RIO - Os Pet Shop Boys são o suprassumo da elegância do electro-pop - e a voz estranhamente cool de Neil Tennant não contraria essa percepção, pelo contrário, a potencializa. Isso se afirma ao longo de uma carreira iniciada nos anos 1980 e que segue viva: em seu show no Palco Mundo do Rock in Rio, a dupla (a outra metade é Chris Lowe) tocou 14 canções lançadas entre 1984 ("West end girls") e 2016 ("Inner sanctum"), quase todas impecáveis.
Mas não foi a regularidade, a elegância, tampouco a estranheza cool que marcaram a apresentação. O tom da noite foi dado quando a banda - músicos, backing vocals e, eventualmente, dançarinos, reforçam a formação no palco - tocou "West end girls", primeiro hit da década de 1980 no roteiro - e a plateia reagiu claramente pela primeira vez.
O show não era, portanto, de uma banda que se mantém ativa (apesar de músicas como "Inner sanctum" e "Vocal", de 2016 e 2013, respectivamente, serem ótimas). O que importava ali - e "Go west", "Domino dancing", "Always on my mind" e a incendiária "It's a sin" - era a volta aos primeiros bailes. Memória afetiva é pouco - o que a plateia celebrou ali foi a memória dos quadris vacilantes e dos passinhos marcados de quem está entrando no mundo da pista de dança pelas festinhas da primeira adolescência.
O capacete de Neil (e dos backing vocals, que o acompanhavam pelo palco), seus ternos (um preto com gola de cristais e um prateado), a impavidez de Chris, a teia de lasers, os novos timbres para velhos sucessos... Tudo parecia 2017, mas isso pouco importou à plateia, que queria um eterno 1987 (que para alguns foi nos anos 1990 e para outros nos 2000, quando eram meninos e meninas).
A simpatia de Neil ao apresentar "E se a vida é" ("É uma música que vocês nos deram, obrigado", disse referindo-se à batida que emula Olodum e o verso em português que batiza a música, do álbum "latinoamericano" da dupla, "Bilingual") e a aparentemente sincera alegria por voltar a tocar no Brasil não garantiram a eles pedidos de bis. Mesmo assim, eles voltaram - ainda bem para a plateia, que ganhou dois hits ("Domino dancing" e "Always on my mind") de brinde.
No balanço final, a qualidade do que o Pet Shop Boys entregou se aproximou do "ótimo", mas a química da noite só funcionou em parte. "Bom" é uma cotação mais justa, se é que existe justiça nesse ofício - apesar das memórias de quadris vacilantes e passinhos marcados pedirem mais.
Sopros inflamados, peripécias rítmicas, belas jogadas melódicas, muitas mudanças de clima... nem tudo atraiu a atenção do público, mas, da luta do cantor com as suas pretensões, alguns momentos memoráveis foram presenciados.
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Alicia Keys
A cantora nova-iorquina de 36 anos uniu sua competência musical ao carisma, à simpatia e à segurança de uma artista completa. Ao piano, comandou uma banda azeitada em sucessos e músicas menos conhecidas, recebeu o Dream Team do Passinho e ainda se engajou na luta pela preservação da Amazônia.
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Walk the Moon
Indie pop colorido do Walk the Moon demora mas engata no Rock in Rio. Quarteto americano conquistou os descrentes com o hit 'Shut up and dance'.
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Nile Rodgers & The Chic
Em um dos melhores shows de 2017 no Rio, Nile Rodgers faz sua primeira apresentação no Brasil com um espetáculo vibrante, junto a uma banda recriada sem detrimento à Chic original, embalada por clássicos como "Le freak", "Good times" e "Everybody dance".
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Frejat
Em show impecável, ex-vocalista do Barão Vermelho mergulha em parcerias com Cazuza, como "Pro dia nascer feliz", "Malandragem" e "Ideologia", interpretada pelo cantor pela primeira vez ao vivo. O show também abriu espaço para uma homenagem a Luiz Melodia, morto em agosto, com uma versão de "Negro gato".
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O sol escaldante não impediu o sucesso do encontro. Ecoando Ney Matogrosso, o performático Hooker e sua banda - destaque para os solos do guitar hero Felipe Rodrigues - iniciaram a apresentação com tempero nordestino de "Touro" e do carimbó "Corpo fechado", com participação de Gaby Amarantos.
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HMB, Carlão e Virgul
Sob o sol domingueiro que frita a Cidade do Rock, eles instauraram um clima de Chic tropical - funk e soul com sotaque português e temperos africanos, testemunhando a influência das antigas colônias sobre o que melhor se produz na música de Portugal hoje.
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Maroon 5
A diferença mais significativa para o show de sexta é que, no começo acústico do bis, o Rio foi poupado de "Garota de Ipanema" e ouviu "Lost stars", música solo de Adam Levine para o filme "Mesmo se nada der certo" (2013). Lady Gaga deve agora pelo menos dois shows no próximo Rock in Rio.
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No fim, Shawn recorreu a um hit próprio, "Treat you better", que deu um fecho conveniente ao espetáculo de um artista que vive sob as ameaças diversas de um mundo pós-internet: é melhor, sempre, confiar no coração que nas ilusões.
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A escalação do Skank para seu terceiro Rock in Rio em quatro edições gerou muitos - e talvez justos - narizes torcidos, pela falta de variedade. Mas poucas bandas, brasileiras ou estrangeiras, seguram um Palco Mundo com a firmeza dos rapazes das Alterosas.
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Miguel
Eis que surgiu o paulistano Emicida. "Eu estou há dois dias andando com esse moleque gente fina que estava preocupado se vocês conheciam ele", disse o rapper. Ao vivo, "Oasis", com os versos de valorização a mulher negra de Emicida, deu o punch que faltava para valorizar de vez a apresentação memorável do americano.
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Rael e Elza Soares
Depois da forte primeira impressão de "A carne" (na qual Rael inseriu "Negro drama", dos Racionais MCs), a cantora e o rapper emendaram "Hoje é dia de festa" e uma precisa "Maria de Vila Matilde" - que renovou-se com a pegada da banda, fora do universo de estranheza-Passo-Torto da gravação original.
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Blitz
Saltitante e fazendo malabarismos com uma pandeirola, Evandro Mesquita, de 65 anos, já chegou com uma multidão respeitável em frente ao Sunset — que foi crescendo ao longo do show de uma hora.
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Tributo a obra de João Donato
Com belas projeções ao fundo do palco, retratando Donato e seus cenários, as cantoras se revezavam com segurança no vocal principal, desfiando canções exemplares de uma obra fundamental.
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Não foi tarefa fácil, diante da expectativa nos píncaros do público de Gaga. Mas o grupo tinha seus trunfos - um bom punhado de hits e um bem testado roteiro - para cumprir a missão. Viu-se um espetáculo morno, em boa parte, longe de arrebatar, mas que teve lá os seus momentos.
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5 Seconds of Summer
Considerada uma banda de pop punk, o 5 Seconds of Summer não se mostra nem pop, com sucessos prontos para serem cantados por multidões (o que não aconteceu em nenhum momento da apresentação no Rio), nem punk, com atitude e rebeldia no palco.
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Pet Shop Boys
O show não era, portanto, de uma banda que se mantém ativa (apesar de músicas como "Inner sanctum" e "Vocal", de 2016 e 2013, respectivamente, serem ótimas). O que importava ali - e "Go west", "Domino dancing", "Always on my mind" e a incendiária "It's a sin" - era a volta aos primeiros bailes.
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Ivete Sangalo
Mostrando a inscrição com o nome do filho, Marcelo, que cobria sua retaguarda, ela seguiu adiante, sensual e incansável, com o arrasa-quarteirão de "Festa"-"Sorte grande"-"Abalou". E lembrou que a noite era de rock, ao homenagear Cazuza (com "Pro dia nascer feliz") e a sua própria Banda Eva, do começo da carreira, com "Eva".
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Homenagem ao Samba
A Marrom Alcione, em plena forma, como o piston do clássico da gafieira, tirou a surdina e pôs as coisas no lugar, com "Gostoso veneno" e "Exaltação à Mangueira", entregando a tocha fervendo para Jorge Aragão, que pôs mais lenha no fogueira, atiçando a banda a pisar no acelerador.
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O público, já em bom número no fim de tarde, respondeu e ajudou a criar o clima de baile, tanto nas palminhas quanto na cantoria. A turma foi à loucura com o beijaço promovido pelos dançarinos da Focus na potente “Saber chegar”, de “Amor geral”.
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Céu e Boogarins
Pelo contrário, o groove quente/frio (orgânico/digital) do "Tropix" encontrou harmonias possíveis no clima do verão/inverno carioca, derretendo bem, como espuma de chope. Quando ela cantou "Tardes de veraneio/ (...) Anunciando a noite neon" (versos de "Varanda suspensa"), tudo fez sentido.
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SG Lewis
Pilotando teclados, guitarra, voz e parafernália eletrônica, SG Lewis e sua banda - de óculos escuros, bermudas, boné - pareciam à vontade com seu som leve e dançante, que prendeu um par de centenas de pessoas à frente do palco e provocou dancinhas diversas no público que adentrava a Cidade do Rock.
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