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In
Brazilian Journal of Biosciences
ências
Revista Brasileira de Biociências
de Bio
ci
o
UF
RGS
ISSN 1980-4849 (on-line) / 1679-2343 (print)
ARTIGO
Uma nova espécie reóita de Dyckia (Bromeliaceae, Pitcairnioideae)
para a lora do Rio Grande do Sul, Brasil
Henrique Mallmann Büneker1*, Rodrigo Corrêa Pontes2,
Kelen Pureza Soares3, Leopoldo Witeck Neto4 e Solon Jonas Longhi5
Recebido: 12 de dezembro de 2012
Recebido após revisão: 30 de junho de 2013
Aceito: 19 de agosto de 2013
Disponível on-line em http://www.ufrgs.br/seerbio/ojs/index.php/rbb/article/view/2454
RESUMO: (Uma nova espécie reóita de Dyckia (Bromeliaceae, Pitcairnioideae) para a lora do Rio Grande do Sul, Brasil).
Uma nova espécie saxícola e reóita de Bromeliaceae (Pitcairnioideae), Dyckia strehliana H. Büneker & R. Pontes, é descrita
e ilustrada. São fornecidos dados de sua fenologia, habitat, distribuição geográica e ainidades morfológicas, sendo também
apresentada uma chave para identiicação das espécies reóitas sul brasileiras de Dyckia.
Palavras-chave: Dyckia strehliana sp. nov., Brasil meridional, taxonomia.
ABSTRACT: (A new rheophytic species of Dyckia (Bromeliaceae, Pitcairnioideae) for the lora of Rio Grande do Sul, Brazil).
A new saxicolous and rheophytic species of Bromeliaceae (Pitcairnioideae), Dyckia strehliana H. Büneker & R. Pontes, is
described and illustrated. Data are provided about its phenology, habitat, geographic distribution and morphological afinities.
An identiication key to rheophytic species of Dyckia from southern Brazil is also presented.
Key words: Dyckia strehliana sp. nov., Southern Brazil, taxonomy.
INTRODUÇÃO
O gênero Dyckia Schult. & Schult. f. pertence à família
Bromeliaceae, subfamília Pitcairnioideae, e é considerado monoilético segundo análises ilogenéticas, com
base em caracteres morfológicos e moleculares (Forzza
2001, Krapp 2012). É constituído por ervas geralmente
rizomatosas de porte variado. Suas folhas são densamente
rosuladas, não formando cisternas, as bainhas são, na
maioria dos táxons, amplas e carnosas com lâminas
triangulares, carnosas, geralmente espinhoso-serradas e
rígidas. O escapo se origina lateralmente, as inlorescências são racemosas variando de amplamente paniculadas
a simples e as lores, em relação a cor, em geral variam de
amarelas a vermelhas. Os iletes são concrescidos na base
e adnatos às pétalas, formando um anel pétalo-estamínico
(Reitz 1983, Forzza 2001).
Dyckia é composto por cerca de 200 espécies
encontradas como saxícolas ou terrícolas na América
do Sul, especialmente no Brasil central, sudeste e sul,
mas também na Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai
(Forzza 2001, Reitz 1983, Smith & Downs 1974).
Dentre os gêneros de Bromeliaceae ocorrentes no Rio
Grande do Sul (Brasil), Dyckia é o que possui a maior
diversidade especíica, sendo citadas, até o momento,
28 espécies: D. agudensis Irgang & Sobral, D. alba
S. Winkl., D. brevifolia Baker, D. choristaminea Mez,
D. delicata Larocca & Sobral, D. distachya Hassl., D.
domfelicianensis Strehl, D. elisabethae S. Winkl., D.
encholirioides (Gaudich.) Mez, D. hebdingii L.B.Sm., D.
ibicuiensis Strehl, D. irmgardiae L.B.Sm., D. jonesiana
Strehl, D. julianae Strehl, D. leptostachya Baker, D.
maritima Baker, D. nigrospinulata Strehl, D. polycladus
L.B.Sm., D. racinae L.B.Sm., D. reitzii L.B.Sm., D.
remotilora Otto & A. Dietr., D. retardata S. Winkl., D.
retrolexa S. Winkl., D. rigida Strehl, D. selloa (K. Koch)
Baker, D. tuberosa (Vell.) Beer, D. vicentensis Strehl e
D. waechteri Strehl (Schinini et. al. 2008, Forzza et al.
2010, Strehl 2008). Destas, 17 são conhecidas apenas
para Rio Grande do Sul, sendo possivelmente endêmicas
do estado, e várias foram recentemente descritas (Strehl
2004, 2008, Forzza et al. 2010).
Algumas das espécies sul brasileiras de Dyckia são
reóitas, conigurando-se como plantas coninadas às
margens de córregos e rios de luxo rápido e sujeitas à
ação de inundações frequentes (Van Steenis 1981, Klein
1979). Entre elas, ocorrem na região sul do Brasil D.
brevifolia, D. distachya, D. ibiramensis e D. microcalyx
(Klein 1979, Forzza 2005). Investigando aspectos ecológicos de representantes da família Bromeliaceae do Alto
Uruguai, no Parque Estadual do Turvo, Winkler & Irgang
(1979) descrevem o hábito de uma dessas espécies, D.
brevifolia, que ocorre, segundo esses autores, sobre bancos basálticos às margens do Rio Uruguai, constituindo
1. Graduando em Engenharia Florestal (UFSM), HDCF (Herbário do Departamento de Ciências Florestais da UFSM) Centro de Ciências
Rurais da UFSM, Santa Maria, Camobi, RS, Brasil.
2. Graduando em Geograia bacharelado (UFSM).
3. Engenheiro Florestal. Mestrando do Programa de Pós Graduação em Engenharia Florestal, UFSM, Camobi, Santa Maria, RS, Brasil.
4. Engenheiro Florestal, Professor Titular do Colégio Politécnico da UFSM, Santa Maria, RS, Brasil.
5. Engenheiro Florestal, Dr., Professor Titular do Departamento de Ciência Florestal, Centro de Ciências Rurais da UFSM, Camobi,
Santa Maria, RS, Brasil.
*Autor para contato. E-mail: henriquebuneker@mail.ufsm.br
R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 11, n. 3, p. 284-289, jul./set. 2013
Uma nova espécie de Dyckia para o Rio Grande do Sul, Brasil
tufos hemisféricos de até meio metro de altura. As espécies reóitas de Dyckia são restritas a estes ambientes
peculiares e são consideradas ameaçadas de extinção
pois suas populações vêm sendo severamente reduzidas
devido a construção de represas, gerando uma série de
discussões entre ambientalistas e órgãos governamentais,
sendo exemplo o caso de D. distachya em Santa Catarina
(Wiesbauer 2008, Prochnow 2005).
Durante a realização de trabalhos de campo na região
central do Rio Grande do Sul (municípios de Júlio de
Castilhos e Quevedos), foi localizada a presença de uma
nova espécie reóita do gênero Dyckia, a seguir descrita.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi realizado através da revisão da literatura especializada e de descrições originais (Baker 1871,
1889, Hassler 1919, Irgang & Sobral 1987, Larocca &
Sobral 2002, Mez 1895, 1896, 1919, 1935, Reitz 1983,
Smith 1956, 1967, Smith & Downs 1974, Strehl 1997,
2004, 2008, Winkler 1982). Também foram consultados
os acervos dos herbários HAS, HDCF, ICN, MPUC,
PACA, PEL, SMDB, SP, SPF e os acervos digitais dos
herbários B, G, K, NY, P, US e WU (acrônimos segundo
Holmgren et al. 2003).
Foram coletadas plantas para estudo em laboratório,
cultivo e herborização. Os exemplares vivos foram
incluídos na coleção de bromélias do Jardim Botânico
do Colégio Politécnico da Universidade Federal de
Santa Maria (Rio Grande do Sul), mantidas em estufa
climatizada (temperatura: 18-30 °C, umidade relativa
do ar: 80-100%) e ao ar livre. Amostras herborizadas de
material fértil foram incorporadas ao HDCF (Herbário
do Departamento de Ciências Florestais) da Universidade Federal de Santa Maria. A variação morfológica
de Dyckia strehliana foi observada tanto no habitat,
quanto nos espécimes cultivados ao ar livre e em estufa
climatizada, onde também foram comparadas com as
espécies morfologicamente próximas, sendo observado
seu desenvolvimento, loração e frutiicação. Os dados
morfobiométricos, quantitativos e qualitativos foram obtidos de material coletado de plantas in situ. As medidas
das lores e peças lorais foram tomadas da segunda ou
terceira lor da base da inlorescência, levando em conta
que as lores basais são sempre maiores que as apicais.
Os dados das espécies ains e os das demais reóitas utilizados na chave e citados nas observações, foram obtidos
na literatura especializada, nas descrições originais acima
citadas e através de observações de plantas cultivadas e
herborizadas. As fotograias foram tiradas de plantas em
seu ambiente natural.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dyckia strehliana H. Büneker & R. Pontes sp. nov.
(Figs. 1 e 2)
Herba saxicola, rhizomatosa, rosetta foliaris alta 8-19
cm, lorita, alta 35-120 cm. Folia 16-54; laminae 6-15 x
285
1,1-2,6 cm, triangulares, rigidae, suculentae, rectae aut
introlexae, facies abaxialis longitudine nervurata-striata, apice foliare acutum cum spina pungenti, margines
generaliter integrae, sine spinis, raro spinoso-serratae
cum 1-10 spinis. Scapus erectus, delicatus, longo 19-60
cm, tomentosus; bracteae scapales basales foliaceae et
maiores quam internodi, restantes minores quam internodi, ovatae ad helipticae. Inlorescentia simplex, 18-40
cm longa, 13-34 lores, raro compositae cum loribus 4060 et 1-4 ramis suberectis; rhachis tomentosa, coperta
tricomis albis. Bracteae lorales ovato-triangulares,
1,1-1,6 x 0,6-1,1 cm, pauca carenatae, paleaceae, apice
atenuato. Flores sessiles aut breve-pedicelatae, sparsae
et polystiche distribuitae, longae ca. 2 cm, in anthese
suberectae. Sepalae ovatae ad helipticas, 0,8-1 x 0,40,8 cm, ecarenatae ad leve carenatas, fulvae aut virides,
tomentosa. Petala erecta, obovata ad obtrulata, 1,4-1,8 x
0,6-1,1 cm, fulvae. Stamines aequales aut minores quam
longitudo petalorum. Ovarium ca. 0,5 x 0,3 cm.
Tipo: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Júlio de
Castilhos, 260 m de altitude, saxícola, às margens do rio
Toropi, próximo à antiga Usina de Quebra Dentes, 19IX-2012, l., H.M. Büneker 101, R.C. Pontes & L. Witeck
(Holótipo: HDCF 6278; Isótipo: SMDB 13776; ICN; SP).
Erva saxícola, rizomatosa, raízes desenvolvidas, roseta
foliar 8-19 cm alt., 13-27 cm diâm., lorida 35-120 cm alt.
Folhas em número de 16-54, as interiores eretas, as exteriores suberetas ou às vezes relexas; bainhas elípticas a
orbiculares, brancas, brilhantes em ambas as faces, 2-3,5
x 2,5-4,4 cm; lâminas 6-15 x 1,1-2,6 cm, triangulares,
rijas, suculentas, retas ou arqueadas, introlexas, curvadas
para cima ou para as laterais, face adaxial subplana, verde
ou rubra, esparsamente lepidota na base e no restante
quase glabra, face abaxial convexa, longitudinalmente
nervurado-estriada, lepidota entre as nervuras, ápice agudo com espinho de até 0,5 cm compr., pungente, margens
geralmente inteiras, raramente espinhoso-serradas com
1-10 espinhos, espinhos patentes, ca. 0,1 cm compr.,
lexíveis, castanhos, com ápice raramente curvo. Escapo
ereto, delgado, 19-60 cm compr., 0,4-1 cm diâm., cilíndrico, esverdeado, castanho ou levemente avermelhado,
tomentoso, com tricomas concentrados principalmente na
região abaixo da inserção das brácteas; brácteas escapais
polísticas, as basais foliáceas, eretas, ca. 3 cm compr.,
maiores que os entrenós, amplexas ao escapo, suculentas,
margem inteira, face interna esverdeada ou rubra, face
externa longitudinalmente nervurado-estriada, ápice agudo ou atenuado, sempre terminado por espinho pungente;
brácteas escapais do terço superior eretas, amplexas ao
escapo, esparsamente dispostas, muito menores que os
entrenós, castanhas, paleáceas, muito pouco carenadas
e pilosas em faixa longitudinal na face externa, ovadas
a elípticas, acuminadas, ápice apiculado, 1,1-2,3 x 0,71,5 cm, margens membranáceas, inteiras. Inlorescência
simples, laxa, 18-40 cm compr., 13-34 lores, raramente
composta, com 40-60 lores e 1-4 ramos suberetos,
locados geralmente na base da inlorescência; raque
levemente achatada, esverdeada, castanho-esverdeada
R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 11, n. 3, p. 284-289, jul./set. 2013
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Büneker et al.
ou avermelhada, albo-tomentosa. Brácteas lorais ovado-triangulares, 1,1-1,6 x 0,6-1,1 cm, pouco carenadas,
castanhas, paleáceas, com pilosidade branca, as da
base da inlorescência maiores que as sépalas, algumas
vezes ultrapassando o comprimento das lores, as do
ápice pouco menores ou igualando as sépalas, margens
inteiras, ápice agudo, atenuado. Flores sésseis ou com
pedicelos muito curtos de até 0,1 cm compr., polísticas,
1,4- 2 cm compr., na antese as da base suberetas e as do
ápice patentes. Sépalas ovadas a elípticas, côncavas, 0,81 x 0,4-0,8 cm, ecarenadas a levemente carenadas perto
do ápice, adpressas às pétalas, amarelo-esverdeadas,
providas de uma faixa centro-longitudinal castanha ou
esverdeada albo-tomentosa, tricomas mais concentrados
na base, ápice agudo a obtuso. Pétalas eretas ou suberetas,
pouco curvadas, obovadas a obtruladas, 1,4-1,8 x 0,6-1,1
Figura 1. Dyckia strehliana H. Büneker & R. Pontes (H.M. Büneker et. al. 101). A. Aspecto vegetativo. B. Inlorescência simples. C. Inlorescência composta. D. Corte longitudinal da lor. E. Vista do aspecto geral da lor com bráctea loral. F. Vista geral da lor. G. Pétala.
R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 11, n. 3, p. 284-289, jul./set. 2013
Uma nova espécie de Dyckia para o Rio Grande do Sul, Brasil
cm, amarelas, glabras, ápice arredondado-côncavo para
o centro da lor. Hipanto ca. 0,2 cm compr. Estames
igualando ou ligeiramente menores que o comprimento
das pétalas; iletes amarelos, achatados, retos ou pouco
curvados, com até 0,2 cm larg., brevemente concrescidos
na base acima do hipanto, livres a cima do tubo comum
com as pétalas, os antessépalos adnatos por 0,1-0,2 cm
às sépalas, os antepétalos adnatos às pétalas por 0,3-0,5
287
cm. Pistilo geralmente de tamanho inferior ao dos estames; ovário ca. 0,5 x 0,3 cm, branco-amarelado, às vezes
esverdeado na base. Cápsula 1,5-2 cm compr.
Parátipo: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Júlio
de Castilhos/Quevedos, saxícola entre os dois municípios em ilha rochosa no rio Toropi, 23-VIII-2012, l.,
H.M. Büneker 76, R.C. Pontes, L. Strauss & L. Witeck
(HDCF 6277).
Figura 2. Dyckia strehliana H. Büneker & R. Pontes (H.M. Büneker et. al. 101). A. Detalhe da inlorescência. B. Plantas com rizomas expostos. C. Touceiras hemisféricas sobre margens rochosas do rio Toropi. D. Plantas férteis às margens do rio Toropi, em período de cheia. E
Inlorescências emersas de plantas inundadas, em período de cheia.
R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 11, n. 3, p. 284-289, jul./set. 2013
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Büneker et al.
Etimologia: O epíteto especíico presta homenagem
póstuma à taxonomista, especialista em Bromeliaceae,
Drª. Teresia Strehl, pesquisadora do Museu de Ciências
da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul e autora
de grande número de espécies desta família para o Rio
Grande do Sul.
Fenologia: Floresce de Agosto a Novembro, frutiica
de Setembro a Dezembro.
Habitat: Exclusivamente reóita, saxícola em margens
rochosas basálticas de rio de luxo rápido, formando
touceiras hemisféricos de até 40 cm de altura icando
submersas em períodos de cheias (Figs. 2C, 2D e 2E).
Distribuição geográica: A espécie foi encontrada
em apenas dois pontos às margens do rio Toropi sendo,
possivelmente, endêmica da região central do Rio Grande
do Sul (Brasil), ocorrendo nos municípios de Júlio de
Castilhos e Quevedos.
Observações: Morfologicamente, D. strehliana possui
ainidade com D. brevifolia (sensu Wiesbauer 2008) e D.
distachya (sensu Smith & Downs 1974). Difere vegetativamente de D. brevifolia pelas lâminas foliares geralmente curvadas, introlexas (vs. lâminas retas ou pouco
curvadas), margens foliares com poucos ou nenhum
espinho, que são inconspícuos, patentes e lexíveis (vs.
margens foliares sempre espinhoso-serradas com 4-20
espinhos conspícuos, aduncos e rígidos). Quando fértil,
difere basicamente pelo escapo tomentoso (vs. glabro),
brácteas lorais ovado-triangulares (vs. estreitamente
lanceolado-triangulares), lores da base da inlorescência
na antese suberetas (vs. patentes ou relexas), sésseis ou
curto pediceladas (pedicelos menores que 1 mm compr. vs. pedicelos 2-4 mm compr.), sépalas providas de
faixa centro-longitudinal densamente albo-tomentosa
(vs. sépalas glabras) e pétalas com lâminas elíptico-romboides (vs. suborbiculares). Difere vegetativamente
de D. distachya principalmente pelos espinhos patentes
quando presentes (vs. aduncos). Quando fértil, se diferencia basicamente pelo escapo menos robusto, brácteas
das lores basais do ramo principal da inlorescência
ultrapassando o comprimento das sépalas e de coloração
castanha (vs. brácteas lorais menores que as sépalas e
castanho-alaranjadas ou avermelhadas), lores da base
da inlorescência na antese suberetas (vs. patentes), sésseis ou curto pediceladas (pedicelos menores que 1 mm
compr., inconspícuos vs. pediceladas, pedicelos 1-1,5 mm
compr., conspícuos), sépalas em geral maiores (11-15
mm compr. vs. 8-10 mm compr.), amarelas ou amarelo-esverdeadas, providas de faixa centro-longitudinal
densamente albo-tomentosa (vs. amarelo-alaranjadas a
vermelhas e glabras ou esparso-lepidotas), pétalas em
geral maiores com lâminas elíptico-romboides e sempre
amarelas (14-18 mm compr. vs. 13-15 mm compr., geralmente suborbiculares e em relação a cor variando de
amarelas a vermelhas). O porte da planta e o indumento
da inlorescência além da cor das lores sob visão geral
lembram D. julianae Strehl e D. choristaminea Mez,
destas se diferencia principalmente pela largura maior
das lâminas foliares e margens com poucos ou nenhum
espinho, forma das brácteas lorais e escapais, além do
tamanho e número das lores, assim como também o
tamanho das peças lorais.
A distribuição de D. strehliana é, até então, relatada
apenas para a localidade já citada acima. Assim, por se
tratar de apenas duas populações próximas, pequenas
e restritas, propõe-se que ela seja incluída na Lista da
Flora Ameaçada de Extinção do Estado do Rio Grande
do Sul e do Brasil, sob categoria criticamente ameaçada
(CR) segundo critérios “B2”, “c-ii”, “c-iii” e “iv” da
IUCN (2010).
Chave para identiicação de espécies reóitas sul brasileiras de Dyckia (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul)
1. Flores densamente dispostas, geralmente formando subverticilos ao longo da inlorescência; sépalas das lores basais
do ramo principal da inlorescência suborbiculares com 3-6 mm compr. (PR) ............................................... D. microcalyx
1’. Flores laxamente dispostas, espaçadas ao longo da inlorescência; sépalas das lores basais do ramo principal da
inlorescência ovadas a elípticas com 6-15 mm compr.
2. Brácteas das lores basais do ramo principal da inlorescência maiores que o comprimento das sépalas; sépalas
amareladas.
3. Escapo glabro.
4. Inlorescência geralmente composta; brácteas das lores basais do ramo principal da inlorescência com
margens serradas (SC) .............................................................................................................. D. ibiramensis
4’. Inlorescência geralmente simples; brácteas das lores basais do ramo principal da inlorescência com margens
inteiras (SC, RS*) ........................................................................................................................ D. brevifolia
3’. Escapo albo-tomentoso ao menos abaixo das brácteas da porção superior (RS) .......................... D. strehliana
2’. Brácteas das lores basais do ramo principal da inlorescência menores ou igualando o comprimento das
sépalas; sépalas amarelo-alaranjadas a vermelhas (SC, RS) .............................................................. D. distachya
*Dyckia brevifolia também é registrada para os estados de Minas Gerais (Saint Hilaire s.n, não visto) e São Paulo (Glaziou 15496, foto P!).
Porém, estas coletas são muito antigas, não possuem identiicação de localidade e não foram registradas coletas posteriores para estas regiões.
Esta espécie também é relatada como ocorrente no município de Derrubadas no Parque Estadual do Turvo, Rio Grande do Sul (Winkler &
Irgang 1979, Forzza 2005, Winkler 1982), porém alguns autores tratam a espécie desta localidade como Dyckia distachya (Wiesbauer 2008). Os
autores do presente artigo, visto que não há consenso sobre a identidade do referido táxon, optaram por não se posicionar em relação a espécie
que ocorre na localidade citada, esta ainda é objetivo de estudo dos mesmos.
R. bras. Bioci., Porto Alegre, v. 11, n. 3, p. 284-289, jul./set. 2013
Uma nova espécie de Dyckia para o Rio Grande do Sul, Brasil
AGRADECIMENTOS
Ao Colégio Politécnico da Universidade Federal de
Santa Maria e ao coordenador do Curso Técnico em
Paisagismo, Marcelo Antônio Rodrigues, que proporcionaram as viagens até os ambientes naturais das espécies
do gênero Dyckia, encontradas no Rio Grande do Sul,
além de também cederem espaço para abrigar a coleção
de Bromeliaceae. Agradecimento especial aos proprietários da área onde se localizam as populações da nova
espécie, João Elgart Pereira e João Carlos Dutra Pereira,
por sempre permitirem a entrada do grupo de pesquisa
e sempre estarem disponíveis a fornecer informações. A
professora de latim Leila Maraschin, pela contribuição na
diagnose. Às professoras Jumaida Rosito e Thais Scotti
Dorow, pelas contribuições na organização do artigo, e
a Rudi Werner Büneker, por colaborar com informações
para a localização da nova espécie.
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