Bulbophyllum ornatissimum

 

O tema desta aula é mais uma obra-prima do sudeste asiático. Uma planta pertencente ao maior de todos os gêneros da família Orchidaceae. Uma planta com inflorescências em forma de guarda-chuva e flores longas que seduzem ao primeiro olhar. Uma planta exótica e interessante cujas flores emanam um cheiro fétido extremamente desagradável, que tem como objetivo atrair polinizadores como as moscas. Enfim, uma planta sensacional que recomendo aos amigos que acompanham este blog… estou me referindo ao Bulbophyllum ornatissimum…

 

 

… uma joia de Sikkim

 

 

Bulbophyllum (abreviatura Bulb.), com certeza é o maior e um dos mais complexos gêneros da família Orchidaceae, com mais de duas mil espécies bem diversificadas, distribuídas pelos trópicos de todos os continentes.

 

Bulbophyllum  –  Ocorrência

Imagem retirada da internet – Site:

https://www.mooblo.com.br/mapa-mundi.html

 

 

Os principais centros de dispersão deste gênero são as regiões sudeste da África e da Ásia, sendo que somente na Nova Guiné podemos encontrar mais de 600 espécies. Algo próximo a 70 orquídeas deste gênero são endêmicas do Brasil, como o Bulbophyllum regnellii e o Bulbophyllum napelli, bem comuns na Mata Atlântica das regiões sudeste e sul.

 

Bulbophyllum  –  Principal reduto

Imagem retirada da internet – Site:

https://www.guiageo-mapas.com/globos/terra.htm

 

 

 

O gênero Bulbophyllum foi criado em 1822 pelo botânico francês Louis-Marie Aubert du Petit-Thouars (1758 – 1831), quando descreveu a espécie “tipo” do gênero , o Bulbophyllum nutans.

 

 

Thouars nasceu numa aristocrática família de Bournois, e durante a Revolução Francesa ficou dois anos preso antes de ser exilado, e se estabelecer em Madagascar. Passou 10 anos estudando e coletando plantas, antes de retornar para a França com mais de 2000 espécies recolhidas nas ilhas de Madagascar, Maurícias e Reunião.

 

Louis-Marie Aubert du Petit-Thouars

Foto retirada da internet – Site:

https://en.wikipedia.org/wiki/Louis-Marie_Aubert_du_Petit-Thouar

 

Grande parte destas plantas foi para o Muséum de Paris, e Thouars foi eleito membro da Académie des Sciences. Entre seus enormes legados de grande valor científico, destaque para duas obras:

  • Histoire des végétaux recueillis dans les îles de France, de Bourbon et de Madagascar.
  • Histoire particulière des plantes orchidées recueillies dans les trois îles australes de France, de Bourbon et de Madagascar. 

 

 

Muitas plantas de diversas famílias botânicas foram nomeadas em sua homenagem. Abaixo mostro planilha que preparei com apenas alguns exemplos:

 

 

 

E ilustro com imagem de um lindo Jasminocereus thouarsii, única espécie do gênero, e que apenas pode ser encontrada em Ilhas Galápagos.

 

Jasminocereus thouarsii

Foto retirada da internet – Site:

https://en.wikipedia.org/wiki/Jasminocereus

 

 

 

As ilhas Galápagos são um fantástico arquipélago vulcânico do Oceano Pacífico, administrado pelo Equador e formado por 20 ilhas maiores e dezenas de ilhotas e rochedos.

 

Localizado a aproximadamente mil quilômetros de distância da costa equatoriana, do qual é considerado província, Galápagos é um dos principais destinos turísticos do planeta para os admiradores de vida selvagem.

 

Ilhas Galápagos – Vista aérea

Foto retirada da internet – Site:

https://sites.google.com/a/miamioh.edu/geo-121-wiki-spring-2015/home/south-america-galapagos-islands-team16

 

 

Totalizando quase 60.000 km2 de área oceânica, Galápagos abriga uma flora e uma fauna extraordinárias onde podemos ver espécies que não são encontradas em nenhum outro lugar, como a famosa tartaruga-das-galápagos (Chelonoidis nigra), réptil pertencente à família Testudinidae, maior espécie de tartaruga do mundo que pode chegar a pesar mais de 400 quilos.

 

Tartaruga-das-galápagos

Imagem retirada da internet – Site:

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:

Tortuga_Islas_Gal%C3%A1pagos_2.jpg

 

 

Galápagos, um lugar único e deslumbrante, um destino certo para uma futura viagem. Aliás, não é à toa que este paraíso natural foi um dos principais inspiradores do naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882), para sua excepcional Teoria da Evolução.

 

 

 

Apesar da grande diversidade que as espécies de Bulbophyllum apresentam, arrisco listar algumas características típicas do gênero:

  • São todas plantas que apresentam forma de crescimento simpodial e hábito predominantemente epífita.
  • Normalmente possuem rizoma reptante (rasteiro), longo, ramificado e de crescimento desordenado, com raízes cobertas de tecido velame.
  • Apresentam pseudobulbos normalmente de formato ovoide, distribuídos de forma bem espaçada sobre o rizoma.
  • Embora não seja regra, geralmente são unifoliados.
  • Requerem um bom índice de umidade.
  • Em termos de flores uma grande variedade de tamanhos e formas. As inflorescências podem suportar uma única e solitária flor, ou muitas delas dispostas de formas interessantes e atraentes, como em forma de “guarda-chuvas”, “espiga” ou “leque”.
  • Apresentam pétalas menores do que as sépalas.
  • A sépala dorsal das espécies de Bulbophyllum são livres, e as sépalas laterais são total ou parcialmente fundidas e presas ao pé da coluna de suas flores.
  • Suas flores, quando perfumadas, normalmente apresentam um aroma desagradável, propício para atrair polinizadores como moscas e besouros.
  • Apresentam flores de formatos exóticos e de curta duração. Normalmente algo em torno de uma a duas semanas.
  • E por último a principal das características de Bulbophylum. As espécies deste gênero apresentam labelo móvel (articulado), cuja função é derrubar o agente polinizador sobre a coluna da flor no intuito de iniciar o processo reprodutivo.

 

 

Exemplifico alguns dos itens acima citados utilizando uma foto do maravilhoso Bulbophyllum blumei:

 

Bulbophyllum blumei

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

E agora mais algumas fotos para mostrar alguns dos tantos e interessantes tipos de inflorescências das diversas espécies do gênero Bulbophyllum:

 

1 – Inflorescência em forma de “guarda-chuva”

 

Bulbophyllum eberhardtii

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

2 – Inflorescência em forma de “espiga”

 

Bulbophyllum lilacinum

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

3 – Inflorescência em forma de “leque”

 

Bulbophyllum rothschildianum

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

4 – Inflorescência em forma de “vagem”

 

Bulbophyllum falcatum

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

5 – Inflorescência em forma de racemo

 

Bulbophyllum gibbosum

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

6 – Inflorescência solitária e terminal

 

Bulbophyllum pardalotum

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

O nome deste gênero procede da latinização das palavras gregas bolbos, que significa “bulbo”, “tubérculo”, e phyllon, que significa “folha”, numa referência à forma bulbosa das folhas da primeira planta descrita, que tem folhas bastante espessas.

 

 

Por ser muito grande, com aproximadamente 2000 espécies, e pela grande diversidade de seus exemplares, o gênero Bulbophyllum foi dividido em aproximadamente 100 seções, obviamente agrupando espécies com determinadas características distintivas. Abaixo mostro tabela que preparei mostrando estas seções, e informando a quantidade de espécies inseridas em cada uma, bem como o nome da planta “tipo” (1*) de cada seção. Visando facilitar a formatação, dividi o conteúdo da tabela em 4 partes:

 

(1*) Tipo: na botânica a palavra “tipo” é utilizada para designar a planta utilizar para descrever um determinado grupo. Desta forma, temos planta “tipo” para o gênero, que como citado nesta aula no caso do tema de hoje foi o Bulbophyllum nutans, mas existem também as plantas “tipo” para as seções e para as espécies, que foram as plantas utilizadas como base para o trabalho descritivo.

 

 

 

 

 

 

Importante frisar que este, assim como a maior parte dos gêneros da família Orchidaceae, está passando por constantes revisões. Desta forma, dependendo da fonte de pesquisa utilizada, os dados acima citados podem variar muito. Os principais pontos de discórdia estão nas plantas conhecidas como Cirrhopetalum e Megaclinium, que alguns consideram seções de Bulbophyllum, e outros as consideram como sendo gêneros distintos. Enfim, cabe aqui uma discussão extremamente técnica que não me julgo capaz de enfrentar.

 

 

Em termos de hibridação existem muitos híbridos intragenéricos (2*), mas raros são os intergenéricos (3*) envolvendo Bulbophyllum.

 

(2*) Híbrido intragenérico: nome dado a um híbrido oriundo de cruzamento envolvendo todas  plantas do mesmo gênero.

(3*) Híbrido intergenérico: nome dado a um híbrido oriundo de cruzamento(s) envolvendo plantas onde pelo menos uma delas é de gênero distinto.

 

 

Para o segundo caso citado, de híbrido intergenérico, acredito que os mais conhecidos são os gêneros Cirrhophyllum, hibrido gerado por cruzamentos envolvendo plantas dos gêneros Cirrhopetalum e Bulbophyllum, e Bulborobium, híbrido gerado por cruzamentos envolvendo plantas dos gêneros Bulbophyllum e Dendrobium. Abaixo cito um exemplo de cada:

 

 

 

E para aqueles que desejam se aventurar na arte da hibridação, informo abaixo apenas alguns dos gêneros pertencentes à subtribo Dendrobiinae, à qual pertence Bulbophyllum: Cadetia, Cirrhopetalum, Chaseella, Dactylorhynchus, Dendrobium, Diplocaulobium, Drymoda, Epigeneium, Flickingeria, Genyorchis, Jejosephia, Monomeria, Monosepalum, Pedilochilus, Saccoglossum, Sunipia, Trias e seus híbridos.

 

Imagem do cientista retirada da internet – Site:

http://colegioformandoliderancas.

blogspot.com/2015/02/6-

ano-licao-de-casa-de-ciencias-dada-em.html

 

 

E agora a orquídea do dia, o fabuloso Bulbophylluma ornatissimum, descrito em 1882 pelo renomado botânico e orquidólogo alemão Heinrich Gustav  Reichenbach (1823 – 1889), na ocasião com o nome Cirrhopetalum ornatissimum.

 

Heinrich Gustav Reichenbach

Imagem retirada da internet – Site:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Heinrich_

Gustav_Reichenbach

 

 

Muitos acreditam ser Reichenbach o botânico mais importante para a orquidologia, atrás apenas de John Lindley.

Reichenbach identificou, descreveu e classificou mais de mil espécies de orquídeas e, durante sua brilhante carreira, chegou a ser diretor do Jardim Botânico da Universidade de Hamburgo, na Alemanha.

 

 

É comum confundir seu trabalho com o de seu pai, que também foi um renomado botânico. Para facilitar a correta interpretação, em taxonomia geralmente aparece referenciado como Rchb. f., onde f = filius (filho), enquanto que os trabalhos de seu pai aparecem abreviados como Rchb.

 

Trinta anos após a descrição desta planta, em 1912, o botânico holandês Johannes Jacobus Smith (1867 – 1947), já apresentado na aula do dia 16 de agosto, quando falei sobre o Mediocalcar decoratum, reclassificou esta orquídea, vinculando a mesma ao mega-gênero Bulbophyllum, sob o nome de Bulbophyllum ornatissimum.

 

 

O nome desta espécie, ornatissimum, é uma palavra originada do latim, ornatissimus, que é o superlativo de ornatus, cujo significado é “ornado”, “adornado”, “enfeitado”, numa óbvia referência à beleza das flores desta orquídea.

 

 

Sinonímia: Cirrhopetalum ornatissimum; Mastigion ornatissimum e Phyllorchis ornatissimum.

 

 

Entrando na área de taxonomia, a planta do dia está inserida na seção Cirrhopetalum de Bulbophyllum, que tem como planta considerada “tipo” o Bulbophyllum longiflorum.  Apenas por curiosidade a seguir mostro a classificação completa desta orquídea:

 

 

 

Esta seção é composta por aproximadamente 60 espécies e, entre elas, figuram algumas plantas bem conhecidas aqui no Brasil, como as listadas a seguir:

  • Bulbophyllum amplifolium
  • Bulbophyllum eberhardtii
  • Bulbophyllum cummingii
  • Bulbophyllum dentiferum
  • Bulbophyllum fischeri 
  • Bulbophyllum frostii 
  • Bulbophyllum nodosum 
  • Bulbophyllum picturatum
  • Bulbophyllum pulchrum
  • Bulbophyllum rothschildianum
  • Bulbophyllum sikkimense 
  • Bulbophyllum spathulatum 

 

 

Abaixo cito algumas das principais características das espécies que compõem a seção Cirrhopetalum de Bulbophyllum:

 

 

A – Apresentam rizoma rastejante e alongado.

B – Seus pseudobulbos possuem formato ovoide, são monofoliados e se apresentam dispostos de forma bem espaçada sobre o rizoma.

C – Suas folhas são coriáceas e se originam do ápice dos pseudobulbos.

D – Suas inflorescências apresentam o típico formato de guarda-chuva.

E – As sépalas laterais de suas flores são parcialmente fundidas (nos dois primeiros terços), formando uma estrutura conhecida como Sinsépala.

 

 

Ilustro o tema com foto de um Bulbophyllum frostii, que na minha opinião é um dos mais belos entre as mais de duas mil espécies que compõem o gênero:

 

Bulbophyllum frostii

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

Bulbophyllum ornatissimum é uma orquídea originária da área composta pela região nordeste da Índia, além de Nepal, Butão e Bangladesh, sendo Sikkim o seu principal centro de dispersão.

 

Bulbophyllum ornatissimum  –  Ocorrência

Imagem retirada da internet – Site:

https://www.gifex.com/fullsize1-en/2009-11-18-11171/Asia_Map.html

 

 

 

Sikkim é o segundo menor estado da Índia com apenas 7.096 km2 de área, e o menor do país em termos de população.

Localizado na região nordeste da Índia, nas encostas da Cordilheira do Himalaia, faz fronteira com o Tibete no norte, Nepal no oeste, Butão no leste, e Bengala Ocidental no sul.

 

Sikkim – vista aérea

Imagem retirada da internet – Site:

https://en.wikivoyage.org/wiki/Sikkim

 

Quase 35% da área de Sikkim é formada pelo Parque Nacional Khangchendzonga, Patrimônio Mundial da UNESCO, e que abriga o Pico Kangchenjunga, terceiro mais alto do mundo com 8.586 metros de altitude, apenas 262 metros a menos que o Monte Everest, que fica próximo a ele, no Nepal.

 

Pico Kangchenjunga

Imagem retirada da internet – Site:

https://en.wikipedia.org/wiki/Kangchenjunga

 

 

Assim como as Ilhas Galápagos, abordada nesta postagem, Sikkim é mais um paraíso em termos de biodiversidade, abrigando, por exemplo, animais como o cervo-almiscarado, o leopardo das neves e o panda-vermelho, simpático mamífero pertencente ao gênero Ailurus.

 

Panda-vermelho (Ailurus fulgens), também conhecido por panda-ruivo, raposa-de-fogo e gato-de-fogo

Imagem retirada da internet – Site:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Panda-vermelho

 

 

 

 

Em seu habitat esta maravilhosa orquídea vegeta de forma epífita, fixada em árvores de florestas tropicais localizadas em altitudes inferiores a 800 metros.

 

 

Como citado anteriormente existem poucos híbridos intergenéricos mas muitos intragenéricos envolvendo espécies de Bulbophyllum. E não é diferente com a planta do dia. Abaixo apresento lista com cinco lindos híbridos envolvendo Bulbophyllum ornatissimum, com destaque para o Bulbophyllum Louis Sanders, muito conhecido e comercializado aqui no Brasil:

 

  

 

A orquídea do dia é uma planta epífita e de médio para grande porte que apresenta forma de crescimento simpodial. Possui rizoma longo, rastejante e ramificado com aproximadamente 0,6cm de diâmetro e com raízes cobertas por tecido velame. Os pseudobulbos são bem definidos, monofoliados e dispostos de forma bem espaçada sobre o rizoma, normalmente algo entre 1,5 e 3,0cm. Apresentam formato ovoide, lisos quando novos tornando-se levemente sulcados longitudinalmente com o passar do tempo. Em termos dimensionais estes possuem, em média, 5,0cm de comprimento por 1,7cm de largura em sua parte mais larga.

 

Bulbophyllum ornatissimum – Rizoma e pseudobulbos

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

As folhas do Bulbophyllum ornatissimum surgem do ápice dos pseudobulbos, são grossas, conduplicadas (4*), coriáceas (5*) e de formato elíptico, apresentando uma tonalidade escura de verde. Possuem entre 9,0 e 17,0cm de comprimento e entre 3,5 e 6,0cm de largura.

 

(4*) Conduplicada: termo botânico aplicado à folha dobrada em duas partes sobre o eixo de simetria longitudinal.

(5*) Coriácea: o termo coriáceo significa “semelhante ao couro”. Em termos botânicos aplica-se a folhas grossas e rígidas que quebram com facilidade

 

Bulbophyllum ornatissimum – Detalhes da folha

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

As inflorescências são muito interessantes. Longas, eretas e finas hastes florais que podem passar de 20,0cm de comprimento e que se originam da base dos pseudobulbos mais maduros, suportando uma linda inflorescência do tipo umbela (6*) com 4 a 8 magníficas flores.

(6*) Inflorescência tipo umbela: termo botânico utilizado para descrever um conjunto de flores cujos pedicelos partem de um ponto central, formando a figura típica de um guarda-chuvas.

 

Bulbophyllum ornatissimum – Detalhes da inflorescência

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

A seguir mostro mais uma foto na qual mostro as estruturas da planta citadas até o momento:

 

Bulbophyllum ornatissimum – Estruturas da planta

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

As flores são um verdadeiro espetáculo. São ressupinadas e possuem normalmente entre 10,0 e 18,0cm de diâmetro, contando desde o ápice da sépala dorsal até a extremidade das sépalas laterais, realmente muito longas.

 

A sépala dorsal apresenta formato elíptico com multas pilosidades em seu contorno. Já as pétalas, menores que a sépala dorsal, possuem formato triangular e uma quantidade menor de pilosidades em seu contorno. Em termos de cores as estruturas citadas apresentam delicadas estrias e pintas de cor púrpura sobre um fundo amarelo.

 

Bulbophyllum ornatissimum – Pilosidades

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

As sépalas laterais são o grande destaque da flor de Bulbophyllum ornatissimum, muito longas e estreitas, e formando uma estrutura denominada de sinsépala (7*). Estas sépalas são fundidas nos 2/3 iniciais das mesmas, e livres no terço final. As cores são as mesmas das estruturas citadas, com longas estrias longitudinais, mas sem a presença de pilosidades.

 

(7*) Sinsépala: termo botânico usado para designar o conjunto formado pelas duas sépalas laterais  de uma flor, quando são total ou parcialmente fundidas (concrescidas). Exemplifico com foto de uma Acianthera recurva:

 

Acianthera recurva – Detalhe da sinsépala

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

Na próxima foto mostro em detalhes a sinsépala da flor, com a primeira parte fundida e a parte terminal livre:

 

Bulbophyllum ornatissimum – Detalhes da sinsépala

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

O labelo da flor da planta do dia é pequeno, simples, carnudo e articulado, de formato linguiforme (8*) e com bordas voltadas para cima. Nesta estrutura o mesmo tom de púrpura contrasta com um amarelo bem mais intenso.

(8*) Linguiforme: em forma de língua.

 

 

Na foto abaixo mostro a disposição de todas as estruturas florais  apresentadas:

 

Bulbophyllum ornatissimum – Estruturas florais

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

Realmente um espetáculo de orquídea. Cores e formas deslumbrantes. Para ser perfeita somente faltou possuir um perfume doce, sedutor e arrebatador. O cheiro emanado pelas flores de Bulbophyllum ornatissimum é fétido, muito desagradável. Não é à toa que um de seus principais agentes polinizadores são as moscas.

 

Bulbophyllum ornatissimum – “perfume”

Planta de minha coleção

Créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

Por sua diminuta área de ocorrência, pelo avanço da especulação imobiliária, pela expansão das fronteiras agrícolas, pelas queimadas e, principalmente pela ação predatória do homem com a coleta irregular de exemplares para fins ornamentais e comerciais, Bulbophyllum ornatissimum é mais uma das tantas orquídeas pertencentes ao temido rol das plantas com risco de extinção (Apêndice II). Esta lista é gerada pela CITES (inglês: Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora –  português: Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção).

 

CITES – Logotipo

Imagem retirada da internet – Site:

https://mondodeirettili.blogspot.com/

2012/04/cites-che-cose.html

 

 

A seguir relaciono algumas orientações sobre cultivo para quem tiver ou quiser adquirir esta planta:

 

  • Trata-se de uma planta vigorosa que se adapta bem a vários tipos de cultivo. Pode ser cultivada em cascas ou troncos de árvores, como eu faço e recomendo, ou ainda em vasos plásticos ou caixetas de madeira. Para estes últimos casos recomendo a preparação de um substrato confeccionado com partes iguais de carvão vegetal, casca de pinus, pedra brita e esfagno.
  • Vale destacar que a grande maioria dos Bulbophyllum precisa de muita umidade. Por este fato é que sugeri no item anterior a inclusão de esfagno no substrato.
  • A periodicidade das regas vai depender de vários fatores, tais como do substrato utilizado, temperatura, umidade ambiente, vento, etc. Porém, se você utilizar o substrato que sugeri no parágrafo acima, então recomendo regas diárias em períodos quentes, e dia sim dia não em períodos frios.
  • Diminua um pouco o volume das regas durante o outono e principalmente no inverno.
  • Procure cultivar esta orquídea em local com boa ventilação. Ambientes fechados e abafados representam um irrecusável convite para pragas como ácaros, cochonilhas, pulgões e percevejos, que perfuram as diversas estruturas da planta abrindo passagem para a entrada de fungos, bactérias e vírus.
  • Esta planta aprecia uma boa sombra e não suporta exposição direta a raios solares. Recomendo cultivo com sombreamento em torno de 50 a 60%.
  • Em termos de temperatura sugiro cultivo entre 15 e 35 graus. Proteja esta planta nos dias mais rigorosos do inverno.
  • Pode ser dividida como quase todas as orquídeas de crescimento simpodial, cortando o rizoma e deixando pelo menos 3 ou 4 bulbos em cada parte da divisão.
  • Uma boa adubação também é indispensável. Faça isto periodicamente respeitando as orientações dos fabricantes.

 

 

Aqui na região sul do Brasil floresce normalmente no finalzinho do outono e cada floração dura aproximadamente duas semanas.

 

 

E agora para finalizar algumas fotos do exemplar de minha coleção. As fotos em que a planta aparece plantada em um vaso plástico são da floração de 2019, com duas hastes florais. Replantei esta mesma planta em uma casca de madeira e neste ano tive quatro hastes florais. Pena apenas que a floração não foi simultânea.

 

    

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

Bulbophyllum ornatissimum

Propriedade e créditos fotográficos:  Juan Pablo Heller (Curitiba – PR)

 

 

 

 

IMAGENS: fonte pesquisa GOOGLE

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IMAGES: GOOGLE search

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