In cespitose species, the ramicauls were
proportionally larger than the rizhome intervals between two of them, and the first ramicaul internode
was larger than the rizhome internodes. In the repent species, these proportions were inverted. A few
species had intermediary characteristics. The ordination using the 36 radians defined species groups,
specially in the axis one and three. The rizhome thickness had no relations with the taxonomy of the
genus. Ramicaul segmentation can be related with genus taxonomy, but in the Pleurothallidinae some
not related taxa have similar patterns. The two basic habit types found in Acianthera could be
objectively defined. The lack of resolution in the morphometry when all variables are used can be
credited to the great intra and interspecific variability.
Key words: Morphometry, architecture, Orchidaceae, Acianthera
RESUMO (Arquitetura caulinar e morfometria foliar em espécies sul-brasileiras de Acianthera
(Orchidaceae). Em Orchidaceae, há poucos trabalhos enfocando a arquitetura e a morfometria. Neste
estudo, estes temas são analisados em Acianthera Scheidw. utilizando espécies coletadas no estado do
Rio Grande do Sul. A arquitetura caulinar foi estudada em 23 espécies usando as medidas do rizoma e
do ramicaule e da folha. A matriz obtida foi utilizada para avaliar a existência de diferenças entre
34
espécies cespitosas e reptantes. A morfometria foliar foi analisada em 10 espécies utilizando oito
medidas lineares e angulares e um conjunto 36 de radianos através de análises multivariadas. Dezessete
espécies apresentaram o rizoma mais espesso que o ramicaule. Vinte apresentaram dois entrenós no
ramicaule e três variaram entre dois e quatro. Espécies reptantes e cespitosas são significativamente
diferentes (G = 1,95; p = 0,006). Nas espécies cespitosas, os ramicaules são maiores do que os
intervalos entre eles e o primeiro entrenó do ramicaule é maior que os do rizoma. Nas reptantes, as
proporções se invertem. Há espécies intermediárias. A ordenação utilizando os 36 radianos permitiu
definir grupos de espécies, principalmente os eixos um e três. A variação na espessura do rizoma não
apresenta relação com a taxonomia. A segmentação do ramicaule possivelmente não tem relação com a
filogenia do grupo, pois há táxons não relacionados em Pleurothallidinae com padrões similares, o
mesmo acontecendo dentro do gênero Acianthera. Os dois tipos de hábito encontrados em Acianthera
podem ser definidos a partir de critérios objetivos. A falta de resolução da morfometria quando se
considera todas as variáveis pode ser creditada a grande variabilidade intra e interespecífica.
Palavras chave: morfometria, arquitetura, Orchidaceae, Acianthera
35
Introdução
Na família Orchidaceae, a arquitetura vegetativa é extremamente variável, incluindo desde
plantas simpodiais até monopodiais (Rasmussem 1986). Discussões sobre este tema são apresentadas
em revisões taxonômicas ou tratados mais amplos sobre a família, como em Sampaio (1939), Hoehne
(1949) e Pabst & Dungs (1975), entre outros. São raros os trabalhos enfocando a caracterização,
descrição e a análise de aspectos arquitetônicos em Orchidaceae. Pérez-Garcia (1993 apud van den
Berg et al. 2000) descreve e analisa a morfologia das espécies de Epidendrum L. demonstrando a
ocorrência de uma grande diversidade de hábitos. Ojeda et al. (2003) analisam a filogenia de
Heterotaxis Lindl., correlacionando-a com a evolução das diferentes arquiteturas encontradas dentro
deste gênero. Por outro lado, análises filogenéticas têm demonstrado a necessidade de avaliar com
cuidado aspectos da morfologia na definição de gêneros ou subtribos (Cameron et al., 1999, van den
Berg et al. 2001, Williams et al. 2001).
Em trabalhos taxonômicos enfocando Orchidaceae, constantemente há referências ao fato das
plantas serem cespitosas ou reptantes (Rodrigues 1877, 1882, Hoehne 1929, Pabst 1972, 1973, Pabst &
Dungs 1975, Luer 1986a, b, entre outros), porém não foi possível encontrar estudos que procurem
definir critérios objetivos para indicar se uma planta apresenta um ou outro hábito. Assim, esta
definição costuma ser subjetiva e empírica.
A morfometria ainda é relativamente pouco utilizada em Orchidaceae, sendo a maioria dos
trabalhos concentrados em espécies européias ou norte-americanas (Bateman & Denholm 1988, Catling
& Catling 1994, 1997, Tyteca & Dufrene 1994,). Carlini-Garcia et al. (2002), em um estudo sobre
espécies do gênero Miltonia Lindl., relatam a existência de apenas cinco trabalhos anteriores abordando
a morfometria floral em espécies tropicais. Destes, apenas Borba et al. (2002) abrange também a
morfometria foliar, analisando cinco espécies de Acianthera (tratadas como Pleurothallis) e utilizandoa como instrumento para definir a existência de duas subespécies de Acianthera ochreata (Lindl.)
Pridgeon & M.W. Chase.
36
A subtribo Pleurothallidinae é composta por cerca de 4000 espécies neotropicais, distribuídas
em 32 gêneros, segundo a concepção taxonômica de Pridgeon & Chase (2001). A maioria das espécies
apresenta um caule rizomatoso, adpresso ao substrato, do qual partem estruturas caulinares, chamadas
ramicaules, que são encimadas por uma única folha (Luer 1986a, Neyland et al. 1995, Stern &
Pridgeon 1984, Stern et al. 1985). Os ramicaules podem ser curtos ou longos, robustos ou delgados,
comprimidos lateralmente, apresentar três ou quatro ângulos, apresentar ou não uma articulação
subapical chamada ânulo de onde emergem as inflorescências. Além disto, podem apresentar bainhas
tubulares ou afuniladas. Todas estas características são importantes para a taxonomia da subtribo (Luer
1986a, b, Pridgeon & Chase 2001).
Dentro da subtribo, Acianthera Scheidw. é o gênero filogeneticamente mais basal entre os
táxons previamente classificados como subgêneros de Pleurothallis R.Br. (Pridgeon et al. 2001). Pode
ser caracterizado pela ausência de ânulo nos ramicaules e pela presença de duas políneas (Pridgeon &
Chase 2001). Atualmente, cerca de 210 espécies estão classificadas em Acianthera (International Plant
Name Index 2005), sendo muitas delas brasileiras (Luer 1986b, Pridgeon & Chase 2001).
Durante a revisão do gênero Acianthera no estado do Rio Grande do Sul (Capítulo 3), foi difícil
estabelecer, de forma objetiva, se as espécies encontradas eram cespitosas ou reptantes. Além disso,
não foi possível localizar uma descrição da arquitetura vegetativa destas espécies. Desta forma, o
primeiro objetivo deste artigo é analisar e descrever a arquitetura caulinar das espécies de Acianthera
encontradas no estado do Rio Grande do Sul, avaliando a possibilidade de distinguir, de forma objetiva,
plantas cespitosas de reptantes. O segundo objetivo é realizar uma análise morfométrica das folhas de
10 espécies deste gênero, para avaliar a utilização desta metodologia na sua taxonomia.
Material e métodos
Arquitetura caulinar. A amostragem das espécies de Acianthera foi baseada em material de
herbário. Foram utilizados 249 exemplares de 23 espécies para analisar a arquitetura vegetativa (Tab.
1). Todas as espécies amostradas ocorrem no estado do Rio Grande do Sul. De cada planta foram
37
medidas a espessura, o número e o comprimento dos entrenós do rizoma e do ramicaule. O
comprimento dos intervalos do rizoma entre dois ramicaules consecutivos também foi medido. A
matriz obtida foi utilizada para analisar e descrever a arquitetura das plantas.
Para verificar quais caracteres permitem definir se uma planta é cespitosa ou reptante, as
espécies foram classificadas, a priori, em um dos dois tipos de hábito a partir da observação de seu
aspecto vegetativo. Uma planta foi considerada cespitosa quando os ramicaules crescem agregados,
cobrindo o substrato e formando “tufos” ou “touceiras”. As plantas reptantes são aquelas que se
desenvolvem aderidas ao substrato, com caule longo e estruturas vegetativas não agregadas. Estes
conceitos foram adaptados de Font Quer (1993) e foram determinados empiricamente. Dez espécies
foram consideradas cespitosas e 11 reptantes. Duas espécies apresentam hábitos que podem ser tanto
reptantes como cespitosos: A. hygrophila normalmente é encontrada como cespitosa, mas em alguns
casos tem o rizoma alongado, comportando-se como reptante. Para as análises, foi considerada como
sendo cespitosa. Em A. cryptantha (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase ocorre o contrário, as plantas
são normalmente reptantes e ocasionalmente são encontradas como cespitosas. Para as análises, esta
espécie foi considerada reptante.
A partir da matriz referida anteriormente, elaborou-se um teste de hipótese para avaliação da
existência de diferenças entre espécies cespitosas e reptantes, através da análise da variância via testes
de aleatorização (G), com 5000 iterações e
= 0,01 para rejeição da hipótese de nulidade. Os grupos
foram comparados, ainda, utilizando as medidas tomadas de cada estrutura vegetativa (entrenós do
rizoma e do ramicaule e folhas). Na matriz para os testes de hipóteses, foram considerados apenas os
dois primeiros entrenós dos ramicaules devido à variabilidade no número dos segmentos desta
estrutura. O programa empregado nas análises foi o MULTIV 2.1 (Pillar 2001).
Morfometria foliar. A seleção das espécies de Acianthera analisadas foi realizada levando em
consideração a possibilidade de encontrar-se exemplares no estado do Rio Grande do Sul, onde se
realizaram as coletas para a pesquisa. Quando possível, indivíduos mantidos em cultivo durante pelo
38
menos três anos foram utilizados para a obtenção dos materiais, visando reduzir a influência de fatores
ambientais (Borba et al., 2002), mas a maioria das coletas foi realizada em campo. Como todas as
espécies são epifíticas e relativamente pouco freqüentes, foram coletadas 20 folhas de cada uma, exceto
para Acianthera dutrae, que é uma espécie de distribuição restrita, endêmica do Rio Grande do Sul,
para a qual só foi possível obter 11 folhas. Dez espécies foram amostradas totalizando 191 folhas (Tab.
1).
De cada folha foi utilizado um total de 44 medidas, sendo que 36 foram segmentos de reta de um
conjunto de radianos, separados por 10º uns dos outros, definindo o contorno da folha (Fig. 1). As
oito restantes foram medidas lineares e angulares tomadas das folhas (Tab. 2). Outras variáveis
foram tomadas, mas testes mostraram que os índices de Pearson obtidos não foram significativos
(ver abaixo). Por isto, elas não foram consideradas nas análises.
As matrizes obtidas foram submetidas a análises univariadas e a testes F. Posteriormente,
procederam-se análises bivariadas para cada par de variáveis, considerando todos os táxons,
calculando-se o índice de Pearson (Niklas 1994, Carlini-Garcia et al. 2002). Embora os índices de
determinação tenham sido baixos em alguns casos, os dados foram submetidos a uma análise
multivariada exploratória. Foram utilizadas três diferentes abordagens. Na primeira, consideraram-se
todas as variáveis; na segunda, apenas as oito medidas lineares e angulares e, na última, apenas os 36
radianos. As três análises foram efetuadas utilizando o programa MULTIV 2.1 (Pillar 2001), tendo
como medida de semelhança a distância de corda (Manly 1994, Pillar & Orlócci 1996) e a análise de
coordenadas principais para a ordenação (PCO). Para as duas primeiras análises, como os valores têm
diferentes escalas de medidas (graus angulares, mm), os dados foram transformados utilizando a
extração da raiz quadrada dos valores (Pillar & Orlócci 1996).
39
Resultados
O rizoma foi mais espesso que o ramicaule em 17 espécies. Em Acianthera aveniformis, A.
hygrophila e A. tristis, a espessura destas duas estruturas foi similar e em A. oligantha (Barb. Rodr.) F.
Barros, A. papillosa e A. sonderana, o primeiro foi menos espesso que o segundo (Tab.3).
Os ramicaules emergiram a intervalos que variaram de dois a cinco entrenós do rizoma, sendo
que a distância entre dois ramicaules variou de 0,2mm, em alguns indivíduos de A. hygrophila, até
55,0mm, em A. saundersiana. Em 20 espécies, foram encontrados dois entrenós no ramicaule, sendo o
segundo de duas a 65 vezes mais comprido que o primeiro. Em A. luteola foram encontrados três
entrenós; em A. pubescens, quatro; e em A. saurocephala, entre dois e quatro, sendo mais comum a
ocorrência de três, semelhantemente ao encontrado em A. luteola (Fig. 2). Nestas espécies, o último
entrenó também foi maior que os demais. Em Acianthera alligatorifera, A. aveniformis, A. bragae, A.
cryptantha, A. fenestrata e A. recurva, o comprimento dos ramicaules foi reduzido em relação à folha,
sendo inteiramente cobertos por bainhas paleáceas na maioria dos indivíduos da última espécie. Nas 19
restantes, estas duas estruturas ou foram de tamanho similar ou as folhas foram menores.
As espécies cespitosas e reptantes apresentaram diferenças estatisticamente significativas (G =
1,95; p = 0,006). Mais do que qualquer outra estrutura, o tamanho dos ramicaules (Ram) e de seus
entrenós, em relação às demais estruturas da planta, determinou se uma planta era cespitosa ou
reptante. As primeiras apresentaram os intervalos dos rizomas entre dois ramicaules consecutivos (Iriz)
proporcionalmente menores (Fig. 3). Esta proporção (Ram/Iriz) variou de 4 a 30. Nestas espécies, o
primeiro entrenó dos ramicaules (Eram1) foi maior do que os entrenós do rizoma (Eriz, Fig. 4). Nas
espécies reptantes, a proporção ramicaule/Ir variou de 0,51 a 4,31, ou seja, apresentaram Iriz
proporcionalmente maior, enquanto Eram1 é menor do que Eriz (Fig. 5). A. hygrophila e A. sonderana
freqüentemente apresentaram Eram1 menor que Eriz. A primeira espécie pode comportar-se tanto
como cespitosa ou como reptante, como referido anteriormente. Na análise bivariada comparando Eriz
e Eram1, a inclusão de A. hygrophila em um dos grupos reduziu os valores do índice de Pearson no
40
grupo onde ela foi incluída, aumentando os do outro grupo (Tab. 4). Em A. sonderana, as diferenças
entre Eram1 e Eriz foram muito pequenas, enquanto a proporção Ram/Iriz foi grande (21,6), o que
permitiu caracteriza-la como cespitosa. Em A. cryptantha, as proporções encontradas estavam de
acordo com o descrito para plantas reptantes.
Os índices de Pearson obtidos nas análises bivariadas entre as oito medidas lineares e angulares
foram significativos, porém baixos na maioria dos casos, mostrando haver muita variação não
explicada pelas regressões (Tab. 5). Com efeito, a ordenação dos dados considerando apenas estes
caracteres ou todas as 44 variáveis não permitiu separar as 10 espécies analisadas (Fig. 6).
A análise utilizando os radianos que definem o contorno da folha mostrou uma distribuição
concêntrica, com alguma sobreposição, dos indivíduos das diferentes espécies, quando se consideram
os eixos 1 (30,79%) e 2 (28,49%). Todas as 36 variáveis apresentaram autovetores de ordenação altos
em relação a pelo menos um dos eixos (Fig. 7). Os eixos 1 e 3 (9,43%) permitiram identificar um
gradiente na forma das folhas das espécies (Fig. 8). Neste caso, houve variáveis com autovetores de
ordenação baixos em relação ao eixo três, que determinaram a definição mais clara dos grupos, embora
a explicação nesta análise tenha sido menor que a anterior. Acianthera hygrophila e A. dutrae, espécies
de folhas linear-lanceoladas, estão agrupadas com espécies de folhas ovaladas de ápice obtuso (A.
alligatorifera, A saurocephala e A pubescens). As demais espécies (A. cryptoceras, A. aphthosa, A.
serpentula e A. glumacea) apresentam folhas lanceoladas de ápice afinado. A. exarticulata tem
cordiformes com ápice afinado.
Discussão
O padrão arquitetônico dos caules encontrado em Acianthera está de acordo com o descrito para
a subtribo, com o rizoma mais ou menos adpresso ao substrato, de onde emergem os ramicaules
encimados por uma única folha (Luer, 1986a, b). A espessura do rizoma em relação aos ramicaules
não está relacionada ao hábito ou a outros aspectos da morfologia. Por outro lado, a forma ou a
estrutura dos ramicaules têm sido utilizadas na taxonomia da subtribo e do gênero (Stern, et al., 1985;
41
Stern & Pridgeon, 1984; Capítulo 3). As ilustrações e as descrições constantes em trabalhos
taxonômicos fornecem um indicativo dos padrões encontrados em outros gêneros de Pleurothallidinae
(Cogniaux, 1896; Luer, 1986a, b; Sprunger et al., 1996). Frondaria Luer, Lepanthes Sw., Lepanthopsis
Poepp. ex Endl. e Octomeria R. Br., por exemplo, apresentam os ramicaules divididos em numerosos
entrenós com aproximadamente o mesmo comprimento, enquanto Barbosella Schltr., Chamelophyton
Garay e Dracula Luer, entre outros, têm-nos reduzidos. Entre os subgêneros de Pleurothallis senso
Luer (1986b), baseado nas ilustrações constantes no referido trabalho, vários apresentam dois entrenós
nos ramicaules, alguns ainda não avaliados por análises filogenéticas (Apoda-prorepentia Luer,
Dresslera Luer, Kaenzlinella (Kuntze) Luer) e outros não filogeneticamente relacionados com
Acianthera (Ancipitia Luer, Dracontia Luer, Mystax Luer, Restrepioidea Luer e Scopula Luer). Desta
forma, o uso da segmentação do ramicaule na taxonomia de Pleurothallidinae talvez não seja adequada
devido a convergência, com repetidos eventos de redução e de aumento no número de entrenós. Nas
espécies de Acianthera, o padrão similar na segmentação das espécies também não reflete as relações
filogenéticas. Entre as espécies amostradas neste trabalho, seis foram abordadas por Pridgeon et al.
(2001) em um cladograma elaborado utilizando uma matriz de ITS e “gaps”. A. fenestrata é uma
espécie basal dentro do gênero, segundo a referida análise, apresentando dois entrenós no ramicaule,
indicando que provavelmente este padrão de segmentação seja plesiomórfico para Acianthera. No
entanto, A. luteola e A. saurocephala estão em ramos distintos dentro do clado, juntamente com
espécies com dois segmentos no ramicaule, indicando que mais estudos são necessários para conferir se
há efetivamente uma relação entre a segmentação dos ramicaules e a filogenia do gênero.
Acianthera hygrophila é uma espécie peculiar dentro do gênero. É variável tanto em relação a
caracteres florais como vegetativos (Gonçalves & Waechter 2004, Hoehne 1929), além do hábito.
Como referido em outros trabalhos (Capítulo 3), não foi possível determinar grupos infraespecíficos,
sendo provável que estas variações se devam a fatores ambientais aos quais as plantas desta espécie
estejam submetidas. Outras espécies, como A. sonderana, também podem apresentar caracteres
42
intermediários entre cespitosas e reptantes, mas pelo menos um dos dois critérios (razão entre Ram e
Iriz; razão entre Eriz e Eram1) permite definir prontamente o hábito da planta. A. cryptantha apresenta
indivíduos com folhas arredondadas, adpressas ao substrato, ou com folhas lanceoladas, eretas, que
conferem às plantas um aspecto cespitoso (Gonçalves & Waechter, 2004), porém as proporções se
mantém relativamente constantes.
Em estudos morfométricos, o número de variáveis analisadas normalmente precisa ser alto
(entre dez e 100) para obter resultados satisfatórios (Madarim-de-Lacerda & Andreata 1995, GomezCampo et al. 2001, Thiébaut 2000, Jensen et al. 2002). Em alguns casos, quando a diferença entre as
folhas é marcante, um número menor de caracteres pode ser suficiente (Borba et al. 2002). O número
pequeno de variáveis angulares e lineares que foram possíveis de serem obtidos, aliados aos baixos
valores dos índices de Pearson e a variabilidade intraespecífica, possivelmente condicionada por fatores
ambientais, podem explicar porque as análises realizadas com estas variáveis não permitiram
diferenciar as espécies.
Os 36 segmentos de reta do conjunto de radianos permitiram definir conjuntos de espécies
porque o formato do contorno das folhas é provavelmente menos variável do que as medidas lineares e
menos influenciado pelos fatores ambientais. É curioso que a ordenação dos eixos 1 e 3 tenha definido
melhor as espécies. As variáveis com menor explicação nesta análise estão situadas nos cantos
extremos das folhas, mostrando que talvez seja possível reduzir o número de variáveis, adotando
apenas aquelas com os maiores autovetores. Estudos utilizando técnicas como morfometria geométrica
talvez permitam definir melhor as espécies de Acianthera (Thiébaut 2000, Gomez-Campo et al. 2001,
Borba et al. 2002, Jensen et al. 2002).
Agradecimentos
Os autores agradecem a C. van den Berg pelas sugestões. O primeiro autor agradece à CAPES
pela bolsa concedida no período 2001-2002 e a C. F. de Azevêdo-Gonçalves pela leitura do manuscrito
e pelas sugestões.
43
Referências bibliográficas
BATEMAN, R. M., DENHOLM, I. 1988. A reappraisal of the British and Irish dactylorchids. 3. The
spotted orchids. Watsonia 17: 319-349.
BORBA, E. L., SHEPHERD, G. J., VAN DEN BERG, C., SEMIR, J. 2002. Floral and vegetative
morphometrics of five Pleurothallis (Orchidaceae) species: correlation with taxonomy, phylogeny,
genetic variability and pollination systems. Annals of Botany 90: 219-230.
CAMERON, K. M., CHASE, M. W., WHITTEN, M., KORES, P. J., JARRELL, D. C., ALBERT, V.
A., YUKAWA, T., HILLS, H. G., GOLDMAN, D. H. 1999. A phylogenetic analysis of the
Orchidaceae: evidence from rbcL nucleotide sequences. American Journal of Botany 86: 208-224.
CARLINI-GARCIA, L. A., VAN DEN BERG, V., MARTINS, P. S. A. 2002. Morphormetric analysis
of floral characters in Miltonia spectabilis and Miltonia spectabilis var. moreliana (Maxillarieae:
Oncidiinae). Lindleyana 17: 122-129.
CATLING, P. M., CATLING, V. R. 1994. Identification of Platanthera lacera hybrids (Orchidaceae)
from New Brunswick and Nova Scotia. Lindleyana 9: 19-32.
CATLING, P. M., CATLING, V. R. 1997. Morphological identification of Platanthera huronensis in
Canadian Rocky Mountains. Lindleyana 12: 72-78.
COGNIAUX, A. 1896. Orchidaceae. Flora Brasiliensis (Ed. by K. F. P. Martius), V. 3, pp. 1-672. Frid.
Fleicher, Monachii.
FONT QUER, P. 1993. Diccinario de Botánica. Editorial Labor S. A. Barcelona.
44
GOMEZ-CAMPO, C., HERRANZ-SANZ, J.M., MONTERO-RIQUELME, F. 2001.The genus
Coincya Rouy (Cruciferae) in south-central Spain revisited: a morphometric analysis of population
structure. Botanical Journal of the Linnean Society 135: 125-135.
GONÇALVES, C. N., WAECHTER, J. L. (2004) Notas taxonômicas e nomenclaturais em espécies
brasileiras de Acianthera (Orchidaceae). Hoehnea 31: 113-117.
HOEHNE, F.C. 1929. Contribuições para o conhecimento da flora orchidologica brasilica. Archivos do
Instituto Biológico 2: 5-48.
HOEHNE, F. C. 1949. Iconografia de orchidaceas do Brasil. Secretaria da Agricultura, São Paulo.
INTERNATIONAL PLANT NAME INDEX. 2005. Disponível em http:// www.ipni.org/ipni/queryipni.html. Data de acesso: 15/fev/2005.
JENSEN, R. J., KRISTEN , M. C., MIRAMONTES, L. C. 2002. Lines, outlines, and landmarks:
morphomteric analyses of leaves of Acer rubrum, Acer saccharinum (Aceraceae) and their hybrid.
Taxon 51: 475-492.
LUER, C. A. 1981. Miscellaneous new species in the Pleurothallidinae (Orchidaceae). Selbyana 5:
389-396.
LUER, C. A. 1986a. Icones Pleurothallidinarum I. Systematics of the Pleurothallidinae. Monographs in
Systematic Botany from the Missouri Botanical Garden 15: 1-81.
LUER, C. A. 1986b. Icones Pleurothallidinarum III. Systematics of Pleurothallis, Monographs in
Systematic Botany of the Missouri Botanical Garden 20: 1-108.
LUER, C. A. 2004. Icones Pleurothallidinarum XXVI. Pleurothallis subgenus Acianthera and three
allied subgenera. Monographs in Systematic Botany from the Missouri Botanical Garden 95: 1-114.
MADARIM-DE-LACERDA, A. F., ANDREATA, R. H. P. 1995. Estudo comparado entre folhas
adultas de Smilax L. (Smilacaceae – Liliopsida) do Sul do Brasil. Pesquisas, Série Botânica 45: 77-114.
MANLY, B. F. J. 1994. Multivariate sthatistical methods; a primer. 2ª Ed. Chapmann & Hall. New
York.
45
NEYLAND, R., URBATSCH, L. E. & PRIDGEON, A. M. 1995. A phylogenetic analysis of subtribe
Pleurothallidinae (Orchidaceae). Botanical Journal of the Linnean Society 117: 13-28.
NIKLAS, K. J. 1994. Plant allometry – the scaling of form and process. The University of Chicago
Press, Chicago e Londres.
OJEDA, I., CARNEVALI, G., WILLIAMS, N. H., WHITTEN, W. M. 2003. Phylogeny of the
Heterotaxis Lindley complex (Maxillariinae): evolution of the vegetative architecture and pollination
syndromes. Lankesteriana 7: 45-47.
PABST, G. F. J. 1972. Notícias Orquidológicas – XIII. Bradea 1: 187-190.
PABST, G. F. J. 1973. Addimenta ad orchideologiam brasiliensem – XV. Bradea 1: 361-370.
PABST, G. F. J., & DUNGS, F. 1975. Orchidaceae brasilienses. v. 1, Hildesheim, Brücke, Alemanha.
PILLAR, V. D. & ORLOCI, L. 1996. On randomization testing in vegetation science: multifactor
comparisons of relevé groups. Journal of Vegetation Science 7: 585-592.
PILLAR, V. DE P. 2001. Multiv 2.1: Aplicativo para análise multivariada e testes de hipóteses.
Departamento de Botânica, UFRGS, Porto Alegre. (Sistema eletrônico de processamento de dados.)
PRIDGEON, A. M., CHASE, M. W. 2001. A phylogenetic reclassification of Pleurothallidinae
(Orchidaceae). Lindleyana 16: 235-271.
PRIDGEON, A. M., SOLANO, R., CHASE, M. W. 2001. Phylogenetic relations in Pleurothallidinae
(Orchidaceae): combined evidence from nuclear and plastid DNA sequences. American Journal of
Botany 88: 2286-2308.
RASMUSSEN, H. 1986. The vegetative architecture of orchids. Lindleyana 1: 42-50.
RODRIGUES, J. B. 1877. Genera et Species Orchidearum Novarum I. Imprimerie de C. et H. Fleiuss.
Rio de Janeiro.
RODRIGUES, J. B. 1882. Genera et Species Orchidearum Novarum II. Typographia Nacional. Rio de
Janeiro.
SAMPAIO, A. J. de. 1939. Iniciação em systematica de Orchideas III. Orchidea 2: 54-62.
46
SPRUNGER, S. CRIBB, P., TOSCANO-DE-BRITO, A.L.V. (eds.). 1996. João Barbosa Rodrigues –
Iconographie des Orchidées du Brésil, v. 1. The illustrations. Friedrich Reinhardt, Basle, 540 p.
STERN, W. L., PRIDGEON, A. M. 1984. Ramicaul, a better term for the Pleurothallid “secondary
stem”. American Orchid Society Bulletim 53: 397-401.
STERN, W. L., PRIDGEON, A. M., LUER, C. A. 1985. Stem structure and its bearing on the
systematics of Pleurothallidinae (Orchidaceae). Botanical Journal of the Linnean Society 91: 457-471.
THIÉBAUT, M. 2000. A foliar morphometric approach to the study of Salicaceae. The Botanical
Review 66: 423-439.
TYTECA, D., DUFRENE, M. 1994. Biostatistical studies of Western European allogamous
populations of the Epipactis helleborine (L.) Crantz species group (Orchidaceae). Systematic Botany
19: 424-442.
VAN DEN BERG, C., HIGGINS, W. E., DRESSLER, R. L., WHITTEN, W. M., SOTO ARENAS, M.
A., CULHAM, A., CHASE, M. W. 2000. A phylogenetic analysis of Laeliinae (Orchidaceae) based on
sequence data from internal transcribed specers (ITS) of nuclear ribosomal DNA. Lindleyana 15: 96114.
WILLIAMS, N. H., CHASE, M W., FULCHER, T. WHITTEN, W. M. 2001. Molecular systematics of
the Oncidiinae based on evidence from four DNA sequence regions: expanded circumscriptions of
Cyrtochilum, Erycina, Otoglossum, and Trichocentrum and a new genus (Orchidaceae). Lindleyana 16:
113-139.
47
Tabela 1. Espécies de Acianthera amostradas para a análise da arquitetura vegetativa, do hábito e da
morfometria foliar e respectivos testemunhos. Nh = número de exsicatas de cada espécie amostrado
para a análise da arquitetura vegetativa e do hábito. Nf = número de folhas amostradas para a
morfometria. Todos os testemunhos estão depositados no herbário ICN, exceto para A. aveniformis.
Espécie
Testemunho
Nh
Nf
A. alligatorifera (Rchb. f.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 825
9
20
A. aphthosa (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 566
9
20
A. aveniformis (Hoehne) C.N. Gonç. & J.L. Waechter O. Bueno 3050 (HAS) 3
-
A. bragae (Ruschi) F. Barros
J. L. Waechter 1444
5
-
A. cryptantha (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 831
7
-
A. cryptoceras (Rchb.f.) F. Barros
C. N. Gonçalves 150
5
20
A. dutrae (Pabst) C.N. Gonç. & J.L. Waechter
J. L. Waechter 1719
5
11
A. exarticulata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 1171
5
20
A. fenestrata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 887
3
-
A. glumacea (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 369
40
20
A. hygrophila (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 252
33
20
A. karlii (Pabst) C.N. Gonç. & J.L. Waechter
J. L. Waechter 240
5
-
A. luteola (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 1670
22
-
A. macropoda (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 1678
4
-
A. oligantha. (Barb. Rodr.) F. Barros
J. L. Waechter 2450
3
-
A. papillosa (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase
C. N. Gonçalves 151
2
-
A. pubescens.(Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 1204
22
20
A. recurva (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 595
7
-
A. saundersiana. (Rchb. f.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 875
28
-
A. saurocephala (Lodd.) Pridgeon & M.W. Chase
J L. Waechter 900
11
20
A. serpentula (Barb. Rodr.) F. Barros
J. L. Waechter 510
7
20
A. sonderana (Rchb. f.) Pridgeon & M.W. Chase
J. L. Waechter 2411
13
-
A. tristis (Barb. Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase
C. N. Gonçalves 45
1
-
48
Tabela 2. Medidas foliares usadas como variáveis para as análises estatísticas neste estudo.
Variável
Código
Unidade de medida
Comprimento da folha
C
mm
Largura máxima da folha
L
mm
Posição da largura máxima da folha
P(L)
mm
Posição da largura equivalente a 20 % da largura máxima P(20%S)
mm
Diâmetro na inserção da folha no ramicaule
DINS
mm
Ângulo entre o ápice da folha e P(20%S)
a°
graus angulares
Ângulo entre a nervura mediana e as bordas da folha na
cº
graus angulares
E
mm
posição da largura máxima
Espessura máxima da lâmina foliar
49
Tabela 3. Hábitos e intervalos (valores mínimos e máximos) das medidas (em mm) dos segmentos das estruturas vegetativas das 23
espécies de Acianthera analisadas neste estudo. São utilizados apenas os epítetos específicos. Ne = número de entrenós do rizoma; Nr =
número de entrenós do ramicaule.
Espécie
Hábito
alligatorifera cespitoso
aphthosa
cespitoso
aveniformis reptante
bragae
reptante
cryptantha reptante
cryptoceras reptante
dutrae
reptante
exarticulata reptante
fenestrata
cespitoso
glumacea
cespitoso
hygrophila reptante
karlii
reptante
luteola
cespitoso
macropoda cespitoso
oligantha
cespitoso
papillosa
reptante
pubescens cespitoso
recurva
reptante
saundersiana reptante
saurocephala cespitoso
serpentula reptante
sonderana cespitoso
tristis
reptante
Rizoma
Espessura
Ne
min. max.
3.5 5.0 2
4.0 5.0 2-3
0.4 0.6 2 0.2
1.0 1.8 2 1.4
2.0 3.0 2 1.5
2.0 3.0 2-4 4.0
0.8 1.0 2-3 3.0
1.0 1.6 2-4 4.0
1.0 4.0 2-4
3.0 4.0 2
0.4 0.6 2 0.0
2.0 3.0 3-4 0.9
2.0 3.0 2
2.5 3.0 2-3
3.0 4.0 2
1.1 1.5 2 3.0
3.0 5.0 2
2.0 3.1 2-5 0.6
1.3 2.0 2-5 8.0
3.0 5.0 2
1.5 2.0 2-5 5.0
0.4 0.5 2
1.4 1.5 2-3 8.0
Ramicaule
Entrenós Espessura
Nr
min. max.
min. max.
1.0 1.5 2.0 3.0 2
1.0
1.0 5.0 2.5 5.0 2
5.0
0.5 0.4 0.6 2
0.1 0.2
3.0 1.0 1.0 2
0.2 1.0
2.0 1.0 1.0 2
1.0 1.0
7.0 0.8 1.0 2
2.0 4.0
6.0 4.0 6.0 2
2.0 5.0
5.0 0.8 1.0 2
1.0 1.5
1.0 2.5 1.3 2.0 2
3.0
2.0 3.0 1.5 2.0 2
2.0
7.4 0.4 0.6 2
2.0 4.0
2.0 0.5 0.5 2
0.5 1.0
3.0 6.0 1.6 3.0 3
20.0
2.0 4.0 2.0 3.0 2
10.0
1.5 2.0 3.0 5.0 2
3.0
3.8 1.5 1.7 2
0.3 0.5
3.0 5.0 1.3 2.0 4
2.0
7.0 1.0 2.0 2
0.8 2.0
10.0 0.7 1.0 2
4.0 5.0
4.0 5.0 1.5 4.0 2-4 10.0
11.0 1.1 1.1 2
1.5 8.0
0.4 0.6 0.6 0.8 2
0.2
10.0 1.4 1.5 2
4.0 5.0
1° entrenó 2º entrenó 3° entrenó 4° entrenó
min. max.min. max. min. max. min. max.
7.0 2.0 54.0
15.0 20.0 155.0
0.6 0.8
0.4 3.0
9.0 9.0
14.0 62.0
5.0 23.0
44.0 83.0
5.2 22.0 29.8
8.0 16.0 45.0
11.0 86.0
4.5 6.0
25.0 8.0 56.0 54.0 155.0
40.0 115.0
230.0
6.0 67.0 134.0
10.3 10.4
20.0 7.0 27.0 10.0 38.0 15.0 64.0
2.0 25.0
16.0 85.0
24.0 21.0 40.0 33.0 50.0 33.0 115.0
16.0 70.0
0.6 3.0 39.4
56.0 125.0
50
Tabela 4. Índices de Pearson (r) e equações das retas obtidas através de regressões
dos entrenós do rizoma (Eriz) e do primeiro entrenó do ramicaule (Eram1) para espécies
cespitosas e reptantes de Acianthera examinadas neste trabalho. Os indivíduos de A.
hygrophila, foram tratados, alternadamente, tanto como reptantes quanto como cespitosos.
Grupos
r
Regressão
Cespitosas (excluindo A. hygrophila)
0,8837
y = 5.1975x - 4.0626
Cespitosas (incluindo A. hygrophila)
0,7818
y = 4.6723x - 3.6681
Reptantes (excluindo A. hygrophila)
0,9163
y = 0.4748x - 0.2025
Reptantes (incluindo A. hygrophila)
0,8879
y = 0.462x - 0.0286
Tabela 5. Coeficente de correlação de Pearson (acima da diagonal) e probalilidades (p,
abaixo da diagonal) nas relações entre as oito medidas foliares listadas na Tab. 1.
C
L
P(L)
P(20%S)
DINS
a°
c°
E
C
0
0,471
0,920
0,366
0,286
0,008
0,196
0,223
L
0,0001
0
0,432
0,343
0,225
0,603
0,190
0,167
P(L)
0,0001
0,0001
0
0,317
0,247
0,017
0,604
0,193
P(20%S)
0,0001
0,0001
0,0001
0
0,04
0,064
0,187
0,059
DINS
0,0001
0,0001
0,002
0,009
0
0,039
0,062
0,635
a°
0,003
0,003
0,004
0,008
0,008
0
0,130
0,035
c°
0,001
0,001
0,0001
0,001
0,009
0,001
0
0,04
E
0,003
0,001
0,001
0,009
0,0001
0,009
0,009
0
51
Figura 1. Medidas tomadas das espécies de Acianthera para a análise da arquitetura
vegetativa, dos hábitos e da morfometria foliar. As medidas vegetativas são: a)
comprimento dos entrenós do rizoma; b) comprimento dos entrenós do ramicaule; c)
espessura do rizoma; d) espessura do ramicaule; e) segmentos de retas do conjunto de
radianos. Acrônimos das demais variáveis das folhas de acordo com a Tab. 2.
52
Figura 2. Representação esquemática da arquitetura das espécies de Acianthera
analisadas neste estudo. As barras negras representam os nós e as linhas os entrenós, sendo
as horizontais o rizoma e as inclinadas e verticais os ramicaules. As folhas são
representadas pelas elipses no ápice. A) padrão mais freqüente de segmentação, encontrado
em 20 espécies, com dois entrenós no rizoma e dois entrenós no ramicaule. B) padrão
encontrado em A. luteola e na maioria dos indivíduos de A. saurocephala, com três
entrenós no ramicaule. C) padrão encontrado em A. pubescens e em alguns indivíduos de A.
saurocephala, com quatro entrenós no ramicaule. O último entrenó do ramicaule é sempre
maior que os demais.
53
35
30
Razão ramicaule/Ir
25
20
15
10
5
Figura 3. Médias das proporções obtidas pela divisão do comprimento dos
ramicaules pelo intervalo do rizoma entre duas destas estruturas (Iriz). As espécies estão
identificadas pelos seus epítetos específicos. As barras negras são as espécies cespitosas e
as brancas, as reptantes.
exarticulata
dutrae
recurva
tristis
cryptantha
cryptoceras
papillosa
saundersiana
serpentula
karlii
aveniformis
bragae
oligantha
macropoda
sonderana
alligatorifera.
hygrophila
glumacea
aphthosa
luteola
saurocephala
pubescens
fenestrata
0
54
30
25
Eriz
Eram1
Comprimento (mm)
20
15
10
5
Figura 4. Médias dos comprimentos dos entrenós do rizoma (Eriz) e do primeiro
entrenó do ramicaule (Eram1). As espécies estão identificadas pelos seus epítetos
específicos. O grupo à esquerda são espécies cespitosas e o grupo a direita, reptantes.
dutrae
tristis
saundersiana
serpentula
cryptoceras
exarticulata
recurva
papillosa
bragae
cryptantha
karlii
aveniformis
saurocephala
luteola
pubescens
macropoda
hygrophila
aphthosa
glumacea
oligantha
fenestrata
alligatorifera
sonderana
0
55
Figura 5. Representação esquemática das diferenças encontradas entre espécies
reptantes (A) e cespitosas (B). Nas primeiras, o ramicaule (Ram) é proporcionalmente
menor em relação ao intervalo do rizoma entre dois deles (Iriz), enquanto os entrenós do
rizoma (Eriz) são maiores que o primeiro entrenó do ramicaule (Eram1). Nas espécies
cespitosas, as proporções são invertidas.
56
0.8
0.6
0.4
0.2
A glumacea
A serpentula
Eixo 1
0
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
A aphthosa
A cryptoceras
A exarticulata
-0.2
A alligatorifera
A hygrophila
Eixo 2
-0.4
-0.6
A dutrae
A saurocephala
A pubescens
Figura 6. Ordenação dos eixos um (14%) e dois (8,5%) da análise de coordenadas
principais (PCO), utilizando distância de corda como medida de dissemelhança, das 44
variáveis foliares de 10 espécies de Acianthera.
57
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
Eixo 1
0
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
A glumacea
-0.1
A serpentula
A aphthosa
A cryptoceras
-0.2
A exarticulata
A alligatorifera
-0.3
A hygrophila
A dutrae
A saurocephala
-0.4
Eixo 2
A
A pubescens
-0.5
1
9
35
0.8
22
3012
17
4
0.6
1
27
32
7
25
0.4
20
1
-1
0
2
-0.8
2
0.2
19
-0.6
-0.4
-0.2
6
33
2
3 0.2
0
0.4
0.6
-0.2
11
28
1
10
23
29
-0.4
34
5
16
18
-0.6
3 21
B
15
0.8
8
26
-0.8
13
36
31
-1
Figura 7. Ordenação dos eixos um (30,79%) e dois (28,49%) da análise de
coordenadas principais (PCO), utilizando distância de corda como medida de semelhança,
dos 36 radianos das folhas de 10 espécies de Acianthera. A) ordenação das espécies. B)
autoverores das variáveis foliares.
58
0.3
A glumacea
A serpentula
A aphthosa
0.2
A cryptoceras
A exarticulata
A alligatorifera
A hygrophila
0.1
A dutrae
A saurocephala
A pubescens
Eixo 1
0
-0.5
-0.4
-0.3
-0.2
-0.1
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
-0.1
-0.2
Eixo 3
A
-0.3
0.6
21
11
1
6
0.4
14
34 24
32
19
3
23
13
18
0.2
26
16
36
5
17
12
27
9
28
0
-1
-0.8
-0.6
-0.4
-0.2
0
0.2
0.4
0.6
20 33 10
0.8
7
1
35
-0.2
22
15
30
4
25
8
-0.4
2
31
-0.6
B
29
-0.8
Figura 8. Ordenação dos eixos um (30,79%) e três (9,43%) da análise de
coordenadas principais (PCO), utilizando distância de corda como medida de semelhança,
dos 36 radianos das folhas de 10 espécies de Acianthera. A) ordenação das espécies. B)
autovetores das variáveis foliares.
59
60
CAPÍTULO 3
O GÊNERO ACIANTHERA (ORCHIDACEAE) NO RIO GRANDE DO SUL
61
O gênero Acianthera (Orchidaceae) no Rio Grande do Sul*
Cezar Neubert Gonçalves 1,3
Jorge Luiz Waechter 2
3 – Bolsista Capes 2001-2002
Endereço para envio de provas e separatas: Cezar Neubert Gonçalves, IBAMA, Parque
Nacional da Chapada Diamantina, Rua Barão do Rio Branco, nº 07, Palmeiras, BA, CEP
46.930-000, Brasil, e-mail: krisfag@hotmail.com.
¹ - Autor para correspondência. IBAMA, Parque Nacional da Chapada Diamantina, Rua
Barão do Rio Branco, nº 07, Palmeiras, BA, CEP 46.930-000, Brasil, e-mail:
krisfag@hotmail.com.
² - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em
Botânica, Av. Bento Gonçalves, nº 9500, Porto Alegre, RS, CEP 91570-900, Brasil.
* - Manuscrito formatado de acordo com as normas da Revista Brasileira de Biociências.
62
RESUMO
O gênero Acianthera Scheidw. foi reabilitado recentemente em função de análises
filogenéticas que demonstraram que a concepção mais adotada de Pleurothallis R.Br. é
polifilética. Morfologicamente, as espécies de Acianthera apresentam duas políneas e
inflorescências emergindo imediatamente acima do último segmento do ramicaule, sem
ânulo. Estas características, no entanto, não são exclusivas ao gênero. Este artigo é uma
revisão taxonômica de Acianthera para o estado do Rio Grande do Sul, onde foram
encontradas 24 espécies deste gênero. Todas as espécies encontradas foram
predominantemente epifíticas. Apenas A. dutrae (Pabst) C.N. Gonçalves & J.L. Waechter é
endêmica para o Rio Grande do Sul. Uma chave dicotômica para identificação das espécies
é apresentada, assim como suas descrições e comentários sobre sua taxonomia, distribuição,
floração e frutificação.
Palavras-chave: Acianthera, Orchidaceae, taxonomia, Rio Grande do Sul
ABSTRACT
The genus Acianthera Scheidw. (Orchidaceae) was recently reevaluated as a result
of phylogenetic analyses. These analyses showed the polyphyletic composition of the
traditional conception of Pleurothallis R.Br., one of the largest genera of Neotropical
orchids. The species of Acianthera present ramicauls without an annulus, terminal
inflorescences, and flowers with only two pollinia. This article is a taxonomic revision of
Acianthera for the Rio Grande do Sul state, Southern Brazil. Twenty four species were
found, mostly growing as epiphytes in forest ecosystems. A single species, A. dutrae
(Pabst) C.N. Gonçalves & J.L. Waechter, is presently only known from Rio Grande do Sul.
The revision includes a taxonomic key for species identification, botanical descriptions and
63
illustrations, as well as comments on taxonomy, ecology, flowering, fruiting, and
geographic distribution.
Key words: Acianthera, Orchidaceae, taxonomy, Rio Grande do Sul
INTRODUÇÃO
O gênero Acianthera Scheidw. (Orchidaceae) pertence à subtribo Pleurothallidinae,
a qual apresenta 36 gêneros (Pridgeon & Chase, 2001) e é classificada na tribo
Epidendreae, subfamília Epidendroideae (Dressler, 1993). Por muito tempo, Acianthera foi
considerado sinônimo de Pleurothallis R.Br. Luer (1986b) elevou-o à condição de
subgênero de Pleurothallis. Uma análise filogenética utilizando seqüências de DNA
nuclear e do cloroplasto, no entanto, demonstrou que Pleurothallis s. l. é um gênero
polifilético e que diversos de seus subgêneros deveriam ser elevados à categoria de gênero
(Pridgeon et al., 2001), reafirmando resultados encontrados anteriormente em análises
morfológicas (Neyland et al., 1995) e palinológicas (Stenzel, 2000). Desta forma,
Acianthera foi reabilitado e recircunscrito, passando a englobar diversos táxons
classificados previamente em outros subgêneros de Pleurothallis s. l., como P. subgen.
Arthrosia Luer e P. subgen. Sarracenella Luer (Pridgeon & Chase, 2001). As suas
características incluem caule reptante ou estolonífero; ramicaules freqüentemente
ostentando restos de bainhas foliares, sem ânulo (uma estrutura anelar onde os feixes
vasculares são espessados e aderentes em um plano transversal) e encimados por uma única
folha; inflorescências cimosas, simples ou compostas, com flores abrindo simultânea ou
sucessivamente, com a presença de duas políneas, labelo articulado com a coluna, sépalas
64
laterais normalmente fundidas desde próximo às suas bases até, freqüentemente, os seus
ápices; pétalas normalmente reduzidas (Luer, 1986b). Há uma grande variabilidade
morfológica e estrutural entre as espécies, que podem ter de alguns milímetros até 50
centímetros de altura. A maioria das características morfológicas, entretanto, é
plesiomórfica dentro da subtribo (Pridgeon & Chase, 2001). Há espécies de Phloeophila
Schltr. & Hoehne, por exemplo, que também possuem duas políneas e não apresentam
ânulo (Pridgeon et al., 2001). Um grande número de espécies foi transferido de
Pleurothallis para Acianthera (Pridgeon & Chase, 2001; Barros, 2002, 2003; Barros &
Pinheiro, 2002; Gonçalves & Waechter, 2004; Luer, 2004), mas muitas ainda precisam ser
renomeadas para satisfazer as novas delimitações taxonômicas.
Acianthera tem distribuição neotropical, do sul da América do Norte até o norte da
Argentina (Pabst & Dungs, 1975; Luer, 1986b), com um grande contingente de espécies
brasileiras (Pridgeon & Chase, 2001). Em levantamentos enfocando epífitos vasculares no
sul do Brasil (Aguiar et al., 1981; Waechter, 1986, 1998a, 1998b; Nunes & Waechter,
1998; Breier & Rosito, 1999; Dittrich et al., 1999; Kersten & Menezes-Silva, 2001;
Gonçalves & Waechter, 2002, 2003; Waechter & Baptista, 2004), a grande maioria das
espécies de Pleurothallis s. l. encontradas são classificadas, atualmente, em Acianthera.
A ecologia das espécies de Acianthera ainda é pouco conhecida. Os trabalhos
existentes são restritos à biossistemática, fenologia, polinização e biologia floral de cinco
espécies brasileiras ocorrentes em campos rupestres e de uma epifítica. Estes estudos
mostram que todas estas espécies são sapromiófilas ou miófilas, apresentam grande
especificidade com seus polinizadores e, no caso das rupícolas, apresentam uma intensa
variabilidade genética intra e interpopulacional (Singer & Cocucci, 1999; Borba et al.,
65
2000, 2001a, 2001b, 2002; Borba & Semir, 2001). Estudos enfocando epífitos vasculares
revelam aspectos da distribuição vertical e a inexistência de especificidade entre forófitos e
algumas espécies de Acianthera (Waechter, 1986, 1998a, 1998b; Nunes & Waechter, 1998;
Kersten & Menezes-Silva, 2001; Gonçalves & Waechter, 2002, 2003; Waechter &
Baptista, 2004), porém ainda não há estudos avaliando outros aspectos taxonômicos e
ecológicos deste gênero.
Este artigo é uma revisão taxonômica do gênero Acianthera no estado do Rio
Grande do Sul. Uma chave dicotômica, descrições, ilustrações, comentários sobre
taxonomia, ecologia e geografia de cada espécie são apresentados.
MATERIAL E MÉTODOS
Na identificação das espécies, foram consultadas obras clássicas, como Flora
Brasiliensis (Cogniaux, 1893-1896) e Genera et Species Orchidearum Novarum
(Rodrigues, 1877, 1882), entre outras, incluindo a Iconographie des orchidées du Brésil,
editada por Sprunger et al. (1996). Além destas, foram utilizadas diversas floras regionais
nas quais estão incluídas espécies de Acianthera (normalmente como Pleurothallis) e
artigos onde constam as descrições originais das espécies. Realizou-se, ainda, uma ampla
revisão no Gray Herbarium Index (Harvard, 1968), Index of Botanical Publication (2003),
Index of Botanists (2003), International Plant Name Index (2005), e Kew Record of
Taxonomic Literature (Royal Botanic Garden, Kew, 2005) onde se encontraram algumas
referências que contribuíram para este estudo.
Foram consultados herbários do Rio Grande do Sul e outros estados do Brasil. Os
herbários que dispunham de espécimes de Acianthera foram os seguintes: HAS, HASU,
66
HUCS, HURG, ICN, MPUC, PACA, PEL, RB, SMDB, SP, SPF, HUEFS. As siglas dos
herbários estão de acordo com New York Botanical Garden (2005).
A reprodução das ilustrações das espécies descritas por Rodrigues (1877, 1882),
apresentada em Sprunger et al. (1996), foi consultada. Também foram consultadas
fotografias dos tipos depositados no herbário K.
As coletas de espécimes com flores e com frutos foram realizadas principalmente
pelo segundo autor, ao longo de cerca de vinte anos, em todas as regiões fisiográficas do
Rio Grande do Sul, tendo sido apenas complementado ao longo do andamento deste
trabalho. Dados sobre as plantas como floração e frutificação, data, local e observações
consideradas importantes, foram anotados.
Foram selecionados entre 10 e 30 exemplares de cada espécie, quando disponíveis,
para a análise morfológica mais detalhada, procurando abranger toda a variação observada
e os diferentes ambientes e regiões de coleta. Em algumas, no entanto, o número de
indivíduos encontrado foi bastante reduzido, havendo casos de se disporem de apenas um
ou dois espécimes para análise. Os conceitos morfológicos e a terminologia utilizada foram
definidos utilizando referências como: Barros (1988), Dressler (1961), Luer (1986a,
1986b), Pabst (1953) e Sampaio (1939a, 1939b, 1939c), entre outros.
Nas descrições, foram utilizadas as seguintes abreviaturas: alt. = de altura; esp. = de
espessura; compr. = de comprimento; larg. = de largura; aprox. = aproximadamente.
Foi elaborada uma chave dicotômica com caracteres visíveis na identificação a
campo das espécies de Acianthera.
67
O material foi observado em microscópio estereoscópico. Os espécimes foram
medidos utilizando paquímetro manual. As peças florais, depois de hidratadas, também
foram medidas com a utilização de uma escala milimetrada. As medidas citadas nas
descrições representam a amplitude dos valores encontrados nos exemplares examinados.
Os dados sobre floração e frutificação e sobre o ambiente onde ocorrem as espécies
foram baseados em informações contidas nas fichas de coleta de cada exemplar, sendo
também baseados em observações de populações no campo.
A distribuição geográfica das espécies foi definida a partir de obras onde constam
dados sobre as espécies existentes no Rio Grande do Sul, especialmente Pabst & Dungs
(1975) e Sprunger (1996). A distribuição no Brasil é referida para os estados da federação.
Para o Rio Grande do Sul, utilizaram-se os dados obtidos a partir da análise das exsicatas e
das excursões a campo e foram referidos utilizando as regiões fisiográficas de Fortes
(1959), com uma modificação: a região Litoral foi dividida em cinco faixas latitudinais,
conforme Waechter (1998a), que são as seguintes: Litoral Extremo Norte (29° - 30°S);
Litoral Centro Norte (30° - 31°S); Litoral Central (31° -32°S); Litoral Centro Sul (32° 33°S) e Litoral Extremo Sul (33° - 34ºS). Esta subdivisão foi adotada devido a grande
concentração de espécies de Acianthera nesta região fisiográfica.
As descrições do hábitat das espécies foi referida para as fisionomias florestais
propostas por Veloso & Goes-Filho (1982), com as seguintes alterações: 1) A Floresta
Ombrófila Mista incluiu as florestas nebulares; 2) As Formações Pioneiras foram
classificadas como Floresta de Galeria, Florestas Arenosas e Florestas Turfosas, tendo em
vista o hábito epifítico das espécies de Acianthera.
68
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Acianthera Scheidw., Allg. Gartenzeitung 10: 292. 1842.
Sinônimos: Pleurothallis R.Br. subgen. Acianthera (Scheidw.) Luer, Monogr. Syst. Bot.
Missouri Bot. Gard. 20: 12. 1986. Centranthera Scheidw., Allg. Gartenzeitung 10: 293.
1842 (non R.Br., Prod. Fl. Nov. Holland.: 438. 1810). Cryptophoranthus Barb.Rodr., Gen.
Sp. Orchid. 2: 79. 1882. Pleurothallis sect. Brachystachyae Lindl., Fol. Orchid.:
Pleurothallis 21. 1859. Pleurothallis sect. Sarcodanthae Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2:
10. 1882. Lepanthes sect. Brevicaulae Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 10. 1882. Brenesia
Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. Beih. 19: 200. 1923. Pleurothallis sect. Leptotifolia
Pabst & Dungs, Orchidaceae Brasil. 1: 156. 1975. Sarracenella Luer, Selbyana 5: 388.
1981. Pleurothallis subgen. Arthrosia Luer, Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 20: 34.
1986. Pleurothallis subgen. Sarracenella (Luer) Luer, Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot.
Gard. 20: 73. 1986.
Ervas epifíticas, rupícolas ou, ocasionalmente, humícolas. Caule rizomatoso com
entrenós curtos a alongados. Ramicaules emergindo entre dois e cinco entrenós do rizoma,
compostos normalmente por dois a quatro entrenós, com sulcos longitudinais ventrais na
maioria das espécies. Folhas solitárias no ápice dos ramicaules, de linear-lanceoladas,
elípticas, ou ovaladas a oblongas, coriáceas até fortemente carnosas; de bifaciais até
tendendo a unifaciais; ápice foliar mucronado na maioria das espécies. Inflorescências
terminais emergindo do ápice dos ramicaules, com espatas basais presentes ou não,
formando de racemos alongados a curtas bases pedunculares, com diversos graus
intermediários de redução; brácteas presentes ao longo da inflorescência junto à inserção
dos pedicelos. Flores ressupinadas ou não. Sépalas laterais fundidas em diversos graus, de
obtusas a semicirculares, com três veias longitudinais; lisas, papilosas ou verrucosas; em
69
algumas espécies, as veias longitudinais formando carenas na parte exterior ou a borda
externa é espessada. Sépala mediana com três ou cinco veias longitudinais, livre ou fundida
basalmente em diversos graus às laterais; fusionadas no ápice em algumas espécies,
formando aberturas laterais; lineares com ápice apiculado até oblongas; lisas, papilosas ou
verrucosas; borda externa espessada em algumas espécies. Pétalas lanceoladas,
aproximadamente rombicoes, lineares ou incurvadas; margens lisas a onduladas, com uma
a três veias longitudinais. Labelo ligado à coluna por um istmo estreito; espatulado,
rombico, cordiforme, obtuso ou ligulado; liso, papiloso ou verrucoso; lobos ou projeções
laterais presentes ou ausentes; calos ou linhas longitudinais presentes ou ausentes. Coluna
reta ou curva, ápoda ou dotada de prolongamento basal (pé da coluna) onde se insere o
labelo, com estigma basifixo, geralmente côncavo e com projeções laterais em várias
espécies. Anteras elmiformes. Políneas duas, cerosas, aproximadamente triangulares ou
ovaladas. Ovários triloculares articulados com os pedicelos. Frutos capsulares de secção
circular a triangular.
Ao todo, foram encontradas 24 espécies de Acianthera no estado do Rio Grande do
Sul. Apenas A. dutrae (Pabst) C.N. Gonçalves & J.L. Waechter é endêmica para o estado.
As demais ocorrem nos outros estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil, com algumas
poucas ocorrendo também na região Amazônica, nos Andes e na América Central. Todas as
espécies são predominantemente epifíticas. Nove espécies também foram encontradas
como rupícolas ocasionais.
Chave para as espécies de Acianthera encontradas no Rio Grande do Sul.
1. Ramicaules abreviados, mais curtos do que a metade do comprimento das folhas.
70
2. Sépalas laterais mais ou menos concrescidas na base, porém livres da sépala mediana.
3. Folhas elipsóides, subunifaciais; inflorescência mais longa do que as folhas.
...................................................................................................................... 3. A. aveniformis
3’ Folhas laminares, bifaciais; inflorescência igual ou mais curta do que as folhas.
............................................................................................................................19. A. recurva
2’ Sépalas todas mais ou menos concrescidas na base, formando um sinsépalo
tubuloso.
4. Sépalas aderentes no ápice, deixando duas aberturas laterais.
5. Plantas 2,5-5,0cm de altura, labelo 2,9-4,0mm de comprimento, com calos
terminando em prolongamentos na sua porção posterior. ............................. 5. A. cryptantha
5'. Plantas 12,0-16,0cm de altura, labelo 4,9-6,0mm de comprimento, com calos sem
prolongamentos na sua porção posterior. ................................................. 9. A. fenestrata
4’ Sépalas livres no ápice, deixando apenas uma abertura terminal.
6. Sépalas fundidas até cerca de 90% de seu comprimento, formando um tubo sepalino
incurvado. ...................................................................................................... 4. A. bragae
6’. Sépalas fundidas até cerca de 60% de seu comprimento, sem formar tubo sepalino
incurvado. .................................................................................................... 12. A. hystrix
1’ Ramicaules alongados, com pelo menos a metade do comprimento das folhas.
7. Plantas longamente reptantes, ramicaules iguais ou mais curtos do que os segmentos do
rizoma; flores com antese sucessiva em inflorescências reduzidas ou racemos curtos.
8. Sépala mediana com cinco veias longitudinais.
9. Sépala mediana com ápice obtuso e fundida com as laterais entre 20 e 50% de sua
extensão, sépalas laterais lanceoladas, assimétricas, com ápice acuminado, formando
sinsépalo
cimbiforme. ............................................................................ 6. A. cryptoceras
71
9’. Sépala mediana com ápice agudo e livre ou fundida apenas próximo à base, sépalas
laterais Levemente falciformes, formando sinsépalo plano.
10. Inflorescências em racemos plurifloros, labelo inteiriço com dois calos
longitudinais elevados em relação à sua lâmina. ................................................. 24. A. tristis
10’. Inflorescências com eixo reduzido, com uma ou duas flores emergindo ao mesmo
tempo, labelo trilobado com marcas longitudinais não elevadas em relação à sua lâmina.
.................................................................................................................. 20. A. saundersiana
8’. Sépala mediana com três veias longitudinais.
11. Planta com folhas pendulas, sépala mediana fundida com as laterais até cerca de
metade do comprimento, labelo com quatro calos dentiformes na sua base. ...... 13. A. karlii
11’. Plantas com folhas eretas, sépala mediana livre ou fundida apenas próximo à sua
base, labelo sem calos dentiformes.
12. Folhas sublineares, inflorescências alongadas, normalmente bifloras, labelo com
calos laterais elevados, em forma de ferradura. ................;.................................. 7. A. dutrae
12’. Folhas lanceoladas, inflorescências abreviadas, normalmente unifloras, labelo
com calos laterais espessados, não elevados em relação à lamina.
13. Plantas com até 3,0cm de altura, labelo com 2,0-2,2mm de comprimento, pétalas
com uma veia atropurpúrea longitudinal. ...................................................... 17. A. papillosa
13’. Plantas com 7,2-14,5cm de altura, labelo com 6,7-7,1mm de comprimento,
pétalas com três veias atropúrpureas longitudinais ...................................... 22. A. serpentula
7’ Plantas cespitosas ou curtamente reptantes, ramicaules mais longos do que os
segmentos do rizoma. Flores com antese simultânea ou, se sucessiva, ocorrendo ao longo
de um racemo alongado.
72
14. Ramicaules com seção distal triangular, ventralmente angulosa e sulcada.
15. Flores abrindo em sucessão, labelo inteiriço, sem calos ou com calos restritos a
pequenas elevações no centro ............................................................................ 14. A. luteola
15’. Flores em antese simultânea, labelo trilobado, com lobos laterais auriculares e
calosidades.
16. Inflorescência que praticamente não se sobressai da espata, dotada de grandes
bainhas afuniladas que cobrem os ovários e partes das flores. ..................... 16. A. oligantha
16’ Inflorescência que se sobressai da espata com bainhas pequenas que não cobrem
os ovários.
17. Ápice da inflorescência truncado, sépalas laterais fundidas até cerca da metade do
comprimento, labelo alongado com lobos laterais deslocados para a sua porção central.
....................................................................................................................... 2. A. aphthosa
17’. Inflorescência sem ápice truncado, sépalas laterais fundidas até próximo ao seu
ápice, labelo com lobos laterais deslocados para a sua porção anterior. .... 8. A. exarticulata
14’. Ramicaules com seção distal circular, semicircular ou complanada.
18. Flores delgadas, membranáceas ou cartáceas, glabras.
19. Sépalas laterais externamente lisas, labelo articulado com o pé da coluna.
..................................................................................................................... 11. A.hygrophila
19’. Sépalas laterais externamente carenadas; labelo não articulado com o pé da
coluna.
20. Planta com 4,0-8,0cm de altura, sépalas com 4,9-5,7mm de comprimento, labelo
com 2,5-2,8mm de comprimento e lobos laterais falciformes. ................... 23. A. sonderana
20’. Planta com 10,0-19,0cm, sépalas com 7,5-7,7mm de comprimento, labelo com
3,1-3,2mm de comprimento e lobos laterais triangulares. ........................... 10. A. glumacea
73
18’. Flores carnosas, em parte pubescentes, papilosas ou verrucosas.
21. Inflorescências mais longas do que as folhas, ramicaules mais curtos do que as
folhas. ....................................................................................................... 1. A. alligatorifera
21’. Inflorescências mais curtas do que as folhas, ramicaules do mesmo comprimento
ou, normalmente, maiores do que as folhas.
22. Sépalas laterais intensamente papilosas sem borda externa mais espessa.
.................................................................................................................. 21. A. saurocephala
22’. Sépalas laterais lisas com borda externa mais espessa.
23, Ramicaules normalmente com quatro entrenós, labelo com projeções posteriores
alongadas, filiformes. ...................................................................... 18. A. pubescens
23’. Ramicaules com dois entrenós, labelo sem projeções posteriores alongadas
.................................................................................................................... 15. A. macropoda
1. Acianthera alligatorifera (Rchb. f.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 242. 2001
(Fig. 1-5)
Basiônimo: Pleurothallis alligatorifera Rchb. f., Hamburger Garten und Blumenzeitung
21: 299. 1865.
Erva cespitosa, epifítica ou rupícola, 10,0-60,0cm alt. Rizoma 3,5-5,0mm esp.
Entrenós 1,0-1,5mm compr. Ramicaules sulcados, 3,0-65,0mm compr., 2,0-3,0mm esp.,
com dois entrenós e bainhas decíduas. Folhas 3,0-13,5 x 1,0-3,5cm, eliptíco-lanceoladas,
conduplicadas, obtusas no ápice, atenuadas na base, apresentando sulco profundo entre a
base e cerca de 2/3 compr. onde se inserem as inflorescências.
74
Inflorescência racemosa, laxa, curvada, 13,0-51,0cm compr., espata reduzida; Flores
até sete em antese simultânea e 36 no total, abrindo em sucessão, ressupinadas. Sépala
mediana 10,0-13,5 x 2,5-3,5mm, lateralmente comprimida, base tênue, côncava, ápice
crasso sagitado, esverdeadas, três veias longitudinais. Sépalas laterais 11,5-14,5 x 1,52,5mm, inteiramente fundidas em sinsépalo côncavo, esverdeadas, com três veias. Pétalas
3,5-4,5 x 2,0-3,0mm, aprox. rombiforme, esverdeadas, com três veias paralelas,
atropurpúreas, podendo apresentar um calo no veia central. Labelo 3,0-3,5 x 1,5-2,0mm,
ligulado, plano, marcado por três veias paralelas atropurpúreas. Coluna incurvada, 4,05,0mm compr., pé da coluna 1,0-2,0mm compr.
Distribuição geográfica: Rio de Janeiro até Rio Grande do Sul; no estado ocorre no Litoral
Extremo Norte e na Depressão Central.
Hábitat: epífita em Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa e Floresta
Arenosa. Ocasionalmente pode ser encontrada como rupícola.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie podem ser encontrados floridos entre os
meses de maio e setembro. Frutos foram registrados entre junho e novembro.
Observações: A. alligatorifera é peculiar entre as espécies de Acianthera encontradas no
Rio Grande do Sul por suas folhas conduplicadas e por sua inflorescência alongada,
pluriflora, com flores dispostas laxamente ao longo de seu eixo.
Esta espécie é muito semelhante a um grupo de oito espécies que Pabst & Dungs (1975)
consideraram próximas de Pleurothallis arcuata Lindl. Nenhuma destas espécies foi
incluída na análise filogenética de Pridgeon et al. (2001), mas todas foram transferidas para
75
o gênero Stelis Sw. A. alligatorifera também não foi incluída nas análises filogenéticas.
Luer (2004) transferiu tanto as primeiras como a última para o gênero Specklinia. Neste
trabalho, adotou-se a concepção de Pridgeon & Chase (2001), mas faz-se necessário avaliar
a posição taxonômica tanto de A. alligatorifera como das demais espécies referidas.
Material selecionado: BRASIL. Rio Grande do Sul: Canoas, 19 maio 1953, M. Frank s. n.
(PACA 5425); Torres, 22 abril 1978, J. L. Waechter 828 (ICN); Três Cachoeiras, 25 maio
1979, J. L. Waechter 1241 (ICN). Viamão, 7 maio 1978, L. Körner s. n. (ICN 41259a).
2. Acianthera aphthosa (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 242. 2001 (Fig. 610)
Basiônimo: Pleurothallis aphthosa Lindl., Edwards's Botanical Register 24: Misc. 42-43.
1838.
Sinônimos: Pleurothallis foetens Lindl., Botanical Register, Folia Orchidacea Pleurothallis
29: 18. 1849. Pleurothallis pelioxantha Barb.Rodr., Gen. Sp. Orch. Nov. 1: 17. 1877.
Erva cespitosa, epifítica, 5,5-35,0cm alt. Rizoma 4,0-5,0mm esp. Entrenós 1,05,0mm. Ramicaules profundamente sulcados, comprimidos lateralmente, 40,0-170,0mm
compr., 2,5-5,0mm esp., com dois entrenós e bainhas caducas. Folhas 5,5-16,5 x 1,5-3,5cm,
lanceoladas, freqüentemente assimétricas.
Inflorescência racemosa, densa, com ápice truncado e até 2,0cm compr., com espata
senescente até 7,0mm compr. Flores sete a oito, abrindo em sucessão e permanecendo
76
abertas simultaneamente, ressupinadas. Sépala mediana parcialmente fundida com as
laterais, 8,5-9,0mm x 2,5-3,5mm, aprox. triangular, papilosa, de base amarela e ápice
acastanhado, com três veias paralelas. Sépalas laterais parcialmente fundidas, 7,0-9,5 x 1,02,0mm, de base amarela e ápice castanho a enegrecido, ligeiramente falciformes, papilosas,
com três veias longitudinais, a central mais larga que as demais. Pétalas 3,5-4,0 x 1,02,0mm, lanceoladas, alongadas, amareladas na base e castanhas no ápice, com um veia
longitudinal. Labelo 4,0-4,5 x 2,0-3,0mm, trilobado, papiloso, alongado, lobo central
ligulado, lobos laterais próximos à base, aurículo-arredondados, e duas projeções laterais
com até 0,5mm compr. Coluna curta, reta, 3,0-4,0mm compr., pé da coluna 2,0-2,5mm
compr.
Distribuição geográfica: em duas áreas disjuntas: do México até a Bolívia e de Minas
Gerais até o Rio Grande do Sul. No estado, ocorre no Extremo Norte do Litoral e
Depressão Central.
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Densa.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie podem ser encontrados floridos entre os
meses de maio e novembro. Frutos foram registrados entre julho e dezembro.
Observações: esta espécie apresenta como particularidade a estrutura da inflorescência, que
é alongada próximo à base e torna-se gradualmente truncada no ápice. Assim, as flores, nas
posições basais em relação ao eixo da inflorescência, são afastadas umas das outras e têm
pedicelos claramente formados, enquanto as situadas no ápice são sésseis e surgem de um
único ponto. Nenhuma outra espécie nativa do Rio Grande do Sul tem inflorescências com
características semelhantes.
77
Dentro do gênero, há pelo menos duas espécies próximas de A. aphthosa: A.
ophiantha (Cogn.) Pridgeon & M.W.Chase, que apresenta inflorescências truncadas, e A.
hoffmannseggiana (Rhcb.f.) F.Barros, que apresenta inflorescências alongadas sem o ápice
truncado. Nenhuma destas duas espécies foi localizada no Rio Grande do Sul, embora a
última seja citada para Santa Catarina (Pabst & Dungs, 1975).
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Novo Hamburgo, setembro
1926, J. Dutra 894 (ICN); Porto Alegre, 7 outubro 1933, C. Orth s. n. (PACA 666);
Torres, junho 1977, J. L. Waechter 574 (ICN). Três Cachoeiras, 9 julho 1977, J. L.
Waechter 566 (ICN); Viamão, outubro 1968, A G. Ferreira & L. Körner 528 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL, sem local, sem data, Herbário Lindley 95 (K,
fotografia holótipo Pleurothallis Foetens Lindl.!); sem local, sem data, Loddiges
(Holótipo:K; fotografia holótipo!).
3. Acianthera aveniformis (Hoehne) C.N. Gonçalves & J.L. Waechter, Hoehnea 31: 114.
2004 (Fig. 11-15)
Basiônimo: Pleurothallis aveniformis Hoehne, Arq. Bot. Estado São Paulo 2: 106. 1950
Erva reptante, epifítica, até 1,0cm alt. Rizoma 0,4-0,6mm esp. Entrenós 0,2-0,5mm
compr. Ramicaules 0,4-0,6mm esp., 0,8-1,0mm compr., com dois entrenós. Folhas, 0,3-0,9
x 0,2-0,3cm, cilíndrico-linear-lanceoladas, com face abaxial reduzida, sulcada.
78
Inflorescência 3,5-5,0cm de comp., uniflora, freqüentemente mais de uma
emergindo simultaneamente, com tricomas curtos e espata de até 1,0mm compr. Sépala
mediana 4,0-4,5 x 1,5-2,0mm, deltóide com ápice acuminado, hialina, com três veias
atropurpúreas. Sépalas laterais 4,5-5,0 x 1,0-1,5mm, parcialmente fundidas, com ápice
acuminado, hialinas, com três veias atropurpúreas. Pétalas 3,0-3,5 x 1,0-1,5mm,
auriculares, hialinas, com uma veia central longitudinal atropurpúrea. Labelo 3,5-4,5 x 1,52,0mm, trilobado, lobo mediano alongado, arredondado no ápice, lobos laterais
arredondados, base alongada. Coluna 2,0-2,5mm compr., pé da coluna 1,5-2,0mm compr.
Distribuição geográfica: Paraná a Rio Grande do Sul. No estado, ocorre nos Campos de
Cima da Serra.
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Mista.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos no mês de
setembro. Não há registros de frutificação para o Estado do Rio Grande de Sul.
Observações: A. aveniformis se distingue facilmente das demais espécies nativas do estado
do Rio Grande do Sul por suas folhas sub-unifaciais e pela inflorescência uniflora que
emerge acima da folha.
Espécie peculiar pelo seu aspecto vegetativo, apenas A. leptotifolia (Barb.Rodr.)
Pridgeon & M.W.Chase guarda semelhança com A. aveniformis dentro do gênero. No
entanto, podem ser facilmente distinguidas pelo fato da primeira ser pelo menos três vezes
79
maior, vegetativamente, e pelo formato do labelo, com lobos laterais falciformes. A.
leptotifolia não foi registrada para o estado do Rio Grande do Sul.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Cambará do Sul, 18 setembro
1981, O. Bueno 3050 (HAS). São Francisco de Paula, s. d., J. Dutra 1063 (ICN).
4. Acianthera bragae (Ruschi) F.Barros, Hoehnea 30: 183. 2003 (Fig. 16-20)
Basiônimo: Physosiphon bragae Ruschi, Bol. Mus. Biol. Prof. Mello Leitão. Ser. Bot. 27:
1. 1970.
Sinônimos: Physosiphon pubescens Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1: 27. 1877. Phloeophila
pubescens (Barb.Rodr.) Garay, Orquideologia 9: 118. 1974. Sarracenella pubescens
(Barb.Rodr.) Luer, Selbyana 5: 388. 1981. Pleurothallis sarracenia Luer, Monogr. Syst.
Bot. Missouri Bot. Gard. 20: 73. 1986. Acianthera sarracenia (Luer) Pridgeon &
M.W.Chase, Lindleyana 16: 246. 2001.
Erva reptante, epifítica, 2,0-3,0cm alt. Rizoma 1,0-2,0mm esp. Entrenós 1,0-3,0mm
compr. Ramicaules 1,0mm esp., até 4,0mm compr., com dois entrenós. Folhas 2,0-2,5 x
2,5-3,0cm, lineares, cilíndricas, teretes, com face abaxial reduzida, sulcada.
Inflorescência reduzida a pedicelos, com até 1,0mm compr., com uma pequena
bráctea,
uniflora,
ocasionalmente
duas
flores
simultâneas,
ressupinadas,
predominantemente esverdeadas. Sépala mediana 14,5-15,5mm x 3,0-3,5mm, lanceolada,
quase inteiramente fundida com as laterais, formando um tubo sepalino incurvado, três
80
veias. Sépalas laterais 7,0-8,0 x 4,5-5,0mm, falciformes, quase inteiramente fundidas, três
veias. Pétalas 4,5-5,0 x 1,3-1,8mm, ligeiramente lanceolada, de ápice alongado, uma veia
longitudinal. Labelo 2,5-3,0 x 2,0-3,5mm larg., papiloso, com bordos laterais elevados e
encrespados, rômbico quando estendido. Coluna curva, 2,2-2,4mm compr., pé da coluna
0,7-0,8mm compr.
Distribuição geográfica: Encontrada de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul. No estado
ocorre no Litoral Extremo Norte e na Encosta Inferior do Nordeste.
Hábitat: Epífita em Floresta Ombrófila Densa e em Floresta Arenosa.
Floração e frutificação: Indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os
meses de outubro e janeiro. Frutos foram registrados entre dezembro e março.
Observações: É uma espécie sem similares no estado em função de seu invulgar tubo
sepalino incurvado, formado pela fusão das sépalas até próximo aos seus ápices.
Apenas Acianthera asaroides (Krzl.) Pridgeon & Chase assemelha-se a A. bragae
dentro do gênero. Há uma grande confusão nomenclatural envolvendo A. bragae. Descrita
originalmente como Physosiphon pubescens Barb.Rodr., já foi classificada nos gêneros
Phloeophila Hoehne & Schltr., Geocalpa Brieger e Sarracenella Luer, tendo sido
transferida para Pleurothallis por Luer (1986b). Como o binômio Pleurothallis pubescens
Lindl. já estava ocupado, o autor cunhou o epíteto Pleurothallis sarracenia Luer. Este
epíteto específico foi mantido por Pridgeon & Chase (2001), ao transferirem-na para
Acianthera. Barros (2003) relatou a existência de um epíteto válido mais antigo do que P.
sarracenia e previamente descrito para esta espécie, Pleurothallis bragae Ruschi, e que,
81
portanto, este nome teria prioridade sobre A. sarracenia. Desta forma, foi cunhado o epíteto
Acianthera bragae (Ruschi) F.Barros, que é utilizado neste trabalho.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Sapiranga, novembro, J. Dutra
1095 (ICN). Três Cachoeiras, 21 outubro 1979, J. L. Waechter 1444 (ICN, HAS).
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Viçosa, 30 outubro 1941, J. G.
Kuhlman s. n. (ICN).
5. Acianthera cryptantha (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 243. 2001
(Fig. 21-25)
Basiônimo: Pleurothallis cryptantha Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1: 13. 1877.
Sinônimos: Cryptophoranthus cryptanthus (Barb.Rodr.) Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2:
80. 1882. Cryptophoranthus juergensii Schltr., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. Beih. 35:
46. 1925. Pleurothallis neojuergensii Luer, Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 20: 16.
1986. Acianthera neojuergensii (Luer) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 245. 2001.
Acianthera juergensii (Schltr.) F. Barros, Bradea 8: 294. 2002.
Erva reptante ou, ocasionalmente, cespitosa, epifítica, 2,5-5,0cm alt. Rizoma 2,03,0mm esp. Entrenós 1,5-2,0mm compr. Ramicaules 1,0mm esp., 0,5-1,0mm compr., com
dois entrenós. Folhas lanceoladas a elípticas, 1,5-5,6 x 0,5-1,5cm.
Inflorescência pendente, laxa, com eixo reduzido com até 0,7cm compr. e espatas
laxas 3,0-4,0mm. Uma a três flores abrindo em sucessão e permanecendo abertas
82
simultaneamente, ressupinadas. Sépala mediana 5,4-8,0mm x 1,7-2,4mm, linearlanceolada, com três veias paralelas, fundida com as laterais na base e no ápice, formando
duas aberturas laterais. Sépalas laterais 6,0-7,5mm x 2,0-2,5mm, aprox. reniformes,
inteiramente fundidas, formando um sinsépalo conchiforme, de ápice apiculado, com três
veias paralelas. Pétalas 2,5-4,0 x 0,5-1,0mm, semi-espatulada, uma veia longitudinal.
Labelo 2,5-4,0 x 1,5-2,5mm, com base em istmo estreito dotado de duas projeções
auriculares; ápice aprox. cordiforme, com veia central longitudinal e dois calos
longitudinais paralelos terminando em duas projeções posteriores. Coluna reta, 4,0-4,7mm
compr., pé da coluna 2,5-3,0mm compr.
Distribuição geográfica: Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná até Rio Grande do Sul. No
estado, ocorre nos Campos de Cima da Serra e na Encosta Superior do Nordeste.
Hábitat: Epífita em Floresta Ombrófila Mista.
Floração e frutificação: Indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os
meses de outubro e janeiro. Frutos foram registrados entre dezembro e março.
Observações: Apenas A. fenestrata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase é próxima de A.
cryptantha entre as espécies encontradas no estado. As duas podem ser facilmente
distinguidas pelo porte vegetativo e pelo tamanho das flores, cerca de duas a três vezes
maior na primeira espécie. Além disto, o labelo de A. cryptantha apresenta duas projeções
posteriores na sua porção mediana que estão ausentes em A. fenestrata.
Vegetavivamente, as plantas podem apresentar hábito reptante, com folhas que são
adpressas ao substrato e arredondadas, ou com folhas eretas e lanceoladas. Estas diferenças,
83
utilizados por Pabst & Dungs (1975) para separar duas Alianças dentro do gênero
Cryptophoranthus Barb.Rodr., foram encontrados ocorrendo em um mesmo indivíduo,
sendo possivelmente condicionados por fatores ambientais, como grau de insolação a que a
planta esteja submetida. Este táxon é polimorfo, ainda, nas dimensões e no colorido de suas
flores.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Bom Jesus, fevereiro 1931, J.
Dutra 1088 (ICN); Canela, 29 abril 1978. J. L. Waechter 831 (ICN); Caxias do Sul, 23
janeiro 1992, A. Jasper s. n. (HUCS 8060); Esmeralda, 20 fevereiro 1982, K. Kleebank 12
(ICN); Gramado, 30 abril 1978, J. L. Waechter 839 (ICN); São Francisco de Paula, 29
fevereiro 1996, G. Cararo et al. s. n. (HUCS 13383).
6. Acianthera cryptoceras (Rchb.f.) F. Barros, Hoehnea 30: 185. 2003 (Fig. 26-30)
Basiônimo: Pleurothallis cryptoceras Rchb. f., Flora, v. 69, n. 4, p. 554, 1886.
Sinônimos: Pleurothallis iguapensis Schltr., Anexos Mem. Inst. Butantan, Secc. Bot. 1: 48.
1922. Anathallis iguapensis (Schltr.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 249. 2001.
Pleurothallis altoserrana Hoehne, Arq. Inst. Biol. (São Paulo) 2: 20. 1929.
Erva reptante, epifítica, 6,0-11,5cm de altura. Rizoma 2,0-3,0mm esp. Entrenós 4,0-7,0mm
compr. Ramicaules sulcados, 0,5-1,0mm esp., 15,0-68,0mm compr., com dois entrenós.
Folhas 2,5-6,5 x 1,0-2,0cm, lanceolado-ovaladas, alongadas, ápice mucronado e
arredondado.
84
Inflorescência 0,5-1,0cm compr., eixo reduzido, com espata até 6,0mm compr. Uma flor
por vez, ocasionalmente duas até seis, emergindo sucessivamente de um mesmo ponto,
geralmente uma flor e um botão, ressupinadas. Sépala mediana 9,0-11,5 x 3,5-4,5mm,
deltóide com ápice de acuminado a obtuso, parcialmente fundida com as laterais, vinosas,
cinco veias atropurpúreas paralelas. Sépalas laterais 7,0-8,0 x 4,0-5,0mm, lanceoladas,
assimétricas com ápice acuminado, inteiramente fundidas, formando um sinsépalo
navicular, vinosas e com três veias. Pétalas 2,5-4,0 x 1,0-1,5mm, ligeiramente rômbicas,
vinosas e hialinas, com um veia longitudinal vinosa. Labelo 3,0-4,0 x 1,0-1,5mm, ligulado,
alongado, trilobado, lobos anterior e laterais arredondados, marcado por três veias paralelos
no ápice e que acompanham os lobos laterais para a base, com duas pequenas projeções
laterais. Coluna incurvada, 2,5-3,0mm compr., com projeções laterais ao clinândrio, pé da
coluna 1,5-2,5mm compr.
Distribuição geográfica: São Paulo e Paraná até Rio Grande do Sul. No estado, ocorre
apenas no Extremo Norte do Litoral.
Hábitat: Epífita em Floresta Ombrófilas Densa.
Floração e frutificação: Indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os
meses de junho e agosto. Frutos foram registrados entre agosto e outubro.
Observações: Pertencente a um grupo de espécies muito similares tanto vegetativamente
(plantas reptantes, com rizomas cobertos por brácteas senecentes e com folhas lanceoladas)
como com relação aos seus caracteres florais (labelo ligulado, pétalas aproximadamente
rômbicas e sépala mediana com cinco veias atropúrpureas longitudinais). A. cryptoceras
distingue-se, no entanto, pela fusão da sépala mediana com as laterais, que pode chegar a
85
50% do comprimento da primeira. Em Acianthera saundersiana (Rchb.f.) Pridgeon &
M.W.Chase e em A. tristis (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase, as outras duas espécies
deste grupo que foram encontradas no estado, a sépala mediana é livre ou fundida com as
laterais apenas junto à sua base. Além disto, as sépalas laterais de A. cryptoceras têm forma
lanceolada assimétrica com ápice apiculado, o que confere ao sinsépalo um formato
navicular. Nas outras duas espécies referidas anteriormente e em A. bidentula (Barb.Rodr.)
Pridgeon & M.W.Chase, o sinsépalo é plano. Esta última espécie tem a sépala mediana
fundida com as laterais como A. cryptoceras e é referida por Pabst & Dungs (1975) para o
Rio Grande do Sul, mas não foi localizada durante a realização deste trabalho.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Terra de Areia, julho 2001, C.
N. Gonçalves 150 (ICN); Torres, 8 julho 1978, J. L. Waechter 561 (ICN); Três
Cachoeiras, 9 julho 1977, J. L. Waechter 564 (ICN).
7. Acianthera dutrae (Pabst) C.N. Gonçalves & J.L. Waechter, Hoehnea 31: 114. 2004
(Fig. 31-35)
Basiônimo: Pleurothallis dutrae Pabst, Bradea 1: 362. 1973
Erva reptante, epifítica, 2,5-6,0cm alt. Rizoma 0,5-1,0mm esp. Entrenós 6,0-15,0mm.
Ramicaules canaliculados, 4,0-6,0mm esp., 7,0-26,0mm compr., com dois entrenós. Folhas
1,0-3,0 x 0,5-0,7cm, linear-lanceoladas.
Inflorescência racemosa, laxa, ereta, 2,0-2,5cm compr., com espata 1,5-2,0mm.
Uma a três flores abrindo em sucessão, permanecendo abertas simultaneamente,
86
ressupinadas. Sépala mediana 6,5-7,0 x 1,5-2,0mm, deltóide com ápice acuminado, com
três veias. Sépalas laterais 7,0-7,5 x 2,0-2,5mm, ligeiramente falciformes, inteiramente
fundidas, com veia central espessada. Pétalas 3,0-4,0 x 1,0-1,5mm, lanceoladas,
assimétricas, com uma veia central. Labelo 4,0-4,5 x 1,0-1,5mm, ligulado, trilobado, com
lobos dotados de calos laterais alongados e elevados, estreitados próximo à base do labelo e
com duas projeções laterais elevadas. Coluna 3,0-3,5mm compr., pé da coluna 2,0-2,5mm
compr.
Distribuição geográfica: Acianthera dutrae é a única espécie do gênero endêmica do
estado do Rio Grande do Sul, onde é encontrada nos Campos de Cima da Serra. É provável,
no entanto, que ocorra também no estado de Santa Catarina, já que foi encontrada em área
limítrofe entre os dois estados.
Hábitat: epífita de ocorrência restrita à Floresta Ombrófila Mista.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os meses
de agosto e outubro. Não foram localizados frutos.
Observações: A. dutrae é caracterizada pelos calos do labelo, que têm forma de ferradura e
são elevados em relação à lamina do labelo. As demais espécies de Acianthera encontradas
no estado do Rio Grande do Sul apresentam calos auriculares, dentiformes, longilíneos ou
não apresentam calos.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Bom Jesus, 28 setembro 1931,
J. Dutra 1056 (Holótipo ICN!, Isótipo RB!); Cambará do Sul, 18 setembro 1981, O.
87
Bueno 3049A (HAS); Esmeralda, 19 setembro 1982, K. Kleebank 8 (ICN); São Francisco
de Paula, 11 outubro 1980, J. L. Waechter 1719 (ICN).
8. Acianthera exarticulata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 243. 2001
(Fig. 36-40)
Basiônimo: Pleurothallis exarticulata Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 27. 1882.
Erva reptante, epifítica ou rupícola, 8,0-12,0cm alt. Rizoma com até 1,6mm esp.
Entrenós 4,0-5,0mm. Ramicaules sulcados, 0,5-1,0mm esp., 45,0-85,0mm compr., com
dois entrenós e bainhas decíduas. Folhas 3,4-5,8 x 1,2-2,6cm, lanceolado-ovaladas.
Inflorescência racemosa densa, de adpressa à folha a pendente, 1,0-1,3cm compr., com
espata 4,0-5,0mm longa. Flores até seis, abrindo simultaneamente, ressupinadas. Sépala
mediana 5,5-6,0 x 2,0-2,5mm, oblanceolada com base alongada, amareladas, com três veias
longitudinais. Sépalas laterais 4,5-5,0 x 1,5-2,0mm, inteiramente fundidas, ligeiramente
falciformes quando separadas, com ápice alongado e três veias longitudinais. Pétalas 2,02,2 x 0,5-1,0mm, semi-espatuladas, assimétricas, hialinas. Labelo 2,5-3,0 x 1,5-2,0mm,
trilobado, atropurpúreo, lobo anterior ligulado, lobos laterais auriculares com um calo que
acompanha as veias longitudinais do labelo, com duas projeções laterais e duas basais.
Coluna incurvada, 2,1-2,4mm compr., pé da coluna 1,0-1,2mm compr.
Distribuição geográfica: Rio de Janeiro e Paraná até Rio Grande do Sul, onde é restrito ao
Litoral Extremo Norte.
88
Hábitat: Epífita em Floresta Ombrófila Densa e em Florestas Arenosas e Turfosas.
Ocasionalmente pode ser encontrada como rupícola.
Floração e frutificação: Indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os
meses de novembro e fevereiro. Frutos foram registrados entre dezembro e março.
Observações: Esta espécie é, ocasionalmente, confundida com A. luteola (Lindl.) Pridgeon
& M.W.Chase. No entanto, as duas são bem distintas, já que A. luteola apresenta
normalmente de uma a três flores abertas simultaneamente ao longo da inflorescência, com
cerca de 8,0-8,5mm cada, enquanto A. exarticulata apresenta até seis flores de 6,0 a 7,0mm,
abertas simultaneamente.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Torres, 18 janeiro 1979, J. L.
Waechter 1171 (ICN); Três Cachoeiras, s. d., K. Hagelund 14843 (ICN).
9. Acianthera fenestrata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 243. 2001
(Fig. 41-45)
Basiônimo: Pleurothallis fenestrata Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1: 12. 1877.
Sinônimos: Cryptophorantus fenestratus (Barb.Rodr.) Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 80.
1882. Cryptophoranthus spicatus Dutra, Ostenia: 172. 1933. Pleurothallis spicata (Dutra)
Luer, Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 20: 17. 1986. Acianthera spicata (Dutra)
Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 242. 2001.
89
Erva cespitosa, epifítica, 12,0-16,0cm alt. Rizoma 1,0-4,0mm esp. Entrenós 1,0-2,5mm.
Ramicaules cobertos por bainhas amplexicaules, 1,0-2,0mm esp., 25,0-35,0mm compr.,
com sulco apical onde se insere a inflorescência. Folhas lanceoladas 10,0-13,5 x 1,5-2,0cm,
com base alongada dotada de sulco que é prolongamento do existente no ramicaule.
Inflorescências uma a três emergindo ao mesmo tempo, reduzidas, pendentes,
densas, até 1,8cm compr., sem espata; uma a seis flores, começando a ocorrer entre 3,54,0mm da base da inflorescência, abrindo simultaneamente, ressupinadas. Sépala mediana
12,0-13,0 x 3,5-5,0mm, oblanceolada com base alongada e três veias paralelas, fundida
com as laterais na base e no ápice, formando duas aberturas laterais. Sépalas laterais 9,511,5 x 4,0-5,0mm, inteiramente fundidas, formando um sinsépalo conchiforme; de formato
aprox. reniforme quando separadas, com três veias paralelas. Pétalas 4,0-4,5 x 1,5-2,0mm,
semi-espatuladas, assimétricas, de base alongada, com uma veia longitudinal. Labelo 5,06,0 x 2,5-3,5mm, com base em istmo estreito dotado de duas projeções basais dentiformes;
ápice aprox. cordiforme, com veia central longitudinal em toda a sua extensão, dois calos
longitudinais paralelos. Coluna reta, 3,5-4,5mm compr., pé da coluna 2,0-3,5mm compr.
Distribuição geográfica: Espírito Santo até Rio Grande do Sul. No estado ocorre nos
Campos de Cima da Serra e Encosta Inferior do Nordeste.
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Mista.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os meses
de abril e julho. Frutos foram registrados entre maio e agosto.
90
Observações: esta espécie é prontamente distinguida das demais espécies encontradas no
estado pelas bainhas amplexicaules e pela folha lanceolada com base alongada dotada de
sulco. Apenas A. cryptantha tem semelhança com ela no estado, como referido
anteriormente.
A. fenestrata é uma espécie peculiar entre aquelas originalmente classificadas no
gênero Cryptophoranthus por possuir inflorescências multifloras, que podem ser alongadas
em alguns indivíduos.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Cambará do Sul, 27 julho
1978, J. L. Waechter 887 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL. SANTA CATARINA: Jacinto Machado, 14
abril 1979, J. L. Waechter 1212 (ICN).
10. Acianthera glumacea (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 243. 2001 (Fig.
46-50)
Basiônimo: Pleurothallis glumacea Lindl., Companion Bot. Mag. 2: 355. 1836.
Erva cespitosa, epifítica ou rupícola, 10,0-19,0cm alt. Rizoma 3,0-4,0mm esp.
Entrenós 2,0-3,0mm compr. Ramicaules sulcados, 1,5-2,0mm esp., 18,0-53,0mm compr.,
com dois entrenós e com bainhas decíduas. Folhas 4,5-7,9 x 0,7-1,48cm, linear-lanceoladas.
Inflorescência racemo especiforme, ereta, densa, 4,5-15,0cm compr., com espata 6,08,0mm. Flores cinco a onze, abrindo simultaneamente, não ressupinadas. Sépala mediana
91
7,5-8,0 x 1,5-2,0mm, livre, alaranjada, lanceolada, com ápice apiculado, base crassa,
acanoada e com três veias, a central formando uma carena na parte externa da sépala.
Sépalas laterais 7,5-8,0 x 1,5-2,0mm, inteiramente fundidas, linear-falciformes quando
separadas, alaranjadas, com três veias, duas laterais indistintas e a central formando um
calo longitudinal com quase a metade larg. da sépala. Pétalas 2,0-3,0 x 1,0-1,5mm,
oblelípticas, ligeiramente assimétricas, com uma veia longitudinal, alaranjadas. Labelo 3,03,5 x 2,0-2,5mm, trilobado, lobo mediano alongado, ligulado, papiloso, lobos laterais
enrolados em tubo, quando estendidos aproximadamente triangulares. Coluna reta, 2,53,5mm compr., com projeções no ápice, pé da coluna 1,4-1,6mm compr.
Distribuição geográfica: Bahia até Rio Grande do Sul. No estado, ocorre na Depressão
Central, Serra do Sudeste, Encosta do Sudeste, Encosta Inferior do Nordeste e Litoral
Extremo Norte, Centro Norte, Centro e Sul.
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Mista e Densa, Floresta Estacional Semidecidual e
Decidual e em Florestas Arenosa, Turfosa e de Galeria. Ocasionalmente pode ser
encontrada como rupícola.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os meses
de julho e janeiro. Frutos foram registrados entre agosto e março.
Observações: Acianthera glumacea divide com Acianthera sonderana a característica
marcante de possuir flores não ressupinadas ocorrendo em um racemo espiciforme. Embora
esta característica não seja incomum dentro da Subtribo Pleurothallidinae (Luer, 1986a,
1986b), apenas estas duas espécies, em Acianthera, apresentam flores não ressupinadas no
Rio Grande do Sul. Elas são facilmente distinguíveis entre si, porém, pelo porte: enquanto
92
A. glumacea varia entre 10-19cm alt. e tem flores variando de 9,0-10,5mm compr., A.
sonderana atinge no máximo 8,0cm alt. e possui flores com 5,6-7,0mm compr.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Arroio dos Ratos, 27 novembro
1977, K. Hagelund 12197 (HAS); Canoas, 13 novembro 1984, M. Neves 470 (HAS);
Capão do Leão, 12 dezembro 1997, J. A Jarenkow & E. N. Garcia 3678 (PEL); Guaíba,
30 novembro 1983, N. I. Matzenbacher s. n. (ICN 59195); Montenegro, 15 dezembro
1952, B. Rambo s. n. (PACA 52892); Novo Hamburgo, novembro 1924, J. Dutra 853
(ICN); Osório, 21 novembro 1984, J. L. Waechter 2071 (ICN 61642); Pareci, 1945, E.
Henz s. n. (PACA 32552); Paverama, 04 janeiro 1989, R. Wasun et al. s. n. (HUCS 5108);
Pelotas, 28 dezembro 1982, J. L. Waechter 1975 (ICN); Porto Alegre, 04 março 1950, G.
F. J. Pabst 557 (PACA); Santa Cruz do Sul, 22 setembro 1975, J. L. Waechter 213 (ICN);
São Leopoldo, 1907, F. Theissen 562 (PACA); Sapiranga, 09 novembro 1991, V. F.
Nunes et al. 1306 (PACA); Sapucaia do Sul, 25 novembro 1986, I. Fernandes 268 (ICN);
Santa Cristina do Pinhal, 13 novembro 1982, J. L. Waechter 1937 (ICN); Taquari, 10
dezembro 1957, O. R. Camargo 3040 (PACA); Torres, 03 dezembro 1976, J. L. Waechter
393 (ICN); Triunfo, 23 agosto 1979, A. Nilson s. n. (HAS 10935); Viamão, 19 novembro
1997, T. B. Breier 120 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL, rio Pirahy entre Rio de Janeiro e São Paulo, s.
d., Descourtiz s. n. (Holótipo: K, foto do holótipo!).
11. Acianthera hygrophila (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 244. 2001
(Fig. 51-55)
93
Basiônimo: Pleurothallis hygrophila Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1: 1877.
Sinônimo: Pleurothallis barbacenensis Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 11. 1882;
Acianthera barbacenensis (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 17: 242. 2001.
Pleurothallis albiflora Barb.Rodr., Vellosia 1: 116. 1891. Pleurothallis platysemos Rchb.
f., Flora 69 (n.s. 44): 555. 1886.
Erva cespitosa a reptante, epifítica ou rupícola, 7,0-18,0cm alt. Rizoma 0,4-1,0mm
esp. Entrenós 0-7,4mm compr. Ramicaules 0,4-0,6mm esp., 13,0-90,0mm compr., com dois
entrenós. Folhas 1,5-7,0 x 0,1-0,45cm, linear-lanceoladas.
Inflorescência racemosa, densa, curvada, 1,5-7,0cm compr. Flores cinco a 10,
abrindo em sucessão, ressupinadas. Sépala mediana 3,5-6,5 x 1,0-2,5mm, livre,
esbranquiçadas ou amareladas, lanceoladas com base alargada, uma veia central. Sépalas
laterais 3,5-5,5 x 1,0-3,0mm, fundidas até próximo ao seu ápice, lanceoladas assimétricas
quando separadas, com uma veia central elevada que pode se constituir em carena no
sinsépalo,
amarelo-esbranquiçadas.
Pétalas
4,0-5,5
x
1,4-3,0mm,
lanceoladas,
esbranquiçadas a amareladas, translúcidas, com uma veia longitudinal indistinta. Labelo
3,0-4,5 x 1,0-2,0mm, tubular, com ápice alongado, quando estendido variando de piriforme
a cuspidado (neste caso, com três lobos bem definidos, os lobos laterais fimbriados em
alguns indivíduos), com calosidades longitudinais paralelos que podem ser desde marcas
indistintas até calos com cerca de 0,5mm de altura. Coluna 2,5-2,6mm compr., pé da coluna
2,0-3,0mm compr.
94
Distribuição geográfica: Amazonas e Maranhão até Rio Grande do Sul. No estado, ocorre
na Depressão Central, Campos de Cima da Serra, Encosta Mediana do Nordeste, Encosta
Inferior do Nordeste, Encosta do Sudeste, Serra do Sudeste e no Litoral Extremo Norte.
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Mista e Densa, Floresta Estacional Semidecidual e
Decidual, e em Florestas Arenosas, Turfosas e de Galeria. Ocasionalmente pode ser
encontrada como rupícola.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre
os meses de maio e outubro. Frutos foram registrados entre julho e dezembro.
Observações: A. hygrophila não apresenta espécies similares no estado. A referência sobre
a presença de A. myrticola (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase no Rio Grande do Sul
(Pabst & Dungs, 1975) pode ser creditada a um erro de classificação de alguns indivíduos
de A. hygrophila. Estas duas espécies são similares, mas a primeira apresenta lobos laterais
do labelo falciformes, pétalas atropúrpureas e folhas com seção cilíndrica.
Pleurothallis hygrophila foi descrito por Rodrigues (1877) e ilustrado na obra
“Iconographie des Orchidées du Brésil” (Sprunger et al., 1996). A ilustração, no entanto,
mostra apenas as peças de uma flor dissecada. P. barbacenensis foi descrita posteriormente
(Rodrigues, 1882) e também foi ilustrada em “Iconographie des Orchidées du Brésil”
(Sprunger et al., 1996). Neste caso, a ilustração mostra também uma flor dissecada e, além
disto, o hábito da planta, com cerca de 10 cm de altura. Pabst (1972) referiu-se a
variabilidade de Pleurothallis barbacenensis, mas não a discute, ao sinonimizar
Pleurothallis platysemos Rchb. f. com ela. O exame de exsicatas e de material vivo revelou
que todo este “complexo” é, na verdade, um único táxon polimorfo. Variáveis
95
vegetativamente, suas flores, no entanto, são muito mais constantes em suas dimensões e na
morfologia de suas peças, exceto pelas duas calosidades longitudinais do labelo. Tais
calosidades podem ser pouco conspícuas, apresentando-se apenas como duas marcas, não
elevadas, ao longo do lobo mediano do labelo, mas podem chegar a constituir calos bem
distintos, com até 0,5 mm de altura em relação ao lobo mediano. Há toda uma gradação,
tanto de porte vegetativo quanto no tamanho das calosidades, o que não permitiu separar
grupos e inviabilizou o reconhecimento de táxons infraespecíficos.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Arroio dos Ratos, 08 março
1982, K. Hagelund 13864 (HAS); Bom Jesus, s. d., J. Dutra 1109 (ICN); Cambará do
Sul, 18 setembro 1981, O. Bueno 3049 (HAS); Canela, 02 janeiro 1973, J. Jung s. n. (ICN
21897); 22 outubro 1977, J. Mattos & N. Mattos 17669 (HAS); Canguçu, 20 junho 1968,
Z. Ceroni & B. E. Irgang s. n. (ICN; HAS); Caxias do Sul, 28 julho 1991, A. Jasper s. n.
(PACA 71112); Esmeralda, 14 maio 1978, L. Arzivenco 50 (ICN); Farroupilha, 06
setembro 1956, O. R. Camargo s.n. (HAS); Imigrante, 04 setembro 1992, A. Jasper s. n.
(HUCS 8615); Itaara, 30 junho 1995, T. B. Breier s. n. (SMDB 5600); Morro Reuter, 23
abril 1972, Gilda & R. Wasum 612 (PACA); Novo Hamburgo, 10 agosto 1927, J. Dutra
1000 (ICN); Salvador do Sul, 03 agosto 1959, A. Sehnem 7522 (PACA); Santa Cruz do
Sul, 09 maio 1976, J. L. Waechter 252 (ICN); Santa Maria, 13 setembro 1980, Adelino s.
n. (SMDB 2054). São Leopoldo, agosto 1926, J. Dutra 896 (ICN); Veranópolis, 28 julho
1984, N. Silveira 1371 (HAS).
12. Acianthera hystrix (Krzl.) F. Barros, Orchid Memories: 10. 2004 (Fig. 56-60)
96
Basiônimo: Pleurothallis hystrix Krzl., Arkiv Bot., Stockh. 16: 7. 1920.
Erva reptante, epifítica, 2,5-4,0cm alt. Rizoma 2,5-3,0mm esp. Entrenós 1,0-2,0mm
compr. Ramicaules 3,0mm esp., 1,5-2,0mm compr., com dois entrenós. Folhas 1,2-2,2 x
1,0-1,5cm, ovaladas com ápice obtuso e base ligeiramente atenuada.
Inflorescência reduzida, 0,5-1,0cm compr., com espata até 1,0mm longa; Uma a duas
flores, abrindo em sucessão, ressupinadas. Sépala mediana 10,0-11,1 x 3,0-3,5mm,
oblanceolada com base alongada, fundida com as laterais até cerca de 60% do seu
comprimento, formando um tubo sepalino, com três veias paralelas, pubescente. Sépalas
laterais 8,0-8,5 x 3,8-4,0mm, inteiramente fundidas, formando um sinsépalo com ápice
obtuso, ligeiramente falciformes quando separadas, com três veias, pubescentes. Pétalas
3,0-3,5 x 1,0-1,5mm, espatuladas, hialinas, glabras, com três veias longitudinais, bordas
fimbriadas. Labelo 3,9-4,1 x 1,9-2,0mm, ligeiramente cordiforme, com base linearalongada, duas projeções filiformes basais, papiloso. Coluna curva 3,7-3,9mm compr.
Distribuição geográfica: ocorre de São Paulo até o Rio Grande do Sul. No estado, foi
encontrada, até o momento, apenas no Alto Uruguai.
Hábitat: epífita em Floresta Estacional Semidecidual.
Floração e frutificação: encontrada com floração no mês de fevereiro. Não há registro de
frutos.
Observações: A. hystrix é peculiar entre as espécies de Acianthera do Rio Grande do Sul
pelos ramicaules bastante reduzidos, pelas sépalas pubescentes e pelas projeções filiformes
na base do labelo.
97
A taxonomia desta espécie ainda precisa ser melhor analisada. Descrita
originalmente como Physosiphon hystrix Krzl., foi posteriormente transferida para
Cryptophoranthus e Phoeophila. Barros (2004) transferiu-a para Acianthera, concepção
adotada neste estudo. Luer (2004) transferiu-a para Specklinia, porém é preciso avaliar
cuidadosamente esta proposta, já que outros táxons também transferidos no mesmo artigo
não são filogeneticamente relacionados. A. hystrix apresenta semelhanças morfológicas
com Cryptophoranthus similis Schltr.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Ronda Alt., 20 fevereiro 1978,
J. L. Waechter 763 (ICN).
13. Acianthera karlii (Pabst) C.N. Gonçalves & J.L. Waechter, Hoehnea 31: 115. 2004
(Fig. 61-65)
Basiônimo: Pleurothallis karlii Pabst, Arq. Jard. Bot. Rio de Janeiro 14: 14. 1956.
Sinônimo: Apoda-Prorepentia karlii (Pabst) Luer, Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard.
95: 255. 2004.
Erva reptante, pendente, epifítica, 2,5-4,0cm alt. Rizoma 2,0-3,0mm esp. Entrenós
0,9-2,0mm compr. Ramicaules 0,5mm esp., 8,0-15,0mm compr., com dois entrenós. Folhas
1,3-2,2 x 8,0-12,0cm, ovaladas a piriformes com ápice atenuado.
Inflorescência racemosa, reduzida, pendente, 0,5-0,7cm compr., com espata até 3,0mm
longa; Uma a duas flores, abrindo em sucessão, ressupinadas. Sépala mediana 5,5-7,5 x
98
2,0-3,0mm, lanceolada com ápice acuminado, fundida com as laterais na base, atropurpúrea
a pardacenta, com três veias paralelas. Sépalas laterais 7,4-8,0 x 2,5-3,0mm, inteiramente
fundidas, formando um sinsépalo conchiforme, deltóides quando isoladas, atropurpúreas a
pardacentas, com três veias. Pétalas 2,5-3,0 x 1,0-3,0mm, linear-lanceoladas, assimétricas,
de ápice apiculado, hialinas, com uma veia longitudinal atropurpúrea. Labelo 3,5-4,5 x 1,92,0mm, ligulado, indistintamente trilobado, papiloso, com três veias longitudinais, lobos
laterais próximos à base, arredondados, e calo central basal formado por quatro projeções
dentiformes com até 0,3mm de altura. Coluna reta 3,3-3,6mm compr., pé da coluna 2,82,5mm compr., curvo para a frente.
Distribuição geográfica: Paraná e Rio Grande do Sul, onde ocorre na região fisiográfica
Campos de Cima da Serra. Sua ausência em Santa Catarina é devida, provavelmente, à falta
de coleta.
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Mista e Densa.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os meses
de janeiro e abril. Não foram registrados frutos no Estado.
Observações: A. karlii apresenta um calo peculiar na base do labelo, junto ao istmo que o
liga à coluna, em forma de quatro projeções dentiformes, que o diferenciam bem das
demais espécies do gênero. Seu hábito reptante com folhas pendulas também é peculiar.
Luer (2004) transferiu esta espécie para o gênero Apoda-prorepentia Luer. No
entanto, todas as demais espécies incluídas neste táxon são andinas. Além disto, as
99
semelhanças entre os táxons são superficiais (folhas pendulas, espatas grandes) e poderiam
ser explicadas por convergências evolutivas.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Cambará do Sul, 17 abril 1976,
J. L. Waechter 240 (ICN). Torres, s. d., J. Dutra 1041b (ICN). São Leopoldo, 3 março
1939, B. Rambo s. n. (PACA 6443). São Francisco de Paula, 23 janeiro 1981, A. Lise s. n.
(HAS 12777).
14. Acianthera luteola (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 244. 2001 (Fig. 6670)
Basiônimo: Pleurothallis luteola Lindl., Bot. Reg. 27: M. 1. 1841.
Sinônimo: Pleurothallis caespitosa Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 1: 14. 1877.
Erva cespitosa, epifítica ou rupícola, 10,0-30,0cm alt. Rizoma 2,0-3,0mm esp. Entrenós
3,0-6,0mm compr. Ramicaules sulcados, 1,5-3,0mm esp., 60-230mm compr., com bainhas
cobrindo-os parcialmente e três entrenós. Folhas 4,0-6,0 x 1,2-3,0cm, lanceoladas, com
ápice atenuado.
Inflorescência racemosa, curvada, 2,5-3,0cm compr., com espata 3,0-5,0mm. Flores até sete
abrindo em sucessão, uma a duas abertas simultaneamente, ressupinadas. Sépala mediana
7,0-7,5 x 2,0-2,5mm, deltóide com ápice acuminado, com três veias longitudinais. Sépalas
laterais 6,0-6,5 x 1,5-1,7mm, ligeiramente falciformes, inteiramente fundidas, amarelas,
com três veias longitudinais. Pétalas 3,5-4,0 x 1,0-1,5mm, semi-espatuladas, assimétricas,
100
com ápice obtuso e ligeiramente alargado, amarelas, com uma veia central. Labelo 4,0-4,5
x 1,5-2,0mm, ligulado, com um pequeno calo central e duas pequenas projeções próximas
da base. Coluna curva, 4,0-4,5mm compr., pé da coluna 1,5-2,0mm compr.
Distribuição geográfica: Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul. No estado ocorre no Litoral
Extremo Norte, na Encosta Inferior do Nordeste e na Depressão Central.
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Mista e Densa, Floresta Estacional Semidecidual e
Decidual. Ocasionalmente pode ser encontrada como rupícola.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os meses
de março e novembro. Frutos foram registrados entre abril e dezembro.
Observações: Esta espécie pode ser prontamente identificada por seu labelo ligulado
inteiramente liso ou com pequenas calosidades na região central. Também é característica
pela presença de três entrenós no ramicaule. Apenas A. exarticulata pode ser
ocasionalmente confundida com ela, como referido anteriormente.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Feliz, 28 março 1975, R. Wasum
s. n. (PACA 82104); Novo Hamburgo, novembro 1925, J. Dutra 843 (ICN); Porto
Alegre, 22 fevereiro 1985, N. Silveira et al. 2056 (HAS); Rio Pardo, s. d., C. Jürgens 16
(ICN). Salvador do Sul, 25 fevereiro 1950, A. Sehnem 4894 (PACA); Santa Cruz do Sul,
24 julho 1980, J. L. Waechter 1670 (ICN); São Leopoldo, 15 maio 1933, C. Orth s. n.
(PACA 581); Sapiranga, 29 fevereiro 1991, V. F. Nunes et al. 1236 (PACA); Torres, 27
junho 1980, J. L. Waechter 1632 (ICN); Três Cachoeiras, 13 maio 1978, J. L. Waechter
843 (ICN); Viamão, 20 março 1972, Eny Viana s. n. (ICN 9780).
101
Material adicional examinado: BRASIL. Rio de Janeiro, 1841, Loddiges s. n. (Holótipo: K,
foto do holótipo!).
15. Acianthera macropoda (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 244. 2001
(Fig. 71-75)
Basiônimo: Pleurothallis macropoda Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 25. 1882.
Erva cespitosa, epifítica, 21,0-40,0cm alt. Rizoma 2,5-3,0mm esp. Entrenós 3,54,0mm compr. Ramicaules 2,0-3,0mm esp., 120,0-285,0mm compr., com dois entrenós.
Folhas 8,0-10,0 x 2,0-3,0cm, lanceoladas com ápice acuminado.
Inflorescência racemosa, densa, adpressa à folha a pendente, 5,0-8,0cm compr., com espata
de 10,0-15,0mm; Flores cinco a oito, abrindo em sucessão e permanecendo abertas
simultaneamente, ressupinadas. Sépala mediana 7,5-8,0mm x 2,5-3,0mm, livre, castanha,
lanceolada, ápice triangular, crasso, e mais escuro, base alongada com um ligeiro
estreitamento, com três veias. Sépalas laterais 7,0-7,5mm x 2,0-2,5mm, fundidas até
próximo ao ápice, falcadas quando separadas, com ápice apiculado e bordo exterior crasso,
com três veias longitudinais. Pétalas 2,5-3,0 x 0,5-1,0mm larg., falcadas com ápice
frimbriado e uma veia central longitudinal. Labelo 3,0-3,5 x 1,8-2,0mm, ligulado,
ligeiramente trilobado, papiloso, com três veias longitudinais, dois calos basais lineares e
duas projeções basais. Coluna reta, 2,7-2,8mm compr., pé da coluna 2,0-2,1mm compr.
Distribuição geográfica: Bahia até Rio Grande do Sul, onde foi encontrado no Litoral
Extremo Norte.
102
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Densa.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os meses
de julho e setembro. Não foram localizados frutos.
Observações: pertencente a um grupo de espécies que inclui A. pubescens, caracteriza-se
bem pelo porte vegetativo avantajado e pelo bordo espessado das sépalas.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Terra de Areia, 21 setembro
1989, J. L. Waechter 2398 (ICN; PEL); Torres, agosto 1927, J. Dutra 984 (ICN).
16. Acianthera oligantha (Barb.Rodr.) F. Barros, Hoehnea 30: 186. 2003 (Fig. 76-80)
Basiônimo: Pleurothallis oligantha Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 33. 1882.
Erva cespitosa, epifítica, 16,0-21,5cm alt. Rizoma 3,0-4,0mm esp. Entrenós
reduzidos, 1,5-2,0mm compr. Ramicaules profundamente sulcados, 3,0-5,0mm esp., 70,0140,0mm compr., com dois entrenós e bainhas deciduais. Folhas 5,5-7,0 x 1,6-2,6cm,
lanceoladas com ápice arredondado.
Inflorescência racemosa, densa, reduzida, até 0,5cm compr., com espata de 8,010,0mm compr. e grandes bainhas afuniladas que cobrem o ovário e parte das flores. Seis a
sete flores, abrindo simultaneamente, ressupinadas. Sépala mediana 5,1-5,3 x 2,4-2,5mm,
livre, castanha, espatulada com ápice obtuso e mais escuro, com três veias longitudinais.
Sépalas laterais 4,5-4,6 x 1,8-1,9mm, semicirculares, com três veias longitudinais, quase
inteiramente fundidas formando sinsépalo arredondado com múcron em forma de "v
103
invertido" característico. Pétalas 2,1-2,3 x 1,4-1,5mm, vibriformes, com base alongada e
ápice obtuso, com veia que prossegue em prolongamento apical. Labelo 1,3-1,4 x 0,70,8mm, trilobado, lobo central ligulado, lobos laterais elevados, auriculares a falcados
quando estendidos. Coluna claviforme, 1,0-1,1mm compr., pé da coluna 1,0-1,1mm compr.
Distribuição geográfica: Rio de Janeiro até Rio Grande do Sul, onde foi encontrada apenas
no Litoral Extremo Norte.
Hábitat: epífita em Florestas Ombrófila Densa e Florestas Arenosa e Turfosa.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os meses
de julho e outubro. Frutos foram registrados entre agosto e dezembro.
Observações: A. oligantha é peculiar pelas brácteas lepantiformes (com ápice afunilado)
que cobrem inteiramente os pedicelos, o ovário e parte das flores. Chama a atenção,
também, pelo sinsépalo circular. Estas características são únicas dentro dentre as espécies
do gênero encontradas no Rio Grande do Sul.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Terra de Areia, 10 outubro
1999, C. N. Gonçalves s.n. (ICN 115195). Torres, 04 novembro 1990, J. L. Waechter 2450
(ICN).
17. Acianthera papillosa (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 245. 2001 (Fig.
81-85)
104
Basiônimo: Pleurothallis papillosa Lindl., Bot. Reg. 21: t. 1797. 1836.
Erva reptante, epifítica, até 3,0cm alt. Rizoma 1,0-1,5mm esp. Entrenós 3,0-4,0mm compr.
Ramicaules sulcados, 1,5-2,0mm esp., 10,5-12,0mm compr, com dois entrenós. Folhas 1,52,0 x 1,0-1,5cm, lanceoladas.
Inflorescência com eixo reduzido, até 0,2cm compr., com espata 0,5mm compr.
Flores ressupinadas. Sépala mediana 4,0-4,5 x 1,0-1,5mm, livre, lanceolado-deltóide,
alaranjada, ápice mais escuro, com três veias atropurpúreas longitudinais. Sépalas laterais
3,5-4,0 x 1,5-2,0mm, deltóides, inteiramente fundidas, formando um sinsépalo
conchiforme, alaranjadas, com três veias. Pétalas 2,5-3,0 x 1,0-2,0mm, levemente
espatuladas, hialinas, com uma veia longitudinal. Labelo 2,0-2,5 x 0,5-1,5mm larg.,
atropurpúreo, trilobado, lobo central ligulado, lobos laterais auriculares, e duas projeções
laterais semicirculares com até 0,2mm compr. próximo à base. Coluna reta, 2,0-2,5mm
compr., alada próximo ao ápice, pé da coluna 1,5-2,0mm compr.
Distribuição geográfica: Bahia até Rio Grande do Sul. No estado, ocorre apenas no Litoral
Extremo Norte.
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Densa.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os meses
de janeiro e fevereiro. Frutos foram registrados entre fevereiro e março.
Observações: A. papillosa tem semelhanças (caule reptante, inflorescência uniflora) com A.
saundersiana, A. cryptoceras, A. tristis e A. serpentula. Distingue-se pelo porte, atingindo
no máximo 3,0cm de altura, enquanto as demais espécies citadas apresentam 4,0cm de
105
altura, no mínimo. Além disto, suas flores são de uma tonalidade alaranjada não encontrada
em nenhuma das demais espécies.
Esta espécie é pouco freqüente no Rio Grande do Sul, tendo sido encontrado apenas um
indivíduo durante este trabalho, além do que fora coletado por J. Dutra em Torres.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Terra de areia, janeiro 2001, C.
N. Gonçalves 151 (ICN); Torres, janeiro, J. Dutra 1041 (ICN).
18. Acianthera pubescens (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 245. 2001(Fig.
86-90)
Basiônimo: Pleurothallis pubescens Lindl., Companion Bot. Mag. 2 355. 1836.
Sinônimos: Pleurothallis smithiana Lindl., Bot. Reg. 29: M. 57-58. 1843. Pleurothallis
rio-grandensis Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 28. 1882.
Erva cespitosa, epifítica ou rupícola, 8,5-23,5cm alt. Rizoma 3,0-5,0mm esp.
Entrenós 3,0-5,0mm compr. Ramicaules 1,3-2,0mm esp., 26,0-150,0mm compr., com
quatro entrenós. Folhas 5,6-8,5 x 1,3-2,5cm, linear-lanceoladas.
Inflorescência racemosa, densa, de adpressa à folha a pendente, 3,0-4,5cm compr.,
com espata 1,0-2,0mm compr. Flores cinco a oito, abrindo em rápida sucessão e
permanecendo abertas simultaneamente, ressupinadas. Sépala mediana 6,0-11,5 x 1,52,5mm, livre, esbranquiçada, com ápice lanceolado e vinoso, base alongada, três veias
atropurpúreas longitudinais. Sépalas laterais 5,5-10,0 x 1,5-3,0mm, ligeiramente falcadas
106
quando separadas, fundidas até o ápice que é papiloso, brancas com numerosas pintas
vinosas, com três veias longitudinais. Pétalas 2,0-4,0 x 1,5-2,5mm, espatuladas, com bordos
papilosos e ápice apiculado, esbranquiçadas com uma veia longitudinal atropurpúrea ao
longo de toda a sua extensão. Labelo 2,0-4,0 x 1,5-2,5mm, papiloso, trilobado, lobo
anterior ligulado, com três veias longitudinais, lobos laterais auriculares arredondados,
deslocados para frente, duas projeções laterais filiformes na região posterior de 0,5-1,5mm
compr. cada, duas projeções filiformes basais. Coluna reta com clinândrio largo, 3,0-4,5mm
compr., pé da coluna 1,0-1,5mm compr.
Distribuição geográfica: México até Rio Grande do Sul. No estado ocorre em todo
o Litoral, até próximo à fronteira com o Uruguai, e na Depressão Central.
Hábitat: Epífita em Floresta Estacional Semidecidual e Decidual, Floresta Ombrófila
Densa e Florestas Arenosa, Turfosa e de Galeria.
Floração e frutificação: Indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os
meses de dezembro e março e em junho. Frutos foram registrados entre dezembro e maio.
Observações: as flores de Acianthera pubescens Lindl. são facilmente distinguíveis pelo
seu colorido peculiar (brancas com a sépala mediana com veias vinosas, sépalas laterais e
pétalas com pintas numerosas e vinosas) e pelas projeções filiformes que ficam na região
posterior aos lobos laterais do labelo.
Lindley (1836) descreveu Pleurothallis pubescens a partir de material oriundo do
México, redescrevendo-a novamente (Lindley, 1843) com material proveniente do Brasil,
como Pleurothallis smithiana Lindl. Rodrigues (1877) a descreveu como Pleurothallis rio-
107
grandensis Barb.Rodr. É uma espécie amplamente distribuída e variável, tanto quanto ao
seu tamanho como com relação a detalhes de sua morfologia.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Arroio do Sal, 16 março 1990,
M. G. Rossoni s. n. (ICN 98828); Canoas, 09 janeiro 1951, M. Frank s. n. (PACA 51286);
Capão da Canoa, feveriro 1926, J. Dutra 926 (ICN); Capão do Leão, 22 dezembro 1960,
J. da C. Sacco 1588 (PACA; PEL); Novo Hamburgo, 20 março 1950, G. F. J. Pabst 635
(PACA); Pelotas, 19 dezembro 1988, J. A. Jarenkow 1124 (PEL); Rio Grande, 05
dezembro 1978, J. L. Waechter 1077 (ICN); Santa Vitória do Palmar, 07 dezembro 1996,
J. A. Jarenkow 3312 (PEL); São Leopoldo, 13 dezembro 1929, C. Orth s.n. (PACA 1709);
Torres, dezembro, J. Dutra 1042 (ICN); Três Cachoeiras, 16 março 1979, J. L. Waechter
1204 (ICN).
Material adicional examinado: MÉXICO. Sem Local, sem data, Myers s. n. (Holótipo: K,
foto do holótipo!).
19. Acianthera recurva (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 246. 2001 (Fig.
91-95)
Basiônimo: Pleurothallis recurva Lindl., Bot. Reg. 27: M. 1. 1841.
Sinônimos: Acianthera punctata Schdeiw., Allg. Gartenzeitung 10: 292. 1842.
Pleurothallis lilacina Barb.Rodr. Gen. Sp. Orchid. 1: 18. 1877. Pleurothallis bistuberculata
Barb.Rodr., Revista do Engenho 3: 102. 1881. Pleurothallis leucorhoda Schltr., Repert.
Spec. Nov. Regni Veg. Beih. 35: 54. 1925.
108
Erva reptante, epifítica ou rupícola, 2,5-7,5cm alt. Rizoma 2,0-3,5mm esp. Entrenós
0,5-7,0mm compr. Ramicaules 1,0-2,0mm esp., 5,0-28,0mm compr., reduzidos em alguns
indivíduos, com dois entrenós e cobertos por bainhas amplexicaules. Folhas 2,0-5,5 x 0,52,0cm, elíptico-ovaladas com ápice agudo.
Inflorescência racemosa, densa, de adpressa à folha a pendente, 1,0-4,0cm compr.,
com espata até 12,0mm compr.; Flores duas a seis, abrindo em sucessão e permanecendo
abertas simultaneamente, ressupinadas. Sépala mediana 6,5-9,0mm x 2,0-3,0mm, livre,
lanceolada com base alongada e ápice acuminado, vinosa, com três veias paralelas. Sépalas
laterais 5,0-9,0mm x 2,0-3,0mm, totalmente fundidas, levemente falcadas quando
separadas, purpúreas a vinosas, com três veias. Pétalas 2,5-3,0 x 1,0-1,5mm, lanceoladas,
assimétricas, hialinas, com uma veia longitudinal. Labelo 2,0-3,0 x 1,5-2,5mm, trilobado,
alongado, lobo central ligulado, lobos laterais aurículo-arredondados, com duas projeções
aliformes posteriores e pequenas projeções dentifornes basais. Coluna reta, 3,0-4,0mm
compr., aladas até próximo da base, pé da coluna 1,5-2,5mm compr.
Distribuição geográfica: Minas Gerais até Rio Grande do Sul. No estado, ocorre no Alto
Uruguai, no Planalto Médio, Depressão Central e Encosta Inferior do Nordeste.
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Semidecidual e Decidual.
Ocasionalmente pode ser encontrada como rupícola.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos nos meses de
março, julho e outubro. Frutos foram registrados em março e julho.
109
Observações: Acianthera recurva é reconhecível por apresentar, simultaneamente,
ramicaules reduzidos cobertos por bainhas amplexicaules e inflorescências racemosas com
até seis flores abertas simultaneamente. Apenas A. fenestrata apresenta características
similares, mas as flores desta última espécie têm os ápices das sépalas medianas fundidas
com o sinsépalo, o que não acontece com A. recurva.
A maioria dos indivíduos desta espécie apresenta um colorido vermelho-lilás intenso.
Durante as coletas, alguns indivíduos de coloração amarelada foram localizados, mas sem
nenhuma outra característica distintiva em relação ao padrão da espécie.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Canoas, 04.III.1955, Irmão
Bento 372 (ICN). Derrubadas, 04 dezembro 1979, J. L. Waechter 1399 (ICN); Gramado,
05 março 1926, J. Dutra 871 (ICN); Ronda Alt., novembro 1976, J. L. Waechter 595
(ICN); São Leopoldo, s. d., J. Dutra 849 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL. Sem local, sem data, Hort. (Holótipo: K, foto do
holótipo!).
20. Acianthera saundersiana. (Rchb. f.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 246. 2001
(Fig. 96-100)
Basiônimo: Pleurothallis saundersiana Rchb. f., Gard. Chron. 1866: 74. 1866.
Sinônimos: Pleurothallis felislingua Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 18. 1882.
Pleurothallis josephensis Barb.Rodr., Vellosia 1: 116. 1891. Pleurothallis juergensii Schltr,
110
Repert. Spec. Nov. Regni Veg. Beih. 35: 54. 1925. Pleurothallis butantanensis Hoehne &
Schltr., Arch. Bot. São Paulo: 209. 1926.
Erva reptante, epifítica ou rupícola, 4,0-15,0cm alt. Rizoma 1,0-2,0mm esp. Entrenós 8,010,0mm. Ramicaules sulcados, 0,5-1,0mm esp., 20,0-90,0mm compr., com dois entrenós.
Folhas 2,0-5,5 x 0,5-2,0cm, lanceolado-ovaladas, alongadas.
Inflorescência com eixo reduzido, 0,2-1,8cm compr., sem espata. Uma flor por vez,
ocasionalmente duas, ressupinadas. Sépala mediana 8,5-16,0 x 2,0-5,0mm, livre ou
brevemente fundida com as laterais, lanceoladas, esverdeadas a vinosas, com cinco veias
atropurpúreas paralelas que se fundem no ápice. Sépalas laterais 8,0-12,5mm x 2,0-5,0mm,
parcialmente fundidas, levemente falcadas quando separadas, esverdeadas a atropurpúreas,
com três veias paralelas. Pétalas 3,0-7,5 x 1,0-1,5mm, de espatuladas, com ápice
aproximadamente rômbico e base alongada, a sublineares, nas flores maiores, com margens
crispadas, esbranquiçadas a esverdeadas, com três veias paralelas, atropurpúreas. Labelo
3,0-6,0 x 2,0-3,5mm, papiloso, discretamente trilobado com calos longitudinais que
começam próximos ao ápice e prosseguem até próximo à sua base, lobos laterais
indistintos, com projeções laterais de 0,4-0,7 x 0,2-0,4mm, com ápice fimbriado, e
projeções basais dentiformes. Coluna curvada, 2,5-3,0mm compr., com projeções laterais
ao clinândrio, pé da coluna 2,0-2,5mm compr.
Distribuição geográfica: Minas Gerais até Grande do Sul, onde ocorre nos Campos de
Cima da Serra, na Encosta Superior do Nordeste, na Encosta Inferior do Nordeste e na
Depressão Central.
111
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Semidecidual e Decidual.
Ocasionalmente pode ser encontrada como rupícola.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os
meses de março e outubro. Frutos foram registrados entre março e novembro.
Observações: A. saundersiana é uma espécie variável, principalmente quanto ao tamanho e
ao colorido de suas flores e às dimensões de suas estruturas vegetavivas. O formato das
peças florais se mantêm constante, exceto as pétalas, que tendem a ser mais lineares nos
exemplares de maior porte. No entanto, há muita variação e gradação entre os indivíduos, o
que não permitiu a definição de grupos infraespecíficos.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Bento Gonçalves, 08 maio
1983, G. Pedralli s. n. (PEL 8567); Caxias do Sul, 03 outubro 1991, A. Jasper 01/A
(PACA); Farroupilha, 23 julho 1986, R. Wasun et al. s. n. (HUCS 1759); Garibaldi, 29
outubro 1957, O. R. Camargo 2307 (PACA); Gramado, 29 abril 1978, J. L. Waechter 833
(ICN); Gravataí, 05 maio 1975, Z. M. Rosa & J. Menegheti s. n. (HAS 1810); Guaíba, 19
setembro 1993, N. I. Matzenbacher s. n. (ICN 103660); Novo Hamburgo, abril 1926, J.
Dutra 866a (ICN); Portão, 20 julho 1949, B. Rambo s. n. (PACA 42676); Porto Alegre,
setembro 1923, E. S. s. n. (ICN 47319); Rio Pardo, março 1921, C. Jürgens 20 (ICN);
Santa Cruz do Sul, 24 julho 1980, J. L. Waechter 1666 (ICN); São Francisco de Paula,
20 junho 1995, R. Wasun et al. s. n. (HUCS 10713); São Leopoldo, 05 março 1925, J.
Dutra 861 (ICN); Sapiranga, 22 novembro 1926, J. Dutra 1108 (ICN);
fevereiro 1976, J. L. Waechter 222 (ICN).
Viamão,
25
112
21. Acianthera saurocephala (Lodd.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 246. 2001
(Fig. 101-105)
Basiônimo: Pleurothallis saurocephala Lodd., Bot. Cab.: t. 1571. 1833.
Erva cespitosa, epifítica ou rupícola, 14,0-40,0cm alt. Rizoma 3,0-5,0mm esp.
Entrenós 4,0-5,0mm compr. Ramicaules 1,5-4,0mm esp., 60,0-200,0mm compr., com dois
a quatro entrenós. Folhas 10,0-13,5 x 2,5-4,0cm, elíptico-ovaladas, obtusas no ápice, com
constrição na base onde se insere a inflorescência.
Inflorescência racemosa, densa, 7,0-16,0cm compr., com espata 14,0-25,0mm
compr. Flores cinco a 22, abrindo em sucessão e permanecendo abertas simultaneamente,
ressupinadas. Sépala mediana 10,5-11,0 x 3,5-4,0mm, livre, sublinear, com ápice
lanceolado e crasso, atropurpúrea, papilosa a verrucosa, três veias longitudinais. Sépalas
laterais 10,5-12,0mm x 2,5-3,0mm, fundidas parcialmente, falcato-lineares quando
separadas, papilosas, atropurpúreas, com três veias.
Pétalas 2,5-3,0mm x 2,5-3,0mm,
oblelípticas, assimétricas, com ápice apiculado e com uma projeção que é um
prolongamento da veia central, bordas arredondadas, base alongada. Labelo 2,0-2,5 x 1,01,5mm, papiloso a verrucoso, trilobado, com lobo central ligulado, lobos laterais elevados
formando um tubo, auriculares quando estendidos, acompanhando os veias longitudinais,
com calo central, duas projeções laterais com 0,2-0,5 x 0,1-0,3mm, e duas projeções
posteriores. Coluna reta, curta, 2,0-2,2mm compr., com projeções auriculares laterais ao
estigma, pé da coluna 1,5-1,7mm compr.
113
Distribuição geográfica: Minas Gerais até Rio Grande do Sul. No estado, ocorre no Litoral
Extremo Norte, na Depressão Central, na Encosta Inferior do Nordeste, na Serra do Sudeste
e na Encosta do Sudeste.
Hábitat: epífita em Floresta Estacional Semidecidual e Decidual, Floresta Ombrófila
Densa. Ocasionalmente pode ser encontrada como rupícola.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os
meses de janeiro e junho. Frutos foram registrados entre março e agosto.
Observações: Acianthera saurocephala é uma das maiores do gênero no estado. Apresenta
normalmente ramicaules com três entrenós. Apenas A. luteola apresenta, normalmente,
ramicaules com três entrenós, e A. pubescens apresenta quatro, enquanto todas as demais
espécies apresentam dois.
As sépalas laterais das flores desta espécie apresentam-se diferentes graus de fusão,
variando de indivíduo para indivíduo. Enquanto em algumas as sépalas são fundidas até
próximo ao seu ápice, outras têm-nas coladas apenas próximo às suas bases.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Candelária, 3 setembro 1979, J
L. Waechter 1354 (ICN); Itaara, 22 março 1998, T. B. Breier s. n. (SMDB 6654); Novo
Hamburgo, janeiro 1926, J. Dutra 869 (ICN); Osório, 24 junho 1992, N. Silveira 11531
(HAS 83573); Porto Alegre, 26 maio 1987, V. F. Nunes 5 (HAS); Rio Pardo, abril 1921,
C. Jürgens 22 (ICN); São Leopoldo, 5 agosto 1978, J L. Waechter 900 (ICN).
114
22. Acianthera serpentula (Barb.Rodr.) F. Barros, Hoehnea 30: 187. 2003 (Fig. 106-110)
Basiônimo: Pleurothallis serpentula Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 20. 1882.
Erva reptante, epifítica, 7,0-14,5cm alt. Rizoma 1,5-2,0mm esp. Entrenós 5,011,0mm compr. Ramicaules sulcados, 1,0-1,5mm esp., 17,0-77,0mm compr., com dois
entrenós; Folhas 4,0-6,5 x 2,0-3,0cm, lanceolado-ovaladas, alongadas, com ápice
acuminado.
Inflorescência com eixo reduzido, 0,5-2,0cm compr., com espata reduzida cerca
2,0mm. Uma flor por vez, ocasionalmente duas, ressupinadas, predominantemente vinosas.
Sépala mediana 14,5-16,0 x 4,0-5,0mm, livre, lanceolada, branca com ápice vinoso, três
veias atropurpúreas paralelas. Sépalas laterais 12,5-13,5 x 4,5-5,0mm, inteiramente
fundidas, ligeiramente falcadas quando separadas, com ápice agudo, vinosas, com três veias
paralelas. Pétalas 4,5-6,0 x 1,5-2,0mm, aproximadamente rômbicas no ápice, alongadas na
base, com margens fimbriadas, brancas, com três veias paralelas, atropurpúreas. Labelo
6,5-7,5 x 3,5-3,9mm, ligulado, trilobado, papiloso, com três veias longitudinais, lobos
laterais auriculares começando na base até aproximadamente 2/3 do compr. do labelo, com
projeções laterais de 0,5-1,5mm compr. e cerca de 1,0mm larg. Coluna curva, 5,5-6,0mm
compr., com projeções laterais ao clinândrio, pé da coluna 2,0-3,0mm compr.
Distribuição geográfica: Minas Gerais até Rio Grande do Sul, onde ocorre no Litoral
Extremo Norte e no Centro Norte.
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Densa e em Florestas Turfosas e Arenosas.
115
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os meses
de março e julho. Frutos foram registrados entre abril e agosto.
Observações: esta espécie é similar, tanto vegetativamente como nos caracteres florais, a A.
cryptoceras, A. saundersiana, A. tristis (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase e A.
papillosa. Distingue-se das três primeiras por apresentar apenas três veias atropúrpureas na
sépala mediana, contra cinco das demais. A última espécie apresenta flores de colorido
diferente (alaranjado) e é menor, atingindo no máximo 3,0cm alt., enquanto A. serpentula
tem 7,0cm alt., no mínimo.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Terra de Areia, 15 abril 1989,
P. C. Neves s. n. (ICN 83279); Torres, 15 julho 1972, B. E. Irgang, et al. s. n. (ICN
27993); Tramandaí, 23 abril 1976, M. L. Baptista s. n. (ICN 31286).
23. Acianthera sonderana (Rchb. f.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 246. 2001
(Fig. 111-115)
Basiônimo: Pleurothallis sonderana Rchb. f., Linnaea 22: 830. 1849.
Erva cespitosa, epifítica, 4,0-8,0cm alt. Rizoma 0,2-0,5mm esp. Entrenós 0,21,0mm compr. Ramicaules sulcados, 0,5-1,0mm esp., 3,0-40,0mm compr., com dois
entrenós. Folhas 1,0-4,5 x 0,2-0,5cm, linear-lanceoladas, crassas, sulcadas.
Inflorescência racemosa 2,5-3,5cm compr., com espata até 2,2mm. Flores duas a sete,
abrindo em sucessão e permanecendo abertas simultaneamente, não ressupinadas. Sépala
116
mediana 5,0-5,5mm x 1,5-2,0mm, lanceolada, livre, laranja, com três veias, a central
elevada na face externa formando uma carena. Sépalas laterais 5,5-6,0mm x 1,5-2,0mm,
fundidas até próximo do ápice, levemente falcadas quando separadas, alaranjadas, com três
veias, a central formando um calo longitudinal. Pétalas 2,5-3,0 x 1,0-2,0mm, lanceoladas,
assimétricas, ápice acuminado, alaranjadas, com uma veia longitudinal. Labelo 2,5-3,0 x
1,0-1,5mm, alaranjado, trilobado, lobo anterior oblongo, fimbriado, com dois calos laterais,
lobos laterais enrolados em tubo, quando estendidos falciformes. Coluna reta, 1,0-2,0mm
compr., pé da coluna 1,0-1,5mm compr.
Distribuição geográfica: Minas Gerais até Uruguai. No estado, ocorre no Litoral Extremo
Norte, na Depressão Central, na Encosta Inferior do Nordeste e na Serra do Sudeste.
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Mista e Densa, Floresta Estacional Semidecidual e
Decidual.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os meses
de fevereiro e julho. Frutos foram registrados entre março e agosto.
Observações: embora bastante diferentes entre si, uma série de características sugerem um
parentesco próximo entre A. sonderana e A. glumacea, como as inflorescências muito
semelhantes e as flores não ressupinadas, com sinsépalo dotado de carenas externas.
Futuros estudos filogenéticos poderão avaliar esta hipótese.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Bom Jesus, 19 março .1999, M.
Rossato & R. Wasun 79 (HUCS); Osório, 4 março 1933, C. Orth s. n. (PACA 278);
Pelotas, 21 abril 1965, R. T. Alves s. n. (PEL 6750); Pinheiro Machado, 11 dezembro
117
1983, J. Mattos & N. Silveira 25322 (HAS); Porto Alegre, maio 1926, J. Dutra 1151
(ICN); Santa Cruz do Sul, 24 julho 1980, J. L. Waechter 1668 (ICN); Santana da Boa
Vista, 24 julho 1980, J. L. Waechter 1672 (ICN); Salvador do Sul, 26 abril 1961, A.
Sehnem 7853 (PACA); Três Forquilhas, 27 março 1990, J. L. Waechter 2411 (ICN; PEL;
HAS).
24. Acianthera tristis (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase, Lindleyana 16: 246. 2001 (Fig.
116-120)
Basiônimo: Pleurothallis tristis Barb.Rodr., Gen. Sp. Orchid. 2: 293. 1882.
Erva reptante, epifítica, 8,0-15,0cm de altura. Rizoma 1,0-1,5mm esp. Entrenós 8,010,0mm. Ramicaules distantes entre si 13,0-45,0mm, sulcados, 1,0-1,5mm esp., 60,0130,0mm compr., com dois segmentos; Folhas 7,0-7,5 x 2,0-2,5cm, elíptico-lanceoladas.
Inflorescência 3,5-4,0cm compr., com espata de 8,0mm, pedicelos 2,0-2,5mm
compr. Flores começando a ocorrer entre 2,0-2,5cm da base da inflorescência, com até seis
abrindo em sucessão, uma a duas abertas ao mesmo tempo, ressupinadas. Sépala mediana
8,0-8,5 x 2,5-3,0mm, lanceolada com ápice obtuso, livre, vinosas a atropurpúreas, ápice
mais escuro, cinco veias, atropurpúreas. Sépalas laterais 12,0-12,5 x 2,5-3,0mm, fundidas
até o ápice, semi-elípticas quando separadas, vinosas a atropurpúreas, com base hialina.
Pétalas 3,0-3,5 x 1,0-1,5mm, lineares com ápice apiculado, hialinas, com uma veia
longitudinal atropurpúrea; Labelo 3,0-4,0 x 1,0-1,5mm, ligulado, discretamente trilobado,
lobos laterais alongados e elevados, formando dois calos longitudinais paralelos, com
118
contrição próxima da base, atropurpúreo. Coluna reta 3,0-3,5mm compr., com projeções
aliformes, pé da coluna 1,5-2,0mm compr.
Distribuição geográfica: Paraná e Rio Grande do Sul, onde foi encontrado no Litoral
Extremo Norte. É provável que esta espécie ocorra no Estado de Santa Catarina também.
Hábitat: epífita em Floresta Ombrófila Densa.
Floração e frutificação: indivíduos desta espécie foram encontrados floridos entre os meses
de maio e junho. Não foram localizados frutos.
Observações: A. tristis foi descrita por Rodrigues (1882) e não havia sido referida em
publicações posteriores. O único indivíduo encontrado vegetava em uma área de floresta
que foi destruída. É possível que este táxon tenha origem híbrida, devido a algumas
características intermediárias entre grupos de espécies de Acianthera, como a inflorescência
alongada com flores que abrem em sucessão. Além disto, o indivíduo encontrado apresenta
uma grande plasticidade fenotípica em suas estruturas vegetativas. O hábito da planta,
quando encontrada, lembrava A. macropoda. Com o passar do tempo, mantida em cultivo,
seu hábito passou a se assemelhar com A. cryptoceras ou A. saundersiana. A parentagem
deste suposto híbrido, no entanto, é difícil de estabelecer, já que alguns caracteres, em
especial a forma e os calos do labelo, não se assemelham a nenhuma outra espécie existente
na região.
Material selecionado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Arroio do Sal (em cultivo),
12.VII.2001, C. N. Gonçalves 45 (ICN).
AGRADECIMENTOS
119
O primeiro autor agradece a Cristiane F. de Azevedo-Gonçalves pelas sugestões e a
CAPES pela bolsa concedida.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, L. W.; CITADINI-ZANETTE, V.; MARTAU, L. & BACKES, A. 1981.
Composição florística de epífitos vasculares numa área localizada nos municípios de
Montenegro e Triunfo, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Série Botânica, 28: 55-93.
BARROS, F. de. 1988. Morfologia da coluna e sua aplicação na taxonomia do gênero
Pleurothallis R.Br. (Orchidaceae) no Brasil. 215 f. Dissertação (Mestrado em Ciência
Biológicas) – Instituto de Biociências. Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
BARROS, F. de. 2002. Notas nomenclaturais em Pleurothallidinae (Orchidaceae),
principalmente brasileiras. Bradea, 8: 293-297.
BARROS, F. de. 2003. Notas taxonômicas sobre espécies brasileiras dos gêneros
Catasetum, Isabelia, Veyretia, Acianthera e Anathallis (Orchidaceae). Hoehnea, 30: 181191.
BARROS, F. de, & PINHEIRO, F. 2002. Duas novas combinações em Pleurothallidinae
(Orchidaceae) de Grão Mogol (Minas Gerais, Brasil). Bradea, 8: 329-330.
BORBA, E. L., FELIX, J. M., SEMIR, J. & SOLFERINI, V. N. 2000. Pleurothallis
fabiobarrosii, a new Brazilian species: morphological and genetic data with notes on the
taxonomy of Brazilian rupicolous Pleurothallis. Lindleyana, 15: 2-9.
120
BORBA, E. L., FELIX, J. M., SOLFERINI, V. N. & SEMIR, J. 2001. Fly-pollinated
Pleurothallis (Orchidaceae) species have high genetic variability: evidence from isozyme
markers. American Journal of Botany, 88: 419-428.
BORBA, E. L. & SEMIR, J. 2001. Pollinator specificity and convergence in fly-pollinated
Pleurothallis Species: A multiple population approach. Annals of Botany, 88: 75-88.
BORBA, E. L., SEMIR, J. & SHEPHERD, G. J. 2001. Self-incompatibility, inbreeding
depression and crossing potential in five Brazilian Pleurothallis (Orchidaceae) species.
Annals of Botany, 88: 89-99.
BORBA, E. L., SHEPHERD, G. J., VAN DEN BERG, C. & SEMIR, J. 2002. Floral and
vegetative morphometrics of five Pleurothallis (Orchidaceae) species: correlation with
taxonomy, phylogeny, genetic variability and pollination systems. Annals of Botany, 90:
219-230.
BREIER, T. B. & ROSITO, J. M. 1999. Orquídeas epifíticas de uma floresta sazonal na
encosta da Serra Geral, Itaara, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Ciência e Natura, 21: 8675.
COGNIAUX, A. 1893-1896. Orchidaceae. In: Martius, C. F. P. & Eichler, A. G. Flora
Brasiliensis. Frid. Fleicher: Ed. Monachii, v. 3, n. 4, 672 p.
DRESSLER, R. L. 1961. The structure of the orchid flower. Missouri Botanical Garden
Bulletin, 49: 60-69.
DRESSLER, R. L. 1993. Phylogeny and classification of the orchid family. Portland:
Dioscories Press. 314p.
121
DITTRICH, V. A. DE O., KOZERA, C. & MENEZES-SILVA, S. 1999. Levantamento
florístico dos epífitos vasculares do Parque Barigüi, Curitiba, Paraná, Brasil. Iheringia,
Série Botânica, 52: 11-21.
FORTES, A. B. 1959. Geografia física do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo. 393 p.
GONÇALVES, C. N. & WAECHTER, J. L. 2002. Epífitos vasculares sobre espécimes de
Ficus organensis isoladas no norte da planície costeira do Rio Grande do Sul: Padrões de
abundância e distribuição. Acta Botanica Brasílica, 16: 429-441.
GONÇALVES, C. N. & WAECHTER, J. L. 2003. Aspectos florísticos e ecológicos de
epífitos vasculares sobre figueiras isoladas no norte da planície costeira do Rio Grande do
Sul. Acta Botanica Brasilica, 17: 89-100.
GONÇALVES, C. N. & WAECHTER, J. L. 2004. Notas taxonômicas e nomenclaturais em
espécies brasileiras de Acianthera (Orchidaceae). Hoehnea, 31: 113-117.
HARVARD UNIVERSITY. 1968. Gray Herbarium Index. Harvard University. Boston: G.
K. Hall et Co., v. 5, p. 568-572.
INDEX OF BOTANICAL PUBLICATION. 2003. Havard: Harvard University. Disponível
em: <http://www.huh.harvard.edu/databases/cms/publications-index.html>. Acesso em: 18
jun. 2003.
INDEX
OF
BOTANIST.
2003.
Havard:
Harvard
University.
Disponível
em:
<http://www.huh.harvard.edu/databases/cms/botanist-index.html>. Acesso em: 10 dez.
2003.
INTERNATIONAL
PLANT
NAME
INDEX.
2005.
<//http:www.ipni.org/ipni/query-ipni.html>. Acesso em: 15 fev. 2005
Disponível
em
122
KERSTEN, R. de A. & MENEZES-SILVA, S. 2001. Composição florística e estrutura do
componente epifítico vascular em floresta de planície litorânea na Ilha do Mel, Paraná,
Brasil. Revista Brasileira de Botânica, 24: 213-226.
LINDLEY, J. 1836. Pleurothallis pubescens Lindley. Companion to the Botanical
Magazine, London, n. 2, p. 355.
LINDLEY, J. 1843. Pleurothallis smithiana Lindley. Edwards's Botanical Register, n. 29,
M. 57-58.
LUER, C. A. 1981. Miscellaneous new species in the Pleurothallidinae (Orchidaceae).
Selbyana, 5: 389-396.
LUER, C. A. 1986a. Icones Pleurothallidinarum I. Systematics of the Pleurothallidinae,
Monographs in Systematic Botany of the Missouri Botanical Garden, 15: 1-81.
LUER, C. A. 1986b. Icones Pleurothallidinarum III. Systematics of Pleurothallis,
Monographs in Systematic Botany of the Missouri Botanical Garden, 20: 1-108.
LUER, C. A. 2004. Icones Pleurothallidinarum XXVI. Pleurothallis subgenus Acianthera
and three allied subgenera. Monographs in Systematic Botany from the Missouri Botanical
Garden, 95: 1-114.
NEW YORK BOTANICAL GARDEN. 2005. Index Herbariorum, Part I – The Herbaria of
the Word. Disponível em: <http://207.156.243.8/emu/ih/index.php> . Acesso em: 20 maio
2005.
NUNES, V. F. & WAECHTER, J. L. 1998. Florística e aspectos fitogeográficos de
Orchidaceae epifíticas de um morro granítico subtropical. Pesquisas, 48: 127-162.
123
NEYLAND, R., URBATSCH, L. E. & PRIDGEON, A. M. 1995. A phylogenetic analysis
of subtribe Pleurothallidinae (Orchidaceae). Botanical Journal of the Linnean Society, 117:
13-28.
PABST, G. F. J. 1953. Glossário de termos botânicos. Orquídea, 5: 183-189.
PABST, G. F. J. 1972. Notícias Orquidológicas – XIII. Bradea, 1: 187-190.
PABST, G. F. J. 1973. Addimenta ad orchideologiam brasiliensem – XV. Bradea, 1: 361370.
PABST, G. F. J. & Dungs, F. 1975. Orchidaceae brasilienses, v. 1. Brücke: Hildesheim.
408 p.
PRIDGEON, A. M. & CHASE, M. W. 2001. A phylogenetic reclassification of
Pleurothallidinae (Orchidaceae). Lindleyana, 16: 235-271.
PRIDGEON, A. M., SOLANO, R., CHASE, M. W. 2001. Phylogenetic relations in
Pleurothallidinae (Orchidaceae): combined evidence from nuclear and plastid DNA
sequences. American Journal of Botany, 88: 2286-2308.
ROYAL BOTANIC GARDENS, KEW. 2005. Kew Record of Taxonomic Literature.
Disponível em: <http://www.rbgkew.org.uk/bibliographies/KR/KRHomeExt.html>. Acesso
em 15 fev. 2005.
RODRIGUES, J. B. 1877. Genera et Species Orchidearum Novarum, v. 1. Rio de Janeiro:
Imprimerie de C. et H. Fleiuss. 206 p.
RODRIGUES, J. B. 1882. Genera et Species Orchidearum Novarum, v. 2. Rio de Janeiro:
Typographia Nacional. 295 p.
124
SAMPAIO, A. J. de. 1939a. Iniciação em systematica de Orchideas I. Orchidea, 1: 142158.
SAMPAIO, A. J. de. 1939b. Iniciação em systematica de Orchideas II. Orchidea, 2: 20-32.
SAMPAIO, A. J. de. 1939c. Iniciação em systematica de Orchideas III. Orchidea, 2: 54-62.
SINGER, R. B. & COCUCCI, A. A. 1999. Pollination mechanism in four sympatric
southern Brazilian Epidendroidae orchids. Lindleyana, 14: 47-56.
SPRUNGER, S., CRIBB, P. & TOSCANO-DE-BRITO, A.L.V. (Eds.). 1996. João
Barbosa Rodrigues – Iconographie des Orchidées du Brésil, v. 1. The illustrations. Basle:
Friedrich Reinhardt. 540 p.
SPRUNGER, S. 1996. Catalogue. In: SPRUNGER, S., CRIBB, P. & TOSCANO-DEBRITO, A.L.V. (Eds.). João Barbosa Rodrigues – Iconographie des Orchidées du Brésil,
v. 2. The texts. Basle: Friedrich Reinhardt, p. 415-515.
STENZEL, H. 2000. Pollen morphology of the subtribe Pleurothallidinae Lindl.
(Orchidaceae). Grana, 39: 108-125.
WAECHTER, J. L. 1986. Epífitos vasculares da mata paludosa do Faxinal, Torres, Rio
Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Série Botânica, 34: 39-49.
WAECHTER, J. L. 1998a. Epiphytic orchids in eastern subtropical South America. In:
Proceedings of the 15th World Orchid Conference, Rio de Janeiro, 1998. Turriers: Naturalia
Publications, p. 332-341.
WAECHTER, J. L. 1998b. Epifitismo vascular em uma floresta de restinga do Brasil
subtropical. Revista Ciência e Natura, 20: 43-66.
125
WAECHTER, J. L. & BAPTISTA, L. R. M. 2004. Abundância e distribuição de orquídeas
epifíticas em uma floresta turfosa do Brasil Meridional. In: BARROS, F. de et al. (Eds.)
Orquidologia sul-americana: uma compilação cientifica. São Paulo: Instituto de Botânica
do Estado de São Paulo. p. 135-145.
Lista de exsicatas de Acianthera examinadas neste trabalho.
Adelino: SMDB 2054 (11)
Alves, R. T.: PEL 6750 (23)
Arzivenco, L.: 50 (11-ICN)
Augusto, I.: 3787 (10-ICN)
Baptista, M. L.: ICN 31286 (22)
Bento, I.: 372 (19-ICN)
Brade, A. C.: 17387 (11-RB), 17834 (20-RB), 20008 (14-RB), RB 28837 (23)
Brauner, G. L.: 25 (18-PEL)
Breier, T. B.: 120 (10-ICN), SMDB 5600 (11), SMDB 6654 (21)
Bruxel, A: PACA 29715 (14)
Buck, P.: PACA 26812 (10)
Bueno, O.: 3049A (7-HAS); 3049 (11-HAS); 3050 (3-HAS)
Camargo, O R.: 2307 (20-PACA), 3040 (10-PACA), 5404 (10-HAS), HAS 82274 (11)
126
Cararo, G.: HUCS 13383 (5)
Carriz, B.: 2560 (18-RB)
Ceroni, Z.: ICN 4899 (11), HAS 5639 (11)
Citadini-Zanette, V.: HAS 10946 (10), ICN 32451 (1)
Cordeiro, J.: 252 (23-PACA)
Dantas, E.: RB 62450 (14)
Dutra, J.: 843 (14-ICN), 850 (10-ICN), 853 (10-ICN), 858 (21-ICN), 861 (20-ICN), 866
(20-ICN), 866a (20-ICN), 868 (18-ICN), 869 (21-ICN), 871 (19-ICN), 894 (2-ICN), 896
(11-ICN), 902 (8-ICN), 920 (22-ICN), 922 (14-ICN), 926 (18-ICN), 984 (15-ICN), 986
(11-ICN), 1000 (11-ICN), 1041 (17-ICN), 1041b (13-ICN), 1042 (18-ICN), 1056 (7-ICN),
1063 (3-ICN), 1069 (1-ICN), 1088 (5-ICN), 1095 (4-ICN), 1108 (20-ICN), 1109 (11-ICN),
1135 (19-ICN), 1151 (23-ICN)
E. S.: ICN 47319 (20), ICN 47320 (21)
Fernandes, I.: 268 (10-ICN)
Ferreira, A. G.: 528 (2-ICN)
Frank, M.: PACA 5425 (1), PACA 51286 (18)
Gilda: 612 (11-PACA)
Gonçalves, C. N.: 45 (24-ICN), ICN 115195 (16),
Gurgel: RB 37569 (23)
Hagelund, K.: 12197 (10-HAS), 13864 (11-HAS), 14843 (8-ICN)
127
Hatschbach, G.: RB 56614 (11), 700 (14-RB)
Henz, E.: PACA 32552 (10)
Hess, B.: RB 28823 (23)
Irgang, B. E.: ICN 27993 (22), HURG 003355 (18)
Jarenkow, J. A.: 539 (18-PEL), 608 (18-PEL), 1124 (18-PEL), 3312 (18-PEL), 3678 (10PEL)
Jasper, A.: 01/A (20-PACA), 03/A (11-PACA), HUCS 7729 (20), HUCS 7730 (11), HUCS
7844 (11), HUCS 7845 (20), HUCS 8060 (5), HUCS 8615 (11), PACA 71112 (11),
Jessmam, G.: 102 (18-RB)
Jung, J.: ICN 21897 (11)
Jürgens: 16 (14-ICN), 20 (20-ICN), 22 (21-ICN)
Kleebank, K.: 7 (11-ICN), 8 (7-ICN), 12 (5-ICN)
Körner. L.: ICN 7200 (10), ICN 9281 (10), ICN 41259a (1)
Kuhlman, J. G.: ICN 44128 (4)
Lise, A: HAS 12777 (13)
Longhi, H. M.: ICN 83022 (10)
Mattos, J.: 6459 (10-HAS), 8736 (23-HAS), 17669 (11-HAS), 25322 (23-HAS)
Matzenbacher, N. I.: ICN 59195 (10), ICN 103660 (20)
Maurmann, E.: PACA 1857 (13)
Mazzitelli, S.: 844 (10-HAS)
128
Moura, S.: RB 37081 (14)
Moura, T.: 14 (11-RB)
Neves, N.: 470 (10-HAS)
Neves, P. C.: ICN 83279 (22)
Nilson, A.: HAS 10935 (10)
Nunes, V. F.: 5 (21-HAS), 1236 (14-PACA), 1306 (10-PACA), 1350 (20-ICN), 1378 (10ICN), 1392 (20-ICN), 1400 (20-ICN), 1401 (20-ICN)
Orth, C.: PACA 278 (23), PACA 493 (21), PACA 565 (10), PACA 581 (14), PACA 666
(2), PACA 1709 (18), PACA 1910 (19), PACA 2011 (2), PACA 2856 (21), PACA 33959
(3)
Pabst, G. F. J.: 557 (10-PACA), 635 (18-PACA)
Pedralli, G.: 100 (20-ICN), PEL 8567 (20)
Plaumam, F.: 389 (18-RB), 567 (11-RB), 563 (14-RB)
Porto, P. C.: 50 (18-RB)
Possato, M. P.: HUCS 4410 (11)
Rambo, B.: PACA 1860 (20), PACA 28925 (14), PACA 30665 (2), PACA 32806 (10),
PACA 41827 (10), PACA 41831 (18), PACA 42676 (20), PACA 52892 (10), PACA 6443
(13)
Reitz, R.: 1070 (1-PACA)
Rohr, A.: PACA 28887 (14)
129
Rosa, Z. M.: HAS 1810 (20)
Rossato, M.: 79 (23-HUCS)
Rossoni, M. G.: ICN 98828 (18)
Sacco, J. C.: 1588 (18-PACA, PEL)
Sehnem, A.: 4894 (14-PACA), 7522 (11-PACA), 7853 (23-PACA), 13890 (8-PACA)
Silveira, N.: 426 (11-HAS), 1371 (11-HAS), 2056 (14-HAS), 6290 (22-HAS),11531 (21HAS)
Spannagel, C.: 394 (23-RB)
Theissen, F.: 562 (10-PACA), PACA 7405 (14)
Toledo: 674 (14-RB)
Ungaretti, I.: 275 (10-HAS), 746 (10-HAS)
Vaughan, B.: RB 62451 (23)
Viana, E.: ICN 9780 (14)
Waechter, J. L.: 213 (10-ICN), 222 (20-ICN), 240 (13-ICN), 252 (11-ICN), 369 (10-ICN),
388 (10-ICN), 393 (10-ICN), 510 (22-ICN), 558 (6-ICN), 561 (6-ICN), 564 (6-ICN), 566
(2-ICN), 574 (2-ICN), 595 (19-ICN), 611 (1-ICN), 616 (4-ICN), 763 (12-ICN), 768 (22ICN), 825 (1-ICN), 828 (1-ICN), 831 (5-ICN), 833 (20-ICN), 839 (5-ICN), 842 (2-ICN),
843 (14-ICN), 875 (20-ICN), 887 (9-ICN), 900 (21-ICN), 947 (16-ICN), 980 (20-ICN),
1032 (10-ICN), 1077 (18-ICN), 1171 (8-ICN), 1175 (8-ICN), 1204 (18-ICN), 1211 (20ICN), 1212 (9-ICN), 1214 (23-ICN), 1241 (1-ICN), 1251 (11-ICN), 1354 (21-ICN), 1399
(19-ICN), 1444 (4-HAS, ICN), 1449 (4-ICN), 1632 (14-ICN), 1666 (20-ICN), 1668 (23-
130
ICN), 1670 (14-ICN), 1672 (23-ICN), 1678 (15-ICN), 1704 (11-ICN), 1719 (7-ICN), 1841
(7-ICN), 1879 (5-ICN), 1937 (10-ICN), 1975 (10-ICN), 2071 (10-ICN), 2152 (19-ICN),
2398 (15-ICN), 2398 (15-PEL), 2411 (23-HAS, ICN), 2411 (23-PEL), 2450 (16-ICN),
2501 (11-ICN), 2504 (15-ICN), ICN 41255 (4)
Wasum, R.:, HUCS 157 (11), HUCS 1759 (20), HUCS 5108 (10), HUCS 8515 (20), HUCS
10713 (20), HUCS 12647 (11), PACA 82104 (14)
131
Figuras 1-5. Acianthera alligatorifera (J. L. Waechter 828): 1 – hábito; 2 – sépala
mediana; 3 – sépala lateral; 4 – pétala; 5 – labelo.
132
Figuras 6-10. Acianthera aphthosa (J. Dutra 894): 6 – hábito; 7 – sépala mediana; 8 –
sépala lateral; 9 – pétala; 10 – labelo.
133
Figuras 11-20. Acianthera aveniformis (O. Bueno 3050): 11 – hábito; 12 – sépala
mediana; 13 – sinsépalo; 14 – pétala; 15 – labelo. Acianthera bragae (J. L. Waechter
1444): 16 – hábito; 17 – sépala mediana; 18 – sépala lateral; 19 – pétala; 20 – labelo.
134
Figuras 21-30. Acianthera cryptantha (A. Jasper s. n., J. Dutra 1033): 21 – hábitos; 22
– sépala mediana; 23 – sépala lateral; 24 – pétala; 25 – labelo. Acianthera cryptoceras
(J. L. Waechter 561): 26 – hábito; 27 – sépala mediana; 28 – sépala lateral; 29 –
pétala; 30 – labelo.
135
Figuras 31-40. Acianthera dutrae (J. L. Waechter 1719): 31 – hábito; 32 – sépala
mediana; 33 – sépala lateral; 34 – pétala; 35 – labelo. Acianthera exarticulata (J. L.
Waechter 1171): 36 – hábito; 37 – sépala mediana; 38 – sinsépalo; 39 – pétala; 40 –
labelo.
136
Figuras 41-45. Acianthera fenestrata (J. Dutra 977): 41 – hábito; 42 – sépala mediana;
43 – sépala lateral; 44 – pétala; 45 – labelo.
137
Figuras 46-50. Acianthera glumacea (J. L. Waechter 2071): 46 – hábito; 47 – sépala
mediana; 48 – sinsépalo; 49 – pétala; 50 – labelo.
138
Figuras 51-60. Acianthera hygrophila (J. L. Waechter 252): 51 – hábito; 52 – sépala
mediana; 53 – sépala lateral; 54 – pétala; 55 – labelo. Acianthera hystrix (J. L.
Waechter 763): 56 – hábito; 57 – sépala mediana; 58 – sépala lateral; 59 – pétala; 60 –
labelo.
139
Figuras 61-70. Acianthera karlii (J. Dutra 1041b): 61 – hábito; 62 – sépala mediana; 63
– sépala lateral; 64 – pétala; 65 – labelo, com destaque para os calos basais. Acianthera
luteola (J. Dutra 843): 66 – hábito; 67 – sépala mediana; 68 – sépala lateral; 69 –
pétala; 60 – labelo.
140
Figuras 71-75. Acianthera macropoda (J. L. Waechter 2398): 71 – hábito; 72 – sépala
mediana; 73 – sinsépalo; 74 – pétala; 75 – labelo.
141
Figuras 76-80. Acianthera oligantha (C. N. Gonçalves 45): 76 – hábito; 77 – sépala
mediana; 78 – sinsépalo; 79 – pétala; 80 – labelo.
142
Figuras 81-90. Acianthera papillosa (J. Dutra 1041): 81 – hábito; 82 – sépala mediana;
83 – sinsépalo; 84 – pétala; 85 – labelo. Acianthera pubescens (Campos Porto 50): 86 –
hábito; 87 – sépala mediana; 88 – sinsépalo; 89 – pétala; 90 – labelo.
143
Figuras 91-100. Acianthera recurva (J. Dutra 849): 91 – hábito; 92 – sépala mediana;
93 – sinsépalo; 94 – pétala; 95 – labelo. Acianthera saundersiana (R. Wasun et al. s.
n.): 96 – hábito; 97 – sépala mediana; 98 – sépala lateral; 99 – pétala; 100 – labelo.
144
Figuras 101-105. Acianthera saurocephala (J. L. Waechter 900): 101 – hábito; 102 –
sépala mediana; 103 – sinsépalo; 104 – pétala;
145
Figuras 106-110. Acianthera serpentula (J. L. Waechter 768): 106 – hábito; 107 –
sépala mediana; 108 – sépala lateral; 109 – pétala; 110 – labelo.
146
Figuras 111-120. Acianthera sonderana (J. L. Waechter 1668): 111 – hábito; 112 –
sépala mediana; 113 – sépala lateral; 114 – pétala; 115 – labelo. Acianthera tristis (C.
N. Gonçalves 45): 116 – hábito; 117 – sépala mediana; 118 – sinsépalo; 119 – pétala;
120 – labelo.
147
CAPÍTULO 4
BIOGEOGRAPHY OF ACIANTHERA (ORCHIDACEAE) IN ATLANTIC BRAZIL AND
ADJACENT AREAS
148
Article type: Original article
Title:
Biogeography of Acianthera (Orchidaceae) in Atlantic Brazil and adjacent areas*
CEZAR NEUBERT GONÇALVES. Author for correspondence.
Address: IBAMA, Parque Nacional da Chapada Diamantina, Rua Barão do Rio Branco, nº
27, Palmeiras, BA, 46.930-000, Brazil, e-mail: krisfag@hotmail.com.
JORGE LUIZ WAECHTER
Address: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação
em Botânica, Av. Bento Gonçalves, nº 9500, Porto Alegre, RS, 91570-900, Brazil.
* - Manuscript according to Journal of Biogeography format.
149
Abstract
The biogeography of Brazilian orchids is relatively poor known. The few works that
were made showed a concentration of species in the Atlantic rain forest biome on the
Eastern and Southern areas of Brazil. This biome is composed by different physiognomies
including evergreen rain forests, seasonal forests and mixed forests with araucaria.
Orchidaceae richness is extremely variable between then, conditioned mainly by
temperature and water availability.
Acianthera Scheidw. was recently reevaluated as a consequence of phylogenetic
analyses. Several species of Pleurothallis R. Br. s. l. were transferred to Acianthera since
then. This genus is one of the richest in floristic samples focused on vascular epiphytes in
Brazil. In this work, we analyze the distribution of this genus in the Southern and Eastern
Brazil, in areas of the Atlantic rain forest biome.
The sampling units was composed by the different physiognomies of Atlantic rain
forest (rain, seasonal and araucaria forests) present in each Brazilian state and in Misiones
province, Argentina. Data of species distribution were obtained from the literature and from
13 herbaria. A simplified matrix was used to compare the three physiognomies and a
complete matrix was used to compare the 13 sample units using multivariate analyses.
Eighty-six species were found. Only two were predominantly rupicolous, while all
the other are epiphytes. Few species of Acianthera from Atlantic rain forest were found out
of this biome. Species richness is concentrated in the Southeastern Brazil. Rio de Janeiro
rain forest had the highest species number, with many endemisms. Minas Gerais seasonal
150
forest is also species rich and clearly different for the remainder seasonal forests. The
smaller species number was recorded to Misiones, the western area sampled. Ten sampling
units was arranged as a gradient from warmer to cooler conditions in the ordination, but
the three others did not conform with this pattern. The three areas with araucaria forest was
linked together in the multivariate analyses, and the rain forests from Southeastern Brazil
plus Santa Catarina state was linked with seasonal forests from Minas Gerais state.
Ecological factors, as temperature and water availability, appear control the
distribution of Acianthera. Drier and cooler areas are colonized mainly by species with
wide distribution, probably tolerant to conditions less suitable for vascular epiphytes.
However, the large number of endemics restricted to Southeastern Brazil could be credited
to the occurrence of refuges in glacial ages during the Pleistocene climatic changes.
Key words: Orchidaceae, Pleurothallidinae, Acianthera, biogeography, Atlantic rain
forest, seasonal forest, mixed forest, Brazil, epiphytes, lithophytes.
Introduction
There are relatively few publications concerning the biogeography of Orchidaceae
(Schelpe, 1978; Fowlie, 1981; Linder, 1983; Catling & Brownell, 1986; Reddoch &
Reddoch, 1997; Blinova, 2004; Linder et al., 2005). The biogeography of Brazilian
Orchidaceae is also poorly known. Cogniaux (1907) made the first approach. He studied
the distribution of Orchidaceae based on the data from Flora Brasiliensis (Cogniaux, 1896)
and some further contributions. Brieger (1973) showed the existence of a concentration of
taxa for some groups in Southeastern Brazil. Pabst & Dungs (1975) suggested the existence
of southward and northward migration routes connecting Andes and the Atlantic rain forest
in Southeastern Brazil, and this area to Northern and Southern regions. Waechter (1998b)
151
showed that the distribution of Orchidaceae in eastern subtropical South America follows a
gradient of diversity with a great reduction in the species occurrence at the 30°S parallel.
Cattleya Lindl. and Laelia Lindl. s. l. are the two unique Brazilian genera that had their
biogeography extensively studied (Dungs & Pabst, 1974; Van den Berg & Martins, 1997).
Both genera have a high diversity in the Atlantic rain forest, with several endemisms.
The Atlantic rain forest is one of the richest and endangered biome of the world,
with only 7 % of its original vegetation remaining (SOS Mata Atlântica, 2001). Its range
includes ten Brazilian states and areas of Paraguay and Argentina, with a great floristic
diversity and different physiognomies (Veloso & Góes-Filho, 1982). The Atlantic rain
forest sensu stricto is an evergreen forest located at moister and warmer areas of the biome,
with a high diversity of vascular epiphytes, including several Orchidaceae (Veloso & GóesFilho, 1982). The Atlantic rain forest biome also includes some forests floristically and
physiognomically different of the previously cited, as the semideciduous and deciduous
forests. They are normally located at cooler and drier regions and have a smaller epiphyte
diversity (Roderjan et al., 2001, 2002). Other physiognomy is the mixed rainforests, or
forest with araucaria, characterized by the presence of Araucaria angustifolia (Bertol.)
Kuntze. This forest is characteristic in the Southern Brazilian plateau, located at a relatively
cooler and moister climate. It occurs in some disjunctions in Southeastern Brazil and in
some areas in Argentina and Paraguay. Epiphytism is intermediate in frequency and
diversity among the others forests formations (Leite, 2002). Studies on floristics and
phytosociology of vascular epiphytes in all the Atlantic rain forest physiognomies normally
showed many species of orchids. Several of them are Acianthera Scheidw., although they
were normally related in the literature as Pleurothallis R.Br. ((Aguiar et al., 1981; Miller et
152
al., 1994; Fontoura et al., 1997; Repetur et al., 1997; Nunes & Waechter, 1998; Waechter,
1998b; Dittrich et al., 1999; Gonçalves & Waechter, 2003; Rogalski & Zanin, 2003).
Acianthera is a Neotropical genus of the subtribe Pleurothallidinae (Orchidaceae)
with a great number of species in Brazil (Luer, 1986; Pridgeon & Chase, 2001). It was
treated as a subgenus of Pleurothallis for a long time and was reevaluated recently in
function of phylogenetic analyses (Pridgeon et al., 2001). It is characterized by the
inflorescence that emerges in the upper of the ramicauls, without an annulus, and by the
presence of two pollinia (Luer, 1986; Pridgeon & Chase, 2001). The majority of its species
is epiphytic, with some of them rupicolous (Luer, 1986; Miller et al., 1994; Fontoura et al.,
1997; Waechter, 1998a; Borba et al., 2001).
This article is a first approach of the Biogeography of Acianthera in Southern and
Eastern Brazil and adjacent areas, based on available data (floristic surveys, taxonomic
studies and herbaria samples), studying the diversity and the distribution of species, as well
as the relations between areas of the Atlantic rain forest.
Materials and Methods
Pridgeon & Chase (2001) defined the generic concept of Acianthera used in this
study. Further contributions include Barros (2002, 2003, 2004), Gonçalves & Waechter
(2004), Luer (2004), among others. Luer (2004) transferred several species from
Acianthera to Specklinia Lindl. and to the new genus Apoda-prorepentia Luer. These
transferences were based in morphological features and were not adopted in this work.
Pabst & Dungs (1975) organized the Brazilian species of Pleurothallis s. l. in “alliances”.
Several alliances concern species actually classified as Acianthera, but at least 11 species
153
were not yet transferred to this genus. They were excluded in the analyses presented in this
work.
Acianthera cryptoceras (Rchb. f.) F. Barros and A. bidentula (Barb.Rodr.) Pridgeon
& M.W. Chase were listed as a single species in this work. They are closely related but now
distinct species (Barros, 2003, 2004; chapter 3). Pabst & Dungs (1975) and Sprunger
(1996) consider them as synonyms, so the references about them in the literature are very
confuse. Acianthera has five rupicolous species restricted to “campos rupestres” vegetation
(Borba et al., 2001). At least one of them also occurs in mountain areas of Rio de Janeiro
state (Acianthera teres (Lindl.) Borba), sampled in this study, but it was excluded from the
matrix because the remaining areas of its distribution range were not included in the
analysis.
The limits of the Atlantic rain forest biome and its physiognomies were the
presented in the Atlas Florestal da Mata Atlântica – Atlantic Rain Forest Atlas (SOS Mata
Atlântica, 2001) and in other publications (Veloso & Góes-Filho, 1982; Roderjan et al.,
2001, 2002; Leite, 2002). It is somewhat different from other definitions adopted in the
scientific literature (Hueck 1972; Cabrera & Willink, 1980; Oliveira-Filho & Fontes, 2000).
The differences are relative to the extension of the Atlantic rain forest s. s. and to the
interpretation of the floristic connections between this physiognomy and other Brazilian
forests (seasonal and “mixed” forests).
The information about Acianthera species distribution along the Atlantic rain forest
is normally presented, in the literature, by political “areas” (Brazilian states, Argentinean
provinces, etc.). The sampling areas were composed using a simplified concept of the
different forest physiognomies into these areas. The Atlantic rain forest sensu stricto, and
154
pioneer formations (mangroves, “restinga”, etc.) were treated as a single unit, the “rain or
coastal forests” (R, hereafter). In the same way, semideciduous and deciduous seasonal
forests were treated as “seasonal or interior forests” (S), and mixed rain forests and the
cloud forests are treated as “forests with araucaria from the Southern Brazilian plateau” or
simply “araucaria forests” (A). Data were obtained from 13 areas (Fig. 1), including the R
area from the state of Bahia, in Northeast Brazil, and S area of Misiones province,
Argentina. No data were found from S area in Paraná and Santa Catarina states, and from
the araucaria forest of Southeast Brazil. Only one floristic sample was found in the R area
of Paraná state (Kersten & Menezes-Silva, 2001), with a single Acianthera species
recorded. This area was considered insufficiently sampled and thus excluded of the
analysis.
The matrix of species distribution (Tab. 1) was based on data from 13 herbaria
[HAS, HASU, HUCS, HURG, ICN, MPUC, PACA, PEL, RB, SMDB, SP, SPF, HUEFS
(herbaria acronyms according to Holmgren et al., 1990)], from taxonomic samplings, and
regional floras. This matrix was used to infer distributional patterns and data about species
occurrences in the different physiognomies and to make an exploratory multivariate
analysis, with the Jaccard index as resemblance measure and the principal coordinate
analyses for ordination. A dendrogram was elaborated also using a dissimilarity index
derived from Jaccard and incremental sum of squares for clustering. The programs used
was the SYN-TAX (Podani, 2000). The three diferent phygsionomies were compared using
randomization test via analyses of variance, with 5,000 iterations and
= 0.05, to evaluate
the null hypothesis considering the inexistence of differences between them. The program
used in this test was the Multiv 2.1 (Pillar, 2001).
155
Results
Eighty-six species of Acianthera were registered in the study area (Appendix 1).
The majority of them were primarily epiphytic. Two were predominantly rupicolous (A.
hamosa and A. prolifera).
Only six species occurred in areas out of the Atlantic rain forest biome. Two of
them occurred northwards to North America (Mexico). Acianthera ramosa occurred in
Cerrado areas and A. hygrophila was registered in Amazonian areas. A. sonderana was
found in the Uruguay and is the species with the southernmost occurrence in the genus. It
also had the widest range of distribution (11 areas) in the 13 sampled areas. A.
saundersiana (Rchb. f.) Pridgeon & M.W. Chase was recorded for 10 areas and four others
(A. hygrophila (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase, A. pubescens (Lindl.) Pridgeon &
M.W. Chase, A. recurva (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase e A. luteola (Lindl.) Pridgeon &
M.W. Chase) occurred in nine areas. The number of species occurring in one area each is
38. Only one species (A. cearensis) is referred for Atlantic rain forest areas in northeastern
Brazil (Ceará state) not included in this study.
Only 12 species (13.95% of the 86) were found in all the three simplified
physiognomies (rain, seasonal and araucaria forest) used in this study. The comparison
between these three forests reveal that the species richness is concentrated in rain forest,
where 65 species (75.58%) occurred, 26 (30.26%) of them restricted to this physiognomy.
Seasonal forests presented 48 (55.81%) species, 11 (12.80%) exclusive. When seasonal
156
forests of Minas Gerais state (MGS) were excluded, the number of Acianthera species
found in seasonal forests is only 20, none restricted to the three remainder areas sampled
where this physiognomy occurs. Araucaria forests areas presented 24 species (27.90%), 10
(11.62%) exclusive. In spite the high number of species restricted to one physiognomy
(54.65%), the similarity between them was high and the differences found were not
significative (G= 0.91; p = 1). Only two species were restricted to both rain and araucaria
forests, and 25 occur both in rain and seasonal forests. Any species was restricted to
seasonal and araucaria forests together.
The sample unit with the highest species number was the rain forests from the Rio
de Janeiro state (RJR), with 48 species, followed by MGS, with 44, and by the rain forests
from São Paulo state (SPR), with 38 species. The lowest species number was found in the
seasonal forests from Misiones province (MSS), with seven species. When the political
areas are ordened from North to South (Fig. 2), seasonal and araucaria forests had normally
a smaller species number than rain forests at same latitude. One more time, the exception is
MGS with almost the same species number than RJR, as referred above. The rain forest
from the Bahia state (BAR) had the smaller species number between the areas with this
physiognomy, with nine species.
The ordination of the first (15%) and second (11%) axis from the 13 areas of the
Atlantic rain forest, using jaccard as resemblance measure (Fig. 3), showed 10 sampling
units in an arched distribution that could be interpreted as a gradient from warmer, in the
left of the graphic, to cooler areas in the right. Three areas [the seasonal forests of the São
Paulo state (SPS), MSS and BAR], in the upper side of the figure, were not according to
this gradient.
157
The cluster analysis showed three groups (Fig. 4). One group include the “core”
area of the rain forest plus MGS. A second group is composed by the rain and seasonal
forests from the Rio Grande do Sul state (RSR and RSS, respectively) plus the three areas
not included in the gradient showed in the scattered diagram (SPS, MSS and BAR). The
third group is composed by the three araucaria forest areas (SCA, PRA and RSA).
Discussion
The two predominantly rupicolous species (A. hamosa and A. prolifera) found are
closely related species and further works could show that they are synonyms. They occur as
occasional epiphytes and normally grow in “campo rupestre” areas from southeastern and
northeastern Brazil. Several other species can be found as rupicolous (chapter 3), but all of
them are primarily epiphytes. Ecological conditions that favor epiphytism include moister
and warmer climates found at tropical latitudes. In these areas, especially in coastal habitats
and mountain ranges, there are relatively constant temperatures and large amounts of
rainfall, haze, and morning dew, furnishing water to epiphytes need to survive (Fowlie,
1981; Gentry & Dodson, 1987; Fontoura et al., 1997). In temperate or seasonal climates,
the low temperature or the drier conditions, respectively, difficult the establishment of
vascular epiphytes. Only few tolerant species survive in these conditions (Brown, 1990).
Acianthera species with wide distribution ranges are the same found in southern areas of
the genus occurrence, were ecological conditions are less suitable for epiphytes (Artucio,
1985; Waechter, 1998b).
The two species (A. pubescens and A. aphthosa) found until Mexico were also
recorded to Andean Countries, as Bolivia, Peru, Ecuador, Colombia and Venezuela (Brako
& Zarucchi, 1993), in an sequence of areas somewhat similar to one migration route
158
proposed by Pabst & Dungs (1975). Andean areas are the second Acianthera diversity
center after the Atlantic rain forest biome (Luer, 2004) and more studies are needed to
define the connections between these two areas. Several other taxa (genera, families) have
similar distributional patterns, which could be treated as “amphi Chacoan” (Waechter
2002). The connections between Amazon and Atlantic rain forests, in this genus, also need
more studies. A. hygrophila is recorded to the Maranhão state, the easternmost limit of the
Amazonian forests (Silva et al., 1999), and to the Amazonas state. The first occurrence
could be credited to an isolated dispersion event, maybe using some isolated forests in
Northeastern Brazil (Andrade-Lima, 1982) as stepping-stones. The second occurrence is
based in ancient records from Barbosa Rodrigues (Sprunger et al., 1996), who described
Pleutothallis albiflora Barb.Rodr. (= A. hygrophila) from the forest near the Yauapery
river. He described also A. yauaperyensis (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase and some
other pleurothallids from the same area.
A. yauaperyensis is very similar to A.
saundersiana or A. bidentula, and could be a synonym of one of them. This fact and the
possible new record of A. hystrix (Kraenzl.) F. Barros for the Rondonia state, in the west
Amazonia (C. N. Gonçalves & C. van den Berg, unpublished data), show that the range of
some species could be wider than previously known. In this case, some mountains ranges
and isolated elevations also could be hypothesized as stepping-stones, as occur from some
other elements of the vascular flora (Windisch & Tryon, 2001).
Some glacial refuges were probably located in the mountains of Southeastern Brazil
(Klein, 1975; Ab’Saber, 1977; Gentry; 1982), and several Atlantic taxa evolved there, in
speciation processes followed by dispersal events when the climatic conditions became
warmer and moister (Rambo, 1954, 1961; Fowlie, 1981; Waechter, 1998b). The patterns of
159
distribution including richness center in the areas between São Paulo and Bahia states could
be attributed to these events and are found, besides Acianthera, in a number of genera
(Reitz, 1953; Aragão, 1967; Mayo, 1984; Chautems, 1988; Baumgratz, 1989/90; Lima et
al., 1997; Leme, 2000; Sylvestre & Windisch, 2003). In taxa with these patterns, the
number of species decreases in direction of the west, probably as a consequence of drier
conditions, and to the south, also probably as a consequence of cooler conditions. In
Acianthera, the high similarity in species composition found in the three physiognomies of
the Atlantic rain forest biome and the absence of endemisms in seasonal forest areas
(excluded MGS, see below) could be a result of these events.
The lack of floristic information about the seasonal forests of Paraná and Santa
Catarina states does not permit conclusions about Acianthera status in this physiognomy
although some inferences could be made. The first is the differentiated character of MGS.
This area is located at northern latitudes and smaller distances from the Atlantic Ocean the
remainder seasonal forests. It is also much larger in extension than the other seasonal
forests areas and has a wide contact with the Atlantic rain forest s. s. Seasonal forests are
normally reported as epiphyte (or Orchidaceae) poor areas (Pabst, 1953; Roderjan et al.,
2001, 2002). It is not a surprise that the smallest richness was found in seasonal forests of
Misiones province, the western area sampled. However, studies in riparian corridors show
that the diversity could be proportionally higher in these areas than in large forest
extensions (Rogalski & Zanin, 2003).
Araucaria forests are one of most interesting biogeographical features in Southern
Brazil (Veloso & Góes-Filho, 1982; Leite, 2002; Roderjan et al., 2001, 2002). They have
floristic connections with the Andean flora (Rambo, 1951), but several Neotropical and
160
Atlantic elements also occur (Leite, 2002; Roderjan et al., 2001, 2002). Acianthera is
represented by species adapted or tolerant to the cooler conditions found in these areas.
Some species are found mainly in this physiognomy, as A. karlii and A. fenestrata, and
some endemisms also occur. All endemics except A. dutrae are found in the Paraná state
and taxonomic reviews are needed to confirm the identity of these species.
The low explanation values of the ordination can be attributed to the lack of
sampling in some intermediate areas and to some sampling problems. Some areas, as SPS,
MSS, and BAR, are needing more studies. The gradient showed by de ordination can be
attributed to the climatic variation from North to South latitudes (Rambo, 1954, 1961;
Waechter, 1998b). As discussed above, MGS is different for other seasonal forests in
Acianthera species composition and richness and linked, in the dendrogram, with the
Southeastern areas and the rain forest from Santa Catarina state (SCR). These results are
according to Oliveira-Filho & Fontes (2000) who consider the Minas Gerais forests
integrant of Atlantic rain forest s. s. Data obtained from BAR and MSS recorded mainly
widely distributed species that are also found in the Rio Grande do Sul state, the
southernmost area sampled. This fact could explain why these two geographically distant
areas linked together.
Acknowledgments
The authors thank to C. van den Berg and C. F. de Azevêdo-Gonçalves for their
help and suggestions in the early stages of the manuscript.
Supplementary material
The following material is available from
161
http://www.blackwellpublishing.com/products/journals/suppmat/JBI/JBI***/JBI***sm.htm
Appendix S1. Species list.
References:
AB’SABER, A. N. (1977) Espaços ocupados pela expansão dos climas secos na América
do Sul, por ocasião dos períodos glaciais quaternários. Paleoclimas, 3, 1-19.
AGUIAR, L. W., CITADINI-ZANETTE, V., MARTAU, L., & BACKES, A. (1981)
Composição florística de epífitos vasculares numa área localizada nos municípios de
Montenegro e Triunfo, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Série Botânica, 28, 55-93.
ANDRADE-LIMA, D. de (1982) Present-day forest refuges in northeastern Brazil. Pp.
245-251, In: Prance, G. T. (ed.), Biological diversification in the tropics: proceedings of the
fifth international symposium of the Association for Tropical Biology, Macuto Beach,
Caracas, Venezuela, February, 1979. New York, Columbia University Press.
ARAGÃO, M. B. (1967) Condições de habitat e distribuição geográfica de algumas
Bromeliaceae. Sellowia, 6, 83-95.
ARTUCIO I., P. (1985) Las orquídeas silvestres del Uruguay. Almanaque del Banco
Seguro del Estado, 68, 159-164.
BARROS, F. de (2002) Notas nomenclaturais em Pleurothallidinae (Orchidaceae),
principalmente brasileiras. Bradea, 8, 293-297.
BARROS, F. de (2003) Notas taxonômicas sobre espécies brasileiras dos gêneros
Catasetum, Isabelia, Veyretia, Acianthera e Anathallis (Orchidaceae). Hoehnea, 30, 181191.
BARROS, F. de (2004) Taxonomic and nomenclatural notes on Brazilian Orchidaceae.
pp.7-22, In: MANILAL, K. S. & SATHISH KUMAR, C. (eds.), Orchid memories: a
tribute to Gunnar Seidenfaden. Mentor Books for Indian Association for Angiosperm
Taxonomy, Calicut.
162
BAUMGRATZ, J.F. (1989/90) O gênero Bertolonia Raddi (Melastomataceae): Revisão
taxonômica e considerações anatômicas. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro,
30, 60-213.
BLINOVA, I. (2004) Orchid flora of Murmansk region (north-west Russia): history,
phytogeography, ecology and conservation. pp.135-142, In: MANILAL, K. S. & SATHISH
KUMAR, C. (eds.), Orchid memories: a tribute to Gunnar Seidenfaden. Mentor Books for
Indian Association for Angiosperm Taxonomy, Calicut.
BORBA, E. L., FELIX, J. M., SOLFERINI, V. N., SEMIR, J. (2001) Fly-pollinated
Pleurothallis (Orchidaceae) species have high genetic variability: evidence from isozyme
markers. American Journal of Botany, 88, 419-428.
BRAKO, L. & ZARUCCHI, J. L. (1993) Catalogue of the Flowering Plants and
Gymnosperms of Peru. Monographs in Systematic Botany from the Missouri Botanical
Garden, 45, 1-1286.
BRIEGER, F. G. (1973) Sobre a distribuição fitogeográfica das orquídeas brasileiras,
Orquídea (Brasil), 30, 4-10.
BROWN, A. D. (1990) Epyphitism in the montane forests of El Rey National Park in
Argentina - Floristic composicion and distribution pattern. Revista Biología Tropical, 38,
155-166.
CABRERA, A. L & WILLINK, A. (1980) Biogeografia de América Latina. 2nd Edn., OEA,
Washington.
CATLING, P. M. & BROWNELL, V. R. (1986) Notas sobre las orquideas de Belice: 1.
Historia, fitogeografia y algunos nuevos reportes. Orquidea (Mexico), 10, 103-112.
CHAUTEMS, A. (1988) Révision táxonomique et possibilities d’hybridations de
Nematanthus Schrader (Gesneriaceae), genre endémique de la forêt côtière brésilienne.
Dissertationes botanicae, 112, 1-229.
163
COGNIAUX, A. (1896) Orchidaceae. Flora Brasiliensis (Ed. by K. F. P. Martius), V. 3,
pp. 1-672. Frid. Fleicher, Monachii.
COGNIAUX, A. (1907) Notes sur les orchidées du Brésil et des regions voisines. Royal
Botanical Garden, Kew.
DITTRICH, V. A. de O., KOZERA, C. & MENEZES-SILVA, S. (1999) Levantamento
florístico dos epífitos vasculares do Parque Barigüi, Curitiba, Paraná, Brasil. Iheringia,
Série Botânica, 52, 11-21Dungs & Pabst (1974)
DUNGS, F. & PABST, G. F. J. (1974). A distribuição dos gêneros Cattleya e Laelia no
Brasil. Orquídea, 30, 230-237.
FONTOURA, T., SYLVESTRE, L. DA S., VAZ, A. M. S. & VIEIRA, C. M. (1997)
Epífitas vasculares, hemiepífitas e hemiparasitas da Reserva Ecológica de Macaé de Cima.
Serra de Macaé de Cima: Diversidade florística e conservação em mata atlântica (ed. by
LIMA, H.C. & GUEDES-BRUNI, R.R.), pp. 89-101. Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
FOWLIE, J. A. (1981) Speciation amongst the Orchidaceae as a function of climate change
and topophysiography. Orchid Digest, 45, 45-49.
GENTRY A. H. (1982) Neotropical floristic diversity: phytogeographical connections
between Central and South America, pleistocene climatic flutuations, or an accident of the
andean orogeny? Annals of Missouri botanical garden, 69, 557-593.
GENTRY, A. H. & DODSON, C. H. (1987) Diversity and biogeography of neotropical
vascular epiphytes. Annals of the Missouri Garden, 74, 205-233.
GONÇALVES, C. N., WAECHTER, J. L. (2003) Aspectos florísticos e ecológicos de
epífitos vasculares sobre figueiras isoladas no norte da planície costeira do Rio Grande do
Sul. Acta Botanica Brasilica, 17, 89-100, 2003.
GONÇALVES, C. N., WAECHTER, J. L. (2004) Notas taxonômicas e nomenclaturais em
espécies brasileiras de Acianthera (Orchidaceae). Hoehnea, 31, 113-117.
Holmgren et al., 1990
164
HUECK, K. (1972) As florestas da América do Sul. Universidade de Brasília, Brasília.
KERSTEN, R. DE A. & MENEZES-SILVA, S. (2001) Composição florística e estrutura
do componente epifítico vascular em floresta de planície litorânea na Ilha do Mel, Paraná,
Brasil. Revista Brasileira de Botânica, 24, 213-226.
KLEIN, R. M. (1975) Southern Brazilian phytogeographic features and the probable
influence of upper quaternary climatic changes in the floristic distribution. Boletim
Paranaense de Geociências, 33, 67-88.
LEITE, P. F. (2002) Contribuição ao conhecimento fitoecológico do Sul do Brasil. Ciência
& Ambiente, 24, 51-73.
LEME, E.M.C. (2000) Nidularium – bromélias da mata atlântica, 1st edn. Sextante Artes,
Rio de Janeiro.
LIMA, M.P.M., GUEDES-BRUNI, R. FONTOURA, T., SYLVESTRE, L. DA S., VAZ, A.
M. S. & VIEIRA, C. M. (1997) Padrões de distribuição geográfica das espécies vasculares
da reserva ecológica de Macaé de Cima. Serra de Macaé de Cima: Diversidade florística e
conservação em mata atlântica (ed. by LIMA, H.C. and GUEDES-BRUNI, R.R.), pp. 103123. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
LINDER, H. P. (1983) The historical phytogeography of the Disinae (Orchidaceae).
Bothalia, 14, 565-570.
LINDER, H. P., KURZWEIL, H. & JOHNSON, S. D. (2005) The Southern African orchid
flora: composition, sources and endemism. Journal of Biogeography, 32, 29-47.
LUER, C. A. (1986) Icones Pleurothallidinarum III. Systematics of Pleurothallis.
Monographs in Systematic Botany of the Missouri Botanical Garden, 20, 1-108.
LUER, C. A. (2004) Icones Pleurothallidinarum XXVI -- Pleurothallis subgenus
Acianthera and three allied subgenera. Monographs in Systematic Botany from the
Missouri Botanical Garden, 95, 1-114.
165
MAYO, S.J. (1984) Aspectos da fitogeografia das aráceas bahianas. Anais do 34o
Congresso Nacional de Botânica. V. 2, p. 215-225
MILLER D., WARREN R. & MILLER I. (1994) Orchids of the high mountain atlantic
rain forest in southeastern Brazil, 1st edn. Salamandra Consultoria e Editorial Ltda., Rio de
Janeiro.
NEW YORK BOTANICAL GARDEN (2005) Index Herbariorum, Part I – The Herbaria
of the Word. Available in: <http://207.156.243.8/meu/ih/index.php>. Date of accession: 20
may 2005.
NUNES, V. F. & WAECHTER, J. L. (1998) Florística e aspectos fitogeográficos de
Orchidaceae epifíticas de um morro granítico subtropical. Pesquisas, 48, 127-162.
OLIVEIRA-FILHO, A. T. & FONTES, M. A. L. (2000) Patterns of floristic diferentiation
among Atlantic Forests in the Southeastern Brazil and the influence of climate. Biotropica,
32, 1793-810.
PABST G. F. J. & DUNGS F. (1975) Orchidaceae Brasiliensis. V. 1. 1st edn. BrückeVerlag Kurt Schmersow, Hildesheim.
PABST, G. F. J. (1953) Contribuição ao conhecimento das orquídeas de Santa Catarina e
sua dispersão geográfica I (terceira parte). Anais do Herbário Barbosa Rodrigues, 5, 39-93.
PILLAR, V. de P. (2001) Multiv 2.1. Aplicativo para análise multivariada e testes de
hipóteses. (Eletronic System of Data Processing.) Department of Botany, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
PODANI, J. (2000) SYN-TAX. Computer programs for analysis in ecology and systematics.
Scientia Publishing, Budapest.
PRIDGEON, A. M., CHASE, M. W. (2001) A phylogenetic reclassification of
Pleurothallidinae (Orchidaceae). Lindleyana, 16, 235-271.
166
PRIDGEON, A. M., SOLANO, R. & CHASE, M. W. (2001) Phylogenetic relations in
Pleurothallidinae (Orchidaceae): combined evidence from nuclear and plastid DNA
sequences. American Journal of Botany, 88, 2286-2308.
RAMBO, B. (1951) O elemento andino no pinhal rio-grandense. Anais Botânicos do
Herbário Barbosa Rodrigues, 3, 7-39.
RAMBO, B. (1954) História da flora do litoral riograndense. Sellowia, 6, 113-172.
RAMBO, R. (1961) Migration routes of the South Brazilian rain Forest. Pesquisas, Série
Botânica, 5, 1-54.
REDDOCH, J. M. & REDDOCH, A. H. (1997) The orchids in the Ottawa district:
floristics, phytogeography, population studies and historical review. Canadian FieldNatural.
REITZ, R. (1953) As palmeiras de Santa Catarina e sua distribuição geográfica. Anais
Botânicos do Herbário Barbosa Rodrigues, 5, 233-252.
REPETUR, C. P., WELZEN, P. C. VAN, & VOGEL, E. F. de (1997) Phylogeny and
historical biogeography of the genus Bromheadia (Orchidaceae). Systematic Botany, 22,
465-477.
RODERJAN, C. V., GALVÃO, F., KUNIYOSHI, Y. S. & HATSCHBACH, G. G. (2002)
As unidades fitogeográficas do estado do Paraná. Ciência & Ambiente, 24, 75-92.
RODERJAN, C. V., GALVÃO, F., KUNIYOSHI, Y. S. & SANTOS, E. P. dos (2001)
Caracterisation des unites phytogeographiques dans l'etat du Parana, Bresil, et leur etat de
conservation. Biogeographica, 77, 129-140.
ROGALSKI, J.
M. & ZANIN, E. M. (2003) Floristic composition of the vascular
epiphytes of "estreito de Augusto César", Brazilian Semi-Evergreen Forest of Uruguai
River, RS, Brazil. Revista Brasileira de Botânica, 26, 551-556.
SCHELPE, E. A. C. L. E. (1978) Aspects of the phytogeography of the South African
Orchidaceae. Botanical Jahrb., 99, 146 – 151.
SILVA, M. F. F. da, SILVA, J. B. F. da & FEILER, J. M. (1999) Orchidáceas do Estado do
Maranhão, Brasil. Acta Amazônica, 12, 381-394.
167
SOS MATA ATLÂNTICA (2001) Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica,
período 1995-2000. Fundação SOS Mata Atlântica and Instuto de Nacional de Pesquisas
Espaciais, São Paulo.
SPRUNGER, S. (1996) Catalogue. p. 465-515. In: SPRUNGER, S., CRIBB, P.,
TOSCANO-DE-BRITO, A.L.V. (eds.). João Barbosa Rodrigues – Iconographie des
Orchidées du Brésil, v. 2. The texts. Friedrich Reinhardt, Basle.
SPRUNGER, S. CRIBB, P., TOSCANO-DE-BRITO, A.L.V. (eds.) (1996) João Barbosa
Rodrigues – Iconographie des Orchidées du Brésil, v. 1. The illustrations. Friedrich
Reinhardt, Basle, 540 p.
SYLVESTRE, L.S. & WINDISCH, P.G. (2003) Diversity and distribution patterns of
Aspleniaceae in Brazil, Pteridology in new millennium, p. 107-120. Ed. Dordrecht: Kluwer
Academic Publishers.
VAN DEN BERG, C. & MARTINS, P. S. (1997) Biogeography of Brazilian Cattleyas:
geographic
distribution,
morphological
variability,
evolutionary
and
taxonomic
consequences. Pp. 315-320, In: Pereira, C. E. de B. (ed.), Proceedings of the 15th World
Orchid Conference, Rio de Janeiro, 1996. Naturalia, Turriers, France.
VELOSO, H. P. & GÓES-FILHO, L. (1982) Fitogeografia brasileira. Classificação
fisionômico-ecológica da vegetação neotropical. Boletim Técnico do Projeto RADAMBRASIL, Série Vegetação. IGBE, Brasília.
WAECHTER, J. L. (1998a) Epifitismo vascular em uma floresta de restinga do Brasil
subtropical. Revista Ciência e Natura, 20, 43-66.
WAECHTER, J. L. (1998b) Epiphytic orchids in eastern subtropical South America,
Proceedings of the 15th World Orchid Conference, Rio de Janeiro, Brasil, pp. 332-341.
Turriers, Naturalia Publications, The Hague.
168
WAECHTER, J. L. (2002) Padrões geográficos na flora atual do Rio Grande do Sul.
Ciência & Ambiente, 24, 93-108.
WINDISCH, P. G. & TRYON, R. M. (2001) The Serra Ricardo Franco (State of Mato
Grosso, Brazil) as probable migration route and its present fern flora. Bradea, 8, 267-276.
169
Table 1. Matrix of presence (1) and absence (0) of Acianthera species in the 13 areas of the
Atlantic rain forest included in the analysis of biogeography in the Atlantic Brazil and
adjacent areas. The species name is treated only by its specific epithet (see Appendix 1 for
the complete name). Area acronyms are formed by the political areas (Brazilian states or
Argentinean province) and by the forest physiognomy. Political areas: BA – Bahia; ES –
Espírito Santo; RJ - Rio de Janeiro; MG – Minas Gerais; SP - São Paulo; PR – Paraná; SC
– Santa Catarina; RS - Rio Grande do Sul; MS – Misiones (Argentina). Forest
physiognomies: R – rain forest; S – seasonal forest; A – araucaria forest.
Acianthera
acuminatipetala
adiri
albo-rosea
alligatorifera
antennata
aphthosa (1)
auriculata
aveniformis
bicornuta
binotti
brachiloba
bragae
caldensis
capanemae
caparaoensis
capillaris
cearensis
crinita
cristata
cryptantha
cryptoceras (*)
cryptophoranthoides
duartei
dutrae
exarticulata
fenestrata
floribunda
glumacea
gracilisepala
guimaraensii
hamosa
heliconiscapa
heringeri
BAR ESR RJR MGS SPR SPS
PRA SCR SCA RSR RSA RSS MSS
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
1
1
0
0
1
0
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
1
1
0
0
1
0
1
0
1
0
1
0
0
1
1
1
1
0
0
1
1
0
1
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
1
1
0
1
1
0
1
1
0
1
1
0
1
0
1
1
1
0
0
0
1
0
1
0
0
1
0
1
0
0
0
1
0
1
1
0
0
1
1
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
1
1
0
0
0
1
1
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
0
1
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
170
Table 1. Continuation.
hoffmannseggiana
1
(2)
hygrophila
0
hystrix
0
jordanensis
0
karlii
0
klotzschiana
0
langeana
0
leptotifolia
0
limae
0
longicaulis
0
luteola
0
macropoda
1
macuconensis
0
magalhaensii
1
malachantha
0
marumbyana
0
melachila
0
micrantha
0
minima
0
modestissima
0
murexoidea
0
muscicola
0
muscosa
0
nemorosa
1
octrophrys
0
oligantha
0
ophiantha
0
panduripetala
0
papillosa
1
parahybunensis
0
pardipes
0
pavimentata
0
pectinata
0
prolifera
1
1
pubescens (3)
punctatiflora
0
purpureoviolacea
0
0
ramosa (4)
recurva (5)
0
renipetala
0
rodriguesii
0
rostellata
0
saundersiana
1
saurocephala
0
serpentula
0
1
1
0
0
0
0
0
1
0
1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
1
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
1
1
1
1
0
0
0
1
1
1
1
1
1
0
1
0
1
0
0
0
0
1
1
1
1
1
0
1
0
1
1
1
1
1
1
1
0
0
1
0
1
0
1
1
0
1
1
1
0
0
1
0
1
1
0
1
1
1
1
0
0
0
1
0
1
0
0
1
1
0
0
1
0
1
1
0
0
0
1
0
0
0
1
1
1
0
1
1
1
1
1
1
1
0
0
1
0
1
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
1
0
0
0
1
0
0
1
1
1
1
1
1
1
0
0
0
1
1
1
0
0
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
0
0
1
1
0
1
1
0
1
0
1
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
1
0
1
0
0
1
0
0
0
0
1
1
1
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
1
0
1
0
0
1
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
1
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
0
0
1
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
1
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
1
1
0
1
0
0
1
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
1
0
1
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
1
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
0
1
0
0
171
Table 1. Conclusion.
serrulatipetala
sonderana (6)
strupifolia
sulcata
translucida
tristis
violaceomaculata
wilsiae-windischiae
Species richness
0
0
0
0
0
0
0
0
09
0
1
0
0
0
0
0
0
18
0
1
1
0
1
0
0
0
48
1
1
0
1
0
0
0
0
44
0
1
0
0
0
0
0
1
36
0
1
0
0
0
0
0
0
09
0
0
1
1
0
1
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
19 25
0
0
1
1
0
0
0
0
0
0
0
1
0
0
0
0
09 17
0
1
0
0
0
0
0
0
10
0
1
0
0
0
0
0
0
13
0
0
0
0
0
0
0
0
07
* - Acianthera cryptoceras and A. bidentula was treated as single species in this matrix.
(1)
– Also recorded to Bolivia, Peru, and Colombia to Mexico.
(2)
– Also recorded to the states of Maranhão and Amazonas (Brazilian Amazon).
(3)
– Also recorded to Bolivia, and Peru to Mexico.
(4)
– Also recorded to the state of Goias and in the Brazilian Federal District.
(5)
– Also recorded to in Peru.
(6)
– Also recorded to Uruguay.
172
Figure 1. Map showing the areas sampled in this study.
173
60
Seasonal forests
Araucaria forests
Rain forests
Species number
50
40
30
20
10
0
BA
ES
RJ
MG
SP
MS
PR
SC
Figure 2. Acianthera species richness in the political areas sampled in this study ordened
from north (left) to south (right). Acronyms are according to Tab. 1.
RS
174
M SS
0,4
BAR
0,35
0,3
SPS
0,25
0,2
Axis 2
0,15
0,1
RSR
0,05
0
-0,05
SCA
SPR
-0,1
-0,15
RSS
SCR
ESR
RSA
MGS
-0,2 RJR
-0,25
-0,3
PRA
-0,2
-0,1
0
0,1
Axis 1
0,2
0,3
0,4
Figure 3. Ordination of first (15%) and second (11%) axis of the 13 areas of the
Atlantic rain forest biome where Acianthera was sampled in this study. The resemblance
measure used was Jaccard and the ordination used the principal coordinate analysis. Area
acronyms are according to Tab. 1.
175
Dissim ilarity
4
3
2
1
0
BAR M SS SPS RSR RSS ESR RJR M GS SP R SCR PRA RSA S CA
Figure 4. Simiraty dendrogram of the 13 areas of the Atlantic rain forest
biome where Acianthera occurrence was sampled using sum of squares for linkage. Area
acronyms are according to Tab. 1.
176
Appendix 1. List of species found in the areas of Atlantic rain forest included in the
analysis of biogeography of the genus Acianthera in the Atlantic Brazil and adjacent areas.
Species
A. acuminatipetala (A.Samp.) Luer
A. gracilisepala (Brade) Luer
A. adiri (Brade) Pridgeon & M.W.Chase
A. alborosea (Kraenzl.) Luer
A. alligatorifera (Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase
A. antennata (Garay) Pridgeon & M.W.Chase
A. aphthosa (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
A. auriculata (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
A. aveniformis (Pabst) C.N. Gonç. & Waechter
A. bicornuta (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. bidentula (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. binotii (Regel) Pridgeon & M.W.Chase
A. brachiloba (Hoehne) Pridgeon & M.W.Chase
A. bragae (Ruschi) F. Barros
A. caldensis (Hoehne & Schltr.) F. Barros
A. capanemae (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. caparaoensis (Brade) Pridgeon & M.W.Chase
A. capillaris (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
A. cearensis (Schltr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. crinita (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. cristata (Barb.Rodr.) Luer
A. cryptantha (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase
A. cryptoceras (Rchb.f.) F. Barros
A. cryptophoranthoides (Loefgr.) F. Barros
A. duartei (Hoehne)Pridgeon & M.W.Chase
A. dutrae (Pabst) C.N. Gonç. & Waechter
A. exarticulata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. fenestrata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. floribunda (Lindl.) F. Barros
A. glumacea (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
A. guimaraensii (Brade) F. Barros
A. hamosa (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. heliconiscapa (Hoehne) F. Barros
A. heringeri (Hoehne) F. Barros
A. hoffmannseggiana (Rchb.f.) F. Barros
A. hygrophila (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. hystrix (Kraenzl.) F. Barros
A. jordanensis (Brade) F. Barros
A. karlii (Pabst) C. N. Gonç. & Waechter
A. klotzschiana (Rchb.f.)Pridgeon & M.W.Chase
A. langeana (Kraenzl.)Pridgeon & M.W.Chase
A. leptotifolia (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
177
Appendix 1. Conclusion.
A. limae (Porto & Brade) Pridgeon & M.W.Chase
A. longicaulis (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
A. luteola (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
A. macropoda (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase
A. macuconensis (Barb.Rodr.) F. Barros
A. magalhanesii (Pabst) F. Barros
A. malachantha (Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase
A. marumbyana (Garay) Luer
A. melachila (Barb.Rodr.) Luer
A. micrantha (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. minima (Cogn.) F.Barros
A. modestissima (Rchb.f. & Warm.) Pridgeon & M.W.Chase
A. murexoidea (Pabst) Pridgeon & M.W.Chase
A. muscicola (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. muscosa (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. nemorosa (Barb.Rodr.) F. Barros
A. octophrys (Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase
A. oligantha (Barb.Rodr.) F. Barros
A. ophiantha (Cogn.) Pridgeon & M.W.Chase
A. panduripetala (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. papillosa (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
A. parahybunensis (Barb.Rodr.) Luer
A. pardipes (Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase
A. pavimentata (Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase
A. pectinata (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
A. prolifera (Herb. ex Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
A. pubescens (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
A. punctatiflora (Luer) Pridgeon & M.W.Chase
A. purpureo-violacea (Cogn.) F. Barros
A. ramosa (Barb.Rodr.) F. Barros
A. recurva (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
A. renipetala (Barb.Rodr.) Luer
A. rodriguesii (Cogn.) Pridgeon & M.W.Chase
A. rostellata (Barb.Rodr.) Luer
A. saundersiana (Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase
A. saurocephala (Lodd.) Pridgeon & M.W.Chase
A. serpentula (Barb.Rodr.) F. Barros
A. serrulatipetala (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W.Chase
A. sonderana (Rchb.f.) Pridgeon & M.W.Chase
A. strupifolia (Lindl.) Pridgeon & M.W.Chase
A. translucida (Barb.Rodr.) Luer
A. tristis (Barb.Rodr.)Pridgeon & M.W.Chase
A. violaceomaculata (Hoehne) Pridgeon & M.W.Chase
A. wilsiae-windischiae (Pabst)Pridgeon & M.W.Chase
178
CONSIDERAÇÕES FINAIS
179
Considerações Finais
Durante a realização deste trabalho, uma série de questões surgiram que ainda não
puderam ser adequadamente respondidas. A identidade taxonômica de algumas espécies,
como Acianthera bragae (Ruschi) F. Barros e A. hystrix (Krzl.) F. Barros, ainda precisa ser
confirmada. É possível que estes dois epítetos caiam em sinonimia de outros descritos
previamente. A. alligatorifera (Rchb. f.) Pridgeon & M.W. Chase está, atualmente,
dissociada de outras espécies similares morfologicamente similares a ela. São necessários
estudos para avaliar o seu correto posicionamento em Pleurothallidinae.
Uma das propostas iniciais que não pode ser levada a termo é a análise filogenética
de Pleurobotryum Barb.Rodr., ainda considerado como um subgênero de Pleurothallis R.
Br. s. l. Morfologicamente, suas espécies são muito semelhantes à Acianthera Scheidw. e é
possível que elas venham a ser incorporadas a este gênero.
Estudos morfológicos, como uma análise dos hábitos das plantas de forma
quantitativa, ainda são incomuns. Da mesma forma que estudos enfocando a morfometria
foliar ou de outras estruturas, como frutos, são raros. A incorporação de novas espécies e o
uso de técnicas mais apropriadas podem melhorar os resultados obtidos neste trabalho,
permitindo a incorporação desta metodologia de uma forma mais efetiva na taxonômia de
Pleurothallidinae.
Finalmente, Acianthera é um dos primeiros gêneros de Orchidaceae e o único, em
Pleurothallidinae, a ser abordado por estudos taxonômicos no estado do Rio Grande do Sul.
É interessante que se procure abordar de forma mais efetiva a composição florística de
Orchidaceae neste estado, em especial devido a raridade de muitas espécies e à contínua
perda de hábitats que está ocorrendo, o que pode levar à extinção de muitas delas.
180
Estampa 1. Diferentes hábitos em Acianthera. Hábito reptante: A - Acianthera serpentula;
B - A. recurva. Hábito cespitoso: C - A glumacea; D - A saurocephala.
181
Estampa 2. Inflorescências e frutos em Acianthera. Inflorescências: A. - A macropoda;
B - A. pubescens; C- A. saurocephala; D - A. glumacea. Frutos: E - A pubescens; F - A
serpentula.
182